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TEORIA GERAL DO PROCESSO

Me. Handerson Reinaldo Araújo


ASPECTOS INTRODUTÓRIOS
 O homem nasce com a tendência de viver em
sociedade;
 As necessidades, os interesses, as pretensões e os
conflitos humanos são inerentes a toda forma de
agrupamento social;
 A necessidade representa a carência de algo ou o
desequilíbrio biológico ou psíquico;
 “Se o homem é um ser dependente, podemos concluir
que a necessidade é uma relação de dependência do
homem para com algum elemento” (ALVIM, 2015, p.
21).
ASPECTOS INTRODUTÓRIOS
 Desse modo, o bem ou bem da vida emerge para
satisfazer a necessidade humana;
 Bem ou bem da vida é o elemento capaz de satisfazer
as necessidades humanas;
 Atrelado à ideia de bem, surge o conceito de
utilidade;
 Utilidade é a característica atribuída ao bem que
possui idoneidade para satisfazer as necessidades
humanas;
ASPECTOS INTRODUTÓRIOS

SERES HUMANOS BENS


NECESSIDADES UTILIDADES

 A necessidade e a utilidade despertam o interesse;


 O interesse é o juízo formulado pelo sujeito a partir
da tríplice representação: bem, necessidade e aptidão
para satisfazer essa necessidade;
ASPECTOS INTRODUTÓRIOS

SUJEITO DO OBJETO DO
INTERESSE: INTERESSE:
HOMEM BEM

 O interesse pode ser mediato ou imediato;


 Interesse mediato: ocorre quando o sujeito, para a
satisfação de uma determinada necessidade, precisa
realizar uma ação intermediária;
 Interesse imediato: ocorre quando o sujeito, para a
satisfação de uma determinada necessidade, não
precisa realizar uma ação intermediária;
ASPECTOS INTRODUTÓRIOS
 O interesse pode ser individual ou coletivo;
 Interesse individual: ocorre quando a satisfação da
necessidade pode determinar-se em relação a um
indivíduo, isoladamente;
 Interesse coletivo: ocorre quando a satisfação da
necessidade determina-se em relação a vários
indivíduos, considerados em conjunto;
 O interesse também pode ser primário ou
secundário;
 Interesse primário: ocorre quando o juízo de
utilidade recai sobre o bem em si mesmo apto a
satisfazer diretamente a necessidade;
ASPECTOS INTRODUTÓRIOS
 Interesse secundário: ocorre quando o bem é
estimado indiretamente como meio para a consecução
de outro bem que satisfaça à necessidade;

INTERESSE INTERESSE
INDIVIDUAL INDIVIDUAL

CONFLITO DE
INTERESSES
ASPECTOS INTRODUTÓRIOS

INTERESSE INTERESSE
INDIVIDUAL COLETIVO

CONFLITO DE
INTERESSES
ASPECTOS INTRODUTÓRIOS

INTERESSE INTERESSE
COLETIVO COLETIVO

CONFLITO DE
INTERESSES
ASPECTOS INTRODUTÓRIOS
 O conflito de interesses pode ser de ordem
quantitativa ou qualitativa;
 Quantitativa: tem relação com a escassez dos bens,
que são limitados;
 Qualitativo: tem relação com a característica da
relação estabelecida entre os litigantes;
 Ex.: pagamento de uma certa quantia que representa
um sacrifício para o devedor, embora seja direito do
credor recebê-la;
ASPECTOS INTRODUTÓRIOS
 A pretensão surge exatamente do conflito de
interesses;
 A pretensão pode ser caracterizada como sendo a
exigência de subordinação do interesse de um ao
interesse do outro litigante;
 A ideia de pretensão não está atrelada ao direito e com
ele não se confunde;
 Pode haver direito sem pretensão e pretensão sem
direito;
 Desse modo, a pretensão pode ser fundada (tem
fundamento no Direito) ou infundada (não tem
fundamento no Direito);
ASPECTOS INTRODUTÓRIOS
 Quando o sujeito cujo interesse deveria ser
subordinado não concorda com essa subordinação, ele
opõe uma resistência à pretensão;
 Quando o titular do direito oposto decide pela
subordinação, a pretensão é suficiente para a
resolução pacífica do conflito;
 Por outro lado, se o sujeito titular do direito oposto
oferece resistência, o conflito assume as feições de
um litígio;
 A lide é caracterizada exatamente como um conflito
de interesses provocado por uma pretensão resistida;
ASPECTOS INTRODUTÓRIOS
 A lide, portanto, é formada por um elemento material
(conflito de interesses) e por elementos formais
(pretensão e resistência);
 Surgindo o conflito entre dois interesses contrapostos,
as próprias partes poderão solucioná-lo (solução
parcial do conflito) ou um terceiro poderá solucioná-
lo através de uma decisão imperativa (solução
imparcial do conflito);
 Formas parciais: autodefesa e autocomposição;
 Forma imparcial: processo;
ASPECTOS INTRODUTÓRIOS
 Autodefesa – é a defesa que alguém faz de si mesmo
e do seu direito, utilizando-se dos próprios meios.
Impera a lei do mais forte (força bruta);
 Autocomposição – solução do litígio por obra dos
próprios litigantes. Trata-se de uma solução altruísta,
baseada no bom senso e na razão;
 Formas de autocomposição: a) renúncia ou
desistência; b) submissão ou reconhecimento; e c)
transação;
 OBS: a renúncia ou desistência e a submissão ou
reconhecimento são unilaterais. A transação é
bilateral;
ASPECTOS INTRODUTÓRIOS
 A autocomposição pressupõe direitos disponíveis;
 Processo – a solução do conflito é confiada a uma
terceira pessoa imparcial, desinteressada da disputa
entre os contendores. É baseado na argumentação. A
decisão proferida no processo substitui a vontade das
partes (heterocomposição);
 Para Alvim (2015, p. 29), “o processo é o instrumento
de que se serve o Estado para, no exercício da função
jurisdicional, resolver os conflitos de interesses,
solucionando-os”;
ASPECTOS INTRODUTÓRIOS
 Sob a perspectiva do processo judicial, destacam-se as
tutelas jurisdicionais ordinárias, as tutelas
jurisdicionais diferenciadas e as tutelas
jurisdicionais coletivas;
 Tutela jurisdicional ordinária – procedimento
comum;
 Tutela jurisdicional diferenciada – procedimento
sumário;
 Tutela jurisdicional coletiva – conflitos
meta/transindividuais relacionados com direitos ou
interesses de relevância para classes, categorias ou
grupos de pessoas;
ASPECTOS INTRODUTÓRIOS
 Na conjuntura atual, destacam-se os meios
alternativos de resolução de conflitos;
 Trata-se de autocomposição para a solução do
conflito por ato das próprias partes envolvidas no
litígio (conciliação e mediação);
 Além da autocomposição como meio alternativo de
resolução de conflitos, ganha relevo a arbitragem
(heterocomposição) – Lei nº 9.307, de 23 de
setembro de 1996 (lei que dispõe sobre a arbitragem);
 OBS: A negociação, a mediação, a conciliação e a
arbitragem pressupõem direitos disponíveis ou
relativamente indisponíveis;
ASPECTOS INTRODUTÓRIOS
 No processo, a lide é resolvida por um terceiro
sujeito: o juiz. Investido de jurisdição, imparcial e
equidistante dos interesses das partes;
 O processo é formado por um conjunto de atos
coordenados entre si e ligados uns aos outros para se
obter a justa composição da lide;
JUIZ

AUTOR RÉU
ASPECTOS INTRODUTÓRIOS
 A relação entre o processo e o direito objetivo;
 Há uma nítida cisão entre o processo e o direito
objetivo ou não?
 a) Para parte da doutrina, o processo é um método de
atuação do direito objetivo, em nada contribuindo
para enriquecer o ordenamento jurídico;
 O ordenamento jurídico se divide em direito material
e direito processual;
 Teoria dualista do ordenamento jurídico;
ASPECTOS INTRODUTÓRIOS
 Para outra parte da doutrina, o processo é um método
de complementação do direito objetivo, acrescentando
algo por meio da sentença;
 Considera o direito objetivo incapaz de disciplinar
todos os conflitos de interesses;
 Não há uma nítida cisão entre o direito material e o
direito processual, de tal modo que o processo
participa da criação de direitos subjetivos e
obrigações;
 Teoria unitária do ordenamento jurídico;
ASPECTOS INTRODUTÓRIOS
 Escopos do processo;
 a) Escopo objetivista – considera a perspectiva do
Estado – o escopo do processo é a atuação do direito
positivo ou da lei;
 b) Escopo subjetivista – considera a perspectiva das
partes – o escopo do processo é a tutela dos direitos
subjetivos;
 c) Escopo subjetivo-objetivista ou misto – não
existe um real contraste de substância entre o direito
subjetivo e o direito objetivo;
ASPECTOS INTRODUTÓRIOS
 Evolução da doutrina processual:
 1) Primitivismo – ausência de autênticas exposições
processuais;
 2) Judicialismo – dedicou-se ao estudo e
desenvolvimento dos institutos processuais;
 3) Praxismo – o processo enquanto práxis (modo de
se proceder em juízo);
 4) Procedimentalismo – o processo passa a ter na lei a
sua regulamentação;
 5) Processualismo científico – estudo reflexivo dos
institutos do processo (sistema de princípios);
ASPECTOS INTRODUTÓRIOS
 Evolução da doutrina processual no Brasil:
 Continuidade da legislação lusa – decreto de 20 de
outubro de 1823;
 O Brasil herda de Portugal as normas processuais
previstas nas Ordenações Filipinas;
 Livro III das Ordenações Filipinas – processo civil
disciplinado pelo princípio dispositivo e movimentado
apenas pelas partes;
 Livro V das Ordenações Filipinas – disciplinava o
processo criminal, prescrevendo tortura, mutilações,
marcas de fogo, açoites;
ASPECTOS INTRODUTÓRIOS
 Código criminal do império – decreto de 16 de
dezembro de 1830;
 Adotou o sistema misto ou eclético no âmbito da
persecução penal – inquisitório (francês) e acusatório
(inglês);
 Governo Republicano – decreto nº 848, de 11 de
outubro de 1890, instituiu e organizou a Justiça
Federal;
 A Constituição de 1891 manteve a Justiça Federal e a
Justiça Estadual;
 Estabeleceu a competência da União e dos Estados
para legislar em matéria processual;
ASPECTOS INTRODUTÓRIOS
 Com a Constituição de 1934, a União passou a ter a
competência exclusiva para legislar em matéria
processual;
 Decreto-lei nº 1.608, de 18 de setembro de 1939 –
Código de Processo Civil – multiplicação de
procedimentos especiais;
 Decreto-lei nº 3.869, de 3 de outubro de 1941 –
Código de Processo Penal;
 Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de
Processo Civil;
 Lei nº 13.105, de 16 de Março de 2015 – Código de
Processo Civil;
ASPECTOS INTRODUTÓRIOS
 Com a Constituição da República de 1988:
 1) Competência privativa da União para legislar
sobre direito processual (art. 22, I, CRFB/88);
 2) Competência concorrente entre a União, os
Estados e o DF para legislar sobre procedimento em
matéria processual (art. 24, XI, CRFB/88);
 3) Competência concorrente entre a União, os
Estados e o DF para a criação, o funcionamento e o
processo do juizado de pequenas causas (art. 24, X,
CRFB/88);
ASPECTOS INTRODUTÓRIOS
 4) Organização judiciária da União – competência
privativa da União (art. 22, XVII, CRFB/88);
 A inciativa cabe ao Congresso Nacional (art. 48, IX,
CRFB/88);
 5) Organização judiciária dos Estados e do DF –
competência privativa dos Estados e do DF quanto
aos órgãos que lhes são vinculados;
 A iniciativa cabe ao Tribunal de Justiça (art. 125, §1º,
CRFB/88);
 6) Elaboração dos regimentos internos –
competência privativa dos Tribunais (art. 96, I, “a”,
CRFB/88);
ASPECTOS INTRODUTÓRIOS
 Autonomia e publicização do direito processual:
 O processo era considerado um mero compartimento
do direito privado;
 A partir da segunda metade do século XIX, o direito
processual assume a posição de disciplina autônoma
da ciência do Direito por possuir objeto e princípios
próprios;
 O processo, que era concebido por parte da doutrina
sob vestes privatistas (contrato ou quase contrato),
passa a ser explicado na sua feição publicista
(autonomia do processo);
ASPECTOS INTRODUTÓRIOS
 Unitarismo e dualismo na ciência do processo:
 Haveria apenas uma ciência do direito processual ou
duas ciências do direito processual compostas pelo
direito processual civil e pelo direito processual
penal?
 a) Teoria unitária: sustenta a unidade da ciência
processual (Carnelutti);
 b) Teoria dualista: defende a dualidade da ciência
processual composta pelo direito processual civil e
pelo direito processual penal (Manzini);
ASPECTOS INTRODUTÓRIOS
 A disciplina de Teoria Geral do Processo surge da
perspectiva unitária da ciência processual;
 A Teoria Geral do Processo tem por objeto os
conceitos básicos do direito processual, da
organização judiciária, da jurisdição, da ação, do
processo, dos procedimentos, dos atos processuais etc;
 Objeto de estudo da Teoria Geral do Processo:
Jurisdição, Ação e Processo (estrutura fundamental);
 Jurisdição – exercida pelo Estado-juiz;
ASPECTOS INTRODUTÓRIOS
 Ação – direito do autor de provocar o exercício da
jurisdição e a defesa é o direito do réu de se opor à
pretensão do autor;
 Processo – instrumento por meio do qual o Estado-
juiz exerce a jurisdição;
 Cintra, Dinamarco e Grinover (2015, p. 30) destacam
duas premissas metodológicas:
 1) Tutela constitucional do processo;
 2) A instrumentalidade do processo;
PODER JUDICIÁRIO
 Organização do Poder Judiciário:
 O Poder Judiciário é um dos poderes da República
Federativa do Brasil (art. 2, CRFB/88) com a função
precípua de aplicar a lei e dirimir os conflitos;
 Essas funções são exercidas pelos órgãos judiciais,
jurisdicionais ou judicantes;
 Como decorre da própria ideia de soberania estatal,
compete à Constituição da República determinar quais
são os órgãos integrantes do Poder Judiciário (art. 92,
CRFB/88);
PODER JUDICIÁRIO
 Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:
 I - o Supremo Tribunal Federal;
 I-A o Conselho Nacional de Justiça;
 II - o Superior Tribunal de Justiça;
 II-A - o Tribunal Superior do Trabalho;
 III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes
Federais;
 IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho;
 V - os Tribunais e Juízes Eleitorais;
 VI - os Tribunais e Juízes Militares;
 VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do
Distrito Federal e Territórios.
PODER JUDICIÁRIO
 A Justiça Federal de primeira instância é disciplinada
pela Lei de Organização Judiciária Federal (Lei n.
5.010/66);
 Cada unidade federada, assim como o Distrito
Federal, tem sua própria lei de organização judiciária,
denominada também Código de Organização
Judiciária ou Código Judiciário;
 Lei de Organização Judiciária do Estado do Piauí -
Lei Ordinária n° 3.716, de 12 de dezembro de
1979;
PODER JUDICIÁRIO
 O território do País, para fins de exercício da
jurisdição, é dividido em territórios menores que:
 a) na justiça estadual, são denominados
“comarcas”;
 b) na justiça federal são as “seções e subseções
judiciárias”; e
 c) na justiça do Distrito Federal, são as
“circunscrições judiciárias”.
PODER JUDICIÁRIO
 As comarcas são classificadas, em alguns Estados
federados, em comarca de primeira, de segunda, de
terceira e até de quarta entrância, conforme a sua
população, movimento forense (número de
processos), receita tributária etc., e de entrância
especial (da capital do Estado);
 Contudo, pode haver a opção pela classificação em
comarca “inicial”, “intermediária” e “final” e comarca
da Capital;
 OBS: Não há hierarquia entre as entrâncias;
PODER JUDICIÁRIO
 Na justiça do trabalho, o território é dividido por
“regiões”, correspondendo geralmente a cada Estado
uma Região;
 Na justiça militar, o território nacional é dividido em
“circunscrições judiciárias militares”, correspondendo
a cada circunscrição uma “auditoria”;
 Na justiça eleitoral, na inferior instância, segue o
mesmo modelo da justiça estadual, atuando em cada
comarca os juízos e as juntas eleitorais;
PODER JUDICIÁRIO
 Comarca – a comarca corresponde ao território em
que o juiz de primeiro grau irá exercer sua jurisdição,
podendo abranger um ou mais municípios;
 Vara – a vara judiciária é o local ou repartição que
corresponde a lotação de um juiz, onde o magistrado
efetua suas atividades;
 Fórum – espaço físico onde funcionam os órgãos do
Poder Judiciário;
 Instância – o termo “instância” corresponde ao grau
de jurisdição;
PODER JUDICIÁRIO
 Juízo – nome técnico que tem o órgão julgador, como
célula do Poder Judiciário, identificado também como
“vara”;
 Juiz – é a pessoa física que se posta dentro do juízo,
para decidir, podendo um juízo (ou vara) ter um único
ou mais de um juiz;
PODER JUDICIÁRIO
 Critérios para o ingresso na magistratura:
 a) Nomeação pelo Poder Executivo com a aprovação
do Poder Legislativo;
 Ex.: STF (art. 101, parágrafo único, CRFB/88);
 b) Nomeação pelo Poder Executivo por indicação do
Judiciário;
 Ex.: TRF (art. 107, caput, incisos I e II, CRFB/88);
 c) Nomeação pelo Poder Executivo, por indicação do
Judiciário, com aprovação do Legislativo;
 Ex.: STJ (art. 104, parágrafo único e incisos I e II,
CRFB/88);
PODER JUDICIÁRIO
 d) Nomeação pelo Poder Executivo, por indicação de
órgãos representativos dos advogados e do Ministério
Público, com a participação do Judiciário e do
Legislativo;
 Ex.: TST (art. 111-A, caput e inciso I, CRFB/88);
 e) Concurso público;
 Ex.: Juiz de direito (art. 93, I, CRFB/88);
PODER JUDICIÁRIO
 Independência política: liberdade para julgar. O juiz
não pode ser responsabilizado por erros nas decisões e
sentenças que profere, salvo se proceder com dolo ou
culpa;
 Independência jurídica: o juiz a ninguém se
subordina, senão à própria lei;
PODER JUDICIÁRIO
 Garantias da magistratura:
 a) Vitaliciedade: que, no primeiro grau, só será
adquirida após dois anos de exercício, dependendo a
perda do cargo, nesse período, de deliberação do
tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais
casos, de sentença judicial transitada em julgado;
 b) Inamovibilidade: salvo por motivo de interesse
público;
 c) Irredutibilidade de subsídio;
PODER JUDICIÁRIO
 Precedente: é a decisão judicial de um caso concreto,
que pode servir como exemplo para outros
julgamentos similares;
 Jurisprudência: é o conjunto das decisões,
aplicações e interpretações das leis. A jurisprudência
pode ser entendida de três formas:
 1) decisão isolada de um Tribunal sobre a qual não
caiba mais recursos;
 2) um conjunto de decisões reiteradas dos Tribunais; e
 3) Súmulas, ou seja, orientação dos Tribunais para que
seja adotado um entendimento dominante;
PODER JUDICIÁRIO
 Súmulas de jurisprudência: são as orientações
resultantes de um conjunto de decisões proferidas com
mesmo entendimento sobre determinada matéria;
 Conforme o texto do artigo 926 do Código de
Processo Civil, os Tribunais têm o dever de
uniformizar sua jurisprudência, por meio da edição de
enunciados de súmulas;
PODER JUDICIÁRIO
 Súmula Vinculante: aprovada pelo Supremo
Tribunal Federal, de ofício ou por provocação,
mediante decisão de dois terços dos seus membros,
após reiteradas decisões sobre matéria constitucional.
A partir de sua publicação na imprensa oficial, terá
efeito vinculante em relação aos demais órgãos do
Poder Judiciário e à administração pública direta e
indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem
como proceder à sua revisão ou cancelamento, na
forma estabelecida em lei (art. 103-A, CRFB/88);
PODER JUDICIÁRIO
 A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação
e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais
haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou
entre esses e a administração pública que acarrete
grave insegurança jurídica e relevante multiplicação
de processos sobre questão idêntica;
 A aprovação, revisão ou cancelamento de súmula
poderá ser provocada por aqueles que podem propor a
ação direta de inconstitucionalidade previstos no art.
103 da CRFB/88;
PODER JUDICIÁRIO
 Do ato administrativo ou decisão judicial que
contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a
aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal
Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato
administrativo ou cassará a decisão judicial
reclamada, e determinará que outra seja proferida com
ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso;
AUXILIARES DA JUSTIÇA
 São todos aqueles que auxiliam o Poder Judiciário,
colaborando com este para tornar possível a prestação
jurisdicional;
 Classificação:
 a) Órgãos auxiliares permanentes: são os
serventuários e funcionários judiciais, investidos no
cargo de acordo com a lei e atuam permanentemente;
 Ex.: Oficial de justiça, analista judicial;
 b) Órgãos de encargo judicial: pessoas que exercem,
eventualmente, determinado encargo no processo;
 Ex.: Perito;
AUXILIARES DA JUSTIÇA
 c) Órgãos auxiliares extravagantes: são órgãos não
judiciários ou entidades estranhas à administração da
Justiça que, no exercício de suas próprias atividades,
colaboram com o juiz na prestação jurisdicional;
 Ex.: Correios;
ÓRGÃOS DO FORO
EXTRAJUDICIAL
 Não se incluem entre os órgãos auxiliares da
justiça;
 Estão subordinados administrativamente ao Poder
Judiciário, que exerce a fiscalização de suas
atividades;
 Participam da formação, documentação e publicização
dos atos jurídicos privados, atribuindo fé pública;
 Ex.: Cartório de registro público;
MINISTÉRIO PÚBLICO
 O Ministério Público é instituição permanente,
essencial à função jurisdicional do Estado,
incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do
regime democrático e dos interesses sociais e
individuais indisponíveis (art. 127, CRFB/88);
 São princípios institucionais do Ministério Público:
a unidade, a indivisibilidade e a independência
funcional (§1º do art. 127, CRFB/88);
 Possui autonomia funcional e administrativa, tendo
competência para elaborar sua proposta orçamentária;
MINISTÉRIO PÚBLICO
MPF
MPU MPT
MPM

MPDFT

 O Chefe do MPU é o Procurador-Geral da República;


MINISTÉRIO PÚBLICO
 É nomeado pelo Presidente da República dentre
integrantes da carreira e maiores de 35 anos;
 Aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal;
 Mandato de 2 anos, permitida recondução;
MINISTÉRIO PÚBLICO
MPE
 Os Ministérios Públicos dos Estados e o do Distrito
Federal e Territórios formarão lista tríplice dentre
integrantes da carreira, na forma da lei respectiva,
para escolha de seu Procurador-Geral;
 É nomeado pelo Chefe do Poder Executivo;
 Mandato de 2 anos, permitida uma recondução;
MINISTÉRIO PÚBLICO
 Garantias dos membros do Ministério Público:
 a) Vitaliciedade: após dois anos de exercício, não
podendo perder o cargo senão por sentença judicial
transitada em julgado;
 b) Inamovibilidade: salvo por motivo de interesse
público, mediante decisão do órgão colegiado
competente do Ministério Público, por voto de dois
terços de seus membros, assegurada ampla defesa;
 c) Irredutibilidade de subsídio;
MINISTÉRIO PÚBLICO
 Funções do Ministério Público:
 Atua como parte no processo ou como fiscal da lei
(custos legis);
 No âmbito penal, a função do Ministério Público é
geralmente de parte, devendo promover,
privativamente, a ação penal pública. Também atua
como fiscal da lei quando zela pela indivisibilidade da
ação penal privada;
 No âmbito civil, o Ministério Público atua como parte
na defesa dos interesses públicos (ACP). Também
atua como fiscal da lei nos processos em que se
discute sobre interesses de incapazes;
ADVOCACIA PÚBLICA
 A Advocacia-Geral da União é a instituição que
representa a União, judicial e extrajudicialmente;
 Presta atividades de consultoria e assessoramento
jurídico do Poder Executivo (art. 131, CRFB/88);
 Tem por chefe o Advogado-Geral da União, de livre
nomeação pelo Presidente da República dentre
cidadãos maiores de trinta e cinco anos, de notável
saber jurídico e reputação ilibada;
 Na execução da dívida ativa de natureza tributária,
a representação da União cabe à Procuradoria-Geral
da Fazenda Nacional;
ADVOCACIA PÚBLICA
 Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal,
organizados em carreira, exercerão a representação
judicial e a consultoria jurídica das respectivas
unidades federadas (art. 132, CRFB/88);
 Aos procuradores é assegurada estabilidade após três
anos de efetivo exercício, mediante avaliação de
desempenho perante os órgãos próprios, após relatório
circunstanciado das corregedorias;
ADVOCACIA
 O Advogado é indispensável à administração da
justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações
no exercício da profissão, nos limites da lei (art. 133,
CRFB/88);
 Para exercer a advocacia, é obrigatória a inscrição nos
quadros da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB);
DEFENSORIA PÚBLICA
 A Defensoria Pública é instituição permanente,
essencial à função jurisdicional do Estado,
incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do
regime democrático, fundamentalmente:
 a) a orientação jurídica, a promoção dos direitos
humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e
extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de
forma integral e gratuita, aos necessitados (art. 134,
CRFB/88);
 É assegurada a garantia da inamovibilidade;
DEFENSORIA PÚBLICA
 É vedado o exercício da advocacia fora das
atribuições institucionais;
 Possui autonomia funcional e administrativa e a
iniciativa de sua proposta orçamentária;
 São princípios institucionais da Defensoria Pública:
a unidade, a indivisibilidade e a independência
funcional;
 Defensoria Pública da União: atua perante a Justiça
Federal, Justiça do Trabalho, Justiça Eleitoral,
instâncias adm. da União;
 Defensoria Pública do Estado: atua perante os
Tribunais de Justiça, instâncias adm. do Estado;
FONTES DO DIREITO
PROCESSUAL
 As fontes podem ser materiais e formais:
 Fonte material: relaciona-se com os fatores sociais,
políticos, históricos, culturais e econômicos que
influenciam na criação da norma jurídica;
 Fonte formal: é o meio pelo qual a norma se revela à
sociedade. A fonte formal primária e imediata do
Direito é a lei;
 Segundo Fux (2016, p. 9), a Constituição da
República de 1988 é a fonte das fontes, pois ela
dispõe sobre a competência da União para legislar em
matéria de direito processual (art. 22, I, CRFB/88);
FONTES DO DIREITO
PROCESSUAL
 Constituição e Tratados Internacionais;
 Acesso à justiça (art. 5º, XXXV, CRFB/88);
 Devido Processo Legal (art. 5º, LIV, CRFB/88);
 O Código de Processo Civil traz previsão expressa
sobre as disposições específicas previstas em tratados,
convenções ou acordos internacionais de que o Brasil
seja parte (art. 13).
FONTES DO DIREITO
PROCESSUAL
 Outras fontes formais secundárias do Direito:
 Os Princípios Gerais do Direito (mandamentos de
otimização);
 A Doutrina (mediata e indireta);
 A Analogia;
 Os Costumes (imediata e direta); e
 A Jurisprudência (mediata e indireta);
 Servem para auxiliar o julgador nas hipóteses de
omissões legislativas (art. 140, CPC);
A LEI PROCESSUAL NO TEMPO
 A lei está sujeita a um princípio e a um fim;
 Não sendo temporária (casos em que o prazo de
vigência consta da própria lei), os diplomas legais de
natureza processual sujeitam-se ao disposto no art. 2º
da Lei de Introdução, conservando-se em vigor até
que outra lei os modifique ou os revogue;
 A lei processual respeita o direito adquirido, o ato
jurídico perfeito e a coisa julgada (art. 5º, XXXVI,
CRFB/88);
A LEI PROCESSUAL NO TEMPO
 A lei processual possui efeito imediato sobre os atos
pendentes, mas não são retroativas (art. 14, CPC);
 Tempus regit actum (o tempo rege o ato);
 Quanto à aplicação da lei processual no tempo:
 a) processos exauridos: nenhuma influência sofrem;
 b) processos pendentes: são atingidos, mas respeita-
se o efeito dos atos já praticados;
 c) processos futuros: seguem totalmente a lei nova.
A LEI PROCESSUAL NO TEMPO
 Teoria do isolamento dos atos processuais – a nova
lei processual será aplicada imediatamente aos
processos em curso (adotada pelo Direito
brasileiro);
 Teoria das fases processuais – o processo é dividido
em fases: 1ª) Postulatória; 2º) Saneadora; 3º)
Instrutória; e 4º) Decisória. Desse modo, a lei
processual nova deve respeitar o término da fase em
que o processo se encontra;
 Teoria da unidade processual – o processo deve ser
considerado em sua unidade. A lei processual nova
não alcança os processos em curso, alcança apenas os
processos iniciados após a sua entrada em vigor;
A LEI PROCESSUAL NO ESPAÇO
 Aplica-se o princípio da territorialidade;
 “A jurisdição civil será regida pelas normas
processuais brasileiras, ressalvadas as disposições
específicas previstas em tratados, convenções ou
acordos internacionais de que o Brasil seja parte” (art.
13, CPC);
 Somente com relação às provas, seus meios e ônus de
produção, é que prevalecerá a lei estrangeira, não
admitindo os tribunais brasileiros provas que a lei
brasileira desconheça (art. 13, LINDB);
INTERPRETAÇÃO DAS LEIS
PROCESSUAIS
 As leis processuais não podem ser um obstáculo que
frustre o direito material da parte;
 O juiz deve considerar válido o ato que atinge a sua
finalidade, mesmo que tenha sido realizado de outro
modo que não aquele previsto em lei (art. 277, CPC);
 Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá
aos fins sociais e às exigências do bem comum (art.
8, CPC);
 O juiz deve buscar o perfeito equilíbrio entre a
observância à forma e o alcance da finalidade
(conteúdo) do ato previsto pela lei;
INTERPRETAÇÃO DAS LEIS
PROCESSUAIS

CONTEÚDO

INTERPRETAÇÃO ALCANCE

SENTIDO
INTERPRETAÇÃO DAS LEIS
PROCESSUAIS
 Quanto aos métodos empregados:
 a) Método Gramatical/Literal: descoberta do
sentido literal das palavras e das frases escritas no
dispositivo;
 b) Método Lógico: análise da compatibilidade entre
diferentes dispositivos;
 c) Método Histórico: o resultado da interpretação
depende da análise das causas que determinaram a
criação do dispositivo;
INTERPRETAÇÃO DAS LEIS
PROCESSUAIS
 d) Método Sistemático: leva em consideração o
conjunto normativo. O método sistemático de
interpretação utiliza três critérios, que são:
 1) Especialidade: norma especial prevalece sobre a
norma geral;
 2) Hierarquia: norma hierarquicamente superior
prevalece sobre a inferior;
 3) Cronologia: as normas de igual ou superior espécie
que sejam mais recentes revogam, tacitamente, no
todo ou em parte, as normas anteriores que com elas
forem incompatíveis (art. 2, § 1º, LINDB);
INTERPRETAÇÃO DAS LEIS
PROCESSUAIS
 e) Método Teleológico/Sociológico: o resultado da
interpretação depende da observância da finalidade
que o legislador visou no momento da criação da
norma;
PRINCÍPIOS E NORMAS
FUNDAMENTAIS DO PROCESSO
 Os princípios servem como diretrizes gerais para o
ordenamento jurídico;
 Podem ter hierarquia constitucional ou
infraconstitucional;
 Os princípios possuem função interpretativa,
integrativa e normativa;
 a) Função Interpretativa: o princípio ajuda o
operador do Direito a escolher a interpretação mais
adequada de determinada norma;
 b) Função Integrativa: o princípio pode ser utilizado
para suprir lacuna de norma do CPC;
PRINCÍPIOS E NORMAS
FUNDAMENTAIS DO PROCESSO
 1) Lacuna normativa: não existe norma aplicável ao
caso concreto;
 2) Lacuna ontológica: quando a norma sofre um
envelhecimento diante da evolução social;
 3) Lacuna axiológica: existe a norma, mas ela se
tornou injusta frente aos novos valores
compartilhados socialmente;
 c) Função Normativa: o princípio tem força
normativa, é imperativo;
PRINCÍPIOS E NORMAS
FUNDAMENTAIS DO PROCESSO
 O fenômeno do neoconstitucionalismo e do
neoprocessualismo;
 O processo civil deve consagrar a aplicação dos
direitos fundamentais e a força normativa da
Constituição;
 Características do neoconstitucionalismo
(DONIZETTI, 2017, p. 64):
 a) Normatividade da Constituição: as normas
constitucionais possuem força normativa e obrigam o
Poder público;
 b) Superioridade da Constituição: superioridade
material;
PRINCÍPIOS E NORMAS
FUNDAMENTAIS DO PROCESSO
 c) Centralidade da Constituição: a Constituição está
no centro do ordenamento jurídico;
 d) Ubiquidade da Constituição: onipresença da
Constituição em todos os ramos do Direito;
 e) Ampliação da jurisdição constitucional: a
legislação deve ser interpretada de acordo com a
Constituição;
 f) Ciência independente que interpreta o Direito
Constitucional: Hermenêutica constitucional. Busca
situar a Constituição e extrair os valores por ela
consagrados;
PRINCÍPIOS E NORMAS
FUNDAMENTAIS DO PROCESSO
 Neoprocessualismo (DONIZETTI, 2017, p. 66)
 Ocorre a constitucionalização do processo, dos
direitos e garantias processuais;
 O processo passa a ser visto como um meio à
disposição do Estado para a realização da justiça;
 Tem-se a predominância do interesse público sobre o
privado;
PRINCÍPIOS E NORMAS
FUNDAMENTAIS DO PROCESSO
 1) PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL
 Previsto no art. 5º, LIV, da Constituição da República
de 1988;
 Devido processo legal formal: o processo e o
julgamento segundo as normas previamente
estabelecidas – normas editadas a partir de um devido
processo legislativo;
 Devido processo legal substantivo ou material
(substantive due process of law): exige a garantia de
direitos mínimos a partir de normas razoáveis,
adequadas e proporcionais;
PRINCÍPIOS E NORMAS
FUNDAMENTAIS DO PROCESSO
 2) PRINCÍPIO DO ACESSO À JUSTIÇA OU DA
INAFASTABILIDADE DA JURISDIÇÃO
 Previsto no art. 5º, XXXV, da Constituição da
República de 1988 e no art. 3 do Código de Processo
Civil;
 O Estado não pode delegar o exercício da função
jurisdicional;
 Não basta o acesso ao Poder Judiciário, é necessária
a efetiva e justa entrega da prestação jurisdicional;
PRINCÍPIOS E NORMAS
FUNDAMENTAIS DO PROCESSO
 3) PRINCÍPIO DA RAZOÁVEL DURAÇÃO DO
PROCESSO E DA PRIMAZIA DO JULGAMENTO
DE MÉRITO
 Previsto no art. 5º, LXXVIII, da Constituição da
República de 1988 e no art. 4 do Código de Processo
Civil;
 Deve-se entregar a decisão de mérito e a atividade
satisfativa em tempo razoável;
 O juiz deve priorizar o julgamento de mérito,
evitando a extinção do processo sem resolução de
mérito em virtude de erros sanáveis;
PRINCÍPIOS E NORMAS
FUNDAMENTAIS DO PROCESSO
 4) PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO
 Previsto no art. 5º, LV, da Constituição da República
de 1988 e nos arts. 7, 9 e 10 do Código de Processo
Civil;
 Duplo aspecto do contraditório: direito de ter ciência
sobre os atos processuais (aspecto formal) e de
participar efetivamente da formação do
convencimento do magistrado (aspecto material);
PRINCÍPIOS E NORMAS
FUNDAMENTAIS DO PROCESSO
 Em regra, todas as decisões no âmbito do processo só
serão proferidas após a parte afetada ser ouvida;
 Exceções: Tutelas provisórias de urgência e de
evidência – contraditório diferido (postergado) –
inaudita altera pars (sem oitiva da parte contrária);
PRINCÍPIOS E NORMAS
FUNDAMENTAIS DO PROCESSO
 5) PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA
 Previsto no art. 5º, LV, da Constituição da República
de 1988;
 É assegurada a ampla defesa com os meios e recursos
a ela inerentes;
 O litigante, em processo judicial ou administrativo,
pode utilizar de todos os meios de defesa previstos em
lei;
 Divide-se em: defesa técnica (realizada por
profissional habilitado – advogado) e autodefesa
(direito de se manifestar – audiência);
PRINCÍPIOS E NORMAS
FUNDAMENTAIS DO PROCESSO
 6) PRINCÍPIO DA ISONOMIA
 Previsto no art. 5º, caput, da Constituição da
República de 1988 e no art. 7 do Código de Processo
Civil;
 Divide-se em: igualdade formal (igualdade de
tratamento rigorosa e cega, não faz qualquer
distinção) e igualdade material/isonomia (igualdade
na medida das desigualdades);
PRINCÍPIOS E NORMAS
FUNDAMENTAIS DO PROCESSO
 7) PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL
 Previsto no art. 5º, LIII e XXXVII, da Constituição da
República de 1988;
 O juiz competente para processar e julgar uma ação é
aquele determinado pela lei e pela Constituição da
República, de acordo com regras de competência
definidas em razão da matéria, do lugar, da função, da
pessoa e do valor;
 Não é possível que as partes escolham,
aleatoriamente, o órgão jurisdicional que apreciará a
causa;
 OBS: cláusula de eleição de foro;
PRINCÍPIOS E NORMAS
FUNDAMENTAIS DO PROCESSO
 As competências em razão do lugar (território) e
do valor: a) podem ser flexibilizadas; b) são
chamadas de competências relativas; c) são
prorrogáreis; e d) a incorreção não poderá ser
reconhecida de ofício pelo juiz, podendo a parte
prejudicada alegá-la em momento oportuno;
 As competências definidas em razão da matéria, da
função e da pessoa: a) são inflexíveis; b) são
chamadas de competências absolutas; c) são
improrrogáveis; e d) a incorreção poderá ser
reconhecida de ofício pelo juiz e as partes poderão
suscitá-la a qualquer tempo e em qualquer grau de
jurisdição;
PRINCÍPIOS E NORMAS
FUNDAMENTAIS DO PROCESSO
 OBS: Princípio do Promotor natural;
 OBS: Princípio do Defensor público natural;
PRINCÍPIOS E NORMAS
FUNDAMENTAIS DO PROCESSO
 8) PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE E DA
MOTIVAÇÃO
 Previsto no art. 93, IX e X, da Constituição da
República de 1988 e no art. 11 do Código de Processo
Civil;
 Art. 489, § 1º, CPC – decisão judicial não
fundamentada;
 Fundamentação exauriente (completa) x
Fundamentação suficiente;
 Distinção (distinguishing) e superação (overruling)
para não aplicar súmula ou precedente vinculante;
 Fundamentação per relationem;
PRINCÍPIOS E NORMAS
FUNDAMENTAIS DO PROCESSO
 Quanto à publicidade:
 Regra: todos os julgamentos dos órgãos do Poder
Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as
decisões, sob pena de nulidade;
 Exceção: segredo de justiça – preservação do direito à
intimidade do interessado no sigilo nos casos em que
não prejudique o interesse público à informação;
PRINCÍPIOS E NORMAS
FUNDAMENTAIS DO PROCESSO
INTERESSE PÚBLICO
OU SOCIAL

DIREITO À
INTIMIDADE
SEGREDO DE
JUSTIÇA ARBITRAGEM COM
CLÁUSULA DE
CONFIDENCIALIDADE

CASAMENTO,
SEPARAÇÃO DE CORPOS,
DIVÓRCIO, UNIÃO
ESTÁVEL, FILIAÇÃO,
ALIMENTOS E GUARDA
PRINCÍPIOS E NORMAS
FUNDAMENTAIS DO PROCESSO
 9) PRINCÍPIO DISPOSITIVO, DA DEMANDA OU
DA INÉRCIA
 Previsto no art. 2 do Código de Processo Civil;
 São as partes que levam ao juiz a matéria para ser
julgada;

 10) PRINCÍPIO DA ADSTRIÇÃO OU


CONGRUÊNCIA
 Previsto no art. 141 do Código de Processo Civil;
 O juiz deve decidir o mérito nos limites propostos
pelas partes;
PRINCÍPIOS E NORMAS
FUNDAMENTAIS DO PROCESSO
 Decisão ultra petita: é aquela que aprecia o pedido e
atribui uma extensão maior do que a pretendida pela
parte;
 Decisão extra petita: é aquela que aprecia o pedido e
entrega prestação diversa do que foi pedido;
 Decisão infra/citra petita: é aquela que deixa de
apreciar pedido formulado pela parte;

 11) PRINCÍPIO DO IMPULSO OFICIAL


 Previsto no art. 2 do Código de Processo Civil;
 O processo é o caminhar para frente;
PRINCÍPIOS E NORMAS
FUNDAMENTAIS DO PROCESSO
 12) PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE DAS
FORMAS OU DA FINALIDADE
 Previsto no art. 277 do Código de Processo Civil;
 A forma dos atos processuais, caso não seja observada
de maneira rigorosa, não causará a nulidade do ato se
a sua finalidade for atingida;

 13) PRINCÍPIO DA IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA


 Previsto nos arts. 336, 341, caput e parágrafo único,
do Código de Processo Civil;
PRINCÍPIOS E NORMAS
FUNDAMENTAIS DO PROCESSO
 14) PRINCÍPIO DA EVENTUALIDADE
 Previsto no art. 336 do Código de Processo Civil;
 Tudo deve ser impugnado no momento correto. A lei
prevê um momento específico para as devidas
impugnações;

 15) PRINCÍPIO DA ECONOMIA PROCESSUAL


 Prestação da máxima atividade jurisdicional com o
mínimo de atos processuais;
 Teoria da causa madura: matéria exclusivamente de
direito ou matéria de fato exaustivamente provada;
PRINCÍPIOS E NORMAS
FUNDAMENTAIS DO PROCESSO
 16) PRINCÍPIO DA BOA-FÉ PROCESSUAL
 Previsto no art. 5 do Código de Processo Civil;
 Boa-fé objetiva: padrões de comportamento, de
honestidade, que devem ser seguidos. O processo está
relacionado com a boa-fé objetiva;
 Boa-fé subjetiva: estado psicológico do sujeito que
atua conforme sua percepção da realidade;

 17) PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO OU DA


COLABORAÇÃO
 Previsto no art. 6 do Código de Processo Civil;
PRINCÍPIOS E NORMAS
FUNDAMENTAIS DO PROCESSO
 18) PRINCÍPIO DA IDENTIDADE FÍSICA DO
JUIZ
 Previsto no art. 1.012, § 3º, I, do Código de Processo
Civil;
 O juiz que presidiu as audiências do processo deve ser
o mesmo que proferirá a sentença;

 19) PRINCÍPIO DA LIVRE PERSUASÃO


RACIONAL OU LIVRE CONVENCIMENTO
MOTIVADO
 Previsto no art. 371 do Código de Processo Civil;
 O processo é dialético e o juiz é livre para apreciar as
provas constantes dos autos;
PRINCÍPIOS E NORMAS
FUNDAMENTAIS DO PROCESSO
 20) PRINCÍPIO DA APROPRIAÇÃO DA PROVA
PELO PROCESSO OU DA COMUNHÃO
 Previsto no art. 371 do Código de Processo Civil;
 A prova pertence ao processo, independentemente do
sujeito que a tiver promovido;

 21) PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DO


PROCESSO
 Previsto no art. 8 do Código de Processo Civil;
 A LINDB também prevê comando igual: art. 5;
 O escopo do processo é a pacificação social;
JURISDIÇÃO
 A separação das funções do Estado;
 O poder, como decorrência da soberania estatal, é
uno;
 Três funções básicas do Estado: legislativa,
executiva (administrativa) e jurisdicional;
 Art. 2 da Constituição da República de 1988: são
poderes independentes e harmônicos entre si o
Executivo, o Legislativo e o Judiciário;
 Funções típicas:
 Legislativo: estabelece normas jurídicas gerais e
abstratas segundo o processo legislativo;
JURISDIÇÃO
 Executivo: atividade administrativa que tem como fim
último o bem comum;
 Judiciário: aplica a norma jurídica compondo o
conflito de interesses e promovendo a pacificação
social;
 Jurisdição vem do latim jus (direito) + dicere (dizer) =
dizer o direito;
 Para Alvim (2015, p. 82), “a jurisdição é uma função
do Estado, por meio do qual atua o direito objetivo na
composição dos conflitos de interesses, com o fim de
resguardar a paz social e o império do direito.”
JURISDIÇÃO
 Características da jurisdição:
 1) Atuação do juiz supra partes;
 2) A jurisdição é exercida no âmbito de um processo;
 3) A jurisdição deve ser provocada (inércia);
 4) A jurisdição substitui a vontade das partes
(substitutividade);
 5) Sobre o resultado da jurisdição incide a coisa
julgada (definitividade);
JURISDIÇÃO
 Elementos da jurisdição:
 1) Conhecimento – poder de conhecer certa causa;
 2) Ordenação – fazer comparecer em juízo as pessoas
que possam auxiliar no julgamento da causa;
 3) Coerção – direito de impor as decisões proferidas;
 4) Julgamento – poder de julgar;
 5) Execução – poder de exigir o cumprimento das
decisões proferidas no âmbito do processo;
JURISDIÇÃO
 Poderes jurisdicionais:
 1) Poder de decisão: é o poder de dizer a última
palavra sobre o que é e o que não é o direito;
 2) Poder de coerção: é o poder de exigir o
cumprimento das decisões proferidas no âmbito do
processo;
 3) Poder de documentação: é o poder de documentar,
de registrar tudo o que ocorre perante os órgãos
judiciais;
JURISDIÇÃO
 Escopos da jurisdição:
 1) Escopo jurídico: aplicação concreta da vontade do
direito;
 2) Escopo social: pacificação social;
 3) Escopo educacional: ensino dos direitos e deveres
dos cidadãos por meio do exercício da jurisdição;
 4) Escopo político: fortalecimento da estrutura do
Estado;
JURISDIÇÃO
 Princípios da jurisdição:
 1) Princípio da investidura: o exercício da jurisdição
só pode ser legitimamente exercido por quem tenha
sido dela investido em conformidade com as normas
legais;
 2) Princípio da aderência ao território: a jurisdição é
exercida em determinada área territorial do Estado;
 3) Princípio da indelegabilidade: o juiz investido das
funções jurisdicionais não pode delegar suas
atribuições;
 4) Princípio da indeclinabilidade: o juiz não pode
declinar do seu ofício;
JURISDIÇÃO
 5) Princípio do juiz natural: o juiz deve ser
competente para processar e julgar o fato segundo as
normas legais e constitucionais;
 6) Princípio da inércia: o exercício da função
jurisdicional exige a provocação da parte interessada;
 7) Princípio do acesso à justiça: é assegurado o acesso
ao Poder Judiciário a todos os interessados;
JURISDIÇÃO
 Jurisdição e suas divisões:
 OBS: A jurisdição, enquanto fruto da soberania
estatal, é una;
 1) Quanto à gradação dos órgãos:
 Jurisdição inferior: exercida por juízes de primeiro
grau (primeira instância);
 Jurisdição superior: exercida por Tribunais, por força
de recurso ou competência originária (segunda
instância);
JURISDIÇÃO
 2) Quanto à matéria:
 Jurisdição civil: tem por objeto as causas extrapenais
(ex.: comerciais, civis);
 Jurisdição penal: tem por objeto as causas de natureza
penal;
 3) Quanto à origem:
 Jurisdição legal: exercida por juízes investidos no
cargo com as atribuições próprias de seu ofício;
 Jurisdição convencional: exercida por árbitros ou
tribunal arbitral;
JURISDIÇÃO
 4) Quanto aos organismos judiciários:
 Jurisdição especial: quando a Constituição ou a lei
fixa matérias específicas afetas a um determinado
órgão jurisdicional;
 Jurisdição comum: tem competência sobre as matérias
que não estejam expressamente atribuídas a outros
órgãos jurisdicionais;
 5) Quanto à forma:
 Jurisdição contenciosa: há lide (substitutividade);
 Jurisdição voluntária: não há lide. O juiz homologa a
vontade das partes;
JURISDIÇÃO
JURISDIÇÃO CONTENCIOSA JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA

ATIVIDADE JURISDICIONAL ATIVIDADE ADMINISTRATIVA


(SUBSTITUTIVIDADE) (NÃO SUBSTITUTIVA)
ATUAÇÃO DA LEI ESCOPO CONSTITUTIVO

EXISTÊNCIA DE PARTES EXISTÊNCIA DE INTERESSADOS

PRODUZ COISA JULGADA PRODUZ COISA JULGADA


MATERIAL FORMAL
EXISTE UMA LIDE EXISTE UM DISSENSO DE
OPINIÃO
JURISDIÇÃO
 COMPETÊNCIA
 A competência é a medida da jurisdição;
 A competência é a restrição ao exercício da jurisdição.
A lei determina os limites dentro dos quais a
jurisdição pode ser exercida;
 Todo órgão jurisdicional competente possui
jurisdição, mas nem todo órgão jurisdicional dotado
de jurisdição possui competência;
JURISDIÇÃO
 Competência concorrente: quando houver mais de um
órgão jurisdicional competente para conhecer e julgar
determinada matéria na mesma comarca, seção ou
circunscrição judiciária;
 Incompetente é o órgão jurisdicional que conhece e
julga determinada matéria fora dos limites de
competência fixados pela lei ou Constituição;
 Competência internacional: a jurisdição do Estado
nacional vai até onde vai a sua soberania;
JURISDIÇÃO
 Competência interna: fixação da competência no
âmbito interno do Estado nacional;
 Critérios para a fixação de competência:
 a) Valor da causa: considera o valor econômico da
relação jurídica ou do objeto da demanda;
 Ex.: causas cujo valor não exceda a quarenta vezes o
salário mínimo – Juizado Especial Cível;
 OBS: JEF tem competência absoluta (art. 3º, § 3º,
da lei nº 10.259/2001);
JURISDIÇÃO
 b) Matéria: a natureza da relação jurídica determina a
competência;
 Ex.: Vínculo empregatício – Justiça do Trabalho;
 c) Pessoas: a competência é fixada de acordo com a
condição ou qualidade das partes;
 Ex.: União – Justiça Federal;
 d) Território: considera o lugar em que se encontram
as partes ou o objeto da relação jurídica;
 Ex.: Indenização por dano material – Justiça Estadual
do local do fato;
JURISDIÇÃO
 e) Função: atende à natureza da função que o órgão
jurisdicional é chamado a exercer em relação a uma
determinada demanda;
 Ex.: Competência recursal do Tribunal;
 Foro: local onde a demanda deve ser proposta;
 Foro geral: domicílio do réu;
 Foro especial: situação da coisa, condição das pessoas
e local do ato ou do fato;
 Critérios de determinação do foro especial:
 a) Situação da coisa: a ação deve ser proposta no foro
onde está a coisa; Ex.: Ação que tem por objeto bens
imóveis;
JURISDIÇÃO
 b) Condição das pessoas: considera as condições
especiais em que se encontram determinadas pessoas;
 Ex.: A ação de alimentos deve ser proposta no
domicílio do incapaz;
 c) Local do ato ou fato: onde ocorreu o ato ou o fato;
 Ex.: Ação de reparação de danos;

 Prorrogação de competência:
 A competência pode ser absoluta ou relativa;
 Quando a competência for fixada em razão da
matéria, da pessoa ou da função, ela será absoluta;
JURISDIÇÃO
 A competência absoluta, por atender ao interesse
público, é improrrogável;
 A incompetência absoluta deve ser declarada de ofício
pelo juiz ou alegada pelas partes a qualquer tempo e
em qualquer grau de jurisdição;
 Quando a competência for fixada em razão do
valor da causa ou do território, ela será relativa;
 A competência relativa, por atender ao interesse das
partes, admite a prorrogação;
JURISDIÇÃO
 A incompetência relativa não pode ser declarada de
ofício pelo juiz e as partes devem alegá-la em
momento oportuno, sob pena de prorrogação de
competência;
 A prorrogação de competência ocorre quando o
juízo, que era relativamente incompetente, tem a sua
competência prorrogada para atuar no processo por
não ter sido alegada em tempo oportuno pelas partes;
 A prorrogação de competência pode ser legal ou
voluntária;
JURISDIÇÃO
 A prorrogação legal de competência ocorre por meio
da conexão ou continência (art. 54, CPC);
 Conexão: reputam-se conexas duas ou mais ações
quando lhes for comum o pedido ou a causa de pedir;
 Continência: ocorre a continência entre duas ou mais
ações quando houver identidade quanto às partes e à
causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais
amplo, abrange o das demais;
 A prorrogação voluntária de competência pode ser
expressa ou tácita;
JURISDIÇÃO
 Expressa: quando as partes convencionam em negócio
jurídico a cláusula de eleição de foro;
 Tácita: quando a parte propõe a ação no juízo
relativamente incompetente e a outra parte não alega a
incompetência relativa no momento oportuno;
 A competência será determinada no momento do
registro ou da distribuição da petição inicial;
 “A prevenção é o fenômeno processual segundo o
qual o juízo que primeiro tomar conhecimento da
causa tem sobre ela firmada a sua competência, com a
exclusão de todos os demais” (ALVIM, 2015, p. 114);
JURISDIÇÃO
 Perpetuação da jurisdição: firmada a competência de
um juízo, ela perdurará até decisão final e execução
ou cumprimento de sentença;
 Exceção: quando suprimirem órgão judiciário ou
alterarem a competência absoluta;
AÇÃO
 Evolução histórica do conceito de ação;
 1) Sistema das ações da lei (legis actiones):
constituíam as formas autorizadas de procedimento
(ritualismo mais próximo da religiosidade);
 Compreendia duas etapas: a primeira perante o pretor
e a segunda perante o juiz ou árbitro;
 2) Sistema formulário (per formulas): o processo se
constituía por fórmulas de acordo com a ação que se
pretendia;
 Compreendia duas etapas: a primeira perante o pretor
e a segunda perante o juiz ou árbitro;
AÇÃO
 3) cognitio extraordinaria: Estado fortalecido. O
pretor se transforma em juiz;
 A ação (actio) passa a ser identificada com o direito
subjetivo material;
 Essa concepção deu origem à doutrina civilista ou
Teoria imanentista da ação;
 Não há direito sem ação e nem ação sem direito. A
ação segue a natureza jurídica do direito;
 Porém, no século XIX surge o debate em torno da
natureza jurídica da ação;
AÇÃO
 Qual é a natureza jurídica da ação?
 Windscheid e Muther estabelecem o debate em torno
da natureza jurídica da ação;
 Windscheid considera que a ação (actio) romana
pressupõe uma obrigação (obligatio), enquanto a ação
(klage) germânica está relacionada ao direito de
acionar a tutela judicial;
 No direito romano, aquele que tinha uma pretensão
contra outrem contestada não perguntava se tal
pretensão tinha respaldo no direito, senão se o pretor
estaria inclinado a conceder-lhe uma actio, para fazer
valer essa pretensão em juízo;
AÇÃO
 O pretor indicava a actio correspondente à pretensão;
 A actio ordenava as relações entre pessoas (obligatio);
 Porém, Windscheid considera que a ação (actio) não
se limita apenas à satisfação de uma obrigação
(obligatio);
 Ex.: reconhecimento da existência de uma relação
jurídica;
 Para Windscheid, a ação (actio) no direito alemão não
significa obrigação (obligatio), mas pretensão
(anspruch);
AÇÃO
 Muther contesta a tese de Windscheid, considerando
que há uma perfeita coincidência entre a ação (actio)
romana e a ação (klage) germânica;
 Para Muther, o ordenamento jurídico romano era
composto por direitos subjetivos e somente estes eram
suscetíveis de persecução judicial;
 Tem-se dois direitos distintos pertencentes a campos
distintos, mas em que um é pressuposto do outro: o
direito subjetivo (direito privado) e a actio (natureza
pública);
AÇÃO
 A ação (actio) não se confundia com o direito
subjetivo. Era um direito vinculado, especial,
existente junto ao direito subjetivo com o propósito de
tutelá-lo;
 Sob essa perspectiva, a tutela estatal só poderia ser
invocada contra uma pessoa determinada;
 Portanto, seria a ação um direito abstrato de agir
ou um direito concreto de agir?
AÇÃO
 Teorias sobre a ação
 Ação como direito a uma sentença justa:
 Bülow defende que a ação como direito subjetivo
anterior ao juízo não existe;
 Ação como emanação da personalidade:
 Köhler afirma que o direito de ação emana da
personalidade da pessoa (direito da personalidade);
 Ação como direito de ser ouvido em juízo:
 Degenkolb expõe que ação é um direito abstrato de
agir;
AÇÃO
 A ação é um direito subjetivo público, correspondente
a todo aquele que de boa-fé creia ter razão, para ser
ouvido em juízo;
 Degenkolb abandona a sua tese original sob o
argumento de que a pretensão de tutela jurídica
pressupõe a crença ou boa-fé sobre a existência de um
direito subjetivo;
 Ação como pretensão de tutela jurídica:
 Wach considera a ação como uma pretensão de tutela
jurídica, sendo um direito autônomo e concreto,
distinto do direito material;
AÇÃO
 A ação, enquanto pretensão de tutela jurídica, seria
apenas um meio para se fazer valer o direito subjetivo
material;
 A existência da ação estaria vinculada à própria
existência do direito subjetivo;
 Desse modo, Wach entende que, se o demandante não
logra obter uma sentença favorável, não terá existido a
ação, tendo havido o exercício de uma mera faculdade
jurídica;
AÇÃO
 Ação como direito potestativo:
 Para Chiovenda, a ação é um direito potestativo, isto
é, o direito de exigir a atuação da vontade da lei;
 Trata-se de um direito distinto e autônomo;
 A ação não pressupõe, necessariamente, um direito
subjetivo material, mas só existe direito de ação se a
sentença for favorável ao autor;
 Ação como direito processual das partes:
 Carnelutti propõe que a ação é um direito subjetivo do
indivíduo de agir em juízo – direito estritamente
processual;
AÇÃO
 Carnelutti estabeleceu a seguinte distinção:
 a) direito subjetivo material que tem por conteúdo a
prevalência do interesse em lide, e por sujeito passivo,
a outra parte;
 b) o direito subjetivo processual que tem por
conteúdo a prevalência do interesse na composição da
lide, e por sujeito passivo, o juiz;
 Ação como direito de petição:
 Elaborada por Couture, a ação seria o poder jurídico
que tem o sujeito de direito de recorrer aos órgãos
jurisdicionais para a satisfação de uma pretensão;
AÇÃO
 A ação é um atributo da personalidade do
indivíduo;
 Ação como direito cívico:
 Tese desenvolvida por Rocco. Para ele, a ação
constitui um direito público subjetivo do cidadão
frente ao Estado-juiz;
 Pertencente à categoria dos direitos cívicos;
 A ação é um direito abstrato e, portanto,
independente do direito substancial;
 O objeto do direito de ação é a prestação da atividade
jurisdicional pelo Estado;
AÇÃO
 Ação como direito à jurisdição:
 Tese desenvolvida por Liebman. A ação é o direito à
jurisdição;
 A ação se dirige contra o Estado-juiz, em virtude da
qualidade de titular do poder jurisdicional, mas que
em nada é obrigado com o autor;
 A ação é proposta contra a parte contrária contra a
qual se pede um provimento jurisdicional;
 A ação é um direito abstrato, instrumental, que serve
como meio de se buscar a tutela jurisdicional;
AÇÃO
 A ação é um direito público subjetivo;
 Autônomo;
 Abstrato;
 Instrumentalmente conexo a uma pretensão de direito
material, mas independente dela;
 SINTETIZANDO:
 Teoria imanentista ou civilista: o direito de ação é
considerado o próprio direito subjetivo material;
 Teoria concreta da ação: o direito de ação é um direito
a ser exercido contra o Estado e o adversário com o
fim de obter uma sentença favorável;
AÇÃO
 Segundo a Teoria concreta, o direito de ação tem
autonomia, mas não tem independência, pois sua
existência está condicionada à existência do direito
material;
 Teoria abstrata da ação: o direito de ação é autônomo
e independente do direito subjetivo material. É o
direito abstrato de obter um pronunciamento do
Estado. Essa teoria não admite as condições da ação;
 Teoria eclética: o direito de ação é abstrato, autônomo
e independente do direito material. No entanto, o autor
deve preencher as condições da ação;
AÇÃO
 OBS: O CPC/2015 adotou a teoria eclética (art.
485, VI);
 Teoria da asserção: considera que as condições da
ação podem ser analisadas mediante cognição sumária
sem resolução do mérito (teoria eclética) ou mediante
cognição aprofundada com resolução do mérito
(teoria abstrata);
 OBS: Parte da doutrina considera que o STJ
adotou a teoria da asserção;
AÇÃO
 Para que a ação exista, o CPC exige (art. 17):
 1) Interesse processual: necessidade da tutela
jurisdicional para evitar lesão ou ameaça ao direito;
 *Necessidade de obtenção da tutela jurisdicional;
 *Adequação entre o pedido e a prestação
jurisdicional;
 2) Legitimidade processual ou legitimatio ad causam;
 *Legitimidade ordinária;
 *Legitimidade extraordinária;
 OBS: Com o CPC/2015, a possibilidade jurídica do
pedido deixou de ser condição da ação para a
doutrina majoritária;
AÇÃO

SUCESSÃO SUBSTITUIÇÃO REPRESENTAÇÃO


PROCESSUAL PROCESSUAL PROCESSUAL

O SUJEITO NÃO É RETIRADO


O SUJEITO É ATUA EM JUÍZO
DA RELAÇÃO PROCESSUAL.
RETIRADO DA EM NOME ALHEIO
ATUA EM NOME PRÓPRIO
RELAÇÃO DEFENDENDO
DEFENDENDO DIREITO
PROCESSUAL DIREITO ALHEIO
ALHEIO
AÇÃO
 Questões processuais – controvérsias que surgem
durante o desenvolvimento da relação processual;
 a) Questões preliminares ou prévias – pressupostos
processuais;
 b) Questões intermédias – condições da ação;
 c) Questões finais – mérito da causa;
 Classificação das ações
 Ação civil
 I) Ação individual:
 1) Ação de conhecimento: a) declaratória; b)
condenatória; e c) constitutiva;
AÇÃO
 2) Ação de execução: a) título executivo extrajudicial;
 3) Ação cautelar: a) tutelas provisórias;
 II) Ação coletiva:
 1) Ação de conhecimento: a) declaratória; b)
condenatória; e c) constitutiva;
 2) Ação de execução: a) título executivo extrajudicial;
 3) Ação cautelar: a) tutelas provisórias;
 Ação ou dissídio trabalhista
 I) Dissídio individual: a) declaratório; b) constitutivo;
c) condenatório; d) execução; e) cautelar;
AÇÃO
 II) Dissídio coletivo: a) constitutivo; b) declaratório; e
c) executivo;
 Ação Penal
 I) Ação Pública: a) incondicionada; e b) condicionada
à representação e condicionada à requisição;
 II) Ação Privada: a) exclusivamente privada; b)
subsidiária da pública; e c) privada personalíssima;
 Elementos da ação
 1) Partes (quem e contra quem se pede?); 2) Pedido (o
que se pede?); 3) Causa de pedir ou causa petendi
(por qual razão/motivo se pede?);
AÇÃO
 Quem é a parte?
 a) Tese restritiva (Chiovenda): parte é quem está
presente na relação processual e pede a tutela ou
contra ela está sendo pedida a tutela jurisdicional
(parte na demanda);
 b) Tese ampliativa (Liebman): parte é quem participa
da relação processual, independentemente de fazer
pedido ou contra ela algo ser pedido;
AÇÃO
 Segundo Neves (2018, p. 138), existem quatro formas
de adquirir a qualidade de parte:
 a) ingresso da demanda (ex.: autor);
 b) pela citação (ex.: réu);
 c) de maneira voluntária (ex.: assistente);
 d) sucessão processual;
AÇÃO
 O objeto ou pedido pode ser imediato ou mediato:
 a) imediato: atuação da vontade da lei (ex.:
declaração, constituição, condenação ou execução);
 b) mediato: bem ou interesse que se quer ver tutelado
(ex.: pagamento de crédito, restituição de imóvel);
 O pedido deve ser certo (art. 322, caput, CPC) e
determinado (art. 324, caput, CPC);
 O pedido pode ser genérico (art. 324, § 1º, CPC):
 a) universalidade de bens;
 b) quando não for possível determinar, desde logo, as
consequências do ato ou do fato;
AÇÃO
 c) quando a determinação do objeto ou do valor da
condenação depender de ato que deva ser praticado
pelo réu;
 Em regra, o pedido deve ser expresso. Porém, o juiz
pode conceder, de ofício, pedido implícito (exceção);
 Pedido implícito: tutelas que a lei expressamente
permite que sejam concedidas mesmo sem ter o autor
formulado pedido expresso (NEVES, 2018, p. 144);
 Hipóteses de pedidos implícitos:
 a) despesas e custas processuais (art. 322, § 1º, CPC);
 b) honorários advocatícios (art. 322, § 1º, CPC);
 c) correção monetária (art. 322, § 1º, CPC);
AÇÃO
 Cumulação de pedidos:
 É lícita a cumulação de pedidos em um mesmo
processo contra o mesmo réu, ainda que não haja
conexão entre eles (art. 327, caput, CPC);
 O STJ entende que é possível a cumulação de pedidos
mesmo que a demanda seja proposta com a formação
de litisconsórcio passivo;
 Requisitos para a cumulação de pedidos (art. 327,
§ 1º, CPC):
 a) compatibilidade entre os pedidos;
 b) competência do mesmo juízo; e
 c) o procedimento seja adequado para todos os
pedidos;
AÇÃO
 Excepcionalmente é possível cumular pedidos que
se submetem a procedimentos diversos (art. 327, §
2º, CPC);
 A cumulação pode ser:
 a) Própria: quando é possível a procedência
simultânea de todos os pedidos;
 *Simples: pedidos independentes;
 *Sucessiva: a procedência de um pedido é
condicionada à de outro pedido precedente;
AÇÃO
 b) Imprópria: quando, formulado mais de um pedido,
somente um puder ser concedido por serem
incompatíveis (art. 326, caput e parágrafo único,
CPC);
 *Subsidiária: há ordem entre os pedidos;
 *Alternativa: não há ordem entre os pedidos (juiz
escolhe);
 Quanto à causa de pedir, duas teorias buscam
embasá-la:
 1) Teoria da individuação – basta ao autor indicar na
petição inicial o fundamento jurídico (causa próxima
do pedido);
AÇÃO
 2) Teoria da substanciação – o autor deve indicar na
petição inicial o fato constitutivo do seu direito (causa
remota do pedido) e o fundamento jurídico (causa
próxima do pedido);
 OBS: O CPC/2015 adota a Teoria da substanciação
– art. 319, III;
 Identidade de ações: quando duas ações apresentam
os mesmos elementos constitutivos: partes, pedido e
causa de pedir;
 Se algum ou alguns desses elementos forem os
mesmos, mas apresentar outro ou outros elementos
diferentes, ter-se-á uma conexão de causas, e não
identidade de ações;
DEFESA
 Bilateralidade da ação;
 A defesa é um direito público subjetivo que decorre
do devido processo legal e do contraditório;
 Súmula vinculante nº 5: “a falta de defesa técnica por
advogado no processo administrativo disciplinar não
ofende a Constituição”;
 Classificação
 a) Defesa processual: contra a admissibilidade da ação
e contra o processo;
 b) Defesa de mérito (substancial): ataca o mérito;
DEFESA
 *Substancial direta: ataca a própria pretensão do
autor, o fundamento do seu pedido;
 *Substancial indireta: opõe fatos impeditivos,
modificativos ou extintivos do direito do autor;
PROCESSO
 Teorias sobre a natureza jurídica do processo:
 1) Processo como procedimento
 Negava a autonomia do processo;
 O processo era sinônimo de procedimento;
 O direito de ação era o próprio direito material (teoria
imanentista);
 2) Processo como contrato
 Buscava enquadrar o processo no âmbito dos
fenômenos jurídicos privados;
 As partes firmavam um negócio jurídico de direito
privado (contrato);
PROCESSO
 3) Processo como um quase contrato
 O processo apresentava características distintas da
relação contratual típica;
 Seria, portanto, um quase contrato;
 4) Processo como relação jurídica
 Büllow defendia que o processo não está inserido no
âmbito privatista, mas no publicista;
 Diferenciou a relação jurídica de direito material
(objeto do processo) da relação jurídica de direito
processual (estrutura);
PROCESSO
 OBS: Para a doutrina nacional, a teoria do
processo como relação jurídica processual é a mais
aceita;
 5) Processo como situação jurídica
 Goldschmidt argumentava que o processo é uma
sucessão de diferentes situações jurídicas;
 Ex.: ônus (impugnação especificada), dever (boa-fé
processual);
 6) Processo como procedimento em contraditório
 Para Fazzalari, cada ato processual deve permitir a
participação das partes em contraditório (paridade
simétrica de oportunidades de participação);
PROCESSO
 Relação Jurídica Material X Relação Jurídica
Processual
 Aspectos diferenciadores:
 a) Sujeitos:
 Relação jurídica material:
 Sujeitos da relação obrigacional (ex.: credor x
devedor);
 Relação jurídica processual:
 *Estado-juiz, autor e réu;
 *Apenas por comodidade de linguagem é lícito dizer
que o Estado-juiz é sujeito do processo;
PROCESSO
 b) Objeto:
 Relação jurídica material:
 Bem da vida (ex.: imóvel);
 Relação jurídica processual:
 Prestação jurisdicional;
 c) Pressupostos:
 Relação jurídica material:
 Art. 104, CC: agente capaz; objeto lícito, possível,
determinado ou determinável; forma prescrita ou não
defesa em lei;
PROCESSO
 Relação jurídica processual:
 Pressupostos objetivos: a) intrínsecos (regularidade
procedimental); b) extrínsecos (ausência de
impedimentos);
 Pressupostos subjetivos: a) referentes ao juiz
(investidura, competência, imparcialidade); b)
referentes às partes (capacidade de ser parte,
capacidade de estar em juízo, capacidade
postulatória);
PROCESSO
 Elementos que estão presentes no processo
 a) procedimento:
 Conceito: “sucessão de atos interligados de maneira
lógica e consequencial visando a obtenção de um
objetivo final” (NEVES, 2018, p. 161);
 É a exteriorização do processo;
 Processo – instrumento utilizado pelo Estado para o
exercício da função jurisdicional (perspectiva
teleológica);
 Procedimento – atos logicamente interligados
(perspectiva formal);
PROCESSO
 b) relação jurídica processual:
 A relação jurídica processual é tríplice;
 Constituída por dois sujeitos parciais (autor e réu) e
um sujeito imparcial (juiz);
 A relação jurídica processual será definitivamente
formada com a citação válida do réu;
 Características
 1) Autônoma: a relação jurídica de direito processual
não se confunde com a relação jurídica de direito
material;
PROCESSO
 2) Complexa: formada por inúmeras e sucessivas
situações jurídicas;
 3) Dinâmica/Progressiva: o processo se desenvolve
rumo ao provimento jurisdicional final;
 4) Unidade: embora a relação jurídica processual seja
constituída por uma série de atos, todos eles estão
interligados de forma lógica e consequencial;
 5) Natureza pública: a função jurisdicional é exercida
pelo Estado, que é representado no processo pela
participação do juiz;
PROCESSO
 A relação jurídica processual é composta de posições
jurídicas ativas e passivas de cada um dos seus
participantes:
 a) Posições jurídicas ativas: certas atividades
permitidas pelo ordenamento jurídico;
 *Faculdade: conduta permitida que se exaure na
esfera jurídica do próprio agente; (ex.: parte formula
perguntas à testemunha);
 *Poder: atividade que cria novas posições jurídicas
(ex.: juiz determina o comparecimento de testemunha,
que passa a ter o dever de comparecer);
PROCESSO
 b) Posições jurídicas passivas: necessidade de se
submeter a determinados comandos:
 *Dever: exigência de uma conduta; (ex.: agir de
acordo com a boa-fé);
 *Sujeição: impossibilidade de evitar uma atividade
alheia (ex.: sentença);
 *Ônus: é uma faculdade, mas o não exercício acarreta
um prejuízo ao próprio indivíduo; (ex.: contestação);
PROCESSO
 Início do processo:
 Art. 312 do CPC: “Considera-se proposta a ação
quando a petição inicial for protocolada [...];
 Fim do processo:
 Quando a situação litigiosa é eliminada por completo;
 Fim normal: sentença definitiva (extinção do processo
com resolução do mérito);
 Fim anormal: sentença terminativa (extinção do
processo sem resolução do mérito);
PROCESSO
 Classificação dos processos
 a) Processo de conhecimento: visa produzir um
julgamento da causa;
 Procedimento comum: aplicável em todos os casos em
que a lei não estabelece algum procedimento especial;
 Procedimento especial: abordado pelo legislador no
próprio CPC ou em leis extravagantes, que estabelece
ritos próprios para o processamento de determinadas
causas;
PROCESSO
 b) Processo de execução e cumprimento de sentença:
execução de título executivo extrajudicial e
cumprimento de decisão judicial, respectivamente;
 c) Processo cautelar: consiste em impor medidas
urgentes destinadas a neutralizar os efeitos corrosivos
da demora na prestação jurisdicional;
PROCESSO
 Pressupostos processuais
 Constituem os requisitos de validade e de existência
da relação jurídica processual;
 1) Pressupostos processuais subjetivos
 1.1) Investidura (juiz)
 O processo deve ser conduzido por sujeito investido
de jurisdição;
 1.2) Imparcialidade (juiz)
 O juiz é um terceiro imparcial, não visando qualquer
vantagem pessoal do resultado do conflito de
interesses;
PROCESSO
 Exceção de suspeição e exceção de impedimento;
 1.3) Capacidade de ser parte (parte)
 É a capacidade do sujeito de gozo e exercício de
direitos e obrigações;
 1.4) Capacidade de estar em juízo (parte)
 As partes precisam ter capacidade processual para a
prática dos atos processuais;
 Incapacidade absoluta: o incapaz será representado. O
representante pratica os atos processuais;
 Incapacidade relativa: o incapaz será assistido. Haverá
realização conjunta dos atos;
PROCESSO
 1.5) Capacidade postulatória
 As partes deverão ter capacidade postulatória;
 Caso não tenham, deverão estar assistidas por
advogado devidamente habilitado;
 Pode ser dispensada: ex.: Juizados Especiais Cíveis
– causas de valor até vinte salários mínimos (art. 9º,
caput);
 Cuidado!! Juizado Especial Federal – causas de valor
até sessenta salários mínimos (art. 3º, caput);
 Promotor de justiça possui capacidade postulatória sui
generis (para o exercício dos fins institucionais);
PROCESSO
 Defensoria Pública: o Supremo Tribunal Federal
reconheceu a autonomia da Defensoria Pública e
decidiu que é inconstitucional a exigência de
inscrição nos quadros da OAB às defensoras e aos
defensores públicos (RE 1.240.999) e (ADI 4.636);

 2) Pressupostos processuais objetivos


 2.1) Pressupostos processuais objetivos extrínsecos
 São analisados fora da relação jurídica processual;
 A presença desses pressupostos constitui vício;
PROCESSO
 2.1.1) Coisa julgada material (art. 485, V, CPC);
 2.1.2) Litispendência (art. 485, V, CPC);
 2.1.3) Perempção (art. 485, V, CPC);
 2.1.4) Transação (art. 487, III, b, CPC);
 2.1.5) Convenção de arbitragem (art. 485, VII, CPC);
 2.1.6) Ausência de pagamento de custas processuais
em demanda idêntica extinta anteriormente por
sentença terminativa (art. 486, § 2º, CPC);
PROCESSO
 2.2) Pressupostos processuais objetivos intrínsecos
 São analisados dentro da relação processual;
 A presença desses pressupostos não constitui vício.
Pelo contrário, devem estar presentes na relação
processual;
 2.2.1) Demanda
 O direito de ação é essencialmente abstrato e se
materializa pelo ato de demandar;
 Demandar é provocar a jurisdição estatal;
PROCESSO
 2.2.2) Petição inicial apta
 Os requisitos da petição inicial estão previstos nos
arts. 319 e 320 do CPC – ato solene;
 Petição inicial apta é aquela que cumpre os requisitos
previstos nos artigos referidos;
 Quando a petição inicial não cumpre os requisitos
previstos no CPC, ela será considerada inepta e,
portanto, indeferida (art. 330, I e § 1º, do CPC);
 2.2.3) Citação válida
 A citação válida do demandado aperfeiçoa, isto é,
complementa a relação jurídica processual;
PROCESSO
 No entanto, existem previsões legais que autorizam a
extinção do processo sem a citação do réu;
 Ex.: art. 330 do CPC – indeferimento da petição
inicial;
 art. 332 do CPC – improcedência liminar do
pedido;
 O vício na citação do réu gera nulidade absoluta,
que não se convalida com o trânsito em julgado;
 É indispensável a citação do réu para a validade do
processo (art. 239, caput, CPC);
PROCESSO
 Sistemas processuais
 a) Sistema inquisitivo puro: o juiz é a figura central do
processo, devendo instaurar e conduzir o processo
sem a necessidade de provocação das partes;
 b) Sistema dispositivo puro: a participação do juiz é
condicionada à vontade das partes. São as partes que
determinam a existência, extensão e desenvolvimento
do processo;
 c) Sistema misto: a jurisdição é exercida a partir da
provocação das partes, mas o processo se desenvolve,
em regra, por impulso oficial (art. 2, CPC);
PROCESSO
 OBS: O CPC adota o sistema misto com
preponderância do princípio dispositivo;
 Fato processual X ato processual;
 Ato processual: “ato jurídico emanado das partes, dos
agentes da jurisdição e de terceiros que participam do
processo suscetível de criar, modificar ou extinguir
efeitos processuais” (THEODORO JÚNIOR, 2015, p.
627).
 Atos do processo (relação jurídico-processual) X atos
do procedimento (rito ou forma do processo);
PROCESSO
 Classificação dos atos processuais:
 Perspectiva objetiva: a) atos de iniciativa; b) atos de
desenvolvimento; e c) atos de conclusão;
 Perspectiva subjetiva: a) atos das partes; e b) atos dos
órgãos jurisdicionais;
 Segundo o CPC: a) atos da parte; b) atos do juiz; e c)
atos do escrivão ou chefe de secretaria;
 Forma dos atos processuais: ato solene X ato não
solene;
 Meios de expressão dos atos processuais: ato oral X
ato escrito (art. 192, caput, CPC);
PROCESSO
 Negócios jurídicos processuais (art. 190, caput e
parágrafo único, do CPC);
 Calendário para a prática de atos processuais (art. 191,
caput, CPC);
 Os atos das partes podem ser de obtenção ou
dispositivos:
 Atos de obtenção: a) atos de petição; b) atos de
afirmação; e c) atos de prova;
 Atos dispositivos: a) atos de submissão; b) atos de
desistência; e c) atos de transação;
PROCESSO
 Atos do juiz: a) atos decisórios (1 – atos decisórios
propriamente ditos e 2 – atos executivos); e b) atos
não decisórios;
 Pronunciamentos do juiz:
 a) Sentenças (definitivas e terminativas): art. 203, §1º,
CPC;
 b) Decisão interlocutória: art. 203, §2º, CPC;
 c) Despachos (ordinatórios e de mero expediente): art.
203, §3º, CPC;
PROCESSO
 Atos do escrivão ou do chefe de secretaria: a)
documentação; b) comunicação;
 Prazos
 Termo inicial (dies a quo) e termo final (dies ad
quem);
 Classificação
 Prazo próprio e impróprio;
 Prazo comum e particular;
 Prazo legal, judicial e convencional;
 Natureza: dilatório e peremptório;
REFERÊNCIAS
 ALVIM, José Eduardo Carreira. Teoria Geral do
Processo. Rio de Janeiro: Forense, 2015.
 BRASIL. [Constituição de 1988]. Constituição da
República Federativa do Brasil de 1988. Disponível
em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/co
nstituicao.htm Acesso em: 10 Jan. 2023.
 BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de Março de 2015.
Código de Processo Civil. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2015/lei/l13105.htm Acesso em: 10 Jan. 2023.
REFERÊNCIAS
 CINTRA, Antônio Carlos de Araújo; DINAMARCO,
Cândido Rangel; GRINOVER, Ada Pellegrini. Teoria
Geral do Processo. São Paulo: Malheiros, 2015.
 DONIZETTI, Elpídio. Curso de Direito Processual
Civil. São Paulo: Atlas, 2017.
 FUX, Luiz. Teoria geral do processo civil. Rio de
Janeiro: Forense, 2016.
 NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de
Direito Processual Civil. Salvador: JusPodivm, 2018.
 Theodoro Júnior, Humberto. Curso de Direito
Processual Civil: Teoria geral do direito processual
civil, processo de conhecimento e procedimento
comum. vol. I. 56. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de
Janeiro: Forense, 2015.

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