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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOҀAMBIQUE

Faculdade de Ciências de Saúde

Departamento de Saúde Familiar e Comunitária/3°Ano/2023

Nome: Letícia De Anabela Crosse Trabuco

Título: Implementação de medidas para prevenção da hemoptise em crianças na


comunidade

Beira, 12 de Junho de 2023


CAPÍTULO I
1.1. Introdução

O presente trabalho visa abordar acerca implementação de medidas de prevenção da


hemoptise em crianças na comunidade, partindo do pressuposto de que a aspiração de corpos
estranhos e as infecções do trato respiratório inferior são as principais causas de hemoptise nessa
faixa etária. Na estacão do ano em que nos encontramos, as injecções do trato respiratório
inferior tem ganhado um grande espaço no nosso meio, sendo uma doença bastante comum no
inverno, afectando muitas crianças nas comunidades e o reforço nas medidas de prevenção
através da erradicação dos principais factores de riscos associados a essas infecções é um dos
desafios importante, visto que tanto factores ambientais como factores internos, como a própria
imunidade das crianças, influencia bastante na aquisição do quadro clínico de infecções do trato
respiratório inferior que inclui, febre, falta de ar, dor no peito e até mesmo a própria hemoptise.
Em relacao as Infeccoes Relacionadas a Assistencia a Saude (IRAS), as infeccoes
do trato respiratorio inferior tem grande importancia pela frequencia
em que ocorrem e pela morbidade associada

Em suma, este relatório tem como finalidade proporcionar a implementação de medidas


preventivas que promovam a divergência entre a relação existente entre factores de riscos de
infecções do trato respiratório inferior em que as crianças são expostas na comunidade e o
aparecimento da hemoptise como resultado desta exposição, visto que a exposição ao um
determinado ambiente que não tenha uma boa ventilação e até mesmo ao tabagismo passivo, é
um fator de risco identificável, modificável e passível de prevenção para aparecimento da
hemoptise . E por meio deste relatório pretendo também, comentar sobre a percepção que a
comunidade tem acerca do aparecimento da hemoptise nas crianças .
1.2 Problematização
Por meio do planejamento estratégico situacional, foi definido como foco de intervenção
a ausência de uma abordagem específica para erradicação dos factores de riscos identificáveis e
modificáveis associados ao aparecimento da hemoptise, no âmbito da Saúde Pública.
Durante a última década, vários estudos científicos vêm demonstrando uma significativa
associação entre os factores ambientais e internos e a hemoptise. E factores como ,tabagismo
passivo, aglomerações, ambientes mal ventilados, não higienização das mãos e desidratação da
criança são factores que tem levado ao aumento de números de casos de infecções do trato
respiratório inferior , expandindo assim o número de crianças que apresentam hemoptise. E é
neste sentido, que se levanta a seguinte questão: Como garantir a implementação de medidas
preventivas da hemoptise nas crianças visto que as mesmas estão constantemente expostas a
diferentes factores de riscos relacionados à hemoptise na comunidade?

1.3. Objectivos

1.3.1. Objectivo Geral


Assegurar a implementação de medidas para prevenção da hemoptise em crianças na
comunidade.

1.3.2. Objectivos específicos


 Estimular e apoiar os pais na cessação do tabagismo passivo como medida de prevenção de
hemoptise em crianças;
 Explicar quais são os factores de riscos associados a hemoptise nas crianças;
 Gerar actividades de aconselhamentos educacionais no âmbito de Saúde Pública nas
comunidades acerca das medidas de identificação e erradicação dos factores de riscos
relacionados a hemoptise; e
 Promover educação sobre os riscos e consequências da exposição das crianças aos diferentes
factores de riscos relacionados a hemoptise.
1.4. Justificativa
Devido ao aumento da prevalência de infecções do trato respiratório inferior nas crianças
na estacão do ano em que nos encontramos houve necessidades de criar meios para assegurar a
implementação de medidas para se prevenir a questão em causa, factores ambientais em que as
crianças são expostas diariamente nas comunidades tem um grande impacto no nosso meio, nos
últimos meses, e devido seu baixo custo-benefício para a prevenção. Assim sendo, apesar de
números crescentes de crianças com queixa de infecção do trato respiratório nos hospitais nesta
época do ano em que se encontramos é importante considerar também que a comunidade espera
orientações dos profissionais de saúde face as medidas para prevenir as recorrências dessas
infecções em crianças no nosso meio.

CAPÍTULO II‫ ׃‬Fundamentação Teórica

2.1. Infecções do Trato Respiratório Inferior

São infeccoes que acometem o trato respiratório inferior ( traqueia, brônquios e pulmões )

As infecções respiratórias agudas (IRA) são uma das principais causas de morbidade e
mortalidade em criança e de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) bronquiolite e
a pneumonia são os componentes epidemiológicos mais importantes das IRA no início da
infância

As infecções do trato respiratório inferior podem ser agudas ou crônicas e também, podem ser
provocadas por vírus, bactérias, predisposição genética, tabagismo, poluição, dentre outros
motivos. E dentre as infeccoes do trato respiratório inferior temos as seguintes:

1.Agudas

1. Bronquiolite;

2.Bronquite;

3. Coqueluche;
2.Crónicas

1.Tuberculose;

2. Empiema.

Factores de riscos

1.Infecções virais: atacam alguns órgãos sistema respiratorio


2.Poluicao do ar
3. Tabagismo
4. Uso inadequadode

O diagnóstico é estabelecido em função dos sintomas.


O diagnóstico da tuberculose pode ser radiológico, histopatológico, gênico (GeneXpert
MTB/RIF), imunológico (prova tuberculínica) sorológico, microbiológico (Baciloscópia do

2.2 Fisiopatologia da influencia do Tabagismo na Tuberculose


As bases fisiopatológicas nas quais o tabagismo aumenta o risco de tuberculose são
explicadas pela disfunção da mecânica ciliar, diminuição da resposta imune do indivíduo,
defeitos na resposta imunológica gica dos macrófagos e diminuição dos níveis de CD4,
aumentando a suscetibilidade à infecção pelo Mycobacterium tuberculosis (1). Nos alvéolos, a
primeira defesa contra o M. tuberculosis é o macrófago alveolar. Essa célula liga-se ao bacilo
através de receptores de complemento (CR1, CR3 e CR4) e de manose, e emite pseudópodos que
se fundem distalmente ao bacilo, internalizando-o. Células dendríticas que também fagocitaram a
micobactéria migram pelo sistema linfático em direção ao linfonodo regional, originando o
complexo de Gohn nos indivíduos fumantes.
Essas células dendríticas estão funcionalmente comprometidas pela injúria da matriz
extracelular e tecidual, facilitando a infecção pelo M. tuberculosis. Alguns macrófagos
infectados permanecem no tecido pulmonar. A partir da fusão do fagossomo e do lisossomo,
antígenos podem ser processados e posteriormente apresentados aos linfócitos T auxiliares
(CD4+), através do MHC de classe II, presente apenas em macrófagos, células dendríticas e
linfócitos B (também denominados células apresentadoras de antígenos).
Células CD4+ Th1 desempenham a função principal na resposta imune à micobactéria.
Contudo, células T citotóxicas (CD8+), que reconhecem antígenos oriundos do citoplasma
(tumorais ou virais), também participam da resposta imune ao M. tuberculosis. Células T CD8+
são capazes de reconhecer fragmentos peptídicos ligados ao MHC classe I, moléculas expressas
em praticamente todas as células diferenciadas ou maduras do organismo. Os linfócitos ativados
liberam citocinas e recrutam outros linfócitos, macrófagos e fibroblastos. As citocinas, moléculas
produzidas e secretadas por diferentes células imunocompetentes, após algum estímulo, são um
componente central da defesa contra as micobactérias. Em todos os estágios da resposta imune,
as citocinas produzidas participam dos processos regulatórios, assim como das funções efetoras.
A principal citocina envolvida na formação do granuloma é o TNF-α, liberado pelos macrófagos
logo após a exposição a antígenos do M. tuberculosis. Nos fumantes, a ação da nicotina, através
do receptor alfa7-nicotínico, reduz a produção de TNF-α pelos macrófagos e, dessa forma,
impede a sua ação protetora e favorece o adoecimento e outra ação da fumaça do cigarro nesse
ponto é a promoção seletiva de downregulation na produção de IL-12 e de TNF-α, o que
compromete a formação do granuloma e a prevenção do desenvolvimento de doença ativa que,
em indivíduos imunocompetentes, contêm a infecção nesse estágio.
O fumo reduz também as concentrações sanguíneas de IgA, IgG e IgM, as duas últimas
são reversíveis quando se para de fumar, já IgA é irreversível. Nos fluidos pulmonares, aumenta
IgG, em virtude de estímulos locais ou pela exsudação do plasma para alvéolos devido à fumaça
(GIUSTI, 2007).

Essas medidas pode, ser feitas através de implementação de:

 incorporação da prevenção ao tabagismo entre as pessoas com tuberculose;


 intervenção na cessação do tabagismo durante o tratamento da tuberculose como medida
importante ao sucesso do tratamento;
 ampliação da educação multidisciplinar, com objetivo de conscientizar a população fumante
sobre o risco de contrair a doença e a necessidade de rastreamento ativo do uso de tabaco
entre os pacientes de tuberculose;
 ampliação dos serviços de aconselhamento dos pacientes para o abandono do uso de
derivados de tabaco e a exposição ao tabagismo passivo, como medida importante para as
ações de controle da tuberculose;
 ênfase no controle do tabagismo junto aos serviços de tuberculose para incentivar os
trabalhadores de saúde na cessação do tabagismo.

CAPÍTULO III‫׃‬Metodologias
3.1 Critérios de Inclusão e de Exclusão
De modo a atingir os objectivos traçados, Foi executada uma revisão sistemática,
realizando uma pesquisa nas seguintes bases de dados: SCIELO, PUBMED e BVS (Biblioteca
Virtual em Saúde). Os descritores usados foram retirados dos descritores da BVS, sendo três:
Tuberculose; Tabaco e Sistema Imunitário. A pergunta central foi: de qual forma as interacções
do tabagismo com o sistema imune colaboram para o desenvolvimento da forma activa da
infecção por Mycobacterium Tuberculosis. Após isso, foram montados quatro questionamentos
secundários: Como o tabagismo interfere no sistema imunológico? Quais os mecanismos de
interacção do sistema imunológico e o desenvolvimento da tuberculose? De qual maneira o
tabagismo colabora para o aparecimento da tuberculose? De que maneira o uso progressivo do
tabaco colabora para um prognóstico “ruim” para o paciente com Tuberculose ? Posteriormente,
foram montados os critérios de inclusão e de exclusão. Sendo os critérios de inclusão: População
tabagista e infectada por MycobacteriumTuberculosis e critério de exclusão : população não
tabagista infectados pelo Mycobacterium Tuberculosis.

3.2. Coleta e Analise de Dados


A análise de dados foi feita mediante a recolha preliminar, no enfoque qualitativo. Para a análise
e interpretação de dados, adoptou-se a triangulação, que consiste em “Consulta Bibliográfica,
Entrevistas e Observação”, que é uma técnica de investigação social complementar à técnica da
entrevista, análise bibliográfica e da observação que trata de fazer aparecer o máximo possível os
elementos de informação e de reflexão, que servirão de matérias para uma análise sistemática de
conteúdo que corresponde as exigências de estabilidade e de intersubjectividades dos processos
(Marconi, 2009).
CAPÍTULO IV: Apresentação de experiências vividas na Clínica Universitária
No bloco 3.5( Febre, Infecção e Inflamação) pude presenciar um caso que aparentemente
parecia uma Tuberculose desencadeado por tabagismo. Recebemos um Paciente de Sexo
Masculino, jovem, tabalhador- segurança , tabagista dependente ,ele comentou que fuma deste
adolescência e já não consegue realizar suas actividades diárias sem primeiro usar
tabaco( Maconha). O paciente apresentava queixa de emagrecimento, tosse, sudorese nocturna e
febre vespertina. Suspeitou-se como diagnostico a Tuberculose, porém, o paciente foi
encaminhado para fazer exames complementares no HCB e não pude acompanhar o desfecho.

4.2 Discussão
Face essa experiência, suspeitou-se sobre Tuberculose devido o paciente ser tabagista a bastante
tempo, pois o tabaco duplica a chance de adquirir tuberculose e essa situação pode ser
potencializada de acordo com o número de cigarros utilizados a cada dia.

CAPÍTULOV: Conclusão e Recomendações

5.1 : Conclusão
Portanto, pode-se perceber que o hábito do tabaco predispõe para o desencadeamento da forma
ativa de Tuberculose, bem como provoca a redução das principais células e citocinas
responsáveis por deixar Mycobacterium Tuberculosis a na sua forma latente e contida em um
granuloma. Nos fumantes, ocorre uma redução de Linfócitos TCD4+, a principal célula
envolvida no combate à Mycobacterium Tuberculosis , segundo todos os estudos coletados,
sucede-se uma diminuição de IFN-gama, responsável por fornecer a capacidade bactericida em
fagócitos mononucleares, e colaborar para a mitigação da capacidade de migração e quimiotaxia,
essas são essenciais para os leucócitos atingirem local da infecção e exercerem sua função.
Então, os profissionais de saúde devem estar atentos face aos pacientes com tuberculose e
tabagistas, propondo-lhes o fim do consumo de cigarros, uma vez que, dessa condição dependerá
a recuperação e melhoria da saúde do paciente. Isso necessitará de uma boa relação médico-
paciente, a qual se atenha a um tratamento do paciente de forma integrativa. Todavia , tornou-se
notável o prejuízo do uso do tabaco para o sistema imunológico, colaborando, dessa maneira,
para o desenvolvimento da sintomatologia da Tuberculose. Assim sendo, é essencial uma
intervenção que reduza o número de tabagistas, com o fito de minimizar a quantidade de
indivíduos a com TB, potencializada pelo uso do cigarro.

5.2 Recomendações
As recomendações tende envolver tantos os profissionais de saúde como aos pacientes abordados
na questão em causa e dentre elas temos:

 A abordagem do paciente com tuberculose, com a finalidade de auxiliá-lo na cessação do


tabagismo, tende ser permanentemente realizada por todos os profissionais que actuam na
equipe de saúde. Pode ser feita durante a anamnese, bem como no momento do diagnóstico
ou do tratamento da tuberculose;
 Quando identificado o tabagista, deve ser ofertado o atendimento no programa de controle do
tabagismo. E o contacto inicial deve ser amistoso e cordial. Outras acções de convite ao
tratamento podem ser realizadas, como divulgação via panfletos informativos, chamadas por
sistema de alto-falantes, rádios comunitárias, cartazes e palestras em grupos, por intermédio
de agentes comunitários de saúde, ou por diversas outras acções;
 Os profissionais de saúde devem orientar e estimular também, pessoas tabagistas que
convivem no mesmo domicílio do paciente com tuberculose a procurar tratamento do
tabagismo na rede do Sistema Único de Saúde (SUS). Dessa forma, poderá ser evitada a
exposição ao tabagismo passivo e facilitada a resistência à vontade de fumar do paciente
tabagista;
 Os profissionais de saúde devem auxiliar o tabagista a detectar situações de risco que o
levam a fumar e desenvolver estratégias para o enfrentamento dessas situações, visando não
só à cessação do tabagismo, mas também à prevenção de recaídas.

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