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ISCED DIREITO EMPRESARIAL
Agradecimentos
O Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED), agradece a colaboração dos seguintes
indivíduos e instituições na elaboração deste manual:
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ISCED DIREITO EMPRESARIAL
Indice
Quem deveria estudar este manual ................................................................................................... 2
Como está estruturado este manual ..................................................................................................... 2
Tema I: ORIGEM, EVOLUÇÃO E FONTES DO DIREITO COMERCIAL ....................................................... 7
INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 7
Objectivos específicos ......................................................................................................................... 8
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO COMERCIAL ........................................................................... 8
NOÇÃO E NATUREZA JURÍDICA DO DE DIREITO COMERCIAL ............................................................ 11
1.2 Objecto do Direito Comercial ..................................................................................................... 14
RELAÇÕES ENTRE O DIREITO COMERCIAL COM OS DEMAIS RAMOS DE DIREITO .................................. 15
A Autonomia do Direito Comercial ................................................................................................... 16
A Especialidade do Direito Comercial ................................................................................................. 18
DIREITO COMERCIAL OU DOS COMERCIANTES ................................................................................ 18
FONTES DO DIREITO COMERCIAL ................................................................................................. 19
FONTES INTERNAS ............................................................................................................................. 19
A Constituição ................................................................................................................................... 20
O CÓDIGO COMERCIAL .................................................................................................................. 20
FONTES EXTERNAS ......................................................................................................................... 20
A Lei ................................................................................................................................................. 21
OS USOS E COSTUMES .................................................................................................................... 22
INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DE LACUNAS NO DIREITO COMERCIAL ........................................ 23
CARACTERISTICAS DO DIREITO COMERCIAL ................................................................................... 25
DELIMITAÇÃO DO ÂMBITO E OBJECTO DO DIREITO COMERCIAL ...................................................... 27
Sumário ............................................................................................................................................ 29
Exercícios do tema 1. ...................................................................................................................... 29
Tema II – A Empresa no Âmbito do Direito Comercial ......................................................................... 31
Objectivos específicos ....................................................................................................................... 31
Unidade temática 2.1. – A Empresa no Âmbito do Direito Comercial .......................................................... 32
Empresa como Sujeito ou Agente Jurídico .......................................................................................... 33
EMPRESA COMO ACTIVIDADE ........................................................................................................ 34
EMPRESA COMO OBJECTO .............................................................................................................. 35
EMPRESA COMO CONJUNTO DE ELEMENTOS ........................................................................................ 35
O EMPRESÁRIO .................................................................................................................................. 36
COMERCIANTES EM NOME INDIVIDUAL E SOCIEDADES ............................................................... 37
EMPRESÁRIO COMERCIAL COMO SUJEITO DO DIREITO COMERCIAL ..................................................... 37
Unidade temática 2.2. O EMPRESÁRIO COMERCIAL ........................................................................ 38
Objectivos específicos ....................................................................................................................... 39
EMPRESÁRIO COMERCIAL PESSOA SINGULAR: REQUISITOS ........................................................... 39
SITUAÇÃO PARTICULAR DOS INCAPAZES......................................................................................... 41
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ISCED DIREITO EMPRESARIAL
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ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
Visão geral
Objectivos do Manual
Constituem os objectivos deste manual:
Compreender as relações entre o direito comercial e o direito civil
(comum), e os restantesramosdedireito;Desenvolverumavisãoextensana
área de aplicação do direito comercial; Desenvolver habilidades para
a resolução prática de casos da vida quotidiana através de hipóteses
académicas; Definir actos de comércio e comerciante; Distinguir os
diversos títulos de créditos; Distinguir a personalidade jurídica e
capacidade comercial; Distinguir e caracterizar os diferentes tipos legais de
Objectivos sociedades comerciais; Descrever o processo de constituição das
sociedades comerciais Descrever o processo de alteração das sociedades
Específicos comerciais.
Determinar o momento da constituição das sociedades e
respectiva aquisição de personalidade e capacidade
jurídicas;
Conhecer os direitos e deveres dos sócios;
Compreender a importância do capital social,
Descrever os procedimentos de aumento e de redução do
capital social;
Descrever e compreender as vicissitudes a que estão
sujeitas as sociedades comerciais;
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________________________
Conteúdo deste manual
_____________________
Outros recursos
O ISCED pode, adicionalmente, disponibilizar material de estudo na
Biblioteca do Centro de recursos, na Biblioteca Virtual, em formato
físico ou digital.
_________________________________
Auto-avaliação e Tarefas de avaliação
________________________
Habilidades de estudo
___________________
Precisa de apoio?
Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o
material de estudos impresso, pode suscitar-lhe algumas dúvidas como
falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis erros
ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, página trocada ou
invertidas, etc.). Nestes casos, contacte os serviços de atendimento e
apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR), via telefone, SMS,
E-mail, Casos Bilhetes, se tiver tempo, escreva mesmo uma carta
participando a preocupação.
Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes (Pedagógico
e Administrativo), é a de monitorar e garantir a sua aprendizagem com
qualidade e sucesso. Dai a relevância da comunicação no Ensino à
Distância (EAD), onde o recurso às TIC se tornam incontornável: entre
estudante, estudante – tutor, estudante – CR, etc.
As sessões presenciais são um momento em que caro estudante, tem a
oportunidade de interagir fisicamente com staff do seu CR, com tutores
ou com parte da equipa central do ISCED indigitada para acompanhar as
suas sessões presenciais. Neste período, pode apresentar dúvidas, tratar
2
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D assuntos de natureza pedagógica e/ou administrativa.
O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30% do
tempo de estudos a distância, é de muita importância na medida em
que permite-lhe situar, em termos do grau de aprendizagem com
relação aos outros colegas. Desta maneira fica a saber se precisa de
apoio ou precisa de apoiar aos colegas. Desenvolver hábito de debater
assuntos relacionados com os conteúdos programáticos, constantes
nos diferentes temas e unidade temática, no manual.
_______________________________
Tarefas (avaliação e auto-avaliação)
1
Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária, propriedade intelectual de outras pessoas, sem
prévia autorização.
2
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D Nesta disciplina, o estudante deverá realizar pelo menos 5 avaliações
escritas sendo 2 fóruns e 3 testes (teóricos e práticos), e 1 (um) exame
final.
Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizados
como ferramentas de avaliação formativa.
Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em
consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de
cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as recomendações, a
identificação das referências bibliográficas utilizadas, o respeito pelos
direitos do autor, entre outros.
Os objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento ds
Cursos e Sistemas de Avaliação do ISCED.
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INTRODUÇÃO
2
JÚNIOR, Manuel guilherme, manual de direito comercial Moçambicano, escolar
editora, Maputo, 2012.
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Vide o artigo 1º do Código Comercial, aprovado pelo Decreto-Lei n°2/2009 de 29
de Abril.
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Na segunda parte do artigo 1º do C.Com, o legislador ordinário usou a terminologia
mais importante no âmbito do estudo deste ramo de Direito. Com muita razão e
logica, o legislador não se preocupou em descrever os tipos de actos do comércio,
pois sob ponto de vista logico esta actividade seria inesgotável.
Objectivos específicos
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C. VIVANTE, Elementi di Diritto Commerciale, Milano, Ulrico Hoepli, 1936, p. 1.
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cartagineses, babilônicos. Os romanos, embora não possuíssem uma legislação
comercial específica, contribuíram com o Direito Comercial: o costume da escrituração
doméstica, difundido em todas as casas, que deu origem aos livros comerciais; as
regras sobre contratos e obrigações que deram alicerce às transações mercantis; os
institutos da falência e da ação pauliana; o comércio sendo realizado pelos
escravos em nome de seus senhores, o que deu origem à representação
comercial. Este período foi fértil no aparecimento de institutos importantes para o
nosso ramo de estudo, como:
os títulos de crédito, os bancos, a falência se restringindo apenas aos devedores
comerciantes, os contratos mercantis como transporte, comissão, sociedades. As
Cruzadas ajudam a alargar os centros comerciais, já que seus participantes, além
de lutarem, também faziam o papel de mercadores.
Modernamente, a tendência é que as regras do Direito Comercial tenham por
base o exercício profissional e organizado de uma atividade econômica, exceto
a intelectual e as de extração, o que ocorre sempre em uma empresa, por isso este
período se denomina período subjetivo da empresa (teoria da empresa).
Empresa, segundo o Dicionário Aurélio, é a organização econômica destinada à
produção ou venda de mercadoria ou serviços, tendo como objetivo o lucro. Por
isso, a teoria da empresa é utilizada para delimitar as regras do Direito Comercial. No
Brasil, o comércio existe, praticamente, desde seu descobrimento. Madeira, pedras
preciosas, ouro, escravos, açúcar.
Com a vinda da família real para o Brasil, em 1808, houve a abertura dos portos
brasileiros às nações amigas, através da Carta Régia, dando origem às primeiras
normas nacionais que disciplinaram o nosso comércio.
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ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
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Com a promulgação do Código Comercial em 1850, em vigor até hoje, com muitas
alterações, o Brasil passou a ter seu diploma legal especial para a matéria. Note-se que
a importância da atividade econômica tem sido tão grande através dos tempos, que o
Brasil teve um Código Comercial muito antes de ter seu Código Civil (1916). Por isso,
muitas questões civis estavam nele reguladas, como o mandato, a locação, a fiança, a
hipoteca, o modo de extinção das obrigações através do pagamento, da novação
e da compensação.
Por esse alargamento na matéria regulada pelo Direito Comercial é que se utiliza
hoje a terminologia Direito Empresarial, conforme a teoria da empresa. O Direito
Comercial pode ser conceituado em nossos tempos como o conjunto de regras que
disciplinam a atividade
5
Idem, pág. 2.
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dos empresários, das sociedades empresariais e os atos de comércio, mesmo quando
praticados por não-empresários.
6
JÚNIOR, Manuel guilherme, manual de direito comercial Moçambicano, escolar
editora, Maputo, 2012.
7
CORREIA, Miguel J.A. Pupo, Direito Comercial - Direito da Empresa, 10ª Edição revista
e actualizada, Ediforum, Lisboa, 2007.
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caso aplica-se as normas previstas no código comercial e no direito subsidiário
(Direito Civil) aplicando-se o Código Civil, pois estaremos em face de uma relação
privada, porque se fosse publica aplicar-se- iam as normas do Direito
Administrativo tal como acontece nos contratos administrativos, que estão
sujeito as normas do Direito Administrativo.
Para além do critério dos sujeitos, temos o critério dos interesses, na relação jurídica
comercial, visam-se interesses privados, por um lado temos o comerciante ou
empresário comercial que exerce a actividade para ganhar lucros, e por outro
lado temos as pessoas singulares ou colectivas que acorrem ao estabelecimento
comerciante para adquirirem os bens ou serviços e consequentemente
satisfazerem as suas necessidades que assumem o caracter puramente privado, e
por ultimo temos o critério da qualidade dos sujeitos, que faz do Direito
Comercial um ramo do Direito Privado, porque na relação jurídica de direito
comercial tanto o empresário comercial ou o comerciante, assim como os clientes
aparecem despidos de qualquer poder de autoridade ou iús imperiu, o que faz do
Direito Comercial um ramo do Direito Privado.
1. O mesmo autor Guilherme Júnior diz ainda que o Direito comercial
como ramo do Direito privado será composto por um sistema de normas,
entenda-se a expressão “norma” usada pelo autor no sentido amplo, pois
salvo melhor opinião em contrario, o autor usou a expressão em causa
para englobar todos os actos normativos que se destinam a regular as
relações jurídicas comerciais, em que podemos destacar a lei, o Decreto-lei,
os Decretos, os Diplomas Ministeriais, os Regulamentos administrativos
ouaindaposturasmunicipais.
2. Estas normas vão disciplinar por um lado os actos do comércio, bem
como os empresários comerciais. O Direito Comercial pesem bora ser um
ramo do Direito Privado, está preocupado com a regulamentação da
actividade comercial
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ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
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por um lado, e por outro lado com os empresários comerciais, pois haverá
uma necessidade de regulamentação jurídica das relações comerciais para
que estas não sejam desenvolvidas contra as normas e os princípios
fundamentais do ordenamento jurídico, bem como as regras da moral e
dos bons costumes.
3. Por um outro lado o autor nos diz que o Direito Comercial vai regular a
actividade dos empresários comerciais, o que afigura-se como mais
logico possível, pois a qualidade de empresário comercial não deve ser
adquirida a belo prazer daquele que pretende assim de designar, pois esta
qualidade é adquirida mediante o preenchimento de alguns requisitos
previstos na lei comercial (código comercial), como por exemplo a
regra relativa a idade mínima para o exercício da actividade comercial,
sendo necessário atingir a maioridade8 (21 anos) nos termos do artigo 130º
do Código Civil, ou ainda dezoito anos (18) com autorização dos pais, do
tutor ou do juiz na falta dos pais ou do tutor tal como ilustra os artigos 9º e
10º do Código Comercial (C. Com).9
4. Já o professor Pupo Correia começa a noção de Direito Comercial
com o corpo de normas, conceitos e princípios jurídicos, na primeira
parte desta noção podemos encontrar uma pequena diferença com a
que foi apresentada anteriormente (pelo Mestre Manuel Guilherme
Júnior) pois o Professor Pupo Correia fala dos princípios jurídicos, algo não
abordado não primeira definição de Direito Comercial, e destes
princípios jurídicos podemos elencar alguns que aplicam-se ao Direito
Comercial como por exemplo o Principio da Legalidade e boa-fé, o mesmo
autor também enquadra o
8
Vide o artigo 130 do Código Civil.
9
Vide os artigos 9 e 10 do Código Comercial da Republica de Moçambique,
actualizado pelo Decreto-lei n° 2/2009 de 24 de Abril.
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Direito Comercial no domínio do Direito Privado, algo que constatamos
na noção anteriormente discutida.
5. O professor Pupo Correia termina a noção de Direito Comercial
defendendo que o corpo de normas e princípios jurídicos vai regular os
factos e as relações jurídicas comerciais, portanto, nesta noção o autor
engloba todos os aspectos inerentes ao empresário comercial e a
empresa comercial, bem como as relações jurídicas comerciais.
6. Portanto, não encontramos grandes discrepâncias nas noções de Direito
Comercial supra avançada, salvo melhor opinião adoptámos a noção
apresentada pelo Mestre Manuel Guilherme Júnior, pois entendemos
que esta afigura-se como a mais abrangente e adequada ao sistema
jurídico moçambicano, concretamente o código comercial no seu
artigo 1º10, não obstante o autor se abster de fazer menção aos princípios
jurídicos na sua definição, pois estes afiguram- se como de extrema
importância porque servem de parâmetro para a produção de
qualquer norma jurídica, incluindo as de Direito Comercial.
O Direito comercial tem o seu objecto de estudo, tal como acontece com qualquer
outro ramo de estudo. O objecto do Direito comercial vem definido no artigo 1º do C.
Com, e segundo o mesmo dispositivo legal, o objecto de regulação do Direito
Comercial, estabelecendo duas situações:
A parte inicial do mesmo artigo (1)11 define o objecto do direito comercial a
partir do sujeito, o empresário comercial neste caso. A compreensão desta parte,
pressupõe antes a compreensão da
10
Vide o artigo 1° do Código Comercial vigente em Moçambique, diploma
actualizado pelo novo Decreto-lei n° 2/2009 de 24 de Abril.
11
Vide o artigo 1o do Código Comercial, aprovado pelo Decreto-Lei n°2/2009 de 29
de Abril.
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qualificação do sujeito em referência. Remetemos por isso a parte relativa ao
estudodamatériaatinenteaoempresáriocomercial.
Na segunda parte do artigo 1º do C.Com, o legislador ordinário usou a terminologia
mais importante no âmbito do estudo deste ramo de Direito. Com muita razão e
logica, o legislador não se preocupou em descrever os tipos de actos do comercio,
pois sob ponto de vista logico esta actividade seria inesgotável. Sabiamente, o
legislador submeteu a regulação a lei comercial, todos s actos que a luz da
perspectiva objectiva são tidos como comerciais.
Em termos teóricos o legislador abandonou redacção do código de 1888, que
suscitava muita controvérsia de interpretação sem contudo abandonar o método da
definição do objecto da Lei Comercial. Na verdade, tanto no actual código, como
no anterior, a ideia dos sujeitos e dos actos do comércio aparece subjacente a
definição do objecto deste ramo impondo a sua complementaridade nos artigos que
versam sobre os aspectos.
Necessária,também,aconcorrênciadoDireitoProcessualPenal,para
a apuração e apenamento das
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condutas típicas. O Direito Administrativo, por sua vez, regula a atuação do
Estado no mercado, muitas vezes competindo com a iniciativa privada, e,
respaldado no interesse social, exerce a fiscalização das atividades do particular,
prescrevendo normas e órgãos próprios, especialmente destacados para tal fim,
como nos casos de intervenção e liquidação extrajudicial de empresas.
12
CORREIA, Miguel J.A. Pupo, Direito Comercial - Direito da Empresa, 10ª Edição
revista e actualizada, Ediforum, Lisboa, 2007.
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ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
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Esta orientação negadora da autonomia do Direito Comercial baseou- se
essencialmente no argumento de que este teria já desempenhado e esgotado o seu
papel de catalisador da evolução do Direito privado, pois os princípios e regras que ele
foi gerando ao longo dos tempos, acabaram por cada vez mais rapidamente ser
absorvidos pelo Direito Civil.
Entendia-se que os interesses e valores que historicamente explicariam a
autonomia do Direito Comercial a tutela de credito, da confiança, da boa-fé, da
rapidez dos negócios, teriam generalizado o seu alcance a todos os domínios da
actividade humana, em especial de todos os ramos da economia, não havendo já
motivos para os considerar exclusivamente enformadores do regime-jurídico
privado docomercioedealgumasoutrasactividadesaesteassimiladas.
Apesar de alguns ordenamentos jurídicos integrarem a matéria do Direito
Comercial no Código Civil (CC)13, Este não perde a sua autonomia. O facto de
este ser tratado dentro do código civil não perde a sua autonomia. Isto sucede
com vários ramos do Direito Privado, que apesar de serem tratados no código Civil
não perderam a sua autonomia, o que acontece com o Direito das Sucessões cujo
tratamento jurídico-legal tem a sua sede no livro V do Código Civil, mas isto não poe
em causa a sua autonomia científica, pedagógica ou formal.
Na ordem jurídica Moçambicana, o tratamento da matéria atinente ao Direito
Comercial ocorre em legislação específica, que é o Código Comercial, o principal
instrumento normativo (Diploma) regulador da actividade comercial e dos
empresários Comerciais em Moçambique, o referido diploma foi actualizado pelo
Decreto – Lei n°2/2009 de 24 de Abril.
13
JÚNIOR, Manuel guilherme, manual de direito comercial Moçambicano, escolar
editora, Maputo, 2012.
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ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
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A Especialidade do Direito Comercial
O Direito Comercial é considerado Direito especial, assim de distinguiria do
Direito Civil: Direito Comum. A relação de especialidade ocorre, quando perante
um (conjunto de normas) ou complexo normativo que se dirigia a uma generalidade
de situações jurídicas, um segundo sistema de normas, mas restrito, mas mais
intenso, contemple uma situação que, de outro modo respeitaria ao primeiro
(Direito Civil), dispensando-lhe um tratamento particularmente adequado14.
A adequação pode resultar de normas diferenciadas que estabeleçam situações
diversas ou de regras complementadoras que precisem, num ou noutro sentido,
soluções deixadas em aberto pelo Direito comum. A Especialidade é relativa, impõe
quando perante duas (2) áreas normativas, seja possível estabelecer uma
relação geral/especial. O Direito Comercial seria especial em relação ao civil, mas
surgira geral em relação ao Direito bancário, ainda mais especial. A afirmação da
natureza especial do Direito Comercial permite justificar a aplicação subsidiária
do Direito Civil que é o Direito privado comum, perante o especial, que é o
Direito Comercial. A especialidade resulta então de níveis reguladores mais
gerais, e sobretudo da propiá materialidade das regras consideradas.
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ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
acessórias. De acordo com a doutrina, a expressão Direito do Comercio
enquadra-se na concepção objectiva, e por sua vez a expressão “Direito dos
Comerciantes” que também é alargada as empresas, corresponde a concepção
subjectiva, esta solução foi encontrada pela doutrina nos anos 30 do Seculo XX,
pois qualquer ramo jurídico, por mais especial que seja, pode ser sempre
configurado num sistema subjectivo, regulando não só o comércio, mas também os
comerciantes.
16
Op. cit. Pág. 148.
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ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
A Constituição
O CÓDIGO COMERCIAL
FONTES EXTERNAS
17
Vide o artigo 107 da Constituição da Republica de Moçambique, aprovada pela
Assembleia da Republica aos 24 de Novembro de 2004.
18
Cfr o artigo 1º do C.Com aprovado pelo Decreto-Lei 2/2005 de 27 de Dezembro.
24
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
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nos referimos aos protocolos e tratados internacionais em matéria comercial19.
São pois de ter em conta importantíssimas convenções internacionais, que são
recebidas no nosso ordenamento jurídico desde que sejam satisfeitos os requisitos
postos pelo artigo 18º da constituição. São exemplos significativos no que toca ao
Direito Comercial convenções que aprovam as Leis uniformes sobre Letras, e
Livranças e sobre Cheques, Convenção sobre a propriedade Industrial outras
convenções pertinentes a esta matéria, poemos destacar ainda a carta constitutiva
da Organização Mundial do Comercio (OMC), organização na qual Moçambique
é Membro.
Igualmente são de ter em conta normas emanadas dasinstituições internacionais e
a jurisprudência dos tribunais internacionais, que forem vinculativas nos termos dos
respectivos estatutos. E ainda o costume internacional, a doutrina em matéria
internacional e os princípios gerais de Direito reconhecidos pelas nações civilizadas.
A Lei
19
GONÇALVES NETO, Alfredo, Lições de Direito Comercial, Vol. 1, São Paulo: Juarez de Oliveira, 2004.
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ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
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via, a este código acresce uma abundantíssima legislação extravagante de
grande importância.
Entre varias leis comerciais extravagantes, em que podemos exemplificar a lei
9/79 de 10 de Julho que define a constituição tipo e forma de organização cooperativa
em Moçambique, Lei 10/2006 de 23 de Dezembro, que visa adequar o código
Comercial ao imperativo da modernidade, segurança e eficácia da justiça, lei 7/79
de 03 de Julho, que cria a base legal para licenciamento e funcionamento do sector
privado em Moçambique, Lei 8/79 de 03 de Julho que estabelece o regime
jurídico do arrendamento de imoveis, do parque imobiliário do Estado para
habilitação, industria, comercio e serviços, com as alterações introduzidas pela lei
17/91 de 03 de Agosto, Decreto- lei n° 2/2009 de 24 de Abril que introduz
alterações em alguns artigos do Código Comercial, Decreto 1/2006 de 03 de Maio,
que vem adoptar um instrumento moderno e consentâneo com o processo de
simplificação de procedimentos de revisão da respectiva orgânica, Decreto n° 4/2006
de 12 de Abril, que tem em vista aprovar o código de propriedade industrial aprovado
pelo Decreto n° 18/99 de 04 de Maio.
OS USOS E COSTUMES
21
Vide o artigo 480º do C.Com.
22
Cfr o artigo 1º do Código Comercial de 1882.
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ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
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dos costumes. Uns e outros são praticas constantes e reiteradas dos sujeitos de
direito, mas ao passo que os usos emanam na pratica negocial, na qual se
difundem e mantem por acção repetitiva das partes, já os costumes provindo da
mesma origem, são a partir de dado momento, socialmente revestidos de opinio
Júris da convicção generalizada de que o seu acatamento é juridicamente
vinculativo e entram na ordem jurídica, normalmente através de acção
dos tribunais, como regras gerais e abstractas.
O código Civil23 admite em certas disposições os usos como fontes, mas quando a lei
civil para o efeito remeta, tal como vem previsto no artigo 560º n° 3 do código Civil (CC)
aplicável por forca do artigo 7 do código Comercial, a lei civil é aplicável
subsidiariamente nas relações comerciais desde que as normas a aplicar não sejam
contrárias ao Direito Comercial.
Nota-se que deve-se dar uma atenção muito especial a expressão “Princípios do
Direito Comercial” e não normas do Direito Comercial, pois salvo opinião em
contrário, o legislador quis dar relevância aos princípios norteadores da vida
empresarial e não somente as normas do Direito Comercial. Posicionando-se, as
normas do Direito Comercial só serão aplicáveis, estarão em vigor se as mesmas
se conformarem com os princípios deste ramo.
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ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
exercício do comércio e de outras actividades afins. Logo, trata-se de um Direito
Privadoespecial,poisafastando-sedasregrasgerais do Direito Civil, vigora só para
uma classe específica de relações jurídicas, que o legislador destacou em partes
para as submeter a um regime diferenciado.
2 Note-se que esta caracterização jurídica não reduz o direito comercial a um
aglomerado de normas excepcionais. Como sabemos, a norma excepcional
é aquela que para determinado caso, (ou tipo de casos) estabelece uma
disciplina não apenas diferente da que resulta do princípio ou norma geral,
mas que está em conflito com a regra geral.
3 Ora, se é certo que no Direito comercial nos surgem normas que realmente
constituem excepções as regras e princípios gerais do direito civil, todavia o
direito comercial, como conjunto organizado de normas e princípios que é,
não apresenta um caracter excepcional em face do Direito Civil. O que ocorre é
que o Direito Comercial estabelece sob certos aspectos e para certos e para
certos institutos um regime próprio para certas classes de pessoas e de
relações jurídicas.
4 Esse regime pode estar ou não em contradição com os princípios e regras do Direito
Civil, com o qual apresenta pontos de contacto e outros de divergência, não se
desviando, todavia, de forma essencial dos caracteres e princípios do Direito
privado.
5 Estamos pois perante um ramo de direito especial, o que não tem pequena
importância para a dilucidação do problema da interpretação e integração de
lacunas na lei (código) comercial. O preceito fulcral para a analise desta
questão é o artigo 7º do código Comercial25, em cujos termos: os casos que o
presente código não preveja são regulado segundo as normas desta lei
aplicáveis aos casos análogos, e, na sua falta, pelas normas do
25
Cfr o artigo 9º do Código Civil moçambicano, aprovado em 1966.
28
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
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Direito Civil que não forem contrárias aos princípios do Direito Comercial.
6 Diga-se desde já que a questão da interpretação das normas do Direito
comercial não coloca nenhum problema específico, pelo que haverá, quanto a
ela, quer em conta o artigo 9º do código Civil (CC).
7 Já a questão de integração de lacunas na lei comercial necessita de algum
esclarecimento, na verdade, por um lado, as normas do Direito comercial
formam um corpo autónomo, como vimos, o que torna possível a sua
aplicação análoga dentro do próprio corpo comercial (mercantil), que não
sucederia se não fossem normas especiais (artigo 11º do CC)26.
8 O próprio artigo 7º do C. Com prescreve a extensão análoga das normas jurídico-
comerciais a casos nelas não previstos. Alias, nada exclui que delas faca o uso,
para analogia, suprir lacunas do próprio direito civil, se for o caso.
CARACTERISTICAS DO DIREITO COMERCIAL
26
JUNIOR, Manuel Guilherme, Manual de Direito Comercial, Moçambicano, escolar
editora, Maputo, 2012.
27
Idem.
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ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
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3. Dinamismo – E um direito de rápida evolução, Esta característica e de
facto intrínseca a natureza da actividade que a lei comercial regula. O
exercício do comércio de per si, não se compadece com o estaticismo. O
dinamismo afigura-se ainda como uma das características do Direito
Comercial para acompanhar o movimento das relações econômicas, já que
seus atos são praticados com rapidez e em massa. Os mecanismos de
exercício do comércio tem tendências de modernizarem-se com muita
frequência e rapidez. Prova disso, e o surgimento de novas formas de
contratação comercial, ou seja, novos contratos comerciais que muitas
vezes o legislador não acompanha com a devida regulamentação.
4. Flexibilidade – Esta característica esta associada a anterior. E um Direito
flexível, um direito que admite margens de manobra dos seus
actores28.
5. Informalismo – que equivale a dizer que o direito comercial e
tendencialmente um direito informal, no sentido de que não obedece no
processo da sua aplicação requisitos rigorosos tal como acontece no Direito
Civil.
6. Presunção de Solidariedade – Em direito comercial, vigora a presunção
de solidariedade entre os sócios, tem em vista a maior segurança no fluxo
comercial.
7. Onerosidade – O direito comercial envolve em regra actos não gratuitos, a
gratuidade não é norma em Direito comercial. pois o objeto do Direito
Comercial é a atividade que sempre busca lucro. Por exemplo o mandato
civil pode ser gratuito ou oneroso nos termos do artigo 1158º do C. Civil. O
mandato comercial é sempre oneroso.
28
CORREIA, Miguel J.A. Pupo, Direito Comercial - Direito da Empresa, 10ª Edição
revista e actualizada, Ediforum, Lisboa, 2007.
28
JUNIOR, Manuel Guilherme, Manual de Direito Comercial, Moçambicano, escolar
editora, Maputo, 2012.
30
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
8. Liberdade de Concorrência – E uma característica do Direito Comercial,
associada ao modelo económico em vigor, do qual resulta a liberdade de
exercício do comércio.
9. Protecção do Credito e da Boa-fé- exactamente pelo facto de ser um ramo
tendencialmente informal e flexível, preocupa- se com a proteção do
crédito, e da boa-fé entre os operadores comerciais, permitem as
negociações e a contratação corra com maior fluidez.
10. Facilidade da prova – a matéria da prova em direito comercial não étao forte
tanto quanto o Direito Civil. O simples recibo de compra de mercadoria
constante da escritura mercantil do empresário comercial prova a
existência do contrato de compra e venda mercantil.
11. Instrumentalidade - pois o Direito Comercial se presta a dar forma
jurídica à realização de negócios e relações comerciais, que se concretiza
sem excesso de formalismos.
12.
DELIMITAÇÃO DO ÂMBITO E OBJECTO DO DIREITO COMERCIAL
31
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
comerciantes as pessoas que o pratiquem. O nosso Direito passa a ser encarado pelo
prisma do seu objecto, isto é, da natureza dos actos jurídicos que formam o seu
núcleo normativo.
Serão estas duas concepções, todavia incompatíveis uma com a outra? A verdade
e que o seu antagonismo é mais aparente que real, pois entre elas existem
significativos pontos de contacto.
Por um lado, a concepção subjectiva para caracterizar a qualidade de comerciante, não
pode prescindir de ter em conta que esta advém da prática de certos actos e
actividades, havidos como comerciais. Alem disto, mesmo para esta concepção,
nem todos os actos dos comerciantes são comerciais: só são aqueles que tenham
em causa mercantil, ou seja, que resultem do exercício do comercio pelo
comerciante que os pratica.
Ou seja, mesmo a concepção subjectiva não dispensa a determinação de certos actos
como objectivamente comerciais, por serem aqueles que caracteristicamente
pertencem ao exercício profissional do comércio.
Por outro lado, mesmo no domínio da concepção objectivista, não é possível abstrair
da existência dos comerciantes, isto é, das pessoas que habitualmente se dedicam
a prática de actos e actividades comerciais. Dai resulta que esta concepção admite
a existência de regras e institutos de direito comercial, que radicam na profissão de
comerciante, como é o caso das obrigações especiais previstas no artigo 16º do
Código Comercial30.
Não há pois sistemas puros, em ambos existem actos do comércio objectivos e
regras próprias da profissão de comerciante. E deste modo, podemos dizer que
na essência diferença entre as duas concepções se resume a isto:
Na concepção subjectivista, só são comerciais os actos praticados por comerciantes
no exercício do comercio e no exercício do seu comercio, pelo que não
admitem actos comerciais isolados ou
30
Cfr o artigo 16º do Código Comercial Moçambicano.
32
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
avulsos, mormente de não comerciantes, já na concepção objectivista, uma vez
que assenta nos actos do comercio independentemente de quem os pratique, são
também como tais considerados os actos ocasionais, mesmo que não praticados
por comerciantes,oualheios a actividade profissionaldeumcomerciante, desde que
pertençam a um dos tipos de actos regulados na lei comercial.
Sumário
Na presente temática abordamos necessariamente sobre a parte introdutória da
matéria concernente ao Direito Comercial.
Abordamos desde o conceito, evolução histórica do Direito comercial, objecto do
direito comercial, sua autonomia, especialidade e suas fontes, características do
Direito Comercial, interpretacao e integracao de lacunas no Direito Comercial.
Exercícios do tema 1.
33
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
osactosdocomércioeosempresárioscomerciais. Alínea
correcta é: D
34
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
Introdução
Nesta temática iremos tratar matérias sobre a empresa, é o conjunto de actos ligados
a actividade economia exercida pelo empresário comercial de forma profissional e
organizada, com vista a realização de fins de produção ou troca de bens e serviços.
A empresa se apresnta também como um conjunto de actividades regido pela
pessoa do empresário, fazendo apelo a factores e elementos de natureza
heterogénea, actuando sobre um património de coisas e direitos, dando origem a
relações jurídicas, económicas e sociais, polarizados numa organização apta a
desenvolver uma actividade económica
Ao completar esta unidade, o estudante deve ser capaz de:
Objectivos específicos
Conhecer a empresa no âmbito de direito Comercial,
Conhecer a empresa como sujeito jurídico,
35
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
Conhecer a empresa como uma actividade, como objecto, como
conjunto de elementos,
Conhecer matérias relacionadas com comerciante emnome individual,
Conhecer a empresa comercial,
Obrigações do empresário,
Saber o que é firma, conhecer os princípios relativos a constituição de
firma e transmissão da firma e,
31
Crf o artigo 230 do Código Comercial de 1888.
36
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
risco): empresário era aquele que prestava determinados bens e serviços usando
como principal factor produtivo o trabalho de outem. Era pois uma noção restritiva,
que não abrangia as organizações produtivas dedicadas ao comercio strictu
sensu, embora o seu emprego nos códigos comerciais objectivistas tivesse o intuito
de submeter os respectivos titulares do estatuto jurídico de comerciantes, a par
dos comercias tradicionais intermediários nas trocas.
Dai que o artigo 3º do C. Com não mencione nas empresas que enumera, as dos
comerciantes que se dediquem actividade tradicional, e por excelência comercial
de intermediação nas trocas.
Com o advento da revolução industrial, a actividade do empresário industrial e
prestador de serviços vai sendo assimilada a do comerciante grossista e
retalhista. Dai que, no entendimento e linguagem comum, e por conseguinte,
para a linguagem jurídica, todos estes comerciantes – lato sensu, passe, pouco a
pouco, a ser equiparados como empresários e suas organizações produtivas
uniformemente designadas como empresas.
Numerosos textos referem-se a empresa sob perfil da pessoa que exerce uma
actividade económica de produção e distribuição de bens e serviços, reduzindo-a
portanto a própria pessoa daquele que produz e organiza e conduz a actividade,
suportando-a pelo próprio risco. Alias, a única nota distintiva da empresa nesta
acepção, em relação ao empresário, poderá dectetar-se na ideia de que o suporte real
do risco não é o empresário, mas sim o património que ele integra na unidade
empresarial.
Note-se que o sentido comporta uma acepção restrita, em que a empresa se
reconduz a pessoa ou pessoa que organizam e dirigem a actividade, e uma acepção
mais ampla, para qual a empresa abrange
37
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
um conjunto de pessoas, um elemento humano, comportando não só empresários,
mas também seus colaboradores, designadamente trabalhadores, que prestam a
sua colaboração em ordem ao desenvolvimento da actividade comercial. Alguns
autores como JOSE TAVARES entendiam num sentido subjectivo a palavra
“empresa” utilizada no corpo do artigo 3º do C.Com32.
32
Cfr o artigo 3º do Código Comercial actualmente vigente em Moçambique.
38
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
34
Idem.
39
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
conjunto de actos entre si coordenados, para realização de certo escopo,
correspondente a um certo ramo da vida económica. Neste sentido, são comerciais
as empresas ou actividades enumeradas nas alíneas do artigo 3º, com as ressalvas
consignadas no seu número 2, e ainda indicadas em outras disposições de leis
comerciais extravagantes, bem como as que resultem de interpretação extensiva ou
aplicação análoga das várias alíneas do corpo do artigo 3º como oportunamente
referimos.
O EMPRESÁRIO
35
Cfr o artigo 1º do Código Comercial actualmente vigente em Moçambique.
40
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
36
Cfr o artigo 3º do C.Com.
41
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
Na verdade, o que era designado comerciante no código comercial de 1888, é aquilo
que corresponde hoje ao empresário comercial. A razão da adopção desta
terminologia resulta não da necessidade de adequar a terminologia com arealidade,
mastambémdanecessidade de conformar aquilo que hoje este sujeito comercial faz
em relação a sua própria actividade. O artigo 13º do C.Com de 1888 dizia “são
comerciantes”, mas hoje estabelece o artigo 2º no seu corpo que “são empresários
comerciais37”.
As pessoas singulares ou colectivas, que em seu nome, por si ou por intermédio de
terceiros exerçam uma em presa comercial. Esta alínea ao introduzir as palavras
“singulares ou colectivas” veio resolver o problema que era colocado pela maioria da
doutrina, na vigência do código anterior que era o de saber se a referencia apenas as
pessoas pretendia incluir tanto as pessoas físicas como as jurídicas. Evidente que o
legislador quis abarcar tanto as pessoas singulares como colectivas. Na verdade,
quer umas, quer outras, podem ser a luz das normas vigentes empresários
comercias.
No entanto precisara que exerçam uma actividade comercial nos termos em que
ela esta contemplada no artigo 3º do mesmo código, ou seja, é empresário comercial
aquele que, satisfazendo uma das categorias previstas no artigo 2º, exerça uma
das actividades qualificadas como comerciais a luz do artigo 3º. Sobre a qualificação
das actividades económicas ou comerciais, releva o artigo 3º a inclusão das
actividades agrícola, piscatórias que outrora não eram contempladas nesta
classificação.
Importa referir que, o exercício da empresa comercial nos termos deste artigo
pode ser por meio de terceiros, naturalmente tal exercício por meio de terceiros
exigira autorização do seu dono em que se reunira antecipadamente os requisitos
para o exercício da empresa comercial.
42
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
Introdução
O código comercial, não fornece noção de empresário comercial limitando-se
porém, no art.º 2° C.Com38, a indicar as categorias legais de empresário comercial, no
sentido de que são empresários comerciais, por um lado as pessoas singulares,
também designadas por comerciantes em nome individual, e por outro lado, as
sociedades comerciais. Relativamente às pessoas colectivas, elas obedecem ao
princípio da especialidade, isto é, há condições específicas para tal qualificação.Éum
assunto queanalisaremos maisadiante emrelação as sociedades comerciais.
Podemos assim, definir empresário comercial, como sendo aquele que
enquadrando-se numa das categorias do art.º 2° C.Com, seja titular de uma
empresa que exerça uma das actividades comerciais tais como as qualificam o art.º
3° e as demais avulsas que caracterizam em englobam no direito comercial certas
actividades económicas39.
A categoria do empresário comercial, não é transmissível entre vivos e nem mortis
causa, na medida em que ele exige em si a reunião de certos requisitos. Requisitos
estesassociadosàpessoadoempresário comercial que a seguir indicamos.
Objectivos específicos
Definir o empresário comercial;
Conhecer os requisitos que se agregam ao empresário comercial;
Apresentar a situação as restrições ou proibições ao exercício da profissão
de empresário comercial.
38
Cfr o artigo 2° do código comercial actualmente vigente em Moçambique.
39
Idem.
43
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
nascimento completo ecom vida nos termos do n°1 do art.º66° do CC40.
Em relação a capacidade comercial, que é medida dos direitos e obrigações de que
uma pessoa é susceptível de ser sujeito, distingue- se entre a capacidade de exercício e
capacidade de gozo. No que se refere aos menores, é menor toda pessoa de um
ou outro sexo enquanto não perfizer vinte e um anos de idade e, em princípio
estariam feridos de incapacidade de exercício profissionalmente empresarial por
forca do princípio da equivalência consagrado no art.º 9° C.Com. Contudo, o art.º
10°, vem estabelecer algumas excepções e nestes termos, o menor de vinte e um
anos e maior de dezoito anos pode exercer a actividade empresarial, desde que
devidamente autorizado.
Esta autorização pode ser dada pelos pais, desde que detenham a guarda do
menor. Sucede que, se os pais não exercem a guarda do menor por força de decisão
judicial ou outro qualquer impedimento, não tem poderes de autorizar o menor
para a prática da actvidade empresarial41.Pelo tutor nos termos estabelecidos na lei
civil e pelo juiz na falta dos pais ou do tutor, ou quando entender e oportuno aos
interesses do menor. Assim, equivale dizer que, o juiz pode por decisão a favor
dos interesses do menor autorizar a este a prática da actividade empresarial mesmo
que sem anuência dos seus pais ou tutores.
A lei comercial impõe que tal autorização para o exercício da actividade
empresarial seja outorgada por escrito, podendo tal instrumento limitar os
poderes do menor ou impor condições para seu exercício, indicar o ramo da
actividade a ser explorado pelo menor, fixar prazo de validade da autorização e,
mesmo quando concedida por tempo determinado, pode ser revogada, a qualquer
40
Cfr o artigo 66 do Código Civil vigente em Moçambique, sobre a aquisição da
personalidade jurídica.
41
HUBRECHT, Geoges. Droit Commercial, Ed. Sirey 1988.
44
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
altura, pelo outorgante, salvaguardados os direitos adquiridos de terceiros. Impõe
igualmente o legislador que esta autorização seja registada para que seja válida
perante terceiros.
O art.º 9°, ao exigir a capacidade para prática de actos de comércio pretende referir-
se a capacidade jurídica de exercício, tanto mais que alude implicitamente o carácter
profissional do comércio o que pressupõe uma prática habitual de actos geradores,
mediadores ou extintivos de direitos e obrigações, donde resulta que, não pode
conhecer-se o exercício da profissão de empresário comercial por um incapaz, aliás o
próprio conceito de profissão e no caso a circunstancia se traduzir numa contínua
e habitual prática de actos e negócios jurídicos, sendo portanto absorvente e
responsabilizante afigurando-se incompatível com a situação jurídica de
incapacidade por interdição porexemplo.
A inclusão dos interditos no art.º 9° C.Com deve entender-se cungrano salis,
quanto ao exercício profissional do comércio considera-se que tal prática será
a prática habitual de actos de comércio, não directa e pessoalmente pelos
incapazes, mas pelos seus representantes, em nome e por conta daqueles, com
necessária autorização judicial a luz do art. 296° da lei n°10/2004 de 25 de
Agosto.
A profissão de comerciante pressupõe a concretização dos actos se comércio, mas
não qualquer prática, deve ser a prática profissional, isto é, o exercício de uma
empresa comercial;
No entanto, não basta a prática de actos de comércio isolados ou ocasionais para
se adquirir a qualidade de comerciante é necessária a pratica regular, habitual,
sistemática, dos actos de comércio.
Não basta por outro lado, a prática mesmo habitual, de quaisquer actos de
comércio, no sentido de que nem todos os actos tem a
mesma potencialidade de atribuir a
45
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
quem os pratique a qualidade de empresário;
É indispensável para que se fale de profissionalidade que o indivíduo pratique os
actos de comércio como seu modus vivendi faça o comércio o seu dia-a-dia e a
forma de viver.
O exercício profissional deve ser de modo pessoal, independente e autónomo, isto
é, em nome próprio sem subordinação de outrem.42
É necessário que se organizem factores de produção com vista a criar utilidades
económicas, resultantes de uma daquelas utilidades económicas que a lei
considera como comerciais.
Em jeito de conclusão, é empresário comercial, quem possui e exerce uma empresa
comercial, quemé titularde umaorganização daquelas quealeiqualificacomoempresa
comercialparaatravés delasexercer actividade empresarial de forma profissional.
A plena capacidade comercial civil há-de depender de uma pessoa singular ou
colectiva, ter a capacidade civil e não estar abrangida por alguma norma, que
estabeleça uma restrição ao exercício do comércio.
O art.º 9°, ao exigir a capacidade para prática de actos de comércio pretende referir-
se a capacidade jurídica de exercício, tanto mais que alude implicitamente o carácter
profissional do comércio o que
42
ASCENSÃO, José de Oliveira. Direito comercial. Lisboa, AAFDL, 1993.
46
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
pressupõe uma prática habitual de actos geradores, mediadores ou extintivos de
direi
43
Cfr o artigo 324 do código comercial vigente em Moçambique.
44
JUNIOR, Manuel Guilherme, Manual de Direito Comercial, Moçambicano, escolar
editora, Maputo, 2012.
47
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
ao ramo da actividade ou objecto igual ao coincidente com o da sociedade.
Equivale dizer que, o administrador não está impedido de exercer actividades
comerciais.
Outro impedimento resulta do art.º 14° do C.Com nos termos do qual, estão
impedidos do exercício da actividade empresarial:
a) As pessoas colectivas que não tenham por objectos interesses
materiais.
b) Os impedidos por lei especial.
Relativamente ao primeiro aspecto, encontra a sua essência na natureza do
próprio direito comercial e das suas normas que se associamao exercício deuma
actividade lucrativa. O que a lei impede, como escrevemos noutro lugar, não é a
prática de actos de comércio45 mas sim, do exercício profissional da actividade
comercial e aquisição da qualidade de empresário comercial.
Veja-se por exemplo, a fundação para o desenvolvimento da comunidade (FDC),
desenvolve uma série de acções beneméritas e até tira dinheiro para várias
actividades mas que não faz com vista a lucrar, ou seja, uma empresa de facturação
de lucros embora em certas circunstâncias possa vender um bem de sua pertença.
O ira acontecer é que esse acto será regulado pela lei comercial, mas no entanto, a
FDC não será por isso considerada empresário comercial.
A par dos impedimentos há aquilo que ousamos chamar proibições legais com o
intuito apenas de diferenciar aqueles actos que são limitados a certa categoria de
sujeitos e por isso, exclusivos a eles. A título de exemplo, o comércio bancário esta
reservado asa instituições de crédito por força de Lei n° 15/99 de 1 de Novembro co
as alterações introduzidas pela Lei n° 9/2004 de 21 de Julho. Estabelece o n° 1
do art. 7°da referida lei << só as instituições de crédito podem exercer a
actividade de recepção, do público, de
45
ASCENSÃO, José de Oliveira. Direito comercial. Lisboa, AAFDL, 1993.
48
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
depósitos ou outros fundos reembolsáveis, para a utilização por conta
própria>>.
Para o efeito, só pode ser praticado por sociedades anónimas com certos
condicionalismos em termos de capitais a investir e com necessidade de
intervenção do Banco de Moçambique quer para autorização quer para
fiscalização ou supervisão. Resulta disto que, aquele que não estiver compreendido
nas categorias legais para a prática destes actos, não pode fazê-lo e uma vez
praticados ira consubstanciar o crime ilegal de profissão titulada previsto e punido
pelo parágrafo 2° do art.º 236° do CP.
INCOMPATIBILIDADES
46
JUNIOR, Manuel Guilherme, Manual de Direito Comercial, Moçambicano, escolar
editora, Maputo, 2012.
47
Cfr o artigo 219º da Constituição da Republica de Moçambique aprovada pela
48
Cfr os artigos 35 e 36º da Constituição da Republica de Moçambique aprovada pela
49
Op cit. Pág. 534
50
Cfr o artigo 176º da Lei 10/2004 de 24 de Agosto, adiante designada Lei de
Família.
51
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
empresário comercial cai por terra na medida em que haverá entre elas um novo
ente que é a sociedade por quotas a qual se aplicará o regime consagrado para o
efeito. Por isso, não fará qualquer sentido a discussão deste assunto.
Para efeitos do nosso estudo, aqui trataremos de apenas duas figuras que achamos ser
mais próximas da figura do empresário comercial e que não raras vezes, podem
suscitar confusão. Veremos por isso, a figura de mandatário comercial, do
gerente, e comissário e do mediador.
Empresa, excepto no caso de declaração de falência, se provar que o património social
não foi exclusivamente afectado ao cumprimento das respectivas obrigações.
MANDATÁRIO COMERCIAL
GERENTE
52
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
para actuar, ou seja, aquele que sobre outra qualquer designação de acordo com os
usos comerciais, se coloca na situação de tratar do comércio de outrem no lugar
onde o empresário exerce a empresa ou em qualquer outrolugar51.
O gerente tem poder representação mas este é um poder geral, compreende
todos os actos pertencentes e necessários ao exercício do comércio que para tal
tenha sido atribuído. A intervenção do gerente é uma intervenção acessória
relativamente a do empresário comercial. Não é empresário comercial. Nos termos
n° do art.º 166° C.Com52, é-lhe aplicável relativamente a responsabilidade, mutatis
mutandi, o regime aplicável aos titulares dos órgãos sociais da sociedade por
exemplo, aos administradores. Os seus actos recuperam-se na esfera jurídica do
empresário comercial.
Entendemos que tal facto se deve à maior ligação que este, assume para com a
sociedade e/ou com os actos relativos ao exercício do comércio no seudia-a-dia.
O COMISSÁRIO
Trata-se de uma espécie de mandato sem representação. Em termos gerais, dá-se por
comissão quando a pessoa executa um mandato comercial sem menção algumado
mandante(empresáriocomercial). Na verdade, há aqui uma vinculação do comissário
que acontece em virtude de ter havido um acordo entre o comissário e o comitente que
neste caso é o empresário comercial. O comissário tem alguma autonomia mas,
não pode ter iniciativa individual. A sua iniciativa deve resultar e resulta da sua
vinculação com o comitente. É preciso anotar que quando o comissário vai actuar
relacionando com terceiros não restarão dúvidas de que ele pratica actos de
comércio mas, tal só em consequência da vinculação que ele tem com o
empresário comercial. Assim, a prática actos de comércio em
53
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
representação de outrem numa situação de mandato sem representação.
Há quanto a nós, e em conformidade com a posição defendida pelo professorLuís
TelesdeMenezesLeitão,efortementeconsagrada pela nossa lei civil, a consagração da
teoria da dupla transferência. Assim, quando o art.º 1180° do CC, ao refere que se o
mandatário agir em nome próprio adquire os direitos e assume as obrigações
resultantes dos negócios de celebra, os efeitos dos negócios não se repercutem assim
directamente na esfera do mandante, mas antes na esfera do mandatário, de onde
terão de ser posteriormente transferidos para o mandante.
Adoptando a teoria da dupla transferência, no n° 1 do art.º 1181° do CC53, vem
estabelecer umaobrigação parao mandatário detransferir para o mandante os direitos
adquiridos em execução do mandato.
Assim, o comissário tem dever de transferir para o empresário comercial os
direitos adquiridos na prática dos actos de comércio em nome do empresário
comercial.
O MEDIADOR
54
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
55
Cfr o artigo 230° do C.Com de 1888.
56 HUBRECHT, Geoges. Droit Commercial, Ed. Sirey 1988.
55
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
serviços.” Conceito este influenciado pelo Código Civil Italiano de 1942, artigo 2082.
Essa definição de empresário vem em substituição à antiga figura do comerciante e
para sua compreensão leva-se em conta a evolução do comerciante a partir da
função originária e histórica de intermediário, para abranger também as atividades
de produção. Também ficamos a saber que a empresa, o empresário e o
estabelecimento não se confundem.
56
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
c) Fazer inscrever na identidade competente os actos sujeitos ao
registo comercial;
d) Prestar contas.
O art.º 16° C.Com enumera as obrigações especiais dos empresários comerciais, o que
pode nos fazer concluir que há para além destas, outras obrigações que como tal,
são gerais. O art.º 16° do C.Com estabelecendo o que se designa por obrigações
especiais dos empresários comerciais que embora assim pareça, não se pode
considerar que os deveres profissionais comerciantes se esgotam nesse art.16°.
verdade é, que este artigo tem a peculiar relevância de definir o estatuto jurídico-
comercial da profissão do empresário comercial.
Relativamente a estas obrigações, os pequenos empresários, cuja qualificação
deve ser feita com base em critérios fixados por lei, podem ser dis
Prevista em termos gerais do art.º 16° al. a)59, a firma consubstancia o nome do
empresário comercial, o nome que usa e com ele assina os documentos relativos asua
actividade. Portanto, é obrigação especial do empresário comercial, usar um nome no
exercício da sua empresa. Como tal, esse nome representa a sua identidade
comercial.
CONCEITO DE FIRMA
No sentido objectivo, a firma é o sinal distintivo do estabelecimento comercial e assim
pode ser constituída livremente e transmitida com o próprio estabelecimento
comercial, havendo ou não acordo expresso 60.
É que consubstanciando nessa vertente, o sinal de distinção do
estabelecimento, a tutela do mesmo por qualquer pessoa não
59
Cfr a al. a) do artigo 16º do Código Comercial.
60
CORREIA, Miguel J.A. Pupo, Direito Comercial - Direito da Empresa, 10ª Edição revista e
actualizada, Ediforum, Lisboa, 2007.
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careceria de qualquer alteração ou imposição de obrigações na medidaem que
se associa directamente ao estabelecimento como tal No seu sentido objectivo, a
firma éosinal que pretende distinguir o empresário comercial em si do demais, isto é,
o seu nome comercial ao lado do seu nome civil (tratando-se de empresário
comercial pessoa singular), isto é, sinal que ele vai usar no exercício da empresa
comercial, donde resulta que, tratando-se de empresário pessoa singular a firma
deve ser constituída com base no seu nome civil, e por isso, em princípio
intransmissível. A sua transmissibilidade neste sentido implicaria o seu nome civil
que como tal constituí a própria firma.
Ora,qualdossentidos prevalece no nossoordenamento jurídico?
Se atentarmos ao que dispõe o art.º 36° do C.Com comercial61 quanto a
transmissibilidade da firma, que mais adiante tratamos com maior profundeza,
concluiremos que a firma no nosso Direito é transmissível que entre vivos, quer
mortis causa. No entanto, assegura-se que tal só ocorra com autorização do
cedente e tal transmissão só é possível mediante a transmissão do próprio
estabelecimento ou empresa comercial a que se achar ligada e é sujeita a registo.
À primeira, o legislador, parece adoptar uma posição eclética. Na verdade, a firma
é um sinal distintivo do estabelecimento mas neste, pertence ao sujeito proprietário
do estabelecimento que como tal pode constituir a firma a partir do seu nome civil e
cede-la mediante condições impostas por lei62.
No entanto a firma desempenha o papel que o nome civil na vida jurídica civil, todo
empresário comercial deve adoptar uma firma, que seja pessoa singular ou sociedade
comercial, o que pode permitir a separação dasua actividade civil da comerciale dada
amultiplicidade de nomes idênticos ou semelhante habilitar a quem efectue várias
61
Cfr o artigo 36º do Código Comercial aprovado pelo Decreto-Lei n° 2/2005 de 27 de Dezembro.
62
JUNIOR, Manuel Guilherme, Manual de Direito Comercial, Moçambicano, escolar
editora, Maputo, 2012.
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composições com o nome civil que em comércio permite distinguir o empresário dos
outros com nomes próximos. (artigo 18° C.Com). Conclui-se do artigo 18° C.Com,
que nosso ordenamento jurídico consagra o sentido subjectivo da firma, isto é,
a firma é o sinal distintivo do empresário comercial e de uso obrigatório.
Nos termos do artigo 21° C.Com a firma deve ser redigida em língua oficial, ou
mediante a juncão da tradução oficial quando se trata de adopção de firmas em
outras línguas, sendo permitido a utilização de palavras que não pertencem a língua
oficial nos termos do artigo 22°CCom.
TIPOS DE FIRMA
A firma consoante os casos pode ser formada com o nome de uma ou mais pessoas,
fala-se de firma-nome, ou pode ser constituída com a expressão relativa ao tipo de
actividade que ele exerce ou se propõe exercer, aditada ou não de elementos de
fantasia que é designada de firma denominação ou simplesmente denominação, e
em terceiro lugar afirma mista que resulta da conjunção dos elementos anteriores na
composição de uma mesma firma.
Mas, em qualquer dos casos a firma é um sinal nominativo e não emblemático, e
como a firma desempenha o mesmo papel desempenhado pelo nome civil do
empresário comercial, quer seja pessoa colectiva ou singular deve adoptar uma
firma.
Nos termos do art.º 21° C.Com, a firma deve ser redigida obrigatoriamente em
língua oficial ou mediante a conjunção da tradução oficial quando se trate da
adopção de firma em outras línguas, sendo admissível em casos excepcionais
dispostos no mesmo artigo, ou não uso da língua oficial.
59
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D
o empresário comercial deve girar no processo de constituição da firma.
Encontram-se consagrados no Código Comercial. São nomeadamente,
princípio da verdade, da novidade e da exclusividade. Este último, como
demonstrará mais adiante, não consagrado rigorosamente pelo legislador como
um princípio.
PRINCÍPIO DA VERDADE
De acordo com este princípio a firma deve espelhar a realidade a que se reporta, não
introduzindo em erro relativamente à caracterização jurídica do ente, mas sem
prejuízo de utilização do vocabulário corrente e de conhecimento geral.
É na sequência disso que, devem ser verdadeiros e não introduzir em erro sobre a sua
identificação, natureza, dimensão ou actividade do seu titular, e por isso não se
podem utilizar na composição da firma elementos característicos que sugiram
actividades diferentes das que o seu titular propõe realizar, nem expressões que
possam introduzir em erro sobre a caracterização jurídica do empresário, quer
por pessoa singular quer possam sugerir existência de pessoa colectiva. Donde resulta
que, a firma da pessoa singular deve basear-se apenas no seu nome, quer seja
abreviado ou até de uma alcunha pela qual é conhecido ou de expressão que
manifesteasuaespecialidade63.
De igual modo é proibido há pessoas colectivas de fim lucrativo, o uso de expressões
que sugiram a existência de um ente público, ou de associações sem fins lucrativas,
Podendo porem, permitir-se para estes últimos o aditamento de elementos que
indiquem o objecto e tipo de sociedade ou a identificação dos sócios nos termos
de alínea b) do art.26° do C.Com. Em poucas palavras, a firma deve espelhar a
realidade a que se reporta não introduzindo em erro quanto a caracterização jurídica
do
63
CORREIA, Miguel J.A. Pupo, Direito Comercial - Direito da Empresa, 10ª Edição
revista e actualizada, Ediforum, Lisboa, 2007.
60
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
PRINCÍPIO DA NOVIDADE
PRINCÍPIO DA EXCLUSIVIDADE
61
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
Como nos referimos anteriormente, o C.Com não fala relativamente a este, como
propriamente um princípio. Entendemos nós que mais do que a protecção do uso
ilegal da firma, este é verdadeiramente um princípio.
Este princípio impõe que a firma deve ser exclusiva do ente a que diz respeito, direito
este que só se constitui após registo pelo respectivo titular, na entidade
competente sem prejuízo da declaração de nulidade, anulação ou caducidade, nos
termos do art.º 24° C.Com64.
Pelo uso ilegal da firma, assiste ao seu titular legítimo o direito de proibir o seu uso
ou até exigir danos provenientes do seu uso ilegal sem prejuízo do procedimento
criminal nos termos do art.º 25° C.Com.
Na verdade, a disposição do art.º 25° C.Com, reconhece ao empresário
comercial, titular da firma devidamente registada não só o direito do uso exclusivo
da firma, como também e fundamentalmente, as seguintes possibilidades
legais:
a) Exigir aquele que usa ilegalmente a firma que não continue a usá-la,
evitando confusão, prejuízos futuros, mesmo que interessado não
tenha ainda sofrido efectivamente o prejuízo, ou ainda, o usurpador da
firma não tenha feito de má-fé, ou até ignorando os prejuízos que ia
causar.
O titular da firma pode ainda exigir a alimentação da totalidade das
situações potencialmente prejudiciais.
Ex: eliminação da firma da matrícula entre outras;
b) A segunda possibilidade que assiste ao titular da firma é a de intentar uma
acção por perda e danos nos termos do art.º 483° CC, para obter
reparação,querresultenanegligênciaou de culpa;
c) Em terceiro lugar, pode intentar uma acção criminal nos termos do 25°
C.Com, se a ela houver qualquer crime que tenha resultado do uso ilegal
da firma.
64
Cfr o artigo 24º do código comercial aprovado pelo Decreto – Lei n° 2/2005 de 27
de Dezembro.
62
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
TRANSMISSÃO DA FIRMA
65
Cfr o artigo 27 do Código Comercial actualmente vigente.
63
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
empresa comercial pode continuar a geri-la sob a mesma firma, quando para tal
seja autorizado, aditando-lhe ou não a declaração de haver nela sucedido.
Esta autorização compete ao alienante, tratando-se de transmissão por morte, sem
que o cujus tenha disposto por escrito, a autorização é dada pelos herdeiros
respeitando a maioria independentemente de esta transmissão tiver sido a favor de
terceiro ou de algum ou alguns dos herdeiros.
Conservando a firma, o aquirente passa a usá-la como meio através do qual funda a
presença do público demonstrando a continuidade da empresa, retirando
vantagens do antigo proprietário. O código também protege o interesse dos
clientes no sentido de que não se pode admitir uma mudança radical de condições que
fizeram manter, exigir a confiança do antigo proprietário e igualmente, procura-se
proteger os fornecedores. Tal sucede porque, como dispõe o n° 6 do art.º 36° do
C.Com, a transmissão da firma só é possível conjuntamente com a empresa
comercialaqueseachaligada66.
Deste modo, se por um lado, não é possível transmitir apenas a firma sem o respectivo
estabelecimento, por outro, o adquirente assume as obrigações que recaíam sobre o
alienante.
O alienante, deixa de ser responsável pelas obrigações contraídas na exploração da
empresa, a partir do registo e publicação do acto de transmissão, não exigindo-se
autorização no caso de exploração temporária da empresa comercial, de outrem
pelo adquirente do direito.
Conclui-se que, a transmissão da firma não se presume, resulta do acordo entre as
partes tanto na transmissão entra vivos, como na mortis causa67, e nesta última
exigindo concordância expressa na maioria dos herdeiros.
66
JUNIOR, Manuel Guilherme, Manual de Direito Comercial, Moçambicano, escolar
editora, Maputo, 2012.
67
CORREIA, Miguel J.A. Pupo, Direito Comercial - Direito da Empresa, 10ª Edição
revista e actualizada, Ediforum, Lisboa, 2007.
64
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
ALTERAÇÃO DA FIRMA
68
Cfr os artigos 38º e 41 do código comercial actualmente vigente.
65
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
Por força desta alínea c) do art.º 39°, impõe-se ao empresário comercial o dever
de provar a continuidade do exercício do comércio em cada trimestre do ano na
entidade competente para o registo, sob pena de ver a firma caducada e sem
possibilidade de invocar a mesma.
Compete a entidade que faz o registo, o poder de declarar a caducidade da firma,
reservando-se um mecanismo processual com vista a acautelar situações de má-fé na
solicitação de caducidade de certa firma pertencente a terceiro. Nestes termos, o
titular da firma e uma vez notificado do pedido de caducidade, tem trinta dias para se
pronunciar ao que é acompanhado de um prazo de quinze dias contados do
termo do prazo anterior para decisão do pedido de caducidade.
Ao titular da firma, a lei reserva o direito de impugnar a decisão por de recursos aos
tribunais.
RENÚNCIA DA FIRMA
O titular da firma pode renunciá-la através de declaração expressa por meio de escrita,
assinada e reconhecida presencialmente à entidade competente para o registo. A
renúncia carece do registo e publicação nos termos dos artigos 41° n° 3° do C.Com.
ESCRITURAÇÃO MERCANTIL
Nos termos da alínea b) do art.º 16°69, outra obrigação especial que recai sobre os
empresários comerciais, é escriturar as operações ligadas ao exercício da
empresa comercial.
Em que consiste a escrituração mercantil? Consiste em registar todas as actividades
feitas pelo empresário comercial em livros próprios que a lei impõe e pretende-se
com ela, dar a conhecer a situação empresarial e financeira do património do
empresário comercial70.
Chama-se escrituração mercantil o processo de lançamentos dos actos relativos a
empresa nos livros que para aqueles fins os
69
Cfr al. b) do artigo 16º do código comercial actualmente vigente.
70
Op. cit. Pág. 566.
66
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
71
DE VASCONCELOS, Pedro Pais, Direito Comercial: parte geral, Almedina
Editora, Coimbra 1995.
67
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
FORMA DE ESCRITURAÇÃO
68
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
A escrituração deve ser efectuada nos termos do artigo 48° do C.Com72, pelo
empresário ou por qualquer outra pessoa devidamente autorizada, devendo se
presumir que aquele que efectuou a escrituração tinha autorização para o efeito.
É uma presunção iures tantum e por isso, pode ser ilidida mediante prova em
contrário. O artigo 49° C.Com estabelece a obrigação do uso de língua e moeda
oficial, a necessidade de individualização e clareza da escrituração e deve ser
cronológica. A escrituração é secreta, porque pretende assegurar o
desconhecimento em termos públicos o património comercial para se evitar a
cobiça alheia. Os artigos 54° a 56° C.Com indicam em que as circunstâncias em que
se tornam necessárias a consulta de livros inclusive dos auxiliares que são
possíveis de exibição e exame.
Há o dever da parte do empresário de prestar informações a favor dos sócios, dos
credores edasautoridades administrativas. Nos termos da alínea b) do artigo 104° e
122° CCom, qualquer dos sócios tem o direito de consultar os livros em
circunstâncias especiais. O tribunal determinará o interesse, no sentido de permitir
que os livros sejam consultados quando tal se justifique.
REGISTO COMERCIAL
72
Cfr o artigo 48º do C.Com vigente.
73
MUALEIA, Fernanda e VALE, Sofia, Guião Prático de Direito comercial, pg. 181
69
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
Sumário
Nesta unidade, tratamos matéria relacionda com a empresa, que é o conjunto de
actos lidagos a actividade economia exercida pelo empresário comercial deforma
profissional e organizada, com vista a realização de fins de produção ou troca de bens
e serviços, ou uma organização do conjunto de factores de produção e outros
elementos congregados pelo empresário comercial, com vista ao exercício da sua
actividade. A empresa apresenta vários elementos que compõem a sua actividade,
tais como: o próprio sujeito (o empresário), as obrigacoes do empresário, firma,
principiuos relativos a constituicao da firma, transmissão da firma, o registo do
estabelecimento comercial.
Tratamos matéria relacionada também com a firma, que é o sinal distintivo do
estabelecimento comercial e assim pode ser constituída livremente e transmitida com
o próprio estabelecimento comercial, havendo ou não acordo expresso.
EXERCÍCIOS
70
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D
71
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D
d) Nenhumdosdois éresponsávelpelos actossupervinientes da actividade
comercial
A resposta correcta é: A
Objectivos específicos
72
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D
73
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D
COMÉRCIO SUBJECTIVO
São aqueles classificados como tal em função do sujeito que os prática, isto é, a
qualificação do acto como sendo do comércio terá como base ou, a pessoa que a
luz do art.º 3° c.com, pratica uma daquelas actividades prevista. Deste modo, os
actos praticados pelo empresário comercial no exercício da empresa comercial
se presumem de comércio, salvo se das circunstâncias que rodearam o acto. Se por
exemplo, usou o capital social, se praticou uma compra com intenção de revenda,
etc.75.
75
Op. Cit. Pg. 4
74
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D
ACTO UNILATERAL
Quando uma das partes intervenientes é empresário comercial e a outra não é. Nos
termos do art.º 5° do C.Com, esse acto é regulado pela lei comercial relativamente
aos dois sujeitos salvo no que só deva aplicar ao empresário comercial de acordo com
asuaqualidade.
3.1.4. Acto Bilateral
MODELO DA DEFINIÇÃO
A partir do qual o legislador oferece de forma sintética o que se deve entender por acto
de comércio. Este modelo apresenta na medida em que toda definição pode colocar
problema de entendimento e incerteza do direito;
76
JUNIOR, Manuel Guilherme, Manual de Direito Comercial, Moçambicano, escolar
editora, Maputo, 2012.
75
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
Onde o legislador opta por uma identificação expressa num rolo alargado nos
actos que a própria lei determina.
O inconveniente deste modelo é que limita o campo dos actos e a luz de um direito
dinâmico, tal como é no direito comercial, podem escapar várias situações a
classificação de actos decomércio.
Este modelo apenas delimita actos de comércio através da remissão para diversos
actos que o código considera comerciais, acima enumerados, optando pela
indicaçãoexemplificativa,éestaaposição optada pelo nosso legislador, al. a) n° 1°
do art.º 4° c.com, ao estabelecer que são actos de comércio, os actos regulados na
lei em atenção as necessidades de empresa comercial designadamente os previstos
neste código e os actos análogos.
Os actos que tem de ser por si, a natureza comercial, isto é, os actos que devem a sua
comercialidade à natureza intrínseca, ou, ainda da sua natureza funda-se o próprio
comércio, navida empresarial.
TEORIA DO ACESSÓRIO
77
CORDEIRO, António Menezes. Manual de Direito Comercial. Coimbra, Almedina.
77
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
Deste modo, os primeiros são actos e os segundos são actos de comércio
objectivos e acessórios. Embora uma tal extensão da comercialidade pareça à
primeira vista razoável, a verdade é que falseia a razão de ser da criação da figura
de actos de comércio acessórios. Estes são considerados comerciais por
estarem presumivelmente relacionados com a actividade de um comerciante na sua
empresa comercial, isto é, por pertencerem ao âmbito do comércio
profissionalmenteorganizado78.
78
CORREIA, Miguel J.A. Pupo, Direito Comercial - Direito da Empresa, 10ª Edição
revista e actualizada, Ediforum, Lisboa, 2007.
78
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
3.3. Actos de comércio Puro
Os que são regulados na lei comercial como um esquema formal que permanece
aberto para dar cobertura a qualquer conteúdo e abstraem no seu regime de
objecto ou fim para que são usados.
3.3.3. Actos Substancialmente comerciais
Sumário.
Nesta unidade temática abordamos matérias relacionadas com actos de comércio.
De acordo com a al. b) n°1 do art.º 4° do código comercial, são actos do comércio
os actos praticados no exercício de uma empresa comercial de onde resulta que não
são apenas actos de comércio os contratos, mas também todos os actos praticados
no exercício da empresa comercial das quais emanam obrigações comerciais.
Isto é a disposição tanto abarca os actos praticados de forma isolada ou ocasional,
quer por empresário comercial, quer por não-empresário comercial tendentes a
obtenção de lucro.
79
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
Exercícios
80
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
que qualifica o tal acto como sendo de comércio. Conferir o n° 1 do art.º 4°
do C.Com.
A resposta é verdadeira (V).
Objectivos específicos.
No fim desta unidade temática o estudante deverá ser capaz de:
Saber o conceito do titulo de crédito,
Saber diferenciar o cheque da livrança,
Saber o que é endosso e quando faz se o endosso.
O comércio, quando realizado entre praças diferentes, afastadas por vezes por si
longas distâncias exige, para poder desenvolver, modos
79
DE VASCONCELOS, Pedro Pais, Direito Comercial: Títulos de crédito, pg.3
81
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
Esses documentos serviam para definir, para circular, para cobrar e paramobilizaros
créditos que neles estavam documentados. Serviam para definir porque se
entediam o direito documentado valia exactamente como constava do
documento: não era permitido discutir ou invocar eventuais divergências entre
o direito e o documento.
80
Op. Cit. Pg. 4
82
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
O regime jurídico do direito civil não permitia, nem segurança, nem celeridade, nem
circulação de direitos de que o comércio carecia. A solução prática encontrada
pelos comerciantes consistiu na “coisificação” dos direitos através da sua
“incorporação” em documentos – títulos – que seguissem depois o regime da
circulação das coisas móveis. Os títulos de crédito e o seu regime foram criados pela
prática dos comerciantes fora dos quadros do direito civil. São características gerais
dos títulos de crédito: a literalidade, autonomia, incorporação, legitimação e
circulação.
LITERALIDADDE
Com palavras simples diremos que os títulos de crédito são literais. Para dizer que os
títulos de créditos são documentos escritos e que das palavras e algarismo escritos
no documento (literais) consta ou resulta o direito nele documentado. O conteúdo
e a extensão do direito contido no título são aqueles que dele constarem escritos83.
81
OP. Cit. Pg. 5
82
MUALEIA, Fernanda e VALE, Sofia, Guião Prático de Direito comercial, pg. 181
83
OP. Cit. pg. 6
83
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
Cada título a lei estabelece respectivos pressupostos que constituem o suporte desta
característica.
Nas acções das sociedades anónimas, que são títulos de crédito causais que
incorporam o direito social do acionista, a literalidade existe por referência; o título
não contêm impressa a totalidade dos direitos e deveres do acionista, para ao quais
dificilmente haveria espaço limitando-se a remeter para o contrato de sociedade, no
qual faz contar os necessários elementos de identificação.
AUTONOMIA
84
É esta situação que tem sido designada na Doutrina e na jurisprudência por
relações imediatas e que por equívoca, tem conduzido a frequentes decisões
judiciais erradas entre as quais se contam já dois assentos, um de 22/11/64 e outro
de 20/7/78.
84
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
Quando alguém que é credor de outrem recebe o pagamento por cheque, o direito
em que fica investido como portador desse cheque é diferente do direito de crédito
que tem sobre o devedor que lhe pagou com o cheque. O montante é o mesmo85. O
devedor mudou: passou a ser o banqueiro sacado.
Sendo diferente dos direitos subjacentes, o direito cartular lhes é autónomo. Quer
dizer que não são misturáveis e mantêm se distintos os seus regimes jurídicos.
O detentor de uma letra é considerado portador legitimo se justifica o seu direito por
uma série ininterrupta de endosso, mesmo no último for em branco e se a pessoa foi
por qualquer maneira desapossada de uma letra, o portador dela, desde que justifique
o seu direito por uma série ininterrupta de endossos, não é obrigado a restituir
salvo se adquiriu de má-fé ou se, adquiriu-a cometeu uma falta grave.
85
O montante pode ser diferente se o pagamento for feito parcialmente em cheque e
parcialmente de outro modo, mas vai se considerar apenas o caso de pagamento
total.
85
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
Os títulos de créditos são coisa móveis, e como tais objecto idóneo de direitos reais.
Assim, os títulos podem ser objecto de propriedade, compropriedade, de usufruto,
de penhor, de retenção, usucapião e são susceptíveis de posse.
De acordo com o regime geral do direito civil, aquele que tenha sido ilicitamente
desapossado de uma coisa imóvel de que seja proprietário não perde por isso o
seu direito e pode reivindicar de qualquer possuidor ou detentor, salvo se ocorrer
usucapião a favor do terceiro possuidor.87
86
OP. cit. pg.19
87
Op. Cit. Pg. 20
86
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
A aquisição do título pelo portador, desde que feita de acordo com a sua lei de
circulação é uma aquisição originária. Não se trata de transmissão feita pelo
anterior ao actual portador em que, de acordo com o regime geral, o transmitente
transmite ao transmissário o seu direito. O portador tem sobre o título de um direito
que se constitui originariamente na sua esfera jurídica e que não lhe é transmitido
pelo portador anterior.
CRÉDITO
88
Op. cit. pg. 21
89
http://www.com/octalberto.no.sapo pt/ títulos de crédito. Data 01 de Março
de 2016. 10h:e 46 min.
87
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
O título de crédito pode ser definido como um documento necessário para exercitar o
direito literal e autónomo mencionado no referido titulo.90
Podem emitir-se títulos de crédito não especialmente regulados por lei, desde que
deles conste claramente a vontade de emitir títulos dessa natureza e a lei os não
proíba.
CLASSIFICAÇÃO
A classificação mais importante dos títulos de crédito é feita quanto a sua circulação,
da seguinte maneira91:
90
VALE, Sofia e MUALEIA Fernanda, Guia Prático de Direito Comercial, Escolar Editora,
Angola, 2003, pag.181
91
Nos termos dos n-s 1,2 e 3 do art.635º do C.Com.
88
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
CHEQUE
Cheque é um título através do qual uma pessoa ordena que uma instituição de
crédito, onde depositou fundos ou dispõe de crédito, pague a si ou a terceiro ou
a ordem a si ou ordem a terceiro determinada quantia92.
Cheque é o título de crédito que enuncia um pagamento, tal como a letra, mas é uma
ordem de pagamento dirigida a uma instituição bancária onde o emitente do
título possui uma previsão. O cheque funciona como um meio de mobilização de
fundos, quer em benefício do emitente, quer em benefício de um terceiro93.
Cheque é o título à ordem, sujeito a certas formalidades, pelo qual uma pessoa,
que tem qualquer importância disponível num banqueiro, dispõe dela total ou
parcialmente.
O cheque é, pois, na sua essência e tal como a letra, uma ordem de pagamento (dada
pelo depositante ao banqueiro). 94Todavia, se a letra pode consistir numa ordem de
pagamento à vista ou a prazo, e mais ordinariamente a prazo, a verdade é que o cheque
tem sempre a natureza de ordem de pagamento à vista.
REQUISITOS DO CHEQUE
92
Cfr. art.782º do C. Com.
93
VALE, Sofia e MUALEIA Fernanda, Guia Prático de Direito Comercial, Escolar
Editora, Angola, 2003,pag.183
94
CARDOSO, J. Pires, Compêndio de noções de Direito comercial, Atlâmtida
editora, Coimbra, pag316
89
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D
O cheque deveconter:
Cheque nominativo; e
Cheque ao portador.
4.2.1. Cheque nominativo
É o que contém o nome da pessoa a que, ou à ordem de quem, deve ser pago, não
podendo sê-lo qualquer outra que no título não esteja mencionada. Este cheque
pode ser passado à ordem do próprio sacador ou emitente ou de terceira pessoa
beneficiário.
90
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
4.2.2. Cheque ao Portador
É aquele que não contém o nome da pessoa a quem deve ser pago, podendo sê-lo a
qualquer que se apresente a cobrá-lo.
Convém acrescentar ainda que o cheque não pode ser passado sobre o próprio
sacador, salvo no caso em que se trate dum cheque sacado por estabelecimento
sobre o outro estabelecimento, ambos pertencentes ao mesmo sacador,
nomeadamente pela Sede de um banco sobre a sua Filial ou Agência, e vice-versa.
91
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
pode extraviar, convém ser nominativo a fim de se enviar que qualquer pessoa
o possa receber.
Além de tudo isto, o cheque ao portador tem ainda a vantagem de se poder utilizar
quase como uma nota de banco, pois, com ele se pode efectuar qualquer
pagamento sem necessidade do seu endosso (dentro dum prazo restrito,
evidentemente).
4.2.3. Endosso
O endosso deve ser puro e simples, considerando-se como não escrita qualquer
condição a que ele esteja subordinado. Pode ser feito mesmo a favor do sacador
ou de qualquer outro co-obrigado e estas
92
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D
pessoas podem endossar novamente o cheque.
A lei permite o endosso ao portador, que vale como endosso em branco, mas
proíbe taxativamente certas formas de endosso:
O endosso parcial;e
Oendosso feito pelo sacado.
Exemplos:
A lei considera nulo este endosso parcial e compreende-se assim seja por umarazão de
ordem prática, além de outros motivos de ordem doutrinária. Quem seria, no
endosso parcial, o legítimo portador do cheque ou, o que é o mesmo, quem teria o
direito de o receber no banco respectivo? O endossante ou o endossado?
Esta dificuldade é maior quanto é certo que, nos títulos de crédito, a posse do
documento é condição indispensável para se exercer o direito nele contido.
A lei estabelece a nulidade deste endosso feito pelo sacado, e a razão de semelhante
procedimento torna-se evidente se considerarmos que a função específica do
cheque é levantar uma quantia que qualquer depositante tenha num
estabelecimento bancário. Logo que este facto o levantamento se verifica, o cheque
perdeu a sua razão de ser. Em todo o acto há um princípio e um fim: o cheque nasce
com a emissão, uma ordem de pagamento e morre logo que esta ordem é
93
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D
cumprida.
Tal como nas letras, o endosso deve ser escrito no cheque ou numa folha a este ligada
(anexo), deve ser assinado pelo endossante e pode revestir duas modalidades:
Endosso completo;
Endosso em branco (ou incompleto)
O endossante pode não designar o beneficiário ou consistir simplesmente na
assinatura do endossante (endosso em branco). Neste caso último caso, o endosso,
para ser válido, deve ser escrito no verso do cheque ou na folha anexa, nos termos do
nº2 do art.797º do C.Com.
4.2.4. Aval
Do mesmo modo que nas letras, o pagamento dum cheque pode ser garantido, no
todo ou em parte do seu valor, por um aval. E esta garantia pode ser dada por
terceiro, excepto o sacado, e até mesmo por qualquer signatário do cheque.
Modalidades do Aval
O aval reveste também duas modalidades:
94
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D
O dador do aval deve ter sempre o cuidado de indicar a pessoa por quem se
responsabiliza, mas, na falta dessa indicação, o aval considera-se prestado ao
sacador95.
O avalista é responsável da mesma forma que o seu avalado; e desde que pague o
cheque, pode exigir o respectivo pagamento, tanto da pessoa por quem se obrigou,
como dos outros signatários para com eles obrigados.
O cheque é sempre pagável à vista, e por isso, a lei fixa o prazo dentro do qual ele deve
ser apresentado o pagamento96.
Oito (8) dias, para os cheques pagáveis no mesmo país em que foram
passados;
Vinte (20) dias, para os cheques pagáveis em país diferente daquele em que
foram passados, desde que ambos os países de encontrem situados na
mesma parte do mundo.
Setenta (70) dias para os cheques pagáveis em país diferente daquele em que
foram passsados, desde que ambos os países se encontrem situados em
diferentes partes do mundo.
Os prazos acima mencionados começam a contar a partir do dia indicado no
cheque como data da emissão.
O sacado pode exigir, ao pagador o cheque, que este lhe seja entregue munido
de recibo passado pelo. Em regra, o recibo é
95
Cfr.nº4 do art.807º do C.Com.
96
CARDOSO, J. Pires, compendio de Noções de direito comercial, Atlântida Editora
S.A.R.L. Coimbra,
95
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D
Tal como nas letras, o portador do cheque também não pode recusar o seu pagamento
parcial; e, nesta hipótese, o sacado tem o direito de exigir que esse pagamento seja
mencionado no título e que lhe seja entregue o respectivo recibo.
Cruzamento geral;
Cruzamento especial.
No cruzamento geral, atravessa-se simplesmente o cheque, ao alto, por dois traços
paralelos, podendo escrever-se ou não, entre eles, a palavra banqueiro outra
equivalente. Este só pode ser pago, pelo sacado, a qualquer banqueiro ou a um
cliente do sacado.
97
CARDOSO, J. Pires, Compêndio de Noções de Direito Comercial, Atlântida
Editora S.A.R.L. Coimbra.
96
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Dum modo geral, os cheques são pagos em numerário, em dinheiro. A lei permite, no
entanto, que o sacador ou o portador proíbam o seu pagamento em numerário e,
neste caso, o interessado não tem o direito de receber a importância do cheque;
esta só lhe poderá ser lançada em conta, ou seja, creditada. Assim sucede sempre
que o sacador ou o portador inscrevam na frente do cheque ou outra
equivalente.
O portador pode exercer os seus direitos de acção (isto é, pode recorrer aos
tribunais) contra os endossantes, sacador e outros co- obrigados, se o cheque
apresentado em tempo útil não for pago e se a recusa de pagamento for verificada:
97
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
Deve acrescer-se, também, que o não pagamento de um cheque, por falta de previsão
ou falta, de cobertura, apresentado dentro dos prazos legais, é considerado crime
e, como tal, o emitente do cheque (sacador) está sujeito a responsabilidade
criminal conexa com a respectiva responsabilidade civil.
Nas condições a cima referidos, o portador dum cheque, que nem haja sido pago,
tem o direito de recorrer aos tribunais contra qualquer das pessoas obrigadas, que
são solidariamente responsáveis para com ele. E pode proceder contra essas pessoas,
individual ou colectivamente, sem necessidade de observar a ordem segundo a qual
se obrigaram. O mesmo direito possui qualquer signatário que tenha pago o
cheque.
A acção do cheque prescreve em certo prazo significa que, decorrido esse prazo, deixa
de existir o direito de se recorrer aos tribunais para reclamar do não pagamento dum
cheque.
98
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
presentes as seguintes disposições de ordem geral:
Se a marca for registrada, passa o seu titular a deter um exclusivo que lhe confere o
direito de impedir que terceiros utilizem, sem o seu consentimento, sinal igual ou
semelhante, em produtos ou serviços idênticos ou fins (ou seja, o registo permite,
nomeadamente, reagir contra imitações).
Isto significa, por exemplo, que uma empresa que detenha um registo de marca para
assinalar computadores pode reagir contra o uso de
98
Inventa Moçambique. Mais sobre marcas in: www.inventa.co.mz/../marcas-
registadas. acesso em 26.02.2016
99
Instituto Nacional da Propriedade Industrial. Tipos de marcas in:
www.marcasepatentes.pt, acesso em 26.02.2016
99
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
umamarcaigualousemelhanteporumaempresaquepresteserviços de reparação de
computadores, mas ja nao o podera fazer, em princípio, contra a utilização
dessa marca por outra empresa que fabrique espirradores100.
marcas classificam-seem:
Marcas nominativas;
Marcas figurativas;
Marcas mistas;
Marcas sonoras;
Marcas tridimensionais; e
Marcas compostas por slogans.
Marcas nominativas são compostas por elementos verbais, nomeadamente
palavras, incluindo nomes de pessoas, letras ou números.
100
Instituto Nacional da Propriedade Industrial. Tipos de marcas
in: www.marcasepatentes.pt, acesso em 26.02.2016.
101
De acordo com o artigo 123 do Código de Propriedade Industrial.
102
De acordo com a alínea f) do artigo 1 do Código de Propriedade Industrial.
100
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
Marcas mistas são compostas porelementosverbaisefigurativos.
Exemplos: VÁ PELOS SEUS DEDOS; QUEM TEM PAGINAS AMARELAS TEM TUDO.
Marcas coletivas
Marca de certificação é aquela que identifica os serviços que embora utilizados por
entidades diferentes, sob a fiscalização do titular, garantemascaracterísticas ou as
qualidades particulares ouserviços em que a marca é utilizada104.
103
De acordo com a alínea g) do artigo 1 do Código de Propriedade Industrial.
104
De acordo com a alínea h) do artigo 1 do Código de Propriedade Industrial.
101
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
Caducidade;
Anulabilidade;
Nulidade; e pela
Renuncia.
Caducidade, nomeadamente, por falta de pagamento das taxas ou quando tenha
expirado o seu prazo de duração108.
105
Instituto Nacional da Propriedade Industrial. Tipos de marcas in:
www.marcasepatentes.pt, acesso em 26.02.2016
106
Nos termos do número 1 do artigo 123 do Código de Propriedade Industrial
Moçambicano.
102
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D 107
Nos termos do artigo 120 do Código de Propriedade Industrial Moçambicano.
108
De acordo com o artigo 22 do Código de Propriedade Industrial de Moçambicano.
102
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
4.5.1. O registo da marca pode ainda caducar por:
Renúncia feita pelo próprio requerente da marca, que devera ser feita mediante
declaraçãoescrita,oupeloseurepresentantelegal111.
109
Nos termos do artigo 137 do código da Propriedade Industrial
Moçambicano. 110De acordo com os artigos 20 e 21 do Código da Propriedade
Industrial Moçambicano.
111
De acordo com o artigo 19 do Código da Propriedade Industrial
Moçambicano. 112 Com base nos números 1 e 3 do artigo 17 do Código de
Propriedade Industrial Moçambicano.
103
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
A respetiva licença para o exercício da atividade, se o requerente for
uma pessoa física que exerce qualquer atividade comercial ou
industrial;
Os respetivos estatutos sociais publicados no Boletim da Republica ou a
licença para o exercício de atividade comercial ou industrial, se o requerente
for uma pessoa jurídica;
Duas representações gráficas da marca;
Um fotolito ou outro suporte;
Autorização do titular da marca estrangeira de que o requerente seja
agente ou representante em Moçambique mediante apresentação da
licença de exercício da atividade de representação comercial estrangeira
na Republica de Moçambique;
Autorização de pessoa cujo nome, firma, denominação social, insígnia ou
retracto figurem na marca e não seja o requerente;
Autorização da autoridade competente para incluir na marca quaisquer
bandeira, armas, escudos, brasoes, moeda, ou emblemas do Estado,
municípios ou outras entidades públicas ou particulares, nacionais ou
estrangeiras, distintivos, selos e sinetes oficiais de fiscalização e garantia,
emblemas privativos ou denominação da cruz vermelha ou outros
organismos de natureza semelhante;
Diploma de condecoração ou outras distinções referidas ou reproduzidas
na marca que não devem considerar-se recompensas segundo o
conceito expresso no presente diploma;
Certidão do registo competente, comprovativo do direito a incluir na marca
o nome ou qualquer referencia a determinada propriedade rustica ou urbana
e autorização do proprietário, para esse efeito, se este não for o
requerente; e
104
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
Autorização do titular do registo anterior e do possuidor de licença
exclusiva, se a houver113.
Estando os requisitos preenchidos, o IPI manda publicar imediatamente o
pedido tal como tiver sido aceite, no Boletim da Propriedade Industrial114.
4.6.1. Linguagemusadaparaopedidodoregistonacionaldamarca
113
Nos termos do artigo 113 do Código da Propriedade Industrial Moçambicano.
114
Nos termos do artigo 116 do Código da Propriedade Industrial Moçambicano.
115
De acordo com o artigo 114 do código da Propriedade Industrial
Moçambicano. 116 Nos termos do número 1 do artigo 112 do Código de
Propriedade Industrial Moçambicano.
117
De acordo com o artigo 111 do Código da Propriedade Industrial Moçambicano.
105
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
118
Nos termos do número 1 do artigo 117 do Código da Propriedade Industrial
Moçambicano.
119
Nos termos dos números 3, 4, e 5, do artigo 117 do Código de
Propriedade Industrial de Moçambique.
120
De acordo com o número 6 do artigo 117 do Código de Propriedade Industrial
de Moçambique.
121
Nos termos da alínea b) do número 1 do artigo 13 do Código da
Propriedade Industrial Moçambicano.
106
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
122
Nos termos do número 1 do artigo 124 do Código de Propriedade
Industrial Moçambicano.
123
Nos termos do número 7 do artigo 124 do Código de Propriedade Industriais
124
De acordo com os números 1 e 4 do artigo 17 e 122 do Código de
Propriedade Industrial
107
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
técnico ou forma que lhe confira um valor substancial) ou por uma única cor.
Exemplos:
Sempre que estes elementos não registáveis por si só – estejam combinados com
outros que sejam distintivos (palavras ou figuras, por exemplo), a marca pode ser
registada, ainda que os aspetos descritivos, genéticos ou usuais não fiquem de
apropriação exclusiva do respetivo titular.
Exemplos:
Não podem ser registadas as marcas que possam causar enganos ao consumidor,
nomeadamente a respeito da natureza, das qualidades, da utilidade ou da
proveniencia do produto ou do serviço126.
Exemplos:
125
Instituto Nacional da Propriedade Industrial. Tipos de marcas in:
www.marcasepatentes.pt, acesso em 26.02.2016
126
Nos termos da alínea c) do artigo 110 do Código da Propriedade Industrial.
108
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
Exemplos:
DRINK E DRIVE
As marcas que contenham símbolos de estado, emblemas de entidades públicas
ou estrangeiras, brasoes, medalhas, nomes ou retratos de pessoas, sinais com
elevado valor simbólico, nomeadamente símbolos religiosos, entre outros 128.
Não podem ser registadas as marcas constituídas por sinais que representem
uma reprodução ou imitação de outros já existentes (salvo consentimento do
titular destes últimos)129.
Exemplos:
4.7.4. LIVRANÇA
127
Instituto Nacional da Propriedade Industrial. Tipos de marcas in:
www.marcasepatentes.pt, acesso em 26.02.2016
128
Nos termos das alíneas b) e d) do artigo 110 do Código da Propriedade Industrial
129
De acordo com as alíneas f) e g) do artigo 110 do Código da Propriedade Industrial
109
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
As livranças são títulos executivos nos mesmos termos em que as letras o são
art.º46 e 51 do CPC, o primeiro na redacção do DL nº38/2003, de 8de Março,
diploma rectificado pela declaração nº 5c/2003 de 30 de Abril. A portaria nº
28/2000, de 27 de Janeiro, aprovou os modelos de letras e livranças.
130
https://pt.m.wikspedia.org/...emprestimo...26.2.2016- 16:45
110
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
São aplicáveis às livranças, na parte em que não sejam contrárias à natureza deste
escrito, as disposições relativas às letras e respeitantes: endossos; vencimento;
pagamento; direito de acção por falta de pagamento; pagamento por intervenção;
cópias; alterações; prescrição; dias feriados, contagem de prazos e interdição de dias
de perdão.
131
CARDOSO, J. Pires, Compêndio de Noções de Direito comercial, pg. 309
132
No nosso caso, o capítulo em questão trata da matéria da Lei uniforme relativa
às Letras e Livranças que se encontra no Código Comercial de Moçambique,3ª
edição, pg. 184
111
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
Sumário.
133
Código Comercial de Moçambique, Pg. 201
134
DE VASCONCELOS, Pedro Pais, Direito Comercial: Títulos de crédito, pg.3
135
Cfr. art.782º do C. Com.
112
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
Exercícios
136
VALE, Sofia e MUALEIA Fernanda, Guia Prático de Direito Comercial, Escolar
Editora, Angola, 2003,pag.183
137
https://pt.m.wikspedia.org/...emprestimo...26.2.2016- 16:45
113
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
A resposta corrcta é: A
2. O que élivrança?
a) É um título à ordem, sujeito a certas formalidades, pelo qual uma pessoa se
compromete, para com outra, a pagar- lhe determinada importância em
certa data.
b) É um conjunto de escritas, sujeito a certas formalidades, pelo qual uma
pessoa se compromete, para com outra, a pagar- lhe determinada
importância em certa data.
c) É um livro de pagamento, sujeito a certas formalidades, pelo qual uma
pessoa se compromete, para com outra, a pagar- lhe determinada
importância em certa data.
d) É um cheque, sujeito a certas formalidades, pelo qual uma pessoa se
compromete, para com outra, a pagar- lhe determinada importância
em certa data
A resposta correcta é: A
Introdução
Objectivos específicos
No fim desta unidade temática o estudante deverá ser capaz de:
Conhecer o conceito da sociedade comercial,
Saber o que é personalidade e capacidade jurídica de uma sociedade
comercial,
Conhecer e saber diferenciar as sociedades comerciais existentes
5. Sociedade Comercial
138
. Nos termos do nº 2 do art.82º do C.Com -as sociedades que tenham por objecto
o exercício de uma empresa comercial só pode constituir-se segundo um dos tipos
societários previstos neste artigo, estamos aqui perante o princípio da tipicidade no
que se refere a possibilidade de escolha dos tipos societários. Equivale a dizer que,
não há sequer espaço para conjugação de características diferentes destes tipos
societários para a constituição de um outro tipo que não seja os previstos no nº 1 do
artigo 82º do Ccom.
115
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
Tem-se que recorrer à lei civil, como direito subsidiário ״art.º 7º C.Com״. A
sociedade comercial é uma sociedade, obedecendo às características definidoras
do art.º 980º do CC acrescidas dos requisitos específicos do nº 2 do art.º 82º do
C.Com.
116
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
contribuições que irão formar o património inicial da sociedade.
Esta norma limita-se a exigir, para que surja a sociedade, que os sócios se obriguem a
contribuir com bens ou serviços, mas não exige a efectivação dessas contribuições
logo no momento inicial, podendo ser deixada para mais tarde, ao menos em parte.
Por outro lado, o art.º 980º CC exige que a actividade económica seja certa, o que
significa, obviamente, que ela deverá ser definida, determinada de forma
concreta e específica, de modo a não se adquirirem indicações tão vagas do escopo
social que acabem por se traduzir numa incerteza da actividade ou actividades a
que a sociedade se destine.
139
. Miguel Pupo Correia. Sociedades comerciais: Disponível
em:<http://octalberto.no.sapo.pt>, acesso em: 17 de Mar. 2016.
140
. Idem.
117
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
A fórmula do art.º 980º CC parece incutir uma noção muito estrita de lucro: tratar-se-
ia de um aumento de património gerado na própria sociedade, para ser depois
repartido entre os sócios, seja periodicamente, seja no final da existência da
sociedade.
141
. Manuel Guilherme júnior: Manual de Direito Comercial Moçambicano, Vol.I,
Escolar Editora, Maputo, 2013. P.110.
142
. Miguel Pupo Correia. Sociedades comerciais: Disponível
em:<http://octalberto.no.sapo.pt>, acesso em: 17 de Mar.
2016. 143 . Conferir a alínea a) do artigo 83º do Código
Comercial.
118
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
Para que uma sociedade seja comercial é ainda necessário que revista forma comercial,
comporta dois sentidos, Primeiro, ela significa que a sociedade deverá revestir um dos
tipos caracterizados e regulados na lei comercial e num outro sentido, ela exprime a
obrigatoriedade de a sociedade respeitar, na sua constituição, os requisitos
formais estabelecidos na lei comercial.
Ainda por motivos de ordem pública, o legislador admite um número muito restrito de
tipos sociais. Estes distinguem-se, através de três características: a
responsabilidade dos sócios pela obrigação de entrada. Trata-se de característica
fundamental, pois identifica a responsabilidade dos sócios para com a sociedade
no que toca à formação do património inicial desta; a responsabilidade dos sócios
pelas dívidas da sociedade é outro aspecto de suma importância, pois por ele se fica a
saber se os sócios são ou não responsáveis, perante os credores da sociedade pelas
dívidas desta, e as modalidades de composição e titulação das participações na
sociedade: trata-se de um aspecto que, embora secundário, reveste muitas vezes
importância assinalável, pois permite caracterizar a natureza e a forma de cada
parte do sócio na sociedade145.
144
. Conferir a alínea b) do artigo 83º do Código Comercial.
145
. Miguel Pupo Correia, Sociedades comerciais: Disponível
em:<http://octalberto.no.sapo.pt>, acesso em: 17 de Mar. 2016.
119
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
No entanto, há sociedades que não visam o lucro, mas adoptam um dos tipos
previstos no código comercial e, por isso, sujeitas a este mesmo regime. Se uma
sociedade adoptar um dos tipos previstos e permitidos para as sociedades comerciais,
aplica-se o código comercial independentemente de ser civil146 ou comercial.
Se visa a prática de actos comerciais, a sociedade é comercial, mas se pratica actos civis
a sociedade é civil, em qualquer dos casos, se adoptar a forma de sociedade em
nome colectivo, por quotas, em comandita ou de capital e indústria é
automaticamente objecto do Código Comercial. Resulta do artigo 82º do C.Com que
elas obedecem ao princípio da tipicidade, princípio este que em geral se aplica a todas as
pessoas colectivas.
Na verdade, da leitura feita do nº 1 do artigo 82º do C.Com, fica claro que não poderá
ser constituído outro tipo societário para além dos previstos nesse. Contudo, para
quenãosobremdúvidasrelativamente a questão, o legislador acrescenta no nº 2 do
mesmo artigo que ״as sociedades que tenham por objecto a prática ou exercício de
uma empresa comercial só podem constituir-se segundo um dos tipos societários
previstos neste artigo״.
A PERSONALIDADE JURÍDICA
146
. José de Oliveira Ascensão, sociedades comerciais, Vol. IV, Parte Geral, Lisboa,
2000, pag.45.
147
. Conferir o artigo 86º do Código Comercial.
120
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
Com a constituição da sociedade, os bens com que os sócios entram para esta
revertem para o seu património e os credores pessoais dos sócios apenas poderão
penhorar as respectivas participações sociais a partir do momento em que as
sociedades adquirem personalidade jurídica.
CAPACIDADE DE JURÍDICA
CONTRATO DE SOCIEDADE
148
. Ver o artigo 980º do Código Civil.
149
. Ver o artigo 160º do Código civil.
150
. Conferir o artigo 980º do CC.
121
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
NATUREZA JURÍDICA DO CONTRATO DE SOCIEDADE
A TEORIA CONTRATUALISTA
151
. Conferir o artigo 107º e seguintes do Ccom.
152
. Manuel Guilherme júnior, Manual de Direito comercial moçambicano, p.110.
153
. Luís Brito Correia, Direito Comercial Sociedades Comerciais vol II, 3ª Tiragem
AAFDL, 1989, pag.121.
122
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
TEORIA INSTITUCIONALISTA
123
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
Esta sua natureza jurídica implica uma execução prolongada no tempo, uma
sequência de comportamentos das partes através dos quais se dá concretização ao
vínculo contratual.
Primeiro, que o contrato de sociedade como regra geral, não está sujeito a uma
forma especial;
Segundo, que a não observância de forma quando esta seja exigida pela natureza
dos bens que os sócios colocam na sociedade, não prejudica ״nulidade ״de todo
contrato com vista ao exercício do
154
. Miguel Pupo Correia. Sociedades comerciais: Disponível
em:<http://octalberto.no.sapo.pt>, acesso em: 17 de Mar. 2016, 14:10h.
155
. Carlos Alberto da Mota Pinto, Teoria Geral do Direito Civil, 3ª Edição
actualizada, Coimbra Editora, Coimbra, 1999º. pag 89.
124
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
comércio, a menos que ele não possa se converter nos termos do art.293º do CC,
passando a ser o simples uso e fruição de bens cuja transferência determina a
forma especial, ou, se o contrato não reduzir-se nos termos do art.292º do CC, à
participações que não ponham em causa a forma especial inobservada.
Podemos concluir que não há, em geral a exigência de forma especial para a
celebração do contrato de sociedade, tal só ocorre quando condicionada pelas
participações dos sócios, ou seja, se houver participações em bens imóveis, exigir-
se-á a escritura pública e fora desta circunstância, basta um documento escrito,
assinado e reconhecido presencialmente por todos os sócios conforme dispõe o nº 1
do art.º 90º do C.Com.
Resulta do art.º 980º do Código Civil que no contrato de sociedade, os sócios só ficam
obrigados a entrar na sociedade com bens e serviços. Esta prestação dos sócios a que
se chama momento de obrigação de entrada ou cumprimento de obrigação de
entrada, está prevista no art.107º do C.Com, onde se refere que todo o sócio é
obrigado a entrar para a sociedade com bens susceptíveis de penhora ou nos tipos
societários em que tal seja permitido com prestação de serviços e por isso, designa-se
sócio de indústria. Com fundamentos neste artigo, podemos dizer que há três
tipos de bens com que os sócios podem contribuir, a saber: dinheiro; outros bens
susceptíveis de penhora para além de dinheiro e serviços.156
Dos desenvolvimentos das teorias não societárias presentes em várias obras que versam
sobre esta matéria, deixam de existir quaisquer dúvidas teóricas ao
reconhecimento da sociedade unipessoal. O preconceito relativo à
unipessoalidade societária é de carácter meramente pragmático, embora haja
dificuldade de introdução do tipo organizativo societário em ambientes
fortemente
156
. Manuel Guilherme júnior, Manual de Direito comercial moçambicano, p. 106.
125
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
Tullio Ascarelli, em sua clássica obra ״problemas das sociedades anónimas edireito
comparado״, dá novos ares à teoria contratualista, ao diferenciar os contratos de
sociedade dos contratos em geral. Afirma aquele autor que:
157
. José Inácio Ferraz de Almeida Prado Filho. ʺNota sobre as sociedades fictícias, au de
favor ˮ In : Revista de Direito Mercantil Industrial, Económico e financeiro,
v134,2004.p.85.
158
. Paolo E. F. Ferdo - Luzzi. Icontratti associativi.Milano: Giuffré : 2001. 159 .
Tullio Ascarelli. Problemas das sociedades anónimas e direito comparado.
Campinas: Bookseller, 2001. P 373.
126
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
Ascarelli discorre sobre uma série de distinções que podem ser feitas entre os
contratos plurilaterais e os contratos a que denomina de permuta, e termina por
concluir que o contrato plurilateral, em sua função económica, constitui um
contrato de organização.
160
. O contrato da sociedade constituiria a subespécie mais importante dos
contratos plurilaterais, mas não a única.
161
. Tullio ascarelli. Problemas das sociedades anónimas e direito
comparado. Campinas: Bookseller, 2001. P 375.
162
. Como na avaliação das contribuições, ingerência na administração,
participação de cada parte.
163
.Paolo Ferro-Luzzi. I contratti associative. Milano: Giuffré, 2001. P.234.
127
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
164
. Márcio Ferro Catapani. “os contratos sociativos”. In: FRANÇA, Erasmo
Valhadão Azevedo e Novaes (org.). Direito societário contemporâneo I. São Paulo:
Quartier Latin, 2009.p94.
165
. Rachel Sztahn. “Associações e sociedades”. In: revista de direito mercantil
industrial, económico e financeiro, vol.
128
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
166
. Rachel Sztahn. Contrato de sociedade e formas societárias. São Paulo: Saraiva,
1989. P.37.
167
. Levin Goldschmidt. Storia universale del Diritto Commerciale. Torino: Unione
Tipografico-Editrice Torinese, 1913, p. 214.
168
. Antonio brunetti. Tratado del Derecho de Las Sociedades. Vol. I. Tradução do
italiano por Felipe de Solá Cañizares. Buenos Aires: Unión Tipográfica Editorial Hispano
Americana, 1960. v. 1, p. 523.
169
. Arnoldo Wald. Comentários ao Código Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2005.
129
ISCE CURSO: Disciplina: Direito 13
D Direito; Comercial 0
colectiva, acrescida daquela relacionada às actividades económicas exercidas pelo
grupo familiar170.
A indústria medieval das cidades italianas durante a idade média é um bom exemplo do
tipo de organização económica da qual se originou o germe da sociedade em nome
colectivo171. Nesse caso, os negócios eram feitos em nome da colectividade e,
naturalmente, os seus membros eram pessoalmente responsáveis pelas dívidas do
grupo, caso esses não as honrassem. Dessa evolução surgiu um tipo societário
com origem no vínculo familiar e com fundamento na mais alta confiança entre os
seus membros172.
SOCIEDADES EM COMANDITA
170
. Com o passar do tempo, esse conceito de família foi adquirindo um
significado mais amplo, passando a colectividade a compreender outros membros
que não somente aqueles de mesmo sangue.
171
. Levin Goldschmidt. Storia universale del Diritto Commerciale, p. 214. 172 .
Umberto Navarrini; Gabriele Faggella. Das sociedades e das associações
comerciais. Rio de Janeiro: José Konfino Editor, 1950. p. 401 e segs.
173
. Waldemar Ferreira. Tratado de Sociedades Mercantis. Rio de Janeiro: Freitas
Bastos, 1952. p. 92.
174
.Waldemar Ferreira. Op. cit.,p. 44.
130
ISCE CURSO: Disciplina: Direito 13
175 D Rehme. HistóriaDireito;
. Paul universal de DerechoComercial
Mercantil, p. 81. 0
130
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
SOCIEDADE ANÓNIMA
131
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
180
. Risco de mar, piratas e naufrágios, além dos inerentes ao próprio negócio.
132
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
181
. Alfredo Lamy Filho; José Luiz Bulhões Pedreira. A Lei das S/A. Rio de Janeiro:
Renovar, 1987, p. 28.
182
. Joaquim Garrigues. Problemas actuais das sociedades anónimas. Porto Alegre:
Sérgio António Fabris Editor, 1982. p. 21.
183
. Quotas, depois denominadas acções.
184
. Tullio Ascarelli. Panorama do Direito Comercial. São Paulo: Saraiva e Cia.,
1947. p. 146-147.
185
. Tullio Ascarelli. Corso di Diritto Commerciale: introduzione e teoria
dell’impresa. 3. Ed. Milano: Dott. A. Giuffrè Editore S.p.A, 1962. P.36.
133
ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
D
necessitava vultosa quantidade de capital186. Neste contexto, a total limitação da
responsabilidade dos sócios ao capital investido na companhia lhes garantia
saber, de antemão, os prejuízos máximos que poderiam ״amargar ״em caso de
insucesso da empresa.
Assim, muitas pessoas não vacilaram antes de investir consideráveis parcelas do seu
património nesses novos negócios, o que proporcionou a arrecadação de
enormes somas de capital para as grandiosas aventuras de além-mar.
SOCIEDADE LIMITADA
Foi só em 1892, na Alemanha, que se legislou pela primeira vez a criação de uma
sociedade empresarial sob medida para os pequenos e médios negócios187. Deveria
ser a democratização do outrora privilégio da limitação da responsabilidade dos
sócios. Esse novo tipo societário foi projectado para actuar como uma nova alavanca
rumo ao desenvolvimento económico, uma grande fonte de criação de riquezas.
Surgiu, assim, a Gesellschaft mit beschränkter Haftung – GmbH, a sociedade
limitada do direito germânico, tipo societário mais flexível e com um peso
administrativo menor do que o da anónima, mas que contemplava aquela que era a
sua característica mais importante, a limitação daresponsabilidade dossóciospelas
dívidassociais.
A partir das várias obras discorridas entendeu-se que foi só em 1892, na Alemanha,
que se legislou pela primeira vez sobre a criação de uma sociedade empresarial sob
medida para os pequenos e médios
186
. Tullio Ascarelli. Panorama do Direito Comercial, p. 143-144.
187
. Alfredo Gonçalves Neto, Alfredo. Lições de Direito Societário. São Paulo: Juarez de
Oliveira, 2004. v. 1, p. 188.
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negócios188. Esse novo tipo societário foi projectado para actuar como uma nova
alavanca rumo ao desenvolvimento económico, uma grande fonte de criação de
riquezas.
União Europeia
188
. Alfredo Gonçalves Neto. Lições de Direito Societário. São Paulo: Juarez de Oliveira,
2004. v. 1, p. 188.
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Possibilidade de constituição de sociedade com um só sócio
״unipessoalidade orgânica ״ou reunião de todas as partes sociais em uma
única pessoa ״unipessoalidade superveniente״
Possibilidade de adopção, pelos Estados-membros, de disposições
especiais ou sanções no que diz respeito a uma única pessoa natural ser
sócia de mais de uma sociedade unipessoal; ou b) Uma sociedade
unipessoal ou pessoa colectiva ser sócia única de uma sociedade;
Necessidade de divulgação em caso de unipessoalidade superveniente
Obrigatoriedade de adopção de forma escrita para as decisões tomadas pelo
sócio único e para contratos celebrados entre o sócio e asociedade;
Possibilidade de o Estado-membro deixar de adoptar as sociedades
unipessoais caso sua legislação preveja a existência de empresas de
responsabilidade limitada com património afectado à actividade e desde
que, no que se refere a essas empresas, se prevejam garantias equivalentes
às impostas às sociedades unipessoais189.
A Directiva 89/667/CEE foi integralmente substituída pela Directiva 2009/102/02 do
parlamento e Conselho Europeus de 16 de Outubro de dois mil e nove. A nova
Directiva apenas consolida as alterações sofridas pela Directiva 89/667/CEE ao longo
dos anos, em especial no que diz respeito aos países membros e tipos societários de
cada um em que é possível a unipessoalidade.
189
. Como foi o caso de Portugal que, inicialmente, deixou de adoptar as sociedades
unipessoais, preferindo a separação patrimonial, por meio de estabelecimentos
individuais de responsabilidade limitada ״EIRL״. Posteriormente, porem, aquele
país passou a acolher a unipessoalidade societária.
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No direito francês
190
. Calisto Salomão Filho. A sociedade unipessoal, São Paulo: malheiros, 1995. P. 33.
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resoluções que necessitem de unanimidade na SARL ״como alteração da
nacionalidade״191.
O sócio unipessoal não pode delegar seus poderes e todas as decisões tomadas no
exercício dos poderes típicos da assembleia, devem ser registadas por escrito, sob
pena de anulação a requerimento de qualquer interessado.
A sociedade unipessoal não pode ser sócia única de uma sociedade limitada, sob
pena de dissolução da sociedade a pedido de qualquer interessado. Todavia, a partir
da promulgação do code de commerce, em 2000, não há mais limitação para que a
pessoa física participe em mais de uma sociedade limitada.
No Direito português
191
. Jean-Jacques Daigre. ״la société unipersonnele״, in: Revue internationale de
droitcampare, v.42.nº2. société de Legislation Comparée: Paris, 1990. P.674
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D Direito; Comercial 0
Ao analisar a disciplina legal do EIRL deveria assentar-se na construção da pessoa
jurídica ou na ideia de património de afectação especial; o legislador português
voltou-se ao pragmatismo, não reconhecendo ao ponto a importância
fundamental, uma vez que ambas as vias apontadas conduziam a resultados
satisfatórios.
192
. Introduzidos pelo Decreto-Lei nº 257/96. De 31 de Dezembro, Disponível em:
www.homepagejuridica.net, acesso em 15 de Abril 2016, 10:12h
140
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No entanto, durante dezenas de anos, a sociedade composta por um único sócio foi,
no direito português, algo de inconcebível, sendo ainda vista como um instituto
deveras estranho, contraditório nos seus próprios termos, na medida em que a
sociedade se deveria referir necessariamente a uma pluralidade de pessoas que
nela se associam194.
193
. Ricardo Costa, A Sociedade por Quotas Unipessoal no Direito Português,
Livraria
Almedina, Coimbra, 2002, página 327.
194
. Ricardo Costa, ob. cit., p. 26, n. (1).
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Foi esta realidade que justificou a directiva nº 89 / 667 / CE, bem como as
alterações legislativas ocorridas, designadamente em Espanha com a lei 2/1995,
de 23 de Março, em França com a lei nº 85
/ 697 de 11 de Julho de 1987.
De acordo com o código das sociedades no direito luso a sociedade unipessoal pode
ser formada por sócio pessoa física ou pessoa jurídica, sendo a unipessoalidade
originária ou superveniente
״concentração na totalidade de um único sócio das quotas de uma sociedade por
quotas״. A transformação de sociedade colectiva em sociedade singular dá-se por
mera declaração do sócio remanescente, que pode constar do próprio instrumento de
cessão de quotas.
195
. Conferir o Decreto-lei n˚ 257/96.
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No Direito Espanhol
196
. Francisco Vicent Chulia. Intruducción al derecho mercantil. Valência: Tirant lo
blanc, 1999. P.420.
143
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197
. Conferir o nº1 do artigo 328º do C.Com.
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Também, entendemos que embora não apareça claramente na lei manifestada essa
posição, somos de opinião que a classificaçãodo contrato de sociedade como um
contrato de fim comum apresenta
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ser a que melhor acomoda este debate. A sua classificação como tal, tem grande
relevância na determinação e na natureza do regime aplicável as sociedades
comerciais na medida em que:
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A posição que aderimos fica mais sólida quando subsidiámos a ideia que refere à
personalização das sociedades, que recebeu contribuições de carácter institucional
dos agrupamentos medievais e das companhias de comércio dos séculos XVII e XVIII.
No entender destes, ״sociedade deixa de ser essencialmente contratual e passa a ser
também vista como instituição, quando a limitação da responsabilidadesurgee
seatrelaàautonomiapatrimonial״198.
198
. L. A. S. Hentz, Notas sobre a desconsideração da personalidade jurídica: a
experiencia portuguesa. Revista de Direito Mercantil: Industrial, Económico e
Financeiro, São Paulo: Malheiros, n. 101, Jan. /Mar. 1996. Cordeiro, op. cit., p. 477-
478.
147
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A questão que pode-se colocar é a seguinte: Estamos ainda neste caso perante uma
sociedade? Que tipo de sociedade é esta? Por outras palavras, esta sociedade
existe independentemente de todas as demais e particularmente, independente da
sociedade por quotas?
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No caso concreto do ordenamento jurídico moçambicano, onde o legislador, do
nosso ponto de vista, proclama as sociedades por quotas unipessoais como um
tipo societário, estas, regem-se maioritariamente pelo regime concebido para
as sociedades por quotas. Na nossa concepção, torna-se inconcebível que este
dependa do regime de outro tipo societário porque, isso, retiraria a igualdade e
independência que o legislador atribui a este tipo societário ao enquadrar no
Capítulo V do Título II do Livro II do Ccom. Da mesma maneira, significaria que este
tipo societário desapareceria com a extinção do tipo societário de que depende.
Há que se dizer que, de facto, esta constitui no nosso entender, uma preocupação de
extrema importância porque uma vez inseridas no referido artigo, poderia dissipar
as dúvidas que pairam a volta da tipicidade das sociedades por quotas
unipessoais e evitaria a contrariedade patente entre o nº 1 do artigo citado no
parágrafo antecedente e Capítulo V do Título II do Livro II do Ccom
moçambicano199.
199
. Conferir o nº 1do artigo 82º e Capítulo V do Título II do Livro II todos do
C.Com.
149
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D Direito; Comercial 0
goza deste estatuto. Por outro lado, a remessa que a parte final do nº 1 do artigo 328º
faz ao regime das sociedades por quotas, pode ser também, pressuposto da
contrariedade que temos vindo a evocar.
Associado ao objectivo anterior que era de analisar o regime jurídico- legal das
sociedades por quotas unipessoais e explicada a razão do seu enquadramento no
nº 1 do artigo 82º do C.Com como um dos tipos societários, cumpre-nos discutir a
conveniência da separação das sociedades por quotas unipessoais das sociedades
por quotas. Criando-se um regime próprio que possa reger tais sociedades, com
objectivo de promover maior aderência dos empresários individuais a este tipo
societário.
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ISCE CURSO: Gestão de Turismo Disciplina: Direito Empresarial
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societário mas sim uma espécie de sociedades por quotas como são as sociedades
constituídas entre cônjuges200.
Na nossa concepção, entendemos que desta forma tornaria este tipo societário mais
compreensível e facilitaria aos interessados em desenvolver as pequenas e médias
empresas, fórmulas eficazes para sua prossecução. Estamos a falar, por exemplo, da
subcapitalização que seria bastante benéfica à instituição, à similaridade de diversos
outros países, de valores mínimos de capital para constituição de sociedades.
“O regime das deliberações que vigora nas sociedades por quotas pluripessoais, há-
de corresponder ao das decisões nassociedades por quotas unipessoais. Para o efeito,
as decisões sobre matérias que por lei são da competência deliberativa dos sócios nas
sociedades por quotas serão aqui tomadas sobre a forma de decisão pelo sócio único e
lançadas num livro destinado a esse fim, com assinatura do mesmo.
200
. Conferir o artigo 284º do C.Com.
201
. Conferir o artigo 33º do Ccom.
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do nosso estudo, entendemos que este tipo de sociedades tem vantagens
quando comparada aos demais tipos societários, bem como ao empresário em
nome individual, nomeadamente:
a) Inaplicabilidade do regime da responsabilidade solidária no
pagamento da quota do sócio remisso, tal como acontece nas sociedades por quotas,
porque apenas existe um titular da quota;
b) Incentivo e promoção de iniciativas empresariais
individuais;
c) Não é necessário envolver terceiros para atingir o
número mínimo de sócios conforme por vezes acontece na constituição de
sociedades;
d) O controlo sobre a actividade da empresa é igual ao da empresa
individual, uma vez que também existe apenas um proprietário;
e) Agilidade no exercício da gestão económica da sociedade,
visto não se encontrar dependente de órgãos colegiais para a formação da vontade
social; e
f) A responsabilidade do sócio resume-se ao capital social, ou
seja, o seu património pessoal não responde pelas dívidas contraídas no exercício da
actividade da empresa, excepto no caso de declaração de falência, se provar que o
património social não foi exclusivamente afectado ao cumprimento das respectivas
obrigações.
Sumário
Nesta unidade temática, concluiu-se que uma sociedade comercial não era nada
mais ou nada menos uma organização cuja objecto a prática de actos de comércio,
constituem-se como tal e adoptam um dos tipos societários previstos no artigo 82º
do C.Com202 afastando
202
Nos termos do nº 2 do art.82º do C.Com -as sociedades que tenham por objecto o
exercício de uma empresa comercial só pode constituir-se segundo um dos tipos
societários previstos neste artigo, estamos aqui perante o princípio da tipicidade no
que se refere a possibilidade de escolha dos tipos societários. Equivale a dizer que,
não há sequer espaço para conjugação de características diferentes destes tipos
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por conseguinte aquelas sociedades cujo objecto não é a prática de actos comerciais.
Consiste na reunião de esforços entre duas ou mais pessoas denominadas de sócios,
que combinam a aplicação de seus recursos ״financeiros e know how ״com finalidade
de desempenhar certa actividade económica, visando a divisão dos frutos e lucros por
ela gerados.
A sociedade comercial de acordo com o artigo 980 do código civil apresenta
quatro elementos essenciais para a sua constituição: elemento patrimonial,
teleológico, finalístico e pessoal.
As sociedades de todos os tipos gozam de personalidade jurídica a partir do registo
definitivo203. E gozam dessa personalidade jurídica tanto em relação a terceiros,
como em relação aos próprios sócios. Abordamos matérias sobre a personalidade e
capacidade jurídica das sociedades, onde a sociedade só adquire a qualidade de
comerciante em consequência do exercício da actividade social e não os sócios. A
capacidade jurídica das sociedades comerciais como pessoas colectivas está
delimitada pelo seu objecto e por fim tratamos também das matérias sobre a
forma dos contratos das sociedades comerciais, tipos d sociedades comerciais.
Exercícios.
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D
Verdadeira Falsa
A resposta é verdadeira. V
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D Bibliografia
GRANSOTTO, Alexandre Jose - (2016), Resumo de Direito Comercial. 2016
Código, Comercial (2009)
CORREIA, Miguel Pupo (2006) - Direito Comercial.
FRAGOSO, Américo Oliveira (2006) - CONTRATOS DE ADESÃO NO NOVO CÓDIGO COMERCIAL
DE MOÇAMBIQUE. 2016
QUEIROZ, Marcos Antônio, Gestão Comercial, 2012
155