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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Licenciatura em Ensino de História

Tema: PESSOA COMO SUJEITO MORAL

Nome do estudante: Seculef Lemos Valdez


Código: 708222088
Turma: I/ 2023

2°Ano

Quelimane
Maio
2023
Universidade Católica de Moçambique
Instituto de Educação à Distância

Tema: PESSOA COMO SUJEITO MORAL

Nome do estudante: Seculef Lemos Valdez


Código: 708222088

O trabalho de carácter avaliativo do curso de


Curso de Licenciatura em Ensino de História a ser
entregue na Universidade Católica de
Moçambique no Instituto de Educação à
Distância na cadeira de Introdução a Filosofia
leccionado pelo Dr. João Tavares Guerra

Quelimane
Maio
2023
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Classificação
Nota
Categorias Indicadores Padrões Pontuação
do Subtotal
máxima
tutor
 Capa 0.5
 Índice 0.5
Aspectos  Introdução 0.5
Estrutura
organizacionais  Discussão 0.5
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
 Contextualização
(Indicação clara 1.0
do problema)
 Descrição dos
1.0
Introdução objectivos
 Metodologia
adequada ao
2.0
objecto do
trabalho
 Articulação e
domínio do
Conteúdo discurso
académico 2.0
(expressão escrita
cuidada, coerência
/ coesão textual)
Análise e
 Revisão
discussão
bibliográfica
nacional e
2.
internacionais
relevantes na área
de estudo
 Exploração dos
2.0
dados
 Paginação, tipo e
tamanho de letra,
Aspectos
Formatação paragrafo, 1.0
gerais
espaçamento entre
linhas
 Rigor e coerência
Normas APA 6ª
das
Referências edição em
citações/referência 4.0
Bibliográficas citações e
s bibliográficas
bibliografia
Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor

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Índice
1. Introdução..............................................................................................................................6
2. Objectivos..............................................................................................................................7
2.1. Geral....................................................................................................................................7
2.2. Específicos..........................................................................................................................7
3. Metodologia do Trabalho Consciência moral........................................................................7
4. A Pessoa como Sujeito Moral................................................................................................8
4.1. Conceito de Pessoa..............................................................................................................8
4.1.1. Distinção entre Ética e Moral...........................................................................................9
4.1.2. Funções da Ética..............................................................................................................9
4.1.3. Características da Pessoa..................................................................................................9
4.1.4. Quem sou eu?.................................................................................................................10
4.1.5. A consciência.................................................................................................................11
4.1.6. Acção humana e valores.................................................................................................12
4.1.6.1. Acções involuntárias (ou actos do Homem)...............................................................13
4.1.6.2. Acções involuntárias (ou actos do Homem)...............................................................13
4.2. Da acção aos valores.........................................................................................................14
4.2.1. Conceito de valor...........................................................................................................14
4.2.2. Tipos de valores.............................................................................................................14
4.3. Consciência moral.............................................................................................................15
4.3.1. Descrição da consciência...............................................................................................15
4.3.1.1. Etapas do Desenvolvimento da Consciência Moral....................................................16
4.4. Acção humana...................................................................................................................16
4.4.1. Conceitos básicos da acção humana..............................................................................16
4.5. Ética...................................................................................................................................17
4.5.1. A ética influencia na vida dos seres humanos................................................................17
4.2.2. Três pensadores fundamentais para entender a ética.....................................................17
5. Conclusão.............................................................................................................................19
6. Referências bibliografia.......................................................................................................20
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1. Introdução
O presente trabalho de didáctica de historia I, a pessoa como sujeita moral; Conceito
de pessoa; Questões de consciência moral e Questões ligada a ética.
A palavra “pessoa” tem a sua origem no termo latino para uma máscara usada por um
actor no teatro clássico. Às porém máscaras, os actores pretendiam mostrar que
desempenhavam uma personagem. Mais tarde “pessoa” passou a designar aquele que
desempenha um papel na vida, que é um agente. De acordo com o Oxford Dictionary, um dos
sentidos actuais do termo é “ser autoconsciente ou racional”. Este sentido tem precedentes
filosóficos irrepreensíveis. John Locke define a pessoa como “um ser inteligente e pensante
dotado de razão e reflexão e que pode considerar-se a si mesmo como aquilo que é, a mesma
coisa pensante, em diferentes momentos e lugares.”
Essa disposição diz respeito ao homem “como ente racional e ao mesmo tempo
responsável”. Moral é o conjunto de regras, normas de uma sociedade ou região que visa a
dirigir as acções do homem, segundo a justiça e equidade natural (igualdade de direitos). A
ética é a dignidade humana, (valores morais, verdade). A moral é conduta, comportamento,
parte de uma cultura, bons costumes.
Este trabalho tem por objectivo geral compreender os princípios do A
Pessoa Como Sujeito Moral. Estudo deste tema é de extrema importância pois, irá
permitir adquirir conhecimentos mais aprofundados concernente ao tema em des
taque, que servirá de suporte aos futuros estudantes e de alguma forma dúvidas serão
sanadas.
Este trabalho contou com a ajuda de consulta de algumas obras
literárias, e a pesquisa na internet. Em termos estruturais o trabalho é constituído
por 4 capítulos, sendo o presente capítulo, o qual fornece uma primeira abordagem
e enquadra-o no tema do trabalho, explanando qual o intuito de explorar deste tema.
O segundo capítulo faz referência ao conteúdo mais teórico, no que cerne ao A
Pessoa Como Sujeito Moral, fazendo um enquadramento histórico; a seguir uma breve
descrição. O terceiro e quarto capítulo contem as principais conclusões do trabalho e a
Referencia Bibliográfica.
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2. Objectivos
2.1. Geral
 Compreender os princípios da pessoa como sujeito moral.
2.2. Específicos
 Descrever conceito de pessoa;
 Discutir questões de consciência moral;
 Esclarecer questões ligada a ética.

3. Metodologia do Trabalho Consciência moral


Segundo Michaelis (2000), metodologia é a arte de guiar o espírito de investigação da
verdade, é um dos instrumentos utilizados para se conhecer a verdade e chegar ao
conhecimento.
A metodologia usada para elaboração do presente trabalho foi do tipo exploratório,
onde uso se como ferramenta Para a obtenção de informações, a internet e manuais
electrónicos (pdf), onde podem ser consultados através da referência bibliográfica do presente
no trabalho.
8

4. A Pessoa como Sujeito Moral

4.1. Conceito de Pessoa

Pessoa advém da palavra persona do latim. Gramaticalmente falando, a pessoa é a


que antecede o verbo, personificando a pessoa que está agindo, podendo ser também um
pronome, que faz a relação entre quem fala e o discurso.
A noção da pessoa confunde-se, na linguagem comum, com a de indivíduo e ser
humano, aliás, no nosso dia a dia, são usadas como palavras sinónimas. Isto porque a
diferença semântica entre as palavras (pessoa, indivíduo e ser humano) é mínima.
No entanto:
Indivíduo, ou a designação de indivíduo tem a ver com a singularidade numérica e
existencial, realidade única (unidade orgânica) e indivisível (o eu);
Ser humano ou a designação de homem, refere-se ao facto de ser animal racional, um
ser dotado de razão, convicções, atitudes, opinião, etc.
A designação de pessoa, é uma categoria ética, isto é, um ser dotado de capacidades
que o permite distinguir o bem do mal.
Etimologicamente, o conceito pessoa provém do latim persona que significa
“máscara”. O termo persona designava, na Antiguidade clássica, a máscara utilizada pelos
actores no teatro. A máscara indicava a personalidade, aquilo que era característico de cada
personagem e que a tornava única e diferente de todas as outras na sua forma de aparecer em
público. Mais tarde, o conceito foi adoptado pelo direito romano, significando o estatuto e a
classe social a que o indivíduo pertencia. A persona civil garantia o direito pleno de cidade,
direito este que os escravos não podiam aceder.
Alguns filósofos definiram ―a pessoa‖, senão vejamos:
Cícero: pessoa é um sujeito de direitos e deveres.
Severino Boécio: pessoa é uma substância individual de natureza racional.
S. Tomás de Aquino – pessoa é um subsistente de natureza racional.
Kant - pessoa é um fim em si mesmo, isto é, um valor absoluto e não um meio ao
serviço dos outros.
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4.1.1. Distinção entre Ética e Moral.

  Ética Moral
Origem
Ethos = conduta, modo de ser Mores = costume
etimológica
O conjunto de princípios, regras,
É uma disciplina filosófica que
normas, juízos ou valores de carácter
estuda e reflecte sobre todas as
éticonormativo vigentes numa
Definição questões referentes às ideias
determinada sociedade e aceites pelos
morais e às normas de conduta
membros dessa mesma sociedade ou
humana.
grupo cultural.
As reflexões éticas são Os costumes são temporais, isto é,
Tempo
permanentes podem mudar.

4.1.2. Funções da Ética

Esclarecer e caracterizar a natureza da espécie humana e a forma do seu


comportamento;
Fundamentar a acção moral, determinando as fontes da variação moral;
Justificar as acções humanas com a pretensão a serem tidas como boas ou justas.
Discutir a legitimidade ou não dos enunciados morais e normativos que vigoram na
sociedade.

4.1.3. Características da Pessoa

Falar de pessoa é mais do que falar dum simples indivíduo. Nela existem
cumulativamente as notas biológicas do ―ser humano‖ e ao mesmo tempo as noções éticas
que sustentam o ―ser pessoa‖. Analisando a noção de Pessoa, tudo leva a crer que nesta
noção estão difundidas as mais significantes características do ser humano que fazem dele o
valor supremo, o sujeito da acção moral e critério de qualquer apreciação valorativa.
Cada espécie (objectos, series vivos), apresentam algumas particularidades que fazem
deles series semelhantes. A Pessoa é, acima de tudo caracterizada pelos seguintes aspectos.
Singularidade – a pessoa é uno, original, verídico, não se repete e insubstituível ou
seja, ninguém é cópia de ninguém, não há duas pessoas iguais, há sempre diferença entre
duas ou mais pessoas.
Unidade – a pessoa é constituída por partes diversificadas (é corpo físico, razão,
emoção, acção etc.) que complementam a sua totalidade, isto é, as deferentes partes que as
constituem foram um todo coeso, uma unidade biológica.
Interioridade – em cada ser humano há um espaço de reserva e de intimidade,
inacessível e inviolável: é consciência moral.
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Autonomia – corresponde a qualidade e capacidade que o homem tem de auto-


governar-se e autodeterminações.
Projecto – a pessoa é um ser dinâmico, que está sempre em construção, aprendendo
novas coisas.
Valor em si – o valor (preço) de uma pessoa é imensurável, a pessoa é um valor
absoluto razão pelo qual não pode ser usada como um meio ao serviço de outrem.
Abertura: o ser humano torna-se pessoa na sua relação com os outros e com o resto
do mundo (ser eu com os outros).
4.1.4. Quem sou eu?
No Homem, as coisas passam-se de maneira muito diversa, o que o torna
completamente diferente dos outros indivíduos biológicos e o coloca num outro nível em
relação a eles. A centralidade no Homem não é somente consciência ou memoria sensível,
mas, sobretudo, reflexão, pois o Homem não sé sabe, mas sabe que sabe. Então, quando a
consciência é reflexão, aí está-se no mundo do espírito e da pessoa.
Esta totalidade centrada que faz com que a pessoa transcenda o mero nível biológico é
que lhe confere uma certa autonomia em relação à sua co-existência com o meio ambiente e
uma abertura em relação à sua co-existência com os outros.
O que é pessoa? O conceito «Pessoa» pode ser abordado a partir de duas perspectivas:
uma parte da problemática clássica; outra, mais descritiva, toma em conta as filosofias mais
recentes.
Na perspectiva da Filosofia clássica far-se-á referência somente a alguns filósofos.
Para o filósofo romano Cícero, por exemplo, «Pessoa é o sujeito de direitos e deveres».
Boécio, porém, entende Pessoa como uma «substância individual de natureza racional». Na
mesma linha de pensamento de outro romano Boécio, S. Tomás de Aquino, já na Idade
Média, defende que Pessoa é um «subsistente de natureza racional».
Estes últimos dois filósofos destacam dois elementos definidores de Pessoa. Segundo
eles, começa por ser individuo subsistente, coeso, uno, total e de natureza racional. Quer isto
dizer que o individuo, enquanto totalidade centrada, encontra a sua mais alta realização na
Pessoa, onde esta «centralidade» significa reflexão completa: saber que sabe, consciência de
ter consciência. Esta racionalidade pressupõe na Pessoa uma «dimensão espiritual». A razão
é o fundamento da liberdade e esta o fundamento último de outras características e
realizações da pessoa. É neste sentido que a ideia de Cícero não deve ser posta de lado, uma
11

vez que a sua definição de Pessoa quer destacar os carácteres de relação e de inter-relação
como constitutivos dinâmicos da pessoa humana.
Os filósofos da modernidade orientaram-se por outras direcções definitórias de
Pessoa, das quais se têm destacado três:
A psicológica, que, tomando como referência o filósofo Descartes, toma a consciência
como a característica definitória da Pessoa.
A ética, que, segundo Immanuel Kant, destaca a liberdade como o constitutivo do ser
Pessoa.
A social, que com o Personalismo e, particularmente, com Martin Buber, sublinha na
definição de Pessoa a relação desta com o(s) outro(s).
Estes dados, tanto da Filosofia clássica como da moderna, não devem ser vistos de
forma isolada, como se eles se excluíssem mutuamente. Na definição de Pessoa, todos estes
elementos se completam.
4.1.5. A consciência
Consciência é o conhecimento (scientia) que acompanha as nossas vivências (cum); a
consciência apreende três sentidos: biológico, psicológico e moral.

Neste caso, interessa-nos o sentido moral, em que a consciência é vista como o juiz do
valor moral das nossas actividades: avaliando os nossos actos, atribuindo-lhes mérito ou
demérito; julgando-os sob o ponto de vista do bem ou do mal e indicando o dever a seguir.

Em sentido restrito, pode significar o conhecimento. concomitante e cumulativo dos


próprios actos ou estados internos no preciso momento em que são vividos ou
experimentados.

A consciência começa por conhecer o espírito e os seus fenómenos e, depois, estrutura-os e


organiza-os num conjunto global, capaz de responder à situação existente. É através da consciência
que conhecemos toda a realidade humana e extra-humana.
12

Fig. 2: A obra o pensador, de Augusto Rodin, representa a Reflexão e a


Consciência.

A consciência é um elemento essencial dos fenómenos psíquicos. No nosso íntimo,


umas multidões de fenómenos interpenetram-se. A consciência é como um rio que desliza
sem parar, e seria ridículo ver num rio não mais do que um composto de gotas de água. Esta
afirmação baseia-se em Heráclito que dizia: «Ninguém pode banhar-se duas vezes nas
mesmas águas do rio».

Além da mobilidade e da continuidade da corrente da consciência, há nela um poder


de selecção e de síntese. A corrente de consciência apresenta uma finalidade e um objectivo,
os quais se revelam na formação da percepção. Por meio desta, o individuo conhece a
realidade e se adapta a ela, nomeadamente na formação da personalidade e sempre que surja
uma situação nova a que precisa de se adaptar.

A selecção e a síntese são importantes na formação da personalidade, que é a síntese


dos fenómenos psíquicos, seleccionados pela consciência e por ela referidos ao Eu. A
personalidade exige uma selecção de fenómenos, pois nem todos os que afectam o Eu
servem: escolhem-se uns e inibem-se outros.

Apos a selecção, vem a ligação ao Eu dos fenómenos seleccionados e, assim, se


constitui a personalidade.

4.1.6. Acção humana e valores


O Homem é essencialmente um ser dinâmico, activo que transforma de uma forma
consciente e continua as suas condições concretas. É por isso, que a sua acção consiste numa
confrontação sistemática em busca de uma orientação que vai dar sentido à sua acção e ao seu
agir para melhorar a sua Vida.
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Há valores que são no mínimo um padrão para uma sociedade de pluralidade de ideias,
como a nossa, por exemplo: responsabilidade, integridade, lealdade, honestidade, sigilo,
competência, prudência, coragem, critica, perseverança, compreensão, tolerância, dinamismo,
flexibilidade, humildade, imparcialidade e optimismo. Estes são valores que garantem
estabilidade social e política de qualquer sociedade.
O Homem no seu quotidiano de uma forma consciente ou inconsciente prática dois
tipos de acções: as que são comuns a outros animais e os que só ele próprio realiza.
Primeiro – as que são comuns a outros animais ou actos instintivos. Konrad Lorenz
aponta a existência de quatro instintos comuns aos homens e, aos animais (nutrição,
reprodução, fuga e Agraço).
Segundo – as que ele próprio realiza ou instintiva: consiste nas actividades reflexivas,
especifica dos seres humanos. Agir, no caso do Homem, implica pensar antes de executaras
acções. Moralmente, os homens praticam também acções que, embora sejam conscientes e
intencionais, não deixam de ser considerados inumanos. A razão é que os mesmos não se
enquadram no âmbito daqueles que consideramos dignos de seres humanos.

4.1.6.1. Acções involuntárias (ou actos do Homem)

O homem define-se pelo modo como escolhe, decide e executa as diferentes acções. É
através das acções que o homem transforma a realidade e torna-se um agente de mudanças. O
homem pratica 2 (dois) tipos de actos ou acções: as que são comuns a outros animais e as que
só ele realiza.
Os primeiros são os chamados actos instintivos, que permitem dar uma resposta perfeita
ao mio, facto que constitui condição indispensável a sua sobrevivência. No segundo os actos
instintivos, são secundarizados dando lugar a actividade reflectiva, especifica dos seres
humanos, agir significa pensar antes de executar a acção.

4.1.6.2. Acções involuntárias (ou actos do Homem)

São acções que não implicam qualquer intenção da parte do sujeito; são acontecimentos
que nos limitamos a ser imensos receptores de efeitos que realizamos por um mero reflexo
intuitivo;
Acções voluntárias ou actos humanos
As acções humanas implicam uma intenção deliberada de um agente do agir de
determinado modo e não de outro, estas acções são reflectidas, premeditadas ou até projectados
à longo prazo tendo em vista atingir determinados objectivos, isto é, tendo um propósito e a
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intenção de fazer o que está fazendo, são acções que realizamos de forma consciente,
voluntário e responsável, por isso toda a acção humana implica os seguintes elementos:
Agente – um sujeito de acção que é capaz de se reconhecer como autor da acção e agi
consciente;
Motivo – o que nos leva a agir ou a fazer algo, a razão que justifica o acto;
Elemento intenção – aquilo que o sujeito pretende fazer ou ser feito com a sua a acção
e responde a pergunta, que fazer? Aquilo que o agente quer realizar;
Fim – o fim da acção e o objectivo daquilo para que se quer da acção voluntária.
4.2. Da acção aos valores
Em toda a acção humana, o homem exprime o modo, como se relaciona com o
mundo, os valores dão ao sujeito motivo para agir. Exemplo: quando damos esmola está lá
um valor muito nobre ‟a solidariedade”, mas afinal:
O que são os valores?
O que é juízo de valores?
Qual é a diferença que existe entre um juízo de valor e de facto?
4.2.1. Conceito de valor
Valores – são critérios segundo os quais damos ou não, valores a certos casos. Os
valores são as razões que justificam ou motivam as nossas acções, tornando as refervíeis
como nossas.
Juízo de facto – é um juízo em que se descreve a realidade de uma forma objectiva,
neutra e impessoal, estes juízos podem ser verificáveis e podem ser verdadeiros ou falsos.
Exemplo: Quelimane é capital provincial da Zambézia.
Juízo de valor – é uma manifestação de preferência e apreciação sobre uma dada
realidade e é fruto de uma interpretação parcial e subjectiva feita com base em valores. Os
juízos de valores são relativos pós variam de pessoa para pessoa.
Exemplo: Beira é a cidade mais bonita da África (para alguns).
4.2.2. Tipos de valores
Os valores são conceitos que traduzem as nossas preferências, o valor tem sempre
como preferência a avaliação do sujeito que o enuncia, trata-se de qualidades e atributos que
são atribuídos pelo sujeito, algo, alguém ou acontecimento. Podemos agrupar os valores em 2
(dois) grupos: espirituais e materiais.
Valores espirituais/religiosas
São aqueles que dizem respeito à relação do homem com Deus.
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Valor estético – trata-se de valores de expressão, beleza, traços, elegância.


Valores morais – referem-se as normas ou critérios de conduta que afectam todos as
nossas actividade como: a verdade, solidariedade, honestidade, bondade, altruísmo,
cidadania.
Valores materiais
Valores agradáveis e de prazer, aqueles que exprimem as sensações de prazer e de
satisfação (comida, bebida, vestuário).
Valores vitais – aqueles referentes ao estado físico (saúde, força, velocidade)
Valor de utilidade ou económica – aqueles que se referem a habitação, capital (caro,
dinheiro, casa, viaturas).
Subjectividade e objectividade de valoras
Existem duas posições que surgem sobre os valores, para alguns autores os valores
têm duas vertentes que são: subjectiva e objectiva.
Para os defensores da vertente subjectiva, os valores não podem deixarem nunca de
serem subjectivas uma vez que designam o padrão comportamental que alguém dá. Podemos
notar que os valores ao longo dos tempos mudam, o que é belo hoje, amanha pode não ser.
Para os defensores da objectividade, advogam que os valores designam os poderes de
comportamento colectivamente reconhecidos por um grupo ou comunidade e que são
considerados absolutos e inquestionáveis. A mesma posição foi defendida por Platão ao
considerar belo, bem e justo, entidades ou ideias imutáveis enquanto Sócrates defende que
cabe ao homem a invenção dos seus próprios valorares.
4.3. Consciência moral
A consciência moral é a capacidade que cada um possui de diferenciar o bem do mal.
4.3.1. Descrição da consciência
Voz interior: que anuncia um dever ou uma obrigação.
Juiz interior: que condena ou aprova os actos de incidência moral.
Sentimento: que antecedem, acompanham e sucedem à deliberação, decisão e acção,
tais como a satisfação e aplauso, no caso de acções conformes com a consciência, ou
remorso, arrependimento, vergonha, culpa ou censura, no caso de acções reprovadas pela
consciência.
Força: que mobiliza e empurra ou impede a acção.
Intimidade: que faz da consciência o reduto mais secreto do ser humano, algo íntimo
a exigir respeito e o direito à inviolabilidade.
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4.3.1.1. Etapas do Desenvolvimento da Consciência Moral.


a) Etapas do desenvolvimento da consciência moral de Piaget.
Segundo Piaget, a consciência moral (noção do bem e do mal) desenvolve- se à
medida que a inteligência humana se vai desenvolvendo, seguindo um processo delineado por
três etapas fundamentais:
1ª Etapa: Moral de obrigação – heteronomia: entre os 2 e os 6 anos:
2ª Etapa: Moral de solidariedade entre iguais: entre os 7 e os 11 anos.
3ª Etapa: Moral de equidade – autonomia: a partir dos 12 anos.
b) Níveis de Desenvolvimento Moral segundo Kohlberg
1º Nível: Pré - convencional (pré-moral.
2º Nível: Convencional.
3º Nível: Pós-convencional.
Acção Humana e Valores.
4.4. Acção humana
Antes de abordarmos a acção humana, temos de distinguir dois conceitos: agir e fazer.

4.4.1. Conceitos básicos da acção humana.

Quais os momentos principais em que se pode dividir a acção humana?


A acção humana divide-se em duas partes: no fazer e no agir.
Fazer: designa as acções orientadas para a execução ou produção de certos efeitos em
objectos, exigindo conhecimentos técnicos específicos.
Agir, designa as acções intencionais que praticamos de forma livre e consciente,
sabemos por que fazemos ou deixamos de fazer.
Neste caso, o termo acção diz respeito somente aos actos que realizamos de modo
consciente e são específicas dos seres humanos, isto é, só o homem age.
Acção humana é toda a actividade (acto) que um sujeito pratica duma forma
deliberada e intencional.
Na acção humana interligam-se três principais conceitos:
 Projecto ou intenção do agente.
 Vontade, isto é, a possibilidade de poder ou não fazer algo.
 Justificação ou explicação que é a indicação do motivo ou razão que leva o
indivíduo a agir.
17

4.5. Ética
O termo “ética” tem sua origem na Grécia antiga, na palavra ethos, e possui um duplo
significado que influenciou o sentido de ética. Por um lado, ethos (grafado com a letra grega
eta) significa os costumes, os hábitos, ou o lugar em que se habita. De outro, o ethos (com
epsilon) representa o caráter, o temperamento e a índole dos indivíduos.

Assim, a ética é o estudo dos princípios das ações, representado nos costumes e
hábitos sociais e no caráter individual e coletivo.

Hoje, muitos debates éticos centram-se sobre as questões relativas às ações em um


contexto profissional, um ramo da ética do trabalho chamado de deontologia (ou ética
deontológica).

4.5.1. A ética influencia na vida dos seres humanos

Todo o comportamento humano é orientado por um conjunto de julgamentos (juízos)


que determinam sua interpretação da realidade e o valor das ações.
Assim, os seres humanos são capazes de agir e, principalmente, avaliar essas ações de
acordo com um conjunto de valores construídos culturalmente, que determinam, em suma, o
que é certo e o que é errado.
Desse modo, a ética é responsável pela construção de uma ferramenta de
conhecimento para compreender esses conjuntos de valores.
Enfim, o juízo de valores, base da moralidade, é desenvolvido socialmente e atua
diretamente no cotidiano.
A moral como um conjunto de regras que determinam o comportamento humano em
um determinado período histórico e a ética como a revisão dessas bases morais e uma
projeção do que se pretende alcançar.

4.2.2. Três pensadores fundamentais para entender a ética

Desde a Antiguidade, os filósofos, estudiosos e pensadores tentam compreender e


analisar os princípios e os valores de uma sociedade e como eles ocorrem na prática.
Podemos citar vários pensadores, que em distintas épocas refletiram sobre a ética. Os
pré-socráticos, os sofistas, Platão, Sócrates, os Estóicos, os pensadores Cristãos, Spinoza,
Nietzsche, dentre outros dedicaram-se vivamente ao tema.
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Destes pensadores, destacamos Aristóteles, Maquiavel e Kant, por cada uma representar
um momento de virada em relação à produção do tema.
1. Aristóteles
Com a passagem da filosofia naturalista do período pré-socrático para a filosofia
antropológica marcada por Sócrates, o conhecimento volta-se para a compreensão das
relações humanas.
Assim, Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.) traz avanços para o desenvolvimento da ética
como uma área própria do conhecimento.
O filósofo buscou investigar sobre os princípios que orientam as ações e o que seria uma
vida virtuosa.
Em sua obra Ética a Nicômaco, Aristóteles escreve sobre sua compreensão acerca da
virtude e da finalidade da vida, a felicidade.
Aristóteles compreende que a ética pode ser ensinada e exercitada e dela depende a
construção de um caminho que conduza ao bem maior, identificado como a felicidade.
Para isso, as ações devem estar fundamentada na maior das virtudes e base para todas as
outras, a prudência.
2. Maquiavel
Nicolau Maquiavel (1469-1527), em sua obra O Príncipe, foi responsável pela
dissociação da ética dos indivíduos da ética do Estado.
Para Maquiavel, o estado é organizado e opera a partir de uma lógica própria. Assim, o
autor cria uma distinção entre a virtude moral e a virtude política.
Esse pensamento representou uma mudança bastante relevante em relação à tradição da
Idade Média, fortemente baseada na moral cristã, associando o governo a uma determinação
divina.
3. Kant
Immanuel Kant buscou elaborar um modelo ético em que a razão é o fundamento
primordial. Com isso, o autor contrariou a tradição que compreendia a religião e a figura de
Deus, como o princípio supremo da moralidade.
Kant, em seu livro Fundamentação da Metafísica dos Costumes, afirma que os exemplos
servem apenas como estímulo, assim, não se pode criar modelos éticos fundamentados na
classificação de alguns comportamentos desejados ou que devem ser evitados.
Para o filósofo, a razão é responsável por governar a vontade e orientar as ações, sem
ferir a ideia de liberdade e autonomia, própria dos seres humanos.
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Kant encontra na autonomia e na razão, a fonte do dever e um princípio ético


fundamental, capaz de compreender e formular regras para si mesmo.
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5. Conclusão
A pessoa, sendo sujeito moral, é o único ser na terra que pratica a acção moral, é
dotado de razão, consciente, livre, responsável, preocupado com os outros, capaz de prever o
modo como a sua conduta pode afectá-los, tem a noção do bem e do mal. Por isso, é
importante antes de mais nada questionar, afinal, o que é uma Pessoa?
Indivíduo, ou a designação de indivíduo tem a ver com a singularidade numérica e
existencial, realidade única (unidade orgânica) e indivisível (o eu);
Ser humano ou a designação de homem, refere-se ao facto de ser animal racional, um
ser dotado de razão, convicções, atitudes, opinião, etc.
A designação de pessoa, é uma categoria ética, isto é, um ser dotado de capacidades
que o permite distinguir o bem do mal.
Falar de pessoa é mais do que falar dum simples indivíduo. Como categoria ética,
pessoa é: Singularidade, Unidade, Interioridade, Autonomia, Abertura, Valor em si e
Projecto.
A consciência moral é a capacidade que cada um possui de diferenciar o bem do mal.
Voz interior, Juiz interior, Sentimento, Força e Intimidade.
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6. Referências bibliografia
BIRIATE, Manuel e GEQUE Eduardo, Pré-Universitário – Filosofia 11, Ed.
Longman Moçambique,1.ª Edição, Maputo, 2010.
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introdução à filosofia, 10º ano. - 2ª ed. - Porto: Asa, 2003.
CHAMBISSE, Ernesto Daniel; COSSA, José Francisco. Fil11 - Filosofia 11ª
Classe. 2ª Edição. Texto Editores, Maputo, 2017.
VICENTE, Neves, Razão e diálogo : filosofia, 10º ano, Porto Editora, 1ª ed., Porto,
2006.
VICENTE, Neves e LOURENÇO, Vieira, Do Vivido ao Pensado - Filosofia 10º ano,
Porto Editora, Porto, 2006.
JASPERS, K., Iniciação Filosófica, Lisboa, Guimarães Editora, 1972.
MONDIN, B., Curso de Filosofia, III, São Paulo, Edições Paulinas, 1987.
MEYER, M., Lógica, Linguagem e Argumentação, Lisboa, Ed. Teorema, 1992.

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