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WOLF - 2003 - Inventando A Sociedade
WOLF - 2003 - Inventando A Sociedade
Após leva ntar questões sobre a cu ltu ra, eu qu is ta m bém questionar outra
de nossas idéias comuns, o conceito de sociedade. Como e por que as relações
sociais entre as pessoas, out rora entend idas como ligadas à ordem po Iítica,
sob orientação divina, passaram a ser vistas como "sociedade civil", uma
unidade em si mesma? Desenvolvi uma resposta possível numa palestra
feita em 7 de novem bro de 1985, em comemoração do déci mo a niversá rio do
Departamento de Antropologia da Universidade Johns Hopkins, em
Baltimore. O texto fOi publicado originalmente na American Ethnologist
15 (novembro 1988): 752-761.
sas a partir das quais foram formuladas nem sempre foram evidentes
para os antropólogos. Os difusionistas europeus e americanos investiga-
ram o movimento de traços culturais em amplas áreas geográficas, suge-
rindo em seus estudos que grupos, tribos ou entidades sociais serviam I
meramente de estações de retransmissão de traços que estavam
conectadas em redes de comunicação de longo alcance. Um deles falou
em "áreas de cultura", "círculos de cultura" e até de ai kumenes, esferas de
difusão continentais em que as entidades sociais e os agregados culturais
eram menos sistemas separados do que reuniões temporárias, sempre
sujeitas a novas combinações e reagrupamentos. Da mesma forma, os ar-
queólogos falaram primeiro de "horizontes", marcados pelo alcance geo-
gráfico de artefatos estratégicos e, depois, de "esferas de ínteraçao"; para
V Gordon Childe, mestre praticante dessa arte, eram a relação entre
os centros urbanos do antigo Oriente Próximo e a periferia bárbara e os
processos de inter-relaçóes assim gerados que explicavam os registros
arqueológicos.
Desde o final da década de 1940, vários economistas com informação
sociológica enfatizaram que sociedades aparentemente independentes
eram, na verdade, moldadas por suas relações de dependência de países
ou regiões centrais mais avançados em tecnologia e organização. Mais
recentemente, Immanuel Wallerstein definiu sistemas mundiais intei-
ros, em que sociedades aparentemente separadas são moldadas e remo-
deladas no decorrer de ações e reações mútuas. Em livrnrecente (1982),
tentei mostrar que muitas sociedades e culturas tratadas habitualmente 1
a infinita sabedoria de Deus, que distinguiu seus anjos por graus, que deu mais ou
menos luz e beleza aos corpos celestes, que fez as diferenças entre bestas e aves,
criou a águia e a mosca, o cedro e o arbusto, e entre as pedras, deu a tintura mais
linda ao rubi e a luz mais rápida ao diamante, também ordenou reis, duques ou
líderes do povo, magistrados, juizes e outros graus entre os homens (citado em
Tillyard, 1972: 19).
Bibliografia
)., CORRIGAN, Philip; SAYER, Derek.1985. The great areh:English State Jormation
as eu ltu ra I revo Iution. Oxford: Basil Blackwell.
W ATSON,
James B. 1970. Society as organized flow: the Tairora case.
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