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DISTROFIA MUSCULAR DE DUCHENNE

Resumo
A descrição mais completa da Distrofia muscular de Duchenne foi feita por
Guillaume Benjamin-Amand Duchenne em 1868. Em 1858, Duchenne documentou o
caso de um menino de 9 anos que perdeu a capacidade de andar devido à uma
doença muscular. Em 1868 publicou 13 casos e fez inúmeras observações
importantes em relação a sinais e sintomas e ao fato de que a deterioração intelectual
pode fazer parte da clínica da doença. Também através de suas observações
conclui-se que a patologia era transmitida por herança, afetando principalmente
meninos. Em 1986, com a técnica de DNA recombinante descobre-se que um gene,
quando defeituoso, causa a DMD. Em 1987 é identificada a ausência ou diminuição de
uma proteína denominada distrofina nos meninos afetados.
A Distrofia Muscular de Duchenne (DMD) é uma doença genética, ou seja, é
aquela causada por uma alteração no DNA. A causa da DMD é um defeito no Gene
xp-21 que é o maior gene codificado até o momento da espécie humana e que codifica
a proteína distrofina (presente no ser humano desde a oitava semana gestacional) ,
decorre geralmente da falta desta proteína, pois é uma proteína de sustentação que se
encontra na membrana da célula muscular, é uma proteína muito importante pois
conecta a membrana da célula muscular com os elementos de contração, a ausência
desta proteína no ser humano, à medida que as células irão contraindo e
descontraindo haverá uma ruptura progressiva da membrana muscular que leva a
morte dessas células. Estima-se 1 caso da doença para cada 3500 nascidos vivos.
No sexo masculino existe um único cromossoma X e por isso quem for portador
dum cromossoma com esta mutação, irá ter a doença. No sexo feminino existem dois
cromossomas X e usualmente o cromossoma X portador da doença é inativado.
Contudo, algumas meninas ou mulheres podem apresentar sintomas como mialgias,
cãibras, graus variáveis de fraqueza muscular e cardiomiopatia, pelo que deverão ser
referenciadas a uma consulta de neuromusculares.
Numa distrofia, as fibras musculares são frágeis devido a anormalidades
genéticas em proteínas que dão suporte estrutural ao sarcolema. Em conseqüência,
as fibras sofrem rupturas do sarcolema e, portanto, necrose, já com o uso normal do
músculo. A inervação do músculo é feita principalmente por axônios mielínicos,
notados como filetes roxos (basófilos).
As fibras necróticas têm capacidade de regenerar-se. Contudo, vários ciclos de
necrose e regeneração induzem fibrose entre elas, tanto no perimísio como no
endomísio. Ao fim de alguns anos a regeneração eficiente vai diminuindo e o músculo
gradualmente é substituído por tecido fibroadiposo. Na distrofia de Duchenne isto
geralmente leva à morte em torno da idade de 20 anos por insuficiência respiratória.
Muitas fibras numa distrofia mostram alterações ditas 'miopáticas'. Entre estas
estão a presença de núcleos internos (não mais em posição subsarcolemal) e splitting
ou partição da fibra em duas ou mais através de uma fenda longitudinal. Isto acontece
principalmente em fibras hipertróficas.
As fibras musculares esqueléticas são as únicas que têm capacidade de
regeneração. O mesmo não acontece com o músculo cardíaco, nem com fibras
musculares lisas.
Variação de diâmetro, necrose e regeneração das fibras musculares, e fibrose
do perimísio e do endomísio praticamente definem o diagnóstico de uma distrofia
muscular em bases morfológicas.
Porém, não permitem classificar os vários tipos de distrofia muscular hoje
conhecidos. Para isso usam-se técnicas de imunofluorescência, imunohistoquímica e
genética molecular. O número de entidades nosológicas, definidas pela alteração em
uma determinada proteína estrutural, continua crescendo, pois o conhecimento das
proteínas da fibra muscular é ainda muito incompleto.
A criança com DMD apresenta pequenos sinais da doença nos primeiros anos
de vida que podem passar despercebidos, mas após 2/3 anos de idade, estes sinais
passam a ficar mais evidentes, como por exemplos, anormalidade ao caminhar,
dificuldade para ficar em pé, ocorrendo muitas quedas, perda de massa muscular ou
encurtamento permanente do músculo, além disso, ocorre dificuldade de
aprendizagem. Outra característica bem marcante da DMD é conhecida como
“pseudo-hipertrofia das panturrilhas”, ou seja, a panturrilha da criança é muito grande,
muito volumosa. Existem sinais de alerta que podem ajudar no diagnóstico como,
andar constantemente na ponta dos pés, dificuldade em engolir, escoliose, fadiga,
entre outros.
Não existe um tratamento definitivo, porém, existem medidas para controlar os
sintomas, é recomendado aos pacientes portadores da DMD realizar fisioterapia e
hidroterapia. Podem ser realizadas cirurgias para aumentar o conforto do paciente,
geralmente são para corrigir a escoliose. São utilizados anti-inflamatórios, como a
prednisona, para diminuir as inflamações musculares. Podem ser usados suportes
ventilatórios ou traqueostomia para lidar com a insuficiência respiratória. Já a
insuficiência cardíaca pode ser adiada com o uso de betabloqueadores (exemplo:
carvediol). Foi estudado os estágios do desenvolvimento embrionário humano, desse
modo foram descobertas células-tronco musculares que possuem uma ótima
capacidade regenerativa. O objetivo deles é desenvolver um tratamento para os
pacientes usando as células deles mesmos. Os testes funcionaram nos animais. A
equipe vai continuar as pesquisas, na tentativa de gerar células musculares que
possam proteger de lesões no longo prazo.

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