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RESUMO PNEUMOLOGIA AULA 7 – Anderson Bastos/ Guilherme Neves/ Lucas Ribeiro

ABCESSO PULMONAR A clínica (relacionada ao abcesso de origem


bacteriana), na aspiração de secreção da orofaringe,
Quando nós estudamos pneumonia, vimos que os agentes bacterianos tendem a vir para a base, e
algumas tinham como sinal radiológico as principalmente para a parte posterior (quando o
cavitações. Quando nós temos uma cavitação única paciente se deita e aspira, vai para a base e para
com mais de 2cm, com necrose no parênquima, parte posterior). Esse paciente uns três dias depois
com supuração, material purulento, secreção e pus, da aspiração, começa com febre alta, calafrios,
isso nós vamos denominar de ABCESSO tosse, expectoração, hálito fétido, secreção
PULMONAR. purulenta fétida (conversando na anamnese você
costuma sentir odor) é um quadro rápido, não
Nós devemos pensar qual a doença pode causar o
arrastado como a tuberculose. Você pode olhar os
abcesso, é importante saber para que se consiga dar
dentes, que nesse caso podem se mostrar em mau
o tratamento adequado ao paciente. Pode ser que
estado de conservação. O paciente vai ter dor do
seja uma bactéria causando abcesso, pode ser uma
tipo pleurítica do lado do abcesso.
doença fúngica como a micose pulmonar, parasitas,
câncer (quem fumou por muitos anos OBS.: Nós já vimos que no caso da tuberculose nós
principalmente – desenvolve o abcesso do câncer), temos uma cavitação em ápice;
a embolia pulmonar, um cisto infectado (as vezes o
paciente já nasce com um cisto – cisto bronco E se você for analisar a radiografia, vai ser vista uma
gênico – esse cisto se infecta e acaba gerando o imagem de hipertransparência cavitária, com nível
abcesso). hidroaéreo, grande quantidade de secreção,
material purulento.
Na história clínica, nós vamos colher a história para
descobrir a causa desse abcesso e traçar o melhor Então, a localização mais frequente são os lobos
tratamento. “O paciente que tem um tumor, que inferiores (que tem os segmentos inferiores e o
comprime gânglios, fazendo um abcesso no segmento apical) e nós temos também os
pulmonar”; “Paciente pediátrico, que aspira corpo segmentos posteriores do lobo do lobo superior. A
estranho, pode estar tendo pneumonia de tendência é que se aspire mais para o lado direito,
repetição e desenvolver um abcesso (o mesmo com por conta da anatomia da traqueia, e mais em
o alcoólatra que tem muito risco de aspiração) ”; região posterior.
“Existem tipos de pneumonia que estão sujeitas a *imagem dos lobos e segmentos*
gerar cavitações”; “Por contiguidade também é
possível ter abcesso, como um abcesso no fígado, Diante de uma clínica e da imagem de um abcesso,
que pode chegar ao pulmão”. Ou seja, é preciso é necessário solicitar alguns exames. Pode ser
estar procurando na história clínica do paciente pedido um Gram de escarro, pode ser feito um
qualquer condição que possa estar levando o BAAR (para ver se tem tuberculose), pode ser
paciente a fazer um abcesso. pedido uma citologia do escarro (para ver alguma
neoplasia). O hemograma vai mostrar leucocitose,
Um traumatismo por exemplo, seja um acidente mostrando um quadro bacteriano.
automobilístico, ou uma queda de grande altura,
esse paciente faz uma contusão no tórax. Por isso que diante do diagnóstico tem que tratar,
por exemplo, se é uma tuberculose, trata essa
E lembrar das condições que podem facilitar para o tuberculose, se é uma micose pulmonar, trata-se o
paciente fazer um abcesso. Paciente que está no fungo, se é um câncer, trata-se o câncer, se é uma
leito (prostrado, sonolento), pacientes em cirurgia, bactéria, trata-se a bactéria.
anestesia, cirurgias orais (dentista), crises
convulsivas, uso de corticoide por longo tempo. Um outro exame importante que nós temos é a
broncoscopia. Entra com o broncoscópio no
pulmão, tanto por via nasal ou oral, tem o rígido e o
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flexível (o flexível é mais fácil, melhor de manusear), tratamento com antibiótico. E outra coisa que é
é feito um spray anestésico, e aí passa o importante é a drenagem postural, que é a
broncoscópio. Por ele se visualiza todo o interior do fisioterapia respiratória, não se esquecer disso, é
pulmão, observa se há corpo estranho, se tem muito importante, ajuda a retirar o material
secreção (colhe para exame), se tem lesão secretivo e acelera a melhora do paciente. Ou seja,
vegetante (biopsia). Não necessariamente todo não adianta só o antibiótico, é preciso fazer a
paciente vai fazer, é usado quando necessário. fisioterapia respiratória.

Lembrar sempre que o paciente pode complicar, Aqui pode ser usada também a Penicilina G
pode fazer hemoptise, pode ficar hemoptoico, pode Cristalina, mas ela não pega todos os anaeróbios,
fazer um empiema pleural (as vezes o abcesso é então é preciso associar ou com Metronidazol ou
muito próximo do espaço pleural e cai nele) é com Cloranfenicol. Ela só é usada se não tiver a
preciso fazer a drenagem torácica nesses casos. o clindamicina.
abcesso também pode cronificar, por exemplo o
paciente que não toma o tempo certo de antibiótico Em casos que o abcesso é crônico, aí se torna
(não adianta tomar uma semana, deve ser por 15- necessário o auxílio da cirurgia. O paciente fica com
20-30 dias), quando ele vai se cronificando, ele vai o abcesso crônico, ou com hemoptise sem parar,
formando uma carapaça que é difícil de tratar pode ter ruptura do abcesso caindo em espaço
(acontece muito com pacientes de interior, que pleural e gerando empiema e as vezes ele vai ter
chegam com 3-4 meses de abcesso, isso já é uma cavidade contaminada por fungo (já teve o
crônico). abcesso, ficou com uma caverna de sequela, e o
fungo vai morar nessa caverna, levando o paciente
Saber os diagnósticos diferenciais, diante de uma a sangrar sem parar). Então, os casos que não estão
situação dessa se perguntar se não pode ser um melhorando, são casos em que a cirurgia deve
câncer, se não pode ser tuberculose, se não pode auxiliar no tratamento.
ser um fungo, se por acaso é um corpo estranho.
Todas as possibilidades devem estar na cabeça para Apanhado geral – viu a cavitação, deve-se buscar a
que se possa agir dependendo da situação. Pode ser etiologia, e se a suspeita é bacteriana, faz a
um paciente que tem um enfisema pulmonar internação e trata com o antibiótico e fisioterapia
bolhoso, logo esse paciente já tem bolhas a dias respiratória.
nesse pulmão e as bolhas infectam. Por isso se BRONQUIECTASIA
atentar para o diagnóstico correto, para fazer o
tratamento adequado. A bronquiectasia é uma dilatação do brônquio,
geralmente ela é uma sequela, ou seja, é decorrente
O tratamento, voltado para abcessos bacterianos, a de uma outra complicação que esse paciente já
maioria dos casos vai apresentar quadros mais teve. Então, quem tem bronquiectasia, é para o
agudos, pacientes que estão com febre alta, resto da vida, é um diagnóstico que o paciente leva
secreção purulenta, fétida, RX com imagem para o resto da vida, a “destruição” desse brônquio
abcedada. Nesses casos nós temos que usar um é irreversível.
antibiótico com espectro principalmente para
anaeróbios, uma boa opção é a Clindamicina (IV) em A causa geralmente é uma infecção, um acúmulo de
quanto estiver internado, e depois da alta continua secreção. Então, um paciente que teve várias
com ele em VO. O tratamento dura em torno de 4 pneumonias, ou já teve pneumonia na infância (teve
semanas (ou até mais, vai se fazendo um até episódios de repetição), ou teve uma
acompanhamento e vendo a necessidade). A pneumonia que ficou por muito tempo (um agente
medida que se faz o antibiótico, a febre começa a agressor que ficou muito tempo atuando), ou o
melhorar, a leucocitose que era alta começa a paciente que teve uma tuberculose (principalmente
baixar, isso é sinal que está respondendo bem ao os que demoraram a fazer diagnóstico), paciente
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que durante a doença fumava/bebia/não seguiu o tem passagem de ar (não ventila), mas ao retirar a
tratamento direito. Tudo isso atrasa a melhora do secreção/tratar o paciente, o pulmão volta a
paciente deixar sequelas no pulmão do doente. expandir. Diferente da bronquiectasia que é
irreversível. Geralmente, a bronquiectasia é em
A bronquiectasia é uma doença sem cura e severa, brônquios menores que ficam muito tempo sem ar
principalmente nos pacientes que tiveram infecção e acumulando secreção.
de repetição. Imagina o brônquio (o local do
brônquio), que está com grande acúmulo de Pessoas que tem disfunção de leucócitos,
secreção ali dentro por muito tempo, esse material insuficiência de imunoglobulina, ela vai ter sempre
purulento ali dentro do brônquio vai gerar uma infecção. Toda patologia, se tiver recorrência de
colonização de bactérias de forma crônica, as vezes infecção (infecção de repetição) pode levar a
fica ali por meses. bronquiectasia. Então, a fibrose cística por exemplo,
a Síndrome de Kartagener, pneumonia de
Então, nesse local acometido, vai começar a haver a repetição. Tudo isso é fator que leva a infecções de
secreção de proteases (elastase, colagenase). A repetição e pode causar bronquiectasia.
elastase vai destruir a elastina e a colagenase o
colágeno. Logo, vão sendo destruídos os CLASSIFICAÇÕES
componentes do brônquio. Se essa condição for em
todo o pulmão, você tem uma bronquiectasia Nós temos classificações para bronquiectasia. A
diferenciação é baseada na clínica.
extensa, se é um local específico de uma
pneumonia, vai pegar só aquele local ali. Então, A bronquiectasia úmida, geralmente são sequelas
quanto mais tempo aquele material purulento ficar de pneumonia, mais em base, cursa com material
preso ali se perpetuando, maior a destruição do purulento (secreção). Por isso são chamadas de
brônquio (QUE É IRREVERSÍVEL). úmidas, pois é mais difícil de drenar, tem mais
Então, vai haver dilatação e distorção, de todos os material purulento.
componentes do brônquio. O componente elástico Na sequela de ápice, nós vamos relacionar mais a
é destruído, o componente cartilaginoso é tuberculose, que cursa mais com sangramento do
destruído, o componente muscular, e isso leva o que com material purulento.
brônquio a ficar todo distorcido. Por isso, o ar vai
entrar com dificuldade, a secreção vai ter Em termos de anatomopatológico. Nós temos a
dificuldade para sair (o brônquio está tortuoso – cilíndrica a varicosa e a sacular. Então, lá na
isso impacta a secreção lá dentro do pulmão – esse tomografia nós podemos ter a visão sacular, ou
paciente vai ter tosse para o resto da vida). varicosa ou cilíndrica (o brônquio dilata e fica igual
a um tubo).
Os cílios (que estariam fazendo limpeza e
expulsando impurezas) em um caso como esse vão CLÍNICA
estar danificados/destruídos, logo não vai haver
A clínica vai ser de um paciente com quadro crônico.
mais a limpeza das impurezas e secreções.
As de base vão cursar mais com tosse,
CAUSAS expectoração, escarro purulento, sibilância,
cianose, baquetiamento digital, hipóxia.
Podemos ter como causas, as infecções,
principalmente as infecções bacterianas E as de ápice cursam mais com hemoptise, tem mais
(tuberculose, pneumonia), além de doença sangramento.
fúngicas, doenças virais (bronquiolite), aspiração de
Então, esse paciente vai ter que aprender a conviver
corpo estranho (criança aspira, alcoólatra aspira).
com esses sintomas pois é irreversível esse quadro.
A diferença dela para a atelectasia é que na
atelectasia por um momento parte do brônquio não
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DIAGNÓSTICO indicar as medidas gerais (fazer hidratação, parar de


fumar – pode evoluir com câncer, DPOC, Enfisema).
É baseado na clínica, colher uma boa história desse Esse paciente pode melhorar, e do nada piorar de
paciente, indagar bem o passado, histórias de novo, aí volta com medicação e fisioterapia
infecção pulmonar. E complementar com alguns respiratória outra vez, é sempre esse vai e volta.
exames. Pode ser que seja necessário usar antibiótico por 6
O RX de tórax comum pode mostrar apenas meses, isso é variável.
infiltrados, ou em ápice, ou mais alveolares. Logo,
Alguns pacientes que não esboçam melhora clínica
ele mostra pouca coisa que nos ajuda. vão ter a opção cirúrgica, mais para os casos de
Antigamente havia a broncografia, que era um doença localizada, pois aí é possível retirar apenas
exame contrastado, que mostrava a arvore um pedacinho do pulmão. Por exemplo, se tem um
brônquica inteira. Hoje praticamente não é feito, sangramento que não melhora de forma nenhuma,
ficou para a história. se tem uma infecção de repetição que não se
consegue controlar de forma nenhuma, aí nesses
Atualmente, o que é feito é a TC, ela é o exame de casos pode-se indicar.
escolha. Na TC nós vamos ver com mais detalhes as
lesões nesse pulmão, e vamos conseguir comprovar PREVENÇÃO
nosso diagnóstico. A vacina é essencial para a prevenção, pois previne
Na TC as imagens mais vistas são: as infecções e logo previne as bronquiectasias.

1. Imagem em trilho de trem;


2. Sinal da arvore podada;
3. Imagem sacular;
4. Imagem cilíndrica;
5. Sinal em anel de sinete.

TRATAMENTO

Quando ela é localizada, na maior parte das vezes o


tratamento vai ser clínico, nós vamos acompanhar
esse paciente e ele também vai fazer fisioterapia
respiratória. Em casos que o tratamento clínico não
estiver melhorando, aí pode ser indicado o
tratamento cirúrgico.

Quando ela acomete o pulmão inteiro, aí a cirurgia


não consegue resolver, nesse caso só o transplante.

Então, o tratamento é primariamente clínico. Faz


fisioterapia respiratória (manobra para melhorar a
respiração e fazer limpeza brônquica), muita
hidratação para facilitar a saída da secreção. Usa-se
antibiótico de amplo espectro, pode usar
Amoxicilina com Clavulanato, Quinolona (os
antibióticos são feitos constantemente de acordo
com a necessidade), pode ser feito mucolítico, os
bronquiodilatadores pode ajudar a melhorar tanto
a respiração quanto a expectoração do muco, e

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