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Microeconomia

Pós-Graduação em Economia
Universidade Federal Fluminense

TEORIAS DA FIRMA (3)


2014
Bibliografia
● TEECE, PISANO, SHUEN (1997), Dynamic
capabilities and strategic management

Langlois (1992) Transaction-cost
Economics in Real Time
● Corner (1991) → discutido em sala
Retomando e localizando
Organizações como instituições sociais
(firma é uma organização cujo objetivo é a acumulação de capital no longo prazo)

Direitos de propriedade Economia (neo) Nexus de capacitações e


institucional inovações

Custo de Competências
Internalização Contratos transação Ação organizacionais Evolicionária
Teoria do
agente de incompletos coletiva
externalidades

ATENÇÃO: este esquema é uma simplificação com objetivo de localizar as


diferentes teorias
Introdução: Retomando
● Custo de transação: Escolha dos agentes -
“make or buy”
● Firma como nexu de competências → existem
recursos em que a escolha de “make or buy”
não é possível → recursos que não são
transacionáveis estão no centro da existência
da firma
O que é específico a essa concepção de firma:
a firma como um conjunto único de recursos
produtivos em constante transformação pelo
efeito dos processos de aprendizado

Recursos produtivos da
empresa

Recursos físicos ou Recursos humanos ou


tangíveis intangíveis
Instalações, Mão-de-obra especializada
equipamentos, terrenos,
ou não; técnicos, operários,
matérias primas,
pessoal administrativo em
produtos semi-
geral e de direção.
acabados, estoques.
Alguns conceitos chaves
Paradigmas tecnológicos

Pode ser definido como um “padrão” de solução
de problemas técnico-econômicos selecionados
baseados em princípios altamente selecionados
derivados das ciências naturais. Define
simultaneamente um conjunto de artefatos
básicos (produtos tecnológicos) e um conjunto
de heurísticas ( procedimentos).
Alguns conceitos chaves
Trajetórias tecnológicas

É definida como o padrão da atividade “normal”
de solução de problemas (i.e. de “progresso”) no
campo de um paradigma tecnológico.

A trajetória tecnológica representa a “avenida
tecnológica” definida pelo paradigma
tecnológico. (pode ser no plural: trajetórias).
Alguns conceitos chaves

O conceito de paradigma tecnológico nos
leva à definição de três outros conceitos-
chave:
Oportunidade tecnológica:

Refere-se ao potencial de exploração e ou
desenvolvimentos ulteriores de uma dada
tecnologia, o que inclui a taxa de retorno
econômico projetada para tais ou quais
inovações.
Alguns conceitos chaves
Cumulatividade:

Traduz a hipótese de que o que as firmas serão
capazes de fazer tecnologicamente no futuro está
estreitamente relacionado com o que elas foram
capazes de fazer no passado.

A direção imprimida ao progresso técnico não é
aleatória, mas condicionada por padrões de
evolução tecnológica previamente
experimentados.

 
Alguns conceitos chaves

Apropriabilidade:

Refere-se às propriedades do conhecimento ou
produto tecnológico, e às características dos
mercados e do ambiente legal, que afetam a
condição de apropriação privada do retorno
econômico (rendas schumpeterianas) associado
aos investimentos inovativos.

 
Alguns conceitos chaves

Rotina

Pode ser definida, de forma genérica, como um
padrão de solução repetitivo para problemas
semelhantes. Este “padrão de solução” se faz
incorporado em pessoas ou organizações ( como
a firma).
Tipos de rotinas:
- Rotinas operacionais - atividades correntes
- Rotinas de decisão – ex: investimento
- Rotinas criativas – atividade de inovação
Alguns conceitos chaves

Aprendizado (tecnológico e organizacional)



Responde pela fonte principal de mudança
técnica (evolução) das firmas e do sistema
econômico.

O aprendizado pode ocorrer por via formal ou
informal; envolver fontes internas ou externas às
firmas; ser mais ou menos imitável ou
transferível.
Alguns conceitos chaves
Learning by doing

Ocorre durante o processo de manufatura em si,
através do envolvimento direto da empresa no
processo de produção.

Ex: recall da chevrolett, Fiat ...
Learning by using

Ocorre através da utilização do produto pelo
usuário final; cabe à empresa buscar aproveitar
esse conhecimento

Ex: produtores agrícolas da região X sugerem
adaptações nas máquinas agrícolas vendidas
naquela região.
Alguns conceitos chaves
Learning by advances in science and technology

Consiste na absorção pela empresa de novos
conhecimentos ou tecnologias gerados por
institutos de pesquisa, universidades, etc.
Ex: utilização da soja na geração de biodisel

Learning from inter-industry spillovers



Ocorre através da absorção de conhecimentos
relacionados ao que outras empresas estão
fazendo.

Ex: imitação tecnológica através da engenharia
reversa
Alguns conceitos chaves
Learning by interacting

Ocorre quando uma empresa troca informações
ou realiza alguma forma de cooperação com
outra empresa.

Ex: acordos de cooperação tecnológica
Learning by searching

Ocorre naquela situação em que o processo de
busca de novas tecnologias ocorre internamente
à empresa, à base de seus departamentos de
P&D e de engenharia e design de produtos.
Razões para o surgimento da
firma
Razões para Surgimento da Firma
Visão Heterodoxa

Ponto de partida: relevância de abordagem
história (Chandler)

Três linhas de desenvolvimento:
1) Organização industrial: ênfase em fenômenos
relacionados à órbita da produção; economias de
escala e escopo
2) Teoria dos Custos de Transação: ênfase no
processamento de informações, na realização de
transações e na necessidade de coordenação.
3) Teoria Evolucionária e das Competências
Organizacionais: ênfase em turbulência ambiental,
geração de oportunidades e necessidade de
integração de competências
Razões para Surgimento da Firma
Algumas hipóteses gerais

Relação entre condições objetivas do processo de produção e de
concorrência e a natureza específica da firma

Duplo efeito do progresso técnico:
– Geração de economias de escala e escopo potencias, cuja
exploração demanda realização de investimentos e crescimento
– Criação de turbulência e relevância do acesso a informações e
do aprendizado
•.
Criação de competências associada a processo “não contratável”
•.
Racionalidade Limitada: gaps de informação e de competências
•.
Firma associada a capacidade empresarial idiossincrática que
articula recursos, mobilizando com fins distintos dos tradicionais,
visando geração de “quase rendas”
•.
Possibilidade de múltiplos objetivos
– Mecanismos de valorização do capital
O que é uma firma ? Uma síntese
dos argumentos vistos
1) Firma como unidade de alocação de recursos : definição de
preços e quantidades de equilíbrio => visão da
microeconomia tradicional
2) Firma como entidade legal => estabelecimento de múltiplos
contratos => enfoque contratual (teoria da Agência)
3) Firma como processadora de informações => capacidade de
identificar, processar e utilizar informações relevantes no
processo de tomada de decisões (Achian e Demsetz)
4) Firma como instituição com relações hireraquica (TCT →
Coase e Wiliamson)
O que é uma firma ? Novos
argumentos

Firma como entidade administrativa-gerencial => estabelecimento de
divisão social de trabalho, separação propriedade-gerência e montagem
de estrutura organizacional (Simon, Chandler)

Firma como “pool” de lucros => ênfase no processo de acumulação
interna, reinvestimento de lucros e crescimento (Marris, Steindel, Kalecki,
Wood, Possas)

Firma como conjunto de recursos gerenciais ativos e potenciais => ênfase
nas alternativas de mobilização de recursos face a oportunidades
alternativas (Penrose)

Firma como unidade de geração de “quase rendas diferencias” => ênfase
nos ganhos resultantes da mobilização de recursos em alternativas
distintas das tradicionais (Schumpeter)

Firma como “pool” de competências => ênfase em processos cumulativos
de aprendizado (Teece, Dosi, Nelson e Winter)
Firma – Características Básicas

Entidade complexa
– produção conjunta
– estrutura de propriedade fragmentada (sociedade
por ações)
– separação propriedade-gerência
– estrutura organizacional

Múltiplos objetivos e estratégias

Relevância de sistemas de incentivos internos e
externos
Firma – Características Básicas
Caso geral: firma multiprodutora; diversificada e
diversificante

Objetivos gerais: busca de rentabilidade e


realização do potencial de crescimento
Caracterização da firma vinculada ao quadro
teórico de referência
Variedade de Firmas: Evolução histórica
Firma unitária (forma U) – Indústria Competitiva
 
 
Crescimento de sociedade por ações, Separação propriedade-gerência Concentração industrial,
Oligopólio
 
 
Crescimento Orgânico (Interno) - Integração Vertical Crescimento Externo – Fusões e Aquisições
 
 
Crescimento de sociedade por ações, Separação propriedade-gerência Concentração industrial,
Oligopólio
 
 
Firma Multidivisional (forma M), Diversificação (relacionada, Nãos – Relacionada,
Conglomerada)
 
 
Investimento Direto Externo, Corporações Transacionais, Empresas Globais, Alianças
Estratégicas, Firmas em Rede e formas “híbridas” de governança
Variedade de Firmas: Evolução histórica

Chief Executive

Firma Unitária (“U”)


Production Sales and Financial and Personnel
Development Marketing Accounting Department
Department Department

Head Office

Central Services (e.g., Finance)

Division A Division B Division C Division D Division E


Firma Multi-divisional
(“M”)
Functions Functions Functions Functions Functions

Parent Company
Head Office

Firma Conglomerada-
Holding (“H”)
Company A Company B Company C Company D Company E
(wholly owned) (wholly owned) (90% owned) (75% owned) (25% owned)
Definição da firma
A empresa Penrosiana

Para Edith Penrose, a empresa é um conjunto de
recursos organizados administrativamente que cresce
e procura sobreviver em torno da concorrência.

"Os serviços que produzem os recursos dependem da forma


em que são usados. Exatamente o mesmo recurso pode
prover diferentes serviços segundo a forma em que se use
ou se lhe combine com diferentes tipos ou quantidades de
outros recursos".


Importância ao papel da gerência: combinar recursos
subutilizados na firma (sempre existem)

Relação interno/externo da firma: O conhecimento da
empresa sobre a tecnologia e o mercado é chave para
permitir um melhor aproveitamento dos recursos
Recursos da empresa, segundo

Penrose
Fontes de serviços produtivos existentes dentro da empresa
empreendedora extraídos de recursos tangíveis e intangíveis,
inclusive os recursos humanos, sua cultura e seu
conhecimento.

Os recursos não podem ser alterados no curto prazo e
quando não totalmente utilizados, constituem,
simultaneamente, um desafio para inovar, um incentivo para
expandir-se e uma fonte de vantagens competitivas.

Eles facilitam a introdução de inovações na firma que podem
se consubstanciar em novos produtos, novos processos ou
novas formas de organização de funções administrativas.
Serviços na empresa

Os serviços não são homens-hora ou máquinas-hora,
mas os serviços realmente prestados pelas pessoas,
pelas máquinas, pelas matérias primas no processo
produtivo, inclusive os serviços empresariais.

Esses serviços vão variar em cada firma, já que as
combinações de recursos são diferentes para cada
empresa e é essa heterogeneidade que as tornam
únicas frente a seus competidores.
Penrose e as capacitações organizacionais
da firma

Combinações de ativos, pessoas, valores culturais e
processos operacionais nas organizações.

Incluem habilidades de saber fazer a baixo custo
(eficiência) e de saber escolher o que fazer (eficácia).

Capacitações são atributos-chave na determinação das
vantagens competitivas das firmas: habilidades de fazer
avançar o desempenho da organização, seja em termos
de novos produtos ou serviços, ou de novos processos
de produção, venda, financiamento, divulgação, etc.
David Teece

Ênfase na criação de novas capacitações.

Aprendizado social e coletivo das empresas:
capacitações dinâmicas – capacidade de renovar
competências quando há mudanças no ambiente de
negócios.

Firmas como depositárias do conhecimento
produtivo (Winter, 1990): rotinas organizacionais.

Limites ao processo de aprendizagem: dependência
de trajetórias passadas, ativos complementares e
custos de transação.
Capacitação dinâmica e gestão
estratégica

A vantagem competitiva das firmas é vista como resultado de um
conjunto distinto de ativos específicos que são combinados e
coordenados em processos dinâmicos inovadores. Tais ativos
resultam do processo de evolução da firma (path dependency),

A importância da dependência da trajetória passada aumenta
quando existem condições de retornos crescentes. A manutenção
das vantagens competitivas dependem da estabilidade da
demanda do mercado e facilidade de imitação por competidores.

Identificar novas oportunidades e organizar a firma para explora-
las efetivamente é geralmente mais efetivo para gerar lucros do
que gerar estratégias defensivas para barrar a concorrencia.
(Teecce e Pisano, 1998)
Teoria da Firma – tendências gerais


Abertura de “black box” da micro tradicional

Firma como unidade decisória sujeita a estímulos
ambientais (sistema de incentivos)

Presença de regularidades comportamentais
(racionalidade limitada)

Caráter “path-dependent” da diversidade inter-
empresarial: reprodução e reforço de
heterogeneidade

Relevância de análise histórica: evolução e
transformação
O que é uma firma (cont.)

“...firms have choices to make if they are to survive. Those that


are strategic include: the selection of goals; the choice of
products and services to offer; the design and configuration of ...
competitive strategy; the choice of an appropriate level of scope
and diversity; and the design of organization structure,
administrative systems and policies used to define and
coordinate work ... It is the integration (or reinforcing pattern)
among these choices that makes a set a strategy”
-- (Rumelt, Schendel & Teece 1994).
Visões alternativas da firma

Observa-se que a teoria tradicional  raramente é combinada com outras
abordagens alternativas sobre a natureza da empresa.

Dentre estas abordagens alternativas, é possível mencionar a abordagem
organizacional, na qual as empresas são consideradas como dotadas
de capacidades específicas, que não podem ser encontradas no mercado

Destaca-se também a abordagem  schumpeteriana, na qual os
empresários heróicos introduzem inovações que desestabilizam a dinâmica
de mercado com o intuito de gerar posições monopolistas, mesmo que
transitórias.

Idéias básicas de abordagem alternativa:
– Edith Penrose (1959): = crescimento da firma baseado no potencial de
recursos 
– Nelson e Winter (1982)  = conhecimento codificada em rotinas
Visões alternativas da firma: hipóteses básicas


Capacidades como resultado de um processo de aprendizado

Rotinas como padrão repetitivo de realização de
atividades em uma organização (rotinas = DNA), que
possibilitam replicar um  desempenho positivo.

Capacidades dinâmicas =  possibilidade de aprender a
aprender e de modificar as rotinas.

Crescimento da firma: a firma cresce pela exploração de suas
competências e construção de “ativos complementares”.

Relevância de “núcleo de competências” (core competences)
para crescimento empresarial.

Caráter único (raro) e não replicável dos recursos como
fontes de vantagens diferenciais
Características da Firma: uma visão
evolucionária


Do ponto de vista evolucionário, a firma pode
ser conceitualizada como entidade em bsca de
lucros diferenciais (profit-seeking) cuja
atividade primária baseia-se na construção
(através de processos de aprendizado) e
exploração comercial de ativos baseados no
conhecimento (knowledge assets), os quais co-
determinam o conjunto de oportunidades
produtivas e são aplicados no processo de
produção através da operação das rotinas.
Características da Firma: uma visão
evolucionária

Definição de firma aponta no sentido da importância de
competências distintivas: “… a firm’s distinctive
competence needs to be understood as a reflection of
distinctive organizational capabilities to coordinate and
learn. By “organizational capabilities” we mean the
capabilities of an enterprise to organize, manage,
coordinate or govern sets of activities … Posed differently,
a distinctive competence is a differentiated set of skills,
complementary assets, and organization routines which
together allow a firm to coordinate a particular set of
activities in a way that provides the basis for competitive
advantage in a particular market or markets” (Dosi &
Teece 1994).
Teoria de Capacitações Dinâmicas (Dynamic-
Capabilities View - DCV)

Capacitações dinâmicas definidas como as capacitações através das quais
as firmas ”… integrate, build, and reconfigure internal and external
competencies to address rapidly changing environments” (Teece, Pisano e
Shuen).

Ênfase na noção de flexibilidade das competências e na capacidade de
adaptação a ambiente dinâmico.

Capacitações correspondem a ”capacidade de combinações” (combinative
capabilities), através das quais define-se uma habilidade para adquirir e
processar recursos do conhecimento , identificando-se novas aplicações
para estes recursos (Kogut e Zander).

“dynamic capabilities emphasizes the key role of strategic management in
appropriately adapting, integrating, and re-configuring internal and
external organizational skills, resources, and functional competencies
toward a changing environment” (Piece, Boerner e Teece)
Concepção de Firma Baseada no Conhecimento – uma
discussão a partir dos critérios de Coase

Existência – Firmas como mecanismos superiores para integrar
conhecimento especializado (Grant, Conner e Prahalad), para desenvolver
capacidades de aprendizado (Lazonick, Kogut e Zander, Loasby),e para
possibilitar a consolidação e repartição de visões comuns (Witt, Ghoshal e
Moran).

Limites – Existência de problemas para transmitir conhecimento complexo e
tácito (e que se desenvolve através da interação social) por meio de interface
do mercado (Langlois, Teece, Kogut and Zander)

Organização Interna – Firmas possuem ”low-powered incentives” na
medida em aceleram processo de construção coletiva de conhecimentos
especializados.

Existência - Firmas existem porque possibilitam a criação de condições
através das quais múltiplos indivíduos conseguem integrar o seu
conhecimento especializado a um baixo custo, o que não ocorre através do
mercado. Hierarquia como facilitador da repartição de conhecimento, mais
do que mecanismo de redução do oportunismo.

Firmas vistas como ”… social communities in which individual and social
expertise is transformed into economically useful products and services.”
Heterogeneidade empresarial e fundamentos
da teoria da firma
Por que algumas empresas obtém (persistentemente) mais sucesso do
que outras empresas? (por exemplo, ganham acima do patamar
normal de lucros, apresentam uma  vantagem competitiva
sustentada, são capazes de criar e apropriar mais valor, etc … )

1) Porter: Posicionamento superior em relação às forças competitivas.


2)RBV: Possibilidade de geração de fluxo e rendas a partir da dotação
específica de Recursos.
3) DCV: Habilidade superior para incrementar, absorver, integrar e utilizar
conhecimentos
4) TCE:Possibilidade de redução (Economizing) em relação aos custos de
transação
Elemento adicional de
caracterização da firma: estratégias

Elemento adicional de caracterização de firmas:
formulação e implementação de estratégias


Enfoque centrado na noção de estratégia introduz um
aspecto adicional relevante :
– “O que explica a obtenção de vantagens
competitivas?”
– Isto é, quais fatores são responsáveis pela geração
de rendas diferenciais (rent-earning capability)
– Aspecto remete a análise para a discussão de
fatores que explicam por que as firmas são
heterogêneas.
Conceito de Estratégia Empresarial

Estratégia pode ser definida como a seleção e
implantação de um conjunto de objetivos com vistas
a adaptar a empresa ao ambiente externo ou
modificar este ambiente para melhorar suas chances
de sucesso (Coombs et al, 1992, p. 9)


Estratégia em função da incerteza que cerca a
atividade econômica
 Evolução do mercado e da tecnologia não é facilmente
previsível
 A implementação de um planejamento rígido é difícil
Conceitos de Estratégia
Externos à empresa:
• Porter (1980): baseado no ECD
• Shapiro (1989): baseado na teoria dos jogos

Baseado em recursos:
• Penrose (1959): exploração de recursos ou
capacitações específicos a cada firma
• Teece et al. (1990): processo de criação de novas
capacitações, conceito de capacitação dinâmica.

Fonte: PAULO TIGRE, GESTÃO DA


INOVAÇÃO
Existem pelo menos quatro
enfoques complementares de
estratégias:
1) Os dois primeiros (Porter e Shapiro) são externos
à empresa: baseados na análise da estrutura da
indústria e na resposta a ação de competidores
2) Dois últimos (Penrose e Teece) são baseados em
recursos e capacitações: ambiente interno a
firma
3) Para definir estratégias competitivas é necessário
articular ambiente interno e externo à empresa,
enfatizando o acesso ao conhecimento

Fonte: PAULO TIGRE, GESTÃO DA


INOVAÇÃO
Modelo de análise da industria de
Porter

Fonte: PAULO TIGRE, GESTÃO DA


INOVAÇÃO
CONDIÇÕES BÁSICAS
Oferta Demanda
Localização de matéria-
prima
Tecnologia
Elasticidade-preço
Bens substitutos
O Modelo
Durabilidade do produto
Taxa de crescimento da
demanda
Estrutura-Conduta-
Relação valor-peso Caráter cíclico e sazonal Desempenho
Atitudes nos negócios Métodos de compra
Quadro Legal Tipos de comercialização

ESTRUTURA DE MERCADO
Número de compradores e vendedores
Diferenciação de produtos
Barreiras à entrada
Estruturas de custos
Integração vertical POLÍTICA PÚBLICA
Diversificação Tributos e Subsídios
Regras de comércio internacional
CONDUTA Regulação
Determinação do preço Controle de preços
Estratégia de produto e propaganda Política anti-truste
Pesquisa e Desenvolvimento Provisão de informações
Investimentos em plantas
Táticas legais

DESEMPENHO
Eficiência produtiva e alocativa 
Progresso técnico
Pleno Emprego
Eqüidade
Fonte: Scherer & Ross (1990, p. 5).
Carl Shapiro
(1989)


Baseado nas novas teorias de organização
industrial e teoria dos jogos.

Movimento estratégico de empresa que visa
influenciar comportamento de outros agentes
no mercado.

Atribui mais importância ao ambiente externo
que interno.
Fonte: PAULO TIGRE, GESTÃO DA
INOVAÇÃO
Edith Penrose (1959):

Estratégia deve ter por base o
potencial de receitas que pode ser
obtido pelos recursos (humanos e
materiais) de que dispõe a firma.

Foco é na exploração de recursos
específicos a cada firma e não seu
posicionamento de mercado.

Penrose oferece a base para o
desenvolvimento da visão baseada em
recursos.

Fonte: PAULO TIGRE, GESTÃO DA


INOVAÇÃO
David Teece (2012):

Estratégia deve ter por base a capacidade dinâmica da
firma de adaptação “dynamic capabilities”


Para ser estratégica um “capacidade” necessita esta
afinada com a necessidade do usuário (fonte de receita),
única (poder de mercado) e dificilmente replicável. → nada
que pode ser comprado no mercado pode ser realmente
estratégico. (Teece, 1997).
Condicionantes dos Limites da
Firma
Os Limites da Firma
Visão Tradicional

Retornos descrescentes (deseconomias) de escala.

Redução da produtividade dos fatores de produção.

Aumento do preço dos “fatores de produção
internos”.

Retornos decrescentes da função empresarial
(organizing).

Custos crescentes de monitoramento da produção
conjunta.
Os Limites da Firma
Visão Neo-institucionalista (a partir de Coase)

Questão fundamental: nível de integração-diversificação => dilema “make
or buy”.

Elemento crítico: avaliação dos custos de transação (“economizing”)

Presença de dois condicionantes básicos associados ao processo de
integração vertical e crescimento:
1. Natureza específica dos ativos e investimentos
2. Limitações inerentes ao processo de contratação

Contratação envolve barganha entre agentes com informações
assimétricas

Estrutura organizacional influencia performance ao modificar acesso a
informações relevantes e ao definir sistema de incentivos.

Condicionantes básicos de sistemas de incentivo: separação propriedade-
gerência; estrutura de capital; sistemas de informação; formato
organizacional.
Os Limites da Firma
Duas dimensões condicionam processo de verticalização:
1. Custos de Transação tradicionais => problema: separabilidade de
atividades (via interface tecnológica) é limitada
2. Natureza específica das atividades realizadas => elementos críticos:
•.
economias de escala-escopo;
•.
indivisibilidades técnicas;
•.
resultados super-aditivos;
•.
recursos (serviços) gerenciais excedentes ou ociosos;
•.
sinergias idiossincráticas;
•.
fenômenos de aprendizado.
Elementos Adicionais Relevantes Introduzidos
•.
Orientação geral das estratégias de crescimento das firmas.
•.
Diferenciação entre núcleo (core) de competências relacionado à
natureza específica das atividades realizadas e atividades “não core”
cuja expansão atende aos preceitos da teoria dos custos de transação.
•.
Acesso a competências requeridas no processo de produção e
crescimento muitas vezes não é contratável via mercado => dilema
“make or buy” não se manifesta na prática.
Os Limites da Firma: visões alternativas

Limites objetivos dados pelas condições técnicas de produção
(economias de escala e escopo).

Condicionantes econômico-financeiros do processo de
crescimento empresarial.

Problemas inerentes à compatibilização de múltiplos
objetivos.

Capacidade de controle e organização de múltiplas
atividades: retornos decrescentes de atividades gerenciais

Disponibilidade de recursos, gestão de competências e
limites da diversificação.

Obsolescência de rotinas e competências.

Equívocos de estratégias.

Gap de informações e competências em ambientes
complexos.
Objetivos e Racionalidade das
firmas
Racionalide Limitada da firma: abordagem de Simon

H. Simon:
– Agentes econômicos são “intendedly rational but only limitedly so”
– Limitações em conhecimento, capacidade de previsão, habilidade e tempo
→ gera necessidade de organização
“… because individual human beings are limited in knowledge, foresight,
skill and time that organizations are useful investments for the
achievement of human purpose”

Informações: Racionais mas ... limitações na hora de acessar ou
processar as informações.

Incerteza radical: Os resultados das decisões e ações dos agentes
dependem de eventos futuros, mas, no limite, estes não podem ser
antecipados de maneira probabilística .

Complexidade: Em algumas circunstâncias (p.e., jogo de xadrez)
existe informação simétrica mas existem tantas soluções alternativas
que mesmo um indivíduo brilhante tem dificuldades em sistematizar
todas as alternativas
Os seres humanos tem limitações para descobrir quais são as
alternativas possíveis, computar a consequências delas (sob certeza e
incerteza) e fazer a comparação entre as opções
Racionalidade limitada (Simon)

Novas hipóteses:
 As altenativas não simplesmente dadas, elas devem ser
geradas por algum processo
 As distribuições de probabilidade dos resultados são
desconhecidas logo elas precisam ser estimadas por algum
processo
 Incerteza: probabilidade são desconhecidas e não podem
ser estimadas por causa da incerteza radical
 Se utiliza standard satisfatório no lugar de máximo
Racionalide Limitada da firma: abordagem de Simon

.
Enfaze na
importância de
procedimentos USO DE PROCEDIMENTOS
computacionai Teoria da racionalidade processual
s eficientes
para encontrar Esta racionalidade envolve a busca por uma melhor heurística, que
boas soluções Simon se refere como o coração da inteligência
Racionalide Limitada da firma: abordagem de Simon

Cyert and March :
– Criação de mecanismos de busca → Na presença de racionalidade
limitada, as possibilidades de produção são descobertas através de
mecanismos de busca.
– Criação de procedimentos → Conhecimento produtivo encontra-se
incorporado e é implementado através de ”procedimentos padrões
de operação.”

Rationality is defined as:


A particular class of procedures for making
choices
Organizações e Conflitos Simon (1993)

Decision maker and problem solvers → os membros de uma organização são na
verdade agentes que fazem parte de processos de tomada de decisões e de busca de
soluções

Alternativas as possíveis soluções/decisões: trade-offs entre
alternativas → geram conflitos

Conflitos de interesse:
– Sistema de incentivos (nem sempre possível)
– Organização → modela o comportamento dos agentes
– Agentes → modelam as organizações
– Ambiente externo → modela as organizações
– Organizações → modela ambiente externos

Interação entre os diversos níveis de


decisão → presença de racionalidade
limitada permeia estas relações
Objetivos da firma

A empresa é uma organização que combina e organiza os recursos com a
finalidade de produção de bens e / ou serviços.

Para se discutir se a tomada de decisão é eficiente ou ideal deve-se
estabelecer uma meta ou objetivo que oriente a análise. Ou seja, uma
decisão gerencial só pode ser avaliada em relação ao objetivo que
a empresa está tentando alcançar.

Originalmente, a teoria da firma baseia-se na suposição de que o
objetivo da empresa é maximizar os lucros correntes ou de curto prazo. As
empresas, no entanto, são frequentemente induzidas a sacrificar lucros a
curto prazo visando  aumentar os lucros futuros ou a longo prazo.

Como os lucros são importantes tanto no curto prazo, como no longo
prazo , a teoria da firma  sugere que o principal objetivo da empresa é
maximizar a riqueza ou o valor da empresa.

Resumidamente, o valor de uma empresa pode ser definido  como o valor
presente de seus fluxo de rendimentos esperados. Assim, podemos
considerar um fluxo de caixa da empresa como sendo o mesmo que o seu
lucro.

Objetivos da firma
Assim, expressa como uma equação, o valor da firma é dado por:
Valor presente
dos lucros = + ... +
esperados
=

Dado que o lucro é igual à receita total (TR) menos o custo total (TC), esta
equação também pode ser expressa como
Valor presente de ……… (2)
=
lucros esperados

Usualmente assume-se que as empresas querem maximizar o seu valor,
conforme definido nas equações (1) e (2).

No entanto, isso não significa que uma empresa tem o controle completo
sobre seu valor, e que pode ajustá-la em qualquer nível que escolher. Pelo
contrário, as empresas devem lidar com o fato de que existem muitas
restrições sobre o que eles podem alcançar.
Objetivos da Firma
Rrestrições de
Valor da firma insumos,
restrições legais e
outras restrições

Valor de i depende de: Valor de depende de : Valor de depende de:


1
Aversão ao risco da 1
Demanda e prosppecção 1
Técnicas de produção
firma 2
Pprecificação 2
Custos de produção
2
Condições dos 3
Desenvolvimento de 3
Desenvolvimento de
mercados de capital novos produtos processos
Objetivos da firma

A teoria da firma tradicional, a qual postula
que a meta ou objetivo é maximizar a riqueza
ou o valor da empresa, tem sido criticada como
sendo muito estreita e irrealista.

De maneira alternativa, teorias mais amplas da firma
têm sido elaboradas. Os contribuições mais
proeminentes entre estas análises contemplam
modelos que postulam que o principal objetivo da
empresa é a maximização das vendas, a
maximização da utilidade gerencial, a maximização
do crescimento e a adoção de comportamentos do
tipo satisficing.
Transformação de hipóteses tradicionais

Enfoque tradicional baseia-se em duas hipótese básicas:


Decisões tomadas em contexto de perfeita informação e
conhecimento

Objetivo da firma é a maximização de lucros.

Existem cinco razões básicas que conduzem ao abandono dessas


hipóteses:

Crescimento de oligopólios

Crescimento do capitalismo gerencial (“managerial
capitalism”).

Dificuldades práticas da maximização de lucros

Complexidade organizacional das firmas.

Reconhecimento de que decisões são tomadas em
contexto de informação imperfeita.
Teorias Alternativas de Comportamento Gerencial –
Hipóteses Gerais

No interior do ambiente complexo da firma, o comportamento pode ser
visto como um compromisso entre visões e interesses potencialmente
conflituosos.

Na obtenção de uma solução de compromisso, é improvável que algum
objetivo específico possa ser maximizado literalmente.

Barganha interna complexa determina objetivos coletivos.


Predominância de comportamentos “satisfatórios” (satisficing’ behavior)
em lugar de comportamentos maximizadores (maximizing’ behavior) no
processo de tomada de decisões.

Teorias Alternativas de Comportamento Gerencial –
Hipóteses Gerais

Foco na análise da estrutura e sistemática do processo interno de
tomada de decisões da firma


Objetivo geral de obtenção de “performance
satisfatória”( ‘satisfactory performance’) como orientação para
definição de objetivos organizacionais, através de dois
procedimentos: (i) comportamento gerencial de “compromisso”
(‘compromising’ managerial behavior); (ii) utilização de pagamentos
não pecuniários por instâncias gerenciais (non-pecuniary ‘side
payments’).


Ênfase na discussão sobre a formulação dos objetivos e reaçãos dos
grupos internos as decisões.
Teorias Alternativas de Comportamento
Gerencial

Objetivo de Maximização de Lucros vs.
Conjunto de Objetivos Alternativos:

– Maximização do Retorno das Vendas

– Maximização da Utilidade Gerencial


1- Modelo de Maximização do Retorno das Vendas


Economias de escala nas vendas: Vendas elevadas e em expansão facilitam
a distribuição e comercialização de produtos, resultando em economias
decorrentes da venda de maiores volumes, com impactos em termos de
redução de custos de transação e maior eficiência.

Atração de recursos financeiro externos: vendas elevadas e em expansão
auxiliam a atração de recursos financeiros externos para a firma

Firmas maiores tem maior facilidade de aumentar o seu capital, enquanto
as instituições financeiras tendem a ser contrárias à concessão de apoio a
firmas com vendas em declínio
1- Modelo de Maximização do Retorno das Vendas

Percepção dos consumidores: Consumidores costumam ver uma firma
com vendas declinantes de forma menos favorável, gerando um circuito
cumulativo de redução de vendas.

Relação com os canais de distribuição: estes podem se tornar menos
acessíveis e cooperativos no caso de vendas decrescentes, por exemplo,
na extensão de linhas de crédito.

Salários (qualidade) da equipe gerencial, em algum grau, dependem do
ritmo de crescimento do retorno das vendas: gerentes costumam ser
recompensados por vendas crescentes.
Desdobramentos do Modelo

Possibilidade de dinamização do modelo: maximização do
faturamento futuro ou da expansão das vendas financiadas por lucros
retidos => lucros como variável endogenamente determinada

Variáveis: faturamento (F) e taxa de crescimento de vendas (g)

S = VA (F) = ∑ F ((1 + g)/ (1 = r))i

Objetivo: escolher valores de g e F que maximizam VA


Hipóteses:

g = f (I, π) onde dg/dI >0 e dg/dπ < 0

Existência de “função de crescimento”que relaciona gxF

Existência de combinações de g e F relacionadas a diferentes níveis do
valor atual das vendas
Objetivo (revisto): maximização do VA das vendas sujeito à restrição da
“função de crescimento”. Assim, dadas curvas de custo e rceita, define-se
a restrição de lucro mínimo associada à obtenção de uma taxa de
crescimento das vendas equivalente a g*
2) Modelo de Maximização de Utilidade Gerencial
Modelo de maximização da utilidade gerencial de Williamson
argumenta que gerentes procuram maximizar o seu interesse próprio
baseados no atingimento de determinados objetivos, como elevados
salários, autoridade sobre o staff, realização de investimentos
discricionários e benefícios ou prêmio adicionais (fringe benefits)

De acordo com o modelo de Williamson, o interesse dos gerentes


pode ser associado a obtenção de objetivos relacionados a quatro
aspectos particulares:


Salários elevados

Controle do staff

Gastos em investimentos discricionário

Benefícios adicionais

U =f (S ,I d ,M )
Maximização da utilidade gerencial – continuação

Considerando os benefícios adicionais como constantes, tem-se:
U = f (S, Id)

Modelo considera equilíbrio de dois elementos:
1) Curva de indiferença de administradores (SxId)
2) Associação: investimento discricionário e lucros retidos
2) relacionamentos de variáveis na função utilidade
Hipóteses:

o relacionamento entre S e o lucro discricionário é dado pela função
lucro, dadas condições gerais do mercado

Até Lucro máximo: ↑S → ↑Id

Após Lucro Máximo: ↑S → ↓Id

Maximização de utilidade sujeita á restrição da relação SxId (ver
gráfico)
Maximização da utilidade gerencial – continuação
Modelo de Maximização do Crescimento Corporativo

Ponto de partida: objetivos de proprietários e acionistas.

Proprietários interessados em maximizar o valor de seu
benefício, representado pelas participações que possuem na
firma.

Firma satisfará interesses de acionistas procurando maximizar o
valor de mercado do estoque de ações (stock market value -
SMV) o qual corresponde ao “valor de mercado” da firma.

É improvável que gerentes retenham uma proporção
significativa das ações da firma.

Gerentes proferirão maximizar o crescimento da firma, em
função do interesse próprio ou dos “sinais” que fornecem ao
mercado.

Proprietários também desejam crescimento, porém apenas na
medida em que o mesmo auxilia a maximizar seu próprio bem-
estar. Se o crescimento entrar em conflito com a maximização
deste bem estar, os proprietários preferirão restringir o
crescimento.

Conflito potencial pode surgir sempre que crescimento entrar
em conflito com maximizar do bem-estar de proprietários.

Se uma empresa utilizar seus lucros para pagar dividendos, ela
reterá menos recursos líquidos disponíveis para financiar seu
crescimento.

Uma empresa que distribui todo o seu lucro na forma de
dividendos não tem condições de crescer, limitando-se a manter
seu estoque de capital em função dos recursos da reserva de
depreciação. Em um outro extremo, uma firma que não paga
dividendos pode financiar de forma mais efetiva seu crescimento,
via auto-financiamento.

Se a firma nunca pagar dividendos, contudo, ela não terá qualquer
“valor de mercado” o que é uma situação improvável de ocorrer.
Em algum momento, dividendos terão de ser pagos, se a firma
espera ter um “valor de mercado” significativo.

Existe um trade-off potencial entre a proporção de lucros pagos na
forma de dividendos pela firma e o ritmo pelo qual ela pode
financiar o seu processo de crescimento (o qual se reflete no
próprio crescimento dos dividendos).
100% max D, (set by profitability)

max g (set by profitability)


0 GROWTH (g)

Os investimentos financiados através do pagamento de um menor
montante de dividendos no presente eventualmente poderão gerar
um lucro mais elevado no futuro e, conseqüentemente, dividendos
adicionais. Neste caso, o problema para a firma refere-se ao fato de
que ela deve considerar em que medida a redução dos dividendos
atuais é capaz de gerar dividendos adicionais no futuro.

Do ponto de vista dos acionistas, se:

Valor adicional de dividendos > Valor dos dividendos


no futuro reduzido no presente


A firma pode reduzir seus dividendos e crescer. De fato, para
maximizar o valor do SMV para os acionistas a firma deve reduzir o
pagamento de dividendos até o ponto em que:

Valor adicional de dividendos = Valor dos dividendos


em anos futuros reduzidos no presente


Assim,o benefício marginal da redução de dividendos deve igualar o
seu custo marginal.
Conclusão
O que é uma “Teoria da Firma”?


Resposta intuitiva (Foss):
”A systematized body of knowledge about
what firms are, what firms do, what causes
them to behave in certain ways, what makes
them exist, change, undertake the production
of certain products, demand certain inputs,
etc. etc. etc.”
O que é uma “Teoria da firma”?


Assim, uma "teoria estratégica da firma" ideal
deve abordar 4 elementos fundamentais: a
existência, os limites, a organização interna e
as fontes de heterogeneidade das empresas.

Na realidade, a maioria das teorias apenas
globalmente em um ou dois destes fatores
Teorias da Firmas: uma sistematização
abrangente

Diferenciação fundamental entre dois conjuntos principais de
teorias alternativas da firma 

A abordagem contratual tradicional  (neoclássica, ou baseada


em transações), onde a empresa é vista como um conjunto
de contratos, associando-se a mecanismos de alinhamento dos
incentivos, atuando basicamente como agente “ processador de
informações”

A visão baseada no conhecimento (evolucionária  ou baseada


em competências), , onde a empresa é vista como uma estrutura
que busaca 'coordenar‘e ´alinhar` o conhecimento e as
expectativas dos atores ,  atuando basicamente como agente
“processador de conhecimento”
Firma como processadora de informações

As principais teorias tradicionais da firma (neoclássica, teoria das
equipes, teoria da agência, a teoria de Coase e a visão da
teoria dos custos de transação) partilham uma visão comum de
tratar a empresa como processadora de informações, num
contexto de alocação de  recursos.

O comportamento da empresa é visto em termos
de respostas reativas ideais em termos do processamento de
informações face aos sinais do ambiente externo ("de fora para
dentro“)

Os  princípios de coordenação restringem-se ao estabelecimento
de contratos bilaterais (firma vista como um "nexus" dos
contratos). Busca-se alcançar uma coordenação eficaz através
de esquemas adequados de incentivo que se alinham ações
individuais baseadas no auto-interesse com metas comuns da
organização.

A firma é concebida como uma estrutura de
governança estruturada para resolver o problema recorrente de
incentivos desalinhados resultantes da informação imperfeita.
Firma como processadora de conhecimentos


A empresa é concebida como uma instituição onde as
competências (associadas a conjuntos coerentes de rotinas e
habilidades) são utilizadas de forma ativa ("de dentro para
fora") em um contexto de criação de recursos, onde a
raridade dos mesmos é um elemento crítico.

As competências são continuamente construídas, formatadas
e protegidas, através de um processo cumulativo e
estratégico que depende diretamente dedos procedimentos
de gestão do conhecimento (envolvendo o modo como o
conhecimento é adquirido, produzido absorvido, memorizado,
compartilhado e transferido).

Algumas competências são vistas como estratégicas (i.é.
'competências essenciais') constituindo as principais fontes de
competitividade, sendo resultantes de um processo de
seleção, tanto interno como externo à empresa
Conclusão: Comparando alguns
elementos
Teorias da Firma : Síntese de
Abordagens
Firma processadora de Firma como processadora de
informações conhecimento
Criação e re-alinhamento de Criação e alinhamento de
incentivos conhecimentos e expectativas
Conjunto de contratos Coordenação de competência
Transações orientadas Criação e gestão de rotinas
Alocação de Recursos Criação de recursos
Racionalidade limitada Racionalidade Orientada (foco)
Elementos gerias para comparação de teorias
da firma

Mecanismos Cognitivos (aprendizado e processamento de conhecimentos)

Mecanismos de Incentivo (contratos e adequação de condutas)

Mecanismos de Coordenação (autoridade e implementação de estratégia)


A eficiência organizacional seria resultante da coerência entre os
três mecanismos:
1. Incentivo e Cognição: quais são os mecanismos de incentivo eficazes na
promoção de qual tipo de aprendizado, resultando na socialização de
conhecimentos e na seleção de competências.
2. Incentivo e Coordenação: em ambiente dinâmico, os esquemas de incentivo
tendem a ser ineficazes, se não forem capazes de contribuir para um
posicionamento estratégico e coerente.
3. Cognição e Coordenação: processo de geração e modificação do
conhecimento comum requer algum tipo de centralização, compatibilizando
a coerência com formas descentralizadas de aprendizado.
Mapeamento de teorias da Firma com
base nos critérios mencionados
Mecanismos Mecanismos Mecanismos
FIRMSAS Cognitivos de incentivo de Coordenação

Agente-principal XXX

PROCESSADORA Teoria da equipe X XX


DE INFORMAÇÕES
Custos de Transação X XX

Simon X X

Teoria baseada nas


PROCESSADORA Competências X XX
DE CONHECIMENTOS
Moderna Teoria
organizacional XX X

Teoria
Evolucionária XX ? X
Aspectos críticos de Teoria da Firma e
fontes de diversidade
Sistema de
incentivos e Ativos Espe-
formas de cializados e
Complementares
controle

Liderança,
Relações
autoridade e
Contratuais
delegação
(nexus de
contratos) Recursos,
Rotinas,
capacitações,
etc.
Bibliografia complementar

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