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PROCESSO Nº: 0811674-23.2022.4.05.8300 - PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL


PARTE AUTORA: IVANETE LIRA DA SILVA
ADVOGADO: Ageu Carlos Dos Santos
CURADOR ESPECIAL: JOSE CARLOS NERY DA SILVA
RÉU: UNIÃO FEDERAL - UNIÃO. e outro
CURADOR ESPECIAL: JOSE CARLOS NERY DA SILVA
5ª VARA FEDERAL - PE

SENTENÇA

I - RELATÓRIO

Trata-se de demanda de conhecimento proposta por IVANETE LIRA DA SILVA contra a


UNIÃO (MINISTÉRIO DA MARINHA) e SUELEIDE BATISTA PEDROSA DA
SILVA, cujo objeto é a concessão do benefício de Pensão por Morte Militar, integral, na
condição de companheira, com efeitos retroativos à data do óbito, e pagamento das
parcelas vencidas e vincendas, com juros e correção monetária. 

Sustentou a autora, em suma, como fundamento de sua pretensão: a) haver requerido sua
habilitação na pensão militar junto à CAPITANIA DOS PORTOS DE PERNAMBUCO
-CPPE, na condição de companheira do Sr. JOÃO BATISTA NERY DA SILVA, falecido
em 23 de junho de 2017 (como SD do MINISTÉRIO DA MARINHA, matrícula nº
64159264), a qual restou indeferida, em 29 de agosto de 2017, sob o fundamento de não
comprovação da união estável; b) haver ingressado com ação de união estável na Justiça
Estadual, e após tal reconhecimento, ter requerido novamente, em 22/03/22, sua
habilitação na pensão militar, sendo mais uma vez indeferida, desta vez sob a alegação da
impossibilidade de se reconhecer a união estável ante o fato do segurado/falecido - ainda
que separado de fato - ser casado com outra mulher; c) o falecido - embora separado de
fato - na data do óbito ainda era casado com SUELEIDE BATISTA PEDROSA DA SILVA -
que é a atual beneficiária da pensão militar, havendo, portanto, a necessidade dela
compor a lide, na condição de litisconsorte passiva necessária; d) quando a autora e o
falecido passaram a conviver em união estável, ambos já se encontravam separados de
fato, o que os enquadram na condição de companheiros, com fulcro na alínea c) do art. 7º
da Lei nº 3765/60, com alterações introduzidas pela MP nº 2215-10/2001, além do §3° do
art. 226 da CF/88 e da Lei nº 9278/96; e) ademais, pela jurisprudência do Superior
Tribunal de Justiça "a existência de casamento válido não obsta o reconhecimento da
união estável, desde que haja separação de fato ou judicial entre os casados";  f) antes de
conhecer o de cujus, a autora teve 2 filhos de um relacionamento anterior (ROSIMERY
LIRA DA CRUZ e JOSÉ INALDO FRANCISCO DA CRUZ), e o falecido, por sua vez, era
genitor de dois filhos vivos, a saber: JOSÉ CARLOS NERY DA SILVA e ARTAGÉCIA
PEDROSA NERY DA SILVA; g) a partir da convivência com a autora, iniciada em
15/11/1990, o falecido passou a ser responsável pela criação e sustento dos filhos desta,
mantendo o sustento dos seus filhos que fixaram residência com a genitora, ex-esposa do
falecido, na cidade de Olinda - PE; sendo, inclusive, mantida a convivência familiar entre

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filhos e enteados e netos até a data do óbito do segurado, quando, por iniciativa dos filhos
do de cujus e da sua ex-esposa - houve rompimento dos laços afetivos; h) defender que a
sentença cível que julgou procedente o pedido de declaração de existência de união
estável com o ora falecido é, sim, documento apto à comprovação da referida relação,
especialmente porque se trata de decisão proferida por juízo competente, a qual se deve
conferir plena eficácia jurídica, em que pese a UNIÃO não ter figurado como parte,
porque sendo a jurisprudência do STJ pacífica no sentido de competir à Justiça Estadual
operar o reconhecimento de relações de união estável, ainda que haja o escopo mediato de
obter prestações ou benefícios junto a autarquias ou empresas públicas federais, ficaria o
juízo federal a ela vinculado, não em virtude da extensão dos efeitos da coisa julgada, mas
em virtude da própria eficácia declaratória da sentença lá proferida, de caráter vinculante
e contra todos, uma vez prolatada pelo órgão do poder judiciário incumbido, pela
Constituição Federal, de examinar as demandas relacionadas ao direito de família e
sucessões; i) além disso, a sra. SUELEIDE BATISTA PEDROSA DA SILVA, na data do
óbito, já se encontrava separada há mais de 27 anos, residindo, inclusive, na cidade de
Olinda - PE; embora a separação de fato não tenha gerado a extinção formal do casamento
com a ex-esposa, que sequer dependia economicamente do falecido, e nem percebia
pensão alimentícia, afastando-se, sua condição de dependente na forma da alínea a ou c
do art. 7º da Lei nº 3765/60; j) por fim, comprovada a união estável da autora com o
falecido, não há necessidade de comprovação de dependência econômica, visto que esta é
presumida. Como comprovação documental de suas alegações, juntou à inicial: fotos de
família, comprovantes de endereço em comum, além de escritura pública de união estável
e reconhecimento judicial da mesma. Requereu a concessão do benefício da gratuidade da
justiça, assim como a prioridade de tramitação por se tratar de pessoa idosa.  

Deferidos os benefícios de prioridade de tramitação do feito (art. 1048 do CPC) e justiça


gratuita (Id.23486544), foi determinada a citação das rés.

Diante do teor da certidão de Id.23554837, notadamente pelo esclarecimento prestado pelo


filho da citanda de: "está com suas capacidades psíquicas comprometidas, trata-se de
senhora de idade e não tem mais condições de responder por si só pelos atos da vida
civil", este juízo designou o Sr. Carlos Nery da Silva para representá-la como curador
especial no presente processo (Id.23598638). 

Devidamente citada, a União apresentou contestação sob Id.23920663, alegando, a)


preliminarmente: a.1) impugnação ao benefício da assistência judiciária gratuita; a.2)
prescrição do fundo de direito; b) no mérito, argumentou em apertada síntese: b.1) em
relação à matéria fática, demonstrar a documentação oriunda das Forças Armadas que a
autora não constava como dependente designada pelo militar falecido em seus
assentamentos funcionais, e por tal motivo a pensão foi concedida integralmente às
pensionistas devidamente habilitadas pelo instituidor, a saber: Sra. SUELEIDE BATISTA
PEDROSA DA SILVA, na condição de VIÚVA do instituidor, cota-parte 5/8(62,5%),
conforme atesta a cópia do Título de Pensão Militar nº 133957 , sendo desta 4/8 (50%) por
direito próprio e uma outra cota-parte de 1/8 (12,5%) de direito de sua filha com o
instituidor, a Sra. ARTAGESIA PEDROSA DA SILVA, incorporada ao seu benefício por
força do disposto no parágrafo 3º, do artigo 9º, da Lei nº 3.765/60; b.2) estar sendo
mantido em reserva o direito a outras três cotas-partes de 1/8 (12,5) cada, em favor das
Sras. ARQUIVANIA NERY DA SILVA, ARQUIVANIA PEDROSA DA SILVA e

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SUELEIDE NERY DA SILVA, todas na qualidade de FILHAS do instituidor; b.3) assim,


por força do art. 9º, § 3º, da Lei nº 3765/60, não poderá a parte autora, em caso de
procedência, fazer jus a integralidade da pensão, conforme postula, tendo em vista que o
militar deixou esposa e filhos de forma que o pagamento de pensão deverá observar o
disposto no art. 9º, da referida lei; b.4) ademais, quanto à eventual utilização de período
de concubinato, não ter qualquer amparo em nosso ordenamento jurídico, vez que a
manutenção de união matrimonial formal com outrem (casamento) impede o
reconhecimento da união estável. Sendo assim, se à época do óbito ainda havia casamento
formal com a Sra. Sueleide, o extinto não se encontrava desimpedido para o casamento;
b.5) quanto às questões de direito, ser notório que eventual impedimento matrimonial
inviabiliza o reconhecimento da união estável entre a requerente e o extinto, porque
admite-se a relação de companheirismo tão somente quando houver a separação judicial
ou de fato da pessoa casada, nos termos do RE 883.168/SC (tema 526 -repercussão geral):
do STF. Juntou documentos

Citada, a ré SUELEIDE BATISTA PEDROSA DA SILVA apresentou contestação (Id. nº


4058300.24037056) alegando, de início, sofrer de problemas psicológicos e neurológicos
sendo sempre assistida e acompanhada pelo filho José Carlos Nery da Silva. No mérito,
ratificou os argumentos trazidos pela União, destacando, notadamente, que, na vontade
do de cujos, era a sua família constituída com a Sra. Sueleide Batista Pedrosa da Silva e os
frutos do matrimônio que constam na relação de dependentes no cadastro da União e da
Marinha do Brasil e fazem jus a tal benefício e que, até o último minuto de vida do Sr. João
Batista Nery da Silva, foi na companhia dos filhos, que estavam com ele no hospital até o
falecimento do instituidor da pensão.

Intimada, a autora se manifestou sobre as contestações, rebatendo os argumentos trazidos,


indicando os documentos pertinentes, e deduzindo os seguintes pleitos: i) citação da Sra.
Artagésia Pedrosa da Silva, filha do segurado instituidor, que conforme informação teve a
concessão da pensão militar incorporada à pensão da Sra. Sueleide por se tratar de
legítima beneficiária; ii) produção de prova oral, caso necessária para demonstrar a união
estável; iii) regularização processual quanto à Sra. Sueleide. 

Por meio de decisão de id. 25468229, foi ratificado o benefício da gratuidade judiciária
concedido, a teor dos artigos 98 a 102 do CPC.

Vieram os autos conclusos.

É o relato. Decido.

II - FUNDAMENTAÇÃO

Pretende a requerente a concessão de pensão por morte em seu favor, de forma integral,
em razão do falecimento de seu companheiro.

Quanto à prejudicial de prescrição, esta não atinge o fundo de direito e, sim, em caso de
eventual procedência do pedido, as parcelas vencidas e não pagas anteriores ao
quinquênio do ajuizamento da ação.

Isso porque, no caso, tem-se relação de trato sucessivo e, assim, aplica-se a Súmula

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85/STJ:

Nas relações jurídicas de trato sucessivo em que a Fazenda Pública figure como devedora,
quando não tiver sido negado o próprio direito reclamado, a prescrição atinge apenas as
prestações vencidas antes do quinquênio anterior à propositura da ação.

Cinge-se a controvérsia posta nos autos em saber se a parte autora tem direito à pensão
por morte postulada, na qualidade de companheira do militar falecido, Sr. JOÃO
BATISTA NERY DA SILVA.

Para a resolução da questão sob análise, faz-se necessário o exame da legislação vigente à
época do falecimento do instituidor da pensão. Com efeito, como pacificado na
jurisprudência pátria, "a lei aplicável à concessão de pensão previdenciária por morte é
aquela vigente na data do óbito do segurado" (STJ - Súmula n.º 340). Assim, benefícios da
mesma natureza são regidos pela lei vigente na data do óbito (princípio do tempus regit
actum).

No caso, considerando-se a data do óbito do de cujus, aplica-se a Lei n.º 3.765/60, que trata
das pensões militares.

A pensão militar é deferida em processo de habilitação, com base na declaração de


beneficiários preenchida em vida pelo contribuinte, sendo devida à cônjuge ou
companheira designada ou que comprove união estável como entidade familiar (art. 7.º
inciso I, alínea "a", da Lei n.º 3.765/60).

A Lei nº. 3.765/60, que regulamenta a concessão de pensão militar, na dicção do art. 7º.,
com as modificações introduzidas pela Lei nº. 8.216/91, posteriormente alterada pela MP
2.215-10/2001, dispõe que:

 "Art. 7 A pensão militar é deferida em processo de habilitação, tomando-se


por base a declaração de beneficiários preenchida em vida pelo contribuinte,
na ordem de prioridade e condições a seguir:

  I - primeira ordem de prioridade:

 a) cônjuge;

  b) companheiro ou companheira designada ou que comprove união estável


como entidade familiar;

  c) pessoa desquitada, separada judicialmente, divorciada do instituidor ou a


ex-convivente, desde que percebam pensão alimentícia;

  d) filhos ou enteados até vinte e um anos de idade ou até vinte e quatro anos
de idade, se estudantes universitários ou, se inválidos, enquanto durar a
invalidez; e

  e) menor sob guarda ou tutela até vinte e um anos de idade ou, se estudante
universitário, até vinte e quatro anos de idade ou, se inválido, enquanto durar
a invalidez.

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  II - segunda ordem de prioridade, a mãe e o pai que comprovem dependência


econômica do militar; (...)".

Portanto, resta evidente que a companheira e a viúva concorrem na mesma ordem de


prioridade para fins de habilitação à pensão por morte. Ademais, a equiparação da união
estável ao casamento para fins de reconhecimento de direitos sucessórios e
previdenciários tem fundamento no art. 226, § 3º, da Constituição Federal.

No caso, observo que a autora logrou demonstrar o cumprimento dos requisitos legais
para a concessão do benefício pleiteado. Com efeito, foi comprovada a união estável da
autora com o falecido mediante sentença proferida na justiça estadual e transitada em
julgado (id. 23470653).

Ademais, apesar de a litisconsorte passiva afirmar que o falecido frequentava sua


residência, segundo sentença proferida na Justiça Estadual (cópia no anexo de id.
23470653): "Com todos esses elementos é possível extrair que relação da autora com o Sr.
João Batista foi uma relação estável e duradoura, sendo que a prova testemunhal
produzida evidenciou que as idas do falecido à casa da ré se dava apenas como forma de
levar a prestação alimentar, não tendo os réus se desincumbido de comprovar a
inexistência de separação do Sr. João Batista com a Sra. Sueleide. À evidência, houve uma
separação de fato do falecido com a ré e uma posterior união estável daquele com a
autora, o que não impede o reconhecimento da união.".

Assim, em tal processo foi julgado procedente o pedido para fim de declarar a união
estável post mortem mantida entre IVANETE LIRA DA SILVA (CPF nº 712.536.534-53) e
JOÃO BATISTA NERY DA SILVA (CPF Nº 101.009.974-49), pelo período de 27 (vinte e
sete) anos, que se iniciou em 1990 e findou no ano de 2017, ano do óbito do Sr. João,
conforme provas então colhidas.

Neste contexto, reputo comprovada a união estável entre a autora e o de cujus, que
mantinha uma relação amistosa com a ex-mulher, sem caracterização de casamento -
coabitação, obrigações conjugais etc.

Ressalto, por fim, que o benefício devido à autora corresponderá à divisão da metade da
pensão a ser rateada entre a demandante e a ex-esposa, que recebia pensão do falecido,
paga espontaneamente. Já as cotas-partes dos(as) filhos(as) da litisconsorte passiva, não
devem sofrer alteração em decorrência da presente decisão.

Assim, tenho como comprovada a versão de que a autora viveu em união estável com o
de cujus por mais de 20 anos, até o seu óbito, restando, também, comprovada a sua
condição de dependente para fins de percepção da pensão por morte de militar.

Ademais, como se verifica do já citado art. 7º da Lei n° 3.765/60, para os beneficiários de


primeira ordem de prioridade, como no caso da companheira, é desnecessária a
comprovação de dependência econômica.

III - DISPOSITIVO

DIANTE DO EXPOSTO, julgo parcialmente procedente o pedido inicial, condenando a


UNIÃO a conceder o benefício de pensão por morte em favor da autora, na condição de

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companheira do Sr. JOÃO BATISTA NERY DA SILVA, rateando a cota-parte devida à ex-
esposa e suas filhas, nos termos da legislação aplicável à espécie.

A implementação da cota da parte da pensão por morte de natureza militar deverá


observar os requisitos previstos na Lei nº. 3.765/60, em especial os previstos no art. 7º,
com as modificações introduzidas pela Lei nº. 8.216/91, posteriormente alterada pela MP
2.215-10/2001.

Condeno o réu ao pagamento das parcelas atrasadas, retroativas à data do requerimento


administrativo do benefício, corrigidas monetariamente e acrescida de juros de mora
conforme o Manual para Cálculos na Justiça Federal.

Considerando a sucumbência recíproca e tendo em vista que o local de prestação de


serviços apresenta custo de vida inferior ao dos grandes centros urbanos do país, que o
grau de zelo do patrono se mostra dentro da normalidade, que a causa não apresenta
grande complexidade e que o valor da causa se mostra capaz de servir como base de
cálculo adequada para ambas as partes, fixo os honorários advocatícios em 5% sobre o
valor atualizado da causa para cada polo da relação processual (art. 86 do CPC).

Em homenagem ao art. 98, §§ 2º e 3º do CPC, suspendo a exigibilidade dos honorários


sucumbenciais devidos pela parte beneficiária da Justiça Gratuita, condicionando
qualquer medida executiva à apresentação de prova, pelo credor, da mudança de seu
estado financeiro.

Sentença não sujeita ao duplo grau obrigatório de jurisdição, em face do montante da


condenação (art. 496, §3º, I CPC).

Custas ex lege.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Processo: 0811674-23.2022.4.05.8300
Assinado eletronicamente por: 23070416485255300000027405195
ARA CARITA MUNIZ DA SILVA - Magistrado
Data e hora da assinatura: 07/07/2023 13:27:26
Identificador: 4058300.27324345

Para conferência da autenticidade do documento:


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