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FACULDADE DE DIREITO
LICENCIATURA EM DIRETIO
TÍTULOS DE CRÉDITO
NAMPULA
2023
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE
FACULDADE DE DIREITO
LICENCIATURA EM DIRETIO
6º GRUPO
Lúcio Domingos Ramussa
Hugo Renato Saleiro
Yunma Teixeira Mohamed Arif
Josue Anselmo Lima Baptista
Zainathe Momade Amaral
Francisca da Costa Puaulo Chico
Beauty Felizardo Lilepe
Josefina Guerreiro
Elizabeth Cerveja
TÍTULOS DE CRÉDITO
NAMPULA
2023
ÍNDICE
Introdução...................................................................................................................................1
1. Origem e Evolução Historica dos Títulos de Crédito......................................................2
2. Função e conceito de título de crédito....................................................................................3
3. Características gerais dos títulos de crédito............................................................................4
4. Títulos Impróprios.................................................................................................................4
4.1. Títulos de legitimação......................................................................................................4
4.2. Comprovantes de legitimação..........................................................................................5
5. Reforma dos títulos de crédito............................................................................................5
6. Princípios do Direito Cartular.................................................................................................6
6.1. Princípio da incorporação ou legitimação........................................................................6
6.2. Princípio da circulabilidade..............................................................................................6
6.3. Princípio da literalidade...................................................................................................6
6.4. Princípio da autonomia.....................................................................................................6
6.5. Princípio da cartularidade.................................................................................................7
6.6. Princípio da abstracção.....................................................................................................7
7. Classificação dos Títulos de Crédito.......................................................................................7
7.1. Critério da causa-função...................................................................................................7
7.1.1. Títulos Causais..........................................................................................................7
7.1.2. Títulos Abstratos........................................................................................................8
7.2. Critério do conteúdo do direito cartolar...........................................................................8
5.2.1. Títulos de participação...............................................................................................8
7.2.2. Títulos representativos de mercadorias.....................................................................8
7.3. Critério do modo de circulação........................................................................................8
7.3.1. Títulos Nominativos..................................................................................................8
7.3.2. Títulos á Ordem.........................................................................................................9
7.3.3. Títulos ao Portador....................................................................................................9
7.4. Critério da natureza da entidade emitente........................................................................9
8. Principais títulos de crédito.....................................................................................................9
8.1. A letra...............................................................................................................................9
8.1.1. Requisitos da letra...................................................................................................10
8.1.2. Consequências da falta de requisitos.......................................................................10
8.2. A livrança.......................................................................................................................10
8.2.1. Requisitos da livrança..............................................................................................11
8.2.2. Consequências da falta de requisitos.......................................................................11
8.3. O cheque.........................................................................................................................11
8.3.1. Requisitos do cheque...............................................................................................11
8.3.2. Consequências da falta de requisitos.......................................................................12
9. Extinção do Direito Cartular.................................................................................................12
9.1. A prescrição....................................................................................................................13
9.2. Decadência.....................................................................................................................13
10. Os Negócios Jurídicos Cambiários..................................................................................14
10.1. O Aceite........................................................................................................................14
10.2. O endosso.....................................................................................................................15
11. O Aval.................................................................................................................................16
12. Outros Títulos de Crédito.................................................................................................17
12.1. Títulos de crédito comercial.........................................................................................17
12.2. Títulos de crédito industrial..........................................................................................17
12.3. Títulos de crédito à exportação....................................................................................17
12.4. Títulos de crédito rural.................................................................................................18
Conclusão..................................................................................................................................19
Referências Bibliográficas.......................................................................................................20
Introdução
O Presente trabalho versa abordar acerca dos Títulos de Crédito,
fazendo um estudo profundo pela superfície do mesmo no intuito de mellhor perceber
o mesmo. Nesta senda, salientar-se-a sobre o conceito, caracteristicas, princípios,
classificação.
1
1. Origem e Evolução Historica dos Títulos de Crédito.
Originalmente, eram utilizados como instrumento de trocas produtos de uso
comum, como o gado e o saI. Num segundo momento da economia chega-se a uma fase
metálica, para posteriormente chegarmos a uma fase financeira, onde temos o surgimento
do papel moeda1. Os títulos de crédito aparecem com a finalidade de substituição deste
modelo econômico; seu surgimento marca a superação da então economia monetária para
um modelo de economia creditória.
A utilização do crédito pelos comerciantes veio aumentar o número de
transações, trazendo benefícios para o comércio e maiores possibilidades de
desenvolvimento dele; porém estes direitos creditórios possuíam dificuldade de circulação,
problema este que foi solucionado com o advento dos títulos de crédito. Os títulos de
crédito são considerados como uma das maiores inovações apresentadas pelo Direito
Comercial, sendo esta evolução decorrente do problema relativo a circulação de direitos
creditórios.
Função e conceito de título de crédito
Os titulos de crédito representam uma exceção em face do resto do
ordenamento, na medida em que este instituto não apresenta vestígios no direito romano,
modelo este que serve de base para nosso sistema. Uma das dificuldades da circulação de
créditos presente no direito romano, era que a obrigação constituía um elo pessoal entre
credor e devedor, onde a obrigação adena ao corpo do devedor.
Os títulos de crédito têm origem na Idade Média, onde podiam ser
reconhecidos alguns dos elementos presentes atualmente. Seu surgimento, segundo parte
da doutrina, decorre mais de necessidades momentãneas de caráter mercantil, do que de
um procedimento visando especificamente à solução de um problema juridico.
O surgimento do título de crédito foi possível na idade média devido a uma
maior intensidade e desenvolvimento do tráfico mercantil, quando se procurou simplificar
a circulação de capitais2.
Os títulos de crédito foram uma inovação, na sua época; prova disso é o fato
de serem utilizados até os dias de hoje como instrumento de circulação de nquezas, sendo
apresentados sob as mais diversas formas e modelos.
1
POLAK, Antonio, Título de Crédito: Documento Virtual como Meio de Prova, Monagrafia, Curitiba,
2001, Pag 3.
2
Idem, Pag 4.
2
2. Função e conceito de título de crédito
Todo o documento necessário para exercer um direito, que é um direito
literal, autónomo, abstracto, que está mencionado nesse próprio documento, correponde
ao titulo de crédito3.
Nos títulos de crédito o documento é (em regra) um requisito necessário
para a existência do direito nele mencionado: o documento tem uma função constitutiva 4.
Mas esta função constitutiva é mais ampla e complexa do que a que se verifica nos
vulgares documentos constitutivos.
No caso do documento constitutivo, a declaração de vontade que é
essencial para fazer nascer ou transferir determinado direito tem de obedecer, sob pena
de nulidade, a determinada forma; o documento torna-se, assim, elemento essencial do
negócio jurídico. O documento, embora constitutivo, é acessório do direito nele
referido: é a titularidade do direito que decide da titularidade do documento.
Nos títulos de crédito, a função constitutiva do documento não se
restringe ao momento inicial da vida do direito, mas reveste carácter permanente: o
documento é imprescindível também para o exercício e a transferência do direito.
Razão pela qual se deveria dizer, que é a titularidade do documento que decide da
titularidade do direito nele mencionado; que o documento é o principal, sendo o direito
seu acessório. Por isso, certo é considerar-se o título de crédito como uma espécie
particular dos documentos constitutivos, ou, segundo certos autores, como documento
dispositivo.
Esse direito que está ínsito nesse título, é designado por direito cartolar,
por existir uma incorporação expressa, uma conexão directa entre tal documento e o
direito que se é titular 5. Entre o documento e o direito intercorre uma relação ou
conexão de natureza especial, visto que a posse do documento, adquirida segundo a
sua lei de circulação, habilita, ou seja, legitima o portador a exercer o direito, mesmo
que ele não seja o seu verdadeiro titular. Por outro lado, o verdadeiro titular está
impedido de exercer o seu direito se e enquanto não estiver na posse do respectivo
documento.
3
SANTOS, Rui Teixeira, Lições de Direito Comercial, 1 Edição, 2013, Pag 171.
4
CORREIA, A. Ferrer, Lições de Direito Comercial, 1994, Pag 413.
5
CORREIA, A. Ferrer, Lições de Direito Comercial, 1994, Pag 413.
3
3. Características gerais dos títulos de crédito
Ora, do conceito de títilos de crédito podemos extrair suas
caracteristicas essências. Primeiramente, os direitos mencionados nos títulos de crédito
são em regra direitos de crédito, ou seja, o documento incorpora o direito a uma ou
mais prestações; o direito incorporado no título é um direito literal, no sentido de que
a letra do título é decisiva para a determinação do conteúdo, limites e modalidades do
direito; o direito é autónomo, dado que o possuidor do título, o que o recebeu
segundo a sua lei de circulação, adquire o direito nele referido de um modo originário6.
Pode-se dizer ainda que os títulos de crédito são documentos formais,
por precisarem observar os requisitos essenciais previstos na legislação cambiária, são
títulos de apresentação, por serem documentos necessários ao exercício dos direitos
neles contidos, cabe ressaltar que o título de crédito é título de resgate, porque sua
emissão pressupõe futuro pagamento em dinheiro que extinguirá a relação cambiária, e
é também um título de circulação, uma vez que sua principal funçao é a
circulabilidade do crédito7.
4. Títulos Impróprios
Em bom rigor, não são considerados como títulos de crédito certos
documentos que, muito embora tenham, em geral, as mesmas características daquelas (
títulos de crédito ), todavia se afastam deles no tocante à sua função jurídico-
económica e, por isso, quanto à característica da circulabilidade, sendo noemeados
como títulos impróprios.
Dentro destes documentos, encontra-se duas categorias: os títulos de
legitimação e os comprovantes de legitimação.
4.1. Títulos de legitimação
Títulos de legitimação, têm por função conferir ao seu possuidor a
legitimação (activa) para o exercício de certos direitos e, consequentemente, também
conferem à outra parte a correspectiva legitimação passiva8
6
CORREIA, A. Ferrer, Lições de Direito Comercial, 1994, Pag 416.
7
RAMOS, André Luiz, Títulos de Crédito, Pag 445.
8
SANTOS, Rui Teixeira, Lições de Direito Comercial, 1 Edição, 2013, Pag 174.
4
4.2. Comprovantes de legitimação
Comprovantes de legitimação, conferem igualmente a legitimação activa e
passiva relativamente ao exercício de certos direitos, mas nem sequer têm a possibilidade
de circular por serem intransmissíveis9.
deteriorado11.
9
SANTOS, Rui Teixeira, Lições de Direito Comercial, 1 Edição, 2013, Pag 176.
10
OCTALBERTO, Títulos de Crédito, 2016, disponivel no site https: //octalberto.wixsite.com, acessado
19/02/2023.
11
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Decreto- Lei nº 2/2005.
5
Portanto, pelas razões referidas, não seria admissível a reforma dos títulos ao
portador. Quem perder um destes títulos sofre as consequências desse facto; se o título
perdido chegar às mãos dum terceiro de boa fé, este poderá exigir o pagamento.
Se a este possuidor se negar o direito de exigir o seu pagamento, iludindo-se desta maneira a
sua boa fé, estará prejudicada a facilidade de circulação do título e menosprezada uma das
fundamentais razões do seu regime particular.
12
SANTOS, Rui Teixeira, Lições de Direito Comercial, 1 Edição, 2013, Pag 172.
13
SANTOS, Rui Teixeira, Lições de Direito Comercial, 1 Edição, 2013, Pag 173.
6
completamente desvinculado da relação que lhe deu origem14. Importa distinguir dois
sentidos:
a) Autonomia face ao direito subjacente
O direito cartolar tem a sua origem numa relação jurídica logicamente
anterior ao surgimento do título de crédito, a relação subjacente ou fundamental, e que
ele é novo e diferente do direito subjacente ou fundamental, tendo um regime
próprio15.
b) Autonomia face aos portadores anteriores
O direito cartolar é autónomo, segundo este sentido, porque cada
possuidor do título ao adquiri-lo segundo a sua lei de circulação «adquire o direito nele
referido de um modo originário, isto é, independentemente da titularidade do seu
antecessor e dos possíveis vícios dessa titularidade»
6.5. Princípio da cartularidade
Quando se afirma que o título de crédito é o documento necessário ao
exercicio do direito nele mencionado, há uma referência clara ao princípio de
cartularidade, segundo o qual se entende que o exercício de qualquer direito
representado no título pressupõe a sua posse legítima16.
6.6. Princípio da abstracção
O negócio cambiário é abstracto porque, esse negócio permite preencher
um conjunto de funções económico-jurídicas (ex. compra e venda). Essa obrigação
cambiária pressupõe sempre a existência de uma relação jurídica subjacente podendo
preencher um diversidade de funções económico-jurídicas, uma vez que ela só tem um
fim, pagamento ou garantia do pagamento.
consta no registro especifico mantido pelo emitente do título 19. Para que a sua transmissão
seja válida, deve ser exarada no próprio título, pelo transmitente, uma declaração de
transmissão, bem como nele seja lavrado o pertence, isto é, que no local adequado seja
inserido o nome do novo titular 20. Os títulos nominativos encontra-se disposto no artigo
635, nº 3, do Código Comercial.
7.3.2. Títulos á Ordem
Mencionam o nome do seu titular, tendo este, para transmitir o título e, com
ele, o direito cartular , apenas de nele lançar o endosso. A transferência da titularidade do
crédito, pois, não depende , apenas da mera entrega do documento a outra pessoa, é
17
SANTOS, Rui Teixeira, Lições de Direito Comercial, 1 Edição, 2013, Pag 174.
18
CORREIA, A. Ferrer, Lições de Direito Comercial, 1994, Pag 418.
19
RAMOS, André Luiz, Títulos de Crédito, Pag 454.
20
SANTOS, Rui Teixeira, Lições de Direito Comercial, 1 Edição, 2013, Pag 175.
8
preciso, alem disso, praticar um ato formal que opere a transferência da titularidade do
credito, assim como ilustra o artigo 635 nº 2, do Código Comercial.
7.3.3. Títulos ao Portador
Não identificam o seu titular e transmitem-se por mera tradição manual,
por entrega real do documento, o titular é quem for o detentor do documento. Sendo
assim, qualquer pessoa que esteja com a simples posse do título é considerada titular do
crédito nele mencionado. A simples transferência do documento, portanto, opera a
transferência da titularidade do crédito, como faz refêrencia o artigo 635, nº 1, do Código
Comercial.
7.4. Critério da natureza da entidade emitente
São títulos públicos aqueles que são emitidos pelo Estado e por outros entes
públicos legalmente habilitados para tanto, são principalmente, os títulos da dívida
pública.
Os demais títulos de crédito são títulos privados, por as pessoas ou
entidades que os emitem não terem a natureza de entes públicos, ou porque, quando
tenham essa natureza, actuam de forma indiferenciada em relação aos entes privados,
colocando-se no mesmo plano de actuação destes. É o que acontece por exemplo, quando
um qualquer organismo ou serviço público emite cheques para efectuar os seus
pagamentos.
22
Cfr Art. 704, do Decreto- Lei nº 2/2005.
23
SANTOS, Rui Teixeira, Lições de Direito Comercial, 1 Edição, 2013, Pag 176.
10
A livrança é, também um, título à ordem, transmissível por endosso e,
rigorosamente formal.
24
Cfr Art. 778, do Decreto- Lei nº 2/2005.
25
SANTOS, Rui Teixeira, Lições de Direito Comercial, 1 Edição, 2013, Pag 176.
11
8.3.1. Requisitos do cheque
O cheque deve conter:
a) A palavra " cheque " inserta no próprio texto do título na língua portuguesa;
b) O mandato puro e simples de pagar uma quantia determinada;
c) O nome de quem deve pagar;
d) A indicação do lugar em que o pagamento se deve efectuar;
e) A indicação da data em que e do lugar onde o cheque é passado;
f) A assinatura de quem passa o cheque ( sacador )26.
8.3.2. Consequências da falta de requisitos
O título que faltar qualquer dos requisitos enunciados não produz efeito
como cheque, salvo nos casos seguintes:
a) Na falta de indicação especial o lugar designado ao lado do nome do sacado
considera-se como sendo o lugar de pagamento. Se forem indicados várias lugares
ao lado do nome do sacado o cheque é pagável no lugar primeito indicado;
b) Na ausência destas indicações ou de qualquer oura indicação o cheque é pagável
no lugar em que o sacado tem o seu estabelecimento principal;
c) O cheque sem indicação do lugar da sua emissão considera-se passado no lugar
designado ao lado do nome do sacador.
26
Cfr Art. 782, do Decreto- Lei nº 2/2005.
12
Ao tratar-se dessas circunstâncias extintivas, não se referi unicamente ao
título em si mesmo, mas aos direitos sobre o documento e aos que emergem do mesmo.
Desta feita, a extinção dos títulos de crédito ocorre com a extinção do direito neles
incorporado, em outras palavras, com o cumprimento da prestação cartular27.
Ademais, a conexão entre o direito cartular e o documento do qual ele
emerge é uma conexão de meio a fim e no sentido de que o título de crédito é um bem
com valor econômico e jurídico, e mantém esta valoração enquanto houver direito
emergente do título. Portanto, infere-se que a extinção do direito cartular extingue o direito
sobre o título.
Com isto, pode se afirmar que o direito cartular, da mesma forma que surge
com a criação do título, também se extingue com a restituição deste e com a sobreposição
cartular da quitação pelo representante ou a declaração de pagamento lançada pelo
devedor.
9.1. A prescrição
A extinção do direito cartular opera-se também pela prescrição, pois este
está sujeito a prazos de prescrição extintiva, consoante o disposto no artigo 833, do
Código cOMERCIAL prescreve em seis meses a pretensão para haver o pagamento de
título de crédito, a contar do termo do prazo da apresentação.
A prescrição perfaz-se diferentemente nos títulos abstratos e nos títulos
causais. Isso ocorre porque, nos títulos causais o direito do titular do título prescreve,
geralmente nos mesmos prazos em que prescreve o direito da relação declarada com o
mesmo título
9.2. Decadência
A decadência, no direito civil, é a perda de um direito potestativo pelo seu
não exercício, durante o prazo fixado em lei ou eleito e fixado pelas partes 28, como ilustra
o artigo 298, nº 2 do Código Civil. Nesse instituto extingue-se o direito potestativo
(revestido de poder, condição que torna a execução contratual dependente duma
convenção que se acha subordinada à vontade ou ao arbítrio de uma ou outra das partes) 29.
O direito é outorgado para ser exercido dentro de determinado prazo, se não exercido,
extingue-se.
27
ALVES, Simone Lemos, Títulos de Crédito Eletrônicos no Ordenamento Jurídico Brasileiro,
Mestrado, 2009, Pag 124.
28
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Decreto- Lei nº 47 344.
29
ALVES, Simone Lemos, Títulos de Crédito Eletrônicos no Ordenamento Jurídico Brasileiro,
Mestrado, 2009, Pag 126.
13
Salvo disposição legal em contrário, em matérias consideradas decadentes
não se podem aplicar normas ou procedimentos que impeçam, suspendam ou interrompam
a prescrição. Na decadência o prazo não se interrompe, nem se suspende, corre
indefectivelmente (que não falha) contra todos e é fatal, peremptório (decisivo), termina
sempre no dia pré-estabelecido. Além disso, não pode ser renunciado. A decadência
advém não só da Lei (decadência legal), como também do contrato e do testamento
(decadência convencional).
30
ALVES, Simone Lemos, Títulos de Crédito Eletrônicos no Ordenamento Jurídico Brasileiro,
Mestrado, 2009, Pag 105.
14
O endosso é um ato unilateral, solidário e autônomo, pelo qual se transfere
os direitos emergentes de um título, garantindo-o, ou seja, o endosso, além de transferir o
título, é uma garantia.
o endosso é uma forma particular de alienação de coisa móvel, ou seja, no
que tange os títulos de crédito, trata-se de uma forma de transferência 31. Todavia, esta é
apenas uma das formas, porquanto os títulos de crédito podem também ser transferidos por
intermédio de simples tradição, quando são ao portador ou quando previamente
endossados em branco.
Endosso é a forma de circulação do crédito cambiário mencionado no título
de crédito à ordem. Perfaz-se mediante declaração unilateral de vontade, aposta no título,
sem menção à causa da tradição
Podemos classificar o endosso em diversas espécies, quais sejam:
a) Endosso em branco - É aquele em que não há a indicação do fiduciário. Ele passa a
circular como se fosse um título ao portador;
b) Endosso em preto - Aquele em que se deve indicar o nome do beneficiário –
endossatário;
c) Endosso mandato ou procuração - É aquele em que o endossatário atua em nome e
por conta do endossante, não possuindo, todavia, a disponibilidade do título,
devendo agir no interesse do endossante - mandante. Qualquer endosso praticado
por ele, valerá como endosso mandato. O endossatário, mandatário pode endossar;
d) Endosso caução - Utilizado quando o endossante deposita ou dá o título, perante o
endossatário como garantia de uma dívida. São inseridas as expressões: "Valor em
garantia" e "Valor em penhor".
Consoante previsão legal, artigo 717 do Código Comercial, pode o
endossatário do endosso em branco mudá-lo para endosso em preto, simplesmente
completando o título com seu nome ou de terceiro, da mesma feita que pode, novamente,
endossar o título, em branco ou em preto, ou ainda transferi-lo sem novo endosso32.
O endosso não se destina a transferir a propriedade, mas sua finalidade é
garantir outro negócio. Neste caso, o título, analisado como bem móvel, passa para
terceiros na intenção de garantir outro negócio.
31
ALVES, Simone Lemos, Títulos de Crédito Eletrônicos no Ordenamento Jurídico Brasileiro,
Mestrado, 2009, Pag 106.
32
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Decreto- Lei nº 2/2005.
15
Por fim, é também necessário falar sobre o endosso parcial, previsto no
artigo 683 do Código Comercial: É nulo o endosso parcial.
11. O Aval
Aval é a declaração cambial através da qual uma pessoa - avalista, se torna
responsável pelo pagamento de um título de crédito nas mesmas condições de seu
avalizado, pessoa em relação a quem o aval é dado, e do beneficiário, que é o portador do
título33.
o aval é a declaração cambiária sucessiva e casual decorrente de uma
manifestação unilateral de vontade, perfazendo-se como uma garantia de pagamento
firmada por terceiro, ou seja, uma pessoa natural ou jurídica, estranha ou não a relação
cartular, assume a obrigação cambiária autônoma e incondicional de garantir, no
vencimento, o pagamento total ou parcial348 do título nas condições firmadas.
Como exposto, o aval é uma declaração cambiária sucessiva, porque o aval
é lançado no título após a formalização da declaração cambiária necessária (emissão na
nota promissória e no cheque, saque na letra de câmbio e na duplicata); é casual, ou
eventual, porque existindo o aval ou não, o título de crédito não é descaracterizado.
Trata-se de uma obrigação autônoma e independente porque a obrigação
não é a mesma do avalizado, tanto que se a obrigação deste for nula, a do avalista subsiste,
salvo se esta nulidade decorrer de vício de forma; desta feita o aval é autônomo quanto à
sua essência e acessório no que tange à sua forma3.
Ainda, é importante ressaltar que o avalista e o avalizado são
solidariamente responsáveis pelo cumprimento da obrigação, como se fosse o devedor
principal34. Assim depreende-se que, diferentemente do endosso, que pode ser aposto em
folha anexa, o aval somente se dá no título e é inexistente fora dele. Ou seja, inóxio será o
aval dado em documento apartado, a menos que de seus termos resulte o intuito explícito
do signatário de se obrigar como fiador, caso em que valerá como esta, entrementes, a
fiança não se presume.
O aval, tem a função de garantia nos negocios cambiários, podendo
ser dada em bom rigor por uma terceiro, como constata o artigo 806, do Código
Comercial35.
33
ALVES, Simone Lemos, Títulos de Crédito Eletrônicos no Ordenamento Jurídico Brasileiro, Mestrado,
2009, Pag 113.
34
Idem, Pag 115.
35
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Decreto- Lei nº 2/2005.
16
12. Outros Títulos de Crédito
Além dos títulos de crédito próprios já estudados, há outros títulos de
crédito também importantes para o mercado, merecendo destaque os títulos de crédito
comercial, industrial, rural, à exportação, imobiliário e bancário.
12.1. Títulos de crédito comercial
Dentre os chamados títulos de crédito comercial, destacam-se o
conhecimento de depósito e o warrant. Trata-se de títulos emitidos pelos armazéns-gerais,
referentes a depósito de mercadorias: o conhecimento de depósito é título representativo
da mercadoria depositada, a qual pode ser transferida com o endosso do título. Já o
warrant, por sua vez, é título constitutivo de promessa de pagamento, cuja garantia é a
própria mercadoria depositada. Além dos dois títulos acima mencionados, há também a
cédula de crédito comercial e a nota de crédito comercial 36. Trata-se de títulos causais,
resultantes de financiamento obtido por empresas no mercado financeiro, para finalidade
comercial. Ambos constituem promessa de pagamento, com a distinção já apontada acima:
a cédula de crédito comercial ostenta garantia real, incorporada à própria cártula, e a nota
de crédito comercial não possui garantia real.
12.2. Títulos de crédito industrial
Os títulos de crédito industrial são a cédula de crédito industrial e a nota de
crédito industrial. Trata-se de títulos causais, resultantes de financiamento obtido por
empresas no mercado financeiro, para finalidade industrial37. Ambas constituem promessa
de pagamento, com a distinção já apontada acima: a cédula de crédito industrial ostenta
garantia real, incorporada à própria cártula, e a nota de crédito industrial não possui
garantia real.
12.3. Títulos de crédito à exportação
Os títulos de crédito à exportação são a cédula de crédito à exportação e a
nota de crédito à exportação. Trata-se de títulos causais, resultantes de financiamento à
exportação ou à produção de bens destinados à exportação. Ambas constituem promessa
36
RAMOS, André Luiz, Títulos de Crédito, Pag 512.
37
Idem, Pag 513.
17
de pagamento, com a distinção já apontada acima: a cédula de crédito à exportação ostenta
garantia real, incorporada à própria cártula, e a nota de crédito à exportação não possui
garantia real.
38
RAMOS, André Luiz, Títulos de Crédito, Pag 513.
18
Conclusão
Ao longo deste trabalho fizemos escolhas e arcamos com os riscos que estas
encerram. Por certo haveria outros e diferentes caminhos que poderiam ser traçados na
busca da melhor compreensão dos títulos de crédito.
Assim sendo, conclui-se que, os títulos e crédito são considerados
documentos, mas não são documentos meramente probatórios ou meramente constitutivos.
Esses entram na categoria de documentos dispositivos: servem para comprovação de
determinada relação, além de serem necessários para o exercício dos direitos neles
contidos.
Em suma, existem muitas informações que podem ser atribuídas aos títulos de crédito, mas, o
que se registra é que estes documentos cambiários já possuem tradição entre os comercialistas
e também entre os comerciantes, não podendo ser extinto e nem perder sua essência.
19
Referências Bibliográficas
Legislação:
Doutrinas:
SANTOS, Rui Teixeira, Lições de Direito Comercial, 1 Edição, 2013, Pag 171.
CORREIA, A. Ferrer, Lições de Direito Comercial, 1994,
20