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EXCELENTÍSSIMO SR. DR.

JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA REGIONAL


DE JACAREPAGUA – RJ

JANETE MACHADO SILVA DA COSTA, brasileira, casada, professora, inscrita sob CPF de
número 013.754.427-83, residente e domiciliada na Rua da Consagração, s/n Quadra 8 – Lote 12,
CEP: 22780-680, Curicica-RJ e JOSÉ CARLOS FARIA DA COSTA, brasileiro, casado, servidor público,
inscrito sob CPF de número 797.869.957-91, residente e domiciliado na Rua da Consagração, s/n
Quadra 8 – Lote 12, CEP: 22780-680, Curicica-RJ vem, por intermédio de seus advogados com
endereço profissional situado à Estrada do Tindiba, nº 1.103, sala 313 – Taquara e endereço
eletrônico sfvconsultoria@gmail.com com fulcro nos Arts. 186 e 927 CC, bem como no art. 5º, X,
CRFB/88 e demais dispositivos legais previstos no Código de Defesa do Consumidor propor a
presente

AÇÃO DE RESTITUIÇÃO DE QUANTIA CERTA C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

em face de Via Varejo S/A pessoa jurídica de direito privado, inscrita sob CNPJ de n°
33.041.260/1615-08, endereçada na Av. Ayrton Senna, nº 3000, loja 1093 – CEP: 22775-904, Barra
da Tijuca com base nos fundamentos e fatos a seguir dispostos:

I. DOS FATOS

No dia 19/10/2019, os autores fecharam contrato com a ré, no valor de R$ 3.340,00 (três
mil, trezentos e quarenta reais) fracionado em 12 (doze) parcelas mensais de R$ 278,38 (duzentos e
setenta e oito reais e trinta e oito centavos) para aquisição de móveis planejados para sua cozinha.
Dentro do prazo esperado, os móveis chegaram à residência, mais precisamente no dia 20/11/2019.

Com o início da montagem no dia 21/11/2019, a autora já demonstrou insatisfação com o


produto, tendo em vista, alguns recuos e defeitos que ficaram evidentes após a instalação, tendo
em vista, desníveis estruturais que já haviam sido apontados pelo arquiteto responsável, vinculando
os montadores ao procedimento adequado, o que não ocorreu. Além disso, um dos móveis veio com
uma gaveta faltando, conforme fotos em anexo.
Sendo certa a insatisfação com o serviço, a autora entrou em contato com a ré, conforme
protocolos em anexo, sendo informada que um supervisor compareceria ao domicílio para verificar
a prestação do serviço.

No dia 26/11/2019, o supervisor compareceu na parte da manhã ao local, tirou medidas e


realizou filmagens do serviço prestado e no prazo de 1 semana ficou de retornar ao local para realizar
o acerto.

Decorrido o prazo estipulado e sem nenhuma comunicação da parte ré, no dia 04/12/2019,
a autora dirigiu-se ao estabelecimento da empresa ré onde adquiriu os móveis para buscar alguma
solução ao problema. No local, falou com a Gerente Delaine Marques, informando que iria desfazer
o negócio por conta da insatisfação com o serviço prestado, sendo dito a autora, que deveria
aguardar para desfazer o negócio, pois a ré entraria em contato para solucionar o ocorrido.

No dia 07/12/2019, a autora recebeu uma ligação da empresa ré, informando que na
semana seguinte receberia um telefonema para realizar a entrega dos móveis novos de sua cozinha.
No entanto, o que era para ser uma semana, perdura até hoje, uma vez que os móveis novos nunca
foram entregues. Diversos contatos foram feitos, os dias foram se passando e a empresa ré
continuou mantendo a posição, solicitando à autora que aguardasse.

Não restou alternativa aos autores, devido ao descaso da ré tanto com a prestação do
serviço, bem como com o atendimento prestado ao consumidor. Até a presente data os autores já
efetuaram o pagamento de 5 (cinco) das 12 (doze) parcelas do produto defeituoso. Tendo o erro
partido da empresa, ela deverá se responsabilizar moralmente e materialmente pelo dano causado.
Sendo certo que, a esta altura não interessa mais a autora móveis novos, mas sim a restituição do
valor pago.

II. DO DIREITO

O dano moral nas palavras de Wilson Mello da Silva se trata de lesões sofridas pela pessoa
natural de direito em seu patrimônio ideal, onde patrimônio ideal, em contraposição ao material é
um conjunto de tudo aquilo que não seja suscetível de valor econômico. Conforme os fatos
descritos, a questão não se trata de mero aborrecimento tendo tal dano adentrado na esfera
psíquica da 1ª autora.

Fica clara a necessidade de reparação dos danos causados, pela expectativa que foi gerada
aos autores com o planejamento da cozinha da maneira que queriam e apesar dos móveis instalados
serem os almejados, os erros ficam evidentes. Cabe ressaltar que o arquiteto responsável
apresentou as medidas de forma correta e o próprio supervisor após verificar a falha na prestação
do serviço, se comprometera a entregar a época, móveis novos.

Nesta linha de raciocínio temos os Arts. 186 e 927 do CC/02 que descrevem a reparação de
danos:

“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão


voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito. ”

“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187),
causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. ”

Em consonância com o apresentado, fica claro que os autores precisam ser reparados pela
ré, por defeito nítido na prestação de serviço, conforme fotos em anexo do produto instalado na
residência dos mesmos, tudo isso amparado no Código do Consumidor em seu Art. 14, § 1º, II,

“Art. 14. O fornecedor de serviços responde,


independentemente da existência de culpa, pela
reparação dos danos causados aos consumidores por
defeitos relativos à prestação dos serviços, bem
como por informações insuficientes ou inadequadas
sobre sua fruição e riscos.

§ 1º O serviço é defeituoso quando não fornece a


segurança que o consumidor dele pode esperar,
levando-se em consideração as circunstâncias
relevantes, entre as quais:
II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se
esperam; ”

Há de se falar também no tempo gasto ao telefone e os dias nos quais a 1ª autora


desperdiçou tempo em que poderia estar exercendo atividades laborais, o que caracteriza desvio
produtivo, teoria já adotada pelo STJ:

“RECURSO ESPECIAL. CONSUMIDOR. TEMPO DE


ATENDIMENTO PRESENCIAL EM AGÊNCIAS
BANCÁRIAS. DEVER DE QUALIDADE, SEGURANÇA,
DURABILIDADE E DESEMPENHO. ART. 4º, II, “D”, DO
CDC. FUNÇÃO SOCIAL DA ATIVIDADE PRODUTIVA.
MÁXIMO APROVEITAMENTO DOS RECURSOS
PRODUTIVOS. TEORIA DO DESVIO PRODUTIVO DO
CONSUMIDOR. DANO MORAL COLETIVO. OFENSA
INJUSTA E INTOLERÁVEL. VALORES ESSENCIAIS DA
SOCIEDADE. FUNÇÕES. PUNITIVA, REPRESSIVA E
REDISTRIBUTIVA. RECURSO ESPECIAL Nº 1.737.412
SE (2017/0067071-8) ”

E nossa Carta Magna em seu Art.5º X disserta sobre o ressarcimento devido pelos danos
morais:

“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção


de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros
e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a


honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito
a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação;”
III. DOS PEDIDOS

Diante do exposto vem, respeitosamente, requerer à V. Exa:

1 - A condenação da parte ré à devolução das parcelas devidas de R$ 3.340,00 ( três mil, trezentos e
quarenta reais ) acrescido de multa de 10% e correção monetária;

2 - A condenação da parte ré ao pagamento do valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a título de danos
morais, tendo em vista o desgaste psicológico e o desvio de tempo produtivo dos autores, já que os
mesmos poderiam estar engajados em tarefas laborais, ao invés de estar recorrendo a este juízo
para que se faça valer um direito que a eles pertence;

3 - A citação da parte ré no endereço informado, para querendo, responder no prazo legal, sob as
penas da revelia e confissão.

Dá-se a presente causa o valor de R$ 13.340,00 (treze mil, trezentos e quarenta reais)

NESTES TERMOS,
PEDE DEFERIMENTO

Rio de Janeiro, 12 de março de 2020.

GABRIEL SANTOS
OAB/RJ 227.084

MATHEUS AGUM
OAB/RJ 226.736

RICARDO VAZ
OAB/RJ 226.836

BRUNA VASCONCELOS
OAB/RJ 229.615

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