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Enfermagem Aqui
Paciente Crítico I
Assistência de Enfermagem a
Pacientes com Patologias Clínicas Renais
Revisão Textual:
Prof.ª Dra. Selma Aparecida Cesarin
Revisão Técnica:
Prof.ª Dra. Raquel Josefina de Oliveira Lima
Assistência de Enfermagem a
Pacientes com Patologias Clínicas Renais
Objetivos
• Estabelecimento de prioridades no atendimento aos pacientes clínicos e críticos com com-
prometimento renal;
• Subsídios para o desenvolvimento do raciocínio clínico na Assistência ao paciente crítico
com comprometimento renal;
• Conhecimento acerca dos procedimentos dialíticos realizados em UTI.
Caro Aluno(a)!
Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.
Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.
Bons Estudos!
UNIDADE
Assistência de Enfermagem a Pacientes com Patologias Clínicas Renais
Contextualização
A Insuficiência Renal Aguda é um dos agravos de saúde mais frequentes nos pacien-
tes críticos. É definida como a perda súbita da capacidade dos rins filtrarem os resíduos,
os sais e os líquidos do sangue, que podem alcançar níveis críticos, afetando o metabo-
lismo orgânico.
Em paciente com falência múltipla de órgãos e que necessita de diálise, a taxa de mor-
talidade gira em torno de 70 a 80%. Contudo, a capacidade de recuperação da função re-
nal normal naqueles que sobreviveram a uma Insuficiência Renal Aguda é superior a 45%.
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Introdução
Vamos iniciar esta Unidade relembrando a anatomia e a fisiologia renal, vez que
compreender o funcionamento desse órgão é de extrema importância para o desen-
volvimento das competências necessárias ao processo de avaliação e identificação das
necessidades humanas afetadas envolvendo esse órgão, o que possibilitará a você imple-
mentar Assistência de Enfermagem adequada.
Os rins são protegidos pelas costelas e pelos músculos do abdome e das costas e são
circundados por depósitos de gordura que lhes conferem proteção contra impactos. Os
rins estão fixos da parede abdominal pela fáscia renal, que é a camada externa dos rins
formada por tecido conjuntivo. O objetivo da fáscia é limitar hemorragias, infecções e
extravasamento de urina. Temos a glândula suprarrenal localizada no ápice de cada rim
(RIELLA, 2018).
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Assistência de Enfermagem a Pacientes com Patologias Clínicas Renais
Você sabia que a gordura perirrenal é a responsável pela visualização radiológica da si-
lhueta renal, devido à sua maior radiotransparência?
Os rins são revestidos por uma membrana fibroelástica fina e resistente, chamada de
cápsula renal. Internamente, temos o parênquima renal, que é dividido em duas partes:
córtex e medula.
O córtex renal mede cerca de 1cm de largura contornando todo rim internamente,
situando-se ao redor das bordas mais externas dos rins. É nelas que encontramos os
néfrons, que são as unidades funcionais do rim.
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os cálices maiores, que desembocam na pelve renal, a pelve renal se curva no sentido
medial, em direção à bexiga, para tornar-se o ureter (RIELLA, 2018).
Figura 2 – Rim
Fonte: Adaptada de PAULSEN; WASCHKE, 2019
Vascularização Renal
Os rins recebem cerca de 20 a 25% do débito cardíaco total e, dessa forma, todo
o sangue corporal circula pelo rim cerca de 12 vezes/hora para ser filtrado. É no hilo
que entra a artéria renal, originada da aorta abdominal. Ela vai se dividindo em vasos
menores até formar as arteríolas aferentes. Cada veia aferente se ramifica formando o
glomérulo. O sangue sai dos glomérulos através da arteríola eferente retornando à veia
cava inferior por uma rede de capilares e veias (RIELLA, 2018).
Saindo do hilo, encontramos, também, os ureteres e a veia renal (vide Figura 3).
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Assistência de Enfermagem a Pacientes com Patologias Clínicas Renais
O Néfron
Cada rim possui aproximadamente um milhão de néfrons (700.000 a 1200.000). Ele
é a unidade funcional do rim. Um único néfron consegue desempenhar todas as funções
do rim de modo independente.
O rim recebe sangue da artéria renal. A artéria renal se subdivide até formar uma rede
de capilares, dando origem ao tufo glomerular. O tufo glomerular é encapsulado pela
Cápsula de Bowman, formando o corpúsculo renal. O corpúsculo renal é chamado de
glomérulo, que é responsável pelo ultrafiltrado glomerular (vide Figura 4) (RIELLA, 2018).
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Figura 4 – Circulação renal
Fonte: Adaptada de RIELLA, 2018
Fisiologia Renal
A função renal pode ser devidamente explicada com a descrição da função de um
néfron, que é a menor unidade do rim responsável pela filtragem do sangue e formação
da urina.
Como visto, a urina é formada por um complexo processo composto por três etapas:
filtração glomerular, reabsorção tubular e secreção tubular.
A água compõe cerca de 60% do corpo humano e os rins são responsáveis por man-
ter o nosso balanço hídrico, por meio da formação da urina. Em um indivíduo adulto em
repouso, cerca de 20% a 25% do débito cardíaco se dirige aos rins, produzindo cerca
de 125ml de filtrado por minuto, o que totaliza 180 litros por dia, ou seja, cerca de 4,5
vezes o total de líquido do organismo.
É claro que nem todo esse filtrado poderia ser eliminado como urina. O que ocorre é
que, à medida que o filtrado passa pela Cápsula de Bowman e pelo restante dos néfrons,
quase que a totalidade é devolvida para a corrente sanguínea.
Assim, desse grande volume, aproximadamente 1,5 litros ao dia é eliminado em forma
de urina (MORTON; FONATINE, 2019).
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Para melhor compreensão das funções renais, faça uma revisão da fisiologia desse órgão,
consulte o Capítulo 14 do e-book: MOURÃO JÚNIOR, C. A.; ABRAMOV, D.M. Fisiologia hu-
mana 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021. 428p. Disponível em nossa Biblio-
teca Virtual.
Doenças Renais
Nefrolitíase
A nefrolitíase consiste na formação de cálculos (pedras) renais. Eles podem se formar
em qualquer parte do Sistema Urinário, porém é mais comum a formação na pelve ou
nos cálices renais. Os cálculos podem ser únicos ou múltiplos. São mais comuns nos
homens, e raros em crianças.
A causa exata da formação desses cálculos ainda é desconhecida, mas se sabe quais
são os fatores de risco: desidratação, infecção, alterações no pH urinário, obstrução do
fluxo urinário, fatores metabólicos, doenças renais, imobilização (devido à liberação de cál-
cio no sangue), fatores alimentares e Gota (doença relacionada ao acúmulo de ácido úrico).
Cerca de 75 a 80% dos cálculos são formados por oxalato de cálcio e fosfato de
cálcio, 15% são de magnésio, amona e fosfato, 7% de ácido úrico e apenas 1% é for-
mado por cistina. A formação dos cálculos acontece quando uma dessas substâncias se
precipita ou quando há um quadro de desidratação, devido ao aumento da concentração
desses solutos na urina (vide Figura 6) (RIELLA, 2018).
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Figura 6 – Presença de cálculos renais
Fonte: Getty Images
Sinais e sintomas
O portador de nefrolitíase pode apresentar: dor intensa, náuseas e vômitos, febre e
calafrio, distensão abdominal, anúria e hematúria.
Complicações
As complicações apresentadas podem ser:
• Destruição ou lesão do parênquima renal;
• Hidronefrose;
• Sangramentos;
• Infecção;
• Dor;
• Necrose por pressão;
• Obstrução por cálculo.
Diagnóstico
O diagnóstico é realizado com base no exame físico, nas queixas do paciente, e por
meio dos exames laboratoriais e de imagem. Os Exames Laboratoriais são: coleta de
urina de 24 horas para examinar a excreção de oxalato de cálcio, de fósforo e de ácido
úrico; análise do cálculo para determinar o mineral causador; concentração de prote-
ínas, cálcio e fósforo no sangue; urocultura. Já os Exames de Imagem são: urografia
excretora, ultrassonografia, radiografia do rim, ureter e bexiga (RIELLA, 2018).
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Tratamento
O tratamento consiste em: promover hidratação (ingesta de mais de 3l/dia de lí-
quidos), uso de analgésicos, diuréticos, antimicrobianos, controle alimentar de cálcio,
uso de alopurinol para os casos de cálculo por ácido úrico, colestiramina ligadora de
oxalato para os casos de hipercalciúria, pequenas doses diárias de ácido ascórbico para
acidificar a urina, litotripsia ou tratamento com laser, objetivando quebrar o cálculo em
pequenos fragmentos e remoção cirúrgica dos cálculos (RIELLA, 2018).
Cistite
A cistite é uma das infecções bacterianas mais comuns, que acomete cerca de 20 a
30% das mulheres. O que leva essa incidência ser maior entre as mulheres é o fato de
elas terem a uretra mais curta, a falta de secreções prostáticas antibacterianas e a migra-
ção bacteriana por meio da relação sexual.
A maioria das Infecções Urinárias (ITU) consiste em episódios agudos sem sequelas.
No entanto, infecções graves resultam em perda da função renal e sequelas permanentes.
A ITU pode ter origem tanto comunitária quanto hospitalar, relacionada ao uso de ca-
teter. Quando a ITU acomete a bexiga, dizemos cistite, e quando é no rim, pielonefrite.
A infecção é adquirida, geralmente, por via ascendente (origem endógena) ou por via
hematogênica. Esta é a menos comum (atinge os rins primeiro), tais como a tuberculose
renal e a pielonefrite por S. aureus (RIELLA, 2018).
Microrganismos Relacionados
• Escherichia coli: espécie mais frequente;
• Bacilos Gram Negativos: Proteus, Klebsiella, Enterobacter, Serratia, Pseudomonas
aeruginosa (hospitalar) etc.;
• Gram Positivos: Staphylococcus saprophyticus (comunidade), S. epidermidis,
Enterococcus, Corynebacterium urealyticum (hospitalares);
• Disseminação hematogênica: Salmonella typhi, S. aureus, Mycobacterium
tuberculosis.
Sinais e sintomas
• Cistite: disúria, aumento da frequência (polaciúria) associado à urgência miccional
e nictúria, sensação de esvaziamento incompleta e desconforto suprapúbico. A Cis-
tite pode ser assintomática em idosos ou pacientes que utilizam cateter vesical de
demora por longo período de tempo;
• Pielonefrite: os sintomas são semelhantes a infecções da bexiga, com febre, cala-
frios e dor lombar;
• As ITUs podem evoluir para quadros com abscessos renais, tendo como consequ-
ência os episódios recorrentes (são infecções frequentes) e a perda de função renal;
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• ITUS assintomáticos: gestantes e crianças pequenas, indivíduos instrumentalizados,
cateterizados, idosos e diabéticos (RIELLA, 2018).
Diagnóstico
O diagnóstico pode ser clínico e laboratorial. No clínico, serão levados em considera-
ção os sinais e os sintomas referidos pelo paciente associados aos achados laboratoriais.
Avaliação da piúria
• Método direto: sedimentoscopia a fresco. Visualização de cilindros leucocitários e
hemácias sugestivo de pielonefrite;
• Método indireto: Teste da Esterase Leucocitária (RIELLA, 2018).
Avaliação da bacteriúria
• Método direto: esfregaço de urina não centrifugada e corado pelo Gram. Cultura
quantitativa. É considerada padrão ouro em diagnóstico;
• Método indireto: Teste da Redução do nitrato a nitrito indica a presença de ente-
robactérias.
Em pessoas imunodeprimidas, com quadro de infecção do trato urinário, a piúria pode ser
negativa e a cultura, positiva.
Tratamento
Quando a ITU está relacionada a cateter vesical de demora, recomenda-se o seguinte
tratamento:
• A profilaxia é indicada para os casos de ITU graves ou redicivantes;
• O uso profilático de antimicrobiano sistêmico não é indicado como rotina em pa-
cientes com sondagem vesical de curta ou de longa permanência.
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Assistência de Enfermagem a Pacientes com Patologias Clínicas Renais
R Risk – Risco
I Injury – Injúria
F Failure – Falha
L Loss – Perda
O Acute Kidney Injury Network propôs outra classificação para a definição da LRA
em que, avaliando o aumento da CrS ou a diminuição do débito urinário, classifica-se
a LRA em três estágios. Nesse sentido, destaca-se que, como o controle do volume
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urinário, é atividade exercida pela Equipe de Enfermagem, uma Equipe devidamente
treinada poderá ser o diferencial na identificação precoce de uma lesão renal. A seguir,
apresenta-se quadro comparativo dos dois tipos de classificações que podem instrumen-
talizar você no processo de avaliação e identificação da LRA (VIANA, 2020).
Tabela 1 – Comparação entre critérios AKIN e RIFLE para avaliação e diagnóstico da LRA
AKIN Comum a Ambos RIFLE
CrS Débito Urinário CrS ou TFG
• Estágio I: Aumento na CrS ≥ 0,3 mg/dL
• Risk: Aumento da CrS ≥ 1,5 vez ou queda
ou aumento ≥ 50 – 100% (1,5-2 vezes) do < 0,5 mL/kg/h por mais de 6 h
na TFG estimada > 25%
valor basal.
• Estágio II: Aumento na CrS ≥ 100-200% • Injury: Aumento da CrS ≥ 2 vezes ou
< 0,5 mL/kg/h por mais de 12 h
(2-3 vezes) do valor basal. queda na TFG estimada > 50%
• Failure: Aumento da CrS ≥3 vezes ou CrS
≥ 4 mg/dL, com aumento agudo ≥ 0,5
• Estágio III: Aumento de CrS ≥ 200% (3 ve- mg/dL, ou queda da TFG estimada > 75%;
zes) do valor basal, ou CrS ≥ 4 mg/dL, com < 0,3 mL/kg/h por mais de 24 h
• Loss: Perda completa da função renal >
aumento agudo ≥ 0,5 mg/dL, ou necessi- ou anúria por 12 h
4 semanas;
dade de TRS.
• End-stage Kidney disease: DRCT com
necessidade de TRS > 3 meses.
Fonte: Adaptada de VIANA; WHITAKER; ZANEI, 2020
Principais causas:
• Choque: cardiogênico ou hemorrágico;
• Insuficiência cardíaca congestiva;
• Sépsis;
• Cirurgias;
• Obstrução das vias urinárias por tumores, cirurgias ou cálculos renais;
• Gravidez;
• Contrastes radiográficos: devido aos pigmentos (maior risco em idosos);
• Nefrotóxica: uso de medicações nefrotóxicas (aminoglicosídeos, anfotericina etc.) e
toxinas (mercúrio, bismuto etc.) (YU, 2018).
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Assistência de Enfermagem a Pacientes com Patologias Clínicas Renais
Etiologia
Pode ser de origem pré-renal, intrarenal e pós-renal. Vejamos cada uma delas.
• Pré-renal: devido à hipoperfusão do rim causado por hemorragias, perdas renais,
devido ao uso de diuréticos ou diurese osmótica, perdas gastrintestinais, devido
a vômitos, diarreia e aspiração nasogástrica. Por comprometimento da eficiência
cardíaca devido a IAM, ICC, arritmias e choque cardiogênico, Vasodilatação por
sepse, anafilaxia e medicamentos que provoquem vasodilatação;
• Intrarenal: ocorre lesão no tecido renal devido à isquemia renal prolongada, agen-
tes nefrotóxicos e processos infecciosos, tais como a pielonefrite e a glomerulone-
frite aguda;
• Pós-renal: é resultante de obstrução distal do rim, que pode ser causada por cálculos,
tumores hiperplasia prostática benigna, estenose e coágulos sanguíneos (YU, 2018).
Diagnóstico
• História clínica: identificar causas, fatores de risco, severidade da LRA e manifes-
tações clínicas;
• Exame físico: avaliar estado de hidratação pelo peso corpóreo, turgor cutâneo,
alterações de pulso e PA, membranas mucosas etc.; avaliar o estado mental e o
padrão respiratório;
• Exame de sangue: ureia, creatinina, bicarbonato, sódio, potássio, ácido úrico,
cálcio e fósforo;
• Exame de urina: sedimento e osmolaridade urinária;
• Exames de imagem: ultrassonografia e tomografia computadorizada;
• Biópsia renal: auxilia quando a causa é desconhecida, com evolução atípica e/ou
prolongada (YU, 2018).
Quadro clínico
Observação das seguintes anormalidades:
• Alterações no débito urinário: oligúria (400ml/24h) e anúria (50ml/24h), pode
apresentar sangue (hematúria) e ter baixa densidade;
• Elevação dos níveis de creatinina, magnésio e fósforo;
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• Hipercalemia: sintomas de fraqueza, paralisia muscular e alterações na condução
cardíaca, podendo levar à assistolia;
• Acidose metabólica: acúmulo de substâncias nitrogenadas;
• Anemia: deficiência na produção da eritropoietina.
Tratamento
• Rigoroso controle hidroeletrolítico (400ml/dia, acrescido do débito urinário);
• Controle dietético com restrição de Na+;
• Correção da acidose metabólica;
• Terapia renal substitutiva (diálise), em que pode ser utilizada uma dessas modalida-
des dialíticas: método contínuo (hemodiálise lenta), hemodiálise convencional ou
diálise peritoneal (YU, 2018).
Em pacientes com DRC, essa filtração pode chegar a variar entre 5-10 ml/min.
Quando ocorre a doença renal, os néfrons remanescentes se adaptam para manter as
funções, mas como a DR é progressiva, em questão de tempo, eles também param de
funcionar, e quando a função renal está abaixo de 20% do normal, há a necessidade de
realizar um dos tratamentos dialíticos.
Causas da DRC
A DRC é considerada uma doença secundária, ou seja, geralmente, a causa da perda
da função renal é decorrente de uma patologia que chamamos de primária, sendo a
DRC sua complicação. As causas mais comuns são: hipertensão arterial sistêmica, con-
siderada a principal incidência mundial; a diabetes mellitus, que é a segunda causa de
perda da função; já a glomerulonefrite é a terceira, e temos também outras causas, tais
como uropatias obstrutivas, tumores, lúpus eritematoso, rim policístico, agênesias, hi-
dronefrose, além das causas referentes à LRA, que podem levar à DRC (RIELLA, 2018).
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Assistência de Enfermagem a Pacientes com Patologias Clínicas Renais
Manifestação clínica
Com a diminuição da função renal, ocorre a retenção de substâncias tóxicas no sangue,
como ureia e creatinina, por exemplo, além do aumento do volume do líquido circulatório.
Diagnóstico
Em geral, é uma doença silenciosa, e quando o paciente procura o auxílio médico, já
está em estágio avançado da doença, exceção quando segue controle de saúde regular,
como no caso de pacientes hipertensos e diabéticos. Portanto, o diagnóstico clínico não
é baseado somente nos sinais e nos sintomas, baseia-se, em grande parte, no Estudo
Laboratorial e nos Exames de Imagem.
Anormalidades laboratoriais
• Séricas
» Aumento de: ureia, creatinina, fósforo, potássio, magnésio, fosfatase alcalina,
paratormônio, glicose, colesterol e triglicérides;
» Diminuição de: bicarbonato, cálcio, ferro, albumina, calcitriol e eritropoetina.
• Urinárias
» Proteinúria, cilindros céreos e largos.
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Anormalidades radiológicas
• Rins geralmente contraídos ao: RX de abdome, ecografia, urografia e na tomo-
grafia (RIELLA, 2018).
Tratamento
A DRC, por ser uma patologia crônica, não tem cura, apenas tratamento, objetivando
melhorar a qualidade de vida do portador. Nos dias atuais, devido à tecnologia, ao uso
de medicamentos e ao acesso ao tratamento, os portadores de DRC têm vivido mais em
terapia e, diante disso, provavelmente, ao longo de sua vida, poderá passar por todas as
modalidades terapêuticas.
• Cateter venoso central (CVC): temos o cateter de curta permanência (sem túnel) e
o de longa (com túnel subcutâneo). O cateter de curta permanência é indicado nos
casos de HD de urgência e é utilizado até que a FAV esteja “madura” para ser pun-
cionada. Já o cateter de longa permanência é mais utilizado nos casos de pacientes
com problemas vasculares sem condição de FAV (vide Figura 10);
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Assistência de Enfermagem a Pacientes com Patologias Clínicas Renais
• Prótese: é usada em pacientes crônicos sem acesso vascular, depois de ter esgo-
tado todas as oportunidades de construção desse acesso. É uma veia artificial que
pode ser implantada nos MMSS e nos MMII (coxa), e precisa de um tempo para ser
incorporada pelo organismo antes de ser usada na HD.
Equipamento de HD
Para realizar o tratamento de HD, além do acesso vascular, do dialisador e do dialisato,
é necessária uma máquina. Elas são chamadas de Máquinas de Hemodiálise e também
de Máquinas de Proporção, que necessitam de um ponto de acesso à água tratada (ela
passa por um processo de remoção de impurezas, de cloro e de microrganismos) para
compor a solução dialisante. Temos vários tipos e modelos de máquinas de HD, no en-
tanto, todas executam a mesma função (BRASIL, 2014).
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Figura 10 – Máquina de hemodiálise com hemofiltração
Fonte: Divulgação
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Assistência de Enfermagem a Pacientes com Patologias Clínicas Renais
Figura 11 – Dialisador
Fonte: Divulgação
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Figura 12 – Osmose portátil
Fonte: Reprodução
A seguir, vamos ver como é cada uma dessas modalidades dialíticas na UTI (BRASIL,
2014).
Diálise peritonial
A Diálise Peritonial (DP) não requer equipamento tecnicamente avançado. O diali-
sante é introduzido na cavidade peritonial por meio de um cateter colocado na região
inferior do abdome. As paredes da cavidade peritonial são forradas por uma membrana
delgada, o peritôneo, que reveste todos os órgãos nela contidos.
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Assistência de Enfermagem a Pacientes com Patologias Clínicas Renais
Para que o sangue seja filtrado através do peritônio, na DP, é criado um gradiente
de pressão osmótica pela adição de um agente osmótico ao dialisante, que irá aspirar
líquido do sangue. A concentração do agente osmótico é escolhida de modo a permitir
que seja removida a quantidade de líquido mais próximo do necessário. Na maioria dos
casos, escolhese a glicose para criar essa pressão osmótica. Sendo assim, a solução
dialisante utilizada na DP é à base de glicose. Temos disponível bolsas com 1,5%, 2,5%
e 4% de concentração de glicose.
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Figura 13 – Ciclo da DPI
Fonte: Reprodução
Para que a DP aconteça, é necessária uma via de acesso peritoneal, que é conse-
guida com a passagem de um cateter siliconizado, chamado de Cateter de Tenckhoff,
que serve de passagem tanto para drenar quanto para infundir a solução dialisante (vide
Figura 14).
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Assistência de Enfermagem a Pacientes com Patologias Clínicas Renais
O volume de sangue que fica fora do corpo do paciente durante todo o tempo da
terapia corresponde a cerca de 300 a 450ml e varia conforme o tamanho do dialisador
(coeficiente de ultrafiltração) e comprimento das linhas (VIANA, 2020).
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Os cateteres são, preferencialmente, feitos de material biocompatível, flexíveis, resis-
tentes à invasão bacteriana e fáceis de manusear. Aqueles com único lúmen são utiliza-
dos para os métodos arteriovenosos (CAVH, CAVHD, CAVHDF, SCUF).
Anticoagulação
Para que o sangue circule de forma extracorpórea, é necessário que ele seja anticoa-
gulado, porém nem sempre é indicado o uso desse tipo de medicamento.
Equipamento
• Prisma e Prismaflex: Gambro (ver Figura 16);
• Genius 90: Fresenius (ver Figura 17);
• Máquinas convencionais de HD.
Figura 15 – Prismaflex
Fonte: Divulgação
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UNIDADE
Assistência de Enfermagem a Pacientes com Patologias Clínicas Renais
Prognóstico
Os índices prognósticos são utilizados para determinar a severidade da doença nos
pacientes em UTI.
São eles:
• APACHE (Acute Physiology and Chronic Health Evaluation): classifica a se-
veridade da doença, utilizada para pacientes em UTI;
• SAPS (Simplified Acute Physiology Score): avalia a severidade da doença em UTI.
Agora, você encerra mais uma Unidade de estudos. Acredito que tenha sido uma experi-
ência rica e proveitosa em termos de novos conhecimentos relacionados à anatomia e à
fisiologia renal e às diferentes doenças que acometem os rins.
Você viu os métodos dialíticos e também ampliou seu vocabulário de terminologias. Per-
cebeu que a Terapia Renal Substitutiva é muito ampla, que temos à disposição diferentes
modalidades terapêuticas que podem ser indicadas pelo médico nefrologista em acordo com
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o médico intensivista, conforme a necessidade do paciente, e que o enfermeiro intensivista
precisa ter um conhecimento científico mais amplo, associado ao conhecimento tecnológico
para poder manipular e cuidar dos dispositivos e equipamentos utilizados no tratamento dia-
lítico, fornecendo Assistência com qualidade e segurança ao paciente com lesão renal aguda.
Agora, vamos prosseguir nossos estudos. E, assim, finalizar seu aprendizado nesta Disciplina
com a Assistência de Enfermagem ao portador de doença renal.
Bons estudos!
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Assistência de Enfermagem a Pacientes com Patologias Clínicas Renais
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Enfermagem em terapia intensiva: práticas e vivências
VIANA, R. A. P.; PEREIRA, I. Y.; WHITAKER, S. S. V. Z. (org.). Enfermagem em terapia
intensiva: práticas e vivências [Recurso Eletrônico]. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2020;
Porth fisiopatologia
NORRIS, T. L. Porth fisiopatologia. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021.
1552p. il.
Vídeos
Como se formam os cálculos renais? – Dr. Fernando Bastos Duarte/Instituto Burmann e Bastos
https://youtu.be/Tb1RwLeDj3c
Leitura
O processo de transição saúde/doença em pacientes renais crônicos:
contribuições para assistência de enfermagem
https://bit.ly/3fuDcGm
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Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Diretrizes Clínicas para o Cuidado ao paciente com
Doença Renal Crônica – DRC no Sistema Único de Saúde. Brasília: Secretaria de
Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada e Temática. Ministério da
Saúde, 2014. 37p. il.
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