Você está na página 1de 7

Práticas de Bioquímica I – 2022/2 Dra.

Jane Marlei Boeira

PRÁTICA 1

REAÇÃO DE AMINOÁCIDOS SULFURADOS

1. OBJETIVOS:

 Identificar aminoácidos sulfurados, presentes na albumina do ovo, através de


reação de precipitação com chumbo.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA:

Os α-aminoácidos fundamentais utilizados pelas células para a biosíntese das


proteínas apresentam características estruturais diferentes. Em parte são essas diferenças
que permitem que as proteínas desempenhem papéis muito variados nos seres vivos.
Todos os α-aminoácidos fundamentais contêm na sua estrutura um grupo funcional amino
e um grupo funcional ácido carboxílico ligados a um mesmo átomo de carbono,
conhecido por carbono α. Esses grupos funcionais deixam de existir nesta forma quando
os aminoácidos são ligados uns aos outros para originarem a molécula de uma proteína
(ficando apenas um grupo amino na extremidade “inicial” da cadeia polipeptídica e um
grupo ácido carboxílico
na extremidade “final”). De fato são substituídos pelos grupos peptídicos, que resultam
do estabelecimento das ligações entre os resíduos dos aminoácidos, ou seja, entre o que
resta dos aminoácidos na estrutura da proteína.

AMINOÁCIDOS SULFURADOS: METIONINA e CISTEÍNA

Você já usou alguma fórmula para queda ou fortalecimento dos cabelos?


Geralmente elas contêm os aminoácidos metionina e cisteína - aminoácidos sulfurados,
ou seja, que contêm enxofre na cadeia lateral.

Os aminoácidos são precursores das proteínas. No caso dos cabelos (assim como
da pele e unhas), eles constituem a QUERATINA, uma proteína fibrosa que tem a
CISTEÍNA como seu principal aminoácido. A queratina representa 90% da constituição
dos fios e é responsável pela sua integridade.
Práticas de Bioquímica I – 2022/2 Dra.Jane Marlei Boeira

Agressões, como poluição, secador, excesso de química, sol e chapinha podem


danificar a queratina do cabelo, fazendo com que o fio perca a sua integridade.

Fica fácil entender também por que uma pessoa com dieta muito restritiva começa
logo a ter queda de cabelos, não é mesmo? Assim como aquelas que não mantêm boa
ingestão de proteínas!

Uma curiosidade: as pontes dissulfeto (entre moléculas de enxofre) dos aminoácidos


sulfurados é que fazem com que o cabelo seja mais ou menos ondulado. Rompendo estas
pontes, através de diferentes processos, faz-se o alisamento dos fios!

3. MATERIAIS:
 Solução de albumina 10%: preparar uma solução de clara de ovo a 10% v/v em
solução salina (NaCl 0,9g/100mL) ou tampão fosfato 10 mmol/L, pH 7,0
 NaOH 2,5 M
 Acetato de chumbo II 10%
 5 tubos de ensaio
 Pipetas graduadas de 1 e 5 mL

4. PROCEDIMENTOS:
a) Colocar em um tubo de ensaio 2 mL de solução de albumina de ovo, 1 mL de
solução de hidróxido de sódio 2,5 M e ferver por 1 minuto;
b) Adicionar 1 mL de acetato de chumbo II a 10%;
c) Aquecer com cuidado no Banho-maria por 5 min ou no Bico de Bunsen (na capela
de exaustão) até formação de um precipitado.
Obs.: esta reação caracteriza-se pela liberação de H2S de aminoácidos e proteínas
que contenham enxofre na sua molécula. O precipitado de
cor________________________ forma-se através da seguinte reação:

Pb+2 + S-2 PbS

5. REFERÊNCIAS:

 NELSON, D. L.; COX, M. M. Princípios de Bioquímica de Lehninger. 5. ed. Porto Alegre:


Artmed, 2011.
 BERG, J. M.; TYMOCZKO, J. L.; STRYER, L. Bioquímica. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2008.
 Bioquímica: aulas práticas / Departamento de Bioquímica, 6a ed., Curitiba: Ed. da UFPR,
1999.

RELATÓRIO No 1

PRÁTICA 1: REAÇÃO DE AMINOÁCIDOS SULFURADOS

NOME:_________________________________________
DATA:_________________
Práticas de Bioquímica I – 2022/2 Dra.Jane Marlei Boeira

RESPONDA:

1. Qual a cor observada na reação com o acetato de chumbo II em presença da


proteína albumina, presente na clara do ovo?

2. Procurar a fórmula estrutural dos aminoácidos que poderão dar os resultados


obtidos na atividade acima.

3. Com base na cadeia lateral destes aminoácidos, você acha que eles são solúveis
ou insolúveis em água? Justifique.

4. Analisar a polaridade de outros aminoácidos.

5. Como os aminoácidos devem unir-se para formar uma proteína?

6. Construir modelos de peptídeos contendo aminoácidos polares e apolares,


indicando suas possíveis interações.

7. As proteínas globulares normalmente são solúveis em água. Você observou que a


albumina, uma das proteínas existentes na clara do ovo, é solúvel em água. Que
tipo de aminoácidos você espera que esteja em maior quantidade nesta proteína?
Práticas de Bioquímica I – 2022/2 Dra.Jane Marlei Boeira

PRÁTICA 2

DETERMINAÇÃO DO PONTO ISOELÉTRICO DA CASEÍNA

1. OBJETIVOS

 Reconhecer as proteínas como moléculas eletricamente carregadas;


 Analisar a influência do pH sobre a distribuição dessas cargas.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA:

Os aminoácidos apresentam dois grupos que são passíveis de sofrer protonação


(adição de H) e desprotonação (retirada de H). Observe:

A figura demonstra as etapas de ionização em que podem ser encontrados os


aminoácidos:
1. Forma positivamente carregada.
2. Forma eletricamente neutra. Note que existe uma densidade de carga negativa e
uma densidade de carga positiva sobre a molécula, conferindo carga total nula. Essa
forma também é denominada isoelétrica ou zwitteriônica.
3. Forma negativamente carregada.

Essas formas são encontradas em maior ou menor quantidade dependendo do pH


em que a solução do aminoácido se encontra. Isso porque quanto menor o valor de pH,
maior a concentração de íons H+ em solução e, conseqüentemente, maior a prevalência
da forma positivamente carregada (1). Em contrapartida, quanto maior o valor de pH,
menor a quantidade de íons H+ em solução, havendo prevalência da forma negativamente
carregada (3). A forma eletricamente neutra (2) só poderá existir, então, numa condição
de pH intermediária à existência predominante da forma positiva e negativa do
aminoácido. Esses valores de pH podem ser facilmente determinados experimentalmente
e também podem ser estendidos às proteínas, ou seja: as proteínas também apresentam
uma distribuição de cargas, que pode ser alterada em função do pH. O ponto onde a carga
líquida total da molécula de aminoácido ou proteína é nula é tão importante, que recebeu
uma denominação especial. Assim, o valor de pH onde existe equivalência entre as cargas
positivas e negativas da molécula é denominado PONTO ISOELÉTRICO.

Mas por que o ponto isoelétrico é tão importante??

A solubilidade das proteínas, como veremos mais adiante, depende de vários


fatores. Dentre eles, destaca-se a presença das cargas elétricas ao longo da molécula. A
Práticas de Bioquímica I – 2022/2 Dra.Jane Marlei Boeira

existência de uma carga positiva ou negativa determina a interação com o meio aquoso,
além de estabelecer um estado de repulsão entre as próprias moléculas de proteína,
aumentando a interação com o solvente e, conseqüentemente, favorecendo a
solubilidade.
Com vimos, no ponto isoelétrico existe um equilíbrio entre o número de cargas positivas
e negativas, o que gera uma situação em que as forças de repulsão entre as moléculas de
proteína e as forças de interação com o solvente são mínimas. Assim, as proteínas vão
formando aglomerados que, cada vez maiores, tendem a precipitar.
É importante destacar que essa diminuição de solubilidade varia de proteína para proteína.

3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

A parte experimental está dividida em três momentos, a saber:

3.1. Extração da caseína do leite


3.2. Preparo de uma solução de caseína
3.3. Determinação do ponto isoelétrico da caseína

3.1. EXTRAÇÃO DA CASEÍNA DO LEITE

3.1.1. Material

Reagentes e Soluções Vidrarias e instrumental


Leite Béquer 250 mL e 100 mL
Ácido acético glacial (CH3COOH) Chapa de agitação magnética
Etanol (CH3CH2OH) 95% (v/v) Banho maria
Éter etílico (CH3CH2OCH3CH2) Leite
Ácido acético 0,1 mol/L Erlenmeyer 250 mL
Acetato de sódio 0,1 M Proveta de 100 mL
Funil e papel filtro
Bastão de vidro; conta-gotas ou pipeta
pasteur

3.1.2. Procedimento

Isolamento da caseína:
a) Em um erlenmeyer de 250 mL adicione 50 g de leite. Mergulhe o erlenmeyer no
banho maria a 40 oC ;
b) Agite a solução constantemente com um bastão de vidro. Quando a temperatura
atingir 40 °C remova o frasco e adicione 10 gotas de ácido acético glacial e
observe a formação de um precipitado abundante.
c) Filtre e transfira o precipitado para um béquer de 100 mL.
d) Adicione ao precipitado 25 mL de etanol 95% e agite por 5 minutos. Deixe em
repouso decantando e descarte o sobrenadante por filtração novamente.
Práticas de Bioquímica I – 2022/2 Dra.Jane Marlei Boeira

e) Ao precipitado adicione 25 mL de uma mistura 1:1 v/v de éter e etanol 95% e


agite por 5 minutos.
f) Filtre e seque o sólido obtido e guarde-o para a próxima etapa.
g) Se desejar, pese e calcule o percentual de caseína no leite: % caseína =
(quantidade pesada / 50,00 g de leite) x 100

Preparação da solução de Caseína


1) Pesar 1 g de caseína obtida na etapa anterior;
2) E adicione 20 mL de solução acetato de sódio 0,1 mol/L;
3) Filtrar novamente.

Determinação do ponto isoelétrico (pI) da Caseína


4) Separe sete tubos de ensaio, numere-os (1 – 7) e adicione 1 mL desta solução de
caseína em cada um dos tubos de ensaio.
5) Em cada tubo adicione a quantidade de reagentes conforme a tabela abaixo:

Volumes (mL)
TUBOS 1 2 3 4 5 6 7
Solução de caseína 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0
CH3COOH 0,1 5,0 4,0 3,0 2,5 2,0 1,0 0,0
mol/L
CH3COONa 0,1 0,0 1,0 2,0 2,5 3,0 4,0 5,0
mol/L
pH estimado (fita
universal)
6) Agitar lentamente (sem fazer espuma).
7) Observe a turbidez em cada tubo. Estime em uma escala de 0 a 5 e anote na
tabela abaixo.
pH calculado 4,0 4,4 4,7 4,9 5,1 5,5 8,8
Turbidez (0 – 5)

O ponto isoelétrico é o pH em que ocorre a maior turbidez, em que a proteína precipita


em solução. * Sugestão: você pode adotar a seguinte escala para avaliar a solução em
cada tubo quanto à turbidez:

Anotar os resultados para o Relatório.

4. REFERÊNCIAS:

 REMIÃO, J.O.R.; SIQUEIRA, A.J.S.; AZEVEDO, A.M.P. BIOQUÍMICA: Guia de Aulas


Práticas. Porto Alegre: EdiPUCRS, 2003.
 NELSON, D. L.; COX, M. M. Princípios de Bioquímica de Lehninger. 5. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2011.
 BERG, J. M.; TYMOCZKO, J. L.; STRYER, L. Bioquímica. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2008.
Práticas de Bioquímica I – 2022/2 Dra.Jane Marlei Boeira

RELATÓRIO No 2

PRÁTICA 2: DETERMINAÇÃO DO PONTO ISOELÉTRICO DA CASEÍNA

I. Resultados:

RESULTADOS 1 2 3 4 5 6 7
pH
Turbidez

II. Responda:

1. Qual a propriedade da proteína que permite identificar seu ponto isoelétrico?


Justifique sua resposta.

2. Explique a turbidez apresentada no tubo identificado como o do ponto isoelétrico?

3. A caseína é a principal proteína do leite, constituído aproximadamente por 1/3 da


proteína total no leite humano. Considerando que o pH deste leite é de
aproximadamente 6,6 e com base no experimento, responda:

a. A caseína é solúvel ou está precipitada no leite humano?

O que aconteceria se acidificássemos o leite até um valor de pH que coincida com o pI


da caseína?

Você também pode gostar