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TEORIAS DE APRENDIZAGEM BEHAVIORISTAS

Introdução

Esta lição vai iniciá-lo no estudo das teorias de aprendizagem, começando pela teoria de
aprendizagem behaviorista, que explica como é que se formam os comportamentos.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Descrever os mecanismos do condicionamento;


 Analisar a aplicação da teoria behaviorista no processo de ensino-aprendizagem;
 Aplicar a teoria do reforço no processo de ensino-aprendizagem.

Terminologia:

Comportamento, condicionamento, estímulo incondicionado, estímulo significativo, reflexo


incondicionado, estímulo não significativo, reflexo condicionado, reforço, reforço positivo,
reforço negativo, ensaio-erro.

1. O CONDICIONAMENTO

A palavra behaviorismo vem do inglês behaviour, que significa conduta, comportamento,


em Língua Portuguesa (William e Raitt, 1996: 199). O behaviorismo procura explicar a
formação do comportamento com base na influência de determinadas condições. Segundo a
teoria do behaviorismo determinadas condições, determinados estímulos do meio ambiente
podem produzir determinados comportamentos.

Deste modo, o behaviorismo considera que se pode estabelecer uma ligação entre uma
determinada situação, condição ou estímulo e o comportamento do indivíduo. O
behaviorismo foi criado por John B. Watson (1878 1958), psicólogo americano, baseando-
se nas investigações de Ivan Pavlov, que a seguir vamos apresentar.
2. CONDICIONAMENTO CLÁSSICO

Ivan Pavlov (1889 – 1936), fisiólogo russo, que ganhou mérito após ter realizado
investigações que resultaram na teoria do condicionamento clássico. Em que consistiram
tais investigações? Pavlov apresentou a um cão esfomeado um pedaço de carne e verificou
que o cão salivou e aproximou-se para comer a carne. Nesta experiência a carne é um
estímulo incondicionado (Ei), porque está ligado a satisfação de necessidades instintivas, a
necessidades vitais, sendo, por isso, um estímulo significativo.

A salivação é um reflexo incondicionado(Ri), uma reacção automática ligada aos instintos.


Em seguida, Pavlov realizou a seguinte experiência: Tocou uma campainha seguida de
apresentação de pedaço de carne ao cão esfomeado, tendo verificado que o cão salivou e
aproximou-se para comer a carne.

Nesta experiência, o toque de campainha é um estímulo não significativo para o cão, é um


estímulo neutro, porque não está ligado a satisfação de suas necessidades vitais. A carne é
um estímulo significativo e a salivação reflexo incondicionado.

Pavlov repetiu várias vezes a experiência de toque da campainha seguido de apresentação


de carne e constatou a salivação e aproximação do cão. Depois de repetida combinação do
toque de campainha, seguida de apresentação de um pedaço de carne,em que o cão salivou
e se aproximou para comer a carne, Pavlov realizou a outra experiência que consistiu em
tocar a campainha para o cão esfomeado, sem, contudo, apresentar a carne, tendo verificado
que o cão salivou e se aproximou.

O toque da campainha passou a ser sinal de estímulo incondicionado, isto é, a ser


significativo para o animal. O cão aprendeu que o toque de campainha é sinal de carne. A
reacção de salivação e consequente aproximação resultante do toque de campainha é um
reflexo condicionado. Dizemos aqui que o animal aprendeu através de reflexos
condicionados. Qual o mecanismo fisiológico do reflexo condicionado?

O reflexo condicionado, neste caso, a reacção de salivação e aproximação perante o toque


de campainha é resultado da ligação formada no cérebro entre as zonas auditiva e digestiva.
Caso o cão não receba o alimento, o estímulo incondicionado, em casos sucessivos de toque
de campainha quando esfomeado, não reagirá salivando e se aproximando. A ligação entre
as zonas auditiva e digestiva no cérebro apagar-se-á. Será que só os animais aprendem
através de reflexos condicionados?

O exemplo a seguir dá-nos a resposta a esta questão.

Exemplo:

O ser humano também aprende através de reflexos condicionados. O bebé aprende a


palavra leite, quando a mãe repetidas vezes pronuncia a palavra leite e lhe dá leite. Mais
tarde ao pronunciar a palavra leite o bebé reage animado com todo o corpo à procura de
leite.

3. O CONDICIONAMENTO OPERANTE

Um outro autor psicólogo americano de nome Skinner (1904 – 1991), colocou um rato
esfomeado numa gaiola, que para obter alimento teria que pisar numa alavanca que
despoletaria alimento. A fome funcionou como estímulo incondicionado. O rato começou
por saltitar cegamente na gaiola durante muito tempo, tendo, por acaso, pisado na alavanca
e obtido alimento.

O saltitar cegamente pela gaiola foi a reacção, o comportamento do animal e o alimento a


recompensa recebida. Estas tentativas cegas verificaram-se várias vezes, tendo conduzido à
obtenção de alimento casualmente.

Ao longo do tempo as tentativas para pisar a alavanca e obter alimento foram diminuindo,
até que a animal passou a dirigir-se directamente a alavanca e pisá-la. Pode-se dizer que o
rato aprendeu que pisar a alavanca conduz à obtenção dos alimentos. O efeito do “pisar da
alavanca” conduziu à aprendizagem do comportamento de “pisar a alavanca para obter
alimentação, sendo o efeito do pisar a alavanca reforçador.

O estímulo alimento é, deste modo, um reforço. Assim a aprendizagem realizou-se através


do mecanismo estímulo, reacção e reforço. O animal aprendeu que tem que agir, operar,
neste caso, tem que pisar a alavanca para Ensino à Diatancia obter alimento. Daí que, este
condicionamento se designe de condicionamento operante. É através do condicionamento
operante que se adestram animais. O rato acabaria por pisar a alavanca e transpor o
obstáculo para obter o alimento. Deste modo, se podem ensinar comportamentos
complexos aos animais vertebrados. Exemplo No circo, o porco corre em fila, salta arco e
abana a cabeça em forma de vénia para cumprimentar os espectadores.

O estímulo reforçador ou reforço pode ser positivo ou negativo. O reforço positivo é aquele
que traz a satisfação, o bem-estar, é agradável e que provoca a possibilidade de
manifestação do comportamento em condições semelhantes. Exemplo O alimento que o
rato da experiência de Skinner obtém ao pisar a alavanca é um reforço positivo. O estímulo
reforçador é negativo quando traz insatisfação, mal-estar, dor física ou psíquica e é
desagradável, possibilitando a eliminação de um comportamento indesejável em condições
semelhantes futuras.

Exemplo:

O professor que diz ao filho que teve notas negativas em 3 disciplinas nas Avaliações
Contínuas Sistemáticas que não fará festa de aniversário se não melhorar as notas nessas
disciplinas.

4. O ENSAIO-ERRO

Edward L. Thorndike (1874-1949), psicólogo educacional dos Estados Unidos da América,


elaborou a teoria de aprendizagem por ensaio-erro baseada em experiências de colocação
de ratos e gatos em caixas-labirinto. Os animais expostos em situação de descoberta de
caminho correcto para chegarem ao ponto onde se encontrava a saída e o alimento, agiram
por tentativas, experimentando êxitos e fracassos até terem sucesso. Com efeito, o que
observamos nas experiências da caixa problema de Skinner foram interpretados por
Thorndike como aprendizagem por ensaio-erro, pois o rato, inicialmente, fez vários
movimentos às cegas na gaiola e, por acaso, pisou a alavanca que despoletou o alimento.
Estas tentativas passaram a diminuir à medida que o animal passou a estabelecer uma
relação entre pisar a alavanca e obtenção de alimento. O animal passou a pisar directamente
a alavanca sempre que tinha fome.
5. APLICAÇÕES PEDAGÓGICAS DAS TEORIAS BEHAVIORISTAS

As teorias behavioristas têm validade parcial na explicação de mecanismos de


aprendizagem humanos. O condicionamento explica a formação de hábitos, habilidades e
qualidades de comportamento.

Exemplos:

Hábitos tais como o de pentear, lavar as mãos antes de comer, andar com roupa limpa
resultam da colocação de exigências dos pais e encarregados de educação, professores e
respectivo reforço através do elogio quando observados pela criança ou repreensão verbal
quando não observados. Habilidades como acções automatizadas resultam da repetição e
reforço. Quando a criança aprende a ler e escrever pela primeira vez tem que pronunciar
palavras, descobrir fonemas, letras, escrever no ar, na areia, no quadro e várias vezes no
caderno. A criança realiza muitas combinações das letras, muitas cópias. Sempre que erra
tem que repetir. A criança aprende qualidades de comportamento, tais como respeitar os
bens alheios, o respeito por outras pessoas, a pontualidade à medida que sofre a apreciação
dos pais, adultos e professores.

As teorias behavioristas explicam a formação do comportamento com base no


condicionamento na influência de estímulos específicos que provocam comportamentos
específicos. Segundo os behavioristas, os comportamentos podem ser formados através da
selecção de determinados estímulos e do reforço. As teorias behavioristas de aprendizagem
explicam a formação de hábitos, habilidades e qualidades de comportamento.

Exercícios:

 Auto-avaliação

1. Analise as seguintes situações e indique que tipo mecanismo de aprendizagem


behaviorista ilustra: condicionamento clássico, condicionamento operante, ensaio-erro:

a) O pais que elogiam a criança que tem boas notas nas Avaliações Contínuas Sistemáticas
(ACS).
b) A criança nos primeiros dias mama frequentemente, mas a pouco e pouco passa a mamar
em horas certas.

2. Explique em que medida o mecanismo de aprendizagem behaviorista explica a formação


de aspectos da personalidade.

3. Acha que crianças gémeas que crescem na mesma família, no mesmo bairro, estudem
nas mesmas turmas poderão ter o mesmo comportamento quando jovens?

COMENTÁRIO

O condicionamento clássico explica a formação de hábitos elementares, tais como o de


mamar, comer, tomar banho, dormir a horas certas e outros hábitos incluindo os de
arrumação, limpeza e higiene pessoal. O condicionamento operante através do reforço
explica a consolidação e extinção de comportamentos nos educandos. Nesta linha
colocamos as notas de avaliação, a valorização das intervenções dos alunos.

Muitas qualidades que as crianças e jovens têm resultam de tentativas e fracassos e da


respectiva aprendizagem. O behaviorismo explica parcialmente a formação de
comportamentos observáveis. Deve-se notar que o mecanismo estímulo-reacção ou
estímulo-reacção-reforço é mecanicista, na medida em que não considera que o estímulo
que actua sobre o indivíduo sofre a influência da interpretação, dos conhecimentos, dos
interesses e das disposições do indivíduo. Gémeos verdadeiros não podem ter o mesmo
comportamento.

Leitura Leia a seguir sobre as teorias behavioristas de aprendizagem nas seguints


obras:

 MWAMWENDA, T. S. .Psicologia Educacional, Uma Perspectiva Africana.


Maputo, Texto Editores, 2005, págs.164- 179.
 SPRINTHALL, N.A. e SPRINTHALL, R.C. Psicologia Educacional: Uma
Abordagem Desenvolvimentis.

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