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PSICOPATOLOGIA E CRIME
U. C . C R I M I N O LO G I A C L Í N I C A | A N A C A S T R O, P h D .
OBJETIVOS E COMPETÊNCIAS A ADQUIRIR
Bibliografia (obrigatória):
§ American Psychiatric Association (2015). Guia de Referência Rápida para os Critérios de
Diagnóstico do DSM-5. Lisboa: Climepsi Editores.
§ Trzepacz, P. T., & Baker, R. W. (2001). Exame psiquiátrico do estado mental. Lisboa: Climepsi
Editores.
§ Conceito de “normalidade” está dependente da época, da cultura, da ideologia, e da vivência de cada indivíduo.
§ Nosologia – Nosos (doença) + Logos (estudo, razão explicativa) - tem por objetivo descrever, explicar, diferenciar,
classificar as doenças.
§ Sinal – dado objetivo, passível de observação (ex.: miose - diminuição do tamanho da pupila)
§ Sintoma – experiência subjetiva descrita pelo indivíduo (ex.: dor de cabeça - cefaleia); queixas.
1. Consciência
2. Perceção
3. Memória
4. Inteligência
5. Discurso e linguagem
6. Pensamento
7. Emoção
8. Comportamento motor
a) estar acordado;
c) ter, nessa mente, uma sensação automática, espontânea e directa do “eu” enquanto protagonista da experiência,
por mais subtil que a sensação do “eu” possa ser.
• Âmbito
•Hipervigília ou Hiperalerta - ocasionalmente os doentes podem estar demasiado alerta, ansiosamente atentos,
não relaxam, olham em volta frequentemente e assustam-se com facilidade.
•Sonolento – a sonolência (pode ser sinónimo de hipersónia) caracteriza-se por lentificação mental, bocejos,
diminuição de energia e tendência para adormecer quando não estimulado.
•Letárgico - estado que representa grau mais marcado de sonolência e diminuição da energia.
• Estuporoso – termo apropriado para aqueles doentes que (ocasionalmente emergem do coma por curtos
períodos) apenas respondem a ruídos intensos ou estímulos dolorosos.
• Estado crepuscular
• Coma – estado de inconsciência do qual não se consegue acordar o indivíduo, mesmo com estímulos
intensos e repetidos.
• Turvação da Consciência – este termo tem sido usado para referir genericamente todos estes estados de
diminuição do alerta, mas deve ser evitado por ser muito inespecífico.
• Síndrome de Locked-in* – algumas lesões neurológicas que impedem a expressão vocal ou motora que
podem resultar num estado aparentemente semelhante ao vegetativo persistente, mas no qual a vitima
presumidamente mantém a consciência.
*No Síndrome de Locked-in o doente mantém o estado de vigília embora com outro tipo de (substanciais) limitações.
• Existe a convicção generalizada de que andar durante o sono equivale a ter sonambulismo. É uma
convicção equívoca que leva a frequentes erros de diagnóstico.
• Porquê?
Porque andar durante o sono pode ser devido a várias causas e, consequentemente, ter tratamentos
diferentes.
• O sonambulismo é uma doença bem definida, mais frequente nos rapazes, inicia por volta dos 5-6 anos de
idade e tende a desaparecer na adolescência. Os episódios surgem classicamente no sono delta (sono
profundo), cerca de 1 hora depois do adormecer e não se repetem mais na mesma noite. O sonâmbulo tem
uma memória vaga ou quase nula dos acontecimentos, anda pela casa de uma forma ordenada mas
inconsciente, pelo que corre riscos de acidentes, como cair por uma escada ou de uma janela, partir objetos,
etc. Geralmente, não é agressivo, mas pode ter agressividade se contrariado.
Violência no sono?
Sim, a violência pode existir no sono e é, nesse caso, particularmente perigosa. Porquê? Porque quem a
executa está inconsciente e a intensidade dos atos pode ser grande.
Quais as causas?
Quais as diferenças?
As epilepsias podem surgir a diferentes horas da noite ou no adormecer, podem ocorrer várias vezes na
mesma noite, os comportamentos são estereotipados e deles não há memória no dia seguinte ou quando se
acorda. O acordar é difícil, com dores no corpo, dores de cabeça ou confusão. As epilepsias podem surgir em
crianças, em adultos e em idosos, e algumas são mesmo familiares.
O que é isto?
São episódios que ocorrem no contexto de um sonho, durante o qual alguém está a agredir ou o doente ou um
familiar. O doente defende-se e, nessa defesa onírica, agride violentamente quem está próximo, salta da cama
como se voasse, esbraceja, etc. Quando acorda com alguma dificuldade, muitas vezes ou porque alguém está a
gritar ou porque se magoou, vê a desgraça que provocou e arrepia-se: são olhos negros, pescoços apertados,
feridas e sangue, braços partidos, etc., atos sempre violentos. Quem o faz é geralmente pacífico e cordato e
não está de modo nenhum a exprimir violência, antes pelo contrário, esteve a defender-se dela.
• Teve sonhos em que era vítima de violência, durante os quais, por não ter a clássica, normal e protetora
“atonia do REM”, que nos paralisa transitoriamente, executou mesmo o que estava a sonhar.
• Tanto as epilepsias como o transtorno comportamental do sono REM carecem de tratamento eficaz e
imediato por especialistas em Medicina do Sono ou por Neurologistas.
APERCEÇÃO
Capacidade para entender perceções no seu contexto significativo, para as relacionar entre si com
sentido e para as incluir no âmbito da experiência.
• Memória de Curto Prazo: capacidade de recordar informações logo após sua apresentação. É de capacidade limitada, ou seja,
cerca de sete informações de cada vez. Ela permanece disponível por alguns minutos, mas se perde ou é substituída por nova
informação, caso não seja muito estimulada, como através de repetições sucessivas e exercícios de recordação posteriores.
• Memória de Longo Prazo: capacidade de recordar informações mais tardiamente. Tem capacidade extraordinariamente
grande, conseguindo reter informações por período indeterminado, sem necessidade de reforço.
• Memória Retrógrada: é a capacidade de se lembrar de informações ou eventos que ocorreram antes de um momento
específico no tempo.
• Memória Recente e Remota: subdivisões da memória retrógrada. A memória recente refere-se a informações
adquiridas há pouco tempo (dias, semanas); memória remota refere-se a informações armazenadas há meses ou
anos.
• Amnésia – incapacidade de recordar informação aprendida recente ou informação do passado, apesar da capacidade de
atenção estar intacta.
• Amnésia anterógrada: perda de memória para eventos que ocorrem posteriormente ao acontecimento da doença, ou
seja, é a deficiência em formar novas memórias, como ocorre na doença de Alzheimer.
• Amnésia retrógrada – incapacidade de recordar informação de um período de tempo anterior à lesão cerebral que
causou o início da amnésia. a pessoa consegue se lembrar de eventos posteriores ao trauma, mas não consegue se
lembrar de eventos anteriores a doença (trauma).
• Confabulações (pseudo-recordações) – fabricação de ideias e circunstâncias que não são consistentes com a realidade.
B. PARAMNÉSIA:
• distorção ou falsificação da memória. Incluem
• a. Falsos reconhecimentos ou desconhecimentos: síndrome de falsas memórias ou falsificação retrospetiva;
fenómenos de déjá vu, jamais vu (classificável como perturbações da perceção);
• b. Confabulações: preenchimento de vazios mnésicos (por exemplo, na síndroma de Korsakoff).
C. HIPERMNÉSIA:
• grau exagerado ou intensificação da capacidade de retenção e recordação, podendo estar associada a estados febris,
acidentes que põem em perigo a vida ou a consumo de drogas.
B. DEMÊNCIA
• Deterioração global e progressiva do funcionamento intelectual.
C. PSEUDODEMÊNCIA
• Características clínicas semelhantes à demência, mas não provocadas por disfunção cerebral orgânica.
Frequentemente devida a psicopatologia depressiva.
• A linguagem resume o pensamento em palavras (símbolos) e está, por isso, colocada ao serviço da
função ordenadora do pensamento
• Ecolalia (repetição inapropriada das palavras espontâneas de uma outra pessoa; esquizofrenia
grave, demências, etc.)
• A. Relativas ao ritmo
• D. relativas à modulação
• E. Relativas à fonação
• a. Pensamento tangencial
• b. Pensamento circunstanciado
• c. Fuga de ideias.
• d. Afrouxamento de associações.
• e. Salada de palavras.
• a. Lentificação do pensamento.
• b. Inibição do pensamento.
• c. Bloqueio do pensamento.
• d. Perseveração do pensamento.
• (...)
A. Pobreza de conteúdo.
B. Delírio
• Delírios paranóides: incluem os delírios de perseguição, de referência, controlo e grandeza.
• Delírio de controlo do pensamento e/ou inserção de pensamento inclui: Difusão do pensamento; Roubo do
pensamento; Influência do pensamento.
C. Hipocondria: a partir de uma interpretação irrealista de sensações ou sinais físicos, verifica-se uma preocupação
exagerada com a própria saúde, sem que haja motivos orgânicos para tal.
D. Obsessão: pensamentos intrusivos, desagradáveis e indesejados, não suprimidos pela vontade da pessoa e que
tipicamente são persistentes e associados com ansiedade.
E. Fobia: temor persistente e exagerado de objeto ou situação que não representa um perigo real, originando um desejo
compulsivo de evitar o estímulo temido.
• C. Humor eufórico: elação do estado de humor, com eventual associação a sentimentos de grandeza.
• E. Humor ansioso: estado de humor marcado por sentimentos de apreensão, medo e tensão.
• Síndrome depressiva
• Síndrome maníaca
• Síndrome esquizoafetiva
• Síndrome de angústia
• Síndrome hipocondríaca
• Inquietação – pode manifestar-se pelo discreto agitar das pernas e outros movimentos, podendo mesmo o doente
perguntar «a entrevista já acabou?»
• Agitação psicomotora –aumento geral da atividade, associada a determinadas doenças psiquiátricas, como a
depressão agitada, delirium e mania. A hiperatividade também pode ser provocada por fatores físicos conhecidos,
como intoxicação por qualquer substância estimulante.
• Lentificação psicomotora: semelhante a bradicinesia, embora alguns autores reservem o termo lentificação para o
abrandamento físico de origem psicológica
• São em geral mais evidentes nas extremidades, sobretudo as mãos, mas podem atingir outras partes
do corpo, sendo frequentemente assimétricos.
• Têm maior amplitude durante períodos de stress, e são abolidos pelo sono.
• O tremor pode ser classificado de acordo com as circunstâncias em que ocorre: quando o segmento
afetado está em repouso; com atividades posturais; durante o movimento; ou intencional.
• Tremores postural e de ação – estão ausentes quando o corpo está relaxado, mas surgem quando se
mantém ativamente uma posição, por ex. com os braços abertos.
• Tremor intencional – ocorre durante as fases mais exigentes de uma determinada ação. Por ex. quando se
pede a um doente que estenda um braço, tocando alternadamente o seu nariz e no dedo do examinador, o
tremor intencional torna-se particularmente evidente quando se aproxima do alvo.
• Regra geral, o doente não se recorda do automatismo, a menos que repita o que lhe foi descrito por
testemunhas que o presenciaram.
• Aumentos involuntários do tónus muscular que resultam em contorções sustidas, levando o doente
a manter-se na postura distónica seja mantida durante algum tempo (por exemplo, pescoço torcido
e olhos revirados para cima).
• Estereotipia – termo utilizado para referir comportamentos não intencionais repetidos e involuntários.
• Podem parecer muito exagerados ou bizarros, como na esquizofrenia, ex. doente fazer uma pirueta
antes de se sentar.
• Ações que acompanham paralelamente as obsessões e podem ser o resultado motor de pensamentos e
impulsos semelhantes às obsessões.
• São frequentemente reconhecidas pelo doente como despropositadas e as tentativas para as impedir ou
suprimir voluntariamente são mal sucedidas.
• Comportamentos que têm um objetivo aparente e potencialmente destrutivos (jogo, fogo posto) podem
também ser compulsões.
• O termo compulsão deve ser utilizado apenas se o impulso é repetitivo, ritualizado e virtualmente irresistível,
ex. cleptomania, piromania, necrofilia, pedofilia, ninfomania, entre outros.