Você está na página 1de 7

Impresso por Ste Passei, E-mail stepassei2@gmail.com para uso pessoal e privado.

Este material pode ser protegido por direitos


autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 07/09/2022 21:01:52

G a b riela G om es d a Silv a | Ps i colog ia | 6 º p eríodo | @ ps icom ga b i 1

RESUMO P1 E P2 encaminhamento para exames neurológicos,


aplicação de questionários);
PSICOLOGIA ESCOLAR  Testes psicológicos;
 Visita à escola para escuta;
O QUE É?  Por fim, a elaboração de laudos.
É a prática do psicólogo no atendimento às demandas
O psicólogo é um especialista que legitima a condição
escolares. Dentro de uma perspectiva crítica em
de adoecimento, dependendo do que tem no laudo.
Psicologia, é a clínica ampliada, pois tira o psicólogo do
Dentro do psicodiagnóstico, a escola não é incluída na
consultório para atuar em outro espaço. Tem o objetivo
compreensão da queixa.
de trabalhar para evitar ações que medicalizem e
judicializem a educação, estudando a patologização do TRATAMENTO OFERECIDO PARA A
que é pedagógico e prestando orientação à queixa CRIANÇA COM PROBLEMAS DE
escolar.
APRENDIZAGEM
 Psicoterapia e orientação familiar, atribuindo a
POR QUE A CRIANÇA NÃO criança ou a família como causadores do problema;
APRENDE?  Educação especial, tirando a criança do contexto de
Há um número muito grande de crianças e uma escola comum;
adolescentes com queixas de aprendizagem na escola.  Psicopedagogia;
Nesses casos, a escola relata:  Educação compensatória e estimulação precoce;
 Problemas de aprendizagem: alfabetização e  Medicamentos, quando o problema é atribuído a um
letramento, come letras, copista (só copia mas não problema neurológico.
entende o que escreveu), letra feia, dificuldade de
interpretação, dislexia, etc; Todas essas ações são questionadas pela Psicologia
 Problemas de comportamento: desatento, apático, Escolar crítica. Demandas que nascem na escola devem
agressivo, não faz lição, TDAH, TOD, é muito calado, ser tratadas na escola, e a escola deve ser incluída na
distraído; compreensão do problema levantado.
 Não aprende porque "tem um problema
emocional", "de personalidade", "transtorno CRÍTICAS AO ATENDIME NTO
neuropsicológico", "disfunção cerebral mínima";
CLÁSSICO TRADICIONAL
 Não aprende porque tem uma família disfuncional;
A compreensão dos problemas escolares é feita a partir
 Não aprende porque tem problemas de nível
socioeconômico, contexto de alta vulnerabilidade; da criança e da família, sem incluir a escola, portanto na
intervenção psicológica os processos de escolarização
ou a dimensão institucional não são levadas em conta
Esse olhar é muito unilateral para intervir nos processos
como origem das dificuldades da criança. Nós devemos
de escolarização. Não se considera o lugar em que essa
fazer uma análise sistêmica, e para isso é necessário
criança aprende. São concepções patologizantes:
incluir a escola na análise.
"criança anormal", "criança problema", "criança carente
cultural", "criança com distúrbio de aprendizagem"
(destino selado, criança fadada a nunca aprender). CRÍTICAS A PARTIR DO S ANOS 70
O tirocínio diagnóstico é muito comum: atribuir A partir da década de 70, começou a nascer a
patologias à criança sem nenhuma investigação compreensão de que é uma rede de fenômenos que
científica prévia, acarretando a medicalização da compromete a possibilidade de aprender. Surge nesse
educação e da vida. A criança se sente portadora de período a Psicologia Escolar crítica que questiona qual a
uma doença, internalizando uma compreensão sobre si função social da escola, acompanhada pelo marco que
mesma de pessoa doente. é o livro de Maria Helena Souza Patto – “Psicologia e
ideologia”; depois “A produção do fracasso escolar”.
COMO A PSICOLOGIA TE M TRATADO A função social da escola é a de formar cidadãos críticos,
ESSE TEMA? ampliando seus valores democráticos, e que eles
possam desenvolver um pensamento científico.
Através de:
Quando a escola oferece um espaço que favoreça a
 Psicodiagnóstico clínico (anamnese com a família
apropriação do conhecimento, o aluno aproveitará
sobre os processos de desenvolvimento, relações
melhor os processos de aprendizagem.
familiares, entrevistas com a criança, com a escola,

Há direitos autorais sobre este material, portanto é proibida a sua distribuição em qualquer meio de comunicação.
Impresso por Ste Passei, E-mail stepassei2@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos
autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 07/09/2022 21:01:52

G ab riela G om es d a Silv a | Ps i colog ia | 6 º p eríodo | @ ps icom ga b i 2

QUEIXA ESCOLAR internalizou e construímos uma rede para elaborar


estratégias.
São os encaminhamentos que chegam da escola para a
Psicologia e retratam as dificuldades vividas no
processo de escolarização. A queixa escolar é CASO “ G ABRIELA NÃO LHE FIC A”
constituída a partir do conjunto de relações individuais,  Segunda série, repetente, trocou de escola 4x, não
sociais e institucionais. sabe ler e escrever;
Essa concepção busca romper com o modelo clássico  Em 4 anos tem três psicodiagnósticos, fez o WISC
tradicional no sentido de diagnóstico e intervenção, pelo menos seis vezes;
pois o foco da análise é o processo de escolarização,  Família de imigrantes, quatro filhos, sendo Gabriela
buscando uma compreensão sistêmica do a mais nova, nas mulheres havia problemas
funcionamento escolar. patológicos, nos homens não;
 Atitude desqualificada e desvalorização da mãe em
FATORES QUE CONSTITUEM O relação à Gabriela;
PROCESSO DE ESCOLARIZAÇÃO  O problema começou na segunda série, em que
 Políticas educacionais; Gabriela não conseguia formar frases;
 Relações institucionais; A mudança constante de escola a impediu de criar
 Relações escolares; qualquer vínculo; a psicoterapia colocou a criança na
 Aspectos pedagógicos; condição de incapaz, quando devia ser um instrumento
É promovida, nesse sentido, a escuta ao aluno e família de mediação para introduzir à língua.
e a leitura da escola sobre o caso.
Muitas vezes a criança se sente atacada na
COMO INTERPRETAR O PROCESSO DE escola, e começa a agir agressivamente. Aí
ESCOLARIZAÇÃO entra a medicalização por ser “hiperativa”.
Através da compreensão dos fenômenos psicológicos,
pedagógicos e sociais como produtos do processo de Nossa intervenção se pauta a partir da visão de que o
escolarização, da interpretação dos processos de problema não está nela, e sim no sistema que o
aprendizagem e desenvolvimento como fenômenos produziu. A partir daí, identificamos suas potências,
interdependentes, e do olhar para o desenvolvimento quais conhecimentos estão internalizados nela e em
do aluno e para as situações de aprendizagem. nível real.
Os processos de avaliação da escolarização devem
expressar a complexidade da vida escolar. Levamos em MEDICALIZAÇÃO DA EDU CAÇÃO
consideração o conjunto de fenômenos que permeiam
a relação da criança com a escola. Quando as questões da vida social que afetam o sujeito
A pergunta “por que a criança não aprende?” muda fazem com que ele apresente sintomas, no processo de
medicalização esse adoecimento é considerado uma
para “o que acontece no processo de escolarização que
faz com que a criança não se beneficie da escola?”. patologia do próprio indivíduo. São questões
identificadas considerando apenas próprio sujeito.
Existem funcionamentos adoecidos e adoecedores na
escola, que geram o fracasso e vitimizam todas as Nesse sentido, os problemas da esfera da vida humana
são transformados em questões biológicas. A pessoa é
pessoas que compõem esse sistema. É o funcionamento
institucional que é patológico, não a criança ou a família, tratada como causa e origem do problema. Aqui, o
portanto a queixa escolar é um sintoma, não uma contexto não é considerado como produtor do
doença. adoecimento, então ele não é tratado, e sim o sujeito.
A vida cotidiana é transformada numa doença. Isso
O não aprender é uma denúncia de que produz uma epidemia de diagnósticos.
algo não está bem na escola A indústria farmacêutica investe mais em marketing
(para vender o medicamento) do que em pesquisa e
Vygotsky destaca o nível de desenvolvimento real: o desenvolvimento, e o medicamento é o instrumento
que a criança já sabe fazer; e o nível de que mantém a cultura da medicalização.
desenvolvimento potencial: o sujeito ainda não tem o SOCIEDADE MEDICALIZA DA
conhecimento ou precisa de ajuda para fazer. Entre os
 O Brasil é o 2º país com maior consumo de Ritalina
dois níveis está a zona de desenvolvimento proximal e
(metilfenidato - droga da obediência);
é nessa parte que atuamos enquanto psicólogos. Nós
ajudamos o sujeito a reconhecer aquilo que ele já  Ano 2000: 71000 caixas;
 Ano 2008: 1.147.000 caixas.

Há direitos autorais sobre este material, portanto é proibida a sua distribuição em qualquer meio de comunicação.
Impresso por Ste Passei, E-mail stepassei2@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos
autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 07/09/2022 21:01:52

G ab riela G om es d a Silv a | Ps i colog ia | 6 º p eríodo | @ ps icom ga b i 3

A disponibilidade de medicamentos cria a necessidade O DSM leva em consideração sintomas externos, e


de automedicação; a precarização dos equipamentos mantém a questão da medicalização, gerando
públicos de saúde no Brasil contribui com a cultura da diagnósticos classificatórios e não explicativos.
medicalização (demora na marcação de consultas e A dislexia, segundo o DSM-5, está ligada ao processo de
exames, etc). Além disso, o processo de medicalização alfabetização e letramento. No protocolo diagnóstico,
nega os direitos conquistados pelo Estatuto da Criança não se investigam as questões intraescolares ou a
e do Adolescentes (ECA), no sentido de patologizar a história do processo de escolarização do sujeito. A
criança. pergunta que fazemos é: como ocorreu o processo de
Há também uma naturalização dos aspectos sociais alfabetização?
patologizantes: trânsito, condições de *Há evidências de que a orientação de pais tem mais
trabalho precárias, etc. eficácia do que a medicalização.
Reducionismo biológico: reduzimos qualquer problema
da esfera humana a uma causa biológica, sem  Por que patologizar os processos de escolarização?;
considerar os aspectos sociais e do contexto em que o  TDAH, TOD e dislexia são transtornos do aluno ou
sujeito ocupa. patologizas produzidas no sistema escolar?;
 A vida confinada (escola - muros) e longe da
Populações que mais sofrem com a medicalização: natureza contribui com a medicalização e quadros
crianças em idade escolar, adolescentes e adultos em depressivos nos alunos e professores. Aumento de
privação de liberdade, usuários que necessitam de casos de depressão, ideação suicida, automutilação
atenção em saúde mental, pessoas com mais de 60 anos
e violência;
 Professores diagnosticados com síndrome de
MEDICALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO Burnout (mas não se fala das condições precárias de
A concepção dominante é de que a questão levantada trabalho que levam ao Burnout).
pela queixa escolar é de ordem individual e orgânica.
Existe uma ideologia que explica o fracasso escolar Análise do processo, não só do produto
pelos próprios atores da escola; e uma política pública
que busca no aluno a causa das suas dificuldades.
COMO DESMEDICALIZAR A ESC OLA?
 Projetos de lei na esfera macro
» PL 321/2004: Programa Estadual para  Compreender que o processo de aprendizado não
Identificação e Tratamento da Dislexia na acontece apenas na sala de aula;
escola (ir até a escola e identificar crianças  Ouvir as crianças;
com dislexia, sem levar em consideração os  Proporcionar passeios, visitas de campo, excursões
processos de ensino e aprendizagem); etc; e contato com a natureza;
 Esfera micro  Desspatologizar a infância e adolescência;
» Boletim escolar  Oferecer alternativas que instiguem o desejo do
» Individualização da queixa e encaminhamento aluno por permanecer na escola;
(não se leva em consideração as diferenças  Reorganizar a rotina da escola, pensando no
individuais no processo de aprendizagem) equilíbrio entre as atividades escolares e o brincar;
» Tirocínio diagnóstico  Tornar o professor menos controlador e mais
» Problemas familiares aparecem como mediador.
justificativa dos comportamentos desviantes
*O primeiro passo do psicólogo escolar é romper com a JUDICIALIZAÇÃO DA ED UCAÇÃO
esfera micro. A fragilidade do diálogo entre os elementos que
integram o processo de escolarização (gestores,
DA EDUCAÇÃO PARA A S AÚDE professores, pais, alunos) causa problemas na busca por
É comum que ignorem a história do processo de soluções dos conflitos cotidianos da escola, o que faz
escolarização, mas se o problema foi identificado na com que esses conflitos sejam judicializados e
escola, deve ser tratado na escola. resolvidos pela justiça. Exemplos de judicialização da
É necessário incrementar a formação dos profissionais educação:
de saúde quanto a compreensão dos problemas de  Matrícula;
escolarização. A definição das dificuldades escolares  Aceleração de estudos (superdotados que avançam
como "transtornos" alivia a família e a escola, porque o séries só têm esse direito expresso em legislação);
problema e solução foram "descobertos".  Brigas e/ou acidentes no interior da escola: quando
acontece algo com a criança e a família processa a

Há direitos autorais sobre este material, portanto é proibida a sua distribuição em qualquer meio de comunicação.
Impresso por Ste Passei, E-mail stepassei2@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos
autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 07/09/2022 21:01:52

G ab riela G om es d a Silv a | Ps i colog ia | 6 º p eríodo | @ ps icom ga b i 4

escola. Ex: uma criança quebrou o braço e a mãe promovendo o sucateamento da rede pública; não
entrou na justiça. Como consequência, a diretora demonstram a insatisfação dos professores diante das
proibiu que as crianças brincassem no intervalo dali más condições de trabalho; que a escola é produtora de
em diante. exclusão; que os resultados dos testes dependem e
muito do processo de escolarização.
AVALIAÇ ÃO PSICOLÓGIC A NA Ou seja, os testes psicológicos resultam em um
ESCOLA psicologismo que deposita no sujeito a causa das suas
dificuldades escolares.
Resolução nº 9, de 25 de abril de 2018 - CFP
Art. 1º - Avaliação Psicológica é definida como um AVALIAÇÃO PSICOLÓGIC A SOB A
processo estruturado de investigação de fenômenos PERSPECTIVA CRÍTICA
psicológicos, composto de métodos, técnicas e Primeiro de tudo, é necessária uma reinvenção da
instrumentos, com o objetivo de prover informações à
avaliação psicológica. Na perspectiva da Psicologia
tomada de decisão, no âmbito individual, grupal ou
escolar crítica, a avaliação psicológica deve investigar a
institucional, com base em demandas, condições e
rede de relações que produz a queixa, não tão somente
finalidades específicas.
o sujeito.
PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO Se a queixa é produzida coletivamente, a intervenção
deve se pautar nas relações escolares, potencializando
PSICOLÓGICA DENTRO DA ESCOLA
todos os envolvidos.
Para determinadas queixas, a avaliação tradicional é
necessária. Mas quando a queixa é escolar, o modo de
avaliação deve ser crítico, pois na perspectiva clássica o ATENDIMENTO PSICOLÓG ICO À
olhar recai para o sujeito; na crítica o olhar contempla QUEIXA ESCOLAR
toda a rede de relações que produz a queixa. Na perspectiva clássica, após o psicodiagnóstico é
No modelo clássico/tradicional, a criança é o objeto de produzido um laudo (que muitas vezes legitima uma
análise, e busca-se compreender "qual o problema doença que a criança não tem), e a escola procede a
dela", investigando a criança e a relação com a família. partir desse laudo (encaminha para a terapia; coloca em
A avaliação é feita através de anamnese, entrevistas, educação especial; educação compensatória;
sessão lúdica, sessão com os pais, aplicação de testes e estimulação precoce). Na perspectiva crítica, não se faz
encaminhamento. O resultado final é a elaboração de psicodiagnóstico. O olhar do psicólogo vai para a rede
um laudo que atesta alguma patologia e a criança é que produz a queixa, sendo o aluno apenas um dos
encaminhada para tratamento com o objetivo de elementos; vai para as políticas públicas implantadas na
adaptá-la ao funcionamento da escola. escola e como elas interferem no processo de
 Laudos são reducionistas; escolarização; quais as relações institucionais; aspectos
 Numa avaliação crítica, o objetivo é mudar as pedagógicos para tentar entender o que acontece na
práticas e processos de escolarização que facilitem o sala de aula que produz a queixa.
processo de aprendizagem; Aprendizagem e desenvolvimento são inseparáveis.
 Quando a queixa não é escolar, os testes são muito Devem existir situações de aprendizagem que
importantes. possibilitem que o sujeito internalize o conhecimento.
Os processos de avaliação da escolarização incluem
CRÍTICAS DE PATTO AOS TESTES toda a rede de relações, então se observa toda a
PSICOLÓGICOS complexidade da vida escolar.
 Técnico demais, impossibilitando uma intervenção Existe uma ação reducionista que leva a uma conduta
criativa na aplicação; de medicalização:
 Testes não correspondem à realidade da condição  Reducionismo biológico;
brasileira, sobretudo de crianças pobres;  Tratamento medicamentoso;
 Avaliação pautada na aptidão e quantificação, e esse  Diagnósticos classificatórios e não explicativos;
número concretiza o lugar que a criança ocupa;  Não considerar questões intraescolares,
 Rapidez da resposta como definição de inteligência; pedagógicas, sociais e econômicas;
 Uso exclusivo de psicólogos.  Não considerar o que acontece dentro da escola.

O QUE OS LAUDOS NÃO DIZEM Na crítica a esse processo, se propõe um olhar crítico, a
Os laudos não dizem o quanto o Estado defende os análise do processo de escolarização e condução a
interesses das classes dominantes e nem que o poder partir de uma abordagem histórico-cultural. Dialogar
público sempre tratou a educação com descaso, com a escola e inclui-la na investigação e na intervenção

Há direitos autorais sobre este material, portanto é proibida a sua distribuição em qualquer meio de comunicação.
Impresso por Ste Passei, E-mail stepassei2@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos
autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 07/09/2022 21:01:52

G ab riela G om es d a Silv a | Ps i colog ia | 6 º p eríodo | @ ps icom ga b i 5

é fundamental; potencializar e fortalecer recursos Da relação escola-pais


internos do aluno e do professor; considerar o  Exclusão de decisões sobre os filhos;
funcionamento das relações escolares; enfim –  Alvo de mitos e preconceitos;
entender como um problema coletivo e não individual.  Tratados como usuários de favores.
A psicologia escolar vê a importância de se investir em
ações de melhoria para a escola, em que os processos Da sala de aula
de escolarização fossem mais bem-sucedidos e  Homogeneidade (todo mundo aprendendo na
diminuísse a tendência de encaminhamentos médicos. mesma hora, do mesmo jeito);
Os psicólogos vêm ampliando as intervenções com o  Pedagogia repetitiva e desinteressante;
intuito de problematizar e reverter funcionamentos  Encaminhamentos a especialistas.
produtores de fracasso escolar.

LACUNAS NA AÇÃO DO PSICÓLOGO ORIENTAÇÃO À QUEIXA ESCOLAR


É preciso: Os psicólogos devem:
 Rever o atendimento tradicional às queixas;  Olhar o processo de escolarização e todos os fatores
 Desenvolver uma abordagem que supere as que influenciam a queixa;
dificuldades das práticas tradicionais;  Contemplar a tríade aluno-escola-pais;
 Incluir a escola na investigação e intervenção. A  Ir contra as práticas adaptacionistas, conquistando
escola é parceira na compreensão da queixa e uma movimentação que se direcione no sentido de
estratégias de enfrentamento; desenvolver todos os agentes ao redor da queixa.
 Fazer perguntas como:
» Em que tipo de classe ele está? PRINCÍPIOS DA ORIENTAÇÃO À
» Quantas professoras teve esse ano? QUEIXA
» Onde o aluno se senta na classe?  Colher e problematizar a versão de cada participante
» Com que frequência ocorrem faltas de da rede;
professores?  Circular a compreensão sobre a queixa, oferecendo
» Em que momento da trajetória escolar surgiu as diferentes perspectivas sobre a ela, buscando
a queixa? novas leituras e soluções;
 Criar uma interlocução com a escola;  Identificar e fortalecer as potências de todos;
 Investigar as pertenças sociais do indivíduo (camada  Cuidar das relações dos participantes da rede;
socioeconômica, grupo étnico, religião) e seus  Atenção à singularidade, pois não há padronização
desdobramentos. em procedimentos;
 Atendimento é breve, 6 a 8 encontros;
ALGUNS FUNCIONAMENTO S DO  Atendimento é focal, pois se centra na queixa
SISTEMA ESCOLAR QUE PRODUZEM escolar. Se vê a queixa e o que está por trás dela,
SOFRIMENTO dialogando em rede.
*Não aplicamos teste e não fazemos psicodiagnóstico.
Dos órgãos centrais que regimentam o
funcionamento da escola ATITUDE DO PSICÓLOGO
 Burocracia que cria problema no cotidiano da escola A postura do psicólogo deve ser ativa e a manutenção
(ex: professor às vésperas de se aposentar, sai a da queixa horizontal, pois não existe uma hierarquia, a
aposentaria em maio e aí ele vai embora); intervenção é baseada no diálogo entre todos os
 Políticas públicas implantadas de maneira agentes.
autoritária e desorganizada que na verdade
deveriam ser implementadas. ESTRUTURA DO ATENDIMENTO
 Triagem (com as famílias; apresentamos a
Das unidades escolares modalidade de atendimento que oferecemos;
 Ausência de espaços sistemáticos de reflexão, falta colhemos informações dos responsáveis sobre as
de diálogo; queixas; verificamos se a queixa é ou não de
 Ausência de um projeto político-pedagógico; natureza principalmente escolar; é dado um
 Falta de apoio e orientação aos professores e relatório para que a família leve até à escola para um
gestores; professor responder);
 Saberes desconsiderados;  Encontros com as crianças (levar jogos; colher a
versão da criança sobre a queixa; dar protagonismo

Há direitos autorais sobre este material, portanto é proibida a sua distribuição em qualquer meio de comunicação.
Impresso por Ste Passei, E-mail stepassei2@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos
autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 07/09/2022 21:01:52

G ab riela G om es d a Silv a | Ps i colog ia | 6 º p eríodo | @ ps icom ga b i 6

para a criança; perceber suas dificuldades e DIFICULDADES QUE PRECISAM SER


reinstaurar a esperança; instrumentalizar a criança ENFRENTADAS
para a situação de dificuldade que se encontra;  Políticas públicas são hierarquizadas;
fortalecer suas potencialidades);  Políticas públicas desconsideram a história
 Interlocução com a escola (buscar uma relação profissional dos profissionais que estão na escola;
horizontal com os educadores; não desqualificar  Políticas públicas não levam em consideração a
seus saberes; ouvir a versão dos professores; infraestrutura da escola;
valorizar seus recursos e levar sugestões);  Concepções preconceituosas a respeito de
 Entrevista de fechamento (construir uma releitura estudantes e famílias;
do caso; produzir um relatório de avanços);  Dificuldade de criar espaços de debates sobre as
 Acompanhamento (3-4 meses depois falamos com a políticas públicas;
família, escola e criança para buscar saber como  Implantação tecnicista das políticas, o que aliena o
estão. trabalho pedagógico.
Esse tipo de atendimento não tem evasão, e sempre
ouvimos que as questões em relação à queixa POSSIBILIDADES DE AT UAÇÃO DO
minimizaram. PSICÓLOGO
Nossa ação é sempre coletiva, com toda a comunidade
ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NAS escolar. Há cinco áreas de atuação:
 Projeto político-pedagógico: é o mapeamento da
DIFI CULDADES DE
organização escolar, sua política de funcionamento
COMPORTAMENTO
(produzido pela escola), é nosso papel a avaliação e
A escola reproduz os valores e regras impostos pela reformulação. Recuperar a história da escola, como
sociedade, e nem sempre assegura o exercício de uma uma anamnese;
cidadania ativa. Os processos de vida se dão nas  Intervenção no processo de ensino aprendizagem:
relações, daí a importância de o psicólogo trabalhar os práticas que conduzem o aluno a reconhecer suas
conflitos e violências muitas vezes produzidos dentro potencialidades (através de mediadores culturais -
da escola. teatro, música, etc), trabalhar prospectivamente
Não se pode compreender a educação sem inseri-la no
(naquilo que o aluno pode se desenvolver -
contexto de política econômica, pública e social que Vygotsky);
atravessam o cotidiano da escola. Devemos conhecer as
 Formação de educadores: possibilita autonomia no
direções éticas e políticas da escola; isso se manifesta
fazer pedagógico; contribuir com o aprimoramento
nas ações de todos lá dentro. A construção de um
teórico;
projeto político-pedagógico é um desafio para a
 Educação inclusiva: como construir um plano que
comunidade.
atenda a todos os alunos; acompanhamento de
estudantes visando inclusão e permanência;
ASPECTOS QUE O DOCUMENTO mobilizar encontros com a equipe docente para
REFERÊNCIAS TÉCNICAS PARA auxiliar no planejamento educacional; etc;
PSICÓLOGOS APONTA  Grupos de aluno: 10 a 15 alunos ou dentro da
 Almejamos um conhecimento científico crítico, própria sala de aula, para abordar questões que
criando espaços de problematização e diálogo na atravessam a infância e adolescência; para realizar
escola para responder à exclusão social, violência, ações que caminhem com a finalidade da escola;
discriminação, intolerância, desigualdade; grupos de apoio psicopedagógico.
 Construção de relações democráticas, rompendo
com a medicalização, judicialização, patologização Enfim, o psicólogo poderá trabalhar em parceria
dos professores e estudantes; com pais, professores, equipe pedagógica, com
 Não neutralidade da educação/escola como um atividades que contribuam com o desenvolvimento
espaço para reflexões sobre gênero, racismo, dos alunos.
LGBTfobia, sexismo, capacitismo, etc;
9 DESAFIOS PARA O PSICÓLOGO
 Necessário o envolvimento do psicólogo no controle
social das políticas públicas de educação  Compor com a equipe escolar criando um vínculo, e
(participando dos conselhos municipais e estaduais). a partir do projeto político-pedagógico criar o
próprio projeto de atuação;
 Problematizar o cotidiano escolar;

Há direitos autorais sobre este material, portanto é proibida a sua distribuição em qualquer meio de comunicação.
Impresso por Ste Passei, E-mail stepassei2@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos
autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 07/09/2022 21:01:52

G ab riela G om es d a Silv a | Ps i colog ia | 6 º p eríodo | @ ps icom ga b i 7

 Construir estratégias de ensino aprendizagem com a nem por memorização ou fixismo. É uma tarefa
comunidade escolar; conceitual.
 Considerar a dimensão da produção de
subjetividade sem reduzi-la a uma perspectiva PERÍODOS EVOLUTIVOS DA
individualizante; ALFABETIZAÇÃO
 Valorizar e potencializar os saberes da escola;
 Buscar conhecimentos técnico-científicos da PERÍODO ICONOGRÁFICO
Psicologia e da Educação; Hipótese de que símbolos gráficos são representações
de características físicas ou ideias. *Pré-silábico
 Sair da ação clássica, procurando desenvolver
práticas coletivas que acolham as demandas e PERÍODO LINGUÍSTICO
buscando com elas os procedimentos de A criança já entende que a letra corresponde ao som.
enfrentamento;
 Romper com a patologização, medicalização e  Silábico: quando há a hipótese de que cada emissão
judicialização da educação; sonora é uma letra. Ex: cachorro - 3 letras;
 Formar profissionais críticos para se dedicarem a  Silábico alfabético: período de transição em que a
esse campo de atuação. criança começa a enxertar letras na escrita silábica,
então ela oscila entre a hipótese silábica e alfabética;
DIFI CULDADES DE AQUI SIÇÃO DA  Alfabético: compreensão de que as sílabas podem
LÍNGUA ESCRITA ser divididas em unidades menores, os fonemas. E
A escola tem a concepção de que essa dificuldade está que cada letra representa um fonema, geralmente.
atrelada a um problema psicológico. O olhar é sempre Com essa hipótese atingida, ainda há muitos
como um transtorno de ordem biológica. Inclusive no desafios até o bom letramento.
DSM-5.
Mas não se trata de uma dificuldade de aprendizagem, CONTROLE DA ESCRI TA
e sim de escolarização. O que está acontecendo na Nas etapas iniciais do período linguístico, há dois tipos
escola que propicia a não aprendizagem? Quais os de controle da escrita.
critérios que a escola utiliza em relação ao tempo de
CONTROLE QUANTITATIVO
aprendizagem de cada um dos alunos?
Criança preocupada com a quantidade de letras.
Os alunos são colocados em igualdade, com os mesmos
recursos, estratégias e tempo. Mas cada um tem um CONTROLE QUALITATIVO
processo de aprendizagem, Vygotsky diz que a partir Criança preocupada com a variedade de caracteres. Ex:
das mediações que o meio oferece e também a partir não pode repetir letra de modo contíguo e não podem
de suas condições internas é que o conhecimento haver palavras diferentes representadas do mesmo
acontece. Respeitar o ritmo de aprendizagem fará com modo).
que o aluno aprenda.
Olhamos o indivíduo num contexto sócio histórico que
interfere diretamente na forma como ele aprende. De
que forma esse contexto está possibilitando ou não o
processo de aprendizagem do indivíduo?

USO DA LUDICIDADE
Num primeiro momento, usar apenas do lúdico. Em
seguida apresentar os recursos escolares, pois aí a
criança já estará mais confiante. Trabalhar ações de
cooperação, não de competição.

PSICOGÊNESE DA LÍNGU A ESCRITA -


EMÍLIA FERREIRO
Ferreiro estudou como se aprende a ler e escrever. A
aprendizagem da língua escrita se dá a partir de
mecanismos cognitivos, não motores ou sensoriais, e a
alfabetização não se dá por decifrar letra por letra e

Há direitos autorais sobre este material, portanto é proibida a sua distribuição em qualquer meio de comunicação.

Você também pode gostar