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CURSO PARA CARREIRAS JURÍDICAS DE PSICOLOGIA

Psicoterapias

Nathália Della Santa M. Dantas


Psicóloga clínica e jurídica
Psicóloga do Tribunal de Justiça de Pernambuco
Mestre em Neuropsiquiatria e Ciência do
Comportamento - UFPE
Tópicos abordados na aula

 Conceito de psicoterapia, tipos e elementos comuns.


 Fenomenologia – Abordagens humanistas
 Psicoterapia de Apoio
 Psicoterapia Breve
 Terapia de Família / Terapia Sistêmica
 Psicoterapia de Grupo
 Terapia Interpessoal
 Análise Transacional
Psicoterapia
CONCEITO: Método de tratamento realizado por um
profissional treinado, com objetivo de reduzir ou remover
problemas, queixas ou transtorno definido de um paciente
ou cliente que deliberadamente busca ajuda;
• Realizada em um contexto primariamente interpessoal (a
relação terapêutica);
• Utiliza a comunicação verbal como principal recurso;
• Atividade eminentemente colaborativa entre paciente e
terapeuta.
Diferem com relação aos objetivos e fundamentos
teóricos, bem como quanto à frequência das sessões, ao
tempo de duração, ao treinamento exigido dos terapeutas
e às condições pessoais que cada método exige.
(CORDIOLI, 2008)
A que se devem os resultados?
Além das técnicas e instrumentos específicos, próprios de
cada modelo de psicoterapia, há a influencia de fatores não
específicos, comuns a todas as psicoterapias:
• A pessoa do terapeuta;
• Qualidades como: empatia, calor humano e interesse
genuíno;
• Qualidade da relação terapêutica;
• Fatores pessoais do paciente (capacidade de vinculação,
nível educacional, cultura, motivação e etc).

(CORDIOLI, 2008)
Elementos comuns
às psicoterapias

1. Relação terapeuta-paciente

2. O contrato terapêutico

3. Uma teoria na qual a técnica específica se fundamenta


1. Psicodinâmica: Busca o insight
• Psicanálise
• Orientação analítica
• Psicoterapia breve dinâmica
2. Interpessoal
3. Comportamentais: Novas aprendizagens
4. Cognitivas: Correção de pensamentos ou crenças
disfuncionais
5. Terapias Familiares: Mudança de fatores ambientais ou
sistêmicos
6. Terapias de Grupo: Uso de fatores grupais em benefício dos
seus membros

(CORDIOLI, 2008)
Continuum

Psicoterapias de
Psicanálise
Apoio
EXPRESSIVA
SUPORTIVAS

(CORDIOLI, 2008)
Psicoterapia de Apoio
Psicoterapia de apoio
Conceito segundo a APA:
A relação de apoio entre um paciente incapacitado e um
terapeuta que, assumindo uma posição de autoridade,
proporciona orientação, apoio e teste de realidade.

• Uma forma de psicoterapia que tem por objetivo a


eliminação de sintomas ou de comportamentos
desadaptativos, tanto em indivíduos que estejam
atravessando crises agudas como em portadores de
transtornos ou déficits crônicos.

(CORDIOLI, 2008)
Objetivos da PA

• Reforço de mecanismos de defesa adaptativos e de


aspectos sadios;

• Afastamento de pressões ambientais demasiado


intensas;

• Adoção de medidas que visam ao alívio dos sintomas e ao


controle de condutas desadaptativas.

(CORDIOLI, 2008)
Objetivos da PA
• Proporcionar apoio aos indivíduos na
ultrapassagem das etapas evolutivas ou na
superação de déficits maturativos;

• Promover o crescimento psicológico (aquisição de


maturidade emocional, autonomia,consolidação
da identidade própria, estabelecimento de uma
auto-imagem estável e integrada do self) e
melhorar a capacidade de julgamento da realidade.

(CORDIOLI, 2008)
Atualmente há um consenso de que todas as
psicoterapias, independentemente de sua
orientação, existe em maior ou menor grau um
fator não-específico responsável em grande
parte pela influência que o terapeuta exerce
sobre o paciente e, em parte, por modificações
que ocorrem durante o tratamento: o apoio.
Classificação
PA de longa duração
• Pacientes com incapacitações de ego: psicóticos, portadores
de transtornos psiquiátricos crônicos, problemas
caracterológicos graves, ou com atrasos evolutivos acentuados
(déficits).

PA de curta duração
• Controlar crises agudas que ocorram isoladamente em
indivíduos previamente sadios, no curso de doenças crônicas
ou de terapias prolongadas, e reestabelecer o nível de
funcionamento prévio

(CORDIOLI, 2008)
Indicações
Tipo I Tipo II
• Vivenciando uma crise, trauma • Déficits crônicos de ego e problemas
ou desastre e funcionando de funcionamento;
abaixo do seu nível usual em • Teste de realidade limitado;
resposta a uma crise; • Dificuldade de controle de impulsos;
• Geralmente saudável do ponto • Capacidade limitada de sublimar;
de vista psiquiátrico; • Relacionamentos interpessoais
• Bem-adaptado; limitados;
• Bons apoios sociais; • Níveis de agressão frequentemente
• Bons relacionamentos elevados;
interpessoais; • Capacidade limitada de confortar-
• Defesas flexíveis; se;
• Esperançoso em relação ao • Baixa capacidade verbal e de
futuro. introspecção.

(CORDIOLI, 2008)
Indicações – Doenças físicas
• Diabete
• Doenças coronarianas (pós-infarto, pós –AVC)
• Leucemia aguda
• Colite Ulcerativa
• Câncer
• Infecção por HIV
(CORDIOLI, 1998)

Contra-indicações
• Pacientes com • Pacientes que • Agressividade
incapacidade de apresentam conflitos de oferecendo perigo ao
estabelecer aliança natureza psicodinânima; terapeuta
terapêutica;
• Retardo mental severo • Pacientes que recusam
• Sem motivação para
• Transtornos factícios ou
qualquer forma de
mudança; tratamento
simulação
psicoterapêutico
• Com sintomas que
• Prejuízo cognitivo ou de
implicam ganhos
memória significativo
secundários;

(CORDIOLI, 2008; CORDIOLI 1998)


Técnica da Psicoterapia de Apoio
1. Cuidadosa avaliação clínica
Diagnóstico clínico, diagnóstico da personalidade,
diagnóstico dinâmico, predisposições genéticas e fatores
ambientais.
2. Formulação de uma explicação provisória para a
origem dos déficits identificados
3. Intervenções:
Sugestão, persuasão, controle ativo, reasseguramento e
melhora da auto-estima, aconselhamento, ventilação
(ab-reação ou catarse), psicoeducação, clarificação,
confrontação.
(CORDIOLI, 2008)
Intervenções Mecanismos Objetivos

Alívio dos sintomas mediante o


Psicoeducação Amplia o autoconhecimento aumento da capacidade de controlá-
los

Clarificação Reforça as defesas do Ego


Aumenta a integração de processos Aumento da capacidade de
mentais discriminar a realidade interna da
Confrontação Promoção do autoconhecimento e do externa e redução de afetos e
juízo de realidade condutas inadequadas e
incongruentes

Aconselhamento Uso dos aspectos não-racionais da Redução dos sintomas como


Sugestão relação para influenciar o paciente. insegurança e ideias de desvalia
Persuasão Reforço da auto-imagem mediante o promovendo a auto-estima
apoio externo
Reafirmação
Uso da autoridade assumindo Restabelecimento do controle em
Controle Ativo temporariamente funções decisórias situações emergenciais e
afastamento de situações
estressantes
Busca de controle de afetos intensos e Alívio dos sintomas e melhora da
Ventilação reprimidos mediante sua expressão relação terapeuta-paciente
verbal. Exige uma boa relação com o
terapeuta.
Fenomenologia:
Abordagens Humanistas
O que é o humanismo?
• É um movimento filosófico que enfatiza o valor ou mérito
do individuo.
• Enfatizam a natureza criativa, espontânea e ativa dos
seres humanos.
• Normalmente são otimistas pois se concentram na nobre
capacidade humana de superar a privação e a
desesperança.
• A abordagem humanista adota a ideia existencial de que
a nossa vida parte particularmente de nossas relações
com outros seres humanos.
• As abordagens humanistas com frequência concentram-
se no amor.
(FRIEDMAN & SCHUSTACK, 2004).
Humanismo

Autogovernar Autogerir

Em busca da
AUTOREALIZAÇÃO
O que é existencialismo?
• É o campo da filosofia que se ocupa do significado da
existência humana;
• Refletem sobre o estar no mundo;
• Cada pessoa é responsável por sua própria vida e
maturidade;
• Os pontos de vista da abordagem existencial são
chamados de fenomenológicos.

Ser humano como protagonista da


sua história

(FRIEDMAN & SCHUSTACK, 2004).


Principal Ideia

“No centro das filosofias humanistas e existenciais de


terapia está a ideia de que as pessoas são arquitetas
da própria vida, agentes livres que escolhem o que
fazem.”

Teorias
fenomenológicas da Self
personalidade

(DAVIDOFF, 2001).
Abordagem Humanista-Existencial

15% dos psicólogos escolhem essa abordagem

Principais abordagens:

1. Abordagem Centrada na Pessoa

2. Gestalt

(DAVIDOFF, 2001).
Abordagem Centrada na Pessoa
Principal precursor: CARL ROGERS
O foco da perspectiva de Rogers é a ideia de que as
pessoas tendem a se desenvolver positivamente, ou seja,
a menos que impedidas, elas cumprirão seu potencial.

Autocontrole
Bondade
interior
Pressupostos
importantes Ambiente
Incapacidade de
psicossocial de
aceitação
Apoio

(FRIEDMAN & SCHUSTACK, 2004).


Carl Rogers
“Assumir o próprio self ”

Confia em sua própria experiência e


Personalidade
aceita o fato de que as outras pessoas
saudável
são diferentes.

Conflito interior quando construímos uma


Angústia
fachada e tentamos conformar-nos com as
Existencial expectativas dos outros.

(FRIEDMAN & SCHUSTACK, 2004).


Tendência Atualizante

“Todo organismo é movido por uma tendência


inerente para desenvolver todas as suas
potencialidades e para desenvolvê-las de
maneira a favorecer sua conservação e
enriquecimento”.

(Rogers, 1977)
Fases do pensamento de Rogers
• Fase não diretiva (1940-1950);

• Fase reflexiva (1950-1957);

• Fase experiencial (1957-1970);

• Fase coletiva (1970-1985) proposta por Moreira (2007)


ou fase inter-humana, por Holanda (1998).
Fase não-diretiva (1940-1950)
• Impulso individual para o crescimento e para a saúde.
• Dá maior ênfase aos aspectos de sentimento do que aos
intelectuais;
• Enfatiza o presente do indivíduo em vez de seu passado;
• Tem como maior foco de interesse o indivíduo e não o problema;
• Toma a própria relação terapêutica como uma experiência de
crescimento;
• Privilegiam a técnica da permissividade
• Postura de neutralidade em que o profissional deveria intervir o
mínimo possível;
• O cliente quem conduz o processo, e não o psicoterapeuta, que,
intervindo minimamente, pretende não dirigir a sessão, deixando
que o primeiro o faça.
Fase Reflexiva (1950 – 1957)
• O reflexo de sentimentos é muito utilizado, daí sua denominação;
• É a fase da Terapia Centrada no Cliente, sendo a função do
terapeuta promover o desenvolvimento do cliente em uma
atmosfera desprovida de ameaça, isto é, sob condições
facilitadoras;
• Aqui a noção de “não-direção” é substituída pela de
“centramento no cliente”, sugerindo um papel mais ativo por
parte do terapeuta e transformando o cliente no foco maior de
sua atenção;
• Surgimento das três condições necessárias para o crescimento:
empatia, aceitação positiva incondicional e congruência;
• Enfatiza o abandono do interesse diagnóstico, sempre
priorizando a capacidade de desenvolvimento inerente à pessoa.
Condições facilitadoras do crescimento
• Autenticidade: Capacidade de ser o que realmente se é, com o
reconhecimento e aceitação de si próprio e de suas próprias vivências,
de forma clara e voltada para a relação com o outro. Integra
pensamentos, sentimentos e comportamentos.

• Aceitação incondicional: É a aceitação do outro enquanto um ser


significativo e digno de consideração, independentemente de
quaisquer requisitos ou condições

• Compreensão empática: É a capacidade de em apreender o vivido do


outro, seus sentimentos e percepções, considerando os valores e
vivências deste.
Fase experiencial (1957-1970)
• Passou a focalizar a experiência vivida do cliente, do psicoterapeuta e entre
ambos;
• Priorizou o foco do processo terapêutico na experiência, a intervenção do
profissional passa a ter lugar no espaço da relação intersubjetiva terapeuta-
cliente;
• Objetivo da psicoterapia é ajudar o cliente a usar plenamente sua
experiência no sentido de promover uma maior congruência do self e do
desenvolvimento relacional. Ou seja, a ênfase recai sobre a vida inter e
intrapessoal, e a relação terapêutica passa a adquirir significado enquanto
encontro existencial;
• psicoterapeuta deve confiar em seus próprios sentimentos, sendo
congruente com a própria experiência; ou seja, a sua experiência passa a ser
entendida como parte da relação terapeuta-cliente;
• Relação deixa de ser entendida como centrada no cliente, para ser
compreendida como bicentrada;
• A passagem da focalização na pessoa do cliente para a focalização na
experiência intersubjetiva.
Fase coletiva ou inter-humana (1970-1987)
• Rogers voltou seu interesse para questões mais amplas,
concernentes às atividades de grupo e à relação humana
coletiva, abandonando definitivamente a atividade de
terapia individual no consultório;
• Fase de transcendência de valores e de ideias, em que
Rogers trabalha com conceitos que coexistem em outras
áreas da ciência, tais como a física, a química ou a
biologia, expressando sua preocupação com o futuro do
homem e do mundo;
• Fase mais mística, holística em seu sentido amplo, em
que Rogers se voltaria para a consideração de uma
relação mais transcendental, ou para a transcendência da
existência humana.
Aconselhamento x Psicoterapia
(a)tempo da intervenção, sendo o aconselhamento mais
breve;
(b) complexidade do caso e intensidade do atendimento,
sendo a psicoterapia mais profunda;
(c) demanda apresentada, sendo o aconselhamento mais
voltado para situações contextuais e situacionais;
(d) intervenções em aconselhamento focam a ação mais
do que a reflexão
(e)Aconselhamento mais centrado na prevenção do que no
tratamento;
(f) o aconselhamento é mais focado na resolução de
problemas
(Scorsolini-Comin, 2014)
Psicoterapia Breve
PSICOTERAPIA BREVE - HISTÓRICO

• Origem com Ferenczi e Rank (1924) na tentativa de encurtar o


tempo de duração dos tratamentos;
• Psicanálise como única modalidade de psicoterapia até a 2ª Guerra
Mundial;
• Aumento populacional que geral aumento na demanda de
psicoterapia;
• Restrição de seguros de saúde a situações de crise e problemas
emergenciais
• Diminuição da da procura por psicoterapias que não são cobertas
pelo sistema de seguro.
PSICOTERAPIA BREVE - HISTÓRICO

No início da psicanálise os tratamentos eram muito curtos e


eficazes, mas com o tempo tornaram-se progressivamente
mais longos;
Os trabalhos pioneiros de Freud foram identificados em livro
sobre as PBPs.

Duas linhas de PB:


1. As de abordagem psicodinâmica (PBPs)
2. As de abordagem cognitiva e comportamental (PBC/Cs)
Psicoterapia Breve Dinâmica (PBD)

Usa de forma integrada conceitos teóricos oriundos de


diferentes teorias, além dos conceitos psicanalíticos de
conflito psíquico inconsciente, buscando sua resolução
mediante a eliminação de defesas consideradas
patológicas através do insight.
Foco:
Conceito abordado por Malan. Considera que atuar
sobre o foco não é apenas eliminar sintomas, mas, com
a resolução do conflito focal, atingir o desenvolvimento
positivo da personalidade e do paciente por meio do
efeito carambola.
Principais características da TBD

1. Delimitação de um foco, problema, ou conflito principal, em


acordo com o paciente e no qual se centraliza toda a atividade
psicoterápica.
2. Estabelecimento de uma “hipótese psicodinâmica”,
explicativa do problema principal ou do “foco”, que faz sentido
ao paciente, ao qual ele responde positivamente e que orienta
as intervenções do terapeuta.
3. Interpretação de forças inconscientes.
4. Ensino de novas formas de lidar com os conflitos emocionais
5. Atitude ativa do terapeuta que utiliza, se necessário, medidas
de apoio como manipulação do ambiente, tranquilização de
psicofármacos.
Conceitos Básicos da PBPs

• Importância dos fatos da vida atual, em relação aos da


infância do paciente;

• Importância de fixar-se em uma data para o término do


tratamento, a fim de trabalhar questões ligadas à
separação

• Importância do nível de motivação do paciente para


mudança > Considerado como elemento essencial para o
tratamento.
Tripé Básico

Foco

Atividade/Planejamento EEC / Efeito Carambola


Psicoterapia Breve Psicodinâmica

• EXPERIÊNCIA EMOCIONAL CORRETIVA (ECC)


Possibilidade do paciente experimentar situações
traumáticas do passado, revivendo-as na relação
com o terapeuta (ressignificação)

• EFEITO CARAMBOLA
Potencialização dos ganhos terapêuticos por
repetidas experiências emocionais corretivas.
Atividade e Planejamento

• Maior atividade participação do terapeuta;


• Estabelecimento de um foco por meio de um processo
diagnóstico;
• Segue o modelo médico, valorizando o diagnóstico e o
planejamento terapêutico;
• Fundamental a realização de uma boa avaliação inicial;

“A indicação terapêutica precisa necessariamente estar


baseada no diagnóstico nosológico do caso e na avaliação
da estrutura de personalidade do paciente”
Desde a primeira consulta, parte-se da queixa, conflito ou
dificuldade específica que levou o paciente a procurar
ajuda, estabelecendo-se, por meio da anamnese e do
exame psíquico, as hipóteses diagnósticas tanto
nosológicas como psicodinâmicas.
(CORDIOLI, 2009)
INDICAÇÕES

• Queixa circunscrita ou possibilidade de identificação de um


foco ativo e psicologicamente atual;
• Bom nível de funcionamento egóico (AGF maior que 50);
• Alto nível de motivação para mudança;
• Capacidade de rapidamente estabelecer um vínculo com o
terapeuta e uma aliança terapêutica;
• Capacidade para insight
• Pacientes com transtornos de ajustamento e de
personalidade leves, organização neurótica
• Situações ou problemas agudos, na vigência de transtornos
caracterológicos crônicos.
CONTRA-INDICAÇÕES

• Pacientes muito imaturos e dependentes que, em


virtude das reações transferenciais desenvolvidas,
tenham dificuldade em se separar do terapeuta.

• Necessidade de modificações maiores ou mais


profundas de caráter.

• Problemas difusos, focos ou conflitos múltiplos.


Terapia Familiar
Família
• A família pode ser considerada um sistema vivo, semi-
aberto, que se desenvolve e se transforma com o tempo –
não nasce e não morre, surge de famílias às quais dá
continuidade e se transforma em novas famílias.
• Para entendê-lo, necessário considerar pelos menos três
gerações;
•A terapia familiar é uma volta ao modelo antigo de
cuidado onde o médico tratava a doença na casa do
paciente, considerando as circunstâncias da sua família e
do grupo social. É uma retomada do cuidado dentro do
contexto.

(CORDIOLI, 2008)
Origem da Terapia Familiar
• As terapias familiares surgiram muito mais inspirados pela busca
de saídas terapêuticas para problemas desafiadores com
populações clínicas não-beneficiadas por tratamentos
convencionais do que por novas evoluções conceituais e
paradigmáticas em si.
Desenvolvimento de várias abordagens:
• Comunicacional
• Interacional ou terapia estratégica breve
• Estrutural
• Estratégica
• Experiencial simbólica Tomaram como referência o que
surgiu no território americano e que
• Intergeracional informou a prática da terapia familiar
• Sistêmica de Milão no Brasil
O que acontece em um membro da família afeta todos os
demais. Reciprocamente, o que ocorre com a família influencia
necessariamente todos os membros, sendo preciso pensar a
família com uma UNIDADE.
(Minuchin, 1992)

• O primeiro salto qualitativo e paradigmático: a compreensão


do indivíduo não mais no âmbito de sua individualidade,
mas das relações e dos contextos em que se inseria.
• As primeiras abordagens de terapia familiar organizadas pela:
• Teoria Geral dos Sistemas – Bertalanffy
• Cibernética – Norbert Wiener

Território Contexto
Intrapsíquico inter-relacional

(Osório & Valle, 2009)


Teoria sistêmica + cibernética =
alicerces da terapia familiar sistêmica
• Priorizam interações e contextos
• Nova posição epistemológica > unidade de tratamento
• Buscaram a funcionalidade dos sintomas
Sintoma: desvios ativados por erros na organização familiar
e só poderia ser compreendido no contexto da família >
tentativa da família em manter a homeostase.
Cibernética de 1ª ordem– Retroalimentação Negativa
(manutenção da organização)
Cibernética de 2ª ordem – Retroalimentação Positiva
(ampliação para uma nova organização) – Minuchin

(Osório & Valle, 2009)


Ex: Terapia Estrutural - Minuchin

• Utilização de técnicas desestabilizadoras que geravam


crises no sistema para favorecer mudanças.
• Novas técnicas surgiram para fazer frente à demanda de
abalar a homeostase familiar organizada pelos sintomas
e, assim, promover a mudança e conduzir uma nova
organização através da crise.

Terapia Familiar Pós-Moderna

(Osório & Valle, 2009)


Mudança paradigmática pós-moderna
• Os sistemas vivos, como os sistemas humanos, são
capazes de produzir suas próprias mudanças, as quais são
conduzidas e limitadas pela organização sistêmica, não
podendo ser deliberadamente operadas a partir de
qualquer lugar externo ao próprio sistema.
• Abandonou metáforas teóricas de homeostase, desvios,
circuitos cibernéticos, retroalimentação negativa e
positiva, para inserir-se no campo da linguagem e dos
significado.

Construtivismo

Construcionismo social

(Osório & Valle, 2009)


Construtivismo

Construcionismo social

• Ambas partilham a impossibilidade de um lugar


privilegiado de acesso a uma realidade objetiva e a crença
na realidade construída
• Terapia como possibilidade de oferecer subsídios para a
construção de significados organizadores da experiência
vivida pela família.
Terapias Pós-modernas

Terapias colaborativas de base dialógica

Terapias narrativas

Mudanças epistemológicas nas terapias tradicionais


estruturais e estratégicas que abraçaram as ideias
construtivistas
Abordagens Colaborativas
• Definição dos sistemas humanos como sistemas linguístico,
geradores de linguagem e significado, organizadores e
dissolvedores de problemas;
• Define-se como relacional e dialógica;
• Compreende o diálogo como uma conversação
transformadora;
• Terapeuta como um participante ativo e “arquiteto do diálogo”
• Paciente e terapeuta participam do co-desenvolvimento de
novos significados, de novas realidades e de novas narrativas, a
partir de uma postura terapêutica genuína de não-saber.

Terapeuta como parceiro conversacional – atitude de curiosidade


genuína – entendimento que o cliente é o especialista em sua vida.
Abordagens Narrativas

• Consideram que as pessoas vivem suas vidas através de


histórias e que as histórias organizam e dão sentido à
experiência;
• Duas práticas possíveis:
• Uma mais conversacional com ênfase no processo de
questionamento – Micropráticas transformativas
• Outra mais estruturada como uma abordagem de conversação
orientada para um propósito – Michael White
Micropráticas Transformativas
• Através de um processo de questionamento, vem a
desestabilizar as narrativas organizadoras dos problemas,
dilatando seus horizontes e sua referência;
• Conduz a organização de histórias qualitativamente
“melhores” para o sistema;
• Conversações terapêuticas e transformadoras;
• Favorece a mudança na direção da construção de
histórias alternativas e preferidas, promovendo a
transformação das histórias nas dimensões de tempo,
espaço, linha de causalidade, contexto das interações,
valores presentes e na forma narrativa.
Terapia narrativa de Michael White
• Busca uma reconstrução narrativa;
• Enfatiza uma desconstrução das histórias dominantes,
cristalizadas nos relatos, que restringem as possibilidades
existenciais e têm o status de verdades sobre as pessoas
e suas vidas;
• O terapeuta busca acontecimentos que contradizem as
histórias dominantes, apresentando áreas da vida da
pessoa longe das influências do problema. Ao resgatar
esses episódios que contradizem as histórias dominantes,
o terapeuta promove uma conversação de reescritura das
histórias de identidade, ao incluir nas narrativas aspectos
negligenciados pelas histórias dominantes.
Família com bom funcionamento
• Igualdade de poder entre os cônjuges;
• Ampla expressão de ideias e afetos;
• Incentivo à autonomia pessoal com respeito às
necessidades do outro;
• Percepção e respeito pela independência entre os
membros da família;
• História familiar compartilhada;
• Capacidade de usar adequadamente o humor;
• Envolvimento com grupos e movimentos sociais.

(CORDIOLI, 2008)
Mudanças ao longo do ciclo vital da
família
As diversas fases exigem
• Individuação do adulto; acomodação e mudança de
cada membro e da família como
• Casamento; um todo, sempre mantendo,
simultaneamente, a
• Nascimento do primeiro filho; estabilidade do grupo.

• Família com filhos pequenos;


• Família com filhos adolescentes;
• Síndrome do Ninho Vazio

(CORDIOLI, 2008)
Para o diagnóstico da família
• Nível socioeconômico e características étnico-culturais;
• Crise vital ou crise situacional: o estágio de
desenvolvimento da família;
• Estrutura: alianças, hierarquia e estilo de funcionamento;
• Comunicação, capacidade de resolver problemas e
expressão do afeto;
• A função protetora do sintoma e a presença de
transtorno psiquiátrico;
• Classificação do funcionamento familiar;
• Motivação para o tratamento.
(CORDIOLI, 2008)
Plano Terapêutico – Terapia Familiar

• Construído em conjunto com a família sob liderança do


terapeuta.
• O objetivo da terapia é a superação dos bloqueios ao
desenvolvimento dos indivíduos e do grupo familiar como
um todo. Visando criar condições para a individuação de
cada um, mantendo-se a mutualidade do grupo.
• Os bloqueios são de correntes de regras interacionais
rígidas entre as gerações que não permitem espaço para o
crescimento. Com a sua reestruturação, os indivíduos
sentem-se mais livres para dar continuidade ao
desenvolvimento.

(CORDIOLI, 2008)
Técnicas Psicoterapêuticas

1. Estabelecer e solidificar a aliança terapêutica;


2. Melhorar a comunicação; (predominantemente
verbal);
3. Técnicas mais diretivas. (ex. delimitação de
fronteiras, psicoeducações, reforços positivos,
prescrição de tarefas).

DURAÇÃO: sessões semanais, com todos ou com


parte dos mesmos (podem, posteriormente, passarem
a ser quinzenais ou mensais).

(CORDIOLI, 2008)
Principais objetivos
• Melhorar a comunicação entre os membros
• Desenvolver a autonomia e a individualização
• Descentralizar e tornar mais flexíveis os padrões de
liderança e tomada de decisões
• Reduzir conflitos interpessoais e sintomas
• Melhorar o desempenho individual
• Criar condições para a individuação de cada um,
mantendo a coesão e a mutualidade do grupo.

(CORDIOLI, 2008 & CORDIOLI, 1998)


Terapia sistêmica

• Foca nas relações


• Compreende o indivíduo integrado ao seu contexto
familiar e sociocultural, e realça a complementariedade
existente entre os seres humanos
• Visão sistêmica consiste na habilidade em compreender
os sistemas de acordo com o conhecimento do todo, de
modo a permitir a análise ou a interferência no mesmo

FOCO NO TODO, ANÁLISE DO SISTEMA


Psicoterapia
psicodinâmica de Grupo
Grupos
• O individual e o social não existem separadamente, pelo
contrário eles se interpenetram, se complementam e se
confundem entre si;
• Todo indivíduo é um grupo, assim como todo grupo pode se
comportar como uma individualidade;
• Existem dois tipos de grupos: grandes grupos e os
microgrupos;
• Os microgrupos costumam reproduzir, em miniatura, as
características socioeconômicas e políticas e a dinâmica
psicológica dos grandes grupos.
Características dos grupos
1. Se constituem como uma nova entidade, com leis,
mecanismos próprios e específicos.
2. Trabalham com dois planos: o consciente e o inconsciente.
3. O grupo está sempre em movimento, apoiado em duas forças
opostas: a de coesão e de desintegração.
4. Forma um campo grupal dinâmico, onde gravitam fantasias,
ansiedades, mecanismos defensivos, fenômenos resistenciais e
transferenciais.
5. Fenômeno da Ressonância – Um acontecimento ou uma
emoção comunicada ao grupo vai ressoar nos demais
participantes.
6. Fenômeno da Galeria de Espelhos.

(CORDIOLI, 2008)
Características da Terapia de Grupo
• Utiliza a maioria dos conceitos psicanalíticos, como
transferência, contratransferência, associação livre,
resistência, instintos sexuais e agressivos, sonhos,
mecanismos de defesa e etc., adaptados ao setting
grupal.
• Diferenças: enquanto nos grupos as relações
intersubjetivas (vínculos) fazem parte do aqui-e-agora, no
tratamento individual essas relações estão no lá-e-então
e são apenas relatadas pelo paciente.

(CORDIOLI, 2008)
Desempenho de papéis
O desempenho de papéis são adotados, temporária ou
permanentemente, pelos membros do grupo:
• Bode expiatório: o “culpado”, “bobo da corte”
• Porta-voz: representante dos anseios latentes
• Sabotador: Invejoso e narcisista
• Vestal: zelador da “moral e bons costumes”
• Atuador pelos demais: toma atitudes proibidas por
delegação do grupo. Criticado pelo grupo, ao mesmo
tempo que realiza os desejos.
• Líder: pode ser integrador ou obstrutivo
(CORDIOLI, 2008)
Conceitos importantes
Campo grupal: uma estrutura que vai além da soma de seus
componentes, de forma análoga a uma melodia que resulta
não da soma das notas musicais, mas, sim da combinação e
do arranjo entre elas.

Fenômeno da RESSONÂNCIA: Tal como acontece num


jogo de diapasões acústicos ou de bilhar, a comunicação
trazida por um membro do grupo vai ressoar num outro, o
qual, por sua vez, vai transmitir um significado afetivo
equivalente, ainda que provavelmente, venha embutido em
uma narrativa de embalagem bem diferente e assim por
diante.

(CORDIOLI, 2008)
Formação do grupo

Para o planejamento:
• Para que serve o grupo? (Objetivos)
• Para quem é o grupo? (População-alvo)
• Como será feito o tratamento? (técnica utilizada)
• Por quem será feito o tratamento? (recursos do
terapeuta)

(CORDIOLI, 2008)
Enquadre grupal (Setting)

• Grupo aberto ou fechado


• Homogêneo ou heterogêneo
• Frequência e duração das sessões
• Número de participantes
• Idade e sexo
• Co-terapia e observador de grupo

(CORDIOLI, 2008)
Contra-indicações
• Participantes que estão pouco motivados para um tratamento
longo e difícil;
• Sejam excessivamente deprimidos, paranoides ou narcisistas;
• Apresentam forte tendência a actings de natureza maligna (ex.
Pacientes psicopatas);
• Tenham riscos agudos, principalmente de suicídio;
• Apresentam déficits intelectual ou elevada dificuldade de
abstração;
• Estejam no auge de uma séria situação crítica;
• Pertencem a uma categoria profissional ou política que
representa sérios riscos para uma eventual quebra de sigilo
grupal;
• Tenham uma história com várias terapias anteriores
interrompidas (abandonadores compulsivos)
(CORDIOLI, 2008)
Fatores Terapêuticos
1. Instilação da esperança: incentivo de comportamentos
proativos através do contágio grupal.
2. Universalidade do problema: reconhecimento de
queixas semelhantes no grupo.
3. Compartilhamento de informações: ocorre com mais
frequência em grupos temáticos.
4. Altruísmo: efeito grupal que estimula a faculdade
humana de ajudar os outros.
5. Socialização: desenvolvimento de hábitos sociais pelo
próprio convívio em grupo.

(CORDIOLI, 2008)
Fatores Terapêuticos
6. Comportamento imitativo: pela simples imitação do
comportamento saudável das pessoas.
7. Catarse: alívio pela ventilação de emoções.
8. Recapitulação corretiva: correção de padrões familiares
disfuncionais
9. Fatores existenciais: doenças, morte, luto e isolamento.
10. Coesão grupal: pertencimento e afinidade com os
demais membros.
11. Aprendizagem interpessoal: identificação e correção
da psicopatologia individual

(CORDIOLI, 2008)
Principais técnicas utilizadas

• Associação livre
• Foco no aqui-e-agora
• Feedback
• Interpretação

(CORDIOLI, 2008)
“Em poucas palavras, a pertença consiste na sensação de sentir-se
parte, a cooperação consiste nas ações com o outro e a pertinência na
eficácia com que se realizam as ações”
“Já o líder de mudança surge no momento em que o que foi explicitado
pelo portavoz é aceito pelo grupo contribuindo para o movimento
dialético grupal (GAYOTTO, [1992]).”
“A técnica do grupo operativo pressupõe a tarefa explícita
(aprendizagem, diagnóstico ou tratamento), a tarefa implícita (o modo
como cada integrante vivencia o grupo) e o enquadre que são os
elementos fixos (o tempo, a duração, a frequência, a função do
coordenador e do observador)”.
“Cada integrante do grupo comparece com sua história pessoal
consciente e inconsciente, isto é, com sua verticalidade. Na medida em
que se constituem em grupo passam a compartilhar necessidades em
função de objetivos comuns e criam uma nova história, a
horizontalidade do grupo, que não é simplesmente a somatória de
suas verticalidades pois há uma construção coletiva resultante da
interação de aspectos de sua verticalidade, gerando uma história
própria, inovadora que dá ao grupo sua especificidade e identidade
grupal”
Psicoterapia Interpessoal
Terapia Interpessoal
• Psicoterapia limitada de tempo (breve), incialmente
desenvolvida para tratar a fase aguda da depressão
unipolar não-psicótica.
• Vê a psicopatologia e as relações sociais de forma
interativa: a psicopatologia influencia e é influenciada
pelas relações sociais.
• Colocava ênfase nos aspectos psicossociais atuais,
contrapondo-se à abordagem psicanalítica tradicional,
que focava nos aspectos passados e intrapsíquicos.
• Está estruturada em três fases: inicial, intermediária e
final.

(CORDIOLI, 2008)
Esquema do modelo teórico da TIP

Problemas
Depressão
interpessoais

Relação Bidirecional > Não de causa e efeito.


“Problemas pessoais podem levar a depressão, assim como a
depressão pode levar a problemas pessoais”

(CORDIOLI, 2008)
Fases do tratamento
INICIAL
• Entre 1 e 3 sessões iniciais;
• Estabelecer o diagnóstico e analisar a intensidade da
síndrome;
• Colher a história minuciosa do paciente (Inventário
interpessoal);
• Estruturação do contexto social e interpessoal que
desencadeou ou manteve os sintomas depressivos;
• Avaliação da indicação de medicação e de comorbidades
clínicas;
• Psicoeducação sobre a depressão;
• Apresentação da Formulação Interpessoal - áreas problemas
(1) luto; (2) disputa de papéis; (3) transição de papéis e (4)
déficit interpessoal.
(CORDIOLI, 2008)
Fases do tratamento
INTERMEDIÁRIA
• 10 a 12 sessões
• Procura aplicar as estratégias específicas para atingir os
objetivos definidos para cada uma das áreas-problema.
• Embora o paciente possa ter mais de uma área-problema,
escolhe-se como foco do tratamento a que tem mais
relevância para o paciente naquele momento.
FINAL
• Últimas duas ou três sessões;
• Tem como objetivo consolidar os ganhos terapêuticos e
desenvolver formas de identificar e lidar com sintomas
depressivos que possam surgir no futuro.
(CORDIOLI, 2008)
Áreas-problemas
• Luto: reação não-normal após a morte de alguém amado, a função do terapeuta
é facilitar a expressão dos sentimentos associados e auxiliar o paciente a
encontrar, gradualmente, novas atividades e relacionamentos, visando uma
melhor elaboração da perda.
• Disputas de papéis: o terapeuta ajuda o paciente a examinar as características
da relação e a natureza da disputa, a fim de verificar a possibilidade ou da
resolução dos conflitos presentes, ou da relação ter chegado a um impasse, ou
de ter atingido um estágio de irreversibilidade, com um rompimento inevitável,
e a necessidade de busca de outras alternativas.
• Transição de papéis: é uma área-problema que inclui as mudanças importantes
de estilos de vida, como o início ou fim de uma carreira profissional,
aposentadoria, promoção de emprego, diagnóstico de alguma doença grave. O
tratamento visa auxiliar o paciente a lidar com a mudança, reconhecendo de
forma mais realista os aspectos negativos e positivos do novo e do velho papel.
• Déficits interpessoais naqueles pacientes com grandes dificuldades nas
habilidades sociais, incluindo as de iniciar e manter relações interpessoais.

(CORDIOLI, 2008)
Análise Transacional
• Análise Transacional (AT) é uma teoria da personalidade criada
pelo Dr. Eric Berne no final da década de 50. De acordo com a
definição da International Transactional Analysis Association
(ITAA) "A Análise Transacional é uma teoria da
personalidade e uma psicoterapia sistemática para o
crescimento e a mudança pessoal". É também uma filosofia
de vida, uma teoria da Psicologia individual e social. Possui um
conjunto de técnicas de mudança positiva que possibilita uma
tomada de posição quanto ao ser humano.
• O termo transacional deveu-se ao interesse que Berne tinha
pelo que ocorria entre as pessoas. Daí o estudo, a análise, as
trocas de estímulos e as respostas (transações) entre os
indivíduos serem a ênfase dada por Berne ao iniciar as suas
pesquisas e observações.
(Portal BrAt, acesso abril de 2016)
Análise Transacional
• Além de ter se ocupado primordialmente com o que
ocorre entre os indivíduos, Berne contribuiu ainda com
excelente modelo de estudo do que ocorre no interior do
indivíduo. Berne dizia: "todos nós nascemos príncipes e
princesas, mas às vezes nossa infância nos transforma em
sapos". É uma filosofia positiva e de confiança no ser
humano: todos nós nascemos bem ("OK"), com
capacidade plena para obter sucesso e satisfação de
nossas necessidades. A única exceção é quando o
indivíduo sofre alguma afecção orgânica grave.
• A naturalidade da AT fundamenta-se nas necessidades
básicas do ser humano: biológicas, psicológicas e sociais.

(Portal BrAt, acesso abril de 2016)


Análise Transacional
• O objetivo último da AT é levar o indivíduo a alcançar a
Autonomia de Vida. Entende-se por Ser Autônomo o
indivíduo que tem o controle de sua própria vida, aceita a
responsabilidade de seus próprios sentimentos, pensamentos
e comportamentos, além de abdicar-se de padrões
inadequados para viver no aqui-e-agora. Tudo isso pode ser
obtido através da recuperação de três capacidades:
consciência, espontaneidade e intimidade. Essas três
capacidades são inatas no ser humano, entretanto algumas
vezes ficam limitadas devido a situações estressantes ou
traumáticas que sofremos em nossa infância.

(Portal BrAt, acesso abril de 2016)


Estados do Ego
• Berne descreve a estrutura da personalidade como sendo
formada pelos estados de Ego.

Estado de Ego Pai - Exteropsiquê (formada a partir da


influência de pais e familiares)
Estado de Ego Adulto - Neopsiquê (aquisição de
informações, contato objetivo com a realidade)
Estado de Ego Criança - Arqueopsiquê (processos
fisiológicos, experiências desde o nascimento, pensamento
mágico, emoções, adaptações).
Estados do Ego
• O estado de ego pai é o reservatório de normas e valores, de
conceitos e modelos de conduta, surge no indivíduo por volta
dos 3 anos de idade e suas principais fontes são os pais, (ou
substitutos) e outros familiares e pessoas que convivam com a
criança e tenham uma figura de autoridade e importância na
vida dela. Está sujeito a influências culturais e impões à pessoa
ações, regras e programas de conduta.
• O estado de ego adulto é a parte da personalidade do
indivíduo que recebe informações de fora para dentro, as
analisa, as compara e toma decisões baseado no seu banco de
dados. É a parte racional do ser humano, que adquire conceitos
pensados da vida desprovidos de influências sentimentais.
Seria segundo Kertész, o hemisfério esquerdo do cérebro, nos
destros. Sua função básica é trabalhar, estudar e operacionar.
Estados do Ego

• O estado de ego criança surge logo que se nasce. É o primeiro


estado de ego a emergir no ser humano e representa as
emoções básicas como alegria, amor, prazer, tristeza, raiva e
medo. Esta é a parte mais autêntica do ser humano e também
a mais reprimida pela educação. Segundo Kertész(1977)
representada pelo hemisfério direito do cérebro dos destros,
hemisfério esse que processa os sonhos, as imagens,
estimulado quando se usa a criatividade e a arte.
Para aprofundar...

Manual de Terapia Familiar - Vol. I Osorio, Luiz


Carlos; Do Valle, Maria Elizabeth Pascual. Ed.
Artmed. 2008

Psicoterapias - Abordagens Atuais


3ª Edição. Aristides Cordioli e col. Ed.
Artmed. 2008.

Artigo sobre Aconselhamento Psicológico:


http://www.revistas.unisinos.br/index.php/contextosclinicos/article/view/c
tc.2014.71.01/4115

Teoria da Personalidade
Calvin S. Hall, Gardner Lindzey e John
B. Campbell. Artmed, 2000.
Obrigada!
nath.dellasanta@gmail.com

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