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ISCED FÍSICA

Direitos de autor (copyright)


Este manual é propriedade do Instituto Superior de Ciências e Educação à Distância (ISCED),
e contém reservado todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução parcial ou total
deste manual, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrónicos, mecânico,
gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Instituto
Superior de Ciências e Educação à Distância (ISCED).
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judiciais em vigor no País.

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Website: www.isced.ac.mz

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Agradecimentos

O Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED), agradece a colaboração dos


seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste manual:

Autor Isidro Ramos Mualacua

Coordenação Direcção Académica do ISCED

Design Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED)

Financiamento e Logística Instituto Africano de Promoção da Educação a Distancia


(IAPED)

2019
Ano de Publicação
ISCED – BEIRA
Local de Publicação

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Índice

Visão geral 1
Bem-vindo ao Manual da Disciplina de Física................................................................... 1
Objectivos do Módulo....................................................................................................... 1
Quem deveria estudar este manual ................................................................................. 2
Como está estruturado este manual ................................................................................ 2
Conteúdo deste manual.................................................................................................... 2
Outros recursos ............................................................................................................... 3
Auto-avaliação e Tarefas de avaliação .......................................................................... 3
Habilidades de estudo ...................................................................................................... 3
Precisa de apoio? .............................................................................................................. 5
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) ................................................................................ 6
Avaliação ........................................................................................................................... 7

TEMA – I: FÍSICA COMO CIÊNCIA NATURAL. 9


UNIDADE Temática 1.1. Introdução, Considerações Gerais à Disciplina: natureza,
objectivos e Princípios. ..................................................................................................... 9
Introdução......................................................................................................................... 9
Sumário ........................................................................................................................... 12
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ..................................................................................... 13
Exercícios para AVALIAÇÃO ............................................................................................ 14
UNIDADE Temática 1.2. A evolução e o papel da Física na Época contemporânea....... 15
Introdução....................................................................................................................... 15
Sumário ........................................................................................................................... 19
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ..................................................................................... 19
Exercícios para AVALIAÇÃO ............................................................................................ 20
UNIDADE Temática 1.3. Exercios resolvidos deste tema. .............................................. 21
Sumário ........................................................................................................................... 21
UNIDADE Temática 2.1. Escalares e Vectores ................................................................ 22
Introdução....................................................................................................................... 22
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ..................................................................................... 26
Exercícios para AVALIAÇÃO ............................................................................................ 27
Exercícios do TEMA ......................................................................................................... 28
UNIDADE TEMA III: CINEMÁTICA DO PONTO MATERIAL ............................................... 29
Introdução....................................................................................................................... 29
Exercícios do TEMA ......................................................................................................... 39
Sumário ........................................................................................................................... 43
UNIDADE TEMÁTICA IV. DINÂMICA DO PONTO MATERIAL .................................. 44
Introdução....................................................................................................................... 44
Exercícios do TEMA ......................................................................................................... 55
UNIDADE TEMÁTICA V: DINÂMICA DO SISTEMA DE MUITAS PARTÍCULAS ................... 57
Introdução....................................................................................................................... 57
Exercicios sobre o Tema: Sistema de Muitas Partículas ................................................. 66
UNIDADE Temática: Momento angular de um corpo Rigido ......................................... 67

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Exercicios sobre o Tema: Dinamica do Corpo Rigido ..................................................... 78


UNIDADE Estática de uma partícula e de um corpo Rígido ............................................ 79
Introdução....................................................................................................................... 79
Exercicios sobre o Tema: Estatica do Corpo Rigido ........................................................ 81
UNIDADE Hidroestastatica .............................................................................................. 82
Introdução....................................................................................................................... 82
Exercicios sobre o Tema: Hidrostática e Hidrodinâmica ................................................ 88
UNIDADE Cinética e Dinâmica do movimento Oscilatório (MHS) .................................. 89
Introdução....................................................................................................................... 89
Exercicios sobre o Tema: Elasticidade e Movimentos oscilatorios ................................ 95
UNIDADE Sistemas Termodinâmicos .............................................................................. 96
Introdução....................................................................................................................... 96
Exercicios sobre o Tema: .............................................................................................. 105
UNIDADE Princípios e leis de Termodinâmica .............................................................. 106
Introdução..................................................................................................................... 106
Bibliografia .................................................................................................................... 110

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Visão geral

Bem-vindo ao Manual da Disciplina de Física

Objectivos do Módulo

Ao terminar o estudo deste manual de Física, deverá ser capaz de:

Compreender e explicar as leis básicas da física que governam os


processos, mecanismos e trocas de calor na natureza em geral e
meios biológicos em particular; Explicar processos de dinâmica de
fluidos na natureza e em meios biológico, Dominar os princípios
mais importantes da Mecânica clássica, Ondulatória e
Termodinâmica que constituem bases da profissão das áreas de
telecomunicações e informática, Interpretar e explicar os
fenómenos naturais ligados à Mecânica clássica, Física
Ondulatória, Termodinâmica e fenómenos da natureza
Movimentos cinemáticos,

 Definir a Mecânica clássica, Ondulatória, Termodinâmica e suas


aplicaçòes.
 Fazer um breve percurso histórico da disciplina.
Objectivos  Conhecer os fenómenos naturais ligados à Mecânica clássica,
Física Ondulatória e Termodinâmica;
Específicos
 Conhecer os processos de orientação do fedback.
 Saber Interpretar a mecânica

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Quem deveria estudar este manual

Este Manual foi concebido para estudantes do 1º ano do curso de


Licenciatura em Ensino de Biologia do ISCED.

Como está estruturado este manual

O presente manual está estruturado da seguinte maneira:

 Conteúdos deste manual.


 Abordagem geral dos conteúdos do manual, resumindo os
aspectos-chave que você precisa para conhecer a história da
comunicação. Recomendamos vivamente que leia esta secção
com atenção antes de começar o seu estudo, como componente
de habilidades de estudos.

Conteúdo deste manual

Este manual está estruturado em temas. Cada tema, comporta


certo número de unidades temáticas ou simplesmente unidades,
cada unidade temática caracteriza-se por conter um título
específico, seguido dos seus respectivos subtítulos.

No final de cada unidade temática, são propostos 10 exercícios de


fechados e 5 exercicios abertos. No fim de cada tema, são
incorporados 10 exercícios fechados para avaliação e 5 exercicios
abertos para auto-avaliacao. No final do manual estão
incorporados 100 exercicios fechados para preparação aos
exames.

Os exercícios de avaliação são Teóricos e Práticos.

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Outros recursos

O ISCED pode, adicionalmente, disponibilizar material de estudo


na Biblioteca do Centro de recursos, na Biblioteca Virtual, em
formato físico ou digital.

Auto-avaliação e Tarefas de avaliação

As tarefas de auto-avaliação para este manual encontram-se no


final de cada unidade temática e de cada tema. As tarefas dos
exercícios de auto-avaliação apresentam duas características:
primeiro apresentam exercícios resolvidos com detalhes.
Segundo, exercícios que mostram apenas respostas.
As tarefas de avaliação neste manual também se encontram no
final de cada unidade temática, assim como no fim do manual em
si, e, devem ser semelhantes às de auto-avaliação, mas sem
mostrar os passos e devem obedecer o grau crescente de
dificuldades do processo de aprendizagem, umas a seguir a
outras. Parte das tarefas de avaliação será objecto dos trabalhos
de campo a serem entregues aos tutores/docentes para efeitos
de correcção e subsequentemente atribuição de uma nota.
Também constará do exame do fim do manual. Pelo que, caro
estudante, fazer todos os exercícios de avaliação é uma grande
vantagem.

Habilidades de estudo

O principal objectivo desta secção, é ensinar a aprender


aprendendo.

Durante a formação e desenvolvimento de competências, para


facilitar a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará
empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons
resultados apenas se conseguem com estratégias eficientes e
eficazes. Por isso, é importante saber como, onde e quando
estudar. Apresentamos algumas sugestões com as quais
esperamos que caro estudante possa rentabilizar o tempo
dedicado aos estudos, procedendo como se segue:

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1º - Praticar a leitura. Aprender à distância exige alto domínio de


leitura.

2º - Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida).

3º - Voltar a fazer a leitura, desta vez para a compreensão e


assimilação crítica dos conteúdos (ESTUDAR).

4º - Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se a sua


aprendizagem confere ou não com a dos colegas e com o padrão.

5º - Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades práticas


ou as de estudo de caso, se existir.

IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo-espaço-tempo,


respectivamente como, onde e quando estudar, como foi referido
no início deste item, antes de organizar os seus momentos de
estudo reflicta sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si:
Estudo melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo
melhor à noite/de manhã/de tarde/fins-de-semana/ao longo da
semana? Estudo melhor com música/num sítio sossegado/num
sítio barulhento!? Preciso de intervalo a cada 30 minutos ou a
cada 60 minutos? etc.

É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido


estudado durante um determinado período de tempo; deve
estudar cada ponto da matéria em profundidade e passar só a
seguinte quando achar que já domina bem o anterior.

Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que puder ler


e estudar, que saber tudo superficialmente! Mas a melhor opção
é juntar o útil ao agradável: saber com profundidade todos
conteúdos de cada tema, no manual.

Dica importante: não recomendamos estudar seguidamente por


tempo superior a uma hora. Estudar por tempo de uma hora
intercalado por 10 (dez) a 15 (quinze) minutos de descanso
(chama-se descanso à mudança de actividades). Ou seja, que
durante o intervalo não se continuar a tratar dos mesmos
assuntos das actividades obrigatórias.

Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalho intelectual


obrigatório, pode conduzir ao efeito contrário: baixar o

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rendimento da aprendizagem. Por que o estudante acumula um


elevado volume de trabalho, em termos de estudos, em pouco
tempo, criando interferência entre os conhecimentos, perde
sequência lógica, por fim ao perceber que estuda tanto, mas não
aprende, cai em insegurança, depressão e desespero, por se achar
injustamente incapaz!

Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma


avaliação. Aprenda a ser estudante de facto (aquele que estuda
sistematicamente), não estudar apenas para responder a
questões de alguma avaliação, mas sim estude para a vida,
sobretudo, estude pensando na sua utilidade como futuro
profissional, na área em que está a se formar.

Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e


que matérias deve estudar durante a semana; face ao tempo livre
que resta, deve decidir como o utilizar produtivamente, decidindo
quanto tempo será dedicado ao estudo e a outras actividades.

É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será


uma necessidade para o estudo das diversas matérias que
compõem o curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar
a estruturar a matéria de modo que seja mais fácil identificar as
partes que está a estudar e pode escrever conclusões, exemplos,
vantagens, definições, datas, nomes, pode também utilizar a
margem para colocar comentários seus relacionados com o que
está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a
seguir à compreensão do texto e não depois de uma primeira
leitura; utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo
significado não conhece ou não lhe é familiar.

Precisa de apoio?

Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão,
o material de estudos impresso, pode suscitar-lhe algumas
dúvidas como falta de clareza, alguns erros de concordância,
prováveis erros ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade,
página trocada ou invertidas, etc.). Nestes casos, contacte os
serviços de atendimento e apoio ao estudante do seu Centro de
Recursos (CR), via telefone, SMS, E-mail, Casos Bilhetes, se tiver
tempo, escreva mesmo uma carta participando a preocupação.

Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes


(Pedagógico e Administrativo), é a de monitorar e garantir a sua

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aprendizagem com qualidade e sucesso. Dai a relevância da


comunicação no Ensino à Distância (EAD), onde o recurso às TIC
se tornam incontornável: entre estudante, estudante – tutor,
estudante – CR, etc.

As sessões presenciais são um momento em que caro estudante,


tem a oportunidade de interagir fisicamente com staff do seu CR,
com tutores ou com parte da equipa central do ISCED indigitada
para acompanhar as suas sessões presenciais. Neste período,
pode apresentar dúvidas, tratar assuntos de natureza pedagógica
e/ou administrativa.

O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30%


do tempo de estudos a distância, é de muita importância na
medida em que permite-lhe situar, em termos do grau de
aprendizagem com relação aos outros colegas. Desta maneira fica
a saber se precisa de apoio ou precisa de apoiar aos colegas.
Desenvolver hábito de debater assuntos relacionados com os
conteúdos programáticos, constantes nos diferentes temas e
unidade temática, no manual.

Tarefas (avaliação e auto-avaliação)

O estudante deve realizar todas as tarefas (actividades avaliação e


autoavaliação), pois, influenciam directamente no seu
aproveitamento pedagógico.

Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não


cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação
do estudante. Esteja sempre ciente de que a nota das avaliações
conta e é decisiva para a admissão ao exame final da disciplina.

As avaliações são realizadas e submetidas na Plataforma


MOODLE.

Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa,


contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados,
respeitando os direitos do autor.

O plágio1 é uma violação do direito intelectual do (s) autor (es).


Uma transcrição à letra de mais de 8 (oito) palavras do texto de

1
Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária,
propriedade intelectual de outras pessoas, sem prévia autorização.

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um autor, sem o citar é considerada plágio. A honestidade,


humildade científica e o respeito pelos direitos autorais devem
caracterizar a realização dos trabalhos e seu autor (estudante do
ISCED).

Avaliação

Muitos perguntam: como é possível avaliar estudantes à


distância, estando eles fisicamente separados e muito distantes
do docente/tutor!? Nós dissemos: sim é muito possível, talvez
seja uma avaliação mais fiável e consistente.

Você será avaliado durante os estudos à distância que contam


com um mínimo de 90% do total de tempo que precisa de estudar
os conteúdos do seu manual. Quanto ao tempo de contacto
presencial, conta com um máximo de 10% do total de tempo do
manual. A avaliação do estudante consta de forma detalhada do
regulamento de avaliação.

As avaliações de frequência pesam 25% e servem de nota de


frequência para ir aos exames. Os exames são realizados no final
da disciplina e decorrem durante as sessões presenciais. Os
exames pesam 75%, o que adicionado aos 25% da média de
frequência, determinam a nota final com a qual o estudante
conclui a disciplina.

É definida a nota de 10 (dez) valores como nota mínima de


aprovação na disciplina.

Nesta disciplina, o estudante deverá realizar pelo menos 5


avaliações escritas sendo 2 fóruns e 3 testes (teóricos e práticos),
e 1 (um) exame final.

Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão


utilizados como ferramentas de avaliação formativa.

Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em


consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de
cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as
recomendações, a identificação das referências bibliográficas
utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros.

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Os objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento ds


Cursos e Sistemas de Avaliação do ISCED.

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TEMA – I: FÍSICA COMO CIÊNCIA NATURAL.

UNIDADE Temática 1.1. Introdução, Considerações Gerais


à Disciplina: natureza, objetivos e Princípios.
UNIDADE Temática 1.2. A evolução e o papel da Física na
vida contemporânea.
UNIDADE Temática 1.3. Exercícios deste tema (Resolvidos
e propostos, solução)

UNIDADE Temática 1.1. Introdução, Considerações Gerais


à Disciplina: natureza, objectivos e Princípios.

Introdução

A Física é a ciência das propriedades da matéria e das forças naturais.


Suas formulações são em geral compactantes expressas em linguagem

Matemática. A introdução da investigação experimental e a aplicação


do método matemático contribuíram para a distinção entre Física,
filosofia e religião, que, originalmente, tinham como objetivo comum
compreender a origem e a constituição do Universo.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

 Saber a origem da física e a sua evolução ao longo do tempo

 Conhecer o papel fundamental da física nas ciências exactas

Objectivos

específicos

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De acordo com o físico e matemático francês Henry Poincaré:

“A ciência é feita de fatos, assim como uma casa é feita de tijolos, mas
um amontoado de fatos não é ciência, assim como um amontoado de
tijolos não é uma casa”.

A ciência exige que se colete dados, analise-os e interprete-os de


forma bastante minuciosa, a partir daí procura-se uma lei que
represente o fenômeno estudado e cria-se uma teoria, e quem sabe
algum tempo depois essa teoria estará sendo aplicada em novas
tecnologias que contribuem para o bem-estar da sociedade.

Sob esse ponto de vista, a física é um dos ramos do conhecimento


mais bem sucedidos. Poucas áreas se destacaram tanto na produção
de conhecimento, aliado ao desenvolvimento tecnológico. Ela é uma
ciência experimental que trata da interação entre matéria e energia, é
uma das chamadas “ciências da natureza”. Ela envolve pesquisa,
coleta e organização de dados e formulação de hipóteses, essa
maneira de estudar os fenômenos foi inaugurada pelo físico italiano
Galileu Galilei no século XVII, e é chamado de método científico; antes
o conhecimento se baseava em observações.

A história da física teve início com os filósofos gregos, como Tales de


Mileto, que provavelmente viveu por volta de 624 a.C. Já naquela
época ele conseguiu observar a propriedade elétrica da matéria ao
perceber que uma resina vegetal fossilizada, chamada âmbar, atraía
pequenos pedaços de palhas e folhas secas quando era atritada com lã
e peles de animais. Outros filósofos ao longo dos séculos também
ocupavam-se com estudos de questões ligadas ao movimento e ao
tempo, entre eles está Aristóteles de Estagira (384 a.C – 322 a.C).
Dessa forma, o conhecimento foi aumentando de forma exponencial e

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se dividiu em diferentes áreas, entre elas a física.

Além dos filósofos gregos da antiguidade, muitos cientistas deram


grandes contribuições para o desenvolvimento da física, alguns com
grande destaque, entre eles podemos citar:

Nicolau Copérnico (1473 – 1543): foi quem anunciou o modelo


heliocêntrico, “colocando” o Sol no centro do sistema solar,

Tycho Brahe (1546 – 1601): utilizou de forma pioneira equipamentos


de medição para mapear posições de corpos celestes, contribuindo
imensamente com a astronomia.

Galileu Galilei (1564 – 1642): além de inaugurar o método científico,


estudou o movimento de corpos em queda livre.

Isaac Newton (1642 – 1727): com suas leis conseguiu explicar


praticamente todos os tipos de movimentos.

James Clerk Maxwell (1831 – 1879): uniu a eletricidade e o


magnetismo, dando origem ao eletromagnetismo.

Albert Einstein (1879 - 1955): publicou em 1905 três extraordinários


artigos: Teoria da relatividade restrita; Efeito fotoelétrico; Movimento
browniano.

É importante que se saiba que todos deram significativa contribuição,


o próprio Newton disse: “Se pude enxergar mais distante, foi porque
estive apoiado em ombros de gigantes”.

A física se desenvolveu tanto que acabou dividida em áreas: Física


Clássica e Física Moderna; na clássica estão os fenômenos que podem
ser explicados através das leis de Newton, já na física moderna estão
fenômenos relacionados às teorias surgidas a partir de meados do

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século XX, como a teoria da relatividade e a mecânica quântica.

Didaticamente, a maioria dos autores acabam optando por uma


divisão que segue basicamente esta sequência: Mecânica, Termologia,
Óptica, Ondulatória, Eletricidade e Física Moderna.

Mecânica: estuda o movimento. É subdividida em: cinemática,


dinâmica, gravitação, estática e hidrostática.

Termologia: estuda os fenômenos térmicos. É subdivida em


termometria, calorimetria e termodinâmica.

Óptica: estuda os fenômenos ligados à luz e pode ser subdividida em


óptica geométrica e óptica física.

Ondulatória: estuda as ondas e engloba a acústica, que trata das


ondas sonoras.

Eletricidade: estuda os fenômenos elétricos e magnéticos, é


subdividida em eletrostática, eletrodinâmica e eletromagnetismo.

Física moderna: envolve a relatividade especial, a mecânica quântica e


a física nuclear.

Assim, se você está iniciando seus estudos em física, saiba que,


embora tenhamos uma divisão didática, só existe uma física e todas as
áreas estão relacionadas.

Sumário

Nesta Unidade temática 1.1 estudamos e discutimos


fundamentalmente sobre os conceitos de Física e relacionamos a física
como ciência. E explicamos que a física é um dos ramos do

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ISCED FÍSICA

conhecimento mais bem-sucedidos. Ela é uma ciência experimental


que trata da interação entre matéria e energia, é uma das chamadas
“ciências da natureza”. Ela envolve pesquisa, coleta e organização de
dados e formulação de hipóteses, essa maneira de estudar os
fenômenos foi inaugurada pelo físico italiano Galileu Galilei no século
XVII, e é chamado de método científico; antes o conhecimento se
baseava em observações.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

Perguntas

1.A Física é a ciência das propriedades da matéria e das forças


naturais.

A. Verdade

B. Falso

2.Quem foi o primeiro físico a estudar o movimento de corpos em


queda livre?

Galileu Galilei B. Nicolau Copérnico

C. Albert Einstein D. James Clerk Maxwell

3.Em quantas partes se divide a Física?

1 B. 2 C. 3 D. 4

4.Em qual das físicas se pode enquadrar a teoria da relatividade e a


mecânica quântica?

Fisica Moderna B. Fisica Classica

C. Fisica Antiga D. Nenhuma

5.Qual é o papel da Termologia?

A. Estuda o movimento

B. Estuda os fenômenos térmicos

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C. Estuda os fenômenos elétricos e magnéticos

D. Estuda as ondas e engloba a acústica

Respostas: 1A, 2A, 3B, 4ª, 5B.

Exercícios para AVALIAÇÃO

Perguntas

A ciência que estuda os fenômenos ligados à luz chama-se:

Mecanica B. Optica C. Termologia C. Ondulatoria

O ramo da fiisca que estuda os fenômenos que podem ser explicados


através das leis de Newton, é conhecido por:

Termologia B. Fisica Moderna C. Fisica classica. D. Nenhuma

O modelo heliocêntrico foi anunciado pela primeira vez pelo cientista:

Galileu Galilei B. Nicolau Copérnico C. Albert Einstein D. James


Clerk Maxwell

A física envolve pesquisa, coleta e organização de dados e formulação


de hipóteses, essa maneira de estudar os fenômenos foi inaugurada
pelo físico italiano conhecido por:

Galileu Galilei B. Nicolau Copérnico C. Albert Einstein D. James


Clerk Maxwell.

A física é uma ciência experimental que trata da interação entre


matéria e energia, por isso mesmo, ela é chamada de

Ciência social B. Física clássica C. física moderna D. Ciência da


natureza

Respostas: 1B, 2C, 3B, 4A, 5D.

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UNIDADE Temática 1.2. A evolução e o papel da Física na


Época contemporânea.

Introdução

A introdução da investigação experimental e a aplicação do método


matemático contribuíram para a distinção entre Física, filosofia e
religião, que, originalmente, tinham como objetivo comum
compreender a origem e a constituição do Universo.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

 Saber a origem da física e a sua evolução ao longo do tempo

 Conhecer o papel fundamental da física como uma ciências natural.

Objectivos  Saber relacionar a evolução da física e das ciências naturais.

específicos

Física estuda a matéria nos níveis molecular, atômico, nuclear e


subnuclear. Estuda os níveis de organização ou seja os estados sólido ,
líquido, gasoso e plasmático da matéria. Pesquisa também as quatro
forças fundamentais: a da gravidade (força de atração exercida por
todas as partículas do Universo), a eletromagnética ( que liga os
elétrons aos núcleos), a interação forte (que mantêm a coesão do
núcleo e a interação fraca (responsável pela desintegração de certas
partículas - a da radiatividade).

1.2.1 Física Teórica e Experimental

A Física experimental investiga as propriedades da matéria e de suas


transformações, por meio de transformações e medidas, geralmente

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realizadas em condições laboratoriais universalmente repetíveis. A


Física teórica sistematiza os resultados experimentais, estabelece
relações entre conceitos e grandezas Físicas e permite prever
fenômenos inéditos.

1.2.2 Física na Antiguidade

A Física se desenvolve em função da necessidade do homem de


conhecer o mundo natural e controlar e reproduzir as forças da
natureza em seu benefício.

É na Grécia Antiga que são feitos os primeiros estudos "científicos"


sobre os fenômenos da natureza. Surgem os "filósofos naturais"
interessados em racionalizar o mundo sem recorrer à intervenção
divina. Entretanto, é com Aristóteles que a Física e as demais ciências
ganham o maior impulso na Antiguidade. Suas principais contribuições
para a Física são as idéias sobre o movimento, queda de corpos
pesados (chamados "graves", daí a origem da palavra "gravidade" ) e o
geocentrismo . A lógica aristotélica irá dominar os estudos da Física
até o final da Idade Média.

Aristóteles - (384 a.C. - 322 a.C. ) Nasce em Estagira, antiga Macedônia


(hoje, Província da Grécia) . Aos 17 anos muda-se para Atenas e passa
a estudar na Academia de Platão, onde fica por 20 anos. Em 343 a.C.
torna-se tutor de Alexandre, o grande, na Macedônia. Quando
Alexandre assume o trono, em 335 a.C. , volta a Atenas e começa a
organizar sua própria escola, localizada em um bosque dedicado a
Apolo Liceu – por isso, chamada de Liceu . Até hoje, se conhece
apenas um trabalho original de Aristóteles (sobre a Constituição de
Atenas) . Mas as obras divulgadas por meio de discípulos tratam de
praticamente todas as áreas do conhecimento: lógica, ética, política,
teologia, metafísica, poética, retórica, Física, psicologia, antropologia,
biologia. Seus estudos mais importantes foram reunidos no livro

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ISCED FÍSICA

Órganom.

1.2.3 Física Clássica

O século XVII lança as bases para a Física da era industrial. Simon


Stevin desenvolve a hidrostática, ciência fundamental para seu país, a
Holanda, protegida do mar por comportas e diques. Na óptica,
contribuição equivalente é dada por Christiaan Huygens, também
holandês, que constrói lunetas e desenvolve teorias sobre a
propagação da luz. Huygens é o primeiro a descrever a luz como onda.
Mas é Isaac Newton ( 1642-1727), cientista inglês, o grande nome
dessa época: são dele a teoria geral da mecânica e da gravitação
universal e o cálculo infinitesimal.

Leis da mecânica - A mecânica clássica se baseia em três leis.

Primeira lei - É a da inércia. Diz que um objeto parado e um


objeto em movimento tendem a se manter como estão a não
ser que uma força externa atue sobre eles.
Segunda lei - Diz que a força é proporcional à massa do objeto
e sua aceleração. A mesma força irá mover um objeto com
massa duas vezes maior com metade da aceleração.
Terceira lei - Diz que para toda ação há uma reação equivalente
e contrária. Este é o princípio da propulsão de foguetes:
quando os gases "queimados"(resultantes da combustão do
motor) escapampela parte final do foguete, fazem pressão em
direção oposta, impulsionando-o para a frente.

Gravitação universal –

Observando uma maçã que cai de uma árvore do jardim de sua


casa, ocorre a Newton a idéia de explicar o movimento dos
planetas como uma queda. A força de atração exercida pelo
solo sobre a maçã poderia ser a mesma que faz a Lua "cair"
continuamente sobre a Terra.

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ISCED FÍSICA

Durante os 20 anos seguintes , Newton desenvolve os cálculos


que demonstram a hipótese da gravitação universal e detalha
estudos sobre a luz, a mecânica e o teorema do binômio. Em
1687 publica Princípios matemáticos da filosofia natural,
conhecida como Principia, obra-prima científica que consolida
com grande precisão matemática suas principais descobertas.
Newton prova que a Física pode explicar tanto fenômenos
terrestres quanto celestes e por isso é universal.

1.2.4 Física Moderna

No século XVIII, embora haja universidades e academias nos grandes


centros, mais uma vez é por motivos práticos que a Física se
desenvolve. A revolução industrial marca nova fase da Física. As áreas
de estudos se especializam e a ligação com o modo de produção
torna-se cada vez mais estreita.

Termodinâmica

Estuda as relações entre calor e trabalho. Baseia-se em dois princípios:


o da conservação de energia e o de entropia. Estes princípios são a
base de máquinas a vapor, turbinas, motores de combustão interna,
motores a jato e máquinas frigoríficas.

Eletromagnetismo

Em 1820, o dinamarquês Hans Oersted relaciona fenômenos elétricos


aos magnéticos ao observar como a corrente elétrica alterava o
movimento da agulha de uma bússola. Michel Faraday defendeu que:

Indução eletromagnética - Um campo magnético (variável) gerado por


uma corrente elétrica (também variável) pode induzir uma corrente
elétrica em um circuito. A energia elétrica também pode ser obtida a
partir de uma ação mecânica: girando em torno de um eixo, um
enrolamento de fio colocado entre dois imãs provoca uma diferença

18
ISCED FÍSICA

de potencial (princípio do dínamo).

Sumário

Nesta Unidade temática 1.1 estudamos e discutimos


fundamentalmente sobre a evolução da física ao longo do tempo.
Falamos da física clássica do século XVII que lança as bases para a
Física da era industrial. Vimos que foi Isaac Newton ( 1642-1727),
cientista inglês, o grande homem que defendeu a teoria geral da
mecânica e da gravitação universal e o cálculo infinitesimal.
Discutimos também sobre a física aplicada desenvolvida no século
XVIII através da qual surge a termodinâmica, a mecânica, o
electromagnetismo e etc.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

Perguntas

1. A Física experimental investiga as propriedades da matéria e


de suas transformações, por meio de transformações e
medidas, geralmente realizadas em condições laboratoriais
universalmente repetíveis.

A. Verdadeiro

B. Falso

2. A primeira lei da Mecanica diz que um objeto parado e um


objeto em movimento tendem a se movimentar como estão a
não ser que uma força interna atue sobre eles.

A. Verdadeiro

B. Falso

3. A termodinâmica estuda as relações entre calor e trabalho

19
ISCED FÍSICA

A. Verdadeiro

B. Falso

4. Um campo magnético (variável) gerado por uma corrente


elétrica (também variável) pode induzir uma corrente elétrica
em um circuito

A. Verdadeiro

B. Falso

5. Em que pais foram feitos os primeiros estudos "científicos"


sobre os fenômenos da natureza

A. Egipto B. Roma C. Grécia. D. Sucecia

Respostas: 1A, 2B, 3A, 4A, 5C.

Exercícios para AVALIAÇÃO

Perguntas

O que entendes por física clássica?

A física é uma ciência com claro valor experimental através da qual as


teorias e as leis são extraídas.

A física é uma ciência social e experimental através da qual as teorias e


as leis são extraídas.

A física é uma ciência humana e experimental através da qual as


teorias e as leis não são extraídas.

Nenhuma das alternativas.

Os estudos mais importantes de Aristóteles foram reunidos no:

Egipto

Órganom

20
ISCED FÍSICA

Roma

Nenhuma das alternativas

Um campo magnético (variável) gerado por uma corrente elétrica


(também variável) pode induzir uma corrente elétrica em um circuito.
Este conceito esta relacionado com

Termodinâmica

Eletromagnetismo

Física moderna

Respostas: 1A, 2C, 3B, 4A, 5D.

UNIDADE Temática 1.3. Exercios resolvidos deste tema.

Sumário

Tema 2: Vectores

2.1.Escalares e Vectores

2.2. Aplicação dos vectores aos problemas de cinemática;

2.3. Produto escalar e vectorial.

21
ISCED FÍSICA

UNIDADE Temática 2.1. Escalares e Vectores

Introdução

Este capitulo servira como uma introduçao ou revisao essencial das


ideias essenciais da algebra vectorial a aplicaçao dos problemas da
fisica, uma vez que este e constituida por grandezas vectorias, como
força, velocidade, aceleraçao, e algumas escalares, como massa,
tempo. Entao com aplicacao dessas grandezas vectoriais ou escalar,
pode vir a facilitar a compreençao de alguns conceitos das ciencias
naturais

 Saber somar, subtrair, multiplicar e dividir vectores

 Conhecer as aplicações do produto escalar e vectorial

Objetivos  Aplicar os vectores em problemas de cinemática

Específicos

Os vectores são importantes porque facilitam os cientistas a escrever


em notação abreviada e conveniente algumas expressões complexas.
Por exemplo podemos representar a posição como função de tempo

𝑥(𝑡) = 4𝑡 3 + 3𝑡 2 + 2𝑡 + 4 e dela expressarmos o comportamento da


partícula em qualquer instante.

2.1.1. Operação com Vectores

Vamos considerar dois vectores dados na forma, 𝑎⃗ = 𝑎𝑥 𝑖⃗ + 𝑎𝑦 𝑗⃗ +


⃗⃗ 𝑒 𝑏⃗⃗ = 𝑏𝑥 𝑖⃗ + 𝑏𝑦 𝑗⃗ + 𝑏𝑧 𝑘
𝑎𝑧 𝑘 ⃗⃗.

22
ISCED FÍSICA

2.1.2. Adição e Subtracção

𝑎⃗ + 𝑏⃗⃗ = 𝑖⃗(𝑎𝑥 + 𝑏𝑥 ) + 𝑗⃗(𝑎𝑦 + 𝑏𝑦 )


⃗⃗ (𝑎𝑧 + 𝑎𝑧 )
+𝑘 (1.6)

𝑎⃗ − 𝑏⃗⃗ = 𝑖⃗(𝑎𝑥 − 𝑏𝑥 ) + 𝑗⃗(𝑎𝑦 − 𝑏𝑦 )


⃗⃗ (𝑎𝑧 − 𝑎𝑧 )
+𝑘 (1.7)

2.1.3. Produtos Escalar de vectores

(𝑎⃗. 𝑏⃗⃗) = |𝑎⃗|. |𝑏⃗⃗|. 𝑐𝑜𝑠𝜃 (1.8) ↔ 𝑒 𝑜 â𝑛𝑔𝑢𝑙𝑜 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒 𝑎⃗ 𝑒𝑏⃗⃗ 𝑠𝑒𝑟á, 𝑐𝑜𝑠𝜃

(𝑎⃗. 𝑏⃗⃗)
= (1.9)
|𝑎⃗|. |𝑏⃗⃗|

𝑎𝑥 𝑏𝑥

⃗ 𝑎 𝑏
(𝑎⃗. 𝑏) = ( 𝑦 ) . ( 𝑦 ) = 𝑎𝑥 . 𝑏𝑥 + 𝑎𝑦 . 𝑏𝑦 + 𝑎𝑧 . 𝑏𝑧 (1.10)
𝑎𝑧 𝑏𝑧

2.1.4.Produtos vectorial

(𝑎⃗𝑥𝑏⃗⃗) = |𝑎⃗|. |𝑏⃗⃗|. 𝑠𝑒𝑛𝜃

𝑖⃗ 𝑗⃗ 𝑘⃗⃗
(𝑎⃗𝑥𝑏⃗⃗) = |𝑎𝑥 𝑎𝑦 𝑎𝑧 |
𝑏𝑥 𝑏𝑧 𝑏𝑧
𝑎𝑦 𝑎𝑧 𝑎𝑥 𝑎𝑧
= 𝑖⃗ | | − 𝑗⃗ |𝑏 𝑏𝑧 |
𝑏𝑧 𝑏𝑧 𝑥
𝑎 𝑎𝑦
+𝑘⃗⃗ | 𝑥 | (1.11𝑎)
𝑏𝑥 𝑏𝑧

(𝑎⃗𝑥𝑏⃗⃗) = 𝑖⃗(𝑎𝑦 . 𝑏𝑧 − 𝑏𝑧 . 𝑎𝑧 ) − 𝑗⃗(𝑎𝑥 . 𝑏𝑧 − 𝑏𝑥 . 𝑎𝑧 )


⃗⃗ (𝑎𝑥 . 𝑏𝑧 − 𝑏𝑥 . 𝑎𝑦 )
+𝑘 (1.11𝑏)

Exemplo 1

Dados dois vectores, ⃗⃗ 𝑒 𝐵


𝐴⃗ = 4𝑖⃗ + 𝑗⃗ + 3𝑘 ⃗⃗ ,
⃗⃗ = −2𝑖⃗ + 𝑗⃗ − 2𝑘

determine,

23
ISCED FÍSICA

Verifique se o vector 𝐴⃗ é o não unitário

A soma e a diferença (𝐴⃗ + 𝐵


⃗⃗ 𝑒 𝐴⃗ − 𝐵
⃗⃗ )

O produto escalar (𝐴⃗. 𝐵


⃗⃗ )

O produto vectorial (𝐴⃗𝑥𝐵


⃗⃗ )

O ângulo entre os vectores

Resolução

Para verificar se o vector é unitário precisamos de determinar o seu


módulo, pois, é unitário o vector cujo o seu módulo é igual a unidade.
Pela definição de módulo temos,

|𝐴⃗| = √42 + 12 + 32 ≈ 5,1 , Então o vector não é unitário porque


5,1 ≠ 1

10 Para soma, 𝐴⃗ + 𝐵 ⃗⃗ =
⃗⃗ = (4 + (−2))𝑖⃗ + (1 + 1)𝑗⃗ + (3 + (−2))𝑘

⃗⃗
2𝑖⃗ + 2𝑗⃗ + 𝑘

20 Para a diferença, 𝐴⃗ − 𝐵
⃗⃗ = (4 − (−2))𝑖⃗ + (1 − 1)𝑗⃗ + (3 −

⃗⃗ = 6𝑖⃗ + 5𝑘
(−2))𝑘 ⃗⃗

Visto que não somos dados o ângulo, para calcular o produto escalar
usamos a forma,

4 −2
⃗ ⃗⃗
(𝐴. 𝐵 ) = (1) . ( 1 ) = 4. (−2) + 1.1 + 3. (−2) = −13
3 −2

Para o produto vectorial temos,

𝑖⃗ ⃗⃗
𝑗⃗ 𝑘
⃗ ⃗⃗ ⃗⃗ (4 + 2)
(𝐴𝑥𝐵 ) = | 4 1 3 | = 𝑖⃗(−2 − 3) − 𝑗⃗(−8 + 6) + 𝑘
−2 1 −2
⃗⃗
= −5𝑖⃗ + 2𝑗⃗ + 6𝑘

24
ISCED FÍSICA

Para encontrar o ângulo entre os vectores, podemos usar tanto a


definição do produto escalar ou vectorial, mas, primeiro precisamos
de determinar o módulo de cada vector, isto é,

|𝐴⃗| = √42 + 12 + 32 ≈ 5,1 𝑒 |𝐵


⃗⃗ | = √(−2)2 + 12 + (−2)2 = 3

(𝐴⃗. 𝐵
⃗⃗ ) −13
𝑐𝑜𝑠𝜃 = → 𝜃 = 𝑎𝑟𝑐𝑐𝑜𝑠 ( ) = 𝑎𝑟𝑐𝑐𝑜𝑠(0,85) ≈ 1480
⃗ ⃗⃗
|𝐴|. |𝐵 | 5,1.3

2.1.5.Angulos Directores e Cossenos Directores

Ângulo director, é um ângulo


compreendido entre um vetor e os eixos
coordenados (x,y e z). Para estudar os
ângulos e cossenos directores vamos
considerar um vector V no espaço
tridimensional, figura 1.4.

Figure 1 Agulos directores ⃗⃗,


⃗⃗ = 𝑉𝑥 𝑖⃗ + 𝑉𝑦 𝑗⃗ + 𝑉𝑧 𝑘
Se 𝑉 então pela
relação (1.7),

⃗⃗
⃗⃗ |. |𝑖⃗|. 𝑐𝑜𝑠𝛼, logo, 𝑐𝑜𝑠𝛼 = 𝑉.𝑖⃗
⃗⃗ . 𝑖⃗ = |𝑉
𝑉 ⃗⃗ |.|𝑖⃗|
|𝑉

𝑉𝑥 1 𝑉𝑥 0
(𝑉𝑦 ).(0) (𝑉𝑦 ).(1)
𝑉𝑧 0 𝑉 𝑉𝑧 0 𝑉𝑦
𝑐𝑜𝑠𝛼 = ⃗⃗|.1
|𝑉
= |𝑉⃗⃗𝑥| (1.12) 𝑐𝑜𝑠𝛽 = ⃗⃗|.1
|𝑉
= |𝑉⃗⃗| (1.13)

25
ISCED FÍSICA

𝑉𝑥 0
(𝑉𝑦 ).(0)
𝑉𝑧 1 𝑉
𝑐𝑜𝑠𝛾 = ⃗⃗ |.1
|𝑉
= |𝑉⃗⃗𝑧| (1.14)

Visto isto chegamos a identidade trigonométrica dos ângulos


directores, isto é,

𝑐𝑜𝑠 2 𝛼 + 𝑐𝑜𝑠 2 𝛽 + 𝑐𝑜𝑠 2 𝛾 = 1 (1.15)

Exemplo 2

Dado o vector, ⃗⃗ , Determine os seus cossenos


𝐴⃗ = 4𝑖⃗ + 𝑗⃗ + 3𝑘
directores e os ângulos directores.

Resolução

Recorrendo as definições (1.12), (1.13) e (1.14), escrevemos, 𝑐𝑜𝑠𝛼 =


𝐴𝑥 𝐴𝑦 𝐴
|𝐴⃗|
, 𝑐𝑜𝑠𝛽 = |𝐴⃗| 𝑒 𝑐𝑜𝑠𝛾 = |𝐴⃗𝑧|

Calculando o módulo do vector, tem-se, |𝐴⃗| = √42 + 12 + 32 ≈ 5,1

4 1
𝑐𝑜𝑠𝛼 = ↔ 𝛼 = arccos(0,78) ≈ 380 , 𝑐𝑜𝑠𝛽 = ↔ 𝛽≈
5,1 5,1
3
790 𝑒 𝑐𝑜𝑠𝛾 = 5,1 ↔ 𝛾 = 540

Para provar a resposta podemos usar a identidade trigonométrica, isto


é, 𝑐𝑜𝑠 2 38 + 𝑐𝑜𝑠 2 79 + 𝑐𝑜𝑠 2 54 ≈ 1

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

Perguntas

1. Quais das quantidades abaixo não podem ser completamente


descritas por um escalar e um vector?

A. Massa

B. Volume

C. área

26
ISCED FÍSICA

D. Força

E. Aceleração

F. Energia

Respostas: Escalar: A, B, C, F. Vector E, D…

2. Duas forças F1 e F2 tem modulos iguais a 10N cada uma, qual e o


modulo da força resultante quando o angulo formado entre eles é :

a) 00 b) 1800 c) 900 d)600 e) 1200

Respostas: a) 20N, b) 0N c) 10√2 N d) 10√3 N e) 10 N

Exercícios para AVALIAÇÃO

Perguntas

Com seis vetores de módulos iguais a 8 u, construiu-se o hexágono


regular ao lado. O módulo do vetor resultante desses 6 vetores é:

A figura mostra 5 forças representadas por vetores de origem comum,


dirigindo-se aos vértices de um hexágono regular.

Analisando a disposição dos vetores BA, EA , CB, CD e DE , conforme

27
ISCED FÍSICA

figura abaixo, assinale a alternativa que contém a relação vetorial


correta.

a) CB + CD + DE = BA + EA

b) BA + EA + CB = DE + CD

c) EA - DE + CB = BA + CD

d) EA - CB + DE = BA - CD

e) BA - DE - CB = EA + CD

Respostas: 1: 32u; 2: 30N 3: d)

Exercícios do TEMA

Perguntas

As duas forças atuam sobre um parafuso A. Determine sua resultante


e sua direção

Uma barcaça é puxada por dois rebocadores. Se a resultante das


forças exercidas pelos rebocadores é 22.250 N dirigida ao longo do
eixo da barcaça, determine:

A força de tração em cada um dos cabos para α = 45 o ,

valor de α para o qual a tração no cabo 2 é mínima.

Respostas: 1:98N ∝=350, 2 a) T1  16.200 N T2  11.500 N : a)

T1  11125N T2  19269 N   60 0

28
ISCED FÍSICA

UNIDADE TEMA III: CINEMÁTICA DO PONTO MATERIAL

3.1. Movimento numa dimensão

3.2. Movimento em duas dimensões: movimento num plano;

3.3. Movimento curvilíneo no espaço tridimensional;

3.4.Movimento relativo

Introdução

Para simplificarmos a discussão do movimento, começamos com


corpos cuja posição pode ser descrita pela localização de um único
ponto. Um destes corpos é denominado particula ou ponto material.

Há a tendência de pensarmos que a partícula é um corpo muito


pequeno, um grãozinho de areia, por exemplo, mas na verdade não há
qualquer limite de tamanho implícito no conceito.

Um corpo está em movimento relativamente a um outro, quando sua


posição medida com relação ao segundo, varia com o tempo, e,
quando sua posição relativa não varia com o tempo, diz-se que o
corpo está em repouso relativo.

Desta forma, repouso e movimento são conceitos relativos, isto é,


dependem da escolha do corpo que servirá de referencial, por
exemplo, uma árvore e uma casa estão em repouso relativo a Terra e
em movimento relativo ao sol.

Contudo, para descrever o movimento, é importante que o


observador defina um sistema de referência ou referencial em relação
ao qual o movimento é analisado.

29
ISCED FÍSICA

 Saber Interpretar os movimentos de uma partícula a partir das


equações do movimento

 Aplicar as equações de movimento


Objetivos
 Aplicar equações de trajectória
Específicos

3. Movimento

3.1.1. Posição e Deslocamento

A posição de uma partícula pode ser definida relativamente a um referencial através de um vector
⃗⃗ , ou simplesmente por 𝑥 = 𝑥𝑖⃗, se o movomento for rectilíneo conicidente
posição 𝑟⃗ = 𝑥𝑖⃗ + 𝑦𝑗⃗ + 𝑧𝑘
com o eixo 𝑜𝑥.

Entende-se por deslocamento, à variação da posição da partícula durante um certo intervalo de


tempo, isto é, o delocamento é dado pela diferença da posição final e inicial da partícula.

Neste tema nos interessa estudar os movimentos rectilíneo, curvilíneo e circular de uma partícuca.

3.1.2. Movimento Rectilíneo

O movimento de um corpo é rectilíneo quando a sua trajectória é uma linha recta.

3.2. Velocidade

Para estudar a velocidade, vamos considerar o eixo OX, coincidente com a trajectória da partícula
(figura 2.1).

∆𝑥 Instante inicial 𝑡: 𝑥 = 𝑂𝐴 e final 𝑡 ′ : 𝑥 ′ = 𝑂𝐵, então a


𝑖⃗ A B velocidade média será,
𝑋
O 𝑥 𝑣⃗ 𝑥′
𝑥 ′ − 𝑥 ∆𝑥
Figura 2.1 Movimento Rectilíneo 𝑣𝑚𝑒𝑑 = = (2.1)
𝑡′ − 𝑡 ∆𝑡
30
ISCED FÍSICA

Onde, ∆𝑥 = 𝑥 ′ − 𝑥 − 𝑑𝑒𝑠𝑙𝑜𝑐𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑒 ∆𝑡 − 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑑𝑜

Em princípio, o deslocamento pode ser relacionado com o tempo por meio de uma relação funcional,
𝑥 = 𝑓(𝑡)

 A velocidade média durante um certo intervalo de tempo é igual ao deslocamento médio


por unidade do tempo durante um interval de tempo.

Pretendendo definir a velocidade instantânea em um ponto qualquer, por exemplo A, faz-se o


intervalo de tempo ∆𝑡 tão pequeno possivel, para que não ocorram variações essenciais no estado do
movimento durante esse intervalo.

∆𝑥
Em linguagem matemática, escrevemos: 𝑣 = lim 𝑣𝑚𝑒𝑑 = lim , que é a derivada de x em relação
∆𝑡→𝑜 ∆𝑡→0 ∆𝑡
𝑑𝑥
ao tempo, isto é, 𝑣 = (2.2)
𝑑𝑡

.  A velocidade instantânea é obtida pelo cálculo da derivada do deslocamento em relação ao


tempo

O termo velocidade será muitas vezes empregue para referir-se a velocidade instantânea.
Conhecendo 𝑣 = 𝑓(𝑡), a posiçao X, pode ser optida por integração da relação (2.2), o que resulta,

𝑥 𝑡 𝑡
∫ 𝑑𝑥 = ∫ 𝑣𝑑𝑡 ↔ 𝑥 = 𝑥0 + ∫ 𝑣𝑑𝑡 (2.3)
𝑥0 𝑡0 𝑡0

O deslocamento dx pode ser positivo ou negativo, dependendo do sentido do movimento, isto é,


+𝑜𝑥 𝑒 − 𝑜𝑥.

3.2.2. Aceleração

Ao falar de aceleração num movimento rectilíneo, estamos a falar da aceleração tangencial,


responsável pela variação do módulo da velocidade. Em geral a velocidade de um corpo é uma função
de tempo. Suponhamos que na figura 2.1, no instante t o objecto está em A, com a velocidade v, e, no
instante t’ ele está em B com v’, então a aceleração média entre A e B, será,

31
ISCED FÍSICA

𝑣 ′ − 𝑣 ∆𝑣
𝑎𝑚𝑒𝑑 = = (2.4)
𝑡′ − 𝑡 ∆𝑡

Por analogia à velocidade, para ∆𝑡 pequeno, a aceleração instantânea tem a forma,

𝑑𝑣
𝑎= (2.5)
𝑑𝑡

 A aceleração instantânea é obtida pelo cálculo da derivada temporal da velocidade

O termo aceleração passará a significar aceleração instantânea. Em geral ela varia durante o
movimento. Se o módulo da velocidade aumenta com o tempo, o movimento é considerado
acelerado e, se ela decresce com o tempo em valor absoluto, o movimento é considerado retardado.

Exemplo 1

(*) O movimento de um ponto material é definido pela relação 𝑋(𝑡) = 2𝑡 4 − 3𝑡 3 + 𝑡, onde X é


expresso em metros e t em segundos. Determinar a velocidade e aceleração no instante 3 s.

Resolução:

Primeiro vamos encontrar as expressões de velocidade e aceleração para um instante qualquer,


depois iremos substituir para o instante 3 s.

𝑑𝑥 𝑑
De relações (2.2) e (2.5), tem-se que, 𝑣(𝑡) = = 𝑑𝑡 (2𝑡 4 − 3𝑡 3 + 𝑡) = 8𝑡 3 − 9𝑡 2 + 1
𝑑𝑡

𝑑𝑣 𝑑
𝑎(𝑡) = = (8𝑡 3 − 9𝑡 2 + 1 ) = 24𝑡 2 − 18𝑡
𝑑𝑡 𝑑𝑡

No instante 3 s, temos, 𝑣(3) = 8. 33 − 9. 32 + 1 = 136𝑚/𝑠 𝑒 𝑎(3) = 24. 32 − 18.3 = 162𝑚/𝑠 2

Conhecendo a aceleração, relação (2.5), por via de integração podemos calcular a velocidade,

𝑣 𝑡 𝑡
∫ 𝑑𝑣 = ∫ 𝑎𝑑𝑡 ↔ 𝑣 = 𝑣0 + ∫ 𝑎𝑑𝑡 (2.6)
𝑣0 𝑡0 𝑡0

A relação entre a aceleração e a posição pode ser obtida pela combinação das equações (2.2) e (2.5),

32
ISCED FÍSICA

resultando em,

𝑑𝑣 𝑑 𝑑𝑥 𝑑2 𝑥
𝑎= = ( )= 2 (2.7)
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡

Para além da relação (2.7), outra importante relação entre a posição e a velocidade pode ser obtida a
partir da relação 𝑑𝑣 = 𝑎𝑑𝑡, multiplicando ambos os membros pela relação (2.2), isto é,

𝑑𝑥 𝑑𝑥
𝑑𝑣 =𝑎 𝑑𝑡 ↔ 𝑣𝑑𝑣 = 𝑎𝑑𝑥 (2.8)
𝑑𝑡 𝑑𝑡
𝑣 𝑥 𝑥 𝑥
1 2 1 2
∫ 𝑣𝑑𝑣 = ∫ 𝑎𝑑𝑥 → 𝑣 − 𝑣0 = ∫ 𝑎𝑑𝑥 ↔ 𝑣 2 = 𝑣0 2 + 2 ∫ 𝑎𝑑𝑥 (2.9)
𝑣0 𝑥0 2 2 𝑥0 𝑥0

3.3. Movimento Curvilíneo

3.3.1. Velocidade

Considerando a figura 2.2, nos instantes,


𝑍 inicial 𝑡: 𝑟 = ̅̅̅̅
𝑂𝐴 = 𝑢𝑥 𝑥 + 𝑢𝑦 𝑦 + 𝑢𝑧 𝑧 (𝑎)

𝐴 ∆𝑟 𝐵 𝑣𝑚𝑒𝑑 ̅̅̅̅ = 𝑢𝑥 𝑥′ + 𝑢𝑦 𝑦′ + 𝑢𝑧 𝑧′ (𝑏)


final 𝑡′: 𝑟′ = 𝑂𝐵

𝑟 𝑟′ O movimento é pelo arco 𝐴𝐵 = ∆𝑠, mas o deslocamento é


o vector ∆𝑟.
𝑂
Onde, ∆𝑟 = 𝑟 ′ − 𝑟 = 𝑖⃗(𝑥 ′ − 𝑥) + 𝑗⃗(𝑦 ′ − 𝑦) + 𝑘⃗⃗ (𝑧 ′ − 𝑧)
𝑋 𝑌

Figura 2.2 Deslocamento do ponto ∆𝑟 = ∆𝑥𝑖⃗ + ∆𝑦𝑗⃗ + ∆𝑧𝑘⃗⃗ (2.10)

∆𝑟 ∆𝑥 ∆𝑦 ∆𝑧
Para a velocidade média temos, 𝑣𝑚𝑒𝑑 = ⃗⃗
(𝑎), ou 𝑣𝑚𝑒𝑑 = 𝑖⃗ ∆𝑡 + 𝑗⃗ ∆𝑡 + 𝑘 (𝑏) (2.11) e a
𝑑𝑡 ∆𝑡
∆𝑟 𝑑𝑟
instantânea na forma, lim 𝑣𝑚𝑒𝑑 = lim (𝑎), 𝑜𝑢 𝑣= (𝑏) (2.12)
∆𝑡→0 ∆𝑡→0 ∆𝑡 𝑑𝑡

Ainda podemos encontrar as componentes da velocidade bem como o seu módulo, se combinarmos
as equações (2.11b) e (2.12b), que resultam em,

𝑑𝑥 𝑑𝑦 𝑑𝑧 𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝑑𝑥
𝑣 = 𝑖⃗ ⃗⃗
+ 𝑗⃗ + 𝑘 (2.13) 𝑒 𝑣𝑥 = , 𝑣𝑦 = 𝑒 𝑣𝑧 = (2.14)
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡

33
ISCED FÍSICA

|𝑣| = √𝑣𝑥 2 + 𝑣𝑦 2 + 𝑣𝑧 2 (2.15)

3.3.2 Aceleração

No movimento curvilíneo, a velocidade em geral varia tanto em módulo como em direcção.

⃗⃗
𝑑𝑣 𝑑2 𝑟
𝑎⃗ = (2.16), 𝑜𝑢 𝑎⃗ = ⃗⃗ , então a sua derivada será, 𝑑𝑣⃗ = 𝑑𝑣𝑥 𝑖⃗ +
(2.17). Se 𝑣⃗ = 𝑣𝑥 𝑖⃗ + 𝑣𝑦 𝑗⃗ + 𝑣𝑧 𝑘
𝑑𝑡 𝑑𝑡 2
𝑑𝑣𝑥 𝑑𝑣𝑦 𝑑𝑣𝑧
⃗⃗, logo, 𝑎⃗ = 𝑖⃗
𝑑𝑣𝑦 𝑗⃗ + 𝑑𝑣𝑧 𝑘 + 𝑗⃗ ⃗⃗
+𝑘 (2.18), e
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡

𝑑𝑣𝑥 𝑑2 𝑥 𝑑𝑣𝑦 𝑑2 𝑦
𝑎𝑥 = , 𝑜𝑢 𝑎𝑥 = 2 (2.19) 𝑎𝑦 = , 𝑜𝑢 𝑎𝑦 = 2 (2.20)
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡

𝑑𝑣𝑧 𝑑2𝑧
𝑎𝑧 = , 𝑜𝑢 𝑎𝑧 = 2 (2.21) 𝑒 𝑜 𝑚ó𝑑𝑢𝑜𝑙𝑜 𝑐𝑜𝑚𝑜, |𝑣| = √𝑎𝑥 2 + 𝑎𝑦 2 + 𝑎𝑧 2 (2.22)
𝑑𝑡 𝑑𝑡

É importante salientar que no movimento curvilíneo, as coordenadas da partícula móvel são funções
de tempo e, são dadas pelas equações, 𝑥 = 𝑥(𝑡), 𝑦 = 𝑦(𝑡) 𝑒 𝑧 = 𝑧(𝑡) (2.23) e 𝑎𝑥 = 𝑎𝑥 (𝑡), 𝑎𝑦 =
𝑎𝑦 (𝑡) 𝑒 𝑎𝑧 = 𝑎𝑧 (𝑡) (2.24)

3.3.3. Componentes Tangencial e Normal da Aceleração

Quando uma partícula se move em uma curva, o módulo da velocidade pode variar, e, essa variação
está relacionada com a aceleração tangencial (𝑎 𝑇 ). De outro lado, durante o movimento a direcção da
velocidade também varia, e, essa variação é graças a aceleração normal (𝑎𝑁 ).

𝑎𝑇 𝑣
A afirmação anterior permite-nos chegar ao significado físico 𝑇
das componentes:
𝑎𝑁 - responsável pela variação na direcção da velocidade 𝑎𝑁 𝑎
𝑎 𝑇 - responsável pela variação do módulo da velocidade, onde,
𝑑𝑣 𝑣2
𝑎 = 𝑢𝑇 + 𝑢𝑁 (2.25)
𝑑𝑡 𝜌

Figura 2.3 Partícula numa Curva

Os coeficientes 𝑢𝑇 𝑒 𝑢𝑁 , são vectores unitários (também denominados versores) na diracção


tangecial e normal, equanto que 𝜌 é o raio da trajectória. O primeiro termo da relação (2.25), está
relacionado com a variação temporal da velocidade, e, como foi colocado anteriorimente, o termo

34
ISCED FÍSICA

corresponde a aceleração tangencial, enquanto que o segundo relacionado com a variação na


direcção da velocidade corresponde a aceleração normal, isto é,

𝑑𝑣 𝑣2
𝑎𝑁 = (2.26) 𝑎𝑁 = (2.27)
𝑑𝑡 𝜌

Contudo, conhecendo o valor das componentes 𝑎 𝑇 𝑒 𝑎𝑁 , podemos calcular o módulo da aceleração


pela fórmula,

2
𝑣2 𝑑𝑣 2
2
|𝑎⃗| = √𝑎𝑁 + 𝑎 𝑇 2 = √( ) + ( ) (2.28)
𝜌 𝑑𝑡

3.4. Movimento Circular

Quando a trajectória descrita por uma partícula for circular ou quando o raio da mesma trajectória é
constante, o movimento é demominado circular, figura 2.4.

É importante salientar que as grandezas até agora utilizadas, de deslocamento, posição, velocidade e
de aceleração, eram úteis quando o objetivo era descrever movimentos lineares, mas na análise de
movimentos circulares, devemos introduzir novas grandezas, que são chamadas grandezas
angulares, medidas sempre em radianos, são elas, o deslocamento angular (∆𝜃), a posição angular
(𝜃), a velocidade angular (ω) e a aceleração angular (α).

3.4.1 Velocidade Angular 𝜔


⃗⃗

𝑦
𝜃 R
𝑣⃗
𝑥 𝑆
Figura 2.4 Movimento
Circular

𝑑𝑆 𝑑𝜃
Derivando (2.29) em função ao tempo, tem-se, = 𝑅 𝑑𝑡 (2.32), e ao substituir (2.31) em (2.32), e
𝑑𝑡

levando em conta a definição da velocidade, resulta,

𝒗 = 𝑹. 𝝎 (𝒂) 𝑆𝑒 𝑟 ≠ 0, 𝑅 = 𝑟𝑠𝑒𝑛𝛿 ↔ 𝑣 = 𝑟𝑥𝜔


⃗⃗ (𝒃) (2.33)

A velocidade angular é uma grandeza vectorial com direcção


normal ao plano do movimento e o sentido encontrado aplicando a
regra da mão direita, figura 2.4. 35

𝑆
𝜃= → 𝑺 = 𝑹𝜽 (2.29) e ∆𝜽 = 𝜽′ − 𝜽 (2.30) e por analogia a
ISCED FÍSICA

Onde, 𝑟 −é o vector que nos dá a posição onde o corpo executa o movimento, na figura 2.4, 𝑟 =
(0,0,0)

Para um movimento circular uniforme, 𝜔 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒,isto é, periódico, a partícula passa em cada


ponto da circunferência a intervalos regulares de tempo. Se durante um intervalo de tempo t,
ocorrem n revoluções, então podemos definir o período (𝑃) e a frequência (𝑓) pela relação,

𝑡 𝑛 1
𝑃= (2.34) 𝑒 𝑓 = = (2.35)
𝑛 𝑡 𝑃

O período (P) é o intervalo de tempo ao fim do qual as características posição, vector velocidade e
vector aceleração se repetem. Enquanto que a frequência (𝑓) de um movimento circular uniforme é
o número de voltas por unidade de tempo que a partícula descreve.

Para encontrarmos a expressão da posição angular, levando em consideração que a velocidade


angular é constante, integramos a relação (2.31), obtendo,

𝜃 𝑡
∫ 𝑑𝜃 = ∫ 𝜔 𝑑𝑡 ↔ 𝜃 = 𝜃0 + 𝜔(𝑡 − 𝑡0 ) (2.36)
𝜃0 𝑡0

Se a partícula parte da posiçao inicial e instante inicial iguais a zero, respectivamente, então a relação
anterior toma a forma,

𝜃 2𝜋
𝜃 = 𝜔𝑡 𝑜𝑢 𝜔 = (2.37), 𝑠𝑒 𝜃 = 2𝜋 𝑒 𝑡 = 𝑃, 𝑒𝑛𝑡ã𝑜, 𝜔 = = 2𝜋𝑓 (2.38)
𝑡 𝑃

3.4.2.Aceleração Angular

Quando a velocidade angular varia com o tempo, a aceleração angular é definida pelo vector,

𝑑𝜔
⃗⃗ 𝑑2𝜃
𝛼⃗ = (2.39) 𝑜𝑢 𝛼 = (2.40)
𝑑𝑡 𝑑𝑡 2

Agora se a partícula parte do repouso (𝜔0 = 0) no instante inicial (𝑡0 = 0)e descreve o movimento
uniformemente variado (𝛼 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡. ), podemos definir a velocidade angular pela relação,

𝜔 𝑡
∫ 𝑑𝜔 = ∫ 𝛼 𝑑𝑡, 𝜔 = 𝜔0 + 𝛼(𝑡 − 𝑡0 ) (2.41) ↔ 𝜔 = 𝛼𝑡 (2.42)
𝜔0 𝑡0

Visto que o movimento em análise é variado, então, ao substituir a relação (2.31) em (2.41), obtem-
se,

36
ISCED FÍSICA
𝜃 𝑡 𝑡
𝑑𝜃
= 𝜔0 + 𝛼(𝑡 − 𝑡0 → ∫ 𝑑𝜃 = ∫ 𝜔0 𝑑𝑡 + 𝛼 ∫ (𝑡 − 𝑡0 ) 𝑑𝑡
)
𝑑𝑡 𝜃0 𝑡0 𝑡0

1
𝜃 = 𝜃0 + 𝜔0 (𝑡 − 𝑡0 ) + 𝛼(𝑡 − 𝑡0 )2 (2.43)
2

3.4.3. Componentes Radial e Transversal

𝑑𝑟
Visto que, 𝑣 = , e, se levarmos em consideração um versor 𝑢𝑟 (vector unitário na direcção de r),
𝑑𝑡
𝑑 𝑑𝑟⃗ 𝑑𝑢𝑟
então, 𝑟⃗ = 𝑢𝑟 𝑟⃗, logo, 𝑣 = 𝑑𝑡 (𝑢𝑟 , 𝑟⃗) = 𝑢𝑟 . 𝑑𝑡 + . 𝑟⃗ (2.44).
𝑑𝑡

𝑑𝑢𝑟 𝑑𝜃
Se 𝑢𝑟 = 𝑢𝑥 𝑐𝑜𝑠𝜃 + 𝑢𝑦 𝑠𝑒𝑛𝜃 𝑒 𝑢𝜃 = −𝑢𝑥 𝑠𝑒𝑛𝜃 + 𝑢𝑦 𝑐𝑜𝑠𝜃 (2.45), então, = 𝑢𝜃 (2.46)
𝑑𝑡 𝑑𝑡

𝑑𝑟⃗ 𝑑𝜃
De relação (2.44) temos, 𝑣 = 𝑢𝑟 . 𝑑𝑡 + 𝑢𝜃 . 𝑟⃗ (2.47)
𝑑𝑡

𝑑𝑟 𝑑𝜃
Velocidade radial 𝑣𝑟 = (2.48) e velocidade transversal, 𝑣𝑇 = 𝑟. 𝑑𝑡 (2.49)
𝑑𝑡

Exemplo 2

Um corpo inicialmente em repouso (𝜃 = 0 𝑒 𝜔 = 0, 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑡 = 0), é acelerado numa trajectória


circular de raio 1,3m, segundo a equação 𝛼 = 120𝑡 2 − 48𝑡 + 16. Determinar a velocidade angular e
a posição angular do corpo como função do tempo.

Resolução:

Integrando a definição de aceleração angular (2.39), levando em conta as condições iniciais, para a
velocidade, temos,

𝜔 𝑡
∫0 𝑑𝜔 = ∫0 (120𝑡 2 − 48𝑡 + 16)𝑑𝑡 ↔ 𝜔(𝑡) = 40𝑡 3 − 24𝑡 2 + 16𝑡

Ainda por de integração, relação (2.31), para a posição angular resulta,

𝜃 𝑡
∫0 𝑑𝜃 = ∫0 (40𝑡 3 − 24𝑡 2 + 16𝑡) 𝑑𝑡 ↔ 𝜃(𝑡) = 10𝑡 4 − 8𝑡 3 + 8𝑡 2

3.5. Movimento de um Projéctil

O movimento efectuado por um projéctil descreve uma trajectória plana em forma de uma parábola.
Durante este movimento, o projéctil executa, um movimento rectilíneo uniforme na direcção
horizontal (eixo OX) e movimento rectilíneo uniformemente variado na direcção vertical (eixo OY), ver

37
ISCED FÍSICA

a figura 2.5

É importante salientar que durante a nossa estudo, desprezaremos a resistência do ar, e


consideraremos apenas à acção da gravidade (𝑔⃗), com direcção vertical e é dirigido de cima para
baixo. Equações que caracterizam o movimento:

𝑜𝑥: 𝑥(𝑡) = 𝑣𝑜𝑥 𝑡 (2.50)


{ 1 2
𝑜𝑦: 𝑦(𝑡) = 𝑦0 + 𝑣𝑜𝑦 𝑡 − 𝑔𝑡 (2.51)
2
Y 𝑜𝑥: 𝑣𝑥 = 𝑣0𝑥 (2.52)
{
𝑜𝑦: 𝑣𝑦 = 𝑣𝑜𝑦 − 𝑔𝑡 (2.53)

𝑜𝑥: 𝑣0𝑥 = 𝑣0 . 𝑐𝑜𝑠𝛼 (2.54)


R {
𝑜𝑦: 𝑣0𝑦 = 𝑣0 𝑠𝑒𝑛𝛼 (2.55)
Figura 2.5

Usando as equações anteriores, vamos determinar:

10 Tempo para alcançar a altura maxima (𝑣𝑦 = 0)

𝑣𝑜𝑦 𝒗𝟎 𝒔𝒆𝒏𝜶
𝑣𝑜𝑦 − 𝑔𝑡 = 0 → 𝑡 = ↔𝒕= (2.56)
𝑔 𝒈

20 Altura máxima (substituindo (2.56) em (2.51) para 𝑦0 = 0)

𝑣0 𝑠𝑒𝑛𝛼 1 𝑣0 2 𝑠𝑒𝑛2 𝛼 𝑣0 2 𝑠𝑒𝑛2 𝛼


𝑦𝑚𝑎𝑥 = 𝑣0 𝑠𝑒𝑛𝛼. − ↔ 𝑦𝑚𝑎𝑥 = (2.57)
𝑔 2 𝑔2 2𝑔

30 Tempo de Trânsito ou tempo para o projéctil voltar ao nível do solo (𝑦 = 0, 𝑦0 = 0)

𝑔𝑡 2 2𝑣𝑜𝑦 2𝑣0 𝑠𝑒𝑛𝛼


𝑣𝑜𝑦 𝑡 = →𝑡= ↔𝑡= (2.58)
2 𝑔 𝑔

40 Alcance (substituimos a relação (2.58) em (2.50)

2𝑣0 𝑠𝑒𝑛𝛼 2𝑣0 𝑠𝑒𝑛𝛼 𝑣0 2 𝑠𝑒𝑛2𝛼


𝑅 = 𝑥 = 𝑣𝑜𝑥 = 𝑣0 𝑐𝑜𝑠𝛼 ↔ 𝑅=𝑥= (2.59)
𝑔 𝑔 𝑔

Exemplo 3

(*) Um projéctil é disparado num ângulo de 35⁰ com a horizontal. Ele atinge o solo a 4km do ponto de
disparo. Determine: a) a velocidade inicial, b) o tempo de trânsito do projéctil, c) a altura máxima, d) a
velocidade no ponto de altura máxima.

38
ISCED FÍSICA

Resolução:

Nota que somos fornecidos, o ângulo de desparo (𝛼 = 350 ), bem como o alcance máximo
(𝑅 = 4𝑘𝑚), logo,

Usando a definição do alcance (2.59), podemos determinar a velocidade inicial, isto é,

𝑔𝑅 10.4000
𝑣0 = √( ) = √( ) ≅ 203𝑚/𝑠
𝑠𝑒𝑛2𝛼 𝑠𝑒𝑛2. 350

Para o tempo de trânsito, de relação (2.58), tem-se,

2𝑣0 𝑠𝑒𝑛𝛼 2.203. 𝑠𝑒𝑛350


𝑡= = ≅ 23𝑠
𝑔 10

Para altura máxima (2.57), temos,

𝑣0 2 𝑠𝑒𝑛2 𝛼 2032 𝑠𝑒𝑛2 350


𝑦𝑚𝑎𝑥 = = ≅ 678𝑚
2𝑔 2.10

A velocidade na altura máxima é dada pela componente 𝑣𝑥 , porque, 𝑣𝑦 = 0, dai que, de (2.52), tem-
se,

𝑣 = 𝑣𝑥 = 𝑣𝑜𝑥 = 𝑣0 𝑐𝑜𝑠𝛼 = 203. 𝑐𝑜𝑠350 =≅ 116𝑚/𝑣

Exercícios do TEMA

Problemas:

1. Um aluno, sentado na carteira da sala, observa os colegas,


também sentados nas respectivas carteiras, bem como um
mosquito que voa perseguindo o professor que fiscaliza a
prova da turma.
Das alternativas abaixo, a única que retrata uma

39
ISCED FÍSICA

análise correta do aluno é:


a) A velocidade de todos os meus colegas é nula
para todo observador na superfície da Terra.
b) Eu estou em repouso em relação aos meus colegas,
mas nós estamos em movimento em relação a
todo observador na superfície da Terra.
c) Como não há repouso absoluto, não há nenhum
referencial em relação ao qual nós, estudantes, estejamos
em repouso.
d) A velocidade do mosquito é a mesma, tanto em
relação ao meus colegas, quanto em relação ao professor.
e) Mesmo para o professor, que não pára de andar
pela sala, seria possível achar um referencial em relação ao qual ele
estivesse em repouso.
2. Um móvel parte do km 50, indo até o km 60, onde, mudando o
sentido do movimento, vai até o km 32. O deslocamento
escalar e a
distância efetivamente percorrida são, respectivamente:

a) 28 km e 28 km d) _18 km e 18 km
b) 18 km e 38 km e) 38 km e 18 km
c) _18 km e 38 km

3. Maria saiu de Mosqueiro às 6 horas e 30 minutos, de um


ponto da estrada onde o marco quilométrico indicava km 60.
Ela chegou a Belém às 7 horas e 15 minutos, onde o marco
quilométrico da estrada indicava km 0. A velocidade média, em
quilômetros por hora, do carro de Maria, em suaviagem de
Mosqueiro até Belém, foi de:
a) 45
b) 55

40
ISCED FÍSICA

c) 60

d) 80

e) 120
4. O gráfico representa a posição de uma partícula em função do
tempo. Qual a velocidade média da partícula, em metros por segundo,
entre os instantes t _ 2,0 min e t _ 6,0 min?

5. Suponha que em uma partida de futebol, o goleiro, ao bater o


tiro de meta, chuta a bola, imprimindo-lhe uma velocidade v0
cujo vetorforma, com a horizontal, um ângulo _. Desprezando
a resistência do ar, são feitas as seguintes afirmações.

I – No ponto mais alto da trajetória, a velocidade vetorial da bola é

41
ISCED FÍSICA

nula.
II – A velocidade inicial v0 ⎯→ pode ser decomposta segundo as
direções horizontal e vertical.
III – No ponto mais alto da trajetória é nulo o valor da aceleração da
gravidade.
IV – No ponto mais alto da trajetória é nulo o valor vy ⎯→ da
componente vertical da velocidade.
Estão corretas:
a) I, II e III d) III e IV
b) I, III e IV e) I e II
c) II e IV

6. Numa partida de futebol, o goleiro bate o tiro de meta e a bola,


de massa 0,5 kg, sai do solo com velocidade de módulo igual a
10 m/s, conforme mostra a figura. No ponto P, a 2 metros do
solo, um jogador da defesa adversária cabeceia a bola.
Considerando g _ 10 m/s2, determine a velocidade da bola no
ponto P.

7. As funções horárias de dois trens que se movimentam em


linhas paralelas são: s1 =̿ k1 +40t e s2 = k2 +60t, onde o espaço
s está em quilômetros e o tempo t está em horas. Sabendo que
os trens estão lado a lado no instante t =2,0 h, a diferença k1 -
k2, em quilômetros, é igual a:

a) 30 d) 80

42
ISCED FÍSICA

b) 40 e) 100
c) 60

8. Um motociclista de motocross movese com velocidade v _ 10 m/s,


sobre uma superfície plana, até atingir uma rampa (em A), inclinada
45° com a horizontal, como indicado na figura. A trajetória do
motociclista deverá atingir novamente a rampa a uma distância
horizontal D(D _ H), do ponto A, aproximadamente igual a:
a) 20 m d) 7,5 m
b) 15 m e) 5 m
c) 10 m

9. Uma roda tem 0,4 m de raio e gira com velocidade constante,


dando 20 voltas por minuto. Quanto tempo gasta um ponto de
sua periferia parapercorrer 200 m:

a) 8 min c) 3,98 min


b) 12,5 min d) n.d.a.
10. Na última fila de poltronas de um ônibus, dois passageiros estão
distando 2 m entre si. Se o ônibus faz uma curva fechada, de raio 40
m, com velocidade de 36 km/h, a diferença das velocidades dos
passageiros é, aproximadamente, em metros por segundo,

a) 0,1 b) 0,2 c) 0,5 d) 1,0 e) 1,5

Respostas: 1e); 2 c); 3 d); 4 b); 5 c) ; 6 v x  sm / s v y  35m / s

7 b); 8 a) ; 9 c) ; 10 c)

Sumário

43
ISCED FÍSICA

UNIDADE TEMÁTICA IV. DINÂMICA DO PONTO MATERIAL

4.1.Leis de Newton

4.2. Quantidade de Movimento;

4.3. Representação de forças.

4.4. Momento angular

Introdução

No capítulo anterior (cinemática), estudamos o movimento dos


corpos, sem se interessar com as causas desse movimento. Neste
capítulo (dinâmica), é importante avaliar as tais causas, então
dinâmica, é o ramo da física que se dedica ao estudo do movimento
dos corpos e das suas acusas.
Pela esperiência diária vários exemplos podem ser ciatados, pois
sabemos que o movimento de um corpo é resultado directo da sua
interação com outros corpos que o cercam, por exemplo, quando um
jogador chuta uma bola.
Agora podemos ver que a compreensão destas causas (interações),
ajudam a ter um conhecimento básico da natureza. As interações são
convenientimente descritas por um conceito matemático, chamado
força, por isso o estudo da dinâmica é basicamente a análise da
relação de forças, e é governada pelas leis de Newton.

 Saber enunciar e aplicar as leis de Newton

 Conhecer as aplicações Quantidade de movimento

Objetivos  Aplicar as Leis de Newton para problemas de Dinâmica

Específicos

44
ISCED FÍSICA

4.1 Leis de Newton


4.1.1 Primeira lei (lei da inércia)

Uma partícula livre (isenta a interação) sempre se move com


velocidade constante, isto é, com aceleração nula. Por via disso, uma
partícula livre ou se move em linha recta com velocidade constante ou
está em repouso (com velocidade nula).
É importante salientar que na verdade não existe uma partícula livre,
porque toda partícula está sujeita a interações com o resto das
partículas do universo.
De lembrar que o movimento é um conceito relativo, portanto,
quando enunciamos a lei da inércia devemos indicar a quem ou do
que o movimento da partícula é referido. Por exemplo, se admitirmos
que o movimento da partícula é relativo a um observador que seja ele
próprio uma partícula ou sistema livre e, é chamado observador
inercial, então o refencial por ele usado será denominado referncial
inercial.

4.1.2 Quantidade de movimento (momento cinético).


A quantidade de movimento é uma grandeza vectorial e tem a mesma
direção que a da velocidade.
𝑃⃗⃗ = 𝑚𝑣⃗ (3.1)
A quantidade do movimento é uma grandeza dinâmica mais
informativa do que a velocidade sozinha. Por exemplo, é mais difícil
parar ou acelerar um camião carregado do que um camião vazio,
mesmo que a velocidade seja a mesma para os dois casos, isto porque,
𝑃1 > 𝑃2 . Contudo, outra definição à lei de inércia pode ser dada, a
saber,

 Uma partícula livre move-se sempre com quantidade de movimento constante.


45
ISCED FÍSICA

4.1.2.1 Princípio de conservação de momento.

Levando em consideração duas partículas com massas m1 e m2 em


interações mútuas.
O momento total será dado por,
𝑣1
𝑣1 𝑣′1 𝑡: 𝑃 = 𝑃1 + 𝑃2 = 𝑚1 𝑣1 + 𝑚2 𝑣2 (3.2)
𝐴′
𝐴
𝑣′2 𝑡 ′ : 𝑃′ = 𝑃′ 1 + 𝑃′ 2 = 𝑚1 𝑣 ′1 + 𝑚2 𝑣 ′ 2 (3.3)
𝑣2 𝐵′
𝐵
Figura 3.1 Interação de duas partículas

Considerando massas que não dependem do estado, então, a


quantidade de movimento total de um sistema composto por duas
partículas sujeitas somente às suas interações mútuas permanece
constante.
𝑃 = 𝑃′ = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡. (3.4) 𝑒 𝑃1 + 𝑃2 = 𝑃′1 + 𝑃′2
= 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡. (3.5) 𝑃1 = −𝑃2 (3.6)
Para n partículas em interações mútuas, o momento total será:

𝑃 = ∑ 𝑃𝑖 = 𝑃1 + 𝑃2 + 𝑃3 + ⋯ + 𝑃𝑛 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡. (3.7)
𝑖=𝑛

4.2. Segunda e Terceira Lei


Em muitos casos, observamos o movimento de uma só partícula,
ignorando as outras que com ela podem estar a interagir e, nesses
casos torna-se difícil utilizar o princípio de coservação da qualidade de
movimento, daí que, introduz-se o conceito de força.
Dividindo os membros da relação (3.6) pela variação do tempo,
∆𝑃⃗⃗1 ∆𝑃⃗⃗2
resulta, =− (3.8)
∆𝑡 ∆𝑡

Segundo (3.8), as quantidades das variações (vectoriais) médias de


momento das partículas no intervalo de tempo ∆𝑡, são iguais em
módulos e sentidos opostos.
𝑑𝑃⃗⃗1
Calculando limite da relação (3.8), quando ∆𝑡 → 0, temos, 𝑑𝑡
=
𝑑𝑃⃗⃗2 𝑑𝑃 ⃗⃗
− (3.9), 𝐹⃗ = (3.10)
𝑑𝑡 𝑑𝑡

46
ISCED FÍSICA

De relação (3.10), uma nova difinição para força pode ser enunciada, a
saber,
 Força é igual a variação temporal de quantidade de movimento de uma dada partícula.

Pela definição da quantidade de movimento (3.1), podemos


reescrever a equação (3.10) na forma
𝑑
𝐹⃗ = (𝑚𝑣⃗) (3.11)
𝑑𝑡
⃗⃗
𝑑𝑣
Se a massa for constante (𝑚 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡. ), então, 𝐹⃗ = 𝑚 𝑑𝑡 (3.12) ↔

𝐹⃗ = 𝑚𝑎⃗ (3.13)
De refirir que a relação (3.13), nos leva a definição da segunda lei de
Newton, isto é,
 a força é igual ao producto da massa pela aceleração, e, tem a mesma direção de
aceleração.

Para além disso, utilizando o conceito de força podemos reescrever a

equação (3.9) na forma, 𝐹⃗1 = −𝐹⃗2 (3.14)


De relação (3.14) chegamos ao enunciado da terceira lei de Newton,
isto é,

 quando duas partículas interagem, a força sobre uma partícula é igual em módulo e de
sentido contrário, á força sobre a segunda.

Neste caso pode-se concluir que para uma força constante, temos
uma aceleração também constante, movimento uniformente
acelerado. Este fenômeno pode ser assistido nos corpos em queda
livre, pois são acelerados com a mesma aceleração g, e, assim o pesso
(força de atração gravitacional da Terra), será dado pela expressão,
𝑃 = 𝑊 = 𝑚𝑔 (3.15)

4.3. Representação de Forças

𝐹⃗
𝑇 𝑇
𝑚1
𝑚
472
𝑃1
𝑃2
ISCED FÍSICA

Para que seja possível realizar o cálculo das figuras 2 e 3 devemos


estabelecer algumas relações,

 Podemos definir o plano cartesiano com o eixo x formando um


ângulo igual ao do plano, e o eixo y, perpendicular ao eixo x;
 A força normal (N) será igual à decomposição da força Peso no
eixo y;
 O ângulo formado entre a força Peso e a sua decomposição no
eixo y, será igual ao ângulo formado entre o plano e a
horizontal;
 Se houver força de atrito, esta se oporá ao movimento, neste
caso, apontará para cima.
𝑜𝑥: 𝐹⃗ − 𝑃𝑥 = 𝑚𝑎⃗ (3.16) 𝑜𝑥: 𝑃𝑥 = 𝑃𝑠𝑒𝑛𝜃 (3.18)
{ { 𝑎⃗
𝑜𝑦: 𝑁 − 𝑃𝑦 = 0 (3.17) 𝑜𝑦: 𝑃𝑦 = 𝑃𝑐𝑜𝑠𝜃 (3.19)

𝐹⃗ − 𝑃𝑠𝑒𝑛𝜃
= (3.20)
𝑚

O módulo de 𝐹⃗ pode variar dependo do sentido, bem como da direção


de aplicação. Se o corpo em vez de subir, estivesse a descer o plano
(figura 3.3), a decomposição da força Peso no eixo x (𝑃𝑥 ) será a

responsável pelo deslocamento do bloco, dai, 𝐹⃗ = 0, e reescrevemos


(3.20) na forma,
𝑃𝑠𝑒𝑛𝜃
𝑎⃗ = (3.21)
𝑚

Para além das equações anteriores, uma outra pode se encontrada, se


em de uma caixa tivermos um carro subindo o plano com movimento
uniforme (𝑎⃗ = 0𝑚/𝑠 2 ), então na relação (3.16) fica,

𝐹⃗ − 𝑃𝑥 = 0 ↔ 𝐹⃗ = 𝑃𝑠𝑒𝑛𝜃 (3.22)
Para analisar a da figura (3.4), devemos levar em consideração um fio
inestensível, de modo que as massas se movam com mesma
aceleração.

48
ISCED FÍSICA

1: 𝑇 − 𝑃1 = 𝑚1 𝑎 (3.23)
+{ → 𝑃2 − 𝑃1 = (𝑚1 + 𝑚2 )𝑎 ↔ 𝑎 =
2: 𝑃2 − 𝑇 = 𝑚2 𝑎 (3.24)
𝑃2 −𝑃1
(𝑚1 +𝑚2 )
(3.25)

Onde, 𝑇 −Força de tensão exercida pelo fio e 𝑃2 , 𝑃1 −Pesos dos


corpos 1 e 2 respectivamente

Outras Situações Possíveis

𝑚2
𝐹⃗
𝑚1
𝐹12 𝐹21
𝐹

Figura 3.5 Corpos em Contacto


𝑃

Figura 3.5 Corpo Preso a uma Mola


1: 𝐹21 = 𝑚1 𝑎
+{ →
2: 𝐹 − 𝐹12 = 𝑚2 𝑎
Análise da Fig. 3.5: 𝐹 − 𝑃 = 𝑚𝑎 𝑎(𝑚1 + 𝑚2 ) = 𝐹 ↔
𝐹
𝐹 = 𝑘𝑥 𝑒 𝑃 = 𝑚𝑔 𝑎= (∗∗)
(𝑚1 + 𝑚2 )
𝑘𝑥 − 𝑚𝑔
𝑎= (∗)
𝑚

Nota: Apesar de termos definido as expressões anteriores em ordem a


aceleração, elas também são válidas para calcular qualquer uma das
grandezas que pertencem a equação, se é nos dado as outras
grandezas.

Exercício de Aplicação

Uma partícula de 10kg de massa, sujeita á força 𝐹 = (120𝑡 + 40)𝑁,


move-se em linha recta. Num instante 𝑡0 = 0𝑠 , 𝑥0 = 5𝑚 𝑒 𝑣0 = 6𝑚/
𝑠. Achar a velocidade e a posição em qualquer instante.

49
ISCED FÍSICA

Resolução
Levando em consideração a relação (3.12), por via de integração
podemos encontrar a velocidade, isto é,
𝑣
1 𝑡 1 𝑡
∫ 𝑑𝑣 = ∫ 𝐹𝑑𝑡 → 𝑣(𝑡) = 𝑣0 + ∫ (120𝑡 + 40)𝑑𝑡 ↔
𝑣0 𝑚 𝑡0 𝑚 0
1
𝑣(𝑡) = 6 + (60𝑡 2 + 40𝑡) 𝑣(𝑡) = 6𝑡 2 + 4𝑡 + 6 ⌈𝑚/𝑠⌉
10
Ainda por via de integração do resultado anterior (da velocidade),
podemos determinar a posição
𝑥 𝑡
𝑑𝑥
𝑣(𝑡) = = 6𝑡 + 4𝑡 + 6 → ∫ 𝑑𝑥 = ∫ (6𝑡 2 + 4𝑡 + 6 )𝑑𝑡 →
2
𝑑𝑡 𝑥0 0

𝑥(𝑡) = 𝑥0 + (3𝑡 3 + 2𝑡 2 + 6𝑡) ↔ 𝑥(𝑡) = 3𝑡 3 + 2𝑡 2 + 6𝑡 + 5 ⌈𝑚⌉

4.3 .1.Força de atrito

Quando empuramos um livro ao longo da mesa, comunicamo-lhe


assim uma velocidade, mais, depois que o largamos, ele diminui de
velocidade até parar. Essa perda de quantidade de movimento indica
que uma força opõe-se ao movimento, força essa chamada atrito de
escorregamento. O atrito pode ser estático e cinético.
⃗⃗𝒂𝒆 ) - quando não existe movimento relativo entre as
Atrito Estático (𝑭
duas superfícies em contacto. A força de atrito estático pode ser nula,
ou pode estar orientada em qualquer direcção tangente às superfícies
em contacto.
⃗⃗𝒂𝒄 ) - quando as duas superfícies em contacto
Atrito Cinético (𝑭
deslizam entre si. A força de atrito cinético é sempre oposta ao
movimento e tem módulo constante que depende da reacção normal
(N)

A interação entre os corpos as vezes é chamada de coesão ou adesão,


dependendo dos corpos serem ou não do mesmo material.
⃗⃗𝒂𝒆 ) = 𝜇𝑒 𝑁
(𝑭 (3.36𝑎)

⃗⃗𝒂𝒄 ) = { 𝑜
(𝑭
, 𝑠𝑒 𝑣⃗ = 0 50
(3.26𝑏)
−𝜇𝒄 𝑁, 𝑠𝑒 𝑣⃗ ≠ 0
ISCED FÍSICA

𝑁
𝐹 Linha de Actuação
𝐹𝑎 Onde, 𝜇𝑒 𝑒 𝜇𝑐 − coeficientes dos atritos estático e cinético,

Figura 3.6 Forças que actuamrespectivamente


em corpo em contacto com uma superfície

4.3.2. Força de atrito em fluidos

Quando um corpo se move através de um fluido com velocidade


relativamente baixa, a força de atrito é aproximadamente
proporcional á velocidade, actuando no sentido contrário, isto é,
𝐹𝑎 = −𝑘𝜂Ƞ𝑣 (2.27)
𝑘 − é o coeficiente que depende da forma do corpo para uma esfera
por exemplo, 𝑘 = 6𝜋𝑅

Ƞ𝜂 −é o coeficiente de viscosidade e 𝑣 − é a velocidade.

Definido a força de atrito, se consideramos um corpo que se move


através de um fluído visco sob acçào de uma força 𝐹, então, a força
resultante será, 𝐹 − 𝑘Ƞ𝑣, e a equação de movimento dada na forma,
𝐹 − 𝑘𝜂Ƞ𝑣 = 𝑚𝑎 (3.28)
4.5. Movimento Curvelíneo.

4.5.1. Componentes de Força.

No capítulo 2 (cinemática), deduzimos as equação para as acelerações


normal e tangencial (2.26) e (2.27), respectivamente, dai que, se
levarmos em conta a definição da segunda lei de Newton, podemos
definir desta vez as componentes das forças normal e tangencial,
respectivamte,
𝑑𝑣
𝐹⃗𝑇 = 𝑚𝑎⃗ 𝑇 𝑜𝑢 𝐹⃗ = 𝑚 (3.29) 𝑒 𝐹⃗𝑁 = 𝑚𝑎⃗𝑁 𝑜𝑢 𝐹⃗𝑁
𝑑𝑡
𝑣2
=𝑚 (3.30)
𝜌
Quanto ao sentido físico temos,
𝐹𝑇 − Força responsável pela variação do módulo da velocidade.

51
ISCED FÍSICA

𝐹𝑁 − Força responsável pela variação da direção.

Uma análise simples nos faz concluir que, se 𝐹𝑇 = 0, então 𝑎 𝑇 = 0 e o


movimento é uniforme, enquanto que, se 𝐹𝑁 = 0, 𝑎𝑁 = 0, então o
movimento é rectilíneo.

4.5.2. Movimento Circular

No caso particular do movimento circular, 𝜌 é o raio R da


circunferência e 𝑣 = 𝜔𝑅, de modo que a força normal (3.30), também
denominada força centrípeta, pode ser escrita na forma,
𝐹𝑁 = 𝑚𝜔2 𝑅 (3.31)
Se o movimento circular é uniforme, então, 𝑎 𝑇 = 0 𝑒 𝑎𝑁 = 𝑎 = 𝜔𝑥𝑣 e
pela segunda lei de Newton, resulta,
𝐹 = 𝑚(𝜔𝑥𝑣), 𝐹 = 𝜔𝑥(𝑚𝑣) ↔ 𝐹 = 𝜔𝑥𝑃 (3.32)
No caso do movimento no plano, a equação da segunda lei de
Newton, pode ser decomposta em,
𝛼 𝑑𝑣𝑥
𝑇 𝐹𝑥 = 𝑚𝑎𝑥 𝑜𝑢 𝐹𝑥 = 𝑚 (3.33) 𝑒 𝐹𝑦 = 𝑚𝑎𝑦 𝑜𝑢 𝐹𝑦
𝛼 𝐿 𝑑𝑡
𝑑𝑣𝑦
𝐹𝑁 𝑣 =𝑚 (3.34)
𝑑𝑡

𝑃
 Fica como tarefa para o estudante, encontrar por via de
Figura 3.7 Pêndulo Cónico
integração das relações (3.33) e (3.34), as equações de
velocidade e de posição num instante qualquer.
Exercício de Aplicação
(*) Determine o ângulo 𝛼 que a corda faz com a vertical de um
péndulo cômico, ver a figura ao lado

𝐹𝑁 𝑃
Pela figura temos, 𝑠𝑒𝑛𝛼 = (1), 𝑐𝑜𝑠𝛼 = (2)𝑒 𝑅 = 𝐿𝑠𝑒𝑛𝛼 (3)
𝑇 𝑇

Substituíndo (3) em (3.31), tem-se, 𝐹𝑁 = 𝑚𝜔2 𝐿𝑠𝑒𝑛𝛼 (4),


𝑠𝑒𝑛𝛼 𝐹𝑁 𝑚𝜔 2 𝐿𝑠𝑒𝑛𝛼 𝑠𝑒𝑛𝛼 𝑚𝜔 2 𝐿𝑠𝑒𝑛𝛼
𝑡𝑔𝛼 = = = → 𝑐𝑜𝑠𝛼 =
𝑐𝑜𝑠𝛼 𝑃 𝑃 𝑚𝑔
𝑔 𝑔
𝑐𝑜𝑠𝛼 = 2
↔ 𝛼 = 𝑎𝑟𝑐 𝑐𝑜𝑠 ⌈ 2 ⌉ (5)
𝜔 𝐿 𝜔 𝐿
52
ISCED FÍSICA

4.6 Momento Angular.

O momento angular também é denominado momento orbital ou


momento de quantidade de movimento.
⃗⃗
𝐿 ⃗⃗
𝐿 ⃗⃗
𝐿

𝑂 𝑣⃗ 𝑣𝜃
𝑟 𝑂
𝑟 𝐹⃗ 𝑣⃗
𝑟 𝑣
𝑚 𝑥
𝑚 𝑣𝑟

Figura 3.8 Movimento Curvilíneo Figura 3.9 Movimento Circular Figura 3.10 Componentes da
Velocidadde

Definindo analiticamente o momento angular temos, ⃗⃗ =


𝐿

𝑟⃗𝑥𝑃⃗⃗ (3.35), e, se levarmos em consideração a definição da


⃗⃗ = 𝑚𝑟⃗𝑥𝑣⃗ (3.36)
quantidade de movimento, resulta, 𝐿
O momento angular é um vector perpendicular ao plano 𝑣⃗, 𝑟⃗ e varia de
módulo e direção durante o movimento.

Analisando o movimento circular (figura 3.9), visto que 𝑣⃗, 𝑟⃗ são


perpendiculares, então, 𝑣⃗𝑥𝑟⃗ = |𝑣⃗|. |𝑟⃗|. 𝑠𝑒𝑛900 = 𝑟. 𝑣, e 𝑣 = 𝜔𝑟, logo,
de relação (3.36), tem-se, 𝐿 = 𝑚𝑟 2 𝜔 (3.37)
Quando o movimento plano, é curvelíneo, mas não é circular (3.10),
então decompõe-se a velociddae em componentes radial e
transversal, respectivamente, 𝑣 = 𝑣𝑟 + 𝑣𝜃 (3.38)
Se levarmos em consideração esta relação, então, reescrevemos a
equação do momento na forma,

𝐿 = 𝑚𝑟𝑥(𝑣𝑟 + 𝑣𝜃 ) = 𝑚𝑟𝑥𝑣𝑟 + 𝑚𝑟𝑥𝑣𝜃 (3.39)


O primeiro aditivo da expressão anterior é igual a zero, isto porque, 𝑣𝑟
tem a mesma direcção de 𝑟 (paralelos), e, o produto vectorial é nulo
⃗⃗ = 𝑚𝑟⃗𝑥𝑣⃗𝜃
(𝑟𝑥𝑣𝑟 = 0), então, 𝐿 (3.40)
O módulo do momento angular pode ser escrito da seguinte maneira,

53
ISCED FÍSICA

𝑑𝜃 𝑑𝜃 𝑑𝜃
𝐿 = 𝑚𝑟𝑣𝜃 , onde, 𝑣𝜃 = 𝑟 𝑑𝑡 𝐿 = 𝑚𝑟 2 𝑑𝑡 (3.41) =𝜔 (∗∗
𝑑𝑡

)
𝑖⃗ 𝑗⃗ ⃗⃗
𝑘 𝑦 𝑧 𝑥 𝑧 𝑥 𝑦
⃗⃗ = 𝑟⃗𝑥𝑃⃗⃗ = | 𝑥
𝐿 𝑧 | = 𝑖⃗ |𝑃 ⃗⃗ |
𝑦
𝑦 𝑃𝑧 | − 𝑗⃗ |𝑃𝑥 𝑃𝑧 | + 𝑘 𝑃𝑥 𝑃𝑦 | =
𝑃𝑥 𝑃𝑦 𝑃𝑧
⃗⃗ (𝑥𝑃𝑦 − 𝑦𝑃𝑥 ) = 𝐿𝑥 𝑖⃗ + 𝐿𝑦 𝑗⃗ + 𝐿𝑧 𝑘
= 𝑖⃗(𝑦𝑃𝑧 − 𝑧𝑃𝑦 ) − 𝑗⃗(𝑥𝑃𝑧 − 𝑧𝑃𝑥 ) + 𝑘 ⃗⃗

𝐿𝑥 = 𝑦𝑃𝑧 − 𝑧𝑃𝑦 (𝑎),


𝐿𝑦 = 𝑧𝑃𝑥 − 𝑥𝑃𝑧 (𝑏) 𝑒 𝐿𝑧
= 𝑥𝑃𝑦 − 𝑦𝑃𝑥 (𝑐) (3.42)

No caso do movimento no plano (por exemplo xy), 𝑧 = 𝑃𝑧 = 0, logo,


𝐿𝑥 = 𝐿𝑦 = 0, e, apenas 𝐿𝑧 ≠ 0, então, o momento angular neste é
perpendicular ao plano xy (pode-se ver nas figuras 3.7 e 3.9).

4.7 Momento de força (Torque)

Para definir o momento de força, vamos derivar a relação (3.35) em


função ao tempo, isto é,
⃗⃗ 𝑑𝑟⃗
𝑑𝐿 𝑑𝑃⃗⃗ 𝑑𝑟⃗
= 𝑥𝑃⃗⃗ + 𝑟⃗𝑥 (3.43) 𝑥𝑃⃗⃗ = 𝑣⃗𝑥𝑃⃗⃗ = 𝑚𝑣⃗𝑥𝑣⃗
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡
𝑑𝑃⃗⃗
=0 (3.44) = 𝐹⃗ (3.45)
𝑑𝑡
𝑑𝑃⃗⃗ ⃗⃗
𝑑𝐿
𝑟⃗𝑥 = 𝑟⃗𝑥𝐹⃗ = 𝜏 𝑜𝑢 =𝜏 (3.46)
𝑑𝑡 𝑑𝑡
Dada a relação (3.46), podemos definir o momento de força como,

 A variação temporal do momento angular de uma partícula é igual ao momento da


força aplicada na partícula.

4.8. Forças Centrais

Quando o momento de força é nulo, o momento angular da partícula


⃗⃗
𝑑𝐿
é constante (𝜏 = 0, 𝑑𝑡 = 0) e, essa condição é satsfeita no caso de

𝐹 = 0 (partícula livre).

54
ISCED FÍSICA

Para além disso, a condição 𝑟⃗𝑥𝐹⃗ = 0 é satisfeita quando 𝑟⃗, 𝐹⃗ , são


paralelos, isto é, se a direcção de F passa pelo centro. E desta forma
podemos definir a força central como sendo aquela cuja a direcção
passa sempre por um ponto fixo.

Quando a força é central, o momento angular relativo ao centro de


força é uma constante de movimento. Como exemplo podemos citar a
Terra que se move em torno do sol sob influência de uma força central
cuja direção passa sempre pelo centro do sol. Assim, o momento
angular da Terra relativo ao sol é constante.

Exercícios do TEMA

Problemas:

1. O bloco 1, de 4 kg, e o bloco 2, de 1 kg, representados na figura, estão


justapostos e apoiados sobre uma superfície plana e horizontal. Eles são
acelerados pela força horizontal F , de módulo igual a 10 N, aplicada ao bloco 1 e
passam a deslizar sobre a superfície com atrito desprezível.
a) Determine a direção e o sentido da força F1, 2 exercida pelo bloco 1 sobre o bloco
2 e calcule seu módulo.
b) Determine a direção e o sentido da força F2, 1 exercida pelo bloco 2 sobre o bloco
1 e calcule seu módulo.

2. O conjunto abaixo, constituído de fio e polia ideais, é abandonado do


repouso no instante t =0 e a velocidade do corpo A varia em função do
tempo segundo o diagrama dado. Desprezando o atrito e admitindo g =10
m/s2, a relação entre as massas de A (mA) e de B (mB) é:

a) mB =1,5 mA d) mB = 0,5 mB
b) mA =1,5 mB e) mA =mB
c) mA =0,5 mB

3. No sistema da figura, mA =4,5 kg, mB =12 kg e g =10 m/s2. Os fios e as polias

55
ISCED FÍSICA

são ideais.

a) Qual a aceleração dos corpos?


b) Qual a tração no fio ligado ao corpo A?

4. Dois planos inclinados, unidos por um plano horizontal, estão colocados um


em frente ao outro, como mostra a figura. Se não houvesse atrito, um corpo
que fosse abandonado num dos planos inclinados desceria por ele e subiria
pelo outro até alcançar a altura original H.

5. O centro de uma caixa de massa M desloca-se de uma distância d com


aceleração a constante sobre a superfície horizontal de uma mesa sob a
ação das forças F, fc, N e P. Considere fc a força de atrito cinético. De acordo
com a figura acima, pode-se afirmar que realizam trabalho, apenas, as
forças

a) F e fc c) fc e N
b) F e N d) fc e P

Respostas 1 a) F=2N b) F=2N; 2 a=4m/,s2 mB=1.5mA; 3 a=1m/s2


T=54N; 4 a); 5 a)

56
ISCED FÍSICA

UNIDADE TEMÁTICA V: DINÂMICA DO SISTEMA DE


MUITAS PARTÍCULAS

5.1.Centro de Massa

5.2. Posição e velocidade Centro de Massa;

5.3. Massa Reduzida

5.4. Momentos, angular e de forças

5.5. Energias e leis de conservação de Energia

Introdução

Nos capítulos anteriores, discutimos a teoria da dinâmica de uma


partícula. Agora vamos considerar o problema de várias partículas, que
é o mais importante e realístico. É importante também salientar que
na discussão vamos considerar partículas com massas constantes.

V.1 Centro de Massa


O centro de massa de um sistema de partículas é o ponto que se move
como se toda a massa do sistema estivesse concentrada nele e como
se todas as forças actuantes estivessem a ser aplicadas no mesmo
ponto, em outras palavras, pode-se considerar o centro de massa
como sendo o ponto onde está concentrada a massa do sistema, ou
do corpo.

 Saber calcular o centro de massa e velocidade Centro de massa de um


sistema de muitas partículas

 Conhecer as leis de conservação nela envolvidas


Objetivos
 Aplicar as leis de Newton para esses sistemas de muitas partículas
Específicos

57
ISCED FÍSICA

1.1 Posição de Centro de Massa (𝒓𝑪𝑴 )

A posição de centro de massa, é definida pelo vector-posição. Para tal


vamos considerar um sistemas de pontos materiais de massas,
𝑚1 , 𝑚2 , … , 𝑚𝑖 e ocupando as posições, 𝑟1 , 𝑟2 , … , 𝑟𝑖 , então definimos a
posição do seu centro de massa pela expressão,
𝑚1 𝑟1 + 𝑚2 𝑟2 + … + 𝑚𝑖 𝑟𝑖
𝑟𝐶𝑀 =
𝑚1 + 𝑚2 + … + 𝑚𝑖
∑𝑖 𝑚𝑖 𝑟𝑖
= , 𝑜𝑛𝑑𝑒, 𝑀 − é 𝑎 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 (5.1)
𝑀
Levando em consideração partículas distribuidas no sistema tri-
dimensional, então a posição de centro de massa será dada pelas
coordenadas em causa, isto é,
1 1
𝑥𝐶𝑀 = 𝑀 ∑𝑛𝑖 𝑚𝑖 𝑥𝑖 (𝑎), 𝑦𝐶𝑀 = ∑𝑛𝑖 𝑚𝑖 𝑦𝑖 (𝑏) 𝑒 𝑧𝐶𝑀 =
𝑀
1
∑𝑛𝑖 𝑚𝑖 𝑧𝑖 (𝑐) (5.2)
𝑀

⃗⃗𝑪𝑴 )
V.1.2 Velocidade de Centro de Massa (𝑽

Dado o vector-posição, relação (5.1), por derivação podemos definir a


velocidade de centro de massa, isto é,
𝑑𝑟⃗𝐶𝑀 1 𝑑𝑟𝑖 𝑚1 𝑣⃗1 + 𝑚2 𝑣⃗2 + … + 𝑚𝑖 𝑣⃗𝑖
⃗⃗𝐶𝑀 =
𝑉 = ∑ 𝑚𝑖 =
𝑑𝑡 𝑀 𝑑𝑡 𝑚1 + 𝑚2 + … + 𝑚𝑖
𝑖
1
= ∑ 𝑚𝑖 𝑣⃗𝑖 (5.2)
𝑀
𝑖

Levando em consideração que 𝑃𝑖 = 𝑚𝑖 𝑣𝑖 , então podemos reescrever


(5.2) na forma,
1 𝑃⃗⃗
⃗⃗𝐶𝑀 =
𝑉 ∑ 𝑃𝑖 = (𝑎) 𝑜𝑢 𝑃⃗⃗ = 𝑀𝑉
⃗⃗𝐶𝑀 (𝑏) (5.3)
𝑀 𝑀
𝑖

Onde, 𝑃 = ∑𝑖 𝑃𝑖 é a quantidade do movimento total do sistema. Em


outras palavras, isso sugere que, a quantidade de movimento do
sistema é a mesma que se teria se toda massa fosse concentrada no
centro, movendo-se com velocidade 𝑉𝐶𝑀 . Por essa razão 𝑉𝐶𝑀 é as

58
ISCED FÍSICA

vezes chamada de velocidade do sistema.

IV.1.3 Aceleração de Centro de Massa

Assim como a velocidade de centro de massa, para a aceleração de


centro de massa, derivamos em função tempo a relação (5.3), i.e,
⃗⃗𝐶𝑀
𝑑𝑉 1 𝑑𝑣𝑖 𝑚1 𝑎⃗1 + 𝑚2 𝑎⃗2 + … + 𝑚𝑖 𝑎⃗𝑖
𝑎⃗𝐶𝑀 = = ∑ 𝑚𝑖 =
𝑑𝑡 𝑀 𝑑𝑡 𝑚1 + 𝑚2 + … + 𝑚𝑖
𝑖

∑𝑖 𝑚𝑖 𝑎⃗𝑖
= (5.4)
𝑀

IV.2 Leis de Newton para Sistema de Partículas


IV.2.1 Primeira Lei

Se um sistema é isolado (isenta a interações), sabemos do princípio de


conservação da quantidade do movimento que P é constante,
portanto ,

 O centro de massa de um sistema isolado está em repouso ou movendo-se com


velocidade constante em qualquer referência inercial (massas constantes)

IV. Seguda e Terceira Lei

Agora vamos considerar um sistema 𝑠 não isolado, onde as partículas


contidas nele estão interagido com outras do sistema 𝑠′ e, que juntos
𝑠
(𝑠, 𝑠′) forma um sistema isolado, figura(5.1).

𝑠′ Vamos designar pelo índice i, as partículas que pertencem a 𝑠 e

Figura 5.1 Interação dos sistemas s e s’ por j, as que pertencem a 𝑠′. O princípio de conservação de
quantidade de movimento para sistema isolado composto
por 𝑠 𝑒 𝑠′, é,

𝑃 = ∑ 𝑃𝑖 = ∑ 𝑃𝑗 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡. 𝑜𝑢 𝑃 = 𝑃𝑠 + 𝑃𝑠′ = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡. (5.5)


𝑖 𝑗

Vista a relação (5.5), então pode-se dizer que, qualquer variação na

59
ISCED FÍSICA

quantidade de movimento de
𝑠, deve ser acompanhada por uma variação igual e oposta da
quantidade de 𝑠′ e, analiticamente escrevemos,

∆𝑃𝑠 = −∆𝑃𝑠′ 𝑜𝑢 ∑ ∆𝑃𝑖 = − ∑ ∆𝑃𝑗 (5.6)


𝑖 𝑗

Desta forma a interação entre 𝑠 𝑒 𝑠′, pode ser descrita como troca de
quantidade de movimento. Agora, derivando (5.6) em função ao
tempo, e, em simultâneo calcularmos o limite quando ∆𝑡 → 0, temos,

𝑑𝑃𝑠 𝑑𝑃𝑠′ 𝑑𝑃𝑠 𝑑


=− (5.7) 𝑜𝑛𝑑𝑒, = 𝐹𝑒𝑥𝑡 𝑜𝑢 (∑ 𝑃𝑖 )
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡
𝑖

= 𝐹𝑒𝑥𝑡 (5.8)
Diz-se força externa (𝐹𝑒𝑥𝑡 ), porque a razão de variação com o tempo
da quantidade de movimento de 𝑠, é devida a sua interação com 𝑠′,
então, 𝐹′𝑒𝑥𝑡 , será a força externa agindo sobre 𝑠′, dai que escrevemos,
𝑭𝒆𝒙𝒕 = −𝑭′𝒆𝒙𝒕 (5.9)
Contudo, a relação (5.9) traduz a terceira lei de Newton, acção e
reacção entre 𝑠 𝑒 𝑠′.
É importante salientar que para além das forças externas, também
actuam nos sistemas as forças internas devidas às interações entre as
partículas componentes, mas, não foram levantadas nas deduções das
fórmulas anteriores, porque não produzem qualquer variação na
quantidade de movimento.
Para um sistema de partículas, podemos definir a lei fundamental da
dinâmica, ou a equação de movimento de centro de massa de um
sistema de partículas, pela expressão,
⃗⃗𝐶𝑀
𝑑𝑉
𝐹⃗𝑒𝑥𝑡 = 𝑀 ↔ ⃗𝑭⃗𝒆𝒙𝒕 = 𝑴𝒂
⃗⃗𝑪𝑴 (5.10)
𝑑𝑡

A expressão (5.10), traduz a segunda lei de Newton para sistemas de


partículas, isto é,

 O centro de massa de um sistema de partículas move-se como se fosse uma partícula de


V.2 Massa Reduzida
massa igual a massa total do sistema e sujeita à força externa aplicada

60
ISCED FÍSICA

𝑧 Consideremos duas partículas que estão submetidas apenas á


interações mútuas, isto é, sobre elas não agem forças externas, figura
𝐹12 𝐹21 As equações de movimento para cada partícula
𝑚1 𝑚25.2.
relativamente a um observador inercial 𝑂, são,
𝑟1 𝑟2
𝑑𝑣1 𝐹12 𝑑𝑣1
𝑂 𝐹12 = 𝑚1 𝑜𝑢 = (5.11)
𝑑𝑡 𝑚1 𝑑𝑡
𝑦
𝑑𝑣2 𝐹21 𝑑𝑣2
𝑥 𝐹21 = 𝑚2 𝑜𝑢 = (5.12)
𝑑𝑡 𝑚2 𝑑𝑡

Figura 5.2 Interação de Duas Partículas

Subtraindo as relação anteriores (5.11) e (5.12), tem-se,


𝑑𝑣1 𝑑𝑣2 𝐹12 𝐹21
− = − ,
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑚1 𝑚2
𝑑
𝑠𝑒 𝐹12 = −𝐹21 , (𝑣 − 𝑣2 )
𝑑𝑡 1
1 1
=( + )𝐹 (5.13)
𝑚1 𝑚2 12

Neste caso a diferença das velocidades, também chamada velocidade


de 𝑚1 relativamente a 𝑚2 é definida como, (𝑣1 − 𝑣2 ) = 𝑣12 , logo,
𝑑 𝑑𝑣12
(𝑣1 − 𝑣2 ) = = 𝑎12 (5.14)
𝑑𝑡 𝑑𝑡
Desta forma, encontramos a definição para a aceleração de 𝑚1
relativamente a 𝑚2 .

Agora se introduzirmos uma nova grandeza, chamada massa reduzida


designada por 𝜇, para o sistema de duas partículas, resulta,
1 1 1 𝑚1 + 𝑚2 𝑚1 . 𝑚2
= + = ↔ 𝜇= (5.15)
𝜇 𝑚1 𝑚2 𝑚1 . 𝑚2 𝑚1 + 𝑚2
𝐹12
Substituindo (5.14) e (5.15) em (5.13), temos, 𝑎12 = ↔ 𝐹12 =
𝜇

𝜇𝑎12 (5.16)

 O movimento relativo de duas partículas sujeitas apenas às suas interações mútuas é,


Veja que se 𝑚1 ≪ 𝑚2 𝑒 𝑚1 = 𝑚2 , de expressão (5.15), podemos
relativamente a um observador inercial, equivalente ao movimento de uma partículas de
massa igual à massa reduzida sob acção de uma força igual à força de interação.
61
ISCED FÍSICA

definir a massa reduzida por,


𝑚1 𝑚1 1
𝜇= 𝑚1 ≅ 𝑚1 (1 − ) (5.17) 𝑒 𝜇 = 𝑚1 (5.18)
1 + ⁄𝑚2 𝑚2 2

Para chegar a relação (5.17), dividimos os membros de (5.15) por 𝑚2 e


levamos em consideração a aproximação (1 + 𝑥)−1 = (1 − 𝑥).

V.3 Momento Angular e de Força de um Sistema de Partículas

Agora o objecto de estudo é o momento angular de um sistema de


partículas. Para tal primeiro relembrémos a definição do momento
linear, so que desta vez, para um sistema de partículas, escrevendo-a
na forma,

𝑃⃗⃗ = ∑ 𝑚𝑖 𝑉
⃗⃗𝐶𝑀 = ∑ 𝑃⃗⃗𝑖 (5.19)
𝑖 𝑖

⃗⃗
𝑑𝐿
⃗⃗ = 𝑟⃗𝑥𝑃⃗⃗ = (5.20) 𝑒 𝜏 =
𝐿 (5.21)
𝑑𝑡
Para simplificar, vamos considerar duas partículas, então, os
momentos angulares serão,
𝑑𝐿1 𝑑𝐿2 𝑑
𝜏1 = 𝑒 𝜏2 = → 𝜏1 + 𝜏2 = (𝐿1 + 𝐿2 ) (5.22)
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡

Desta vez, para além das interações mútuas, suponhamos que cada
partícula, está também submetida a uma força externa (figura 5.3).
𝑧
𝐹1 𝐹2
Então sobre a partícula 1 actuam as forças 𝐹1 𝑒 𝐹12 , e sobre a
𝐹12 𝐹21
𝑚1 𝑚2 partícula 2 actuam as forças 𝐹1 𝑒 𝐹21 , logo, defimos o torque como,
𝑟1 𝑟2 𝜏1 = 𝑟1 𝑥(𝐹1 + 𝐹12 ) = 𝑟1 𝑥𝐹1 + 𝑟1 𝑥𝐹12 (5.23)

𝑂 𝜏2 = 𝑟2 𝑥(𝐹2 + 𝐹21 ) = 𝑟2 𝑥𝐹2 + 𝑟2 𝑥𝐹21 (5.24)

𝑦 Levando em consideração que 𝐹12 = −𝐹21, então, o torque total será,


𝑥
𝜏1 + 𝜏2 = 𝑟1 𝑥𝐹1 + 𝑟2 𝑥𝐹2 + (𝑟2 − 𝑟1 )𝑥𝐹21 (5.25),

Figura 5.3 Interação de Duas Partículas


na Presença de Forças Externas

62
ISCED FÍSICA

Pela análise da figura 5.3, é fácil ver que o vector ∆𝑟 = 𝑟2 − 𝑟1 = 𝑟21 ,


tem a direcção da recta que une as partículas e, as forças 𝐹12 𝑒 𝐹21 ,
também agem ao longo da mesma recta. Visto isso, os vectores
𝑟21 𝑒 𝐹21 , são paralelos, então o seu produto vectorial será nulo, isto é,
[(𝑟2 − 𝑟1 )𝑥𝐹21 = 0].
Desta forma, podemos reescrever a expressão (5.25) na forma, 𝜏1 +
𝜏2 = 𝑟1 𝑥𝐹1 + 𝑟2 𝑥𝐹2 , logo,

𝑑
𝜏1 + 𝜏2 = (𝐿 + 𝐿2 ) = 𝑟1 𝑥𝐹1 + 𝑟2 𝑥𝐹2 = 𝜏1𝑒𝑥𝑡 + 𝜏2𝑒𝑥𝑡 (5.26)
𝑑𝑡 1
Generalizando o resultado para qualquer número de partículas,
obtemos,
𝑑𝐿
= 𝜏𝑒𝑥𝑡 (5.27) 𝑒 𝐿 = ∑ 𝐿𝑖
𝑑𝑡
𝑖

Onde,
𝐿 − é o momento angular total e 𝜏𝑒𝑥𝑡 − é o torque total exercido
apenas pelas forças externas
Uma nova lei fundamental da dinâmica de rotação pose ser enunciada,
isto é,

 A razão de variação com o tempo do momento angular de um sistema de partículas,


relativamente a um ponto arbitrário, é igual ao torque total, relativo ao mesmo ponto, das
forças externas que agem sobre o sistema.

Na ausência de forças externas, ou se a soma dos seus torques é zero


𝑑𝐿 𝑑
(𝜏𝑒𝑥𝑡 = 0), então, = 𝑑𝑡 (∑𝑖 𝐿𝑖 ) = 0, e, integrando tem-se, 𝐿 =
𝑑𝑡

∑𝑖 𝐿𝑖 = 𝐿1 + 𝐿2 + … + 𝐿𝑖 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡. (5.28), que constitui o


princípio de conservação do momento angular. Em palavra temos,

 O momento angular total de um sistema isolado, ou de um sistema com torque externo igual a
zero, é constante em módulo, direcção e sentido.

V. Energia Cinética de um Sistema de Partículas

63
ISCED FÍSICA

Na figura 5.3, suponhamos que ao longo das trajectórias indicadas, as


particulas movem-se com velocidades 𝑣1 𝑒 𝑣2 , dai que, as equações
de movimento de cada partícula serão,
𝑚1 𝑎1 = 𝐹1 + 𝐹12 (𝑎) 𝑒 𝑚2 𝑎2 = 𝐹2 + 𝐹21 (𝑏) (5.29)
Nos instantes de tempo ∆𝑡 muito pequenos, as partículas sofrem
𝑧
𝐹1 𝐹2 deslocamentos infinitesimais 𝑑𝑟1 𝑒 𝑑𝑟2 , tangentes a sua trajectória. Se
𝐹12 𝐹21
𝑚1 𝑚2 multiplicarmos os respectivos deslocamento em cada equção resulta,
𝑚1 𝑎1 𝑑𝑟1 = 𝐹1 𝑑𝑟1 + 𝐹12 𝑑𝑟1 (5.30𝑎)
𝑚2 𝑎2 𝑑𝑟2 = 𝐹2 𝑑𝑟2 + 𝐹21 𝑑𝑟2 (5.30𝑏)
𝑂
Agora, somando membro a membro as equações anteriores,
𝑦
𝑥 levando em consideração que, 𝐹12 = −𝐹21 , então temos,
Figura 5.3 Interação de Duas Partículas
na Presença de Forças Externas 𝑚1 𝑎1 𝑑𝑟1 + 𝑚2 𝑎2 𝑑𝑟2 = 𝐹1 𝑑𝑟1 + 𝐹2 𝑑𝑟2 + 𝐹12 (𝑑𝑟1 − 𝑑𝑟2 )
𝑑𝑣1
𝑎1 𝑑𝑟1 = 𝑑𝑟 = 𝑣1 𝑑𝑣1 𝑒 𝑎2 𝑑𝑟2 = 𝑣2 𝑑𝑣2 ,
𝑑𝑡 1
𝑑𝑟1 − 𝑑𝑟2 = 𝑑(𝑟1 − 𝑟2 ) = 𝑑𝑟12

𝑚1 𝑣1 𝑑𝑣1 + 𝑚2 𝑣2 𝑑𝑣2 = 𝐹1 𝑑𝑟1 + 𝐹2 𝑑𝑟2 + 𝐹12 𝑑𝑟12 (5.31)


𝑣2 𝑣2
𝑚1 ∫ 𝑣1 𝑑𝑣1 + 𝑚2 ∫ 𝑣2 𝑑𝑣2
𝑣0 𝑣0
𝐵 𝐵
= ∫ 𝐹1 𝑑𝑟1 + 𝐹2 𝑑𝑟2 + ∫ 𝐹12 𝑑𝑟12 (5.32)
𝐴 𝐴
1 1
No membro esquerdo o integral nos dá, (2 𝑚1 𝑣1 2 − 2 𝑚1 𝑣10 2 ) +
1 1
(2 𝑚2 𝑣2 2 − 2 𝑚2 𝑣20 2 ) →
1 1 1 1
( 𝑚1 𝑣1 2 + 𝑚2 𝑣2 2 ) − ( 𝑚1 𝑣10 2 + 𝑚2 𝑣20 2 )
2 2 2 2
= 𝐸𝑐 − 𝐸𝑐0 (5.33)
𝐸𝑐 , 𝐸𝑐0 − energias cinéticas totais nos instantes t0 e t
𝐵
Para o membro direito, temos, 𝑤𝑒𝑥𝑡 = ∫𝐴 𝐹1 𝑑𝑟1 + 𝐹2 𝑑𝑟2 (𝑎) 𝑤𝑖𝑛𝑡 =
𝐵
∫𝐴 𝐹12 𝑑𝑟12 (𝑏) (5.34)
𝑤𝑒𝑥𝑡 , 𝑤𝑖𝑛𝑡 − são os trabalhos totais executados pelas forças externas e
internas, respectivamente.
Combinando as três relações anteriores, (5.34), (5.33) e (5.32),
escrevemos,

64
ISCED FÍSICA

𝐸𝑐 − 𝐸𝑐0 = 𝑤𝑒𝑥𝑡 + 𝑤𝑖𝑛𝑡 (5.35)


 A variação da energia cinética de um sistema de partículas é igual ao trabalho realizado
sobre o sistema pelas forces externas e internas.

V.6 Conservação da Energia de um Sistema de Partículas

Suponhamos agora que as forças internas são conservativas e que,


portanto, existe uma função 𝐸𝑃12 que depende das coordenadas de
𝑚1 𝑒 𝑚2 , tal que,
𝐵
𝑤𝑖𝑛𝑡 = ∫ 𝐹12 𝑑𝑟12 = 𝐸𝑃12 0 − 𝐸𝑃12 (5.36)
𝐴

𝐸𝑃12 0 , 𝐸𝑃12 − energias potenciais internas nos instantes t0 e t


Se as forças internas agem ao longo da linha 𝑟12, então, a energia
potencial interna não depende do sistema de referência, mas sim, de
𝑟12.
Substituindo a equação (5.36) em (5.35), então, 𝐸𝑐 − 𝐸𝑐0 = 𝑤𝑒𝑥𝑡 +
𝐸𝑃12 0 − 𝐸𝑃12
(𝐸𝑐 + 𝐸𝑃12 ) − (𝐸𝑐 + 𝐸𝑃12 )0 = 𝑤𝑒𝑥𝑡 (5.37)
Definindo a energia própria do sistema, temos,
1 1
𝑈 = 𝐸𝑐 + 𝐸𝑃12 = 𝑚1 𝑣1 2 + 𝑚2 𝑣2 2 + 𝐸𝑃12 (5.38)
2 2
E para um caso geral de n partículas, escrevemos,
1
𝑈 = 𝐸𝑘 + 𝐸𝑃𝑖𝑛𝑡 = ∑ 𝑚𝑖 𝑣𝑖 2 + ∑ 𝐸𝑃𝑖𝑗 (5.39)
2
𝑖 𝑖𝑗

De relação (5.38), na ausência de forças internas, toda a energia


própria é cinética (𝑈 = 𝐸𝑘 ).
Veja que a definição do princípio de conservação da energia, é
encotrada pela substituição da expressão (5.38) em (5.37), isto é,
𝑈 − 𝑈0 = 𝑤𝑒𝑥𝑡 (5.40)

 A variação da energia própria de um sistema de partículas é igual ao trabalho feito sobre o


sistema pelas forças externas.

É importante salientar que esta lei surgiu como consequência do

65
ISCED FÍSICA

princípio de conservação da quantidade de movimento e da hipótese


de que as forças internas são conservativas.
Se considerarmos um sistema isolado, no qual, 𝑤𝑒𝑥𝑡 = 0 (ausência de
forças externas), mas, sob a condição das forças internas serem
conservativas, então, 𝑈 = 𝑈0 .
 A energia própria de um sistema isolado de partículas permanece constante

Assim, se a energia cinética de um sistema isolado aumenta, sua


energia potencial interna deve decrescer pela mesma quantidade, de
tal maneira que a soma permaneça constante.

Exercicios sobre o Tema: Sistema de Muitas Partículas

1. Levando em consideração a figura 1, localiza o centro de massa


das 5 partículas mostradas, se 𝑚1 = 𝑚2 = 𝑚3 = 𝑚4 = 𝑚5 =
𝑚 = 2𝑘𝑔

2. Localize o centro de massa de 3 partículas de massas 𝑚1 =


1𝑘𝑔, 𝑚2 = 2𝑘𝑔 𝑒 𝑚3 = 3𝑘𝑔 que se encontram nos vértices de
um triângulo equilátero de 1m de lado

3. A massa A de 2kg desloca-se para a direita com uma velocidade


𝑣𝐴 = 15 𝑚⁄𝑠 e a massa B de 1kg, move-se para cima com 𝑣𝐵 =
20𝑚/𝑠. Determine;
a) A quantidade de movimento do corpo A em relação ao
centro de massa do sistema
b) A energia cinética do corpo A em relação ao centro de
massa do sistema.

66
ISCED FÍSICA

TEMA VI: DINÂMICA DE UM CORPO RÍGIDO

2.1.Momento Angular de um corpo Rígido

2.2. Momento de Inércia;

2.3. Equações de movimento de um corpo Rígido.

2.4. Leis de conservação de Energia no movimento de um corpo


Rígido

 Saber calcular o Momento angular de um corpo Rigido

 Conhecer as leis de conservação nela envolvidas

Objetivos  Aplicar as leis de Newton para o movimento de um corpo Rigido

Específicos

UNIDADE Temática: Momento angular de um corpo


Rigido

Introdução

Dinâmica de um Corpo Rígido


Definimos corpo rígido, todo corpo que pode girar com todas as partes
ligadas rigidamente e sem mudar de forma, ou por outra, quando as
distâncias entre todas as partículas componentes permanecem fixas
sob acção de uma força.
Para escrever as equações de movimentos destes corpos, vamos
considerar dois tipos de movimentos, a saber, de,
 Translação – quando todas as partículas descrevem
trajectórias paralelas, isto é, as linhas que unem dois pontos

67
ISCED FÍSICA

permanecem sempre paralelas às suas posições iniciais (figura


6.1)
 Rotação – quando todas as partículas descrevem trajectórias
circulares ao redor de uma recta denominada eixo de rotação
(figura 6.2).

Figura 6.1 Movimento de Translação Figura 6.2 Movimento de Rotação

Em geral, o corpo rígido realiza movimentos combinados, isto é, de


rotação e de translação. Mas em alguns casos, é possível encontrar
corpos que se deslocam sem girar, ou vice-versa.

Se prestarmos atenção a definição do corpo rígido, vamos perceber


que este, é também um sistema de muitas partículas, dai que,
analisando em função ao seu centro de massa, podemos escrever a
equação de movimento pela lei de Newton na forma,
𝑑𝑉𝐶𝑀
𝑀 = 𝐹𝑒𝑥𝑡 𝑜𝑢 𝐹𝑒𝑥𝑡 = 𝑀𝑎𝐶𝑀 (6.1)
𝑑𝑡

O movimento translacional para estes sistemas já foi estudado no


capítulo anterior, por isso, agora vamos apenas focar o estudo ao
movimento rotacional do corpo rígido e, para isso, consideraremos um
eixo fixo no referencial inercial e que passa pelo centro de massa do
corpo.

68
ISCED FÍSICA

VI.1 Momento Angular de um Corpo Rígido

Considerando o corpo rígido da figura ao lado, girando em torno do


𝑍 eixo z, com velocidade angular 𝜔. Cada partícula do corpo, executa
uma trajectória circular em torno do mesmo eixo e com mesma
𝐵𝑖 velocidade.
𝐴𝑖

𝐿𝑖 𝑟𝑖
Tomando a partícula 𝐴𝑖 , que descreve um círculo de raio, 𝑅𝑖 = ̅̅̅̅̅̅
𝐴𝑖 𝐵𝑖 ,
𝐿𝑖𝑧 𝜃𝑖
𝜋⁄ com velocidade linear 𝑣𝑖 = 𝜔𝑥𝑟𝑖 , onde, 𝜔𝑖 = 𝜔 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡., podemos
2
definir o momento angular da mesma partícula relativamente a origem
𝑋 𝑌
O, pela expressão, 𝐿𝑖 = 𝑚𝑖 𝑟𝑖 𝑥𝑣𝑖 (6.2)

𝜋
Figura 6.3 Partícula 𝐴𝑖 do Corpo Rígido Onde, 𝐿𝑖 −é perpendicular a 𝑟𝑖 𝑒 𝑣𝑖 , e faz um ângulo igual a (2 − 𝜃𝑖 ),

com o eixo Z. Visto que 𝑟𝑖 𝑒 𝑣𝑖 , são perpendiculares, então o módulo


de 𝐿𝑖 , será, |𝐿𝑖 | = 𝑚𝑖 𝑟𝑖 . 𝑣𝑖 (6.3)

A componente Z do momento angular pode ser definido recorrendo a


figura anterior, na forma,
𝜋
𝐿𝑖𝑧 = (𝑚𝑖 𝑟𝑖 . 𝑣𝑖 )𝐶𝑜𝑠 ( − 𝜃𝑖 ) = 𝑚𝑖 (𝑟𝑖 𝑆𝑒𝑛𝜃𝑖 )(𝜔𝑅)
2
= 𝑚𝑖 𝑅𝑖 2 𝜔 (6.4)
Desta maneira, a componente do momento angular total ao longo do
eixo Z, será dada pela soma, i.e,
𝑛

𝐿𝑧 = 𝐿1𝑧 + 𝐿2𝑧 + ⋯ + 𝐿𝑛𝑧 = ∑ 𝐿𝑖𝑧 (6.5)


𝑖=1
𝑛

𝐿𝑧 = (𝑚1 𝑅1 + 𝑚2 𝑅2 + ⋯ + 𝑚𝑛 𝑅𝑛 )𝜔 = (∑ 𝑚𝑖 𝑅𝑖 2 ) 𝜔
2 2 2
(6.6)
𝑖=1

De relação anterior, podemos definir uma nova grandeza denominada


momento de inércia do corpo, relativamente ao eixo de rotação Z, na
forma,
𝑛

𝐼 = 𝑚1 𝑅1 + 𝑚2 𝑅2 + ⋯ + 𝑚𝑛 𝑅𝑛 = ∑ 𝑚𝑖 𝑅𝑖 2
2 2 2
(6.7)
𝑖=1

69
ISCED FÍSICA

Onde, 𝑰 −é o momento de inércia, e, é sempre positiva e 𝑹 −é o


braço, ou, distância perpendicular do ponto de aplicação da força ao
eixo de rotação.

Conjugando as relações anteriores, (6.7) e (6.6), para o momento


angular total ao longo do eixo Z, temos,
𝐿𝑧 = 𝐼𝜔 (6.8) onde, 𝐿 = 𝐿1 + 𝐿2 + ⋯ + 𝐿𝑛 =
∑𝑛𝑖=1 𝐿𝑖 (6.9)

A equação (6.9), define o momento angular total e em geral, não é


paralelo ao eixo de rotação. Quando o corpo gira em torno de um eixo
principal de inércia, o momento angular total é paralelo à velocidade
angular 𝜔, logo escrevemos,
⃗⃗ = 𝐼. 𝜔
𝐿 ⃗⃗ = (𝐼1 𝜔0𝑥 )𝑢0𝑥 + (𝐼2 𝜔0𝑦 )𝑢0𝑦 + (𝐼3 𝜔0𝑧 )𝑢0𝑧 (6.10)

VI. Cálculo de Momento de Inércia

Primeiro vamos escrever a equação (6.7) na forma de uma integral,


isto é,
𝑛

𝐼 = ∑ 𝑚𝑖 𝑅𝑖 2 = ∫ 𝑅 2 𝑑𝑚 (6.11)
𝑖=1

Se o corpo é feito de material de densidade variável 𝜌 = 𝜌(𝑥, 𝑦, 𝑧), a


massa elementar 𝑑𝑚, é expressa em termos da densidade e do
volume,

𝑑𝑚 = 𝜌𝑑𝑣 (6.12) 𝑒 𝐼 = ∫ 𝜌𝑅 2 𝑑𝑣 (6.13)

Um ponto importante está relacionado com a densidade 𝜌, ela é


constante para corpos homegéneos, e, a expressão anterior toma a
forma,

𝐼 = 𝜌 ∫ 𝑅 2 𝑑𝑣 (∗)

70
ISCED FÍSICA

Tomando a figura 6.4 (corpo no espaço) e 6.5 (uma placa fina), escreva
as expressões para o cálculo do momento de inércia dos corpos.

𝑍 𝑍

𝑅
𝑦 𝑥 𝑌
𝑅
𝑋
𝑋 𝑦 𝑥 𝑌
Figura 6.5 Corpo em forma de Placa Fina
Figura 6.4 Corpo no sistema Tri-dimensional

Para a figura 6.4, temos, 𝑅 2 = 𝑥 2 + 𝑦 2 , e, pela definição de momento


de inércia, resulta,

𝐼𝑧 = ∫ 𝜌 (𝑥 2 + 𝑦 2 )𝑑𝑣 (6.14)

Para a figura 6.5, visto que a corpo em causa é uma placa fina, onde Z
é desprezível, e, desta forma desprezível também o seu momento de
inércia, então, para as componentes x e y temos,

𝐼𝑥 = ∫ 𝜌 𝑦 2 𝑑𝑣 (𝑎) 𝑒 𝐼𝑦 = ∫ 𝜌 𝑥 2 𝑑𝑣 (𝑏) (6.15)

Comparandos as respostas (6.14) e (6.15), facilmente concluimos que,


𝐼𝑧 = 𝐼𝑥 + 𝐼𝑦 (6.16)
Os momentos de inércia relativos a eixos paralelos são relacionados
por uma fórmula simples, denominada teorema de Steiner, ou a
também chamado de teorema de eixos paralelos, definido por,
𝐼 = 𝐼𝑐 + 𝑀𝑎2 (6.17)
𝐼𝑐 −é o momento de inércia em relação ao centro de massa (CM) e
𝑀 − é a massa total do corpo
𝑎 − distância perpendicular que separa o eixo de rotação ao centro de
massa.

Para além da definição apresentada, o momento de inércia ainda pode

71
ISCED FÍSICA

ser definida em relação ao ângulo de giração (𝐾) pela expressão,


𝐼 = 𝑀𝐾 2 (6.18)
A tabela 1, apresenta alguns ângulos de giração para sólidos principais.

Tabela 1. Ângulo de Giração de Algumas Sólidos (Fonte : Alonso & Finny – Mecânica)

Cilindro Placas Retangular Anel


Ângulo de 𝑅2 𝑅2 𝑎2 + 𝑏 2 𝑏 2 𝑅2
𝑒 𝑒
Giração(𝐾 2 ) 2 4 12 12
𝐿2
+
12

Disco Haste Fina Esfera


2
Ângulo de 𝑅 𝑅2 𝐿2 2 2
𝑒 𝑅
2 4 12 3
Giração(𝐾 2 )

Exercícios de Aplicação

1. Demonstre que o momento de inércia de uma vara fina de


comprimento L rolando em torno de um eixo localizado no
centro e perpendicular ao comprimento é dado por I=1/12Ml2.

2. Usando o teorema do eixo paralelo mostre que o momento de


inércia da mesma vara sobre um eixo localizado numa das
extremidade e perpendicular ao seu comprimento é dado por
I=1/3ML2

72
ISCED FÍSICA

Resolução:

1. A figura abaixo, mostra uma vara de comprimento L, com o


eixo de rotação (OY) passando pelo sentro da mesma, i.e,
devidindo a vara em duas partes iguais. Usando a definição de
momento de inércia temos,

𝐼𝑦 = ∫ 𝜌 𝑥 2 𝑑𝑣, 𝑜𝑛𝑑𝑒, 𝑚 = 𝜌𝑣

Pela figura, 𝑑𝑣 = 𝐴𝑑𝑥, e 𝑑𝑥 ≡ 𝑑𝐿, então, 𝑚 = 𝜌𝐴𝐿, logo se


substituirmos na relação anterior, temos,

𝐿 𝐿
2
2
2 𝑥32
𝐼𝑦 = 𝜌 ∫ 𝐴𝑥 𝑑𝑥 = 2𝜌𝐴 ∫ 𝑥 𝑑𝑥 = 2𝜌𝐴 |

𝐿
0 3
2

Substuindo os limites de integração resulta que,


2 𝐿 3 𝜌𝐴𝐿3 𝑀𝐿2
𝐼𝑦 = 𝜌𝐴 ( ) = =
3 2 12 12

− 𝐿⁄2 𝐿⁄
2
𝐴 𝑋
𝑑𝑥

𝐿
Figura 1E. Vara fina de Comprimento L

2. Segundo o teorema de Steiner temos, 𝐼 = 𝐼𝑐 + 𝑀𝑎2 , onde,


𝐼𝑐 −é o momento de inércia de centro de massa, calculado no
n0 1, e a- distância perpendicular que separa o eixo de rotação
𝐿
ao centro de massa, para o caso da figura, 𝑎 = 2, logo,

𝑀𝐿2 𝐿 2 4𝑀𝐿2 𝑀𝐿2


𝐼 = 𝐼𝑐 + 𝑀𝑎2 = +𝑀( ) = =
12 2 12 3

73
ISCED FÍSICA

VI.3 Equação de Movimento para Rotação de um Corpo Rígido


Mais uma vez, relembremos as definições de momentos angular e de
força, respectivamente, de um sistema de partículas e, apliquemos
para um corpo rígido em rotação em torno do ponto fixo no sistema
𝑑𝐿
inercial. Se 𝐿 = 𝐼𝜔, e = 𝜏, então,
𝑑𝑡

𝑑
(𝐼𝜔) = 𝜏 (6.19)
𝑑𝑡
Se o eixo permanece fixo, relativemente ao corpo rígido, então, o
momento de inércia permanece constante, e, escrevemos,
𝑑𝜔 𝑑𝜔
𝐼 = 𝜏 𝑜𝑢 𝜏 = 𝐼𝛼 (6.20) , 𝑒𝑚 𝑟𝑒𝑙𝑎çã𝑜 𝑎 𝐶𝑀, 𝐼𝐶𝑀 ( )
𝑑𝑡 𝑑𝑡
= 𝜏𝐶𝑀 (6.21)
Note que se 𝜏 = 0, 𝐼𝜔 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡., como também, se 𝐼 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡.,
também 𝜔 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡., dai que,

 Um corpo rígido que gira em torno de um eixo principal, move-se com velocidade angular
constante quando não é aplicado torque externo.

Se o corpo não gira em torno de um eixo principal, mas fixo


relativamente ao corpo tal que 𝐼 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡., então,
𝑑𝜔
𝐼 = 𝜏𝑧 (6.22)
𝑑𝑡
Qunado o eixo de rotação não tem um ponto fixo num referencial
inercial, calculamos o momento angular e o torque relativamente ao
centro de massa do corpo, pela relação,
𝑑𝐿𝐶𝑀
= 𝜏𝐶𝑀 (6.23)
𝑑𝑡
Importante: Para a resolução de problemas práticas, vamos considerar
𝑅
positivos os momentos de força no sentido anti-horário e negativos
𝑁
no sentido contrário 𝑇1
𝑃1 𝑇
VI.4 Diagrama de Corpo Livre 𝑓𝑎 𝑅
𝑀
𝑃1
𝑇2
𝑃2

Figura 6.6 Movimento da Polia 𝑃2

Figura 6.7 Sistema Combinado Mesa – Polia 74


ISCED FÍSICA

Agora vamos apresentar as equações de movimento para cada sistema


apresentado. Para tal é importante antes de mais, verificar os
movimentos realizados. Pode-se ver que para os dois sistemas temos
movimentos combinados, rotação da roldana e translação das massas,
dai que,

1
 Para a figura 6.6, se 𝐼𝑐 = 𝑀𝐾 2 = 2 𝑀𝑅 2 (tabela 1), e 𝑎 = 𝑅𝛼,

então resulta,
𝑅𝑜𝑡𝑎çã𝑜: 𝜏 = 𝐼𝛼 (6.24) 𝑇 . 𝑅 = 𝐼𝑐 𝛼
{ { 2
𝑇𝑟𝑎𝑛𝑠𝑙𝑎çã𝑜: 𝑃2 − 𝑇2 = 𝑚𝑎 (6.25) 𝑃2 − 𝑇2 = 𝑚𝑅𝛼
𝑀𝑅 2
+ { 𝑇2 = 2𝑅 𝛼 (6.26)
𝑚𝑔 − 𝑇2 = 𝑚𝑅𝛼 (6.27)
𝑀
𝑚𝑔 = ( + 𝑚) 𝑅𝛼 (6.28)
2
 Para a figura 6.7, consideramos os mesmos dados da figura 6.6,
em termos de 𝐼𝑐 𝑒 𝑎.
Antes de mais observando a figura é possível ver que temos um
movimento de rotação no disco (roldana) e dois movimentos de
translação das duas massas, dai escrevemos,

𝑅𝑜𝑡𝑎çã𝑜: −𝜏1 + 𝜏2 = 𝐼𝛼 (6.29) 𝑀𝑅 2


𝑜𝑥: 𝑇1 − 𝑓𝑎 = 𝑚1 𝑎 (𝑎) −𝑇1 . 𝑅 + 𝑇2 . 𝑅 = 𝛼
2
𝑇𝑟𝑎𝑛𝑠𝑙𝑎çã𝑜: { 𝑜𝑦: 𝑃2 − 𝑇2 = 𝑚2 𝑎 (𝑏) (6.30) 𝑇 − 𝑓𝑎 + 𝑃2 − 𝑇2 = (𝑚1 + 𝑚2 )𝑅𝛼
{ 1
{ 𝑜𝑦: 𝑁 − 𝑃1 = 0 (𝑐) { 𝑁 = 𝑚1 𝑔
𝑀𝑅 2
−𝑇1 + 𝑇2 = 𝛼 𝑴
2𝑅 𝑷𝟐 − 𝒇𝒂 = ( 𝟐 + 𝒎𝟏 + 𝒎𝟐 ) 𝜶 (6.31)
{ 𝑇 − 𝑓 + 𝑃 − 𝑇 = (𝑚 + 𝑚 )𝑅𝛼 {
{ 1 𝑎 2 2 1 2 𝑵 = 𝒎𝟏 𝒈 (6.32)
𝑁 = 𝑚1 𝑔

VI.5 Energia Cinética de Rotação

No capítulo anterior definimos a energia cinética translacional de um


1
sistema de partículas, na forma, 𝐸𝑐 = ∑𝑖 2 𝑚𝑖 𝑣𝑖 2 , e para um corpo

75
ISCED FÍSICA

rígido em rotação, definimo-a levando em consideração que 𝑣𝑖 = 𝑅𝑖 𝜔


,i.e,

1 1 1
𝐸𝑐𝑅 = ∑ 𝑚𝑖 𝑅𝑖 2 𝜔2 = (∑ 𝑚𝑖 𝑅𝑖 2 ) 𝜔2 ↔ 𝐸𝑐𝑅 = 𝐼𝜔2 (6.33)
2 2 2
𝑖 𝑖

Quando a rotação é em torno de um eixo principal, então a energia


cinética rotacional será,

𝐿2
𝐸𝐶 = (6.34)
2𝐼

Uma vez definida a energia cinética rotacional, vamos considerar o


caso geral em que o corpo rígido gira em torno de um eixo que passa
pelo seu centro de massa e translada-se em relação ao observador,
então, a energia cinética total será,

1 1
𝐸𝐶 = 𝑀𝑉𝐶𝑀 2 + 𝐼𝐶 𝜔2 = 𝐸𝑐𝑇 + 𝐸𝑐𝑅 (6.35)
2 2

𝐸𝑐𝑇 𝑒 𝐸𝑐𝑅 − são as energias cinéticas de translação e de rotação do


corpo rígido respectivamente.

Já que nos corpos rígidos, a distância entre os pontos ou partículas não


varia durante o movimento, então podemos desprezar a energia
potencial interna, dai que para o princípio de conservação de energia
resulta,

𝐸𝐶 − 𝐸𝐶0 = 𝑤𝑒𝑥𝑡 (6.36)

𝑤𝑒𝑥𝑡 − trabalho das forças externas

VI.6 Conservação de Energia

Vamos considerar forças externas conservativas, de modo que, o


trabalho por elas realizado seja, 𝑤𝑒𝑥𝑡 = (𝐸𝑃0 − 𝐸𝑃 )𝑒𝑥𝑡 .

Agora, se ignorarmos o termo ext (do externo), de relação (6.36),

76
ISCED FÍSICA

escrevemos,

𝐸𝐶 − 𝐸𝐶0 = 𝐸𝑃0 − 𝐸𝑃 ↔ 𝐸𝐶 + 𝐸𝑃 = (𝐸𝐶 + 𝐸𝑃 )0

1 1
𝑬𝑴 = 𝑬 𝑪 + 𝑬𝑷 ↔ 𝑬𝑴 = 2 𝑀𝑉𝐶𝑀 2 + 2 𝐼𝐶 𝜔2 + 𝑀𝑔𝑦 =

𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡. (6.37)

Em relação às forças não-coservativas, como foi analisado no capítulo


anterior, tem-se que,

𝑤𝑒𝑥𝑡 = 𝐸𝑃0 − 𝐸𝑃 + 𝑤 ′ → 𝐸𝐶 − 𝐸𝐶0 = 𝐸𝑃0 − 𝐸𝑃 + 𝑤 ′

(𝐸𝐶 + 𝐸𝑃 ) − (𝐸𝐶 + 𝐸𝑃 )0 = 𝑤 ′ (6.38)

𝑤 ′ − trabalho das forças não conservativas (por exmplo, o atrito)

Exercício de Aplicação

Uma Disco, uma esfera, um cilindro e um anel, todas de mesmo raio,


descem rolando um plano inclinado, partindo de uma altura 𝑦0 (ver a
figura abaixo). Determine, em cada caso, a velocidade quando eles
chegam à base do plano, despreza o atrito.
𝜔
𝑁

𝑉𝐶𝑀
𝑦0
𝐹𝑔

Figura 2E. Um disco desce Rolando um plano inclinado

Resolução:

Para a resolução deste exercício, precisamos de levar em consideração


o princípio de conservação de energia do corpo rígido, pois, os corpos
variam as suas energias ao partir da altura 𝑦0 até a altura 𝑦 = 0. Para
além disso, devemos prestar atenção ao facto dos corpos descerem
rolando ao longo do plano, o que significa que eles transladam

77
ISCED FÍSICA

enquanto rolam, logo, temos energias cinéticas de rotação e


translação, respectivamente.

Segundo o princípio de conservação de energia temos,

1 1
𝐸𝑀𝐴 = 𝐸𝑀𝐵 → 𝐸𝑃𝐴 = (𝐸𝑐𝑇 + 𝐸𝑐𝑅 )𝐵 𝑀𝑔𝑦0 = 𝑀𝑉𝐶𝑀 2 + 𝐼𝐶 𝜔2
2 2

Veja que no ponto A, o disco tem 𝑣0 = 0, logo, 𝐸𝑐𝑇 = 𝐸𝑐𝑅 = 0, e no


ponto B, 𝑦 = 0, então, 𝐸𝑃𝐵 = 0. Vamos apenas resolver para o disco,
e segundo a tabela 1, o seu momento de inércia em relação ao centro
de massa é,

𝑀𝑅 2 𝑣
𝐼𝑐 = 𝑀𝐾 2 = ,e, 𝜔 = 𝑅 logo,
2

1 2 𝑀𝑅 2 𝑉𝐶𝑀 2 1 1
𝑀𝑔𝑦0 = 𝑀𝑉𝐶𝑀 + 2
→ 𝑀𝑔𝑦0 = ( + ) 𝑀𝑉𝐶𝑀 2
2 4 𝑅 2 4

4 𝑔𝑦0
𝑉𝐶𝑀 2 = 𝑔𝑦0 ↔ 𝑉𝐶𝑀 = 2√
3 3

Exercicios sobre o Tema: Dinamica do Corpo Rigido

78
ISCED FÍSICA

UNIDADE TEMÁTICA VII: ESTÁTICA DO CORPO RÍGIDO

7.1.Condicoes de equilíbrio do corpo Rígido

7.2. Diagrama de Corpo Livre;

UNIDADE Estática de uma partícula e de um corpo Rígido

Introdução

Estática de uma partícula e do corpo Rígido

Antes de mais, para a compreensão deste assunto, precisamos de


lembrar-nos da definição do momento de força (torque). Chama-se

momento de força 𝐹⃗ Aplicada no ponto 𝑃, em relação a um ponto O,


ao produto da intensidade da força pela distância d do ponto O a linha

de acção de 𝐹⃗ , e, escrevemos na forma,

𝑀 ≡ 𝜏 = ±𝐹⃗ 𝑑 (7.1) 𝑑 − 𝑏𝑟𝑎ç𝑜 𝑑𝑒 𝑓𝑜𝑟ç𝑎

Mas uma vez, veja que a relação (7.1) apresenta os sinais


Linha de acção de 𝐹⃗
(±), isto porque, o momento pode ser positivo ou negatitivo
dependendo do sentido de rotação do corpo. E pela
𝐹⃗
𝑑 convenção, adotou-se positivo ao momento quando a força
aplicada tende a girar o corpo no sentido anti-horário e
Figura 7.1 Representação de braço de uma força
negativo no sentido contrário.

VII.1 Equilíbrio de uma Partícula

Vamos considerar uma partícula movendo-se em uma direcção (𝑜𝑥),


ver a figura 7.1. Neste caso temos apenas o equilíbrio de translação.

Para este tipo de situação o equilíbrio é atingido


𝑁
quando, 𝐹𝑅 = 0, logo,
𝐹⃗𝑎 𝐹⃗
𝑜𝑥: 𝐹⃗ − 𝐹⃗𝑎 = 0
𝑃 {
𝑜𝑦: 𝑁 − 𝑃 = 0 79
Figura 7.2 Movimento em uma direcção
ISCED FÍSICA

VII.2 Equilíbrio de um Sistema de Partículas

Um corpo está em equilíbrio, quando o corpo não realiza movimento


de translação ou se ele realiza translação rectilíneo uniforme, e ainda,
se o corpo não está em rotação, ou, realiza rotação uniforme.
Contudo, esta afirmação chama-nos atenção da necessidade de
analisar os equilíbrios em relação a translação e a rotação.
Desta forma, o sistema de forças que age sobre um corpo em
equilíbrio deve ser tal que,

 A resultante de sistema de forças seja nula (equilíbrio de translação)


 A soma algébrica dos momentos das forças do sistema, em relação a qualquer ponto, seja
nula (equilíbrio de rotação)

Analiticamente escrevemos,

𝑜𝑥: 𝐹𝑅𝑥 = 𝐹1𝑥 + 𝐹2𝑥 + ⋯ + 𝐹𝑛𝑥 = 0


{𝑜𝑦: 𝐹 = 𝐹 + 𝐹 + ⋯ + 𝐹 = 0 (7.2) 𝜏𝑅
𝑅𝑦 1𝑦 2𝑦 𝑛𝑦

= 𝜏1 + 𝜏2 + ⋯ + 𝜏𝑛 = 0 (7.3)

Se levarmos em consideração a definição de quantidade de


movimento e do momento angular, podemos escrever novas
condições de equilíbrio, i.e,

𝑑𝑃⃗⃗
𝑆𝑒 𝑃⃗⃗ = 0, 𝑜𝑢 𝑃⃗⃗ = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡. (𝑒𝑞. 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑙𝑎çã𝑜) (7.4) = 𝐹⃗𝑒𝑥𝑡 = 0 (7.6)
𝑑𝑡
⃗⃗ = 0, 𝑜𝑢 𝐿
𝑆𝑒 𝐿 ⃗⃗ = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡. (𝑒𝑞. 𝑟𝑜𝑡𝑎çã𝑜) (7.5) 𝑑𝐿⃗⃗
= 𝜏𝑒𝑥𝑡 = 0 (7.7)
{ { 𝑑𝑡

Para escrever as equações de equilíbrio, vamos considerar por


exemplo, a barra da figura 3, em rotação no sentido horário, ao redor
de um eixo passando pelo centro de massa.

𝑥 𝐹⃗3 𝐸𝑞. 𝑇𝑟𝑎𝑠. 𝐹⃗1 − 𝑃 − 𝐹⃗2 + 𝐹⃗3 = 0


𝐹⃗1 𝑥 {
𝑑 𝐸𝑞. 𝑅𝑜𝑡: − 𝐹⃗1 𝑥 + 𝑃. 0 − 𝐹⃗2 𝑑 + 𝐹⃗3 𝑥 = 0
𝐹⃗2
𝐹⃗1 + 𝐹⃗3 = 𝑃 + 𝐹⃗2 (7.8)
{
𝑃 𝐹⃗1 𝑥 + 𝐹⃗2 𝑑 = 𝐹⃗3 𝑥 (7.9) 80
Figura 7.3 Uma barra homogênia apoiada em dois pontos
ISCED FÍSICA

Agora vamos considerar as situações das figuras 4 e 5. Se a força de


atrito for suficiente para manter a barra fixa com a parede (figura 4),
então o movimento possível da barra será no sentido horário, isto se o
fio romper-se, dai que as equações de equilíbrio serão,

𝜃 𝐸𝑞. 𝑇𝑟𝑎𝑠: 𝐹⃗𝑎 − 𝑃 + 𝑇𝑦 = 0


𝑇 𝐹⃗𝑁 − 𝑇𝑥 = 0 𝑇𝑥 = 𝑇. 𝑆𝑒𝑛𝜃
{𝑇 = 𝑇. 𝐶𝑜𝑠𝜃 (7.10)
𝑇𝑦 𝐿 𝑦
𝐹⃗𝑎 𝐸𝑞. 𝑅𝑜𝑡: −𝐹⃗𝑎 . 0 − 𝑃. + 𝑇𝑦 = 0
𝑇𝑥 𝜃 { 2
𝐹⃗𝑁 𝑇. 𝐶𝑜𝑠𝜃 + 𝜇. 𝐹𝑁 = 𝑃 (7.11)
𝑃
𝐹𝑁 = 𝑇. 𝑆𝑒𝑛𝜃 (7.12)
𝐿 {
𝐿
2 𝑃. = 𝑇. 𝐶𝑜𝑠𝜃 (7.13)
2
Figura 7.4 Uma barra presa a uma parede

Vamos considerar o movimento de queda da escada no


sentido anti-horário

𝐹⃗1 𝑜𝑥: 𝐹1 − 𝐹𝑎 = 0
𝐸𝑞. 𝑇𝑟𝑎𝑠: { 𝐹 = 𝐹𝑎
𝑜𝑦: − 𝑃 + 𝐹2 = 0 { 1 (7.14)
{ { 𝐹2 = 𝑃
𝛽 𝑃. 𝑥 = 𝐹1 . 𝑦 (7.15)
𝐸𝑞. 𝑅𝑜𝑡: −𝐹1 . 𝑦 + 𝑃. 𝑥 = 0
𝑦
𝐹⃗2 𝑦 = 𝐿. 𝑐𝑜𝑠𝛽 (7.16)
𝛽 𝐿
𝑃 { 𝑥 = . 𝑠𝑒𝑛𝛽 (7.17)
2
𝐹⃗𝑎 𝐹𝑎 = 𝜇. 𝐹2 (7.18)
𝑥
Figura 7.5 Uma escada encostada na parede
Onde, 𝐿 −é o comprimento da escada e 𝑥 𝑒 𝑦 −os braços das forças
de peso e nornal, respectivamente

Exercicios sobre o Tema: Estatica do Corpo Rigido

81
ISCED FÍSICA

TEMA VIII: HIDROSTÁTICA E HIDRODINÂMICA

8.1.Hidroestatica

8.2. Hidrodinâmica;

UNIDADE Hidroestastatica

Introdução

A palavra hidro significa fluido, dai que neste capítulo vamos estudar a
dinâmica e a estática dos fluidos. Entende-se por fluido, toda a
substância que flui, e, que tem a capacidade de se moldar a qualquer
recipiente que os contem, isto tem lugar porque os fluidos não
oferecem resistência a uma força tangente à sua superfície.
Os fluidos podem ser líquidos e gases. Os líquidos são substâncias
incompressíveis e ocupam volumes bem definidos, enquanto os gases
são substâncias compressíveis e tendem a ocupar todo o volume do
recipiente que os contem.

IX.1 Densidade e Pressão


Estudando os corpos rígidos, as quantidades físicas utilizadas foram a
massa e a força, que agora serão substituídas pela densidade e
pressão.

Entende-se por densidade, a razão entre a massa por unidade de


volume, e é uma grandeza escalar, i.e,

∆𝑚
𝜌= (9.1)
∆𝑉

Alguns exemplos de densidades, para a água destilada 1000kg/m3,

82
ISCED FÍSICA

óleo 180kg/m3 e para o ar 1,293kg/m3.

Para definir a pressão, vamos considerar uma superfície de área A,


imerso em um fluido. Como se pode esperar o fluido exercerá uma
força F sobre a superfície, dai que, para a pressão temos,

𝐹 𝑁
𝑃= [ = 𝑃𝑎] (9.2)
𝐴 𝑚2

IX.2 Hidrostática (Fluidos em Repouso)

A figura 1 mostra um corpo submerso em um fluido, e, actuando sobre


ele as forças 𝐹1 , exercida pelo líquido na parte de cima, 𝐹2 , exercida
𝑦
pelo líquido na parte de baixo e por fim a força peso exercida pelo
0
𝐹1 𝑦1 corpo. Feita esta análise e considerando o corpo em repouso temos,
𝐹2 − 𝐹1 − 𝑃 = 0 → 𝐹2 = 𝐹1 + 𝑃 (9.3)
𝑦2
𝐹2 Levando em consideração que 𝑚 = 𝜌𝑣 = 𝜌𝐴ℎ, junto
𝑃
com a definição (9.2) tem-se,
𝐴
𝑝2 𝐴 = 𝑝1 𝐴 + 𝜌𝑔𝐴(𝑦1 − 𝑦2 )
Figura 9.1 Um Corpo em um Tanque
𝒑𝟐 = 𝒑𝟏 + 𝝆𝒈(𝒚𝟏 − 𝒚𝟐 ) (9.4)

Procurando a pressão p a uma profundidade h abaixo da superfície,


então designaremos o nível 1 a superfície e o nível 2 a distância h
medida a partir da superfície (𝑦1 = 0, 𝑝1 = 𝑝0 𝑒 𝑦2 = −ℎ, 𝑝2 = 𝑝),
dai que,
𝑝 = 𝑝0 + 𝜌𝑔ℎ (9.5)
Onde, 𝑝0 −é a pressão atmosférica
Veja que de relação anterior, se ℎ = 0, a pressão é igual a pressão
atmosférica 𝑝 = 𝑝0 .

IX.3 Princípio de Pascal

Este princípio pode ser assistido em várias situações, como por


exemplo, quando exprimimos um tudo de pasta de dentes. A variação
de pressão em relação a um ponto (porção) de um fluido confinado é

83
ISCED FÍSICA

transmitida para todas as porções do mesmo fluido, assim como para


as paredes que o contem.
IX.3.1 O Elevador Hidráulico

𝐹1 A figura ao lado mostra uma força externa 𝐹1 sendo aplicada


𝐹1 para baixo no pistão da esquerda de área 𝐴1 . Desta forma
𝐴1 𝑑1 𝐴2
haverá uma variação de pressão ∆𝑝 e visto que o líquido é
𝑑1 incompressível, exercerá uma força 𝐹2 para cima no pistão
da direita de área 𝐴2 , de modo que escrevemos,
𝐹1 𝐹2 𝐴2
∆𝑝 = = (9.6) ↔ 𝐹2 = 𝐹 (9.7)
Figura 9.2 Aparelho Hidráulico 𝐴1 𝐴2 𝐴1 1

A expressão (9.7) mostra que a força 𝐹2 na saída (pistão da direita) é


maior a força 𝐹1 na entrada (pistão a esquerda), isto porque, 𝐴2 > 𝐴1 .
Analisando ainda a figura 2, é possível perceber que se movermos o
pistão da esquerda uma distância 𝑑1 para baixo, então o pistão da
direita irá mover-se uma distância 𝑑2 para cima, de modo que o
mesmo volume do fluido seja deslocado nos dois lados, i.é,
𝐴1
𝑉 = 𝐴1 𝑑1 = 𝐴2 𝑑2 (9.8) ↔ 𝑑2 = 𝑑 (9.9)
𝐴2 1
Desta vez analisando as distâncias percorridas, a relação (9.9) também
deixa claro que, aplicando uma força no pistão da esquerda, a
distância 𝑑1 percorrida deste lado, será maior em relação a distância
𝑑2 percorrida do lado direito, isto porque 𝐴2 > 𝐴1 .

Levando em consideração as expressões (9.7) e (9.9), podemos definir


𝐴 𝐴
o trabalho na saida, i.é, 𝑤2 = 𝐹2 𝑑2 = (𝐴2 𝐹1 ) (𝐴1 𝑑1 ) = 𝐹1 𝑑1 (𝑎) ↔
1 2

𝑤2 = 𝑤1 = 𝑤 (𝑏) (9.10)

A relação anterior permite-nos concluir o seguinte, que o trabalho


realizado pela esquerda é igual ao trabalho realizado pela direita, isto
tem lugar porque 𝐹2 > 𝐹1 enquanto que 𝑑2 < 𝑑1.

84
ISCED FÍSICA

IX.4 Princípio de Arquimedes

Para analisar este princípio vamos considerar três corpos submersos


em água, ver a figura 3. O primeiro é uma bolsa plástica cheia de água,
o segundo é uma pedra com mesmas dimensões e o terceiro é um
bloco de madeira.

1 2 3 𝑚𝑔

Figura 9.3 Três corpos submersos em um fluido


(𝑏)

Com estes corpos podemos analisar as três situações possíveis para


corpos submersos. Por exemplo,

1. A bolsa estará em equilíbrio estático (sem afundar nem subir)


dentro da água, e, isto não significa ausência das forças de
empuxo e do peso, mas sim, que a força de empuxo dirigida
para cima tende a equilibrar o peso da água que está dentro da
bolsa.
2. Já a pedra não manterá o seu estado, isto é, ela irá afundar por
que a força de peso vencerá a força de empuxo para cima
exercida pela água.
3. Finalmente a madeira subirá até a superfície, isto porque, a
força de empuxo da água será maior ao peso da madeira.

Com as três situações podemos enunciar a lei de Arquimedes da

 Um corpo completo ou parcialmente imerso em um fluido receberá a acção de uma


85
força para cima igual ao peso do fluido que o corpo desloca.

ISCED FÍSICA

seguinte maneira,

A figura 3b, mostra o diagrama de forças, e, segundo ela o empuxo


será,

𝐸 = 𝑚𝑔 = 𝜌𝑔𝑉𝑙𝑑 (9.11

Onde, 𝑉𝑙𝑑 −é o do líquido deslocado, e 𝜌 −é a densidade do material


que forma o corpo

IX.5 Hidrodinâmica (Movimento de Fluidos)

De lembrar que quando estudávamos o movimento dos corpos,


muitas vezes foi levada a condição ignore o atrito, isto era para
facilitar a resolução dos problemas. Da mesma maneira na dinâmica
de fluidos vamos considerar fluidos ideais em vez de reais.

IX.5.1 Linhas de Corrente

Entende-se por linha de corrente, o caminho traçado por um pequeno


𝐸
elemento do fluido, também chamado partícula de fluido. Durante seu
𝐷
movimento, a velocidade pode variar em módulo e direcção. É

Figura 4 Escoamento de Fluido importante salientar que as linhas de corrente nunca se cruzam, isto
para evitar a duplicação da velocidade no ponto de intersecção.

Levando em consideração a figura 4, se uma partícula atravessa com


velocidade 𝑣1 a secção de área 𝐴1 no instante de tempo ∆𝑡, então o
volume, ∆𝑉 = 𝐴1 𝑣1 ∆𝑡, passará de 𝐴1 em D. Mas, se o fluido é
incompressível, no mesmo intervalo de tempo, o mesmo volume de
fluido terá que atravessar a secção de área 𝐴2 em E, dai que se a
velocidade em E é 𝑣2 , então,

∆𝑉 = 𝐴1 𝑣1 ∆𝑡 = 𝐴2 𝑣2 ∆𝑡 ↔ 𝐴1 𝑣1 = 𝐴2 𝑣2 (9.12)

86
ISCED FÍSICA

Depois da relação anterior, podemos dizer que ao longo do tubo, a


taxa de escoamento volumétrico (vazão) é constante, i.é,
𝑄 = 𝐴𝑣 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡 (9.13)
A equação (9.13), é denominada equação de continuidade e, significa
que, nas partes mais estreitas do tubo, onde as linhas de corrente são
mais próximas, o escoamento é mais rápido.

IX.5.2 Equação de Bernoulli

Vamos considerar um fluido ideal escoando com uma taxa constante


em um tubo de corrente. Como foi salientado, o fluido é
incompressível, de modo que o volume ∆𝑉(a preto) que entra pela
esquerda, será a mesma quantidade que irá sair pela direita, ver a
figura 5.

𝑌 𝑌
𝐿 𝐿 𝑣2

𝑝2
Fluido ideal Fluido ideal

𝑣1 𝑦2
𝑝1
𝑦1
𝑋 𝑋

Figura 9.5a Quantidade ∆𝑉 entrando no tubo de corrente Figura 9.5b Quantidade ∆𝑉 saindo no tubo de corrente

Observação:

Dentro do tubo de comprimento L mostrado nas figuras anteriores,


está confinado um fluido ideal e, para diferenciar com o líquido que
entra ou sai, vamos mantê-lo a branco.
Sejam 𝑦1 , 𝑣1 𝑒 𝜌1 , a elavação, a velocidade e a pressão do fluído

87
ISCED FÍSICA

quando entra ela esquerda e 𝑦2 , 𝑣2 𝑒 𝜌2 as quantidades na saída.


Pela conservação de energia, chegamos a expressões de Bernoulli
dada sob forma,
1 1
𝑝1 + 𝜌𝑣1 2 + 𝜌𝑔𝑦1 = 𝑝2 + 𝜌𝑣2 2 + 𝜌𝑔𝑦2 (9.14)
2 2
𝟏
𝒑 + 𝝆𝒗𝟐 + 𝝆𝒈𝒚 = 𝒄𝒐𝒏𝒔𝒕. (9.15)
𝟐

Se levarmos em consideração um fluido em repouso, pela equação de


Bernoulli temos,

𝑝2 = 𝑝1 + 𝜌𝑔(𝑦1 − 𝑦2 ) (9.16)

Outra relação importante encontramos se considerarmos 𝑦 = 0, na


equação de Bernoulli, i.e,

1 1
𝑝1 + 2 𝜌𝑣1 2 = 𝑝2 + 2 𝜌𝑣2 2 (9.17)

 Se a velocidade de uma partícula de um fluido aumenta, enquanto se desloca ao longo de uma linha de
corrente, a pressão do fluido diminui e vice-versa.

Ainda podemos dizer que, a pressão é relativamente baixa onde as


linhas de corrente estão relativamente próximas umas das outras
(maior velocidade) e vice-versa.

Exercicios sobre o Tema: Hidrostática e Hidrodinâmica

88
ISCED FÍSICA

TEMA IX: ELASTICIDADE E MOVIMENTO OSCILATÓRIO

9.1.Cinetica e dinâmica dos movimentos oscilatórios

9.2. Energia e Leis de Conservação de energia;

UNIDADE Cinética e Dinâmica do movimento Oscilatório


(MHS)

Introdução

Dos movimentos encontrados na natureza, um dos mais importantes é


o movimento oscilatório, ou simplesmente vibracional. Entende-se por
vibração todo movimento periódico de um corpo ou sistema de
corpos interligados, em torno de uma posição de equilíbrio. As
vibrações podem ser livres ou forçadas, e ambos podem ser
amortecidas e não amortecidas.
Dentre todos os movimentos oscilatórios, o mais importante é o
movimento harmónico simples (MHS), dai que neste tema, a nossa
atenção estará virada ao estudo deste tipo de movimento.

VIII.1 Cinemática do Movimento Harmónico Simples

Diz-se que uma partícula está em movimento harmónico simples ao


longo do eixo X quando seu deslocamento x, em relação a origem do
sistema de coordenadas, é dada como função de tempo pela
expressão,
𝑥(𝑡) = 𝐴𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝜑) (8.1)
Onde, (𝜔𝑡 − 𝜑) −é denominada fase e 𝜑 −é a fase inicial

Para além da definição senoidal apresentada pela relação (8.1),


poderíamos ter definido por uma função cossenoidal, e para tal
𝜋
devemos levar em consideração a fase inicial igual a 2 , i.e,
𝜋
𝑥(𝑡) = 𝐴𝑐𝑜𝑠 (𝜔𝑡 + ) (8.2)
2

89
ISCED FÍSICA

Como é de conhecimento, as funções seno e cossenos variam de -1 a


1, respectivamente, dai que os deslocamentos possíveis estarão
dentro do domínio – 𝐴 𝑒 𝐴.
Segundo a definição, o movimento harmónico simples é periódico, dai
que, o período e a frequência são definidos pelas fórmulas,
2𝜋 𝜔
𝑃= (𝑎) 𝑒 𝑓 = (𝑏) (8.3)
𝜔 2𝜋

VIII.2 Velocidade e Aceleração

Para a velocidade da partícula, recorremos a definição, i.e,


𝑑𝑥 𝑑
𝑣= = [𝐴𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝜑)] = 𝐴𝜔𝑐𝑜𝑠(𝜔𝑡 + 𝜑) (8.4)
𝑑𝑡 𝑑𝑡

E para a aceleração resulta,

𝑑𝑣 𝑑
𝑎= = [𝐴𝜔𝑐𝑜𝑠(𝜔𝑡 + 𝜑)] = −𝐴2 𝜔2 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝜑) (8.5)
𝑑𝑡 𝑑𝑡

Comparando as relações (8.1) e (8.5), concluímos que no movimento


harmónico simples a aceleração é proporcional e de sentido oposto ao
deslocamento, i.e,

𝑎 = −𝐴𝜔2 𝑥 (8.6)
VIII.3 Força no Movimento Harmónico Simples
Vamos considerar um bloco amarado a uma mola e distendido, ver a
figura abaixo,

𝐹⃗𝑒𝑙

𝑥
Figura 8.1 Mola Distendida

𝑑2 𝑥
𝐹⃗𝑟𝑒𝑠 = 𝑚𝑎 𝐹𝑒𝑙 = −𝑘𝑥 (8.7), 𝑎= (8.8)
𝑑𝑡 2
𝑑2 𝑥
𝑚𝑥̈ = −𝑘𝑥 ↔ 𝑚 + 𝑘𝑥 = 0 (8.9)
𝑑𝑡 2
𝑘 𝑘
𝜔2 = 𝑜𝑢 𝜔 = √ (8.10) 𝐹 = −𝑚𝜔2 𝑥 (8.11)
𝑚 𝑚
90
ISCED FÍSICA

Segundo a relação (8.11), assim como a aceleração, a força é


proporcional e de sentido contrário ao deslocamento.
Substituindo (8.10) em (8.3), novas fórmulas para o período e a
frequência podem ser escritas,

𝑚 1 𝑘
𝑃 = 2𝜋√ (𝑎) 𝑒 𝑓 = √ (𝑏) (8.12)
𝑘 2𝜋 𝑚

VIII.4 Energia no Movimento Harmónico Simples


VIII.4.1 Energia Cinética

1 1
𝐸𝐶 = 𝑚𝑣 2 = 𝑚[𝐴𝜔𝑐𝑜𝑠(𝜔𝑡 + 𝜑)]2
2 2
𝑚𝐴2 𝜔2
= 𝑐𝑜𝑠 2 (𝜔𝑡 + 𝜑) (8.13)
2

Se levarmos em consideração a equação fundamental da


trigonometria temos que, 1 − 𝑠𝑒𝑛2 𝛽 = 𝑐𝑜𝑠 2 𝛽, logo,

𝑚𝐴2 𝜔2 2
𝑚𝜔2 2
𝐸𝐶 = [1 − 𝑠𝑒𝑛 (𝜔𝑡 + 𝜑)] = [𝐴 − 𝐴2 𝑠𝑒𝑛2 (𝜔𝑡 + 𝜑)]
2 2

𝑚𝜔2 2
𝐸𝐶 = [𝐴 − 𝑥 2 ] (8.14)
2

Mais uma conclusão pode ser tirada da relação (8.14), a saber, a


energia cinética é máxima no centro (𝑥 = 𝑜) e nula nas extremidades
±𝐴.

VIII.4.2 Energia Potencial

𝑑𝐸𝑃
Partindo do gradiente da energia potencial temos, 𝐹 = − , e
𝑑𝑥

combinando esta com (8.6), resulta,

𝑑𝐸𝑃 = 𝑘𝑥𝑑𝑥 (8.15)

Integrando a relação anterior, temos, ∫ 𝑑𝐸𝑃 = 𝑘 ∫ 𝑥𝑑𝑥 → 𝐸𝑃 =

91
ISCED FÍSICA

1
𝑘𝑥 2
2

1
𝐸𝑃 = 𝑚𝜔2 𝑥 2 (8.16)
2

Veja que a energia potencial é nula no centro (𝑥 = 0) e aumenta à


medida que a partícula se aproxima dos extremos da oscilação (±𝐴).

VIII.4.3 Conservação de Energia de um Movimento Harmónico


Simples

Segundo a definição, a energia mecânica (total) é a soma das energias


cinética e potencial, respectivamente, e das definições anteriores
temos,
𝑚𝜔2 2 1
𝐸𝑀 = [𝐴 − 𝑥 2 ] + 𝑚𝜔2 𝑥 2 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡.
2 2

𝑚𝜔2 𝐴2 𝑘𝐴2
𝐸𝑀 = = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡. ↔ 𝐸𝑀 = = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡. (8.17)
2 2

VIII.4.4 Discussão de Curvas de Energias de um MHS

𝐸𝑃 (𝑥) A parábola e a linha horizontal da figura ao lado


1
𝐸𝑃 = 𝑘𝑥 2 representam as energias potencial e mecânica,
2
𝐸𝑀 respectivamente. Veja que os limites de oscilação são
determinados pelas intersecções da horizontal com a
curva de 𝐸𝑃 , como foi analisado num dos capítulos
anteriores. É importante também salientar que devido a
𝑋
−𝐴 0 𝐴 simetria da parábola, as intersecções encontram-se a
Figura 8.2 Curvas de Energias Potencial e Mecânica
mesmas distâncias (A).

VIII.5 Pêndulo Simples

A figura ao lado representa um pêndulo simples, onde


𝜃 𝑙 actuam as forças como o peso do corpo e a tensão no fio.
𝜃0 𝑇
𝐵′ 𝐵 Segundo a figura a componente tangencial da força será,
𝐴′ 𝐹𝑇 𝐴 𝐹𝑇 = −𝑚𝑔𝑠𝑒𝑛𝜃 (8.18)
𝜃 𝐹
𝑁
Amplitude Para além da relação anterior, sabe-se que, 𝐹𝑇 = 𝑚𝑎 𝑇 =
𝐹𝑔 92
𝑑𝑣 𝑑𝜃
Figura 8.3 MHS de um Pêndulo Simples 𝑚 𝑑𝑡 , onde, 𝑣 = 𝑅𝜔 = 𝑙𝜔 𝑒 𝜔 = , logo,
𝑑𝑡
ISCED FÍSICA

𝑑2 𝜃
𝐹𝑇 = 𝑚𝑙 (8.19)
𝑑𝑡 2

Combinando (8.19) com (8.18), para equação de movimento


tangencial temos,
𝑑2𝜃 𝑑2 𝜃 𝑔
𝑚𝑙 = −𝑚𝑔𝑠𝑒𝑛𝜃 𝑜𝑢 + 𝑠𝑒𝑛𝜃 = 0 (8.20)
𝑑𝑡 2 𝑑𝑡 2 𝑙
Vamos assumir que o ângulo 𝜃 é muito pequeno de modo que seja
válida a condição 𝑠𝑒𝑛𝜃 ≈ 𝜃,
𝑑2 𝜃 𝑔
+ 𝜃=0 (8.21)
𝑑𝑡 2 𝑙
A equação diferencial (8.21), é idêntica a equação (8.9), mas desta vez,
substituímos 𝑥 𝑝𝑜𝑟 𝜃, dado que agora o movimento é angular. Com
isto concluimos que dentro da aproximação feita, o movimento
angular do pêndulo á harmónico simples, com,

𝑔 𝑔 2𝜋 𝑙
𝜔2 = 𝑜𝑢 𝜔 = √ (8.22) 𝑒 𝑃 = = 2𝜋√ (8.23)
𝑙 𝑙 𝜔 𝑔

De lembrar que para amplitudes maiores, a aproximação feita perde a


validade, dai que pode-se dizer que o período depende da amplitude
inicial e não depende da massa do pêndulo (corpo).

VIII.6 Método de Energia

As forças restauradora gravitacional e elástica da mola são as


responsáveis pelo movimento harmónico simples do corpo, e, sendo
elas conservativas podemos recorrer à condição de conservação de
energia para determinar a frequência e o período de vibração.
Levando em consideração o bloco da figura 1, veja que ele foi
deslocado uma distância X em relação ao ponto de relaxamento (de
equilíbrio), dai que suas energias cinéticas e potencial serão,
1 1 𝑑2𝑥 1 2
𝐸𝐶 = 𝑚𝑣 2 = 𝑚 2 (𝑎) 𝑒 𝐸𝑃 = 𝑘𝑥 (𝑏) (8.24)
2 2 𝑑𝑡 2

93
ISCED FÍSICA

2
1 𝑑2𝑥 1
𝐸𝐶 + 𝐸𝑃 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡. ↔ 𝑚 ( 2 ) + 𝑘𝑥 2 = 0 (8.25)
2 𝑑𝑡 2
Agora, derivando (8.24) em função ao tempo, reduzimos a relação
anterior para a forma,
𝑑2 𝑥 𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝑑2 𝑥 𝑑2 𝑥
𝑚 . + 𝑘𝑥. = 0 → (𝑚 + 𝑘𝑥) = 0 ↔ 𝑚 + 𝑘𝑥
𝑑𝑡 2 𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡 2 𝑑𝑡 2
= 0 (8.26)

𝑑2 𝑥 𝑘 𝑘
+ 𝑥 = 0 (8.27) 𝜔 = √ (8.28)
𝑑𝑡 2 𝑚 𝑚

VIII.7 Ressonância de Energia

Para percebermos o conceito de ressonância de energia, vamos


considerar um caso de uma oscilação forçada, isto é, vibração
resultante da aplicação de força externa sobre uma partícula sujeita a
uma força elástica.
Se a força externa aplicada for igual a 𝐹0 𝑐𝑜𝑠𝜔𝑓 𝑡, onde 𝜔𝑓 , é a sua
frequência angular, e as forças amortecedora e elástica são dadas por,
−𝜆𝑣 𝑒 − 𝑘𝑥, respectivamente, então podemos escrever a equação de
movimento recorrendo a lei de Newton, segundo a forma,

𝑑2𝑥
𝑚𝑎 = 𝐹0 𝑐𝑜𝑠𝜔𝑓 𝑡 − 𝜆𝑣 – 𝑘𝑥 (8.29) → 𝑚 + 𝜆𝑣 + 𝑘𝑥
𝑑𝑡 2
= 𝐹0 𝑐𝑜𝑠𝜔𝑓 𝑡

𝑑2 𝑥 𝜆 𝑑𝑥 𝑘 𝐹0 𝑑2 𝑥 𝑑𝑥
2
+ + 𝑥 = 𝑐𝑜𝑠𝜔𝑓 𝑡 ↔ 2
+ 2𝛾 + 𝜔0 2 𝑥
𝑑𝑡 𝑚 𝑑𝑡 𝑚 𝑚 𝑑𝑡 𝑑𝑡
𝐹0
= 𝑐𝑜𝑠𝜔𝑓 𝑡 (8.30)
𝑚

𝜆
= 2𝛾 (8.31)
𝑚

Como se pode imaginar devido a força externa aplicada, a partícula


não oscilará com a sua frequência angular natural 𝜔0 , nem com a

94
ISCED FÍSICA

frequência angular amortecida √𝜔0 2 − 𝛾 2 , mas sim com a frequência


𝜔𝑓 da força externa, dai que podemos adaptar a solução da relação
(8.30), como,
𝑥 = 𝐴𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑓 − 𝛼) (8.32)
Também podemos definir a frequência angular de amplitude como,

𝜔𝐴 = √𝜔0 2 − 2𝛾 2 , dai que, quando a frequência angular da força


externa for igual a frequência angular de amplitude (𝜔𝑓 = 𝜔𝐴 ), diz-se
que ha ressonância de amplitude.
Procurando agora a expressão de velocidade, derivamos (8.32) em
função ao tempo, i.e,
𝑑𝑥
𝑣= = 𝐴𝜔𝑓 𝑐𝑜𝑠(𝜔𝑓 𝑡 − 𝛼) (8.33)
𝑑𝑡
Agora, se compararmos a relação (8.33) com a definição da força
externa aplicada (𝐹0 𝑐𝑜𝑠𝜔𝑓 𝑡), facilmente percebemos que 𝛼 é a
desfasagem da velocidade em relação à força. Para além disso, para a
frequência da força aplicada (𝜔𝑓 ), a velocidade e consequentimente a
energia cinética é máxima, e diz-nos que, há ressonância de energia.

 Na ressonância de energia é máxima a transferência de energia da força aplicada ao oscilador


forçado

Exercicios sobre o Tema: Elasticidade e Movimentos


oscilatorios

95
ISCED FÍSICA

TEMA X: SISTEMAS TERMODINÂMICOS

10.1.Calor, calor específico e Capacidade Calorifica

10.2. Gás ideal e real de Clausios ;

10.3. Transformações adiabáticas e Politrópicas

10.4. Equações de Maxwell

UNIDADE Sistemas Termodinâmicos

Introdução

Sabe-se que um gás é constituído de átomos ou moléculas, mas, a


termodinâmica clássica dedica-se apenas ao estudo dos conceitos
macroscópicos como a pressão, volume e a temperatura, ignorando os
microscópicos, como os átomos ou moléculas. É importante referir
que a pressão exercida por um gás é resultado do bombardiamento
causado pelo choque das molécuas com as paredes do recipiente,
enquanto que a capacidade de um gás ocupar um dado volume, está
relacionado à grande liberdade de movimentação das suas moléculas,
e, por fim, a temperatura e a energia interna, está associada à energia
cinética das moléculas. Desta forma é importante estudar os gases de
ponto de vista molecular, também denominado teoria cinética dos
gases.

 Um mol é o número de átomos uma amostra de 12g de carbono-12

Depois de definir o mol, é importante saber quantos átomos ou


moléculas existem em um mol? Para tal definimos o número de
Avogadro (𝑵𝑨 ), onde,

𝑁𝐴 = 6,02𝑥1023 𝑚𝑜𝑙 −1 (11.1)

 Se a unidade elementar em causa é um átomo, então, 𝑁𝐴 =

96
ISCED FÍSICA

á𝑡𝑜𝑚𝑜
6,02𝑥1023 𝑚𝑜𝑙

 Se a unidade elementar em causa é uma molécula, então, 𝑁𝐴 =


𝑚𝑜𝑙é𝑐𝑢𝑙𝑎
6,02𝑥1023 , e etc.
𝑚𝑜𝑙

Segundo Avogadro, todos gases contêm o mesmo número de


moléculas ou átomos, quando ocupam o mesmo volume, sob as
mesmas condições de temperatura e pressão.
Para determinar o número n de moles contido numa amostra de
sustância, usamos a relação,
𝑁 𝑀𝑎 𝑀𝑎
𝑛= 𝑜𝑢 𝑛 = = (11.2)
𝑁𝐴 𝑀 𝑚𝑁𝐴
Onde, 𝑁 −número de moléculas da amostra, 𝑀𝑎 −massa da amostra,
𝑀 −massa molar

XI.1 Gás Ideal

A experiência mostrou que armazenando um mol de vários gases em


caixas de volumes idênticos e os manter a mesma temperatura, o
valor das suas pressões é aproximado (não exatamente). Para além
disso, experiências mostraram que, a densidades baixas, todos os
gases reais tendem a obedecer a relação, chamada lei ou equação dos
gases ideais, e, escrevemos,
𝑝𝑉 = 𝑛𝑅𝑇 (11.3)

𝐽
Onde, 𝑝 −é a pressão absoluta, 𝑅 = 8,31 ⁄𝑚𝑜𝑙. 𝐾 − constante

universal dos gases, 𝑛 −é o número de moles, 𝑉 − é o volume e 𝑇 − é


a temperatura em kelvin.

Combinando as relações (11.2) e (11.3), para a equação dos gases


ideais, temos,
𝑁
𝑝𝑉 = 𝑅𝑇 ↔ 𝑝𝑉 = 𝑁𝑘𝑇 (11.4)
𝑁𝐴

Observação:

97
ISCED FÍSICA

Na natureza não existe verdadeiramente um gás ideal, isto só é


consiguido diminuindo sua desnsidade ou simplesmente quando as
distâncias médias entre as moléculas é maior (grande).

XI.2 Trabalho Realizado por Gás


XI.2.1 Temperatura Constante

No capítulo anterior definimos o trabalho pela expressão, 𝑤 =


𝑉𝑓
∫𝑉 𝑝𝑑𝑉 (∗), e, levando em consideração que o gás é ideal, de
𝑖

ralação (11.3) podemos substituir o valor da pressão nesta relação, e,


desta forma definimos o trabalho para um processo isotérimo, i.e,

𝑉𝑓 𝑉𝑓 𝑉𝑓
𝑛𝑅𝑇 𝑑𝑉
𝑤=∫ 𝑑𝑉 = 𝑛𝑅𝑇 ∫ = 𝑛𝑅𝑇 ln ( ) (11.5)
𝑉𝑖 𝑉 𝑉𝑖 𝑉 𝑉𝑖
Como já foi sublinhado, o trabalho 𝑤 feito por um gás durante uma
expansão isotérmica é positivo, isto porque, 𝑉𝑓 > 𝑉𝑖 , e
𝑉
consequentimente ln ( 𝑓 ) > 0. E para uma compressão isotérmica
𝑉𝑖

será negativo (𝑤 < 0), pois o trabalho é realizado sobre o sistema.

XI.2.2 Volume Constante

Na definição do trabalho (*), pode-se ver que quando o volume não


varia (processo isocórico), 𝑑𝑉 = 0, logo, o traballho será nulo.
𝑤=0 (11.6)
XI.2.3 Pressão Constante

Ainda da definição do trabalho (*), se a pressão for constante


(processo isobárico), o trabalho será,
𝑤 = 𝑝(𝑉𝑓 − 𝑉𝑖 ) (11.7)

98
ISCED FÍSICA

XI.3 Velocidade Média Quadrática

A figura 1, mostra n moles de gás ideal confinadas dentro de uma


caixa cúbica de arresta L. As moléculas movem-se em todas direcções
com velocidades variáveis criando colisões entre si e com as paredes

𝑌 da caixa. Considerando as colisões com a parede elásticas, então, a


molécula ao colidir com a parede inverte a componente x da sua
velocidade, mantendo as outras fixas.
𝑉

𝐿 𝑋 Pela figura, a que a molécula vai até a parede e volta para a posição
𝐿 inicial dai que, a variação do momenro linear será ∆𝑃 = 2𝑚𝑣𝑥 e
𝐿 2𝐿
𝑍 ∆𝑡 = .
𝑣𝑥
Figura 11.1 Caixa Cúbica de aresta
L com n moles de um gás idaeal Analisando a taxa de transferência do momento à parede pela
molécula estudada, temos
∆𝑃 2𝑚𝑣𝑥 𝑚𝑣𝑥 2
= = (11.8)
∆𝑡 2𝐿⁄𝑣𝑥 𝐿

∆𝑃 𝑑𝑃
Sabe-se da lei de Newton que ( ∆𝑡 = = 𝐹) e esta força será dada
𝑑𝑡

pela soma das contribuições de todas as outras moléculas que atingem


𝐹 𝐹
a parede. Se (𝑝 = 𝐴 = 𝐿2 ), então, de relação (11.8), temos que,

𝑚𝑣𝑥1 2 𝑚𝑣𝑥1 2 𝑚𝑣𝑥1 2 𝑚𝑣𝑥1 2


𝑝. 𝐿2 = 𝐹 = + + + …+
𝐿 𝐿 𝐿 𝐿
𝑚
𝑝 = ( 3 ) (𝑣𝑥1 2 + 𝑣𝑥2 2 + ⋯ + 𝑣𝑥𝑁 2 )
𝐿

Se N é o número de moléculas na caixa, então de relação (11.2),


podemos afirmar que há 𝑛𝑁𝐴 moléculas na caixa, dai que,
𝑛𝑚𝑁𝐴 ̅̅̅̅
𝑣𝑥 2 𝑛𝑀𝑣̅̅̅̅
𝑥
2
𝑝= = (11.9) 𝑜𝑛𝑑𝑒, 𝑚𝑁𝐴 = 𝑀 𝑒 𝐿3 = 𝑉
𝐿3 𝑉
Independetemente da molécua, 𝑣 2 = 𝑣𝑥 2 + 𝑣𝑦 2 + 𝑣𝑧 2 ,e, movendo-se
em direccões aliatórias, os valores médios dos quadrados das
1
componentes de suas velocidades são iguais, logo, 𝑣𝑥 2 = 3 𝑣 2 .
̅̅̅2
𝑛𝑀𝑣
𝑝=
3𝑉

99
ISCED FÍSICA

A raiz quadrada de ̅̅̅


𝑣 2 , é a chamdada velocidade méia quadrática
(𝑣𝑟𝑚𝑠 𝑜𝑢 𝑣𝑚𝑞 ), então,

𝑛𝑀𝑣𝑚𝑞 2
𝑝= (11.10)
3𝑉
Pretendendo a velocidade média quadrática, temos

3𝑝𝑉 𝑛𝑅𝑇 𝟑𝑹𝑻


𝑣𝑚𝑞 = √ , 𝑠𝑒 𝑝 = , 𝑒𝑛𝑡ã𝑜, 𝒗𝒎𝒒 = √ (11.11)
𝑛𝑀 𝑉 𝑴

XI.4 Energia Cinética de Translação

Antes é importante sublinhar que, quando medimos a temperatura de


um gás, na verdade estamos medindo a energia cinética de translação
média das suas moléculas. Vamos considerar ainda a molécula dentro
da caixa, e que durante a colisão desta com outras moléculas ocorra
variação do módulo da velocida. Desta forma as energia cinéticas de
translação e de translação média serão,
1 ̅̅̅̅̅̅̅̅
1 1 ̅̅̅2
𝐸𝐶𝑇 = 𝑚𝑣 2 (11.12) 𝑒 ̅̅̅̅
𝐸𝑐𝑇 = 𝑚𝑣 2 = 𝑚𝑣
2 2 2
1
= 𝑚𝑣𝑚𝑞 2 (11.13)
2

Substituindo a velocidade média dada pela relação (11.11), então a


energia cinética média será,

1 3𝑅𝑇 𝟑𝑹𝑻
̅̅̅̅
𝐸𝑐𝑇 = ( 𝑚) . ( ) ↔ ̅̅̅̅̅
𝑬𝒄𝑻 = (11.14)
2 𝑀 𝟐𝑵𝑨

Agora se levarmos em consideração a constante 𝒌, chamada


constante de Boltzman, que é a razão da constante dos gases e do
número de Avogadro, para a energia cinética média temos,
𝟑
̅̅̅̅̅
𝑬𝒄𝑻 = 𝒌𝑻 (11.14)
𝟐

 A uma dada temperatura, as moléculas de qualquer gás, independetemente da sua massa,


tem a mesma enegia cinética média de translação (𝟑𝟐 𝒌𝑻).

100
ISCED FÍSICA

Distribuição de velocidades Moleculares – Lei de Distribuição de


Maxwell

James Clerk Maxwell apresentou pela primeira vez, a distribuição da


velocidade na forma,

3
𝑀 2 2 −𝑀𝑣 2 ⁄2𝑅𝑇
𝑃(𝑣) = 4𝜋 ( ) 𝑣 𝑒 (11.15)
2𝜋𝑅𝑇

Onde, 𝑀, 𝑣 −são a massa e a velocidade molares, respectivamante

De relação anterior, podemos chegar as velocidades, média, média


quadrática e mais provável.

XI. 5 Estudo das velocidades média, média quadrática e mais


provável

XI.5.1 Velcidade Média


𝑣̅ = ∫ 𝑣 𝑃(𝑣)𝑑𝑣 (11.16)
0

3

𝑀 2 2 −𝑀𝑣2 ⁄2𝑅𝑇 8𝑅𝑇
𝑣̅ = ∫ 𝑣 4𝜋 ( ) 𝑣 𝑒 ↔ 𝑣̅ = √ (11.17)
0 2𝜋𝑅𝑇 𝜋𝑀

XI.5.2 Velocidade Média Quadrática


𝑣𝑚𝑞 = ∫ 𝑣 2 𝑃(𝑣) 𝑑𝑣 (11.18)
0
3

𝑀 2 2 −𝑀𝑣2 ⁄2𝑅𝑇
𝑣𝑚𝑞 = ∫ 𝑣 2 4𝜋 ( ) 𝑣 𝑒 ↔ 𝑣𝑚𝑞
0 2𝜋𝑅𝑇

3𝑅𝑇 3𝑅𝑇
=√ 𝑜𝑢 𝑣𝑚𝑞 2 = (11.19)
𝑀 𝑀

101
ISCED FÍSICA

XI.5.3 Velocidade Mais Provável

Esta velocidade é atingida quando 𝑃(𝑣), é máximo dai que para tal
temos,
3
𝑑𝑃 𝑑 𝑀 2 2 −𝑀𝑣2 ⁄2𝑅𝑇
= 0 (11.20) → [4𝜋 ( ) 𝑣 𝑒 ]=0
𝑑𝑣 𝑑𝑣 2𝜋𝑅𝑇

3 3
8𝜋 𝑀 2 2 4𝜋 𝑀 2 2 2𝑀𝑣 2
3⁄ ( ) 𝑣. 𝑒 −𝑀𝑣 ⁄2𝑅𝑇 + 2
( ) . 𝑣 (− ) . 𝑒 −𝑀𝑣 ⁄2𝑅𝑇
(2𝜋) 2 𝑅𝑇 (2𝜋) 𝑅𝑇 2𝑅𝑇
=0
3 3
8𝜋 𝑀 2 2 4𝜋 𝑀 2 3 𝑀 2
3⁄ ( ) 𝑣. 𝑒 −𝑀𝑣 ⁄2𝑅𝑇 = 3⁄ ( ) . 𝑣 ( ) . 𝑒 −𝑀𝑣 ⁄2𝑅𝑇
(2𝜋) 2 𝑅𝑇 (2𝜋) 2 𝑅𝑇 𝑅𝑇

2𝑅𝑇
𝑣𝑝 = √ (11.21)
𝑀

XI.6 Energia Interna (𝑬𝒊𝒏𝒕 )

Levemos em consideração um gás ideal monoatômico, e que a energia


interna seja a soma das energias cinéticas de translação das
moléculas. Desta forma, uma porção de 𝑛 moles deste gás contém
𝑛𝑁𝐴 moléculas, então a energia interna será,
3
𝐸𝑖𝑛𝑡 = (𝑛𝑁𝐴 )𝐸̅𝑐𝑇 = (𝑛𝑁𝐴 ) ( 𝑘𝑇) ↔ 𝐸𝑖𝑛𝑡
2
3
= 𝑛𝑅𝑇 (𝑃𝑎𝑟𝑎 𝑔á𝑠 𝑀𝑜𝑛𝑜𝑎𝑡ô𝑚𝑖𝑐𝑜) (11.22)
2

De relação anterior, vamos deduzir duas expressões para o calor


específico, uma para o caso em que o volume do gás permanece
constante e outra quando a pressão permanece constante, durante o
aumento de calor.

102
ISCED FÍSICA

XI.7 Calor Específico Molar

XI.7.1 Volume Constante

Vamos considerar um cilindro contendo 𝑛 moles de gás ideal a


temperatura 𝑇 e pressão 𝑝, mantidos a volume constante.
Adicionando ao sistema uma quantidade de calor 𝑄, a sua
temperatura e pressão iniciais serão, 𝑇 + ∆𝑇 𝑒 𝑝 + ∆𝑝, e desta forma
o gás passa para o seu estado final, logo,

𝑄 = 𝑛𝐶𝑉 ∆𝑇 (11.23)

Conjugando esta relação com a primeira lei da termodinâmica,


encontramos,

∆𝐸𝑖𝑛𝑡 + 𝑤 = 𝑛𝐶𝑉 ∆𝑇 (11.24)

Visto que o volume é mantido constante, então, 𝑤 = 0, dai que para


𝐶𝑉 , temos,

1 ∆𝐸𝑖𝑛𝑡
𝐶𝑉 = (11.25)
𝑛 ∆𝑇

Tomando em conta a energia interna para um gás monoatômico


(11.22), então, o calor específico molar a volume constante para este
gás, será,

3 ∆𝐸𝑖𝑛𝑡
𝐶𝑉 = 𝑅 (11.26) 𝑜𝑛𝑑𝑒, = 𝐶𝑉
2 ∆𝑇

Ao levantar o módulo da constante universal, então o módulo de calor


específico molar a volume constante deste gás será, 12,5𝐽/𝑚𝑜𝑙. 𝑘.

Combinando (11.26) e (11.22), para qualquer processo


termodinâmico, resulta,

𝐸𝑖𝑛𝑡 = 𝑛𝐶𝑉 𝑇 𝑜𝑢 ∆𝐸𝑖𝑛𝑡 = 𝑛𝐶𝑉 ∆𝑇 (11.27)

103
ISCED FÍSICA

XI.7.2 Pressão Constante

Agora aumentamos a temperatura ∆𝑇, com o objectivo de elavar a


temperatura do gás, mas também, para realizar trabalho externo,
necessário para fazer subir o pistão. Desta forma, o calor específico
molar a pressão constante, definimos pela relação,
𝑄 = 𝑛𝐶𝑝 ∆𝑇 (11.28)
Procurando relacionar os calores específicos a volume e pressão
constantes, levantamos a primeira lei da termodinâmica, i.e,
∆𝐸𝑖𝑛𝑡 = 𝑄 − 𝑤 (11.29)

Resumindo, de relações (11.27) e (11.28), temos para energia interna


e quantidade de calor, as relações, ∆𝐸𝑖𝑛𝑡 = 𝑛𝐶𝑉 ∆𝑇, e 𝑄 = 𝑛𝐶𝑝 ∆𝑇,
respectivamente.
Quanto ao trabalho, considerando o processo isobárico junto com a
equação dos gases, temos que, 𝑤 = 𝑝∆𝑉 = 𝑛𝑅∆𝑇, logo, de relação
(11.29) resulta,
𝑛𝐶𝑉 ∆𝑇 = 𝑛𝐶𝑝 ∆𝑇 − 𝑛𝑅∆𝑇 ↔ 𝐶𝑝 − 𝐶𝑉 = 𝑅 (11.30)

Expansão Adiabática de um Gás Ideal

Como já é de conhecimento que os processos adiabáticos são aqueles


em que 𝑄 = 0, então, no cilindro estudado, se diminuirmos o número
das esferas permitimos que o pistão suba, ou por outra, que o gás
empure o pistão, e, durante este processo o volume aumenta,
enquanto a temperatura e a pressão diminui. Desta forma, no
processo aiabático a pressão e o volume estão ligados pela expressão,
𝐶𝑝
𝑝𝑉 𝛾 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡 (11.31) 𝑒 𝛾 = (11.32)
𝐶𝑉
Se o gás parte do seu estado inicial para final, então, rescrevemos a

104
ISCED FÍSICA

expressão (11.31) na forma,


𝑝𝑖 𝑉𝑖 𝛾 = 𝑝𝑓 𝑉𝑓 𝛾 (11.33)
Procurando expressão 𝑇 𝑒 𝑉 num processo adiabático, substituimos a
pressão 𝑝 da relação (11.31) recorrendo a lei dos gases, i.e,
𝑛𝑅𝑇 𝛾
( ) 𝑉 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡 (11.34)
𝑉
Levando em consideração que 𝑛 𝑒 𝑅, são constantes, podemos
rescrever a relação anterior na forma,
𝑇𝑉 𝛾−1 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡 (11.35)
Da mesma maneira, se o gás sai do estado inicial até ao estado final,
então escrevemos,
𝑇𝑖 𝑉𝑖 𝛾−1 = 𝑇𝑓 𝑉𝑓 𝛾−1 (11.36)

Exercicios sobre o Tema:

105
ISCED FÍSICA

TEMA XI: PRINCÍPIOS E LEIS DA TERMODINÂMICA

11.1.Principios Termodinamicos

11.2. Leis de Termodinâmica;

UNIDADE Princípios e leis de Termodinâmica

Introdução

Para percebermos melhor como o calor e trabalho são trocados entre


um sistema e seu ambiente, vamos considerar um cilindro de paredes
isolantes contendo um reservatório de calor na parte de baixo, e com
um pistão móvel contendo esferas na parte superior (figura 1a).
Partindo do estado inicial com pressão 𝑝𝑖 , volume 𝑉𝑖 e temperatura 𝑇𝑖
para o estado final dado por, 𝑝𝑓 , 𝑉𝑓 𝑒 𝑇𝑓 , o procedimento usado é
denominado processo termodinâmico.
Durante o processo termodinâmico anterior, o calor pode vir do
reservatório ou do sistema para o reservatório e o pistão sobe quando
o trabalho realizado pelo sistema é positivo ( 𝑤 > 0, 𝑜𝑢 𝑠𝑒 𝑣0 < 𝑣𝑓 ),
e, vice-versa.

Esferas
𝑑𝒔

Pistão
Volume
de
Gás Isolamento
Reservatório Térmico
Reservatório Térmico
Figura 1b Variação do volume de um gás
Figura 1a Gás confinado em um cilindro indro

Suponhamos agora que uma parte das esferas da figura 1a, são
removidas (figura 1b) de moda que o gás empurre o pistão criando um
deslocamento pequeno ds com uma força F. Visto que o deslocamento
é pequeno, então, 𝐹 = 𝑝𝐴, e, o trabalho feito pelo gás será,

106
ISCED FÍSICA

𝑑𝑤 = 𝐹. 𝑑𝑠 = 𝑝𝐴𝑑𝑠 = 𝑝𝑑𝑉 (10.9)


Onde, 𝑑𝑉 −é a variação do volume do gás devido a variação da
posição do pistão

Em relação aos instantes iniciais e finais, o trabalho é definido pelo


integral,
𝑉𝑓
𝑤 = ∫ 𝑑𝑤 = ∫ 𝑝𝑑𝑉 (10.10)
𝑉𝑖

Para resolver o integral anterior, é necessário saber como a pressão


varia com o volume quando o processo sai do seu estado inicial para o
final. Contudo vários processos existe para esta finalidade, mas vamos
considerar alguns casos básicos.
𝑃

O gráfico P-V da figura 2a, mostra como a pressão varia com o


volume. Então, o trabalho realizado pelo gás é representado pela
𝑤>0
área abaixo da curva, entre os pontos i e f. Este trabalho será positivo
𝑖 𝑓 𝑉
Figura 2a Expansão de um Gás porque na tentativa de fazer subir o pistão o volume do gás aumenta.

𝑃
𝑎 Neste processo podemos notar que dois passos são observados, o
𝑤>0 10 (ia) ocorre a pressão constante (não há mudança no número das
esferas), isto é, a variação do volume é graças ao aumento de
𝑖 𝑓 𝑉 temperatura no reservatório e o 20 (af) ocorre a volume constante,
Figura 2b Expansão de um Gás
isto é, o pistão não de mover-se.

O calor é positivo quando é adicionado ao sistema (primeira situação)


e vice-versa. É importante salientar que o trabalho é realizado
somente na primeira situação (ia), isto porque, quando o volume não
𝑃
varia o trabalho é nulo.

𝑤>0 A figura 2c, mostra que o trabalho e o calor absorvido podem ser
𝑖 𝑓 𝑉
Figura 2c Expansão de um Gás ainda menores dependendo do caminho escolhido, por exemplo o
da figura ao lado.

107
ISCED FÍSICA

Observação:

Para variar os estados iniciais e finais de um sistema podemos usar um


número infinito de processos, dai que, o trabalho bem como o calor
podem tomar diferentes valores para cada processo, então diz-se que,
o calor e o trabalho são quantidades dependentes do processo.

𝑃 𝑃

𝑤<0 𝑤>0

𝑖 𝑓 𝑉 𝑖 𝑓 𝑉
Figura 3 Compressão de um Gás Figura 4 Processo Cíclico de um Gás

Semelhantemente a figura 2a, o trabalho realizado segundo a figura 3,


será dado pela área por baixo da curva, e será negativo porque o
volume é reduzido (comprimido).
Quanto a figura 4, temos um ciclo termodinâmico, e, o trabalho total
realizado nele será igual a soma do trabalho positivo durante a
expansão (if) com o trabalho negativo durante a compressão (fi).
Observando atentamente o gráfico pode-se ver que o trabalho total
será positivo, isto porque a área durante a expansão é maior em
relação a área durante a compressão.

X.6 A primeira lei da termodinâmica

Contrariamente ao que foi sublinhado, a quantidade 𝑄 − 𝑤 é a mesma


para qualquer processo, pois ela depende dos estados iniciais e finais e
não do processo. A quantidade (𝑄 − 𝑤), representa a uma mudança
em alguma propeiedade intrínseca do sistema, e, à esta propriedade
damos o nome de energia interna 𝐸𝑖𝑛𝑡 , dai escrevemos a primeira lei
da termodinâmica, na forma,
∆𝐸𝑖𝑛𝑡 = 𝐸𝑖𝑛𝑡,𝑓 − 𝐸𝑖𝑛𝑡,𝑖 = 𝑄 − 𝑤 (10.11)
𝑑𝐸𝑖𝑛𝑡 = 𝑑𝑄 − 𝑑𝑤

108
ISCED FÍSICA

Levando em consideração que o trabalho é realizado sobre o sistema,


então de relação (10.11), temos, 𝑑𝐸𝑖𝑛𝑡 = 𝑄 + 𝑤, o que significa que a
enegia interna tende aumentar.

X.6.1 Casos especiais da primeira lei da termodinâmica


1. Processo Adiabático
Como sabemos durante este processo, não ocorre transferência de
calor (𝑄 = 0), dai que resulta,
∆𝐸𝑖𝑛𝑡 = −𝑤 (10.12)
De relação (10.12), se o trabalho é realizado pelo sistema (𝑤 > 0),
então a energia interna tende a diminuir e quando o trabalho é
realizado sobre o sistema (𝑤 < 0), então a energia interna tende a
aumentar.

2. Processo a volume constnte


De relação (10.10), facilmente vê-se que quando o volume do gás não
varia então o sistema em causa não realizará trabalho (𝑤 = 0), logo,
∆𝐸𝑖𝑛𝑡 = 𝑄 (10.13)
3. Processo Cíclico
Entende-se por cíclico, o processo que depois das trocas de calor e
trabalho retorna ao estado inicial. Desta forma nenhuma propriedade
intrínseca pode ser alterada, dai que se ∆𝐸𝑖𝑛𝑡 = 0, então,
𝑄=𝑤 (10.14)

4. Processo de Expansão Livre


É um processo adiabático em que nenhum trabalho é realizado sobre
e pelo sistema (𝑄 = 𝑤 = 0), de modo que,
∆𝐸𝑖𝑛𝑡 = 0 (10.15)

109
ISCED FÍSICA

Bibliografia

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9. CARVALHO, A. M. P. Física: proposta para um ensino construtivista.
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