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GUIA DO
ENSINO PARA A
COMPREENSÃO PROJECT ZERO
PROJECT ZERO PREFÁCIO DA VERSÃO EM PORTUGÊS
Desde a fundação da FourC Bilingual Academy o Projeto Zero tem sido importante
referência para a construção de nossa proposta pedagógica. A Escola tem investido, ao longo
desses anos, no desenvolvimento de seus colaboradores dento das práticas do Projeto Zero, tanto
enviando para cursos na Universidade de Harvard, quanto proporcionando que equipes se
desenvolvam fazendo cursos remotos vinculados à essa grande universidade e promovendo vários
treinamentos internos.
Desta forma, é com muita satisfação que entregamos aos professores FourC essa tradução do
Teaching For Undestanding Guide.
Esse é um material para uso interno na escola, que busca dar acesso a esses conhecimentos,
àqueles que ainda não lêem em inglês.
Desejamos que, juntamente com essa trilha, essa obra seja esclarecedora e fortalecedora das
práticas do Ensino para a Compreensão.
Bons Estudos!
PROJECT ZERO PREFÁCIO
Cultivar a compreensão é uma das aspirações mais elevadas da educação e também uma das
mais imprecisas. O próprio conceito de compreensão levanta uma série de questões complexas
para educadores reflexivos: O que significa compreender algo? Como os alunos desenvolvem a
compreensão? Que coisas eles deveriam compreender? Como sabemos o quão bem eles
compreendem algo? Como podemos apoiar consistentemente o desenvolvimento da compreensão?
Objetivo e Público
Este livro é uma ferramenta prática para tornar a compreensão uma meta mais alcançável em
sala de aula. Ele se destina a professores e administradores que desejam aumentar seu repertório de
recursos e estratégias para envolver os alunos em experiências de aprendizagem significativas e
duradouras. Fornece uma descrição completa da Estrutura de Ensino para a Compreensão e uma
amostra de ideias e auxílios de planejamento que foram refinados com base nas experiências de
muitos professores que usaram essa abordagem em suas salas de aula. Exemplos específicos de
peças curriculares e instruções em sala de aula, bem como comentários de professores mostram
como a estrutura pode ser usada na prática do dia a dia. As seções dentro de cada capítulo são
intencionalmente curtas para facilitar a leitura do tipo "começa e para" a qual a maioria dos
professores é forçada a fazer por suas agendas repletas de atividades.
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PROJECT ZERO PREFÁCIO
Contudo, este livro não é um kit. Ensinar para a Compreensão – como aprender para
compreensão – é um trabalho árduo e não existem receitas infalíveis para o sucesso. Em vez de
oferecer respostas, este livro fornece uma ferramenta (a estrutura) e exemplos para ajudar os
professores a explorar suas próprias respostas e perguntas como: “O que eu mais quero que meus
alunos compreendam?”, “Como minha prática atual os ajuda a desenvolver essa compreensão? O
que mais eu poderia tentar?”, “Como posso saber o quão bem meus alunos compreendem o que
estou ensinando?”.
Repensar a prática de sala de aula é um processo desafiador. Este livro será mais útil para
esse processo se sua leitura for acompanhada por um engajamento ativo com as ideias nele
apresentadas, especialmente se esse engajamento for apoiado por colegas que também estejam
interessados em pensar e falar sobre compreensão. A seção Reflexão, ao final de cada capítulo,
sugere atividades, assuntos e questões relacionadas para facilitar uma exploração mais
aprofundada das ideias do capítulo. Elas podem ser usadas individualmente (talvez com a ajuda de
registros em um diário) ou em discussão com colegas.
Embora este livro tenha surgido de um amplo projeto de pesquisa, ele não contém uma
descrição do processo da pesquisa e desenvolvimento em si. Os interessados nesse aspecto do
Projeto de Ensino para a Compreensão devem consultar o complemento do livro, Ensino para a
Compreensão: Vinculando Pesquisa com Prática, editado por Martha Stone Wiske (Jossey-Bass,
1998). Esse volume fornece uma descrição completa da colaboração entre pesquisadores e
professores no projeto, o desenvolvimento da estrutura e seus testes em salas de aula.
O capítulo um fornece uma descrição mais detalhada dos vários recursos do livro e seus
objetivos. Esse capítulo também oferece algumas sugestões sobre como usar o livro como uma
ferramenta de autorreflexão e também para conversar com colegas.
O capítulo dois aborda várias questões que são centrais para o empreendimento do Ensino
para a Compreensão: O que é compreensão? Por que é difícil ensinar para a compreensão? O que
ajuda os alunos a compreenderem?
O capítulo três oferece uma visão geral da Estrutura do Ensino para a Compreensão. Todos
os quatros elementos da estrutura são descritos por meio de pequenas definições e breves
exemplos.
O capítulo oito explica algumas estratégias gerais para usar a estrutura para planejar um
currículo e executá-lo em sala de aula. Ele também fornece alguns exemplos de planilhas que os
professores consideram úteis no processo de planejamento.
Nas barras laterais, espalhadas ao longo do livro, você encontrará citações de professores e
alunos que se concentraram no ensino e aprendizado para a compreensão. Essas citações têm o
objetivo de fornecer uma noção das diferentes reações, questões, preocupações e benefícios que
professores e alunos experimentaram em vários contextos ao colocar em prática essas ideias sobre
ensino e aprendizagem para a compreensão.
Quatro professores – Eric Buchovecky, Lois Hetland, Bill Kendal e Joan Soble – são citados
extensivamente. Eles são os professores que trabalharam mais de perto com os pesquisadores no
piloto da versão da Estrutura de Ensino para a Compreensão representada neste livro. Durante o
processo piloto, eles refletiram com frequência, tanto informal quanto formalmente, sobre suas
experiências com o uso das ideias da estrutura em sua prática. Seus comentários neste livro são
extraídos dessas reflexões. Outras citações vêm de professores que ajudaram nos estágios iniciais
do projeto para desenvolvimento da estrutura ou que a encontraram em sua forma totalmente
desenvolvida em uma série de workshops (com duração de vários dias a vários semestres). E
algumas citações vêm de professores que leram os primeiros rascunhos deste livro por conta
própria, colocaram suas ideias em prática e relataram suas experiências em discussões com a
equipe de pesquisa ou por escrito.
Não é necessário ler este livro do começo ao fim. Ele é projetado para suportar navegação e
amostragem seletiva. Onde os conceitos são discutidos apenas brevemente, os comentários nas
margens o remeterão para outros lugares no livro com descrições mais completas deles. Deixe seu
interesse ser seu guia e que suas explorações da estrutura de ensino para a compreensão sejam
frutíferas.
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Os Autores
Os professores e pesquisadores do Projeto Ensino para a Compreensão representam diversos
pontos de vista e uma ampla gama de experiências no mundo da educação. Alguns de nós são
pesquisadores e professores universitários; outros são educadores em escolas primárias e
secundárias. Embora a maioria de nós trabalhe no nível do ensino Fundamental e Médio, trazemos
experiências de todos os níveis de ensino, desde a pré-escola à pós-graduação. Realizamos nosso
trabalho em ambientes suburbanos e urbanos, públicos e privados, e em ambientes alternativos e
tradicionais. Incluímos educadores e pesquisadores novatos e veteranos de trina e cinco anos.
Muitos de nós desempenhamos uma variedade de funções ao longo de nossas carreiras: professor
de sala de aula, administrador de escola, pesquisador, desenvolvedor profissional, designer de
currículo. Nossos interesses profissionais variam da psicologia cognitiva e do desenvolvimento à
formação inicial de professores, da mudança em toda a escola à instrução em sala de aula e da
tecnologia de disciplinas específicas.
Todos nós acreditamos que ensinar para a compreensão é fundamental para a educação e a
vida dos alunos. Esperamos que este livro forneça um suporte útil para educadores engajados nesse
trabalho importante e desafiador.
Os capítulos dois e três representam uma coautoria colaborativa diferente da dos outros
capítulos. Esses dois capítulos são uma versão revisada de um artigo intitulado “Colocando a
Compreensão à Frente” que David Perkins e eu publicamos em Liderança Educacional, em
fevereiro de 1994, com David Perkins como autor sênior. A versão revisada foi impressa aqui com
a permissão (e nossa gratidão) da Associação para Supervisão e Desenvolvimento Curricular.
As pessoas listadas como contribuintes adicionais nos capítulos quatro a sete forneceram a
inspiração para os estudos de caso que aparecem naqueles capítulos. Como eu menciono no
capítulo um, os estudos de caso neste livro são resultado dos esforços de dois ou mais professores
reunidos a fim de retratar sucintamente os muitos pontos de decisão e considerações diferentes que
um professor pode enfrentar ao trabalhar com cada parte da estrutura. Embora esses estudos de
caso não retratem exclusivamente a prática individual da pessoa ou pessoas identificadas no
cabeçalho do capítulo, os casos se beneficiaram significativamente da especialidade e experiência
desses profissionais e pesquisadores.
No caso de David Outerbridge (no capítulo cinco) e Dorothy Gould (no capítulo seis), essa
inspiração veio principalmente das observações dos pesquisadores de suas aulas, de suas
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PROJECT ZERO PREFÁCIO
discussões gravadas com outros professores e de suas próprias reflexões escritas sobre o ensino e o
uso da estrutura.
No capítulo quatro, eu usei uma unidade curricular desenvolvida por Veronica Boix Mansilla e
Rosario Jaramillo. O trabalho delas foi inspirado em uma unidade desenvolvida e realizada por
Philip James. Da mesma forma, uma unidade curricular projetada, realizada e registrada por Eric
Bondy e Bill Kendal serviu como base para o estudo de caso no capítulo sete.
Agradecimentos
O Projeto
Durante o ano de planejamento inicial do Projeto Ensino para a Compreensão, muitos
professores abriram suas salas de aula para pesquisadores e, generosamente, cederam seu tempo
para entrevistas e reuniões. O trabalho de Herb Baker, Neil Claffey, Roberta Dollase, Robyn
Hallowell, Mary Halpin, Angela Johnson, Heidi Kaiter, Dick Maciel, Mary Ann Santos, Peg
Schwartz, Rob Stark and Bruce Ward foi o ponto de partida para os cinco anos subsequentes do
projeto. Vários professores colaboraram com o projeto nos dois ou três anos para ajudar a criar a
Estrutura do Ensino para a Compreensão – o cerne dos esforços do projeto. Eles se reuniram
semanalmente com pesquisadores e outros professores, desenvolveram estudos de caso de seu
trabalho em sala de aula e desafiaram e refinaram a teoria e a linguagem que eventualmente se
tornaram a Estrutura de Ensino para a Compreensão, conforme aparece neste livro. Esses
professores incluíram Gayle Bartley, Wendy Bembery, Phyllis Bretholtz, David Bronson, Marshall
Cohen, Jackie Cossentino, Joe Decelles, Sandy Dell, John DioDato, Gary Elliott, Dorothy Gonson,
Dorothy Gould, Elizabeth Grady, Phillip James, Jim Johns, Ed Joyce, Alison Kenney-Hall,
Sócrates Lagios, Lyn Montague, Susan O'Brien, David Outerbridge, Steve Roderick, Brenda
Scally e Steven Smeed.
Durante as fases finais do projeto, vários professores trabalharam em estreita colaboração com
os pesquisadores para testar e refinar a estrutura. Eric Buchovecky, Lois Hetland, Bill Kendall e
Joan Soble dedicaram muitas horas ao desenvolvimento de unidades curriculares com a estrutura,
usando essas unidades em suas aulas e refletindo sobre suas experiências na escrita e na conversa
com pesquisadores e entre si. Eles e seus alunos forneceram a maior parte dos dados em que se
baseou a avaliação desta estrutura.
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PROJECT ZERO PREFÁCIO
Além disso, várias escolas começaram a usar a Estrutura de Ensino para a Compreensão nos
anos finais do projeto: Wynn Middle School em Tewksbury, Massachusetts; as escolas de ensino
primário, fundamental e médio do projeto Comunidades ATLAS, especialmente a Tanners Creek
Elementary School, Rosemont Middle School e Norview High School em Norfolk, Virgínia; as
Escolas Públicas de Winchester (Massachusetts); professores da Shady Hill School em Cambridge,
Massachusetts e um consórcio de escolas em Bogotá, Colômbia. As experiências dos professores e
administradores nessas escolas forneceram pistas importantes para as diferenças entre o uso da
Estrutura de Ensino para a Compreensão em toda a escola e em sala de aula única.
Do início à conclusão, o Projeto de Ensino para a Compreensão foi guiado pelo trabalho
cuidadoso dos pesquisadores principais Howard Gardner, David Perkins e Vito Perrone e dos
diretores de projeto Rebecca Simmons e Martha Stone Wiske.
Desenvolvimento do Livro
Além disso, alguns professores não conectados de outra forma com o projeto (embora alguns
passaram a se envolver mais) concordaram em servir em um ou mais painéis encarregados da
tarefa de ler, criticar e tentar planejar unidades curriculares com várias versões do manual. Esses
“painelistas” incluíram Jim Crecco, John DioDato, Judith Evans, John Hayward, Jud Hill, Joanna
Honig, Anita Honkonen, Joan Mountford, Yvonne Quinama, Joan Soble, Barbara Totherow, Linda
Weber e Lisa Weiss.
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PROJECT ZERO PREFÁCIO
T.M.B.
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PROJECT ZERO CAPÍTULO 1
Este livro pode ajudar a responder tais perguntas. Ele representa o pensamento e trabalho
colaborativos dos professores e pesquisadores do Projeto Ensino para a Compreensão (PEC),
baseado na Harvard Graduate School of Education. Ao longo de cinco anos, membros desse grupo
conversaram, desenvolveram currículos, testaram em sala de aula, assistiram e conversaram com
alunos, escreveram estudos de caso e, eventualmente, solidificaram uma estrutura que identifica os
aspectos principais do planejamento e ensino para a compreensão.
Este livro não é um roteiro. Ensinar para a Para uma descrição da pesquisa que
compreensão é uma atividade complexa demais forma a base da Estrutura do Ensino
para ser capturada em etapas ou fórmulas fáceis. para a Compreensão, veja “Ensino para
O que este livro oferece é uma estrutura para a Compreensão: unindo a pesquisa com
ajudá-lo a examinar e moldar sua própria prática a prática.”
em sala de aula, de acordo com seus objetivos, editado por Martha Stone Wiske (São
seu estilo particular de ensino e a abordagem Francisco: Jossey-Bass, 1998).
particular de aprendizagem dos seus alunos.
Este livro também não é uma discussão exaustiva da pesquisa que os membros do Projeto
Ensino para a Compreensão (PEC), ou outros, fizeram. Acima de tudo, o objetivo deste livro é
fornecer suporte útil e prático aos professores – mesmo com o tempo limitado que os professores
têm para ler e planejar.
Finalmente, este livro não é uma acusação à prática de ensino atual. Muitas ideias aqui
apresentadas são baseadas na prática de ensino já existentes. Muitos trabalhos já estão acontecendo
nas salas de aula de forma mais cuidadosa. Um dos propósitos deste livro é compartilhar esses
bons exemplos e oferecer caminhos para sustentarem tal prática por longos períodos de tempo.
Sobre o Formato
As páginas deste livro estão divididas em duas colunas: uma seção para o texto principal, e uma
para anotações que o ajudarão em sua leitura de várias formas:
+ Há mais notas que fornecem referências cruzadas para outras seções do livro ou outros
recursos que oferecem mais informações sobre o assunto.
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PROJECT ZERO CAPÍTULO 1
Os capítulos quatro a sete incluem breves estudos de caso para ilustrar os processos de
planejar e ensinar para a compreensão. Esses casos são baseados no trabalho de professores que
usaram a abordagem descrita neste livro. Os casos pretendem ser exemplos, em vez de modelos,
uma vez que não há apenas uma maneira de usar essa abordagem de ensino para a compreensão.
Em alguns casos, esses relatos representam uma composição do esforço de dois ou mais
professores, colocados juntos a fim de retratar de forma sucinta a variedade de preocupações e
problemas que podem surgir ao lidar com qualquer parte da estrutura. Portanto, os nomes usados
nesses casos são fictícios.
Os quatro estudos de caso, bem como os numerosos exemplos mais curtos que aparecem ao
longo do livro são extraídos da Matemática, Ciências, Inglês e Artes da Linguagem, História e
Estudos Sociais; entretanto, a abordagem descrita aqui foi usada com sucesso em todas as áreas
temáticas e domínios, incluindo trabalhos interdisciplinares.
Deixe isso servir ao seu próprio trabalho. Ao longo deste livro, você encontrará muitos
exemplos de práticas de sala de aula que ilustram aplicações específicas da estrutura. Entretanto,
os exemplos mais úteis serão aqueles que você elabora em sua mente e na sua própria sala de aula,
baseado nas suas experiências como professor. Enquanto você lê e discute as ideias deste livro,
tente aplicá-las diretamente no seu próprio aprendizado e currículo. Você deve pensar sobre as
unidades com as quais está totalmente satisfeito ou com as quais você se aborreceu com o passar
do tempo. Lembre-se dos
conceitos que seus alunos “É difícil ter conversas sobre ensino e aprendizagem
porque, como professores, todos nós vimos de perspectivas
normalmente têm dificuldades em
muito diferentes. Embora essa estrutura parecesse estranha
compreender. Como a chave da
no início – um pouco como aprender uma nova língua – eu
estrutura de ensino para a
sei que me ajudou a tornar mais claro sobre o que eu quero
compreensão pode ser usada para
dizer quando estou conversando com outras pessoas sobre
remodelar ou desenvolver uma
minhas práticas de ensino.”
nova abordagem? Bill Kendall, professor de álgebra e geometria do 9º e 10º
ano, Braintree, Massachusetts.
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PROJECT ZERO CAPÍTULO 1
Tente encontrar um grupo de colegas com quem possa trabalhar. Certamente é possível
trabalhar neste livro por conta própria e colher muitas ideias e técnicas úteis dele. Contudo, muitos
professores acharam ainda mais útil colaborar com colegas em grupos de discussão em andamento
que se concentram nas ideias contidas neste livro. No processo de uso da estrutura do ensino para a
compreensão, você se encontrará imerso em muitas atividades envolventes e tarefas desafiadoras:
reexaminar suposições e prioridades arraigadas que fundamentam a sua prática, desenvolvendo e
refinando abordagens para tópicos complexos e experimentando novas estratégias de ensino. Ter
colegas com os quais conversar pode ajudar de diversas formas:
Reflexão
Esta seção contém sugestões que você pode usar para começar a aplicar as ideias deste livro
em suas próprias práticas.
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PROJECT ZERO CAPÍTULO 1
Começando
Você pode começar a explorar o tópico do ensino para a compreensão navegando pelo livro. Você
também pode querer compartilhá-lo com os colegas que você acha que podem estar interessados
nele. Existe uma pessoa (ou algumas pessoas) que pode querer se encontrar regularmente com
você durante o curso de poucos meses para discutir e experimentar a estrutura do Ensino para a
Compreensão?
Diário
Muitos professores que têm trabalhado com a Estrutura do Ensino para a Compreensão consideram
útil manter um diário com seus pensamentos. Isso é particularmente útil se você decidir trabalhar
por conta própria (sozinho). O diário é um lugar em que você pode registrar suas ideias,
acompanhar o desenvolvimento de seus pensamentos e refinar seu plano curricular. Você pode
começar escrevendo sobre o processo ou discutindo com seus colegas algumas das seguintes
questões:
O que chama a sua atenção enquanto você navega pelo livro? O que te deixa intrigado? Que
questionamentos/perguntas você tem?
O que você espera aprender ao longo do processo de experimentar a Estrutura do Ensino para
a Compreensão e conversas com outros professores?
Suas anotações sobre essas questões podem ser úteis para orientar sua leitura e planejamento, à
medida que você trabalha com o resto do livro.
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PROJECT ZERO CAPÍTULO 2
Entendendo a Compreensão
Com David Perkins
Uma professora de Ciências pede aos seus alunos elaborarem declarações explicando suas
posições sobre se o presidente deve assinar um tratado ambiental internacional. Por quê? Porque
preparar essas declarações irá envolver os alunos na avaliação e aplicação de uma série de
perspectivas científicas sobre o aquecimento global.
No entanto, há também algo incomum sobre esses exemplos: não sobre o que está na superfície,
mas embaixo dela. Essas três atividades de aprendizagem foram desenvolvidas com a ajuda de um
conjunto simples de diretrizes chamado Estrutura de Ensino para a Compreensão (EEC).
Para ajudá-los a desenvolver essas compreensões, nós empregamos uma série de estratégias: nós
nos esforçamos para explicar claramente; procuramos oportunidades para esclarecer e atribuímos
tarefas abertas, como o planejamento de um experimento, a crítica de um livro ou o debate de um
problema – tarefas que exigem e geram compreensão.
Mas ajudar os alunos na aquisição de compreensão é um trabalho difícil. Comumente nós
descobrimos que nossos alunos compreendem muito menos do que queríamos. Os alunos ficam
confusos com as práticas e fórmulas algébricas, perdem o ponto dos poemas e têm problemas para
escrever redações que mostram uma compreensão real de algo. Além disso, geralmente eles não
veem/fazem conexões entre o que eles aprendem na escola com o que eles fazem fora dela.
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PROJECT ZERO CAPÍTULO 2
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PROJECT ZERO CAPÍTULO 2
O que é Compreensão?
No cerne da Estrutura do Ensino para a Compreensão repousa uma questão muito básica: O
que é compreensão? Boas respostas para essa pergunta não são nada óbvias. Considere a diferença
entre compreender e saber. Todos nós temos uma concepção razoável do que é saber: quando um
aluno sabe alguma coisa, ele pode revelá-la quando necessário – diga-nos o conhecimento ou
demonstre a habilidade. A compreensão é uma questão mais sutil. Vai além do saber; mas como?
O mesmo se aplica a outras disciplinas. Um aluno que compreende a Primeira Emenda pode
avaliar sua relevância para os debates atuais sobre os usos da Internet e aproveitar essa apreciação
para construir e contra-argumentar. Um aluno que desenvolveu sua compreensão do poder das
imagens pode selecionar e criticar várias metáforas para o título de um ensaio. E assim por diante.
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PROJECT ZERO CAPÍTULO 2
Resumindo, compreender é ser capaz de realizar uma variedade de ações ou performances que
mostram a compreensão de um tópico e, ao mesmo tempo, avançam nele. É ser capaz de pegar o
conhecimento e usá-lo de novas maneiras. Na Estrutura de Ensino para a Compreensão, essas
performances são chamadas de “performances de compreensão”.
Essa agenda se torna urgente quando pensamos em como os jovens podem dedicar tempo da
sala de aula e dos deveres de casa. Muitas atividades escolares não são performances que
constroem ou demonstram a compreensão: em vez disso, eles desenvolvem conhecimentos ou
habilidades rotineiras. Além disso, quando os alunos abordam a compreensão de performances,
como interpretar um poema ou planejar um experimento, eles podem receber pouca orientação
sobre os critérios e pouco feedback antes do produto final para ajudá-los a torná-lo melhor, bem
como poucas ocasiões para refletir sobre o seu progresso.
Mesmo que todos estejamos tentando, precisamos fazer mais. Para obter a compreensão que
desejamos, precisamos colocá-la à frente. E isso significa colocar um engajamento cuidadoso na
compreensão das performances logo de início.
Reflexão
Pode ser útil pensar sobre a compreensão de uma maneira mais pessoal. Tente refletir sobre
algumas coisas que você entende bem. Pense em termos gerais: você pode incluir coisas que
aprendeu na escola, como analisar um poema ou provar teoremas da geometria, mas também pode
incluir coisas que aprendeu fora da escola, como jardinagem, carpintaria ou até mesmo a criação
dos filhos. Você pode usar as seguintes questões para guiar a escrita do seu diário ou discussão
com os colegas:
Como etapa final, você pode tentar comparar suas generalizações com a visão de performance da
compreensão descrita no capítulo:
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PROJECT ZERO CAPÍTULO 3
Desenvolver a compreensão significa fazer coisas – usar conhecimento antigo em novas situações
para resolver novos problemas. Mas o que exatamente nós queremos que nossos alunos
compreendam? Como nós os ajudamos a desenvolverem essas compreensões? E como medimos seu
progresso e fornecemos feedback? A estrutura desenvolvida pelo Projeto do Ensino para a
Compreensão fornece uma linguagem para discutir e criar currículos que abordem essas questões.
Além dessas metas de compreensão para uma unidade, há também metas de compreensão para
o ano, ou abrangentes, às vezes chamadas de “fios condutores”. Essas metas descrevem os
entendimentos que você sente serem os mais importantes para os alunos conseguirem de sua aula.
Pode haver vários fios condutores para um curso, e cada uma das unidades que compõem o curso
terá objetivos de compreensão que se relacionam intimamente com os objetivos gerais de
compreensão ou com os fios condutores.
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PROJECT ZERO CAPÍTULO 3
Performances de Compreensão
Conforme discutido no capítulo dois, a performance de
compreensão está no cerne no próprio desenvolvimento da Para mais explicações
e exemplos de
compreensão. Portanto, ela precisa estar intimamente ligada à performances de
compreensão dos objetivos. Os alunos devem se envolver em compreensão, consulte
apresentações que demonstrem e desenvolvam a compreensão do o capítulo seis.
início ao fim da unidade ou curso.
Por exemplo, uma classe pode dedicar várias semanas ou até mesmo meses a um tópico
generativo. Durante todo esse tempo, os alunos se envolveriam em uma variedade de performances
de compreensão (apoiados por informações apropriadas sobre o tópico de textos e do professor)
enquanto trabalham em direção a alguns objetivos de compreensão. A performance de
compreensão inicial seria relativamente simples. Na unidade sobre a Festa do Chá de Boston, por
exemplo, os alunos podem começar discutindo os protestos políticos que testemunharam. Eles
poderiam, então, passar para tarefas um pouco mais exigentes, como explicar com suas próprias
palavras o porquê os Filhos da Liberdade optaram por jogar o chá no porto e especular sobre o que
poderia ter acontecido se o protesto tivesse assumido outra forma. Performances de compreensão
sucessivas apresentariam desafios progressivamente mais sutis (mas ainda acessíveis) aos alunos.
Em última análise, os alunos podem desenvolver alguma performance de compreensão como uma
exposição ou ensaio extenso (argumentando, por exemplo, que a era da mídia transformou a
natureza dos protestos políticos).
Avaliação Contínua
O capítulo sete
Tradicionalmente, a avaliação vem no final de uma lição ou unidade contém uma
discussão mais
e se concentra na classificação e na responsabilidade. São funções detalhada sobre
importantes para muitos propósitos, mas não atendem às necessidades Avaliação Contínua.
de aprendizagem dos alunos. Para aprender a compreender, os alunos
precisam de critérios, feedback e oportunidades de reflexão ao longo de toda a sequência de
instrução. Na Estrutura de Ensino para a Compreensão, esse processo é chamado de avaliação
contínua.
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PROJECT ZERO CAPÍTULO 3
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PROJECT ZERO CAPÍTULO 3
estrutura surgiu da prática dos professores, seria estranho se o tipo de ensino que ela defende
viesse como uma surpresa para a maioria dos professores. Em vez disso, deve parecer familiar:
“Sim, esse é o tipo de ensino que gosto de usar – e, às vezes, até mesmo frequentemente, o tipo
que uso”. Já nos esforçamos para ensinar para a compreensão. Portanto, essa visão do ensino para
a compreensão baseada no desempenho não visa inovações radicais que quebrem as pontes. Sua
bandeira não é “completamente nova e totalmente diferente”, mas um igualmente crucial “mais e
melhor”.
Reflexão
Para começar a pensar em termos mais concretos sobre a estrutura, você pode refletir sobre
um tópico ou unidade que ensina que acha que seus alunos entendem bem. Aqui estão algumas
perguntas que podem orientar sua reflexão e discussão com os colegas:
O que seus alunos passam a compreender bem?
Como você sabe disso?
O que os ajuda a desenvolver essa compreensão?
Considere, também, uma unidade a qual você não estava convencido de que seus alunos
compreenderam o que você esperava. Como a abordagem que você adotou ao ensinar essa unidade
difere da abordagem que você adotou para aquela que acabou de descrever?
Se você estiver trabalhando com um grupo, tente fazer algumas generalizações em suas
reflexões:
Que tipo de coisas seus alunos passam a compreender?
O que você toma como evidência da compreensão dos seus alunos?
O que os ajuda, e o que não, a desenvolver essa compreensão?
Tente rever as generalizações que você fez no final do capítulo dois e compare a sua lista com
essa. Como suas próprias experiências de aprendizagem mais poderosas são semelhantes e
diferentes das experiências que seus alunos têm em sala de aula?
Você pode também comparar as unidades que você descreveu nessa reflexão com a estrutura.
De que formas a sua abordagem é semelhante à da estrutura?
Há maneiras nas quais a sua abordagem e a estrutura diferem?
As diferenças sugerem modificações que você pode querer fazer, seja em sua prática ou então
na estrutura?
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PROJECT ZERO CAPÍTULO 4
Tópicos Generativos
Com Veronica Boix, Philip James, and Rosario Jaramillo
Determinar o conteúdo a ser ensinado em um curso pode ser uma das tarefas mais desafiadoras
que um professor enfrenta. Nossos alunos têm muito a aprender – e muito pouco tempo de aula para
começar a aprender. Como nós decidimos sobre o que incluir em um determinado curso? Que
material será o mais fecundo? No Ensino para a Compreensão, a resposta é “tópicos generativos”.
Tópicos generativos são questões, temas, conceitos, ideias e assim por diante que fornecem
profundidade, significado, conexões e uma variedade de perspectivas suficientes para apoiar o
desenvolvimento de compreensões poderosas dos alunos. O estudo de caso a seguir descreve o
esforço de um professor para identificar e desenvolver tal tópico.
Paul apresentou sua preocupação aos seus colegas do grupo de discussão de ensino para a
compreensão ao qual pertencia. Com o incentivo do grupo, ele decidiu passar algum tempo
desenvolvendo um tópico generativo. Escolheu começar com a Revolução Industrial. Era um assunto
que ele se lembrava de ter estudado com prazer na faculdade. No entanto, ele sempre ficava um
pouco decepcionado com a imprevisibilidade da evolução de seus alunos pelas minas de carvão,
greves trabalhistas e urbanização.
Criar uma rede de ideias é uma técnica
que os professores costumam usar para
Como grupo, os professores criaram uma “teia de
explorar a generatividade de um
ideias” em torno do tópico da Revolução Industrial determinado tópico. É um método de
(ver figura 4.1). Após 10 minutos de brainstorming, brainstorming que permite gerar muitas
ideias rapidamente e mapear as
ficou claro que a maior concentração de associações relações entre essas ideias. As partes
estava agrupada em torno da ideia de progresso. Outro da teia de ideias que são especialmente
professor de história, do grupo, apontou que, se Paul densas com conexões geralmente são
boas apostas para gerar tópicos
pudesse ajudar seus alunos a questionarem a noção de generativos (consulte “progresso” na
progresso, ele os envolveria em um debate central para figura 4.1).
o trabalho de muitos historiadores. Ao mesmo tempo,
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PROJECT ZERO CAPÍTULO 4
ele os estaria ajudando a vencer um dos enganos mais comuns que os adolescentes têm sobre a
história: que a cada ano que passa, os seres humanos estão em melhor situação do que aqueles que
vieram antes.
O próprio Paul se sentiu mais atraído pelos aspectos da história social do tópico: Para quem a
Revolução Industrial representou o progresso e em que aspectos? Para quem foi prejudicial?
Quais foram os ganhos e perdas de longo e curto prazo para as várias classes sociais e grupos
étnicos?
Com seus anos de experiência, ele sabia que a maioria dos seus alunos associaria a Revolução
Industrial à proliferação das máquinas. Ele pesquisou a teia de ideias em busca de ideias sobre
outros links mais pessoais que ajudassem seus alunos a se concentrarem nas mudanças sociais da
época e acertou em um: ele sabia, pelo bate-papo antes do sinal em sua sala de aula, que muitos de
seus alunos estavam trabalhando em empregos de meio período, alguns pela primeira vez. Essas
experiências dariam a eles uma ideia das relações empregado-empregador que se desenvolveram
durante a Revolução Industrial. Além disso, focar em empregadores e funcionários daria a Paul e
seus alunos um caminho para a história social do tópico, destacando o enorme abismo entre a
forma como essas duas turmas vivenciaram a Revolução Industrial.
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PROJECT ZERO CAPÍTULO 4
Paul intitulou sua unidade de “O que queremos dizer com ‘progresso’?”. No primeiro dia de
aula, ele pediu a seus alunos que escrevessem um breve artigo abordando as seguintes questões:
“De que forma a Revolução Industrial representa um progresso para você? De que forma não
representa? Paul então recolheu os papéis e os segurou até o final da unidade, quando os alunos
poderiam usá-los para avaliar o desenvolvimento de sua compreensão.
Então, para encorajar seus alunos a pensarem historicamente sobre essa relação, Paul
perguntou-lhes sobre as experiências de trabalho de seus pais e de seus avós. As experiências de
suas avós foram diferentes das de seus avós? Como a relação empregado-empregador mudou ao
longo do tempo? Onde eles iriam descobrir? A quem eles poderiam perguntar?
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PROJECT ZERO CAPÍTULO 4
Os tópicos generativos são acessíveis. A acessibilidade, nesse caso, significa que muitos recursos
adequados à idade estão disponíveis para investigar o tópico e que pode ser abordado por mais de
uma variedade de estratégias que ajudarão os alunos com vários pontos fortes e inclinações para
compreendê-lo.
Tópicos generativos oferecem oportunidades para múltiplas conexões e dão aos alunos a chance
de fazer conexões com suas experiências prévias, dentro e fora da escola. Têm uma qualidade
inesgotável: podem sempre ser explorados cada vez mais profundamente.
No entanto, dados os limites usuais de tempo dos professores para planejamento e instrução, a
generatividade pode ser mais eficazmente projetada procurando as “melhores opções”: tópicos
importantes para uma ou mais disciplinas que também envolvem um determinado grupo de alunos.
Uma vez identificadas as ideias que parecem particularmente Veja a figura 4.1
promissoras, crie teias de ideias em torno delas. Deixe seu para um exemplo
pensamento "viajar" amplamente: considere conceitos, projetos, de teia de ideias.
recursos, conexões e assim por diante. A teia é uma oportunidade
para ser aventureiro.
“As pessoas que precisam encontrar um tópico... generativo deveria ser... meus alunos. Tenho
que fazer a eles as perguntas essenciais. Quero saber o que os motivou a pensar sobre uma ideia
de uma maneira nova. Que lições ou assuntos abriram seu pensamento, permitiram que
experimentassem o mundo com uma perspectiva ligeiramente diferente, capacitaram-nos a se
relacionar com alguém ou compreender alguém ou algo com maior discernimento ou
compaixão? A questão deve ser colocada para eles.”
Phyllis Bretholtz, professora de redação do 11º ano, Cambridge, Massachusetts.
As ideias na teia podem ser refinadas posteriormente à medida que você classifica o que é
mais importante.
Em seguida, faça seleções na teia de ideias. Concentre-se nas seções da teia que têm os
ninhos mais densos de conexões. Procure por tópicos que são repletos de controvérsias, que
estão abertos à consideração de muitas perspectivas diferentes, que não se prestam a respostas
“certas” e que exigem que os alunos formulem suas próprias opiniões.
Um passo importante para tornar os tópicos generativos como parte de sua prática de ensino é
conhecer seus alunos. Quais são os seus gostos e do que não gostam? Que questões (nas notícias, em
suas vidas pessoais, em suas outras aulas) despertam seus interesses? Há algum tópico sobre o qual
eles têm opiniões fortes ou que gostem de discutir.
27
PROJECT ZERO CAPÍTULO 4
No início da unidade, você também pode pedir a seus alunos para criarem suas próprias teias
em torno do tópico. Observe onde estão suas “concentrações de conexão”. Que novos ângulos,
questões ou perspectivas suas teias de ideias sugerem?
Finalmente, é importante dar tempo aos alunos. Nenhum tópico pode ser produtivo se seus
alunos não têm tempo suficiente para explorar o material, fazer conexões e desenvolver sua
compreensão. Os alunos devem ter o tempo de que precisam para explorar o conteúdo essencial,
em vez de cobrir grandes blocos de material menos produtivo.
Como posso transformar um conjunto de tópicos que devem ser ensinados em tópicos
generativos? Alguns professores tentam dar um novo enfoque a um tópico antigo, como Paul fez
no estudo de caso. Por exemplo, lagos, células ou o deserto – tópicos típicos para aulas de biologia
e ciências gerais – podem ser ensinados como parte de uma unidade sobre interdependência.
Reflexão
Ao refletir sobre o seu próprio ensino, você pode querer anotar em seu diário as respostas a
algumas das seguintes perguntas:
Quais tópicos ensinados por você parecem ser os mais produtivos? O que faz você pensar
isso?
Quais tópicos seus alunos acharam mais interessantes? (Se você não sabe, pergunte a eles). O
que eles acharam menos interessante?
Quais tópicos você achou mais interessante? Quais foram os menos interessantes?
Essas anotações podem ser úteis em futuras sessões de planejamento.
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PROJECT ZERO CAPÍTULO 4
Se você e seus colegas não tiverem certeza sobre a resposta à última pergunta, onde você pode
descobrir? Alguns recursos que você pode considerar incluem professores em sua escola ou outras
escolas, especialistas sobre o assunto na cidade, livros de referência ou livros didáticos,
profissionais da comunidade que trabalham em áreas relacionadas à disciplina ou domínio e
professores em faculdades e universidades locais.
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PROJECT ZERO CAPÍTULO 5
Objetivos de Compreensão
Com David Outerbridge
Poucos de nós partiríamos em uma viagem sem primeiro ter uma noção de para onde queremos
ir. A ideia de vagar sem rumo pode soar aventureira ou felizmente livre de pressão, mas o fato é que
geralmente não temos dinheiro e tempo de férias ilimitados. Como nossos recursos são limitados,
queremos usá-los com sabedoria. Portanto, pensamos cuidadosamente sobre para onde gostaríamos
de ir e termos esse destino em mente quando partirmos. Saber onde queremos chegar nos ajuda a
avaliar nosso progresso à medida que viajamos. Ajuda-nos a decidir quando parar para descansar,
quando seguir em frente e quando modificar o nosso itinerário.
Da mesma forma, no início de cada unidade, partimos com nossos alunos em uma jornada
intelectual para explorar o “território” de um tópico generativo. Visto que geralmente há muitos
pontos interessantes para explorar, podemos simplesmente deixar nossos alunos seguirem seus
interesses e vagarem por onde quiserem. Mas nosso tempo é muito limitado. Queremos dar aos
nossos alunos tempo para explorar o que os intriga e queremos ter certeza de que eles visitem os
locais importantes que podem perder sem a devida orientação. Felizmente, esses territórios não são
totalmente desconhecidos: especialistas nas várias disciplinas e domínios que ensinamos, nossas
experiências pessoais e nosso trabalho com aulas anteriores podem nos ajudar a mapear a paisagem e
apontar alguns dos lugares mais interessantes e férteis para parar. Em algumas partes da jornada, nós
podemos deixá-los em uma exploração independente, mas em outras, nós é quem guiamos os alunos
a alguns destinos aos quais queremos ter certeza que eles chegarão.
Na Estrutura do Ensino para a Compreensão, esses destinos são conhecidos como objetivos de
compreensão. Eles são os conceitos, processos e habilidades que nós mais queremos que nossos
alunos compreendam. Eles ajudam a criar foco informando para onde os alunos estão indo.
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PROJECT ZERO CAPÍTULO 5
A peça, de nível mais elementar (fácil), era de leitura obrigatória para alunos do 10º ano, de
um programa de leitura cuidadosamente monitorado onde Jack ensinava. Ele poderia facilmente
ter repetido a unidade sem muito planejamento ou reflexão, mas alguma coisa sobre as
experiências anteriores dos seus alunos com a peça o deixou insatisfeito.
Ao refletir sobre suas experiências anteriores, percebeu que seus objetivos sempre foram
amplos e gerais: ele queria que seus alunos compreendessem o que acontece na peça e o valor de
se ler Shakespeare (“Então, quem sabe, na aula do próximo ano, eles não resmunguem ‘Oh, não,
Shakespeare’ tão alto!”).
31
PROJECT ZERO CAPÍTULO 5
Os objetivos de compreensão costumam ser formulados tanto como declarações quanto como
perguntas. O processo de formular objetivos de compreensão de ambas as maneiras ajuda os
professores a articular com mais clareza os entendimentos que desejam que seus alunos
desenvolvam. O formulário de perguntas geralmente é mais acessível para os alunos. Os objetivos
em forma de perguntas podem ser usados como base para as atividades em sala de aula.
Ideias para outras performances de compreensão surgiram à medida que ele estudava seus
objetivos. Além de discutir a questão da linguagem, talvez os alunos pudessem escrever sobre
uma experiência pessoal importante; escrevendo primeiro em uma linguagem simples e depois
em uma linguagem metafórica, eles poderiam comparar a vivacidade e as nuances dos dois
relatos. Essa performance os ajudaria a atingir o primeiro objetivo da compreensão. Eles
também poderiam escrever um pequeno ensaio comparando alguns dos discursos proferidos por
diferentes personagens. Quem usa uma linguagem rica e poética e em quais circunstâncias?
Quem não? Por que a qualidade da linguagem e da poesia varia tanto? Ele fez um brainstorming
de outras ideias para performances de compreensão que ajudariam seus alunos a alcançar os
outros objetivos de compreensão.
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PROJECT ZERO CAPÍTULO 5
Depois de muitas cenas, Jack percebeu que a classe parecia mais interessada nos
relacionamentos familiares e no efeito que eles estavam tendo em Romeu e Julieta: Por que Julieta
se submeteria a um casamento sem amor com Paris só porque seu pai queria? Por que os
preconceitos dos pais tiveram que ter efeitos tão adversos sobre os filhos?
Ele decidiu convidar seus alunos para o processo de estabelecimento de objetivos. Ele apontou
para os objetivos já postados e pediu à classe que apresentasse um objetivo de compreensão
semelhante que capturasse o que eles queriam compreender sobre as famílias na peça. Depois de
alguns debates, os alunos apresentaram: “Queremos entender por que as famílias tornam tudo tão
difícil para Romeu e Julieta”. Após uma discussão mais aprofundada com Jack, eles reformularam
o objetivo para essa questão: “Como as relações familiares contribuem para tornar a peça uma
tragédia?”.
Jack perguntou aos alunos o que eles poderiam fazer para ajudá-los a compreender melhor
aquela questão. Um aluno, pensando sobre o processo que vinha usando para estudar a linguagem
da peça, sugeriu que encontrassem as partes da peça em que os familiares estavam interagindo e as
analisassem com cuidado. Outro sugeriu que eles poderiam pensar sobre os tempos difíceis das suas
próprias famílias e o que os causou. Jack coletou mais algumas sugestões e as usou para refazer seu
plano de performances de compreensão que os alunos realizariam nas três semanas subsequentes de
leitura da peça.
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PROJECT ZERO CAPÍTULO 5
Tal como acontece com os objetivos de compreensão Alguns objetivos pareciam pertencer
de uma unidade, muitas vezes são necessárias várias a apenas uma ou duas unidades (por
rodadas de revisões para desenvolver uma boa lista de exemplo, querer que os alunos
fios condutores. No entanto, ao contrário dos objetivos apreciassem a riqueza da linguagem
de compreensão da unidade, os fios condutores
poética em Romeu e Julieta ou entender
precisam capturar a essência de um curso inteiro. Os
como alguns dispositivos, como o
fios condutores frequentemente estão enraizados em
prenúncio, ajudam a criar uma tensão
crenças e valores profundamente arraigados, mas
raramente articulados, sobre o assunto e os processos dramática na música “Vá contar isso na
de ensino e aprendizagem. Portanto, muitas vezes montanha”). Esses, Jack sabia, eram
demoram mais para desenvolver e refinar do que os provavelmente objetivos de nível de
objetivos de compreensão de uma unidade – às vezes unidade e não bons candidatos para
até vários anos. objetivos de compreensão abrangentes.
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PROJECT ZERO CAPÍTULO 5
Revendo sua lista, ele sentiu que ela atingiu alguns aspectos importantes do curso, mas não
todos eles. Ele levou a lista para seu grupo de discussão de ensino para a compreensão e pediu
ajuda. O grupo observou os fios condutores que ele havia gerado e sugeriu outras com base no que
o ouviram falar durante as reuniões semanais. Um membro do grupo perguntou: “E quanto à
pergunta que você sempre nos faz: para começar, por que alguém lê literatura?”. Jack percebeu
que, embora fosse uma questão muito importante para ele pessoalmente, ele nunca a havia feito
para seus alunos. Depois de alguma discussão com o grupo, ele a adicionou à sua lista. Afinal, era
a questão que mais o interessava, assim como a que realmente embasou todo o curso. Se seus
alunos não compreendiam o porquê era importante ler e escrever sobre literatura, então por que se
importariam com qualquer um dos outros objetivos de sua lista?
Outro membro do grupo perguntou: “O seu curso não é organizado em torno de gêneros;
primeiro os contos, depois romances e depois peças de teatro? Há algo importante sobre a
qualidade dos vários gêneros que você deseja que seus alunos compreendam?”. Jack disse que era
importante para ele que seus alunos comparassem os gêneros, mas admitiu que o tempo costumava
ser tão curto no fechamento das unidades que ele se esquecia ou decidiu pedir aos alunos que
pensassem nas unidades anteriores para fazer comparação. Seus colegas sugeriram que adicionar
esse objetivo abrangente de compreensão poderia ajudá-lo a dar ao desenvolvimento dessa
compreensão mais destaque no curso. Jack concordou.
fortemente que nenhuma abordagem única para escrever funcionava bem para todos. Como
resultado, ele geralmente tentava encorajar os alunos a experimentarem novas abordagens para
a escrita – diferentes maneiras de gerar ideias e diferentes técnicas para organizá-las e
desenvolvê-las. Ele reconheceu junto aos seus alunos que compreender a melhor abordagem
deles para a escrita pode, de fato, ser um importante objetivo de compreensão abrangente.
Após uma discussão mais aprofundada, Jack e seus alunos converteram a lista dos
objetivos gerais de compreensão em formato de perguntas.
1. Por que as pessoas leem literatura? O que eu ganho com a leitura de literatura?
2. Quais são as semelhanças e diferenças entre os gêneros? Por que alguém escolheria ler ou
escrever em um gênero e não em outro?
3. O que torna boa uma interpretação?
4. Como posso desenvolver a interpretação pessoal de um texto e defendê-la com evidências?
5. Como posso transmitir minha interpretação em uma prosa clara e coerente?
6. Qual abordagem para escrever funciona melhor para mim?
A cada tarefa, ele pedia a seus alunos que identificassem os objetivos pelos quais haviam
trabalhado. Ele os incentivou a revisar as atribuições anteriores que abordavam os mesmos
objetivos e a aproveitar o que já haviam aprendido para realizar seu trabalho atual.
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suas avaliações
“Só depois do término do meu curso de oficina de redação é que
contínuas – Pergunte percebi que nunca havia dito explicitamente aos meus alunos
a si mesmo: “Que sobre meu objetivo geral mais importante: entender a escrita como
critérios ajudarão a uma forma de autoexpressão. Estava por trás de cada performance
mim e meus alunos a que desenvolvi. Eu havia falado sobre isso com colegas e até
descobrir o que eles escrito sobre essa ideia em meu diário. Mas foi só olhando para
compreendem?”. trás que pude perceber que esse era o objetivo central do curso...
Para definir objetivos é preciso realmente repensar muito à medida
que o curso avança. Realmente requer que você tente formulá-los
e você se afaste deles, e você tente reformulá-los e novamente se
afaste deles. A pior coisa que você pode fazer é tentar se sentar
daqui a vinte e quatro horas e obter seu conjunto de objetivos
gerais. Mas os professores podem sentir essa pressão, dadas todas
as maneiras como somos solicitados a usar o nosso tempo.”
Joan Soble, professora de Inglês do Ensino Médio, Cambridge,
Massachusetts.
“As revisões [nos objetivos] sempre ocorrerão. Isso pode te frustrar muito. Mas essa é uma parte
necessária do processo se você quiser descobrir quais são realmente os seus objetivos: você
precisa expô-los e experimentá-los. Eu não acho que você realmente entende se é ou não um
objetivo adequado até que você tenha tentado isso com crianças. Só então você saberá se vai
fundo o suficiente ou se é acessível a eles.”
Eric Buchovecky, professor de física do 11º ano, Belmont, Massachusetts.
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PROJECT ZERO CAPÍTULO 5
Reveja várias unidades que você planejou (usando essa estrutura ou então de outras
maneiras). Que temas comuns emergem? Que compreensões, habilidades ou conceitos
reaparecem repetidamente à medida que você planeja e ensina?
Pergunte a seus alunos no que eles percebem que você está focado. Pergunte o que eles
acham que você quer que eles consigam com a aula e o que eles querem dela.
Tal como acontece com os objetivos de compreensão de uma unidade, tente declarar os
objetivos gerais de compreensão no formato de afirmações e perguntas.
“No ano passado, senti que eu não era Planeje revisitar e revisar sua lista de objetivos
suficientemente explícito com meus gerais de compreensão pelo menos algumas vezes
alunos. Na verdade, eu estava durante o ano (talvez uma vez no início do
tentando ser explícito, mas sabia que segundo semestre e uma vez depois de entregar as
não era. Eu não havia definido notas finais do ano).
exatamente sobre quais coisas eu
queria ser explícito. E eu senti que se Lembre-se de que sua lista de objetivos gerais
eu fosse explícito com meus alunos é apenas um rascunho. Até certo ponto isso é
enquanto ainda não estava seguro verdade para todos os aspectos do seu
sobre meus objetivos, eu iria apenas planejamento e ensino: sempre há espaço para
confundi-los. Então eu não postei melhorias no ano seguinte. Mas isso é
meus fios condutores no ano passado. particularmente verdadeiro no caso de objetivos
Mas pensar sobre eles realmente me gerais de compreensão. De todos os componentes
ajudou a me concentrar no objetivo dessa estrutura, eles são os mais difíceis de
para que, neste ano, eu pudesse
articular e demoram mais para refinar. Alguns
articulá-los. E eles ainda evoluem. Eu
professores descobriram que leva vários anos para
acabei de adicionar outro e revisei
outros.”
refazer periodicamente suas listas de objetivos
Lois Hetland, professora de gerais de compreensão a fim de desenvolver uma
humanidades do 7º ano, Cambridge, versão que eles sintam que capta a essência de seu
Massachusetts. trabalho ao longo do curso com os alunos.
Conte a seus alunos sobre eles! “Quando [minha professora] distribuiu pela
Estabeleça explicitamente seus objetivos primeira vez a lista [de objetivos de
de compreensão da unidade para seus compreensão], eu a coloquei apenas no meu
alunos no início de cada unidade. caderno e realmente não na mente. Mas agora,
Declare seus objetivos gerais de quando volto e leio, isso me ajuda a entender e
compreensão (quando você os tiver penso: ‘Por que não fiz isso antes?’. Agora eu
sei o porquê ela fez as coisas que fez. Agora que
esboçado) e fale sobre como as duas
temos aquela folha, tudo faz muito mais sentido
listas se relacionam entre si. Poste, com
para mim.”
destaque em sua sala de aula, seus Maria, aluna do 9º ano, Cambridge,
objetivos de compreensão (tanto da Massachusetts.
unidade quanto os gerais).
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PROJECT ZERO CAPÍTULO 5
Permita que sua unidade e os objetivos gerais de compreensão evoluam durante cada
unidade e ao longo do curso. À medida que você pensa em maneiras melhores de expressar seus
objetivos, altere-os. Se outros objetivos importantes surgirem de seus alunos, adicione-os à lista.
Deixe seus alunos saberem (ou peça que eles identifiquem) a unidade e os objetivos gerais
de compreensão com os quais estão trabalhando enquanto realizam cada performance de
compreensão. Consulte os objetivos com frequência ao orientar os alunos em suas performances.
Fazer essas conexões ajudará seus alunos a entender os propósitos que fundamentam seu
trabalho diário.
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PROJECT ZERO CAPÍTULO 5
Reflexão
Ao pensar sobre os objetivos de compreensão, você
pode fazer algumas anotações em seu diário sobre eles “Nós sempre fazemos coisas
que você tem para seus alunos: realmente divertidas nesta escola,
mas eu nem sempre tinha certeza
Pense em uma unidade específica – talvez uma que do porquê. Neste ano eu sempre
você ensinará em breve. Pergunte a si mesmo o que soube o motivo porque eu podia
você quer que seus alunos consigam com a unidade e olhar para os fios condutores
anote tudo o que vier à sua mente. quando não conseguia descobrir.”
John, aluno do 7º ano,
Para ajudar a refinar sua lista, pergunte-se quais
Cambridge, Massachusetts.
objetivos são realmente objetivos para a compreensão
do aluno, e não objetivos sobre quais informações ou
comportamentos você deseja que os alunos dominem.
Também pergunte a si mesmo quais objetivos capturam aspectos essenciais do tópico generativo
(se você já tiver um em mente) ou da disciplina que está ensinando. Por fim, pergunte-se quais
objetivos você considera mais importantes – (você pode tentar classificá-los numericamente).
Para obter mais informações sobre cada um desses pontos, consulte a seção “Características
Principais dos Objetivos de Compreensão” deste capítulo.
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PROJECT ZERO CAPÍTULO 5
Experimente compartilhar sua lista de objetivos de compreensão com seus colegas que podem
fornecer feedback sobre a clareza de seus objetivos. Se você ordenou seus objetivos por
classificação, pode tentar justificar ao grupo o porquê de ter escolhido a ordem específica que
escolheu, por exemplo.
Se você encontrar dificuldade em listar os objetivos de compreensão, tente trabalhar com uma
das outras partes da estrutura. Depois de escrever suas performances de compreensão, critérios para
avaliação contínua ou tópico generativo, volte aos objetivos de compreensão e tente novamente.
Se você se sentir pronto para começar a gerar os objetivos gerais de compreensão, ou os fios
condutores, as etapas a seguir podem ser úteis:
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PROJECT ZERO CAPÍTULO 6
Performances de Compreensão
Com Dorothy Gould
Imagine tentar aprender a dirigir com um livro ou com palestras ministradas por motoristas
experientes. Você estuda diagramas que mostram a posição dos pedais do acelerador, freio e
embreagem. Lê sobre o processo de soltar a embreagem quando o acelerador é pressionado e
memoriza as distâncias de frenagem apropriadas (“permitir 6 metros extras para cada quilômetro por
hora, quando estiver acima de 88 quilômetros por hora”). Um motorista experiente explica como
avaliar as oportunidades de integração em um fluxo de tráfego em alta velocidade: “Olhe para os
carros que se aproximam, estime a velocidade que eles estão vindo, pense em quão rápido seu carro
pode acelerar e, quando parecer seguro, faça a integração”. Você também ouve palestras sobre como
estacionar em paralelo. Depois de ler ou ouvir sobre todas as várias habilidades e técnicas usadas na
direção, você se senta ao volante pela primeira vez e faz seu teste de direção.
Muito poucos de nós passariam no teste sob tais circunstâncias. Certamente os livros e palestras
teriam nos dado algumas informações essenciais para dirigir um carro, como, ser necessário sinalizar
antes de virar ou que a lei estadual exige aguardar o pedestre quando ele estiver na faixa. Podemos
ter memorizado muito sobre o posicionamento dos pedais e o padrão do câmbio. Mas não
saberíamos usar esse conhecimento de forma prudente na infinita variedade de circunstâncias que se
apresentam nas ruas em um determinado momento. Sem a prática de dirigir um carro em uma
variedade de condições, com treinamento contínuo e feedback de um instrutor de direção, não
podemos aprender a dirigir bem e com segurança.
Os alunos que aprendem em ambientes escolares precisam dos mesmos tipos de experiências.
Eles podem adquirir conhecimentos de livros e palestras, mas, sem a oportunidade de aplicar esse
conhecimento em uma variedade de situações sob a orientação de um coach experiente, eles não
desenvolverão a compreensão. Performances de compreensão, ou compreensão de desempenho, são
as atividades que dão aos alunos tais oportunidades. Performances de compreensão requerem que os
alunos vão além das informações fornecidas para criar algo novo, remodelando, expandindo,
extrapolando, aplicando e construindo sobre o que eles já sabem. As melhores performances de
compreensão ajudam os alunos a desenvolver e demonstrar sua compreensão. No caso a seguir,
considere como Denise, uma professora de ciências do 9º ano, estrutura o trabalho de seus alunos em
torno de performances de compreensão.
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PROJECT ZERO CAPÍTULO 6
por diante.
Os objetivos de compreensão
são descritos em mais detalhes
no capítulo cinco.
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PROJECT ZERO CAPÍTULO 6
Os alunos ofereceram muitos tipos diferentes – por função, composição, posição na mesa, valor
estimado – e explicaram seu raciocínio. Em seguida, conversaram sobre o porquê as pessoas
podem querer criar categorias para objetos: como essas categorias podem ser úteis? Eles já
encontraram a necessidade de criar categorias e organizar as coisas? Depois de alguma discussão,
os alunos anotaram suas respostas em seus diários. Denise então compartilhou com eles os
objetivos de compreensão da unidade e explicou que o que acabaram de fazer foi a primeira de
uma série de atividades que os ajudariam a atingir esses objetivos.
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PROJECT ZERO CAPÍTULO 6
Para encerrar a unidade, Denise fez com que seus alunos realizassem dois projetos individuais.
Para o primeiro, os alunos examinaram seis organismos no laboratório e identificaram o reino ao
qual pertenciam. As instruções para a apresentação os encorajaram a fazer suposições
fundamentadas sobre os sub-reinos dos organismos e também a explicar suas escolhas. Em
seguida, eles tiveram que criar sua própria chave dicotômica que poderia ser usada para classificar
os organismos por alguém que não tivesse estudado a classificação. (Como parte do processo de
avaliação, Denise convidou vários professores e alunos leigos em taxonomia para a classe a fim de
tentarem usar as chaves dicotômicas para classificar os organismos).
Para o segundo projeto, os alunos receberam as seguintes instruções: “Finja que você é um
conservacionista em busca de uma espécie rara de animal que foi avistada apenas uma vez por
zoólogos. Os zoólogos dizem que o animal foi avistado na floresta tropical do norte do Brasil e
que é um mamífero. Que pistas isso lhe dá sobre a possível aparência e natureza do animal? Repita
o mesmo exercício com uma planta descrita apenas como ‘semelhante a uma flor do dia’. Compare
a quantidade de informações pelo nome científico 'compositae' e o nome comum ‘flor do dia’. O
que é mais útil para esse empreendimento? Por quê?”. Para esse projeto, os alunos enviaram um
rascunho de seu trabalho a um colega para revisão por pares antes de entregá-lo a Denise. Tanto o
revisor quanto o aluno trabalharam com uma folha de critérios que Denise entregou com a folha de
instruções.
Para uma performance de compreensão final, Denise traduziu cada um dos três objetivos de
compreensão em perguntas:
Então ela pediu aos alunos que escrevessem o máximo que pudessem sobre cada uma das
questões a fim de ajudá-la (e a eles também) a avaliar sua compreensão.
“Os projetos foram muito úteis. Se nós não os tivéssemos feito, eu não teria
conseguido. Meu professor teria acabado de revisar isso na aula, e eu teria dito ‘Ok’.
Mas quando revisamos por fim, eu teria esquecido completamente e teria que refazer
tudo de novo. Mas eu acho que por termos feito o projeto, termos que repassá-lo todos
os dias e termos que saber disso para podermos fazer o projeto, eu aprendi. Os projetos
foram úteis porque nós tivemos que usar as ideias, as anotações, o texto e o dever de
casa atribuído a eles.”
Shannon, aluna do 10º ano, Braintree, Massachusetts.
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PROJECT ZERO CAPÍTULO 6
Para uma unidade de Inglês, com o objetivo de compreensão “Os alunos compreenderão
como detectar as pistas (óbvias e sutis) que os autores dão sobre como são seus
personagens”: Os alunos escolhem um evento descrito por Charlotte em ‘As verdadeiras
confissões de Charlotte Doyle’. Primeiro, eles escrevem todas as coisas que podem dizer
sobre Charlotte pela maneira como ela descreve o evento. Depois eles comparam suas
respostas com as de seus colegas, observando e discutindo as diferenças de interpretação.
Em segundo lugar, os alunos escolhem dois outros personagens envolvidos naquele mesmo
evento e criam uma entrada para o diário de cada um desses personagens. O objetivo é que
os alunos coloquem, em cada entrada, pistas que ajudarão os leitores a entender quem são
esses personagens.
Para uma unidade de estudos sociais, com o objetivo de compreensão “Os alunos
compreenderão que a história é sempre contada de uma perspectiva particular e que
compreender um texto histórico significa compreender quem o escreveu”: Os alunos
comparam dois relatos do início da Guerra Revolucionária – um que afirma que os
britânicos deram o primeiro tiro e outro que afirma que foram os colonos. Eles então
discutem por que os dois relatórios podem ser diferentes e como eles poderiam descobrir o
que realmente aconteceu. Eles usam algumas dessas estratégias para descobrir qual (se
houver) desses relatos é o mais plausível e, em seguida, apresentam sua explicação para a
classe.
Para uma unidade de ciências, com o objetivo de compreensão “Os alunos compreenderão
como a luz e as imagens são afetadas à medida que passam pelas ‘lentes do dia a dia’,
como lentes de aumento, lentes de uma teleobjetiva e assim por diante”: Os alunos
experimentam uma coleção de lentes côncavas e convexas e uma lanterna. Eles tentam
encontrar combinações de lentes que funcionem como uma lupa, uma teleobjetiva e uma
lente grande angular. Em seguida eles desenham diagramas para ilustrar como a luz viaja
através dessas combinações de lentes.
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PROJECT ZERO CAPÍTULO 6
Assim como há muitos objetivos importantes que não são objetivos de compreensão,
também há muitos desempenhos importantes que não constroem nem demonstram a
compreensão dos alunos. Por exemplo:
Se você ainda não identificou seus objetivos de compreensão, examine a lista de possibilidades
e pergunte: “Por que eu quero que os alunos façam isso?”. Isso o ajudará a articular seus objetivos
de compreensão. Uma vez que os objetivos tenham sido identificados, você pode examinar as
performances novamente e, talvez, revisá-los para que promovam mais de perto as compreensões
que você considera mais importantes.
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PROJECT ZERO CAPÍTULO 6
Para as performances que você selecionar, pense em como criar oportunidades para que os
alunos obtenham feedback e revisem seu trabalho à medida que realizam tais performances.
Quando você tiver gerado uma série de performances de compreensão, tente sequenciá-las de
modo que ocorram em toda a unidade, do início ao fim. Pense nos seguintes tipos de
performances enquanto trabalha:
Performances de introdução de
“Ao projetar performances de compreensão,
conceitos (contextualização). Essas são
eu realmente tenho que pensar muito sobre
as performances de compreensão que onde as crianças estão. Quando desenvolvi o
geralmente vêm em primeiro lugar em projeto da alavanca em que os alunos
uma unidade. Elas dão aos alunos a precisavam descobrir onde colocar o ponto de
chance de explorar um pouco o tópico apoio para equilibrar dois pesos diferentes,
geral. Também oferecem a oportunidade queria que eles tivessem algo desafiador para
de avaliar a compreensão atual dos fazer. Ao mesmo tempo, não queria que
alunos sobre o tópico. As possibilidades houvesse mil variáveis nas quais elas
de conexões entre os interesses pessoais realmente pudessem se perder. A maneira
como resolvi foi: eu perfurei previamente [o
dos alunos e o tópico emergem dessas
local onde o eixo poderia ser colocado] na
explorações.
régua de medição para que houvesse apenas
boas proporções uniformes para eles
Performances de investigação guiada. trabalharem. Controlei o número de variáveis
Nesses tipos de performance de e o de configurações diferentes que eles
compreensão, os alunos se concentram poderiam ter. Então decidi conduzi-los em
em desenvolver sua compreensão de uma direção que permitiria a maior chance de
problemas específicos ou aspectos do eles compreenderem os padrões que estavam
tópico generativo que você considera vendo... Agora, eu tornei as coisas muito
especialmente importantes. As fáceis para eles? Isso é algo com que luto o
performances de investigação guiada tempo todo. Como as performances podem
ser claras o suficiente para levar os alunos ao
ocorrem, normalmente, no meio das
lugar certo, mas não tão estreitas que os
unidades.
alunos não vejam o quadro geral? É algo que
tenho que considerar o tempo todo.”
Performances culminantes (produto
Eric Buchovecky, professor de física do 11º
final). Essas performances de ano, Belmont, Massachusetts.
compreensão mais complexas e
conclusivas dão aos alunos a chance de
sintetizar e demonstrar a compreensão
que desenvolveram durante as outras
performances de compreensão.
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PROJECT ZERO CAPÍTULO 6
O seu contingente final de performances de compreensão para uma unidade inclui uma
variedade de performances que dão aos alunos a chance de desenvolver sua compreensão de
várias maneiras diferentes? Se muitas das performances são semelhantes (por exemplo, se muitas
performances exigem que os alunos “expliquem com suas próprias palavras” ou adotem e
debatam um determinado lado de uma controvérsia), tente revisar algumas delas para permitir
uma maior diversidade na forma como os alunos desenvolvem sua compreensão.
Ao conversar com os alunos, peça com frequência que expliquem suas respostas. Peça-lhes que
deem razões para suas respostas, ofereçam evidências de apoio e façam previsões durante as
discussões do grupo inteiro ou reflexões escritas sobre a performance de compreensão.
Por fim, forneça aos alunos os critérios pelos quais as performances serão avaliadas e dê a eles
oportunidades (especialmente em performances mais complexas) para avaliar o seu próprio
trabalho e o de outros e, em seguida, revise seu trabalho antes de entregar um produto final.
Meus alunos já realizam muitas atividades práticas em sala de aula. Isso é o mesmo que
performances de compreensão?
Talvez seja. O que é essencial
“As crianças não são solicitadas a fazer projetos de sobre as performances de
longo prazo na escola, então elas não sabem como compreensão é que elas estão
encará-los. Elas precisam começar com algo que tenha intimamente ligadas a objetivos
muitos produtos e muitos marcos naturais incorporados importantes de compreensão. Por
neles para que sintam que estão realizando algo ao
exemplo, fazer com que os alunos
longo do caminho. Estou sempre dizendo aos alunos
joguem uma partida de
‘Não se preocupem com todo esse trabalho agora.
Preocupem-se somente com a parte com prazo para a
“Jeopardy” para aprender fatos
quarta-feira’. Certifico-me de que o que fazemos em históricos pode ser considerado
aula realmente lhes dá algo em que se basearam uma atividade prática, mas não é
enquanto faziam seu trabalho de longo prazo para que uma performance de
não sintam que estão começando do nada. Na aula sobre compreensão.
mitos, os alunos devem produzir um artigo de dez
páginas que lida com todos esses arquétipos à medida
que surgem na literatura moderna. Eu começo com os E quanto às atividades típicas,
alunos lendo o livro [sobre o qual farão o trabalho] no
como discussões em classe e
início do semestre. Mas, em vez de fazer com que
redação de artigos – essas são
leiam, analisem e escrevam uma resenha, faço
performances de compreensão?
perguntas importantes enquanto leem, como: ‘A história
tem um herói? Por que você acha isso?’. Eu os estou Elas podem ser. Se o trabalho for
levando aos arquétipos que eles verão em histórias
mais do que um mero relatório, se
posteriores. Quando eles lerem sobre os mitos,
o aluno expuser uma opinião ou
começarão a reconhecer tais arquétipos. E então,
quando tiverem que escrever o artigo final, eles terão
ponto de vista e o defender com
essas notas para se basear.” evidências e argumentos
Joan Soble, professora de Inglês do High School, certamente está se engajando em
Cambridge, Massachusetts. uma performance de
compreensão.
Se a discussão exigir que os alunos decifrem novos problemas ou questões, tirem conclusões,
façam previsões com base em evidências, debatam questões e assim por diante, então a discussão
se torna uma performance de compreensão para os alunos que estão participando.
Os alunos precisam realmente fazer algo para compreender algo? Às vezes eu posso dizer pela
luz em seus olhos que eles compreendem.
É importante que os alunos explicitem sua compreensão. Essa “luz” pode ser devido ao fato de
que acabaram de lembrar que hoje é sexta-feira e esta é a última aula antes do fim de semana!
Você pode reunir pistas importantes sobre o que os alunos entendem ao interpretar seus rostos e
gestos. Especialmente nos estágios iniciais de uma unidade, essas avaliações rápidas e informais
são úteis para avaliar quando mudar o foco ou encerrar uma conversa. No entanto, a única
maneira de saber com certeza o quão bem os alunos compreendem é pedir-lhes que realizem
alguma tarefa que exija que eles vão além do que você lhes disse ou do que leram em um livro
didático. 56
PROJECT ZERO CAPÍTULO 6
Reflexão
Ao refletir sobre as performances de compreensão que você usa em sua própria prática, pode
ser útil pensar sobre as atividades que você acha que ajudaram seus alunos a aprofundar sua
compreensão e aquelas com as quais você não está satisfeito. Você pode fazer uma lista em seu
diário sobre cada tipo de performance.
Usando a seção “Principais recursos” neste capítulo, revise as listas que você fez para
identificar os pontos fortes das performances bem-sucedidas e para pensar em como revisar as
malsucedidas. Você pode pensar em particular sobre se há ou não objetivos claros para cada
performance e se os alunos podem ser capazes de “passar” por uma performance sem
compreender (um sinal claro de que a performance precisa ser revisada!). Você também pode
pensar se suas performances podem ou não ser sequenciadas em performances de introdução de
conceito, de investigação guiada ou culminantes.
Se você já trabalhou na seção Reflexão no capítulo cinco, pode usar os objetivos que
desenvolveu lá como ponto de partida: quais desempenhos apoiaram cada um dos objetivos de
compreensão que você identificou? Com os colegas, você pode querer fazer um brainstorm de
outras performances que possam apoiar cada objetivo e, em seguida, refinar a lista usando a
seção “Principais recursos” neste capítulo.
(Se você ainda não trabalhou no capítulo sete, você pode salvar as anotações que você fez aqui e
consultá-las quando chegar à seção Reflexão daquele capítulo).
57
PROJECT ZERO CAPÍTULO 7
Avaliação Contínua
Com C. Eric Bondy e Bill Kendall
Como podemos avaliar com precisão e justiça o que nossos alunos aprenderam? Essa é uma
questão com a qual todo professor luta. Mas quando a compreensão é o propósito da instrução, o
processo de avaliação é mais do que apenas uma avaliação: é uma contribuição significativa para a
aprendizagem. A avaliação que promove a compreensão, em vez de simplesmente avaliar, deve ser
mais do que um teste de final de unidade. Precisa informar os alunos e professores sobre o que os
alunos compreendem atualmente e sobre como proceder com o ensino e a aprendizagem
subsequentes.
Esse tipo de avaliação ocorre com frequência em muitas situações fora da escola. Imagine um
treinador de basquete trabalhando com sua equipe durante uma sessão de prática. Ele pode começar
pedindo à equipe que se concentre em algumas habilidades ou jogadas específicas. Enquanto os
jogadores jogam, ele estuda seus movimentos, comparando-os com seus padrões de habilidade para
jogar basquete. Ele geralmente presta atenção especial às estratégias e habilidades que pediu aos
jogadores para se concentrarem no início do treino. Ele analisa os problemas quando a equipe fica
aquém e, conforme a equipe joga, diz a eles como podem melhorar seu desempenho. Ocasionalmente
ele para a sessão de treinos, reúne a equipe para fornecer um feedback mais sustentável e dá aos
jogadores novas tarefas com base em sua avaliação do desempenho deles.
Esse tipo de treinamento também continua durante os jogos reais. Os jogos terminam não apenas
com um placar que informa à equipe o seu desempenho, mas também com sessões de
esclarecimentos no vestiário, nas quais o técnico e a equipe discutem o que deu certo e o que eles
precisam trabalhar antes do próximo jogo.
Ou pense no trabalho de um diretor enquanto ele prepara uma trupe de atores para uma
encenação. Cada ensaio é um ciclo contínuo de performance e feedback à medida que os atores
trabalham nas cenas da peça. O diretor dá instruções iniciais, oferece conselhos e orientações
adicionais enquanto cada cena está em andamento e convoca sessões de feedback mais formais em
vários pontos durante o ensaio.
O estudo de caso a seguir descreve como um professor construiu oportunidades para avaliação
contínua em uma unidade de geometria.
58
PROJECT ZERO CAPÍTULO 7
O segundo problema tinha a ver com a maneira de como ela havia A segunda característica
projetado suas performances de oportunidades de compreensão e importante do processo
feedback. Para cada objetivo de compreensão, havia apenas uma de avaliação contínua é
a presença de
performance de suporte de compreensão. Além disso, Lisa não deu a oportunidades
seus alunos a chance de revisar aquela performance depois de executá- frequentes de fornecer
la. Consequentemente, não havia como seus alunos usarem o feedback feedback que ajude os
que ela forneceu, nem como ela avaliar se a compreensão deles havia se alunos a melhorar sua
performance de
desenvolvido com o tempo. O processo de avaliação ajudou a avaliar, compreensão.
mas não aprofundou a compreensão dos alunos.
Embora o foco inicial de Lisa seja a avaliação contínua, ela rapidamente se pega pensando em
performances de compreensão. Essa mudança é uma característica comum do processo de
planejamento. Como as diferentes partes da estrutura estão intimamente ligadas, começar com uma
parte da estrutura geralmente leva rapidamente a considerar outras partes dela.
59
PROJECT ZERO CAPÍTULO 7
Ela decidiu desenvolver um projeto que pudesse ser dividido em várias etapas. Esse projeto
permitiria que seus alunos recebessem feedback sobre seu trabalho em vários pontos e permitiria que
ela monitorasse mais de perto o desenvolvimento da compreensão deles e fornecesse suporte quando
necessário.
Para mais detalhes sobre o Para começar a desenhar tal projeto, ela considerou
desenvolvimento dos objetivos de seu tópico generativo e seus objetivos de compreensão
compreensão (tanto para a unidade
quanto para a do curso), consulte o para a unidade. Seu tópico generativo para a unidade
capítulo cinco. foi “Projetando Lugares”. Seus objetivos de
compreensão ao longo da unidade eram os seguintes:
1. Ajude os alunos a compreenderem como usar o que sabem sobre a área para descobrir o que
não sabem sobre ela – especificamente, ajude-os a compreender como usar fórmulas conhecidas
para calcular uma área a fim de descobrir fórmulas que eles não conhecem. (Como podemos
usar o que sabemos para descobrir o que não sabemos?).
2. Ajude os alunos a compreenderem como as fórmulas para calcular a área são derivadas e
aplicadas. (De onde vêm as fórmulas para a área? Como elas são úteis?).
3. Ajude os alunos a compreenderem sua melhor abordagem para resolver problemas
“complicados” (em oposição aos ‘livros didáticos’). (Quais são minhas melhores estratégias
para resolver problemas difíceis?).
Com esses objetivos em mente, Lisa idealizou o seguinte projeto para os alunos trabalharem ao
longo de várias semanas:
Nossa cidade recebeu uma quantia substancial de dinheiro de uma ganhadora da loteria para
construir um centro comunitário. A doadora, uma matemática que também adora dançar, tem certas
exigências que devem ser atendidas se o dinheiro dela for usado para construir o centro. Ela pediu
que o primeiro andar fosse projetado de forma que as pessoas pudessem ter um lugar para dançar e
se socializar. As pistas de dança devem ser construídas na forma de diferentes polígonos. As
especificações dela são as seguintes.
60
PROJECT ZERO CAPÍTULO 7
A área total do primeiro andar deve estar entre 2 mil e 3 mil metros quadrados. Deve haver
cinco quartos e corredores dispostos conforme necessário para tornar relativamente fácil o acesso
aos quartos, à porta da frente e às portas corta-fogo. Cada sala deve conter uma pista de dança.
Você pode escolher o tamanho e o local, mas deve haver pelo menos uma pista de dança em cada
uma das seguintes formas: retângulo, triângulo, círculo, hexágono e paralelogramo (que não pode
ser um outro retângulo). Cada pista de dança deve ser aproximadamente a metade do total da sala.
Além disso, em cada sala deve haver uma seção em forma de trapézio para o DJ ou para uma banda
(a área dessa seção pode ser incluída na área total de cada sala).
Por se tratar de uma performance introdutória que os alunos realizariam em conjunto com a turma,
ela decidiu manter o processo de avaliação e feedback bastante informal: apresentaria à turma os
critérios de avaliação, mas deixaria que avaliassem a si mesmos. Ela ofereceria a eles, verbalmente,
sua própria avaliação no contexto da discussão.
Os alunos então trabalharam em pequenos grupos para projetar uma sala do centro comunitário.
O projeto incluiu um esboço da planta baixa com dimensões e áreas marcadas. Os alunos também
escreveram uma descrição de como realizaram seu trabalho e explicaram as decisões que tomaram.
Para essa performance, Lisa criou critérios de avaliação e folhas de feedback mais formais.
Depois que os pequenos grupos concluíram seus esforços, ela pediu a eles que fizessem pequenas
apresentações para a classe sobre seu trabalho. O resto da classe usou os critérios de avaliação e as
folhas de feedback para permitir que o grupo apresentador soubesse como eles se saíram e
sugeriram como poderiam melhorar sua planta baixa atual, bem como as plantas baixas que ainda
não haviam feito. Lisa também pediu aos alunos que escrevessem reflexões individuais sobre o
trabalho de seu próprio grupo:
Quais partes do problema foram
O feedback de cada estágio do projeto ajuda
particularmente difíceis ou fáceis de resolver?
os alunos a avançarem para a próxima fase.
Quais estratégias de resolução de problemas se
mostraram frutíferas?
62
PROJECT ZERO CAPÍTULO 7
Quais não foram? Os grupos usaram suas reflexões sobre o processo, bem como o feedback de
Lisa e seus colegas para realizar a próxima performance. (O exercício de reflexão também apoiou
o terceiro objetivo de compreensão da unidade).
Os alunos, trabalhando nos mesmos pequenos grupos, completaram toda a planta baixa do
centro comunitário (incluindo uma versão revisada da planta baixa que haviam elaborado para a
terceira performance). Essas plantas baixas foram apresentadas para toda a turma. Para auxiliar nas
apresentações orais, os grupos criaram diagramas com as áreas rotuladas. Eles prepararam
declarações que mostraram como atenderam a todos os parâmetros do projeto e explicaram
algumas das principais decisões que tomaram ao fazê-lo.
Novamente, Lisa e os alunos usaram uma lista de verificação de critérios de avaliação. Como a
que eles usaram para a terceira performance, esta incluía itens como “Atende a todos os
parâmetros estipulados na tarefa original”, “Oferece uma explicação lógica para cada escolha
feita”, e assim por diante. Antes das apresentações finais, os grupos formaram pares e ofereceram
feedback uns aos outros sobre os rascunhos das apresentações. Quando eles fizeram suas
apresentações finais para a classe, eles coletaram feedback e sugestões sobre os pontos fortes e os
problemas em seu trabalho. Eles usaram esse feedback para se preparar para a performance final.
Outros sugeriram algumas modificações com base em sua análise do projeto bom e não tão bom
que haviam visto (por exemplo, incluindo rótulos nos quartos, portas e assim por diante, junto com
as dimensões de cada parede, fizeram a planta baixa mais fácil de se ler). A folha de feedback
modificada, com pontos atribuídos a cada item, tornou-se o guia dos alunos para o projeto final.
Os feedbacks precisam:
ocorrer frequentemente, desde o início da unidade até a sua conclusão, em conjunto com
performances de compreensão. Alguns comentários podem ser formais e planejados (como
comentários sobre uma apresentação); alguns podem ser mais casuais e informais (como
responder ao comentário de um aluno em uma discussão em classe);
64
PROJECT ZERO CAPÍTULO 7
fornecer aos alunos informações não apenas sobre o quão bem eles realizaram
performances anteriores, mas também sobre como eles podem melhorar as performances
futuras;
informar seu planejamento de aulas e atividades subsequentes;
vir de uma variedade de perspectivas: das reflexões dos alunos sobre seu próprio trabalho,
das reflexões dos colegas sobre o trabalho uns dos outros e do professor.
A seguir estão outros exemplos de avaliação contínua. Como a avaliação contínua ocorre no
contexto de performances de compreensão, que por sua vez estão ancoradas em objetivos de
compreensão, cada um dos exemplos abaixo inclui objetivos de compreensão de toda a unidade
(apenas na forma de declaração) e performances de compreensão, bem como uma descrição de
critérios e feedback para avaliação contínua.
Para uma unidade em uma aula de redação com o objetivo de compreensão “Os alunos
compreenderão o processo de redação de um ensaio persuasivo eficaz”:
Performance de compreensão: os alunos escrevem um ensaio no qual escolhem um assunto
controverso e defendem sua posição pessoal sobre o assunto.
65
PROJECT ZERO CAPÍTULO 7
Para uma unidade de estudos sociais com o objetivo de compreensão “Os alunos
compreenderão as várias formas de governo e suas vantagens e desvantagens”:
Performance de compreensão: pequenos grupos de alunos recebem aleatoriamente uma forma de
governo (monarquia, oligarquia, democracia e assim por diante) e recebem uma breve descrição
de como as leis são feitas sob esse tipo de governo. Dentro dos grupos, cada aluno recebe uma
função (monarca, presidente ou ditador; rico proprietário de uma fábrica; trabalhadores que vivem
perto da linha de pobreza e assim por diante), tirando um pedaço de papel de um envelope. Os
grupos então têm que decidir como cobrar impostos em seu ‘país’, tomando suas decisões de
acordo com a forma de governo que lhes foi atribuída. Depois de algum tempo dado aos grupos
para resolverem o problema, os alunos formam novos pequenos grupos, com cada grupo incluindo
pelo menos um membro de cada um dos grupos originais.
66
PROJECT ZERO CAPÍTULO 7
Critérios para avaliação contínua: o artigo final de cada aluno é avaliado com base na precisão
com que o grupo inicial do aluno executou os processos de tomada de decisão de seu tipo
específico de governo e na sofisticação das comparações que o aluno faz entre essa forma de
governo e as outras. Esses critérios são compartilhados com a classe antes de começarem a
escrever.
Feedback para a avaliação contínua: o professor faz com que os alunos troquem os primeiros
rascunhos de seus trabalhos com outros membros de seus grupos iniciais para que possam
verificar a exatidão uns dos outros ao descrever o trabalho dos primeiros grupos. Ela, então, pede
que eles compartilhem um segundo rascunho com ela para que ela possa verificar se entendem as
várias formas de governo. Nos casos em que um ou mais dos pequenos grupos parecem não ter
captado os aspectos essenciais do governo a eles atribuídos, ela fornece aos alunos feedback sobre
onde encontrar mais informações sobre esse tipo de governo para que possam revisar seu trabalho.
Algumas práticas de avaliação não dão suporte à compreensão dos alunos. Por exemplo:
67
PROJECT ZERO CAPÍTULO 7
69
PROJECT ZERO CAPÍTULO 7
Isso ajuda a manter em mente o fato de que a maioria de nós já avalia nossos alunos o tempo todo.
Cada vez que eles fazem uma pergunta ou respondem a uma das nossas, pensamos sobre o que essas
perguntas e respostas revelam sobre o seu aprendizado. O truque é descobrir como permitir que
nossos alunos se beneficiem desse processo de pesagem contínuo e como ajudá-los a compreender os
critérios de avaliação tão bem quanto nós. Várias técnicas podem ajudar a tornar esse processo mais
gerenciável:
70
PROJECT ZERO CAPÍTULO 7
Reflexão
Projetar o processo de avaliação contínua para uma unidade pode ser uma etapa
particularmente desafiadora no processo de planejamento. Uma maneira de começar pode ser
fazer um balanço de sua abordagem atual de avaliação. Pense em uma unidade que você
executou recentemente. Que oportunidades formais e informais existem para seus alunos
receberem feedback? Quão claros foram os critérios para avaliar sua performance? (Você pode
pedir a seus alunos que descrevam suas impressões sobre os critérios usados para uma tarefa
recente ou expliquem por que eles acham que receberam uma determinada nota em uma tarefa).
Se você está mantendo um diário de reflexão ou trabalhando com um grupo de colegas, tente
fazer anotações ou discutir as maneiras pelas quais sua abordagem de avaliação é semelhante
(ou diferente) da abordagem descrita neste capítulo. (As listas na seção “Principais recursos”
deste capítulo podem ser particularmente úteis). Com quais aspectos de sua abordagem de
avaliação você está satisfeito? Em quais aspectos você gostaria de trabalhar?
Se você está iniciando seu processo de planejamento com uma avaliação contínua e acha
que está tendo dificuldades, você pode tentar trabalhar primeiro no desenvolvimento de
objetivos de compreensão ou performances de compreensão e, em seguida, retornar à avaliação
contínua mais tarde.
Se você já leu a seção “Reflexão” do capítulo seis, tente gerar ideias para critérios de
avaliação e feedback para as performances de compreensão que você listou lá. Você pode usar
a lista em “Principais recursos” e em discussões com seus colegas para ajudá-lo a refinar o
processo de avaliação contínua que você desenvolve.
71
PROJECT ZERO CAPÍTULO 8
Começando
Escolha um “gancho” do currículo que pareça bom para você. Algumas pessoas preferem
começar do mais fácil – talvez concentrando-se em uma unidade curta de dois a três dias. Outros
decidem trabalhar em unidades maiores, geralmente com intervalo de duas semanas a dois meses.
Outros ainda preferem não pensar na duração de uma unidade no início; em vez disso, primeiro eles
geram ideias para unidades e depois decidem quanto tempo gastar com elas. Não existe uma medida
“correta” para uma unidade de instrução ao usar a Estrutura de Ensino para a Compreensão. O
importante é trabalhar com uma parte do currículo que seja confortável para você.
Para as pessoas que preferem abordar primeiro o quadro geral, outra abordagem é começar não
com uma única unidade, mas com o planejamento de uma aula de um semestre ou do ano. Os
professores que usam essa estratégia normalmente mapeiam as linhas gerais e os tópicos generativos
para o semestre ou ano e, em seguida, passam para o planejamento de unidades individuais. (A
maioria das pessoas que está apenas começando a usar essa estrutura acha muito mais fácil começar
desenvolvendo uma única unidade em vez de um curso inteiro. Por esse motivo, as dicas e
ferramentas neste capítulo focam principalmente o desenvolvimento da unidade).
72
PROJECT ZERO CAPÍTULO 8
Se trabalhar com uma parte da estrutura for difícil, passe para outra parte e volte à primeira
parte mais tarde. Se você tiver problemas para articular um conjunto de objetivos de compreensão
com os quais se sinta confortável, por exemplo, tente desenvolver performances de compreensão e
volte aos objetivos mais tarde. Se chegar a um tópico generativo e isso acabar sendo uma pedra no
caminho, tente pensar sobre a compreensão de objetivos ou performances de compreensão; ideias
para um tópico generativo podem surgir desses pensamentos. Em última análise, todas as peças da
unidade precisarão estar intimamente relacionadas (os objetivos de compreensão precisarão ser
apoiados por performances de compreensão apropriadas, os critérios para avaliar essas performances
precisarão estar intimamente relacionados aos objetivos de compreensão e assim por diante). Mas,
nos estágios iniciais de planejamento, muitas vezes ajuda se permitir a flexibilidade de se mover de
uma peça para outra.
73
PROJECT ZERO CAPÍTULO 8
Um Processo de Planejamento
Aqui está uma maneira de planejar com a estrutura que algumas pessoas acharam útil:
Várias sugestões e planilhas de planejamento neste capítulo podem ajudar a explicar e apoiar cada
uma das etapas.
1.Brainstorm
Por que esse passo é útil? Como o tempo de planejamento é
“Às vezes fico tentado a escasso, pode ser tentador focar na primeira ideia que vier à mente.
seguir a primeira ideia Resistir a essa tentação e, em vez disso, tentar gerar uma variedade
que me vem à mente –
especialmente se parece
de possibilidades para tópicos, objetivos, performances e processos
que vai interessar meus de avaliação pode gerar resultados mais produtivos. Não importa
alunos. É útil para mim com qual parte da estrutura você comece, as ideias sobre as outras
ter esse tipo de estrutura
de planejamento que partes surgirão à medida que você trabalha. Pensar sobre a
realmente me faz fazer compreensão dos objetivos gerará ideias sobre avaliação, o que, por
perguntas sobre minhas sua vez, desencadeará novas ideias sobre performances de
boas ideias iniciais: Por
que eu acho que é bom? compreensão, o que pode levar você a considerar outros objetivos
Meus alunos realmente de compreensão e assim por diante. Começar com uma seção de
compreenderão se brainstorm sobre todas as partes da estrutura (em vez de declarar
fizerem essas
atividades? Como eu definitivamente seu tópico generativo, depois avançar para os
vou saber?” objetivos de compreensão e assim por diante) pode ajudá-lo a
Melissa Collins, capturar todas essas ideias vagamente associadas, mas
professora de francês
do Ensino Médio, potencialmente poderosas, à medida que surgem. Se você decidir
Beverly, começar com uma sessão de brainstorm que envolva todas as partes
Massachusetts.
da estrutura, não se preocupe muito em colocar seus pensamentos
nas categorias corretas da estrutura. Se você não consegue dizer se
uma ideia pertence à seção “tópico generativo” ou “objetivos de
compreensão”, simplesmente liste-a em ambos os lugares e siga em
frente. A etapa de refinamento lhe dará a oportunidade de resolver
as coisas.
74
PROJECT ZERO CAPÍTULO 8
O que ajuda no brainstorm? Em primeiro lugar, é extremamente útil ter um lugar para anotar
suas ideias à medida que elas chegam a você. Algumas pessoas acham útil usar uma folha grande
de papel quadriculado e um marcador. Outros preferem trabalhar em folhas de caderno.
Independentemente do que você usar, configurar uma tabela como a da figura 8.1 tem a vantagem
de permitir que você veja e faça um brainstorm sobre todas as partes da estrutura simultaneamente.
(Se você decidir começar concentrando-se no desenvolvimento de uma única unidade em vez de
um curso, pode ignorar temporariamente a caixa para objetivos gerais de compreensão, ou fios
condutores). Em segundo lugar, conversar com colegas e alunos é útil. O objetivo do brainstorm é
gerar muitas ideias rapidamente. Trabalhar com outras pessoas ajuda muito nesse processo. Se você
está planejando uma unidade mais longa, pode até realizar várias sessões de brainstorm – uma
sozinho, uma com colegas e outra com seus alunos. (O que eles gostariam de aprender? Em que
tipos de performances eles podem estar interessados em tentar?).
2. Refinando
Por que esse passo é útil? A estrutura é uma ferramenta poderosa para ajudar a concentrar os
processos de ensino e aprendizagem nos conceitos, habilidades e ideias que são mais importantes
para os alunos aprenderem. Para criar esse foco de forma eficaz, cada parte do currículo (tópico,
objetivos, performances e avaliação) precisa estar intimamente relacionada e apoiar as outras partes:
os objetivos de compreensão precisam focar a atenção dos alunos nos aspectos mais importantes
do tópico generativo;
as performances de compreensão precisam envolver os alunos no desenvolvimento exato
daquelas compreensões articuladas nos objetivos de compreensão;
os critérios para avaliação contínua precisam estar intimamente relacionados aos objetivos de
compreensão. O feedback precisa ajudar os alunos a melhorar suas performances de
compreensão;
os objetivos de compreensão ao longo da unidade precisam apoiar os objetivos gerais de
compreensão do curso.
75
PROJECT ZERO CAPÍTULO 8
Tópico Generativo
(___) É central para uma ou mais disciplinas ou domínios?
(___) É interessante e estimulante/desafiador para os alunos?
(___) É interessante e estimulante/desafiador para o professor?
(___) Oferece oportunidades para os alunos fazerem conexões com outras aulas, da mesma forma
como com a vida fora da escola?
(___) Tem recursos e materiais relacionados para tornar o tópico acessível aos alunos?
77
PROJECT ZERO CAPÍTULO 8
Performances de Compreensão
(___) Requerem que os alunos demonstrem as compreensões declaradas em seus objetivos de
compreensão?
(___) Instigam os alunos a aplicarem o aprendizado em novas situações?
(___) Permitem que os alunos construam e demonstrem a compreensão?
(___) Desafiam os equívocos, estereótipos e tendências dos pensamentos engessados dos alunos?
(___) São sequenciadas para que os alunos possam se envolver com elas ao longo da unidade, do
início ao fim?
(___) Permitem aos alunos demonstrarem sua compreensão de várias maneiras (trabalho escrito,
esforços artísticos e assim por diante)?
Avaliação Contínua
“Essa abordagem de ensino para a compreensão me ajudou a focar no que é a verdadeira tarefa de
ensinar e aprender. Ter que tornar os objetivos de compreensão explícitos me ensinou a importância
da clareza, tanto para mim quanto para meus alunos. Reforçou em mim a ideia de que ter agendas
ocultas apenas cria confusão e desestimula a motivação.”
Irmã Patricia Leon Agusti, diretora de escola, Bogotá, Colômbia.
78
PROJECT ZERO CAPÍTULO 8
O que ajuda na finalização (mais ou menos)? Primeiro, é útil dispor toda a unidade em um
só lugar. Para fazer isso, você pode tentar usar o Organizador Gráfico de Ensino para a
Compreensão (consulte a Figura 8.3). Dispor um esboço final de uma unidade dessa forma
facilita fazer conexões visuais entre:
Em segundo lugar, ajuda a manter a mudança e o desenvolvimento, uma vez que sejam
colocados em prática. Alguns professores acham que rotular cada plano de aula como “rascunho” os
ajuda a lembrar que sempre há potencial para mudança e melhoria.
Tenha em mente que o organizador gráfico da Figura 8.3 é apenas uma maneira de representar
e documentar uma unidade de ensino para compreensão. Alguns professores preferem uma maneira
mais narrativa, na qual simplesmente escrevem os objetivos, performances e avaliações em forma
de parágrafos. Alguns professores preferem um gráfico semelhante à rede/teia em que o tópico
generativo da unidade fica no centro da página, os objetivos de compreensão no nível da unidade
aparecem em um círculo em torno do tópico generativo e as performances de compreensão e
procedimentos de avaliação contínua são escritos no círculo mais externo, com setas mostrando
quais performances estão ligadas a quais objetivos. Como o espaço em uma folha de papel normal é
limitado, alguns professores preferem transferir esse organizador gráfico (ou outro de sua própria
criação) para um papel maior ou escrever cada elemento da estrutura em uma folha separada.
79
PROJECT ZERO CAPÍTULO 8
Ano e Assunto(s) 🡪
Ciências – 6º ano
81
PROJECT ZERO CAPÍTULO 8
A 1. Habilidades de pesquisa
B 2. Habilidades de aprendizagem colaborativa
3.
Figura 8.4 – Exemplo de organizador gráfico para uma unidade de ciências do 6º ano
Também é importante ter em mente que o espaço nesse organizador gráfico é artificialmente
limitado para acomodar todas as peças da estrutura. Por exemplo, há apenas quatro espaços para os
objetivos de compreensão de uma unidade, e os espaços para a introdução, investigação guiada e
performances culminantes de compreensão são todos do mesmo tamanho. Isso não significa que você
deva se limitar a quatro objetivos gerais e cinco objetivos de compreensão de uma unidade ou que
deva ter o mesmo número de investigações introdutórias e guiadas e performances culminantes em
suas unidades. Não há um número correto de objetivos ou performances, e você deve se sentir à
vontade para modificar o organizador gráfico para atender às necessidades de seu plano de unidade.
Consulte as Figuras 8.4 e 8.5 para exemplos de como o organizador gráfico pode ser usado.
82
PROJECT ZERO CAPÍTULO 8
Ano e Assunto(s) 🡪
Literatura – 8º ano
Objetivos Gerais
1. Como a leitura de obras literárias me ajuda a compreender a mim mesmo?
de Compreensão 2. Como a leitura de obras literárias me ajuda a compreender os outros?
(ou Fios 3. Como eu posso me comunicar eficazmente por escrito?
Condutores) 4. O que torna boa uma história?
83
PROJECT ZERO CAPÍTULO 8
Figura 8.5 – Exemplo de organizador gráfico para uma unidade de literatura do 8º ano
Finalmente, o organizador gráfico é projetado para apoiar o planejamento de unidades e não de aulas
de um ano ou semestre. Se você está planejando uma unidade e ainda não identificou seus objetivos
gerais de compreensão, simplesmente deixe esses espaços em branco e trabalhe com o resto da
página.
84
PROJECT ZERO CAPÍTULO 8
85
PROJECT ZERO CAPÍTULO 8
atuando como orientador/instrutor na sala de aula. Se seus alunos estão engajados na maior
parte do tempo em performances de compreensão, você terá algum tempo para circular pela
sala enquanto trabalham, observando seus esforços, fazendo perguntas, dando sugestões,
identificando quem precisa de mais ajuda e assim por diante. Esse estilo de ensino dá a você
muito mais oportunidades de aprender sobre o que seus alunos estão aprendendo do que o tipo
de ensino que o mantém falando continuamente para a classe inteira na frente da sala de aula.
(Isso não quer dizer que fazer palestras seja sempre algo ruim ou que você nunca deva ficar na
frente da sala para guiar os alunos passo a passo por alguma atividade. No entanto, se alguma
dessas abordagens for seu estilo predominante, então você necessariamente abrirá mão de
muitas oportunidades de ver o que seus alunos estão realmente aprendendo).
O aprendizado é generativo
(___) A instrução está focada em alguns tópicos centrais.
(___) Os tópicos são pessoalmente significativos para você e seus alunos.
(___) Os alunos estão ativamente envolvidos em seu trabalho.
(___) Uma atmosfera de investigação genuína permeia a sala de aula.
A avaliação é contínua
(___) Os alunos se envolvem em ciclos de elaboração, reflexão, crítica, resposta e revisão de seu
próprio trabalho e de outros.
(___) Você e seus alunos compartilham a responsabilidade pela avaliação.
(___) Todos avaliam o trabalho de acordo com os critérios e padrões de qualidade declarados, que
estão intimamente relacionados aos objetivos de compreensão.
(___) A avaliação costuma ser casual, coloquial e espontânea; periodicamente é mais formal,
registrada e planejada.
(___) A autorreflexão ocorre com frequência, em uma variedade de formas.
87
PROJECT ZERO CAPÍTULO 8
Reflexão
Depois de ler as ideias de planejamento e ensino desse capítulo, você pode tentar pensar,
escrever ou conversar com colegas sobre algumas das seguintes questões:
Como essa abordagem de planejamento se compara a como você normalmente planeja? Como
você pode adaptar algumas das sugestões de planejamento desse capítulo para torná-las mais úteis
para você?
Revise a lista de verificação na Figura 8.6 com colegas. Essa lista delineia características que
combinam com sua imagem de uma sala dedicada à compreensão? Que outras características ou
qualidades você acrescentaria à lista?
Se você tiver tempo para planejar unidades em consulta com os colegas, pode tentar as etapas
a seguir em uma série de reuniões de planejamento colaborativo.
88
PROJECT ZERO CAPÍTULO 8
1. Peça a todos que venham à reunião com uma ideia para uma unidade que gostariam de
planejar.
2. Divida o tempo da primeira reunião de forma que a ideia de todos para uma unidade
receba a mesma quantidade de tempo como foco de uma sessão de brainstorm em
grupo. Designe alguém para controlar o tempo para o grupo e dedique alguns minutos
(talvez cinco ou dez minutos para um grupo de sua equipe) para fazer um brainstorm
sobre cada unidade (você pode esboçar o gráfico da Figura 8.1 em um papel grande o
suficiente para o grupo todo ver).
3. Todos podem vir para a segunda reunião com um esboço da unidade, com base nas
ideias do brainstorm. (É bom, nesse ponto, ter um esboço de unidade realmente
esboçado).
4. Dê, a cada participante, algum tempo para compartilhar sua unidade. (Se o grupo for
grande, você pode tentar dividir em grupos menores de três ou quatro e pedir aos
membros do grupo que tragam cópias suficientes de seus rascunhos para compartilhar
com todos). Uma vez que a unidade tenha sido descrita brevemente, convide o grupo a
usar as perguntas presentes no “Critérios para Refinar a Lista de Brainstorm” (Figura
8.2) para revisar a unidade e fazer sugestões sobre formas de melhorá-la.
5. Repita o processo de redação, compartilhamento e revisão sempre que os membros do
grupo precisarem ou tiverem tempo.
6. Você pode achar útil continuar conversando com seus colegas depois que a unidade
estiver em andamento. Os colegas podem servir como um “grupo de apoio” para
celebrar seus sucessos e ajudar a gerar ideias para superar as dificuldades.
89