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ECIT MANOEL LISBOA DE MOURA

BIOLOGIA
CHRISTIANO DANTAS
3° A - ST

DISTROFIAS MUSCULARES

JOÃO PESSOA
23 DE MARÇO DE 2023
RAUAN MIKAEL FERREIRA PEIXOTO
MARCOS VINICIUS DA SILVA

DISTROFIAS MUSCULARES

JOÃO PESSOA
23 DE MARÇO DE 2023
Sumário

Sumário 3
Introdução 4
Distrofia Muscular de Duchenne 5
Distrofia Muscular de Becker 6
Diagnóstico 7
Tratamento 8
Objetivo Geral 10
Conclusão 11
Referências 12
Introdução
A distrofia muscular se refere ao grupo de doenças genéticas nas quais os músculos
que controlam o movimento enfraquecem progressivamente. No geral, apenas os músculos de
movimentos voluntários são afetados, mas algumas formas dessa doença também podem
atingir o coração e outros órgãos de movimentos involuntários.
Há nove principais formas de distrofia muscular:
● Miotônica
● Duchenne
● Becker
● Distrofia muscular do tipo cinturas (Erb)
● Distrofia muscular facio-escapulo-umeral
● Congênita
● Distrofia muscular óculo faríngea
● Distrofia muscular distal
● Emery-Dreifuss
Os vários tipos de distrofias musculares diferem entre si por algumas características
clínicas e pelo defeito genético. Em geral, tais defeitos genéticos provocam mutações nos
genes que produzem proteínas estruturais importantes para a célula muscular.
Segundo especialistas, quando essas proteínas estão ausentes ou defeituosas, o
músculo entra em degeneração, ou seja, a célula muscular morre, o tecido tenta regenerar e,
ao longo do tempo, essa regeneração não é suficiente e esse músculo vai sendo substituído por
tecido fibroso e adiposo - momento esse em que os sinais e sintomas tornam-se mais
evidentes na criança.
Centenas de genes estão envolvidos na produção de proteínas que protegem as fibras
musculares de danos. A distrofia muscular ocorre quando um desses genes está com defeito.
Cada forma de distrofia muscular é causada por uma mutação genética específica. Muitas
destas mutações são herdadas, mas algumas podem ocorrer espontaneamente no óvulo da mãe
ou no embrião em desenvolvimento.
Apesar de a distrofia muscular ocorrer em ambos os sexos, em todas as idades e raças,
as formas mais comuns da doença acometem apenas pessoas com o cromossomo Y. Pacientes
que têm uma história familiar de distrofia muscular estão em maior risco de desenvolver a
doença ou passá-la para os seus filhos e filhas.
Distrofia Muscular de Duchenne

A Distrofia Muscular de Duchenne (DMD) é uma doença muscular recessiva ligada ao


cromossomo X, caracterizada por uma perda progressiva de massa muscular funcional e
substituição por tecido fibrogorduroso. Este degenerativo processo começa no nascimento e
se estende ao longo das dos dois primeiros 10 anos, tempo no qual os pacientes geralmente
morrem por comprometimento da musculatura respiratória.
O termo distrofia indica deterioração progressiva do músculo, em contraste com
miopatia, que é uma anormalidade do músculo que pode prejudicar o funcionamento, mas não
é progressivo. Uma anormalidade no gene responsável pela produção de distrofina resulta na
ausência total de distrofina no músculo e outros tecidos na DMD e em quantidades reduzidas
de uma distrofina anormal em uma condição relacionada, porém mais branda, a distrofia
muscular de Becker (DMB).
A DMD é relativamente incomum, com incidência variando entre 2 e 3 a cada 10.000
nascidos vivos do sexo masculino. Vinte por cento a 30% dos casos são o resultado de novas
mutações espontâneas, muitas das quais se acredita terem surgido na linhagem de células
espermáticas do lado paterno da mãe, enquanto 70% a 80% dos casos podem ser rastreados
por meio de estudos genéticos para gerações anteriores. Como a condição afeta apenas
homens, com exceções em casos muito raros, pode não haver uma história clínica clara nas
gerações anteriores de uma família, particularmente em famílias pequenas com número
limitado de nascimentos masculinos.
Até que o tratamento do defeito genético esteja disponível, abordagens médicas,
cirúrgicas e de reabilitação podem ser usadas para manter o paciente confortável e funcional.
Os corticosteróides, incluindo a prednisona é um composto relacionado, deflazacorte,
demonstraram recentemente retardar acentuadamente a perda de força e função muscular em
meninos com distrofia muscular de Duchenne. A liberação cirúrgica das contraturas dos
membros inferiores pode beneficiar alguns pacientes.
Aproximadamente 90% dos meninos com distrofia muscular de Duchenne
desenvolveram escoliose grave, que não é passível de controle por meios não cirúrgicos,
como órtese ou assento adaptável. O tratamento mais eficaz para escoliose grave é prevenção
intervindo com fusão espinhal precoce utilizando instrumentação segmentar assim que as
curvas são verificadas e antes do início de disfunção pulmonar ou cardíaca grave.
Distrofia Muscular de Becker

O quadro clínico de hipotrofia muscular importante com origem na infância, de caráter


evolutivo, associado à história familiar positiva de acometimento semelhante em indivíduos
do sexo masculino, com padrão de herança recessivo ligado ao X, levaram à suspeita de uma
distrofia muscular. A evolução benigna da doença conduziu ao diagnóstico de Distrofia
Muscular do tipo Becker.
As deleções, duplicações ou mutações de ponto do gene implicado, determinam uma
alteração qualitativa ou quantitativa de uma proteína de membrana denominada distrofina.
Esta proteína, localizada na face interna da membrana da célula muscular, é responsável pela
regulação do cálcio intracelular. Na ausência dela, o aumento dos níveis de cálcio levam à
ativação de enzimas intracelulares que deflagram fenômenos de degeneração e necrose das
fibras.
Existe uma correlação direta entre os níveis de distrofina e a gravidade das
manifestações clínicas, explicando a evolução rápida e o prognóstico sombrio do tipo
Duchenne, onde há ausência da proteína, e o curso mais benigno da DMB, onde encontra-se
em baixas concentrações.
Poderíamos dizer que se trata de uma doença de progressão inexorável, que já está
presente ao nascimento, e apresenta tendência à piora evolutiva à medida que as fibras
musculares sofrem necrose segmentar e perda da propriedade contrátil quando vão sendo
requisitadas mesmo através de esforços banais.
Sua frequência é de 1 a cada 30000 meninos, enquanto na DMD é de 1 a cada 3500
meninos. Aproximadamente 70% dos casos são herdados através de mães portadoras,
enquanto 30% não mostram qualquer tipo de história familiar e representam mutações novas.
A DMB tem um início tardio, variável a partir dos 5 anos de idade, apresentando,
como na DMD, um andar basculante com quedas freqüentes, um levantar miopático
característico, conhecido como manobra de Gowers, além da hipertrofia de panturrilhas. Com
a evolução da doença, os pacientes estão sujeitos a infecções respiratórias de repetição e
morte por insuficiência respiratória progressiva ou insuficiência cardíaca aguda. A expectativa
de vida é entre 30 e 55 anos e, portanto, podem reproduzir-se.
A maioria dos pacientes perde a capacidade de deambulação cerca de 20 anos após o
início da doença. Os pacientes com DMD perdem a capacidade de deambulação em média aos
9 anos de idade, porém, alguns pacientes podem estar confinados em cadeiras de rodas entre
12 e 16 anos e são denominados outliers ou intermediários. O diagnóstico diferencial em
afetados jovens pode ser muito difícil, confundindo-se com a distrofia muscular tipo cinturas
e a DMD, sendo a biópsia muscular fundamental.
Diagnóstico

O diagnóstico das distrofias musculares se dá a partir dos seguintes procedimentos:


● Dosagem de creatinofosfoquinase (DK), normalmente elevada na distrofia muscular
● Estudo molecular do DNA, buscando alterações genéticas que justifiquem a distrofia
muscular
● Biópsia muscular: retira-se uma amostra do músculo a fim de identificar quais
proteínas estão faltando ou possuem mutações. Isso ajuda a diferenciar as distrofias
musculares
● Estudo do RNA: caso haja dificuldade em encontrar a mutação genética responsável
pela distrofia, pode-se fazer o teste da proteína truncada (PTT), que utiliza o RNA
extraído dos linfócitos do sangue.
Um marcador clínico-laboratorial muito sensível e de baixo custo diante da suspeita de
distrofia muscular é o exame da CPK, enzima chamada creatinofosfoquinase, presente dentro
do músculo. Quando esse músculo se rompe e essas fibras musculares entram em processo de
degeneração, essa enzima vai para a corrente sanguínea e assim, é possível detectar seu
aumento através do exame laboratorial bastante simples.
Valores de CPK acima de 2.000UI/L indicam que a criança possa ter uma doença
ligada às distrofias musculares. É claro que a fraqueza muscular tem diferentes causas, a
distrofia muscular é uma delas, mas quando a CPK é elevada nessa magnitude, há grande
possibilidade de distrofia muscular.
Após a primeira avaliação, o paciente deve ser encaminhado para um especialista na
área, como neurologista. Então, é solicitado um exame genético molecular para distrofia
muscular de Duchenne, e esse teste idealmente deve ser feito através de duas técnicas de
exame genético: a técnica de MLPA (é uma técnica de biologia molecular utilizada no
diagnóstico genético de doenças ou síndromes genéticas causadas por variações no número de
cópias [Copy Number Variations] em éxons do gene de interesse) e a técnica de
Sequenciamento Gênico.
Se ainda assim o teste genético vier negativo e a sua suspeição clínica for muito
grande, vale a pena que essa criança vá para o último procedimento diagnóstico, que é o
procedimento da biópsia muscular.
De acordo com a especialista, nesse procedimento, a criança vai para o centro
cirúrgico, recebe anestesia local para remoção de uma pequena amostra de tecido muscular, o
qual será analisado pelo patologista. No procedimento da imuno-histoquímica, é colocado um
anticorpo marcado que se liga a distrofina, que é a proteína foco do estudo, e quando essa
proteína estiver ausente, ou seja, o anticorpo não marcar, está feito o diagnóstico de distrofia
muscular de Duchenne.
Tratamento

O tratamento das distrofias musculares e das doenças neuromusculares, de uma forma


geral, se baseia em dois braços: um braço não medicamentoso e um braço medicamentoso. O
braço não medicamentoso está o acompanhamento com diversas especialidades médicas,
porque a doença não é restrita ao músculo esquelético, então ela pode afetar o músculo
cardíaco e esse indivíduo precisa de acompanhamento cardiológico, pode afetar os músculos
da respiração, e o indivíduo irá precisar de acompanhamento feito pelo pneumologista.
O paciente também precisa também de acompanhamento nutricional, já que as
medicações que normalmente são usadas durante o tratamento podem afetar o peso e estatura,
gerando obesidade e distúrbios metabólicos.
Podem ser usados diferentes tipos de medicamentos esteróides para ajudar a manter a
força muscular. Essas medicações são as únicas formas de tratamento que podem retardar o
dano muscular. Os esteróides podem ter efeitos secundários graves, por isso, é importante que
as pessoas com distrofia muscular sejam acompanhadas de perto, principalmente antes de uma
cirurgia ou caso sofram algum ferimento e infecção.
Também existem as medicações que são mutações específicas, cujo mecanismo de
ação é tentar corrigir o defeito genético que aquela criança apresenta no gene da distrofina,
fazendo com que a proteína seja melhor restaurada nesse músculo e a perda da força muscular
não seja tão rápida.
Vários tipos diferentes de terapias e apoios podem melhorar a qualidade de vida das
pessoas com distrofia muscular. Veja:
● Fisioterapia: a distrofia muscular pode restringir a flexibilidade e mobilidade das
articulações, que podem se deformar. Na fisioterapia são realizados exercícios de
amplitude de movimento para manter as articulações flexíveis tanto quanto possível.
● Dispositivos para ajudar na mobilidade: suspensórios podem fornecer suporte para os
músculos enfraquecidos e ajudar a manter os músculos e tendões esticados e flexíveis.
Outros dispositivos como bengalas, andadores e cadeiras de rodas podem ajudar a
manter a mobilidade e independência.
● Respiração: como os músculos respiratórios enfraquecem, podem ser usados BiPAPs
(aparelhos não-invasivos de respiração artificial) para melhorar a oferta de oxigênio
durante a noite. Esses aparelhos são utilizados para tratar apneia do sono. Algumas
pessoas com distrofia muscular grave podem necessitar da ajuda constante de uma
máquina para respirar
● Fonoaudiologia: o fonoaudiólogo atua tanto nas questões relacionadas à pronúncia
correta das palavras, na comunicação verbal e não-verbal, assim como também na
leitura. Além da interpretação, em casos mais graves, a criança apresenta distúrbio de
deglutição e distúrbio de formação por conta da evolução da doença.
Objetivo Geral

Este trabalho tem como objetivo aprofundar o conhecimento acerca da doença


genética: distrofia muscular, assim como falar de suas complicações e tratamentos.
Existem vários tipos de distrofias musculares. As abordadas neste trabalho são as de
Duchenne e Becker, que são as mais comuns.
Por ser uma doença rara sua complexidade ainda não foi totalmente compreendida. A
distrofia muscular não tem cura e nem tratamentos específicos que possam reverter ou
recuperar essa degeneração. Contudo, existem algumas formas de terapia e fisioterapia que
ajudam o paciente a ter uma vida mais confortável.
É considerada uma doença grave, pois não permite uma grande expectativa de vida.
Antes, o esperado era que esses pacientes pudessem viver até os 25 anos. Atualmente, em
países mais desenvolvidos, é possível que o paciente alcance idade de até 35 anos.
Infelizmente, em muitos casos, a degeneração acontece de forma acelerada e rigorosa,
levando a uma redução de expectativa de vida e fazendo com que o paciente tenha que fazer
uso de cadeira de rodas. Como não possui cura, o ideal foi entendermos o tratamento e como
retardar a doença e assim relatar no nosso trabalho.
Conclusão
Distrofias musculares formam um conjunto de doenças que afetam os músculos,
acarretando fraqueza, geralmente progressiva, decorrente de uma degeneração e atrofia
muscular. Têm herança genética e estão associadas a diferentes genes.
Existem várias formas, de maior ou menor gravidade, cada forma com início, evolução
e prognóstico diferentes. Algumas podem afetar cérebro, coração ou outros órgãos.
Infelizmente, não existe um tratamento específico para a distrofia muscular. O paciente nessa
condição pode contar apenas com tratamentos paliativos, que servem para amenizar os
sintomas e para melhorar o bem-estar no dia a dia.
Contudo, as formas de tratamento não ajudam a frear ou reverter o processo
degenerativo que os músculos sofrem. Também não auxiliam no rompimento da progressão
do enfraquecimento, apenas no retardamento.
Referências

Sussman, Michael MD. Duchenne Muscular Dystrophy. Journal of the American Academy of
Orthopaedic Surgeons 10(2):p 138-151, Março de 2002.

Duan, D., Goemans, N., Takeda, S. et al. Duchenne muscular dystrophy. Nat Rev Dis Primers
7, 13 (2021). https://doi.org/10.1038/s41572-021-00248-3

Flávia Nardes, Neurologista Infantil, Professora Adjunta da Faculdade de Medicina UFRJ,


Mestrado e Doutorado em doenças neuromusculares.

Gavi MBRO, Pimentel MN, Silva MN, Bortolini ER, Nascimento AC. Distrofia muscular de
Becker: relato de caso e revisão de literatura. Acta Fisiátr. [Internet]. 17 de dezembro de 1996
[citado 10 de março de 2023];3(3):18-23. Disponível em:
https://www.revistas.usp.br/actafisiatrica/article/view/102031

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