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Silvia R.T.

Prado
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 0

CARTA DO EDITOR
Entender os conceitos sobre a estrutura, função e regulação das enzimas é fundamental para
compreender o metabolismo celular para depois transportar esse conhecimento para o
entendimento do organismo vivo como um todo. Desta forma, o objetivo em propor essa atividade
aos estudantes de graduação foi de que colocá-los em contato com os dados disponíveis sobre as
enzimas em banco de dados de proteínas possibilitando visão real dos dados que eles encontram nos
livros didáticos e, assim, associar com o que é discutido em sala de aula.
Este material foi criado a partir dos trabalhos individuais produzidos pelos estudantes do segundo
período do curso de Fisioterapia da UFPR que cursaram a disciplina regular de Bioquímica durante o
segundo semestre de 2019 e sua elaboração teve o objetivo de incentivá-los a produzir um material
como trabalho da disciplina que seria disponibilizado por meio desta publicação, experimentando o
sentimento de ver sua produção publicada.
Os trabalhos apresentados nesta publicação foram minimamente editados e, portanto, podem
conter alguns conceitos e formatação na forma da apresentação das referências bibliográficas
incorretos.

Profa. Silvia R.T. Prado


doutora em Bioquímica (UFPR)

Elaboração:
Profa Dra Silvia R.T. Prado
Alunos do curso de Fisioterapia – disciplina de Bioquímica 2º semestre/2019

Departamento Técnico e Criativo:


Produção: profa Dra Silvia R.T. Prado
Design e formatação: profa. Silvia R.T. Prado

Apoio:
Setor de Ciências Biológicas - UFPR
Diretor: Prof. Dr. Edvaldo da Silva Trindade
Vice-diretor: Prof. Dr. Emanuel Maltempi

Depto. de Bioquímica e Biologia Molecular

Chefia: Profa. Dra.Sheila Winnischofer


Vice-chefia: Prof. Dr. Diogo R. B. Ducatti
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 1

INTRODUÇÃO
Silvia R.T. Prado
AS ENZIMAS
As enzimas são biomoléculas que atuam como catalizadoras das reações bioquímicas que ocorrem
em todas as células e correspondem ao principal ponto de regulação de todo o metabolismo.

Todas as enzimas, com raras exceções, são proteínas e, portanto formadas por aminoácidos, cuja
composição vai definir a estrutura tridimensional dessas biomoléculas e esta estrutura
tridimensional adquirida pela enzima depende das interações intramoleculares que ocorre entre os
grupos R dos aminoácidos que as compõem e está diretamente relacionada com sua função na
célula.

Essas enzimas apresentam níveis estruturais terciário ou quartenário e necessitam de cofatores


para que possa exercer sua função. Esses cofatores podem ser íons ou moléculas mais complexas,
neste caso chamadas de coenzimas, de modo que a molécula da enzima funcional corresponde à
enzima propriamente dita (parte protéica) associada ao cofator.

As enzimas são classificadas em 6 grupos principais, de acordo com o tipo de reação que catalisam
(tabela 1) e internacionalmente por um código que corresponde ao grupo, classe, ... de acordo com
a Comissão de Enzimas (EC) da União Internacional de Bioquímica (IUB), de acordo com
um critério numérico, a exemplo da ATP-creatina fosfotransferase, cujo número de classificação é
EC 2.7.3.2, onde:
- o primeiro dígito, 2 : a Classe (transferase);
- o segundo dígito, 7, a Subclasse (fosfotransferase);
- o terceiro dígito, 3, a Sub-subclasse em que a fosfotransferase apresenta um grupo
nitrogenado como aceptor;
- o quarto dígito, 2, designa uma creatina quinase.

Tabela 1

As enzimas possuem especificidade sobre as moléculas sobre as quais atuam, o substrato, de modo
que os organismos vivos possuem vasto número de enzimas diferentes. Esta especificidade pode
ser relativa, uma vez que muitas enzimas podem atuar sobre mais de um substrato, porém com
diferente afinidade para cada um, ou seja, ela terá maior afinidade por um dos substratos que
corresponderá ao substrato preferencial desta enzima. A enzima tem um local (sítio) específico
para a ligação do substrato, chamado de sítio catalítico ou sítio ativo.
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 2

Mas... qual a importância do fato das enzimas acelerarem a velocidade das reações? E, como elas
fazem isso?

As enzimas aumentam a velocidade da reação reduzindo a energia de ativação necessária para que
uma reação ocorra. Explicando... toda reação para ocorrer, tem um período entre o início e o final
no qual há formação de compostos intermediários reativos que permitem a transformação
química. Esse período intermediário é que define a velocidade da reação e corresponde ao período
de energia de ativação o qual depende da capacidade das moléculas em solução se “encontrarem”
e interagirem possibilitando o seguimento da reação. Então, o que a enzima faz é reduzir o tempo e
a energia necessária para que isso ocorra, facilitando o processo de interação entre os reagentes
(que são os substratos da enzima) e, consequentemente permite que a reação ocorra muito mais
rapidamente.

A ligação do substrato no seu sítio ativo requer grupos químicos que permitam a interação entre o
substrato e o sítio ativo da enzima. Esses grupos que interagem com o substrato correspondem a
átomos presentes nos radicais dos aminoácidos e, muitas vezes do cofator presentes na enzima. O
mecanismo de ligação entre o substrato e enzima é conhecido como mecanismo de ajuste induzido,
o qual significa que inicialmente, a forma e tamanho do sítio ativo da enzima não é exatamente
correspondente ao substrato, porém, a partir do momento que algum ponto da molécula do
substrato interage com um local específico do sítio catalítico, há uma mudança conformacional
(ajuste) do sítio ativo para que o substrato possa “encaixar” perfeitamente neste local da enzima e,
desta forma, possibilitar a catálise.

As reações catalisadas pelas enzimas ocorreriam sem as enzimas, uma vez que são
termodinamicamente viáveis. Contudo, a velocidade com que elas ocorrem é incompatível com o
metabolismo de um ser vivo. Ou seja, só existe vida, porque as enzimas conseguem fazer com que
as reações necessárias para sua manutenção ocorram em maior velocidade e esse aumento está na
ordem de 106 – 1012 vezes. Desta forma, conhecer o funcionamento das enzimas nos permite
compreender como o metabolismo bioquímico ocorre e é regulado.

Tendo o objetivo de proporcionar aos estudantes uma diferente maneira de estudar este assunto,
foi proposto que cada estudante escolhesse uma enzima e deveriam elaborar um material
contendo os tópicos de estudo do tema para a enzima escolhida.

Assim, cada aluno deveria incluir no material elaborado os itens abaixo como conteúdo mínimo a
ser abordado:

1. Nome e classificação da enzima (incluindo o número referente à classificação internacional)


2. A reação catalisada pela enzima e sua função no organismo.
3. Importância da enzima.
4. Dados cinéticos da enzima e cofatores.
5. Estrutura primária e tridimensional.
6. Regulação da enzima.
7. Bibliografia.

Os trabalhos produzidos pelos estudantes estão reunidos nesse material, cuja finalidade é tornar
acessível a todos e que possa servir de consulta e modelo de trabalho, especialmente na área
acadêmica. Além disso, com a publicação de seus trabalhos, incentivar os estudantes de primeiro
período a elaborarem bons trabalhos, uma vez que estarão disponíveis para que todos tenham
acesso a sua primeira publicação acadêmica.
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 3

ACETIL-COA CARBOXILASE (ACC)


André Bonfim Ferreira

1. NOME:

acetyl-CoA carboxylase;
HFA1 (nome do gene);
ACC1 (nome do gene);
acetyl coenzyme A carboxylase;
acetyl-CoA:carbon-dioxide ligase (ADP-forming)

1.1. CLASSIFICAÇÃO :

6. - Ligases
6.4 - Formada por ligações de carbono - Carbono;
6.4.1 - Ligases que formam ligações carbono-carbono (apenas sub-subclasse identificada até o
momento)
6.4.1.2 - acetyl-CoA carboxylase

1.2. CÓDIGO INTERNACIONAL DA ENZIMA : EC 6.4.1.2

2. ESTRUTURA PRIMÁRIA

Ala - Arg - Asn - Asp - Cys - Gln - Glu - Gly - His - Ile - Leu - Lys - Met - Phe - Pro - Ser - Thr - Trp - Tyr
- Val

3. ESTRUTURA TRIDIMENSIONAL

Estrutura da apo-biotina carboxílica carregadora de proteína (apo- bccp87)


de Escherichia coli, acetil-CoA carboxilase, NMR.

4. FUNÇÃO E IMPORTÂNCIA DA ENZIMA

A acetil-coa Carboxilase (ACC) é um polipeptídio de múltiplos domínios que catalisa três atividades
diferentes:
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 4

1) Proteína transportadora de biotina carboxila (BCCP). (IntEnz, 2019)

2) Uma biotina carboxilase que catalisa a transferência de um grupo carboxila do bicarbonato para
a molécula de biotina transportada pela proteína transportadora e a transferência do grupo
carboxila da biotina à acetil-CoA. (IntEnz, 2019)

3) Catalisa a primeira e irreversível etapa da síntese de ácidos graxos, realizando a formação do


Malonil-CoA a partir de acetil-coa. (Meades et al., 2010)

A ACC é uma enzima pertencente da família das carboxilases dependentes de biotina, as proteínas
desta falia são amplamente distribuídas na natureza e estão presentes em bactéria, archaeas, algas,
fungos, plantas e animais realizando importantes papeis na síntese de lipídeos, aminoácidos e
carboidratos (Tong, 2013)

4.1. COFATORES

Seu cofator é a Biotina: A biotina é uma vitamina do complexo B que se


apresenta como cristais esbranquiçados, solúveis em água e em álcool,
mas insolúveis em solventes orgânicos. É um ácido mono-carboxilico cuja
fórmula estrutural é apresentada ao lado.

É considerado um aminoácido não essencial pois é obtida através da


alimentação e produzida pelo ficado.

Formula: C10H16N2O3S

4.2. SUBSTRATOS e CONSTANTE DE MICHAELIS (Km)

Seus substratos são:

Acetil Coa Adenosina Trifosfato (ATP)

Formula: C23H38N7O17P3S Formula: C10H16N5O13P3

Bicarbonato

Formula: HCO3-

4.3. CINÉTICA ENZIMÁTICA


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ATP + acetyl-CoA + hydrogencarbonate = ADP + phosphate + malonyl-CoA

Grafico duplo recíproco de velocidade de


Enzima Acetil-CoA ativada por por CoA. Enzima
parcialmente purificada na ausência de citrato
foi pré incubada na presença ou ausência de
0,12mM de CoA. Num meio contendo Tris-HCL
50mM (pH 7,5) Ditiotreitol 1 mM, fluoreto de
fenilmetilsulfonil 0,2 mM, teofilina 1 mM a
371C durante 30 min. O efeito de diferentes
concentrações de determinado acetil-CoA na
velocidade de acetil-coa carboxilase;

Enzima Controle CoA enzima ativada

Constante de Michaelis (Km): 0,4 m.M (Yeh & Kim., 1980)

5. REGULAÇÃO

Insulina estimula a atividade de citrato liasse (transporte de acetil


para citosol) também estimula uma proteína fosfatase que ativa a
acetil-CoA Carboxilase por desfosforilação.

Glucagon e epinefrina inibem a acetil-CoA carboxilase (formação de


malonil) por ativarem PKA que fosforila está enzima.

Citrato ativa a acetil-CoA carboxilase (formação de malonil).

Palmitato e malonil-CoA bloqueiam a acetil-CoA


carboxilase(formação de malonil). (Lehninger, 2014)

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Brenda The Comprehesive Enzyme information System. Information on EC 6.4.1.2 - acetyl-CoA


carboxylase. Disponível em:https://www.brenda-enzymes.org/enzyme.php?ecno=6.4.1.2 Acesso
em: 11 de setembro de 2019

EC-PDB. EC 6.4.1.2 Acetyl-CoA carboxylase. Disponível em: https://www.ebi.ac.uk/thornton-


srv/databases/cgi-bin/enzymes/GetPage.pl?ec_number=6.4.1.2 Acesso em: 11 de setembro de
2019
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 6

ExPASy Bioinformatics Resource Portal. ENZYME entry: EC 6.4.1.2. Disponível em:


https://enzyme.expasy.org/EC/6.4.1.2 Acesso em: 11 de setembro de 2019

EC 6.4.1.2 Acetyl-CoA carboxylase. (s.d.). Fonte: EC-PDB: https://www.ebi.ac.uk/thornton-


srv/databases/cgi-bin/enzymes/GetPage.pl?ec_number=6.4.1.2

Nelson, David L.; COX, Michael M. Princípios de bioquímica de Lehninger. Porto Alegre: Artmed,
2011. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.

Meades, G., Jr, Benson, B.K., Grove, A., and Waldrop, G.L. (2010) A tale of two functions: enzymatic
activity and translational repression by carboxyltransferase. Nucleic Acids Res 38: 1217–1227.

Tong, L. (2013) Structure and function of biotin-dependent carboxylases. Cell Mol Life Sci 70: 863–
891.

Yeh LA, Kim KH. Regulation of acetyl-coA carboxylase: properties of coA activation of acetyl-coA
carboxylase. Proc Natl Acad Sci U S A. 1980;77(6):3351–3355. doi:10.1073/pnas.77.6.3351
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ACIL CoA DESIDROGENASE


Kethelyn Domingues Terra

1. NOME Acil-CoA Desidrogenase de cadeia curta

1.1. CLASSIFICAÇÃO Oxidorredutases.

1.2. CÓDIGO INTERNACIONAL DA ENZIMA EC 1.3.8.1

EC 1 Oxidorredutases.

EC 1.3 Atuação no grupo de doadores CH-CH

EC 1.3.8 Com um flavino como aceitador.

EC 1.3.8.1 Acil-CoA desidrogenase de cadeia curta.

2. ESTRUTURA PRIMÁRIA Um Acil-CoA de cadeia curta + Flavoproteína de transferência eletrônica = Um


trans-2,3-desidroacil-CoA de cadeia curta + Flavoproteína de transferência eletrônica reduzida.

3. ESTRUTURA TRIDIMENSIONAL
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4. FUNÇÃO E IMPORTÂNCIA DA ENZIMA

A acil-CoA desidrogenase (ACDH) dos mamíferos são enzimas contendo flavina adenina dinucleotídeo
(FAD) que participam ativamente na primeira etapa da oxidação beta dos ácidos graxos. (S et al., 1995)
Nessa reação ela irá catalisar a oxidação de tioésteres de acil-CoA de cadeia curta saturados, o produto
gerado dessa catálise será trans 2,3-insaturado, onde ocorre a eliminação de dois átomos de pró-R-
hidrogênio. Além disso, a acil-CoA-desidrogenase irá regular a desaturase lipídica FAT-7, participando da
adaptação do calor para a reação. A ACDH sequestra ácidos graxos e isso impede que os mesmos possam
ativar possíveis receptores de hormônios nucleares e direcionam a expressão da gordura-7. Logo esse
mecanismo regula o calor, respondendo nos níveis de desaturase lipídica e na fluidez da membrana por
envolver a sinalização de ácidos graxos. (DK et al., 2015)

A oxidação de ácidos graxos desempenha um papel importante no metabolismo energético. Os desvios


metabólicos nessa via podem causar reações de acúmulo de substratos específicos. Pode ser notada a
importância dessa enzima quando é observado enzimopatias e suas consequências no organismo.
(OSPRIAN et al., 2009) No caso da deficiência de ACDH humano, pode causar síndromes relacionadas
com a hipertermia; hipoglicemia hipocetótica episódica provocada por estresse catabólico; falência de
múltiplos órgãos; fraqueza muscular ou cardiomiopatia hipertrófica. (Z; RKJ; N, 2017)

5. COFATORES

Flavina adenina dinucleotídeo (FAD)

A flavoproteína de transferência de elétrons humana heterodimérica, tem a função de transferir elétrons


aos 13 diferentes desidrogenases de flavina (entre eles a acil CoA desidrogenase de cadeia curta), para
a cadeia mitocondrial através do cofator FAD, que fica não covalentemente ligado à enzima. (AUGUSTIN

et al., 2018)

6. REGULAÇÃO

A atividade da acil-CoA desidrogenase de cadeia curta mais alta foi observada em butanoil-CoA ou
pentanoil-CoA. A temperatura ótima para o funcionamento da enzima no ser humano é de 37° e o Ph
ótimo é 7. Existe alguns inibidores para a ação da ACDH que causam consequências sérias na atividade
metabólica dos homo sapiens. Um exemplo é a inibição do 1-azepam-1-il-2-fenil-2- (4-dioxo-1,4-di-hidro-
pirazolo [3,4-d] pyrimidin-5-il)-etanona, que é um inibidor específico de SCHAD, que forma um aducto
covalente com NAD+ por um mecanismo catalítico de suicídio. Outro inibidor, o isovaleril-CoA
desidrogenase E254G, inibe SCAD de tipo selvagem foi encontrado na literatura.
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 9

Segue lista de revisão bibliográfica sobre todas as relações de substratos e produtos em seres humanos
que a enzima acil CoA desidrogenase participa:

1. 2-metilbutanoil-CoA + aceitador 2-metil-2-butenoil-CoA + aceitador reduzido


2. Aceitador reduzido de butanoil-CoA + aceitador reduzido de 2-butenoil-CoA +
3. Aceitador de butanoil-CoA + aceitador de but-2-enoil-CoA +
4. Butanoil-CoA + FAD but-2-enoil-CoA + FADH2
5. Butanoil-CoA + FAD trans-2,3-desidrobutanoil-CoA + FADH2
6. Aceitador de elétrons butiril-CoA + aceitador reduzido de 2-butenoil-CoA +
7. Flavoproteína de transferência eletrônica de butiril-CoA + 2-butenoil-CoA + flavoproteína de
transferência eletrônica reduzida
8. Butiril-CoA + transferência de elétrons flavoproteína crotonil-CoA + aceitador reduzido
9. Aceitador oxidado de butiril-CoA + aceitador reduzido de crotonil-CoA +

6.1 ATIVIDADE ENZIMÁTICA DA ACIL-COA DESIDROGENASE COM E SEM DEFICIÊNCIA.

(A) Distribuição da atividade de quatro acil-CoA desidrogenases distintas em relação ao comprimento da


cadeia de carbono de ácidos graxos. Acil-CoA desidrogenase de cadeia curta (SCAD), de cadeia média
(MCAD), de cadeia longa (LCAD) e de cadeia muito longa (VLCAD) é definida de acordo com a atividade
específica do complexo enzimático que catalisa a desidratação de curto, médio, ácidos graxos de cadeia
longa e muito longa. A atividade total de todas as quatro acil-CoA desidrogenases é mostrada em
vermelho (Total). (OSPRIAN et al., 2009)

(B) Atividade total de acil-CoA desidrogenase em função do comprimento da cadeia de carbono sem
deficiências na atividade enzimática (Controle). A atividade reduzida de acil-CoA desidrogenases produz
diferentes atividades totais, refletindo deficiências de acil-CoA desidrogenase de cadeia curta (SCADD),
de cadeia média (MCADD), de cadeia longa (LCADD) e de cadeia muito longa (VLCADD) e de cadeia muito
longa (VLCADD), respectivamente. (OSPRIAN et al., 2009)

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DK, Ma et al. Acyl-CoA Dehydrogenase Drives Heat Adaptation by Sequestering Fatty Acids. Cell. United
States, maio 2015. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25981666>. Acesso em: 12
set. 2019.
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 10

S, Djordjevic et al. Three-dimensional structure of butyryl-CoA dehydrogenase from Megasphaera


elsdenii. Biochemistry. United States, fev. 1995. Disponível em:
<https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/7857927?dopt=Abstract>. Acesso em: 12 set. 2019.
OSPRIAN, Robert Modre et al. Dynamic simulations on the mitochondrial fatty acid Beta-oxidation
network. Bmc Syst Biol. England, jan, 2009. Disponível em:
<https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2633313/>. Acesso em: 12 set. 2019.
Z, Nochi; RKJ, Olsen; N, Gregersen. Short-chain acyl-CoA dehydrogenase deficiency: from gene to cell
pathology and possible disease mechanisms. J Inherit Metab Dis. United States, maio 2017. Disponível
em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28516284>. Acesso em: 12 set. 2019.
AUGUSTIN, Peter et al. Oxidation of the FAD cofactor to the 8-formyl-derivative in human electron-
transferring flavoprotein. The Journal Of Biological Chemistry. jan. 2018. Disponível em:
<http://www.jbc.org/content/293/8/2829>. Acesso em: 12 set. 2019.
SIB SWISS INSTITUTE OF BIOINFORMATICS. ENZYME. Disponível em:
<https://enzyme.expasy.org/EC/1.3.8.1>. Acesso em: 12 set. 2019.
EMBL-EBI. Enzyme Structures Database. Disponível em: <https://www.ebi.ac.uk/thornton-
srv/databases/enzymes/>. Acesso em: 12 set. 2019.
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 11

ALANINA AMINOTRANSFERASE
Ana Luiza dos Santos Fiebrantz

1. NOME

Alanina Aminotransferase; Alanina Transaminase; Glutâmico – alanina transaminase;


Transaminase glutâmico-pirúvica

1.1. CLASSIFICAÇÃO
Transferases;
Transferência de grupos nitrogenados;
Transaminases

1.2. CÓDIGO INTERNACIONAL DA ENZIMA


ALT EC 2.6.1.2

2. ESTRUTURA PRIMÁRIA
P24298|alanine transaminase|EC 2.6.1.2|Homo sapiens|Swiss-Prot

MASSTGDRSQAVRHGLRAKVLTLDGMNPRVRRVEYAVRGPIVQRALELEQELRQGVKKF
TEVIRANIGDAQAMGQRPITFLRQVLALCVNPDLLSSPNFPDDAKKRAERILQACGGHSL
GAYSVSSGIQLIREDVARYIERRDGGIPADPNNVFLSTGASDAIVTVLKLLVAGEGHTRT
GVLIPIPQYPLYSATLAELGAVQVDYYLDEERAWALDVAELHRALGQARDHCRPRALCVI
NPGNPTGQVQTRECIEAVIRFAFEERLFLLADEVYQDNVYAAGSQFHSFKKVLMEMGPPY
AGQQELASFHSTSKGYMGECGFRGGYVEVVNMDAAVQQQMLKLMSVRLCPPVPGQAD
VVSPPAPTDPSFAQFQAEKQAVLAELAAKAKLTEQVFNEAPGISCNPVQGAMYSFPRVQL
PPRAVERAQELGLAPDMFFCLRLLEETGICVVPGSGFGQREGTYHFRMTILPPLEKLRLL
LEKLSRFHAKFTLEYS

50-alanina +2-oxoglutarato=piruvato+50-TPP
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 12

3. ESTRUTURA TRIDIMENSIONAL

4. FUNÇÃO E IMPORTÂNCIA DA ENZIMA


As enzimas transferases geralmente transferem o grupo amino de vários aminoácidos para o α-
cetoglutarato, para a conversão em NH4 +, sendo assim, a Alanina Aminotransferase catalisa a
conversão dos aminoácidos alanina em piruvato. A importância biológica se relaciona com o fato da
alanina aminotransferase converter alanina em ácido pirúvico para então a alanina entra no ciclo
TCA. A glicose sintetizada a partir do ácido pirúvico no fígado é convertida em alanina pelo ácido
pirúvico no músculo. A alanina é transportada para o fígado e novamente convertida em glicose. Por
esta via, que é chamada de ciclo glicosealanina, o nitrogênio do músculo é transportado para o
fígado. A alanina também é conhecida como um importante aminoácido glicogênico. A taxa de
síntese de glicose a partir da alanina no fígado é maior do que aquela a partir de qualquer outro
aminoácido. Além da transaminação a alanina aminotransferase também faz interconversões entre
os aminoácidos, possibilitando que o balanço da quantidade intracelular de aminoácidos seja
mantido.
Por participar dessas reações importantes para o organismo, essa enzima tem uma grande
importância em diagnósticos clínicos, encontrada principalmente no fígado e em músculo, quando
apresenta mudanças em sua concentração no plasma sanguíneo do indivíduo, pode sinalizar diversos
prognósticos, como lesão hepática (hepatite infeccioso e tóxica, trauma, neoplasia primária,
amiloidose, esteatose), indução por drogas (anticonvulsivos, glicocorticoides, mebendazol,
paracetamol), miocardite, regeneração hepatocelular. Além de que alterações no ciclo da alanina
que levam ao aumento dos níveis de alanina aminotransferase estão associadas ao desenvolvimento
de diabetes tipo II.

5. REGULAÇÃO
A atividade da enzima pode ser regulada, isto é, as enzimas podem ser ativadas ou inibidas de
modo que a velocidade de formação do produto responda as necessidades da célula. O Piridoxal-5’-
fosfato, derivado da vitamina B6, representa um cofator biológico para alanina aminotransferase,
logo a adição do mesmo sob condições que favoreçam sua recombinação com a enzima,
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 13

habitualmente produz um aumento na atividade da mesma. Essa suplementação das reações de


transaminação com piridoxal fosfato garante a total utilização da enzima durante seu doseamento.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DALPAI, D., & Barschak, A. G. (2018). Bioquimica Médica para iniciantes. Porto Alegre: Editora
da UFCSPA
FILIPPIN, F.B., Reis, K., Cemin, L., Duzzioni, M., Hermes, E.M., Souza, L. C., 2004. Novo intervalo de
referência para alanina aminotransferase usando o sistema automatizado de bioquímica Dade
Behring Ar Dimension. NewsLab 65, 148-160
GONZALEZ, F.H.D. & Scherer, J.F.S.2001. Perfil sanguíneo: ferramenta de análise clínica,
metabólica e nutricional. In: Gonzalez F.H.D.(Ed). Avaliação metabólica-nutricional de vacas leiteiras
por meio de fluidos corporais. Porto Alegre: UFRGS, pp. 5-15.
LTDA, A. D. (s.d.). Alanina. aminoscience.
NELSON, D., & Cox, M. (2018). Princípios da Bioquímica de Lehninger. Artmed.
OLIVEIRA, T. T. de; NAGEM, T. J.; RIBEIRO, J. N. Análise sérica das enzimas aspartato
aminotransferase, alanina aminotransferase e gama glutamiltranspeptidase de coelhos adultos
tratados com extrato bruto de própolis. Revista de Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada, São
Paulo, v. 26, n.1, p. 25-28, 2005. Disponível em: <http://serv-
bib.fcfar.unesp.br/seer/index.php/Cien_Farm/article/view/395>. Acesso em: 10 de setembro de
2019.
PINTO, Samanta B., Comparação entre as dosagens de AST (Aspartato Aminotransferase) e ALT
(Alanina Aminotransferase) em presença e na ausência de piridoxal fosfato.2010. 34f. Trabalho de
Conclusão de Curso. Universidade do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2010.
RODRIGUES, J. (22 de agosto de 2013). disponível em Site da fciencias <
https://www.fciencias.com/2013/08/22/alanina-molecula-semana/> Acesso em 11 de setembro de
2019 the comprehensive enzyme information system . (s.d.). Acesso em 13 de setembro de 2019,
disponível em BRENDA < https://www.brenda-enzymes.org/sequences.php?ID=71306>
VOET , D., & Voet, J. (2013). Bioquímica. Artmed.
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 14

AMILASE
Ayla Colmenarez

1. NOME:

Nome comum: alfa-amilase ou α-amilase.

Nome sistemático de acordo com a União Internacional de Bioquímica Molecular (IUMBM): 4-α-D-
glucan glucanohydrolase.

1.1. CLASSIFICAÇÃO:

É uma enzima da classe das hidrolases

1.2. CÓDIGO INTERNACIONAL DA ENZIMA:

EC 3.2.1.1

2. ESTRUTURA PRIMÁRIA:

1 mkfflllfti gfcwaqyspn tqqgrtsivh lfewrwvdia lecerylapk gfggvqvspp


61 nenvaihnpf rpwweryqpv syklctrsgn edefrnmvtr cnnvgvriyv davinhmsgn
121 avsagtsstc gsyfnpgsrd fpavpysgwd fndgkcktgs gdienyndat qvrdcrlvg
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361 rqfqngndvn dwvgppnnng vikevtinpd ttcgndwvce hrwrqirnmv nfrnvvdgqp
421 ftnwydngsn qvafgrgnrg fivfnnddwt fsltlqtglp agtycdvisg dkingnctgi
481 kiyvsddgka hfsisnsaed pfiaihaeskl

1.1. REAÇÃO:
(alpha-D-glucopyranosyl-(1-4))n-alpha-D-glucopyranose+H2O= (alpha-D-glucopyranosyl-(1-4))n-m-alpha-D-
glucopyranose+ (alpha-D-glucopyranosyl-(1-4))m-alpha-D-glucopyranose
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 15

3. ESTRUTURA TRIDIMENSIONAL:

4. FUNÇÃO E IMPORTÂNCIA DA ENZIMA:

As α-amilases são enzimas que catalisam a hidrólise das ligações O-glicosídicas do amido,
do glicogênio e outros oligossacarídeos ingeridos na dieta. Nesse sentido, possui um papel muito
importante no processo de digestão, devido que a função desta enzima consiste na quebra de
açúcares. A ingestão de carboidratos ativa o funcionamento da amilase, já que ele começa
estimulando as glândulas salivares, na saliva a amilase, chamada também de Ptialina, transforma
fontes de amido em maltose e glicose. Mas é somente a amilase produzida no pâncreas (Amilase
Pancreática) que consegue quebrar o amido em unidades menores, quando o alimento já está no
trato digestivo e o processo de digestão está adiantado.

5. REGULAÇÃO:

A atividade enzimática pode diminuir ou aumentar com a presença ou ausência de


substâncias capazes de provocar mudanças na estrutura tridimensional da mesma. No caso da α-
amilase o sı ́tio ativo é localizado na interface entre o domı ́nio A e o domı ́no B, na região C-terminal
das fitas-β do barril TIM. Isso leva ao envolvimento de dois resíduos catalíticos no sítio ativo: um
resı ́duo de ácido glutâmico e um resı ́duo de aspartato. Estes resíduos são provenientes do
mecanismo catalítico que possui uma dupla substituição.
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 16

Nesse sentido, a participação de íons inorgânicos é muito importante pois atuam como
cofatores e também atuam na estabilização da estrutura secundária da enzima e cooperam com
algumas enzimas a alcançar sua máxima atividade. A maioria das α-amilases conhecidas se
caracteriza por presentar um ou mais ı ́ons de cálcio (Ca+2) por molécula, que são imprescindíveis
para a atividade enzimática e para a estabilidade. O número de sı ́tios varia de um a dez, sendo a
afinidade das α-amilases ao Ca+2 muito maior do que a outros ı ́ons. O cálcio liga o barril (α/β)8 ao
domı ́nio B, estabilizando, dessa forma, a estrutura do sı ́tio ativo. Algumas α-amilases apresentam um
sı ́tio de ligação ao cálcio no sı ́tio ativo e isso justifica a inibicão da atividade em concentrações
elevadas desse ı ́on.
Além da inibição que o Ca+2 faz para a essa enzima, existem outras substâncias que
inibem a atividade dela, como é o caso da Faseolamina, uma glicoproteína de origem vegetal, obtida
da planta do feijão branco (Phaseolus vulgaris), a qual diversas pesquisas demonstraram diversos
benefícios gerados com o uso da Faseolamina, especialmente na saúde do ser humano, pois inibindo
a atividade da α-amilase há uma redução do pico de glicose pós-prandial importante principalmente
em pacientes diabéticos, já que tem um efeito hipoglicemiante, ela também ajuda na perda de peso
do indivíduo.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Beauregard JM, Lyon JA, Slovis C. Using the literature to evaluate diagnostic tests: amylase or lipase
for diagnosing acute pancreatitis? J Med Libr Assoc. 2007;
Motta, Valter T. Bioquímica clínica para o laboratório - princípios e interpretações. 5º ed. Rio de
Janeiro: MedBook 2009.
Santos JS, Elias Júnior J, Scarpelini S, Sankarankutty AL. Pancreatite aguda: atualização de conceitos
e condutas. Medicina (Ribeirão Preto). 2003;
Prakash, O.; Jaiswal, N. «α-Amylase: An Ideal Representative of Thermostable Enzymes». Appl.
Biochem. Biotechnol. (em inglês). 160. Humana Press Inc. pp. 2401–14. ISSN 1559-0291.
doi:10.1007/s12010-009-8735-4. Consultado em 10 de setembro de 2011

INGLATERRA. EUROPEAN MOLECULAR BIOLOGY LABORATORY FROM CAMBRIDGE UNIVERSITY.


Enzyme Structures Database. 2018. Disponível em: <https://www.ebi.ac.uk/thornton-
srv/databases/cgi-bin/enzymes/GetPage.pl>. Acesso em: 11 set. 2019.

GRENZI, Ana Paula; RODRIGUES, Nicolas Gomes; STEUCK, Sarah. AMILASE SALIVAR. 2015. Disponível
em: <https://www.passeidireto.com/arquivo/18761683/trabalho-
alfa_amilase_bioquimica_ifc_anapaula>. Acesso em: 11 set. 2019.
BRENDA THE COMPREHENSIVE ENZYME INFORMATION SYSTEM. Information on EC 3.2.1.1 - alpha-
amylase. 2019. Disponível em: <https://brenda-enzymes.org/enzyme.php?ecno=3.2.1.1>. Acesso
em: 11 set. 2019.
CURITIBA. PRISCILA CAON COLAÇO. . Repositório Digital Institucional UFPR: BENEFÍCIOS DA
FASEOLAMINA (Phaseolus vulgaris L.) - UMA REVISÃO. 2014. Disponível em:
<https://revistas.ufpr.br/academica/article/view/36501/22499>. Acesso em: 11 set. 2019.
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 17

ASPARTATO TRANSAMINASE
Caroline de Medeiros

1. NOME

Nome aceito: Aspartato Transaminase.

Nomes alternativos: Aspartato aminotransferase, Transaminase glutâmico-aspártica, Transaminase


glutâmico-oxaloacética, Transaminase A.

1.1. CLASSIFICAÇÃO

As enzimas são proteínas especializadas, que funcionam na aceleração de reações químicas,


atuando na maior parte das vezes, como catalisadoras, ou seja, diminuindo a energia de ativação
de determinada reação química.
A enzima Aspartato Transaminase é classificada como uma enzima transferase.
Enzimas transferases realizam a transferência de grupos funcionais, como: Amina, Fosfato, Acil e
Carboxi. Mais especificamente falando sobre a Aminotranferase, ela realiza a interconversão de
metabólitos de carboidratos.

Reação catalisada por uma aminotransferase. Fonte: Unesp

1.2. CÓDIGO INTERNACIONAL DA ENZIMA

Como sistema de nomenclatura das enzimas, cada número EC (Enzyme Comission Numbers) é um
esquema de classificação numérica para as enzimas, baseado nas reações químicas que elas
catalisam.
Cada código de enzimas consiste nas letras EC seguidas de 4 números separados por pontos. Esses
números representam uma classificação progressivamente mais específica.

EC 2. 6. 1. 1 – Aspartato Aminotransferase
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 18

2. COFATOR

Os cofatores são moléculas orgânicas ou inorgânicas necessárias para a função de uma enzima.
Esses cofatores não estão ligados permanentemente a molécula da enzima, porém, na ausência
deles, a enzima é considerada inativa. Os cofatores podem ser íons metálicos ou coenzimas. No caso
da enzima aspartato aminotransferase:

5’-Fosfato de piridoxal. Cofator da enzima.


Fonte: Protein Data
Bank in Europe

3. ESTRUTURA TRIDIMENSIONAL

A estrutura tridimensional é determinada pela


sequência de aminoácidos presentes na proteína que
formam a enzima. Sendo assim, a função da proteína e
consequentemente da enzima, dependem da sua
estrutura.

Estrutura tridimensional da
enzima Aspartato
Aminotranferase. Fonte:
Protein Data Bank in Europe

4. FUNÇÃO E IMPORTÂNCIA DA ENZIMA

Em alguns processos patológicos, as determinações enzimáticas contribuem significativamente para


estabelecer a causa, localização e grau de extensão da lesão, para fazer o controle do tratamento e
ainda para determinar a cura. Assim sendo, as dosagens enzimáticas são extremamente
importantes para a compreensão e controle de inúmeras doenças.

A coordenação muscular, a força e a resistência são capacidades decorrentes da evolução do


sistema muscular. O exercício induz mudanças reversíveis na ultraestrutura do musculoesquelético,
como: a elevação da permeabilidade do sarcolema e das proteínas musculares, tais como a
mioglobina, creatinaquinase (CK) e a aspartato aminotransferase (AST) que são liberadas na
circulação. Os aumentos discretos dessas enzimas após o exercício não estão associados com lesão
da célula muscular, mas com o aumento da permeabilidade da membrana. Porém, caso haja lesões
em níveis ultraestruturais durante o exercício, haverá um aumento marcante na concentração
dessas proteínas. As concentrações séricas de ALT, AST e CK são determinadas pela taxa de entrada
no compartimento plasmático, distribuição no compartimento extracelular e taxa de catabolismo
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 19

ou depuração. Sua concentração relativa no tecido determina parcialmente suas taxas de entrada
no plasma como resultado de dano tecidual.

A enzima aspartato aminotransferase, é portanto, uma enzima comumente usada para identificar
lesões musculares e essencial para a produção de energia no Ciclo de Krebs. Os valores de AST
podem ser induzidos a alterações em várias doenças, como: Hipóxia, acúmulo de lipídeos hepáticos,
doenças bacterianas e virais, inflamações, neoplasias hepáticas, endo e exotoxinas, além de
intoxicações medicamentosas. Seus níveis também podem estar elevados em exercício intenso e
em deficiência de vitamina E e selênio.

Esta enzima está presente em muitos tecidos como duas isoformas, no citosol e na mitocôndria,
sendo mais abundante no fígado, nos eritrócitos e nos músculos esquelético e cardíaco.

A descoberta da utilização da dosagem de aspartato aminotransferase (AST) na doença cardíaca


humana junto à quase simultânea descoberta de que a AST se eleva na doença hepática, forneceu
o impulso para o crescimento da enzimologia clínica. As enzimas predominantemente
mitocondriais, como a AST, normalmente aparecem no sangue após uma lesão severa, já que elas
estão aprisionadas e precisam atravessar duas ou mais membranas.

5. REGULAÇÃO

A enzima tem por ação, catalisar a transaminação reversível de aspartato e 2-cetoglutarato em


oxalacetato e glutamato (Figura 2).

Reação da
enzima.
Fonte: USP
Portal de
Revistas

A regulação enzimática pode ser:

Regulação Alostérica: A atividade da enzima é


controlada pela ligação de pequenas moléculas
em sítios regulatórios sobre a enzima. O termo
"regulação alostérica" vem do fato de que a
molécula reguladora não se liga ao sítio
catalítico, mas em um outro local sobre a
proteína (allo = "outro" estérico = "local"). A
ligação da molécula reguladora muda a

Fonte: The Cell , 2ª edição - Uma abordagem molecular


ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 20

conformação da proteína, que por sua vez


altera a forma do sítio ativo e sua atividade
catalítica. A ligação da molécula reguladora
pode inibir a atividade enzimática e em
outros casos, moléculas regulatórias podem
servir como ativadores, estimulando a
enzima alvo.

Regulação por Fosforilação: A atividade das


enzimas é regulada por modificações
covalentes, tais como a adição de grupos
fosfato a resíduos de serina, treonina ou
tirosina. A fosforilação é um mecanismo
muito comum na regulação da atividade
enzimática, a adição de grupos fosfato Fonte: The Cell , 2ª edição - Uma abordagem molecular
estimula ou inibe as atividades de muitas
enzimas. Por exemplo, células musculares respondem à epinefrina (adrenalina) quebrando o
glicogênio em glicose, fornecendo assim energia para a atividade muscular aumentada. A quebra
do glicogênio é catalisada pela enzima Glicogênio Fosforilase, que é ativada por fosforilação em
resposta à ligação de epinefrina a um receptor na superfície da célula muscular. Fosforilação de
proteínas desempenha um papel central no controle de muitas outras funções celulares, incluindo
o crescimento e diferenciação celular.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Expasy. (2019). Bioinformatics Resourse Portal [Banco de dados]. Disponível em:


<https://enzyme.expasy.org/cgi-bin/enzyme/enzyme-search-ec> Acesso em: 10, setembro de 2019.
NICOLETTI, José L. M.; HUSSNI, Carlos A.; ALVES, Ana L. G.; SILVEIRA, Veridiana F.; WATANABE,
Marcos J.; CARVALHO, Fernanda d.; THOMASSIAN, Armen. (2007). Atividades séricas da aspartato
aminotransferase, creatina quinase e lactato desidrogenase de equinos submetidos ao teste
padrão de exercício progressivo em esteira. USP PORTAL DE REVISTAS. Disponível em:
<https://www.revistas.usp.br/bjvras/article/view/26637/28420> Acesso em: 10, setembro de 2019.
Brenda. (2019). The Comprehensive Enzyme Information System [Banco de dados]. Disponível em:
https://www.brenda-enzymes.org/enzyme.php?ecno=2.6.1.1> Acesso em: 10, setembro de 2019.
Unesp – Campus Gracena. Slides Bioquímica Animal. Disponível em:
http://www2.dracena.unesp.br/graduacao/arquivos/bioquimica_animal/enzimas.pdf > Acesso em:
10, setembro de 2019.
ALMEIDA, M.R. Enzimas clínicas: ação, fundamento e aplicações. Seminário apresentado na
disciplina Bioquímica do Tecido Animal, Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2015. 16 p. Disponível em:
<https://www.ufrgs.br/lacvet/site/wp-content/uploads/2015/07/enzimas_clinicas.pdf> Acesso em:
12, setembro de 2019.
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 21

EMBL- EBI.(2019). European Bioinformatics Institute [Banco de dados]. Disponível em:


<https://www.ebi.ac.uk/thornton-srv/databases/cgi-bin/pdbsum/GetPage.pl?pdbcode=1aam >
Acesso em: 12, setembro de 2019.
BATISTA, Ch. Indicadores de lesão e função hepática. Seminário apresentado na disciplina
Bioquímica do Tecido Animal, Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias, Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, 2016. p. 10. Disponível em: https://www.ufrgs.br/lacvet/site/wp-
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KOHLI, Rohit; C, David Harris; WHITINGTON, Peter. Elevações relativas do soro alanina e aspartato
aminotransferase na distrofia muscular. Journal Of Pediatric Gastroenterology And Nutrition. p.
121-124. 10 jul. 2005. Disponível em:
<https://journals.lww.com/jpgn/fulltext/2005/07000/Relative_Elevations_of_Serum_Alanine_and_
Aspartate.23.aspx>. Acesso em: 13 set. 2019
BARINI, Anúzia Cristina. BIOQUÍMICA SÉRICA DE BOVINOS (Bos taurus) SADIOS DA RAÇA
CURRALEIRO DE DIFERENTES IDADES. 2007. 104 f. TCC (Graduação) - Curso de Medicina
Veterinária, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2007. Disponível em:
<https://ppgca.evz.ufg.br/up/67/o/Dissertacao2007_Anuzia_Cristina.pdf>. Acesso em: 13 set.
2019.
COOPER, Geoffrey M. The cell: Uma abordagem molecular. 2. ed. Boston University, 2000. Acesso
em: 17, setembro de 2019.
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 22

CATALASE
Luana Gonçalves Dias
1. NOME
Nome aceito: Catalase;
Nome sistemático: oxidoredutase de peróxido de hidrogênio;
Outros nomes: hidroperoxidase; equilíbrio; caperase; optidase; catalase-peroxidase.

1.1. CLASSIFICAÇÃO
A catalase pertence a classificação das oxidoredutases ou seja o grupo de enzimas que é capaz de
catalisar reações de oxidação e redução.

1.2. CÓDIGO INTERNACIONAL DA ENZIMA


EC: 1. 11. 1. 6

2. ESTRUTURA PRIMÁRIA
Estrutura primaria da catalase no homo sapiens:

10 20 30 40 50
MADSRDPASD QMQHWKEQRA AQKADVLTTG AGNPVGDKLN VITVGPRGPL
60 70 80 90 100
LVQDVVFTDE MAHFDRERIP ERVVHAKGAG AFGYFEVTHD ITKYSKAKVF
110 120 130 140 150
EHIGKKTPIA VRFSTVAGES GSADTVRDPR GFAVKFYTED GNWDLVGNNT
160 170 180 190 200
PIFFIRDPIL FPSFIHSQKR NPQTHLKDPD MVWDFWSLRP ESLHQVSFLF
210 220 230 240 250
SDRGIPDGHR HMNGYGSHTF KLVNANGEAV YCKFHYKTDQ GIKNLSVEDA
260 270 280 290 300
ARLSQEDPDY GIRDLFNAIA TGKYPSWTFY IQVMTFNQAE TFPFNPFDLT
310 320 330 340 350
KVWPHKDYPL IPVGKLVLNR NPVNYFAEVE QIAFDPSNMP PGIEASPDKM
360 370 380 390 400
LQGRLFAYPD THRHRLGPNY LHIPVNCPYR ARVANYQRDG PMCMQDNQGG
410 420 430 440 450
APNYYPNSFG APEQQPSALE HSIQYSGEVR RFNTANDDNV TQVRAFYVNV
460 470 480 490 500
LNEEQRKRLC ENIAGHLKDA QIFIQKKAVK NFTEVHPDYG SHIQALLDKY
510 520
NAEKPKNAIH TFVQSGSHLA AREKANL

Fonte: https://www.uniprot.org/uniprot/P04040
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 23

3. ESTRUTURA TRIDIMENSIONAL

A catalase é uma molécula composta por quatro subunidades idênticas, cada uma das subunidades
liga um grupo photoheme IX.

Fonte: https://www.uniprot.org/uniprot/P04040

4. FUNÇÃO E IMPORTÂNCIA DA ENZIMA

O processo de liberação do peroxido de hidrogênio (H2O2) ocorre em quase todos os organismos


que executam respiração aeróbica. Sendo essa uma substancia toxica para o organismo é necessário
que haja uma degradação rápida para que não haja problemas decorrentes desse composto
químico. Nesse caso a catalase que é a enzima presente nos peroxissomos age catalisando a esta
reação 2 H2O2  O2 + 2 H2O, acelerando-a e impedindo assim que haja algum dano ás células que
são sensíveis ao H2O2.

Substrato da catalase: peróxido de hidrogênio.

Fonte: http://www.campusvirtual.ufsj.edu.br

5. REGULAÇÃO

A atividade de uma enzima é regulada pela sinalização de ativadores e inibidores enzimáticos ou


seja substâncias que interferem na capacidade de catalização de uma enzima.

Entre essas substâncias reguladoras estão os cofatores, que são moléculas ligadas
permanentemente a enzima e na ausência deles a enzima fica inativa. Os cofatores da catalase são
o grupo prostético heme e o Mn2+. Se esse cofator for uma molécula orgânica recebe o nome de
coenzima. As coenzimas da catalase são o NADPH e as espécies reativas do oxigênio (ROS).
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 24

NADPH: ROS:

Fonte: https://prezi.com/ld08vlsrgegg/cofatores-e-inibidores-na-catalase/

Os inibidores são moléculas que diminuem ou interrompem a reação enzimática. As moléculas


orgânicas que agem como inibidores da enzima catalase são:

- Cianeto, azida, hidroxilamina, aminotriazol e mercaptoetanol;

- Ascorbato sozinho e com Cu2+;

- Sulfato de cobre;

- Compostos nitro e nitroso.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRENDA. Information on EC 1.11.1.6 - catalase. Disponível em: <https://www.brenda-


enzymes.org/enzyme.php?ecno=1.11.1.6#>. Acesso em: 16 set. 2019.
COSTA, Maria. Cofatores e inibidores na catalase. 2015. Disponível em:
<https://prezi.com/ld08vlsrgegg/cofatores-e-inibidores-na-catalase/>. Acesso em: 16 set. 2019.
SIB, Instituto Suíço de Bioinformática da. Assinaturas e perfil do Catalase. 2008. Disponível em:
<https://prosite.expasy.org/PDOC00395>. Acesso em: 16 set. 2019.
UNIPROTKB. P04040 (CATA_HUMAN). 2008. Disponível em:
<https://www.uniprot.org/uniprot/P04040>. Acesso em: 16 set. 2019.
MCDONALD, Andrew G.; BOYCE, Sinéad; TIPTON, Keith F. ExplorEnz: a fonte primária da lista de
enzimas IUBMB. Nucleic Acids Research, [s.i.], v. 37, n. 1, p.593-597, 1 jan. 2009.
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 25

DNA POLIMERASE
Mylena Oliveira Viana

1. NOME

DNA polimerase (podendo ser abreviada como DNA pol); DNA-desoxinucleotidiltransferase (direcionada
ao DNA); Nucleotidiltransferase de DNA (direcionada ao DNA) (1).

1.1. CLASSIFICAÇÃO

A enzima DNA polimerase catalisa a reação em que, fundamentalmente, ocorre a transferência de um


grupo transferência do grupo fosforil, fazendo-a ser classificada como uma transferase (2).

1.2. CÓDIGO INTERNACIONAL DA ENZIMA

E.C. 2.7.7.7 (1).

1.3. SUBDIVISÕES DAS DNA POLIMERASES EM EUCARIONTES E PROCARIONTES

As DNA polimerases em eucariontes são classificadas diferentemente das encontradas em procariontes.


Em eucariontes, existem as seguintes subdivisões: DNA polimerase alfa, DNA polimerase beta, DNA
polimerase delta, DNA polimerase épsilon, DNA polimerase gama e DNA polimerase iota. Em
procariontes, existem as seguintes subdivisões: DNA polimerase I, DNA polimerase II, DNA polimerase III
(holoenzima com 10 subunidades polipeptídicas), DNA polimerase IV e DNA polimerase V (3).

2. ESTRUTURA PRIMÁRIA

A estrutura primaria da enzima, que define o mais simples de seus níveis, pode ser representada como
a sequência de seus aminoácidos em uma cadeia polipeptídica. Abaixo, encontra-se demonstrada a
representação da estrutura primária da DNA polimerase α (alfa) de um Homo sapiens, que seria
correspondente à holoenzima de DNA polimerase III de procariontes:
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 26

FIGURA 1- Estrutura primária da DNA-pol α (Homo sapiens).

3. ESTRUTURA TRIDIMENSIONAL

Segue abaixo uma representação estrutura terciária, ou seja, a conformação específica da cadeia
polipeptídica secundária que resulta na estrutura mais compacta onde seus átomos ocupam posições
específicas, da DNA polimerase α (alfa) de um Homo sapiens.

FIGURA 2- Estrutura tridimensional (ou terciária) da DNA-pol α (Homo sapiens).


ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 27

4. FUNÇÃO E IMPORTÂNCIA DA ENZIMA

Como previamente mencionado, a DNA-pol pode ser subdividida tanto mediante estudo de eucariontes
como de procariontes. Entretanto, há certas características do processo de síntese do DNA que são
comuns do mecanismo de praticamente todas as DNA polimerases. A replicação do DNA ocorre de forma
semi-conservativa, ou seja, requer que desoxirribonucleotídeos sejam posicionados sobre uma cadeia
polinucleotídica molde e unidos entre si, de modo a formar uma nova cadeia complementar à cadeia da
molécula mãe que lhe serve de molde. Essa reação se faz possível pois o desoxirribonucleotídeo é
trisfosfatado, pois contém três grupos fosfato ligados ao carbono 5` da desoxirribose. Os dois grupos
terminais são removidos, fazendo com que piruvato seja liberado no meio, fornecendo energia que será
usada para formar uma nova ligação covalente entre o grupo fosfato que restou no carbono 5` e o grupo
3`-OH da cadeia crescente de DNA (3). Principalmente, a enzima que “empilha” os nucleotídeos, um a
um, a fim de formar a nova fita de DNA é a DNA polimerase – assim também conhecida como
Nucleotildiltransferase de DNA. Portanto, a reação que ela catalisa, ou seja, 2`-desoxirribonucleosideo
5` trifosfato + DNAn (substrato) = difosfato + DNAn+1(produto) (1), pode ser representada da seguinte
maneira:

FIGURA 3- Representação da reação catalisada pela DNA pol (1).

O mecanismo catalítico com a finalidade de um novo nucleotídeo de DNA ser adicionado, envolve
dois íons Mg²+, de modo que um deles facilita o ataque do grupo 3`-OH da cadeia crescente ao 5`-
fosfato do desoxirribonucleotídeo trifosfato; o outro íon Mg²+ facilita o deslocamento do
pirofosfato. A atividade da DNA polimerase precisa de
uma fita simples não pareada para atuar como molde
e um primer, ou seja, uma fita iniciadora que forneça
o grupo -OH livre na extremidade 3`, onde será
inserido o nucleotídeo de DNA. A reação irá gerar um
produto que possui uma nova hidroxila 3` livre, o que
permite a adição de outro nucleotídeo.
Estruturalmente, são encontrados na enzima o sítio
de inserção, que é onde ocorre a adição de
nucleotídeos, e o sítio de pós-inserção, que é o local
para onde o par de bases recentemente formado
migra após aparecer (3).

FIGURA 4- Demonstração do envolvimento dos íons Mg² no mecanismo catalítico da DNA polimerase (2).
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 28

5. REGULAÇÃO

Os reguladores influenciam no desempenho catalítico da DNA polimerase, com também fazem em


outras enzimas. Dentre eles, alguns participam como ativadores (Homo sapiens), como a Fap
endonuclease 1 (FAP1) e o antígeno nuclear de proliferação celular (PCNA), aumentando a afinidade
enzima-substrato. Outros atuam como inibidores (Homo sapiens), como o trifosfato de 2-tiometil-6-
fenil-4- (4'-hidroxibutil) -1,2,4, -triazol (5,1-C) (1,2,4) triazina-7-ona e o trifosfato de N- (2,4-dinitro-5-
fluorofenil) -4-aminobutil – ambos sendo classificados como inibidores competitivos, ou seja, se ligam à
DNA polimerase no seu sítio de ligação – reduzindo a afinidade enzima-substrato (1).

A cinética enzimática é relevante em se tratar da regulação de uma enzima, por explicitar detalhes do
mecanismo catalítico enzimático. Sua análise, pode considerar dados tais quais a constante de Michaelis
(Km), sendo um deoxinucleosídeo trifosfatado de Escherichia coli, em um pH 7.8 e na temperatura 25oC,
possui um Km de 0.037 (1).

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. BRENDA. Information on EC 2.7.1.11 - DNA-directed DNA polymerase and Organism(s) Homo


sapiens . Disponível
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2. KLUG, W.S.; CUMMINGS, M.R.; SPENCER, C.A.; PALLADINO, M.A. Conceitos de genética. 9ª Edição.
Artmed, Porto Alegre, 2010. Páginas 278 a 299
3. NELSON, D.L.; COX, M.M. Principles of Biochemistry. New York: W.H. Freeman, 2012.
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 29

FOSFOFRUTOQUINASE
Alyssa Cristine de Oliveira Elias

1. NOME

Fosfofrutoquinase (PFK, do inglês phosphofructokinase) ou ATP: :D-fructose-6-phosphate 1-


phosphotransferase.

1.1. CLASSIFICAÇÃO

Sendo esta uma enzima que catalisa a transferência de um grupo fosfato, a Fosfofrutoquinase é
classificada como transferase. (COELHO; BIANCONI, 2019)

1.2. CÓDIGO INTERNACIONAL DA ENZIMA

E.C. 2.7.1.11. (COELHO; BIANCONI, 2019)

2. ESTRUTURA PRIMÁRIA

Sabendo-se que a função de uma enzima está diretamente ligada à sua estrutura, para uma análise
mais aprofundada, divide-se sua estrutura em primaria, secundaria, terciaria e quaternária. A
estrutura primaria da enzima é, também, seu nível mais simples, sendo apenas a sequência de
aminoácidos em uma cadeia polipeptídica.

3. ESTRUTURA TRIDIMENSIONAL

Para seu eficaz funcionamento, a enzima deve


ter sua estrutura tridimensional
conservada. Em temperatura e pH ideais,
a estrutura tridimensional da
Fosfofrutoquinase está representada
abaixo:

(PROTEIN DATA BANK, 2019)


ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 30

4. FUNÇÃO E IMPORTÂNCIA DA ENZIMA

Enzimas são substâncias catalisadoras, o que significa que diminuem a energia de ativação de uma
reação química e facilitam o controle de sua velocidade. Sabendo disso, a fosfofrutoquinase é uma
enzima alostérica primordial no processo da glicólise que consiste da conversão de frutose-6-fosfato
(F6P) em frutose-1,6-bisfosfato, na presença de ATP e do íon Mg2+, ou de MgATP2-. Sua atividade é
otimizada pelo aumento da concentração de ADP, porém é inibida pela queda do pH. Seu processo
é irreversível em condições fisiológicas (ΔG0 ’= + 22,6 KJ/mol). A enzima não possui cofator, seus
substratos são o ATP e a F6P. Apesar de o ATP ser substrato da fosfofrutoquinase, também é o
principal produto da via glicolítica, ou seja, quando atinge-se níveis desejáveis desse nucleotídeo,
ele liga-se a um sitio alostérico da enzima e muda sua conformação, inibindo sua atividade e
diminuindo sua afinidade por seu outro substrato, F6P. Entretanto, o ADP e o AMP (Adenosina 5’-
difosfato e Adenosina 5’-monofosfato, respectivamente), podem atuar como ativadores da
fosfotrutoquinase visto que o aumento de sua concentração indica alta atividade metabólica com
consumo de ATP. Frente a tal cenário, o ADP e o AMP agem ligando-se a sítios alostéricos revertendo
a inibição da fosfofrutoquinase por ATP. Nos mamíferos, o citrato também funciona como um
inibidor da fosfotrutoquinase. (NUNES, 2008)

5. REGULAÇÃO

Alguns fatores podem influenciar no desempenho catalítico das enzimas, um exemplo é atuação de
outras enzimas que irão regular a atuação da molécula em questão. O principal regulador da
atividade da Fosfofrutoquinase é a Frutose 2,6-bisfosfato (F2, 6BP), sendo reguladora tanto da
glicolise quanto da glicogenese, apesar de não ser intermediário de nenhuma das duas reações. A
molécula F2, 6BP é um produto da fosforilação da F6P por ATP, catalisada pela enzima binfuncional
Frutose 2,6-bisfosfato fosfatase (PFK2) e é um potente ativador da fosfofrutoquinase e, ao mesmo
tempo, um potente inibidor da frutose-1,6-bifosfatofosfatase. (NUNES, 2008)

A cinética enzimática é um estudo importante no quesito regulação enzimática por permitir a


elucidação dos detalhes do mecanismo catalítico da enzima e estuda, em especial, a velocidade da
reação, medida sobre uma escala de concentração de substrato (S), a velocidade da reação (V)
aumenta com o acréscimo de S. Ao passo que a quantidade de S substrato aumenta, a enzima
satura-se, momento este em que a velocidade atinge o ponto de valor Maximo Mmáx. No modelo da
cinética de Michaelis-Menten, existe uma reação biomolecular inicial entre enzima (E) e o substrato
(S) para formar o complexo ES. A constante de Michaelis (Km) define a concentração para a qual a
velocidade da reação enzimática é metade de Vmax. Sendo o ATP seu substrato, a fosfofrutoquinase
humana, em um pH 7.1 e na temperatura 25oC, possui um Km de 0.037. (NUNES, 2008; BRENDA,
2019).

Segue abaixo uma ilustração da atividade enzimática da Fosfofrutoquinase, com seu regulador
Frutose-6-fosfato, em diferentes situações de inibição e ativação:
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 31

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRENDA. Information on EC 2.7.1.11 - 6-phosphofructokinase and Organism(s) Homo


sapiens. Disponível em:
<https://www.brendaenzymes.org/enzyme.php?ecno=2.7.1.11&Suchword=&reference=&UniPr
otAcc=&organism%5B%5D=Homo+sapiens>. Acesso em: 15 set. 2019.

COELHO, Ana Amália; BIANCONI, M. Lucia. Classificação das Enzimas: com exemplos das que
participam na glicólise e na gliconeogênese. Disponível em: <http://www.bioqmed.ufrj.br/wp-
content/uploads/2015/03/Classifica%C3%A7%C3%A3o-das-Enzimas.pdf>. Acesso em: 15 set.
2019.
NUNES, Rodrigo Dutra. Fosfofrutoquinase de Aedes aegypti: Caracterização e perfil de atividade
ao longo do ciclo de vida. 2008. Disponível em:
<file:///C:/Users/Administrador/Downloads/275-RodrigoDutraNunes.pdf>. Acesso em: 16 set.
2019.

PROTEIN DATA BANK. Crystal structure of human muscle phosphofructokinase (dissociated


homodimer). Disponível em: <https://www.ebi.ac.uk/pdbe/entry/pdb/4omt/analysis>. Acesso
em: 15 set. 2019.
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 32

FOSFOLIPASE
Fernanda Vargas Lima
1. NOME: FOSFOLIPASE
Fosfolipase (1) - nome alternativo - Fosfolipase A1.
Fosfolipase A(2) - nomes alternativos - Lecitinase A, Fosfatidase, Fosfatidolipase, Fosfatidilcolina 2-
acil-hidrolase e Fosfolipase A2
Fosfolipase C - nomes alternativos - Clostridium oedematiens toxinas beta e gama, Alfa-toxina de
Clostridium welchii, Lecitinase C e Lipofosfodiesterase.

1.1. CLASSIFICAÇÃO
As fosfolipases são classificadas em quatro tipos principais: fosfolipase A (PLA), fosfolipase B (PLB),
fosfolipase C (PLC) e fosfolipase D (PLD). Sendo as fosfolipases pertencentes ao grupo de enzimas
conhecidas como hidrolases.

1.2. CÓDIGO INTERNACIONAL DA ENZIMA


Fosfolipase A1 - 3.1.1.32; Fosfolipase A2 3.1.1.4; Fosfolipase C. 3.1.4.3.

2. ESTRUTURA PRIMÁRIA

● FOSFOLIPASE A1 - (POLYBIA PAULISTA)

0 MNFKYSILFI CFGTLDRGLI PECPFNEYDI LFFVYTRQQR DGIVLTEETL QNYDLFKKST

60 ISRQVVFIDH GFLSNGNNEN FIAMAKALIE KDNFLVISVD WKKGACNAFA STLDYLGYST

120 AVGNTRHVGK YVADFTKLLV EQYKVSMSNI RLIGHSLGAH TSGFAGKEVQ ELKLNKYSNI

180 DGLDPAGPSF DSNDCPERLC ETDAEYVQII HTSNILGVYS KIGTVDFYMN YGSHQPGCGR

240 FFSPSCSHTK AVKYLTECIK HECCLIGTPW KKYFSTPKPI SQCTKDTCVC VGLNAKSYPA

300 RGSFYVPVEA TAPYCHNEGI KL

● FOSFOLIPASE A2 - (BOTHROPS JARARACUSSU)

0 MRTLWIMAVL LVGVEGDLWQ FGQMILKETG KLPFPYYTTY GCYCGWGGQG QPKDATDRCC

60 FVHDCCYGKL TNCKPKTDRY SYSRENGVII CGEGTPCEKQ ICECDKAAAV CFRENLRTYK

120 KRYMAYPDVL CKKPAEKC

● FOSFOLIPASE C - (BACILLUS CEREUS)

0 MKKKVLALGA AITLVAPLQS VAFAHENDGG QRFGVIPRWS AEDKHKEGVN SHLWIVNRAI

60 DIMSRNTTLV KQDRVALLNE WRTELENGIY AADYENPYYD NSTFASHFYD PDNGKTYIPY


ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 33

120 AKQAKETGAK YFKLAGESYK NKDMKQAFFY LGLSLHYLGD VNQPMHAANF TNLSYPQGFH

180 SKYENFVDTI KDNYKVTDGN GYWNWKGTNP EDWIHGAAVV AKQDYAGIVN DNTKDWFVRA

240 AVSQEYADKW RAEVTPMTGK RLMDAQRVTA GYIQLWFDTY GNR

3. ESTRUTURA TRIDIMENSIONAL

Figura 1

Figura 2 Figura 3

Figura 1 - Modelo tridimensional para a proteína PLA1 do veneno da vespa P. paulista (PEREIRA,
2012)

Figura 2 - Estrutura cristalina de um inibidor da agregação plaquetária ácida dimérica e fosfolipase


hipotensiva A2 de Bothrops Jararacussu (MAGRO et al. 2004)

Figura 3 - Fosfolipase C específica para fosfatidilinositol em complexo com glucosamina- (alfa-1-6) -


mio-inositol (HEINZ et al. 1996).

4. FUNÇÃO E IMPORTÂNCIA DA ENZIMA

As fosfolipases são enzimas que hidrolisam os fosfolipídios. Sendo elas classificadas de acordo com
o seu local de clivagem da ligação éster nos substratos fosfolipídicos. As fosfolipases hidrolisam
fosfolipídios em vários produtos de sinalização, incluindo ácido fosfatídico (PA), diacilglicerol (DAG),
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 34

ácidos graxos livres (AGLs) e lisofosfolipídios(LPLs). Esses produtos de sinalização regulam


numerosos processos, como dinâmica citoesquelética, crescimento, homeostase, remodelação de
membranas, aquisição de nutrientes, secreção, transdução de sinal, tolerância ao estresse,
desenvolvimento sexual e virulência em vários organismos, incluindo fungos . Devido a esses papéis
celulares essenciais, as fosfolipases também são alvos promissores em aplicações diagnósticas e
terapêuticas.

4.1. COFATORES

As fosfolipases A1 e A2 tem o Ca(2+) como cofator e a fosfolipase C tem o Zn(2+) como cofator.

4.2. SUBSTRATOS e CONSTANTE DE MICHAELIS (Km)

Fosfolipase A1 = 1-oleoil-2-estearoil-3-sn-glicerofosforilcolina + H2O

Fosfolipase A2 = Ácido (3E) -3 - [(3aS, 7aS) -3-metil-2-oxo-6- (propan-2-ilideno) hexa-hidro-1-


benzofuran-7 (4H) -ilideno] propanóico + H2O

Fosfolipase C= 1,2-di-hexanoil-sn-glicero-3-fosfo-L-serina

Km da fosfolipase A1 = Não encontrado.

Km da fosfolipase A2 = 0,742 Mm

Km da fosfolipase C = 4.5 Mm

4.3. CINÉTICA ENZIMÁTICA

No estudo de KEMPKA et al. 2018 foi verificado as melhores condições operacionais para a hidrólise
de lipídeos em um frigorífico de suínos, comparando uma fosfolipase comercial livre e uma
imobilizada, assim como o potencial para reutilização da fosfolipase imobilizada nas reações de
hidrólise e sua manutenção de capacidade lipolítica em condições de armazenamento. Analisaram-
se a influência da temperatura, o pH e a concentração da fosfolipase na hidrólise, obtendo-se como
valores ótimos 36ºC, 8,5 e 1,1% (m.v-1), respectivamente. Sendo que os valores de ácidos graxos
livres obtidos para a enzima livre e imobilizada diferiram significativamente (p<0,05), sendo os
valores para a enzima imobilizada superiores, com máximo de 34 µmol.mL
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 35

5. REGULAÇÃO

Conforme encontrado no estudo de SONG & RHEE (2001) a enzima fosfolipase A1 (PLA1), está
distribuída em diversos tecidos e organismos possuindo importante função fisiológica na hidrólise
de glicerofosfolipídeos, além de possuir importante interesse do ponto de vista industrial, devido a
produção de 2- acilfosfolipídeos de elevado valor comercial. Já os lisofosfolipídeos resultantes da
ação da PLA1 possuem propriedades emulsificantes e desempenham grande importância para a
indústria de alimentos, farmacêuticas e de cosméticos. Santos et al., (2007) constataram a presença
de PLA1 no veneno de P. paulista, e a caracterizaram bioquímica, funcional e estruturalmente.
Demonstraram a existência de diferentes isoformas para esta enzima, indicando que a purificação
de uma isoforma específica seria quase que impossível devido às similaridades bioquímicas e físico-
químicas. Segundo os autores, a existência de várias isoformas pode ser um mecanismo de
atribuição de diferentes funções a mesma enzima durante os envenenamentos. As fosfolipases de
veneno induzem a síntese de IgE específica e agem sinergisticamente com outras toxinas, causando
efeitos farmacológicos como a hipotensão, podendo inibir a coagulação sanguínea e o aumento da
permeabilidade vascular. De acordo com King et al. (2003), em veneno de vespas, a ação da
fosfolipase A1, está relacionada a respostas associadas aos processos inflamatórios, sendo
potencializada com a degranulação de mastócitos, por um mastoparano (MCD).

As fosfolipases A2 podem ser divididas em cinco grupos principais: as Ca2+ dependentes - PLA2
secretórias (sPLA2), citosólicas (cPLA2), acetilhidrolases fator de agregação plaquetária (PAF-AH) e
as lisossômicas, e as Ca2+ independentes, todas elas divididas de acordo com o mecanismo
catalítico e suas características funcionais e estruturais. As PLA2 secretórias foram subdivididas em
quatorze grupos, de acordo com o número de resíduos de aminoácidos e posição das ligações
dissulfeto, sendo que as PLA2 dos venenos de serpentes estão incluídas nos grupos I e II. Essas
enzimas são pequenas, com massa molecular variando de 13 a 18 kDa, e causam destruição celular
pela interferência nos processos fisiológicos normais da vítima. As fosfolipases A2 catalisam a
hidrólise da posição sn-2 dos glicerofosfolipídios de membrana, produzindo 1- acilfosfolipídios e
ácidos graxos livres. Quando o ácido graxo gerado é o ácido araquidônico, representa importante
reação, já que este é convertido por enzimas metabólicas em vários compostos bioativos, como as
prostaglandinas e os leucotrienos. Outros produtos da reação, como por exemplo, o ácido
lisofosfatídico e a lisofosfatidilcolina também são importantes compostos reativos, sendo
precursores de outros mediadores bioativos tais como o fator de ativação plaquetária (PAF).
Estudos indicam que a PLA2 também possui função na apoptose, homeostase de Ca2+ e isquemia
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 36

do miocárdio. As fosfolipases A2 pertencem à superfamília de proteínas que hidrolisam os grupos


sn-2 acil de fosfolípidos de membrana para liberar ácido araquidônico e lisofosfolípidos. Uma
fosfolipase ácida A2 isolada do veneno de serpente Bothrops jararacussu apresenta alta inibição
catalítica da agregação plaquetária e atividades hipotensivas (MAGRO et al. 2004)

As fosfolipases C são compostas por uma família de fosfodiesterases, importantes no metabolismo


de fosfolipídios inositólicos e tem como substrato fosfatidilinositol 4,5- bifosfato [PI(4,5)P2],
gerando dois produtos intracelulares: inositol 1,4,5-trifosfato (InsP3), um reconhecido mensageiro
mobilizador de cálcio, e diacilglicerol (DAG), um ativador da quinase C (REBECCHI; PENTYALA, 2000).
As fosfolipases C desempenham importante papel no mecanismo de sinalização celular em
mamíferos e apresentam função reconhecida na ação de muitos hormônios, neurotransmissores e
fatores de crescimento(HARDEN; SONDEK, 2006) Diversas proteínas que estão na superfície externa
da membrana plasmática são ancoradas por derivados glicosilados de fosfatidilinositol (GPI), ao
contrário de aminoácidos hidrofóbicos incorporados na bicamada fosfolipídica. Essas âncoras GPI
são clivadas por fosfolipases C específicas para fosfatidilinositol (PI-PLCs) para liberar uma proteína
solúvel em água com uma porção de glicosilinositol e diacilglicerol expostos, que permanecem na
membrana. A estrutura cristalina do Bacillus cereus PI-PLC, é uma enzima bastante utilizada para
liberar proteínas ancoradas em GPI das membranas, como enzima livre e também em complexos
com mio- inositol. A porção mio- inositol de GlcN (α1 → 6) Ins é bem definida e ocupa
essencialmente a mesma posição no sítio ativo que o mio- inositol livre , o que fornece evidências
expressivas de que a enzima utiliza o mesmo mecanismo catalítico para a clivagem de
fosfatidilinositol(IP) e fosfatidilinositol glicosilados (GPI). A porção myo-inositol faz várias interações
específicas de ligação de hidrogênio com resíduos do sítio ativo. Em comparação a porção de
glucosamina que fica exposta ao solvente na entrada do local ativo com contatos específicos
mínimos de proteína. A porção de glucosamina também é bem menos definida, apresentando maior
flexibilidade conformacional. Com base no posicionamento de GlcN (α1 → 6) Ins no local ativo, é
pressuposto que o restante do GPI-glicano faça pouca ou nenhuma interação específica com o PI-
PLC de B. cereus, esclarecendo por que o B. cereus PI-PLC pode clivar âncoras GPI com estruturas
variáveis de glicano (HEINZ et al. 1996)

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

HARDEN, T. K.; SONDEK, J. Regulation of Phospholipase C Isoenzymes by Ras Superfamily GTPases.


Ann Rev Pharmacol Toxicol, v. 46, p. 355-379, 2006.

HEINZ, D. W.; RYAN, M.; SMITH, M. P.; WEAVER, L. H.; KEANA, J. F.; GRIFFTH, O. H.
Phosphatidylinositol-Specific Phospholipase C In Complex With Glucosamine-(Alpha-1-6)-Myo-
Inositol.Biochemistry. v. 35, n.1, p.9496-504, 1996.

KEMPKA, A. P.; FAGUNDES. E.; SANTOS, G. P.; MAFESSONI, K.; HEIZEN, V. D. Fosfolipase imobilizada
na hidrólise da fração lipídica de efluente de frigorífico de suínos: comparação com a enzima livre.
Eng Sanit Ambient. v.23, n.2, p. 395-403, 2018.

KING, T. P.; JIM, S. Y.; WITTKOWSKI, K. M. Inflammatory role of two venom components of yellow
jackets (Vespula vulgaris): a mast cell degranulating peptide mastoparan and phospholipase A1. Int
Arch Allergy Immunol, v. 131, n. 1, p. 25- 32, 2003.
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 37

MAGRO, A. J.; MURAKAMI, M. T.; MARCUSSI, S.; SOARES, A. M.; ARNI, R. K.; FONTES, M. R. Estrutura
cristalina de um inibidor de agregação plaquetária ácida e fosfolipase A2 hipotensora nos estados
monomérico e dimérico: insights sobre seu estado oligomérico.Biochem Biophys Res
Commun.2004; v. 323, n. 1 p. 24-31, 2004.

PEREIRA, F. D. C. CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR E EXPRESSÃO HETERÓLOGA DO ALÉRGENO


FOSFOLIPASE A1 DO VENENO DE Polybia paulista (HYMENOPTERA: VESPIDAE). 2012. Dissertação
(Mestrado em Ciências Biológicas) - Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista, São
Paulo.

REBECCHI, M. J.; PENTYALA, S. N. Structure, Function, and Control of phosphoinositide- specific


phospholipase C. Physiol Rev, v. 80, n. 4, p. 1291- 1335, 2000.

SANTOS, L. D.; SANTOS, K. S.; SOUZA, B. M.; ARCURI, H. A.; CUNHA-NETO, E.; CASTRO, F. M.; KALIL,
J. E.; PALMA, M. S. Purification, Sequencing and structural characterization of the phospholipase A1
from the venom of the social wasp Polybia paulista (Hymenoptera, Vespidae). Toxicon, v. 50, p. 923-
937, 2007.
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 38

FRUTOSE 1-6-BIFOSFATASE
Anna Carolina Alencar dos Santos

1. NOME

FRUTOSE 1-6-BIFOSFATASE

1.1. CLASSIFICAÇÃO

A enzima Frutose 1-6 bifosfatase consiste em uma hidrolase com a presença de dois fosfatos. As
hidrolases são enzimas em que a água participa na ligação covalente, já as reações catalíticas do fosfato,
sofrem desfosforilização.

1.2. CÓDIGO INTERNACIONAL DA ENZIMA

EC 4.1.2.13

2. ESTRUTURA PRIMÁRIA

1 kkdgadfakw rcvlkigeht psalaimena nvlaryasic qqngivpive peilpdgdhd

61 lkrcqyvtek vlaavykals dhhiylegtl lkpnmvtpgh actqkfshee iamatvtalr

121 rtvppavtgi tflsggqsee easinlnain kcpllkpwal tfsygralqa salkawggkk

181 enlkaaqeey vkralansla cqgkytpsgq agaaaseslf vsnhay

3. ESTRUTURA TRIDIMENSIONAL

4. FUNÇÃO E IMPORTÂNCIA DA ENZIMA

A enzima frutose 1-6-bifosfatase tem grande importância na via gliconeogênese, por ser uma enzima
que tem uma regulação alostérica e modificações covalentes (fosforilação), onde há a conversão de
piruvato em glicose. A via gliconeogênese ocorre principalmente no fígado e as vezes no rim, na qual há
a síntese de glicose a partir de substâncias que não sejam carboidratos, deste modo utilizam glicerol,
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 39

aminoácidos e lactato, podendo ser separada em três etapas, porém a enzima frutose 1-6-bifosfatase
está inserida apenas na segunda etapa.

Há a conversão da frutose 1-6-bifosfatase em frutose-6-fofosfato. Esta reação é catalisada pela frutose-


1-6-bifosfatase.

Pacientes que apresentam a falta desta enzima, (deficiência da enzima frutose 1-6-bifosfatse), podem
acarretar hipoglicemia e acidose metabólica, podendo ser provocados por um jejum prolongado
ocasionando febre. Logo, pessoas com esta deficiência apresentam tolerância a quantidades normais de
frutose ou sacarose em sua digestão, ao contrário as pessoas que apresentam intolerância hereditária a
frutose.

4.1. COFATORES

Zn(2+).

4.2. SUBSTRATOS e CONSTANTE DE MICHAELIS (Km)

KM=52 µM for fructose 1,6-bisphosphate (at 30 degrees Celsius)

5. REGULAÇÃO

O controle da gliconeogênese é concretizado pelo


glucagon, na qual sinaliza para que o fígado produza e
libere glicose, e também pela insulina, que age de
maneira oposta, fazendo que use a glicose como
combustível, quando há a presença de alta concentração
de açúcar no sangue. Glicólise e gliconeogênese não
ocorrem ao mesmo tempo, para prevenir o gasto de
energia que as duas poderiam ocasionar caso atuassem
juntas.
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 40

A regulação das duas vias é constituída pelo


ATP e pelo AMP (atuando em enzimas
alostéricas) e pela frutose 2-6-bifosfatase.
Quando a concentração de ATP é alta a de
AMP é baixa, deste modo, quando a
concentração de AMP é alta a de ATP vai ser
baixa. A frutose 1-6-bifosfatase (na via
gliconeogênese) é uma enzima alostéica
inibida por AMP.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARREIROS, Rodrigo Crespo; BOSSOLANII, Grasiela; TRINDADEII, Cleide Enoir Petean. Frutose em
humanos: efeitos metabólicos, utilização clínica e erros inatos associados. 2005. Disponível em:
<http://www.scielo.br/> Acesso em: 12 set. 2019.

BORGES, Júlio César. Glicólise. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2010. 40 slides, color. Disponível
em: <https://edisciplinas.usp.br/ >. Acesso em: 20 set. 2019.

BORGES, Júlio César. Gliconeogênese Glicogênio: Glicogenólise, Síntese e Regulação. São Paulo:
Universidade de São Paulo, 2010. 44 slides, color. Disponível em: <https://edisciplinas.usp.br/ >. Acesso
em: 20 set. 2019.

ExPASy. BIOINFORMATICS RESOURCE PORTAL. Disponível em: <


https://enzyme.expasy.org/EC/4.1.2.13>. Acesso em 12 set. 2019.

GLICONEOGENESE. Disponível em: <https://adm.online.unip.br >. Acesso em: 20 set. 2019.

HOMO sapiens (human): 226. 0000. Disponível em: <https://www.genome.jp/ >. Acesso em: 12 set.
2019.

Nelson, David L.; COX, Michael M. Princípios de bioquímica de Lehninger. Porto Alegre: Artmed, 2011. 6.
ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. Acesso em: 13 set. 2019.

HENRIQUE, Pedro. Gliconeogênese. Disponível em: <https://www.passeidireto.com >. Acesso em: 20


set. 2019.

UNIPROTKB - P04075 (ALDOA_HUMAN). Disponível em: <https://www.uniprot.org/uniprot/P04075>.


Acesso em: 12 set. 2019.
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 41

FUMARASE HIDRATASE
Anna Luiza Scherer Lino

1. NOME: Fumarase Hidratase (FH).

1.1. CLASSIFICAÇÃO: Hidrolase.

1.2. CÓDIGO INTERNACIONAL DA ENZIMA: 4.2.1.2

ESTRUTURA PRIMÁRIA: C4H2O4-2

Sequencia primária dos aminoácidos da Fumarase Hidratase (FUMH) dentro do organismo humano:

0 MYRALRLLAR SRPLVRAPAA ALASAPGLGG AAVPSFWPPN AARMASQNSF RIEYDTFGEL


60 KVPNDKYYGA QTVRSTMNFK IGGVTERMPT PVIKAFGILK RAAAEVNQDY GLDPKIANAI
120 MKAADEVAEG KLNDHFPLVV WQTGSGTQTN MNVNEVISNR AIEMLGGELG SKIPVHPNDH
180 VNKSQSSNDT FPTAMHIAAA IEVHEVLLPG LQKLHDALDA KSKEFAQIIK IGRTHTQDAV
240 PLTLGQEFSG YVQQVKYAMT RIKAAMPRIY ELAAGGTAVG TGLNTRIGFA EKVAAKVAAL
300 TGLPFVTAPN KFEALAAHDA LVELSGAMNT TACSLMKIAN DIRFLGSGPR SGLGELILPE
360 NEPGSSIMPG KVNPTQCEAM TMVAAQVMGN HVAVTVGGSN GHFELNVFKP MMIKNVLHSA
420 RLLGDASVSF TENCVVGIQA NTERINKLMN ESLMLVTALN PHIGYDKAAK IAKTAHKNGS
480 TLKETAIELG YLTAEQFDEW VKPKDMLGPK

2. ESTRUTURA TRIDIMENSIONAL:

Figura 2 – Estrutura tridimensional da Fumarase (Fonte: Protein Data Bank (RCSB PDB, 2019).

4. FUNÇÃO E IMPORTÂNCIA DA ENZIMA

A fumarase é uma enzima envolvida no ciclo do ácido cítrico, ou ciclo de Krebs, ela catalisa
a hidratação (adição de uma molécula de água a uma ligação covalente) reversível de fumarato em L-
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 42

malato, no qual o acetil-CoA produz CO2, portadores de elétrons reduzidos (FADH2 e NADH) e ATP, como
está ilustrado abaixo, nas figuras 3 e 4.

Figura 3 – Reação de hidratação do fumarato (Fonte: Google Imagens, 2019).

Figura 4 – Ciclo de Krebs (Fonte: Google Imagens, 2019).

A Fumarase é encontrada tanto nos tecidos fetais quanto nos adultos, sendo mais comumente
identificada na pele, paratireóide, linfa e cólon -segundo os perfis de maior expressão do Centro Nacional
de Informações Biotecnológicas (NCBI)- e é detectada também em alguns tipos de tumores malignos,
como nos carcinomas de células renais papilares, por exemplo.
Existem duas isoformas dessa enzima, a citosólica e a mitocondrial. Os seus produtos têm sequências de
aminoácidos praticamente idênticas, diferindo apenas no terminal amino e em relação à mobilidade
eletroforética (técnica de separação de moléculas biológicas que se baseia na migração de íons em um
campo elétrico). A isoforma mitocondrial (P07954-1, comprimento 510, massa 54.637 Da) a qual o
presente trabalho se refere, possui um terminal N mais amplificado, se diferenciando quanto ao local de
início de sua tradução. Uma vez presente na mitocôndria, esta extensão é retirada, gerando a mesma
forma que no citoplasma.
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 43

5. REGULAÇÃO

As fumaratos liases apresentam em sua estrutura uma curta sequencia conservada em volta de uma
metionina, provavelmente relacionada na atividade catalítica desse tipo de enzima. Como já citado
anteriormente, a Fumarase está envolvida no Ciclo de Krebs e tem como produto final o L- Malato, este
último é importante não apenas para esse ciclo mas também para os processos de neoglicogênese,
fixação de gás carbônico e carbono além do metabolismo celular. Os valores abaixo foram definidos
com base no substrato L-Malato da enzima estudada, no organismo do Homo Sapiens, com gene H318Y,
nas condições de pH 7.4 e 23°C:

 Valor do KM (constante de Michaelis) =1.9 [mM];


 Valor do KM (constante de Michaelis) = 2 [mM];
• O KM pode ser também no valor de 1,9 no Homo Sapiens, no caso do gene ser do tipo
selvagem (que prevalece entre indivíduos em condições naturais, distinta de um tipo
de mutante atípico);
 Valor do Kcat = 0.041[1/s];
 Valor da relação kcat/KM = 0.021 [1/mMs-1];

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRENDA: The Comprehensive Enzyme Information System, 2019. Disponível em: <https://www.brenda-
enzymes.org>. Acesso em: 18 Set. 2019.
U.S. NATIONAL LIBRARY OF MEDICINE: National Center for Biotechnology Information, 2019. Disponível
em: <https://pubchem.ncbi.nlm.nih.gov/compound/Fumarate>. Acesso em: 18 Set. 2019.
THE EUROPEAN BIOINFORMATICS INSTITUTE: The home for big data in biology, 2019. Disponível em:
<https://www.ebi.ac.uk>. Acesso em: 18 Set. 2019.
RCSB PDB: Protein Data Bank, 2019. Disponível em: <https://www.rcsb.org/>. Acesso em: 18 Set. 2019.
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 44

GLICEROL QUINASE
Milene Alves Ramos

1. NOME : Glicerol Quinase

1.1. CLASSIFICAÇÃO

EC.-Classificação enzimática

EC.2- Transferases

EC.2.7- Transferencia de grupos contendo fósforo.

E.C.2.7.1-Fototransferases com um grupo álcool como aceitador.

E.C.2.7.1.30-Glicerol Quinase

(BRENDA: EC2.7.1.30)

1.2. CÓDIGO INTERNACIONAL DA ENZIMA

EC 2.7.1.30 (BRENDA: EC2.7.1.30)

2. ESTRUTURA PRIMÁRIA

Organismo: Saccharolobus solfataricus (strain ATCC 35092 / DSM 1617 / JCM 11322 / P2)
(Sulfolobus solfataricus.) Gene glpK1- Glicerol Quinase (SIB-SWISS-MODEL)
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 45

3. ESTRUTURA TRIDIMENSIONAL DA GLICEROL QUINASE (SIB-SWISS-MODEL)

4. FUNÇÃO E IMPORTÂNCIA DA ENZIMA

A proteína Glicerol quinase (GK) é uma enzima metabólica encontrada em órgãos e tecidos
de animais e também em vários microorganismos (BRISSON et al., 2001). Sendo que, em mamíferos
é mais encontrada no fígado, rim e em menores quantidades, na mucosa intestinal, tecido adiposo
e músculos. A GK é essencial na interface do metabolismo de carboidratos e lipídios, sua principal
função e catalisar a reação química de fosforilação do glicerol em glicerol-3-fosfato.

ATP + glicerol = ADP + glicerol 3-fosfato

Esta reação ocorre da seguinte forma:

O organismo precisa de energia para se manter quando há déficit calórico ou praticando


alguma atividade física que demanda gasto energético por períodos prolongados. E para isso
inicialmente no adipócito ocorre o processo da lipólise, no qual duas enzimas lipolíticas principais,
a Lipase sensível a hormônio (LSH) que recebe esse nome por ser sensível a vários hormônios
lipolíticos, tais como: adrenalina, noradrenalina, hormônio tireoidiano, cortisol, leptina, dentre
outros e a lipoproteína Lipase (LPL) que atuam respectivamente no interior do adipócito e nas
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 46

lipoproteínas ricas em triglicérides (SANT'ANA, 2013) . A ação da LSH causa liberação do ácido graxo
e glicerol livre no sangue. Depois da captação, no fígado o glicerol é irreversivelmente convertido
pela ação catalítica da enzima glicerol quinase, dependente de Trifosfato de adenosina (ATP)
liberando fosfato e a energia usada na reação de fosforilação do glicerol, gerando moléculas de
Difosfato de adenosina (ADP) e o composto glicerol-3-fosfato. A formação de glicerol-3-fosfato a
partir desta reação é importante, pois atua na produção de glicerídeos, lipídios e fosfato de
dihidroxiacetona (DHAP), sendo que o DHAP é um importante intermediário da glicólise e
neoglicogênese (AIZEMBERG, 2011).

Além de sua função bioquímica (enzimática, metabólica) de catalisar a fosforilação do


substrato glicerol em glicerol-3-fosfato, a GK possui outras atividades proteicas e, portanto, é uma
proteína de “moonlighting” (Sriram et al., 2005). Por exemplo, no fígado de ratos, a GK também
funciona como promotor de translocação estimulada por ATP (ASTP) e aprimora a ligação nuclear
do complexo glicocorticóide ativado (G) -glucocorticóide receptor (GR) ativado (GR) (G-GRC). O G-
GRC liga-se a elementos de resposta glicocorticóide nos promotores de genes responsivos a GR e
regula os níveis de expressão desses genes. A GK possui funções adicionais, incluindo a ligação a
histonas, interagindo com a porina (proteína que forma um canal aniônico dependente de voltagem
na superfície externa da membrana mitocondrial externa) e desempenhando um papel em
apoptose. Além disso, a GK tem um papel na sensibilidade à insulina, pois é superexpressa em
resposta às tiazolidinedionas, medicamentos comuns para o tratamento do diabetes mellitus tipo
2. A superexpressão da GK alivia a resistência à insulina, e uma mutação missense da GK predispõe
os indivíduos à obesidade, resistência à insulina e diabetes mellitus tipo 2 (GIANFELICI, 2009). A
enzima, também é importante industrialmente e útil para a determinação clínica de triglicérides no
sangue em combinação com lipase, glicerol-3-fosfato-oxidase e peroxidase (AIZEMBERG, 2011).

5. REGULAÇÃO

A primeira enzima que participa da metabolização do glicerol é a enzima glicerol quinase. Ela
também pode aceitar a dihidroxiacetona e o L-gliceraldeido como substrato e os nucleotídeo
trifosfato CTP e o UTP podem substituir o cofator ATP como doadores de grupo fosfato, embora o
ATP seja o principal doador. E tem uma constante de Michaelis (KM) para a fosforilação de 3 a 10
μM, tal constante expressa a afinidade da enzima pelo seu substrato (concentração de substrato na
qual uma quantidade fixa de enzima, em condição padrão, produz a metade da quantidade máxima
de produto de reação possível. A reação é regulada pelo “status” energético da célula e ocorre
quando ela tem energia. A reação é inibida quando ocorre o acúmulo de glicerol 3-fosfato
(retroalimentação negativa) , que é o produto imediato da reação de fosforilação. A KM da enzima
glicerol quinase hepática é de 3,16 x 10-6M (GIANFELICI,2009).

Segue abaixo um gráfico, proveniente do artigo “Crescimento e metabolismo energético de


juvenis de tilápia-do-nilo alimentados com glicerol” (COSTA, Diego Vicente da et al). Representando
a atividade da enzima metabólica glicerol quinase no fígado de juvenis de tilápia do Nilo
(Oreochromis niloticus) alimentados com diferentes concentrações de glicerol.
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 47

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRENDA-The comprehensive enzyme information system-Information on EC 2.7.1.30 - glycerol
kinase. Disponível em: <https://www.brenda-enzymes.org/enzyme.php?ecno=2.7.1.30#>. Acesso
em: 15 set. 2019.

SIB SWISS INSTITUTE OF BIOINFORMATICS. Homology modelling of protein structures and


complexes. Nucleic Acids Res. 46(W1), W296-W303 (2018). Guex, N., Peitsch, M.C., Schwede, T.
Automated comparative protein structure modeling with SWISS-MODEL and Swiss-PdbViewer: A
historical perspective. Electrophoresis 30, S162-S173 (2009). Disponível em:
<https://swissmodel.expasy.org/repository/uniprot/Q97XW1?csm=3A27B3EF44371E88>. Acesso
em: 15 set. 2019:

ALZEMBERG, Raquel. Produção de glicerol quinase em Pichia pastoris. Dissertação (Mestrado) -


Curso de Ciência dos Alimentos, Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade Estadual
Paulista “júlio de Mesquita Filho”-Unesp, Araraquara-São Paulo, 2011. Cap. 1. 112 f. Disponível
em:<https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/88349/aizemberg_r_me_arafcf.pdf;se
quence=1>. Acesso em: 16 set. 2019.

SANT'ANA, Estela. Fisiologia as avessas da estética. Revista Negócio Estética, Rio de Janeiro, p.70-
70, abr. 2013. Bimestral. Disponível em: <https://negocioestetica.com.br/site/fisiologia-as-avessas-
da-estetica/>. Acesso em: 16 set. 2019.
GIANFELICI, Mario Federico. USO DE GLICEROL COMO FONTE DE ENERGIA PARA FRANGOS DE
CORTE. 2009. 120 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Agronomia, Zootecnia, Universidade Federal
do Rio Grande do Sul Faculdade de Agronomia Programa de PÓs-graduação em Zootecnia, Porto
Alegre, 2009. Disponível em:
<https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/28308/000769981.pdf?sequence=1>. Acesso
em: 16 set. 2019.
COSTA, Diego Vicente da et al . Growth and energy metabolism of Nile tilapia juveniles fed
glycerol. Pesq. agropec. bras., Brasília , v. 50, n. 5, p. 347-354, May 2015 . Available from
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-
204X2015000500347&lng=en&nrm=iso>. Access
on 21 Sept. 2019. http://dx.doi.org/10.1590/S0100-204X2015000500001.
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 48

GLICOGÊNIO FOSFORILASE
Carolina da Silva Moreira

1. NOME: Glicogênio Fosforilase

1.1. CLASSIFICAÇÃO
Fosforilases são importantes enzimas alostéricas no metabolismo de carboidratos. O Glicogênio
Fosforilase é quem catalisa a degradação intracelular do glicogênio para glucose-1-fosfato, o
primeiro passo da Glicolíse. É classificado com uma ezima transferase, intracelular, que atua
sob ligações peptídicas.

1.2. CÓDIGO INTERNACIONAL DA ENZIMA

O código internacional da enzima Glicogênio Fosforilase é EC 2.4.1.1

2. ESTRUTURA PRIMÁRIA

10 20 30 40 50
MAKPLTDQEK RRQISIRGIV GVENVAELKK SFNRHLHFTL VKDRNVATTR
60 70 80 90 100
DYYFALAHTV RDHLVGRWIR TQQHYYDKCP KRVYYLSLEF YMGRTLQNTM
110 120 130 140 150
INLGLQNACD EAIYQLGLDI EELEEIEEDA GLGNGGLGRL AACFLDSMAT
160 170 180 190 200
LGLAAYGYGI RYEYGIFNQK IRDGWQVEEA DDWLRYGNPW EKSRPEFMLP
210 220 230 240 250
VHFYGKVEHT NTGTKWIDTQ VVLALPYDTP VPGYMNNTVN TMRLWSARAP
260 270 280 290 300
NDFNLRDFNV GDYIQAVLDR NLAENISRVL YPNDNFFEGK ELRLKQEYFV
310 320 330 340 350
VAATLQDIIR RFKASKFGST RGAGTVFDAF PDQVAIQLND THPALAIPEL
360 370 380 390 400
MRIFVDIEKL PWSKAWELTQ KTFAYTNHTV LPEALERWPV DLVEKLLPRH
410 420 430 440 450
LEIIYEINQK HLDRIVALFP KDVDRLRRMS LIEEEGSKRI NMAHLCIVGS
460 470 480 490 500
HAVNGVAKIH SDIVKTKVFK DFSELEPDKF QNKTNGITPR RWLLLCNPGL
510 520 530 540 550
AELIAEKIGE DYVKDLSQLT KLHSFLGDDV FLRELAKVKQ ENKLKFSQFL
560 570 580 590 600
ETEYKVKINP SSMFDVQVKR IHEYKRQLLN CLHVITMYNR IKKDPKKLFV
610 620 630 640 650
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 49

PRTVIIGGKA APGYHMAKMI IKLITSVADV VNNDPMVGSK LKVIFLENYR


660 670 680 690 700
VSLAEKVIPA TDLSEQISTA GTEASGTGNM KFMLNGALTI GTMDGANVEM
710 720 730 740 750
AEEAGEENLF IFGMRIDDVA ALDKKGYEAK EYYEALPELK LVIDQIDNGF
760 770 780 790 800
FSPKQPDLFK DIINMLFYHD RFKVFADYEA YVKCQDKVSQ LYMNPKAWNT
810 820 830 840
MVLKNIAASG KFSSDRTIKE YAQNIWNVEP SDLKISLSNE SNKVNGN

3. ESTRUTURA TRIDIMENSIONAL

4. FUNÇÃO E IMPORTÂNCIA DA ENZIMA

A Glicogênio Fosforilase catalisa a sequência de fosforilação do glicogênio para glucose 1-fosfato; é,


portanto, a enzima chave na utilização de reservas de glicogênio no músculo e fígado. Ao contrário
de outras enzimas dependentes de fosfato de piridoxal, nas quais o grupo carbonil é essencial para a
catálise, a base interna de Schiff entre o fosfato de piridoxal e a lisina na fosforilase do glicogênio não
é quebrada durante a reação. A região catalítica da coenzima é o grupo 5'-fosfato. O estágio inicial
na fosforólise do glicogênio é a protonação do oxigênio glicosídico do polissacarídeo pelo fosfato
inorgânico. O íon oxicarbonato resultante é estabilizado pelo fosfato inorgânico. O papel do fosfato
piridoxal é como um veículo protônico ou tampão para estabilizar o par de íons oxicarbonato-fosfato,
permitindo a ligação covalente do fosfato ao íon oxicarbonato, para formar 1-fosfato de glicose.

4.1. COFATORES

Segundo a Base de Dados Universal Protein, a Glicogênio Fosforilase tem como cofator o Pirodoxal
5’-fosfato, porém segundo a base Ebi Enzyme Portal esta enzima não possui cofatores.
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 50

4.2. SUBSTRATOS e CONSTANTE DE MICHAELIS (Km)

As enzimas alostéricas não seguem o tipo Michaelis-Menten. Elas resultam em uma curva de
saturação sigmóide e não uma curva hiperbólica. Na curva de saturação sigmóide (Figura 1) verifica-
se um valor da concentração de substrato no qual a velocidade inicial é metade da velocidade
máxima, mas que não é designado como KM. (GOMES, 2014) O substrato dessa reação é o [(1->4)-
alpha-D-glucosyl]n-1 + alpha-D-glucose 1-phosphate (UNIPROTKB)

Figura 1: “curva sigmoide de uma enzima alostérica” (fonte:


https://pt.khanacademy.org/science/biology/energy-and-enzymes/enzyme-regulation/a/basics-
of-enzyme-kinetics-graphs)

4.3. CINÉTICA ENZIMÁTICA

[(1->4)-alpha-D-glucosyl]n + phosphate = [(1->4)-alpha-D-glucosyl]n-1 + alpha-D-glucose 1-


phosphate

+ = +
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 51

5. REGULAÇÃO

Os processos de quebra e síntese do Glicogênio são regulados por interações alostéricas e


modificações covalentes de enzima-chave. A fosforilação é um dos principais constituintes dos
mecanismos de regulação das proteínas, esta forma de controle regulatório é essencial em muitas
vias regulatórias. A Glicogênio Fosforilase é um exemplo importante deste controle enzimático por
fosforilação. No músculo é ativada por AMP e inibida por ATP E G6P, ou seja, quando há alta demanda
de ATP (baixa[ATP] baixa [G6P] e alta [AMP]) a glicogênio fosforilase é estimulada, o que favorece a
degradação de glicogênio.

Fonte: http://www2.iq.usp.br/docente/nadja/Metabolismo_glicogenio.pdf

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

D.A. Bender, VITAMIN B6 | Physiology, in Encyclopedia of Food Sciences and Nutrition (Second
Edition), 2003. . Disponível em : <https://www.sciencedirect.com/topics/neuroscience/glycogen-
phosphorylase> Acesso em: 20 set. 2019

ENZYME PORTAL. Disponível em: <https://www.ebi.ac.uk/enzymeportal/ec/2.4.1.1> Acesso em: 20


set. 2019

Gomes, C.W.C. Enzimas regulatórias no controle do metabolismo. Seminário apresentado na


disciplina Bioquímica do Tecido Animal, Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2014. 10 Disponível em:
<https://www.ufrgs.br/lacvet/site/wp-content/uploads/2014/08/enzimas-regulatorias.pdf> Acesso
em 20 de set. 2019
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 52

KOMODA, Tsugikazu; MATSUNAGA, Toshiyuki , Metabolic Pathways in the Human Body,


in Biochemistry for Medical Professionals, 2015. Disponível em :
<https://www.sciencedirect.com/topics/neuroscience/glycogen-phosphorylase> Acesso em: 20 set.
2019

The Comprehensive Enzime Information System. Disponível em: <https://www.brenda-


enzymes.org/enzyme.php?ecno=2.4.1.1&Suchword=&reference=&UniProtAcc=&organism%5B%5
D=Homo+sapiens&show_tm=0> Acesso em: 20 set. 2019

UNIVERSAL PROTEIN. Disponívek em: <https://www.uniprot.org/uniprot/P06737> Acesso em: 20


set. 2019

VOET, Donald; VOET, Judith G.; PRATT, Charlotte W. Fundamentos de Bioquímica - 4. Ed.: A Vida em
Nível Molecular, pag 530. Disponível em: < https://books.google.com.br/books?hl=pt-
BR&lr=&id=lia6AwAAQBAJ&oi=fnd&pg=PR3&dq=glicog%C3%AAnio+fosforilase&ots=PkzMR5tVSl&s
ig=TjHdXumplJ7QPbUr6EF1W9rjjg8#v=onepage&q=glicog%C3%AAnio%20fosforilase&f=false>
Acesso em: 20 set. 2019
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 53

GLICOQUINASE
Andressa Mourão de Andrade

1. NOME

Glicoquinase (PT), Glucokinase (EN). Também pode ser encontrada como ATP-GLK, GCK, GK, GlcK,
glk, Glk1, GlkB, glucokinase, glucokinase (phosphorylating), glucokinase 1, glucokinase B,
hexokinase 2, hexokinase IV, Hgk, kinase, gluco- (phosphorylating), LmGlcK, NagC , SgGlkA,
TcGlcK, TTE0090.

1.1. CLASSIFICAÇÃO

É classificada como fosfotransferases que apresenta grupos alcoóis como aceptores.

1.2. CÓDIGO INTERNACIONAL DA ENZIMA

EC 2.7.1.2

2. ESTRUTURA PRIMÁRIA

A estrutura primária varia de acordo com a espécie analisada. No caso da hexoquinase em homo
sapiens, apresenta 445 aminoácidos. A sequência de segmentos mais relevantes apresenta:

0 MLDDRARMEA AKKEKVEQIL AEFQLQEEDL KKVMRRMQKE MDRGLRLETH EEASVKMLPT

60 YVRSTPEGSE VGDFLSLDLG GTNFRVMLVK VGEGEEGQWS VKTKHQMYSI PEDAMTGTAE

120 MLFDYISECI SDFLDKHQMK HKKLPLGFTF SFPVRHEDID KGILLNWTKG FKASGAEGNN

180 VVGLLRDAIK RRGDFEMDVV AMVNDTVATM ISCYYEDHQC EVGMIVGTGC NACYMEEMQN

240 VELVEGDEGR MCVNTEWGAF GDSGELDEFL LEYDRLVDES SANPGQQLYE KLIGGKYMGE

300 LVRLVLLRLV DENLLFHGEA SEQLRTRGAF ETRFVSQVES DTGDRKQIYN ILSTLGLRPS

360 TTDCDIVRRA CESVSTRAAH MCSAGLAGVI NRMRESRSED VMRITVGVDG SVYKLHPSFK

420 ERFHASVRRL TPSCEITFIE SEEGSGRGAA LVSAVACKKA CMLGQ

Fig 1. Amino Acid Sequence - Protein Data Bank Japan


ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 54

3. ESTRUTURA TRIDIMENSIONAL

A Glicoquinase apresenta uma conformação ativa (A) e uma conformação inativa (B)

Fig 2. Structure 2004 12, 429-438DOI: (10.1016/j.str.2004.02.005)

Fig 3. Crystal structure of human glucokinase – Protein Data Bank Japan

4. FUNÇÃO E IMPORTÂNCIA DA ENZIMA

A Glicoquinase atua na primeira etapa da produção de glicogênio e na glicólise. Essa enzima fosforila
a glicose produzindo glicose-6-fosfato, um dos principais substratos da síntese desse polissacarídeo
de reserva animal. No corpo humano, é encontrada em maior quantidade nos hepatócitos e em
menor quantidade nas células pancreáticas onde atua. Essa proteína atua no controle do fluxo
glicolítico como um sensor de glicose no sistema e, consequentemente atua na liberação de
insulina.
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 55

5. REGULAÇÃO

A atividade da glicoquinase varia de acordo com a quantidade de glicose presente no sistema


através da ação de uma proteína reguladora. Com a redução da concentração da glicose disponível,
essa proteína remove a glicoquinase da porção periférica do citoplasma e a transfere para o núcleo
onde ficará armazenada em sua forma inativa.

Fig 4. Conformação da glicoquinase associada a ação da proteína reguladora e a variação da


quantidade de glicose

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CASPI, Ron et al. The MetaCyc database of metabolic pathways and enzymes and the BioCyc
collection of Pathway/Genome Databases. Nucleic Acids Research, [s.l.], v. 42, n. 1, p.459-471, 12
nov. 2013. Oxford University Press (OUP). http://dx.doi.org/10.1093/nar/gkt1103.

ENZYME EC 2.7.1.2. ExPASy Bioinformatics Resource Portal. Disponível em:


<https://enzyme.expasy.org/cgi-bin/enzyme/enzyme-search-ec>. Acesso em: 10 set. 2019

ENZYME EC 2.7.1.2. KEGG: Kyoto Encyclopedia of Genes and Genomes. Disponível em:
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EUROPEAN BIOINFORMATICS INSTITUTE (Inglaterra) (Org.). EC 2.7.1.2 - glucokinase. Disponível em:


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HABER, Esther P. et al . Secreção da insulina: efeito autócrino da insulina e modulação por ácidos
graxos. Arq Bras Endocrinol Metab, São Paulo , v. 45, n. 3, p. 219-227, June 2001 . Available from
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-
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http://dx.doi.org/10.1590/S0004-27302001000300003

Information on EC 2.7.1.2 - glucokinase. Disponível em: < https://www.brenda-


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Enzyme Structures Database. 2018. Disponível em: <https://www.ebi.ac.uk/thornton-
srv/databases/cgi-bin/enzymes/GetPage.pl>. Acesso em: 11 set. 2019.
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Kamata K, Mitsuya M, Nishimura T, Eiki J, Nagata Y. Structural basis for allosteric regulation of the
monomeric allosteric enzyme human glucokinase. Structure. 2004;12(3):429-38

Shiota C, Coffey J, Grimsby J, Grippo JF, Magnuson MA. 1999. Nuclear import of hepatic glucokinase
depends upon glucokinase regulatory protein, whereas export is due to a nuclear export signal
sequence in glucokinase. J Biol Chem 274:37125–37130.
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 57

HEXOQUINASE
Gabriela Herman

1. NOME

Hexoquinase (do inglês hexokinase) é uma enzima que possui como denominação oficial o
respectivo título. Suas isoenzimas são: hexoquinase tipo I; hexoquinase tipo II; hexoquinase tipo III
e hexoquinase tipo IV (ou glicoquinase) (1), sendo que estas quatro variações estão presentes no
organismo de vertebrados (2).

1.1. CLASSIFICAÇÃO

Pertencente à classe dois, a hexoquinase é classificada como uma transferase (1). Além disso, o
sufixo "quinase" indica que esta é uma enzima responsável pela catalisação das reações de
fosforilação, através da transferência de grupos fosfato para os substratos envolvidos na reação (3).

1.2. CÓDIGO INTERNACIONAL DA ENZIMA

EC 2.7.1.1 (1).

1. ESTRUTURA PRIMÁRIA
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 58

A hexoquinase-1 (ou HK-1), pode ser encontrada no organismo humano (1). A sequência de
aminoácidos mais as ligações peptídicas, é o que caracteriza a estrutura primária de uma enzima. A
forma humana da HK-1 apresenta a seguinte estrutura (Fig.1) (4).

3. ESTRUTURA TRIDIMENSIONAL

A HK-1, se estiver em condições que mantenham sua configuração nativa preservada (5), apresenta
a seguinte estrutura tridimensional (Fig. 2) (4).

FIGURA 2- Estrutura tridimensional (ou terciária) da HK-1 P19367 (Homo sapiens). (4)

4. FUNÇÃO E IMPORTÂNCIA DA ENZIMA

A HK-1 possui extrema importância na catálise da fosforilação de hexoses (ex. glicose). Este processo
de fosforilação resulta em moléculas de hexose 6-fosfato. A HK-1 atua na primeira etapa da via
glicolítica, catalisando a reação que fosforila a glicose em glicose-6-fosfato (mecanismo que será
esclarecido posteriormente neste texto), sendo assim participante do metabolismo de carboidratos.
Além disso, esta enzima, que pode ser localizada no citoplasma e na mitocôndria celular, está ligada
à imunidade e processos de inflamação, visto que possui receptores que reconhecem padrões de
peptidioglicanos bacterianos no citosol da célula, iniciando o processo inflamatório. (4)

4.1 - GLICÓLISE

A glicose é um monossacarídeo com importância primordial para a sucessão do metabolismo de


carboidratos e metabolismo energético, visto que é o principal substrato oxidável, o que
consequentemente a torna numa fonte energética aceita universalmente. A sua oxidação na via
glicolítica, resulta na síntese de piruvato (6).

O processo de digestão de carboidratos inicia-se na mastigação, segue para o estômago e, na


mucosa intestinal, continua com a absorção de monossacarídeos derivados de um polissacarídeo
inicial. Neste momento, no citosol das células intestinais, se dará o início da glicólise, processo
metabólico complexo que envolve 10 reações enzimáticas, dividido em três estágios: 1-
Investimento, 2-Rendimento e 3-Extração (pagamento) (6). A atuação da hexoquinase acontece no
estágio 1, que se dá da seguinte forma: a molécula de glicose é reorganizada para garantir a ligação
com o grupo fosfato. Para que a fosforilação ocorra, uma molécula de ATP precisa ser hidrolisada,
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 59

formando uma molécula de ADP e um íon fosfato inorgânico. É esse íon que se ligará à glicose, numa
transferência que é justamente mediada pela enzima hexoquinase e, como produto desta reação,
tem-se o composto glicose-6-fosfato (7). A reação catalisada é observada na ilustração abaixo (Fig.3)
(6).

Abaixo estão ilustrações da mudança na conformação da enzima ao ligar-se com o seu substrato
(Figs. 4 e 5) (6).

5.

REGULAÇÃO

Reguladores modulam a atividade enzimática em reações que não participam como substratos,
podendo atuar como ativadores (aumento da afinidade enzima-substrato) ou como inibidores
(diminuição da afinidade enzima-substrato), ligando-se em um sítio diferente do sítio ativo. Os
cofatores não podem ser considerados reguladores enzimáticos pois estes são considerados como
parte integrante da enzima, sendo que a junção da enzima e seu cofator é o que define o conceito
de Holoenzima. tendo em vista estes conceitos prévios, o principal regulador da enzima
hexoquinase é seu próprio produto glicose-6-fosfato. Esta molécula atua como inibidor da atividade
enzimática quando encontra-se em grandes concentrações no citosol, tal fenômeno é denominado
feedback negativo (8).

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1- SIB. ExPASy ENZYME: Bioinformatics Resource Portal. Disponível em:


<https://enzyme.expasy.org/>. Acesso em: 11 set. 2019.
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 60

2- UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA. Visão Bioquímica. 2019. Disponível em:


<http://www.lbqp.unb.br/bioq/htm/biomoleculas/enzimas/2-7-1-1.HTM>. Acesso em: 11 set.
2019.
3- GUYOTI, Viviane; GONZÁLEZ, Félix H. D.; UFRGS. Proteínas quinases e a ação hormonal. 2009.
Disponível em: <https://www.ufrgs.br/lacvet/restrito/pdf/protquinases.pdf>. Acesso em: 17 set.
2019.
4- European Bioinformatics Institute; Sib Swiss Institute Of Bioinformatics; Protein Information
Resource. Universal Protein Resource (UniProt). 2019. Disponível em:
<https://www.uniprot.org/uniprot/P19367>. Acesso em: 12 set. 2019
5- BORGES, Júlio César; USP. Estrutura, função e dinâmica de proteínas. Disponível em:
<http://graduacao.iqsc.usp.br/files/Aula04BioqI_Prote%C3%ADnas.pdf>. Acesso em: 15 set. 2019
6- BORGES, Júlio César; USP. Glicólise. Disponível em:
<http://graduacao.iqsc.usp.br/files/Aula02_BioqII-CFBio_Gliocolise.pdf>. Acesso em: 17 set. 2019.
7- KHAN ACADEMY. Glicólise. Disponível em:
<https://pt.khanacademy.org/science/biology/cellular-respiration-and-
fermentation/glycolysis/a/glycolysis>. Acesso em: 19 set. 2019.
8- SENGER, Clóvis Clenio Diesel; GONZÁLEZ., Félix H. D.; UFRGS. Papel dos minerais como cofatores
enzimáticos. 2002. Disponível em: <https://www.ufrgs.br/lacvet/restrito/pdf/minerais.pdf>.
Acesso em: 19 set. 2019.
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 61

LACTATO DESIDROGENASE

Dayana Solek Ferreira

1. NOME:
Ácido L-lactato desidrogenase, desidrogenase do ácido láctico; L (+) - NLDH; L - (+) - lactato
desidrogenase; Desidrogenase L-láctica; Desidrogenase do ácido L-láctico; desidrogenase de
lactato; desidrogenase láctica; NAD-lactato desidrogenase.
Nome sistemático: (S) - lactato: NAD + oxidoredutase.

1.1. CLASSIFICAÇÃO:
Oxidoredutase. A atuação dessa enzima será no grupo de doadores CH-OH; Com NAD + ou
NADP + como aceitador.

1.2. CÓDIGO INTERNACIONAL DA ENZIMA:


EC 1.1.1.27
EC 1. Oxiredutase
EC 1.1 Atuação no grupo de doadores CH-OH
EC 1.1.1 Com NAD (+) ou NADP+ como aceitador

2. ESTRUTURA PRIMÁRIA:
Estrutura primária para a Bactéria - Streptococcus.

mtstkqhkkv ilvgdgavgs syafalvnqg iaqelgiiei pqlhekavgd aldlshalaf


tspkkiyaaq ysdcadadlv vitagapqkp getrldlvgk nlainksivt qvvesgfkgi
flvaanpvdv ltystwkfsg fpkervigsg tsldsarfrq alaekldvda rsvhayimge
hgdsefavws haniagvnle eflkdtqnvq eaelielfeg vrdaaytiin kkgatyygia
valaritkai lddenavlpl svfqegqygv envfigqpav vgahgivrpv niplndaetq
kmqasakelq aiideawknp efqeaskn

3. ESTRUTURA TRIDIMENSIONAL:
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 62

4. FUNÇÃO E IMPORTÂNCIA DA ENZIMA:

Essa enzima é uma das mais evoluídas no requisito de estrutura tridimensional, na


dobragem, na estabilidade e no mecanismo catalítico. A L-láctato desidrogenase tem sua
importância no metabolismo glicolítico anaeróbio, transformando glicose em energia nas células.
Essa enzima catalisa (S)-Lactato + NAD (+) piruvato + NADH, ou seja, ela catalisa o último passo na
glicólise, convertendo piruvato em lactato, com a oxidação simultânea de NADH.

Essa reação ocorre desde bactéria até humanos, e tem sua relevância em meios de baixa
concentração de oxigênio, pois a energia necessária para a sobrevivência de animais vertebrados é
decorrente da glicólise anaeróbica, e esse mecanismo conserva a manutenção da função da enzima
no organismo.

Há um conhecimento grande das sequências de genes e aminoácidos de LDH (lactato


desidrogenase) do organismo psicofílicos, termofílicos e mesofílicos, em recorrência disso o LDH se
tornou um modelo padrão para o estudo das bases estruturais da adaptação da temperatura no
nível de proteínas e de DNA. A função catalítica é mantida em várias temperaturas por causa da
flexibilidade das proteínas por meio de interações intramolecular e intermolecular, esse mecanismo
foi investigado por métodos de cinética transitória e modelos de estado estacionário.

5. REGULAÇÃO:

A LDH foi determinada para formar dois eixos ao longo dos locais de ligação ao FBP e dois
locais ativos, chamados de P e Q, formando assim um tetrâmero com dois locais de ligação, quando
não apresenta FBP há dois resíduos positivos conservados, o Arg e His geralmente podem ocasionar
repulsão em subunidades. Alguns autores afirmam que ocorre um estado T inativo e um R ativo,
onde a ativação do LDH ocorre por causa de FBP (substancia carregada negativamente), pois quando
adicionado FBP neutraliza a repulsão de dois dímeros e estabiliza a oligomerização tetramérica por
causa das ligações de hidrogênio com Arg-173. Outros estudos revelam que o LDH de B.
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 63

steatothermophilus está em equilíbrio em dímeros e tetraméricos o que ocasiona uma


tratamerização pela adição de FBP.

Foi analisado que a adição de fosfato pode afetar como inibidor a ativação de LDH por ligação
do sítio alostérico ou no sítio catalítico; ocorreu um experimento para os efeitos de P na atividade
de LDH tanto na presença de FBP quanto na ausência do mesmo. Com a concentração de P para as
medições de 0 a 200 m M na presença e ausência de FBP e para pH 6 e pH 7. A atividade enzimática
é medida para 0 m MP e 3 m M FBP para cada enzima em todos os pH. As linhas verdes e azuis
correspondem às experiências em pH 6 e pH 7 e O m M FBP. Os círculos pretos e vermelhos referem-
se a pH 6 e pH 7 E 3 n M de FBP.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AUERBACH G, et al, Lactate dehydrogenase from the hyperthermophilic bacterium


Thermotoga maritima: the crystal structure at 2.1 Å resolution reveals strategies for intrinsic protein
stabilization. Disponível em:
<https://www.cell.com/structure/fulltext/S09692126(98)000781?_returnURL=https%3A%2F%2Fli
nkinghub.elsevier.com%2Fretrieve%2Fpii%2FS0969212698000781%3Fshowall%3Dtrue#secd7610
556e1350>. Acesso em: 13 set. 2019.
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 64

BRENDA. Information on EC 1.1.27 L-lactate dehydrogenase. Disponível em:


<https://www.brenda-enzymes.org/enzyme.php?ecno=1.1.1.27#SYNONYM>. Acesso em: 13 set.
2019.

CATRO N. Evolução adaptativa nos genes da família DLH em teleóstelo. Manaus. Amazonas,
2015. Disponível em
<https://bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/2300/5/Nayara_GCBEV_Disserta%c3%a7%c3%a3o%20V
ERS%c3%83O%20FINAL_Definitiva.pdf> Acesso em: 13 set. 2019.

EBI, EC 1.1.1.27. Disponível em: <https://www.ebi.ac.uk/thornton-srv/databases/cgi-


bin/enzymes/GetPage.pl>. Acesso em: 13 set. 2019.

FELDMAN-SAILT A, et al, Regulation of the Activity of Lactate Dehydrogenases from Four Lactic
Acid Bacteria. Janeiro, 2013. Disponível em:
<https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3774398/pdf/zbc21295.pdf>. Acesso em: 20 set.
2019

NCBI. MULTISPECIAIS: Lactate dehydrogenase Streptococcus. Disponível em:


<https://www.ncbi.nlm.nih.gov/protein/WP_000204727.1>. Acesso em: 17 set. 2019.
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 65

LECITINA ACILTRANSFERASE
Maria Gabriele Alves Ramos

1. NOME
LECITINA ACILTRANSFERASE

1.1. CLASSIFICAÇÃO
Fosfatidilcolina - esterol O- aciltransferase; Transferase
1.2. CÓDIGO INTERNACIONAL DA ENZIMA
EC 2.3.1.43

2. ESTRUTURA PRIMÁRIA

10 20 30 40 50
MGPPGSPWQW VTLLLGLLLP PAAPFWLLNV LFPPHTTPKA ELSNHTRPVI
60 70 80 90 100
LVPGCLGNQL EAKLDKPDVV NWMCYRKTED FFTIWLDLNM FLPLGVDCWI
110 120 130 140 150
DNTRVVYNRS SGLVSNAPGV QIRVPGFGKT YSVEYLDSSK LAGYLHTLVQ
160 170 180 190 200
NLVNNGYVRD ETVRAAPYDW RLEPGQQEEY YRKLAGLVEE MHAAYGKPVF
210 220 230 240 250
LIGHSLGCLH LLYFLLRQPQ AWKDRFIDGF ISLGAPWGGS IKPMLVLASG
260 270 280 290 300
DNQGIPIMSS IKLKEEQRIT TTSPWMFPSR MAWPEDHVFI STPSFNYTGR
310 320 330 340 350
DFQRFFADLH FEEGWYMWLQ SRDLLAGLPA PGVEVYCLYG VGLPTPRTYI
360 370 380 390 400
YDHGFPYTDP VGVLYEDGDD TVATRSTELC GLWQGRQPQP VHLLPLHGIQ
410 420 430 440
HLNPVP

3. ESTRUTURA TRIDIMENSIONAL
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 66

Fonte: https://www.uniprot.org

4. FUNÇÃO E IMPORTÂNCIA DA ENZIMA

A função da enzima Lecitina Colesterol Aciltransferase (LCAT) está ligada ao transporte


de colesterol em fluxo no organismo e sendo principal responsável pela retirada do colesterol nos
tecidos. LCAT, uma enzima solúvel, que transforma colesterol e fosfatidilcolinas (lecitinas) em
ésteres de colesterol, superiormente nas lipoproteínas de alta densidade. A LCTA, também tem
importância da atividade reversa do colesterol, diretamente dos tecidos para o fígado, da mesma
maneira, no metabolismo das lipoproteínas plasmáticas. Essa enzima possui uma importância na
medição de algumas doenças como, por exemplo, hepáticas ou deficiências genéticas que são
devido a ausência, ou baixo nível de concentração da LCAT.
Segundo Manthei et al., 2017, alguns estudos sugerem que, no caso da enzima Lecitina
Colesterol Aciltransferase (LCAT), uma tampa bloqueia o local ativo e impede o sítio ativo em sua
conformação inativa, abrindo em respostas aos substratos após o contato com o HDL. A enzima
LCAT, em sua estrutura, está associada a um ativador e a um inibidor covalente, assim sendo um
intermédio entre o ativador fluorofosfanato de isopropil, na qual a enzima irá admitir uma
conformação ativa com tampa aberta. Em sua maioria, o colesterol é sintetizado no fígado e
transportado como éster de colesterol que será formado pela Lecitina Colesterol Aciltransferase
onde acarretará o direcionamento dela, a partir de um ácido graxo da lecitina para o colesterol, ou
sob funcionamento da acil-CoA colesterol aciltransferase (ACAT), a qual é uma enzima intracelular.

4.1. COFATORES

Apolipoproteína A-1 é um cofator.

4.2. CONSTANTE DE MICHAELIS (Km).

1. K M = 0,97 mM para publicação LDL


2. K M = 0,4 mM para publicação HDL
3. K M = 0,10 mM para HDL
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 67

1. V max = 8,3 mmol / min / mg de enzima com LDL como substrato


2. V max = 0,58 mmol / min / mg de enzima com HDL 2 como substrato
3. V max = 2,0 mmol / min / mg de enzima com HDL 3 como substrato

4.3. SUBSTRATOS
HDL é o substrato da LCAT.

5. REGULAÇÃO
APOA1 é o ativador mais potente no plasma. Portanto, a LCAT também poderá ser ativada por
APOE, APOC1 e APOA4, sendo a apolipoproteína a principal reguladora da enzima Lecitina
Aciltransferase (LCAT).

6. PATOLOGIAS
Deficiência de LCAT: É uma doença rara do metabolismo das lipoproteínas que tem como
característica opacidades da córnea, e em alguns casos insuficiência renal e anemia hemolítica, e
também pela redução abundante do colesterol HDL. Essa ausência pode causar doenças como:
• Doença de Norum;
• Doença de olho de peixe;
• Ltiose oftálmica;

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SILVA, Cesar Augusto da et al . Efeito de tratamento cirúrgico sobre a atividade da enzima hepática
lecitina: colesterol aciltransferase (LCAT) na esquistossomose mansônica. Acta Cir. Bras., São
Paulo, v. 17, supl. 1, p. 28-30,2002.Disponível em: http://www.scielo.br/ Acesso em 13 Set. 2019.

THE Comprehensive Enzyme Information System: BRENDA. Alemanha. 2019. Disponível em:
<https://www.brenda-enzymes.org/>. Acesso em: 12 set. 2019.

PubMed. Bethesda: US National Library of Medicine. Disponível em:


https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/. Acesso em: 13 set 2019.

RESOURCE, The Universal Protein. Uniprot. . 2019. Suiça Disponível em:


<https://www.uniprot.org>. Acesso em: 13 set. 2019.

CALABRESI, Laura; FRANCESCHINI, Guido. Orphanet. 2012. Disponível em:


<https://www.orpha.net/>. Acesso em: 20 set. 2019.
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 68

MALATO DESIDROGENASE
Antônio Francisco Jacó Rodrigues

1. NOME

Malato Desidrogenase/Malate dehydrogenase.


1.2. CLASSIFICAÇÃO

Pertencente a classe das oxidorredutases.

1.2. CÓDIGO INTERNACIONAL DA ENZIMA

EC 1.1.1.37

2. ESTRUTURA PRIMÁRIA

Fonte: UniProt (2007)

3. ESTRUTURA TRIDIMENSIONAL

Imagem 1 – Estrutura tridimensional da


enzima Malato Desidrogenase

Fonte: NCBI (2007)


ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 69

4. FUNÇÃO E IMPORTÂNCIA DA ENZIMA

Ao considerarmos a malato desidrogenase presente no homo sapiens, ser humano, tem


a função de catalizar o malato em oxaloacetato. Presente na parte final do Ciclo do Ácido Cítrico,
também conhecido como Ciclo de Krebs, que, quimicamente mostra a obtenção de energia das
células do nosso corpo. A malato desidrogenase é responsável por catalisar a regeneração do
oxaloacetato; que ocorre através da oxidação do grupo hidroxila no malato e redução do NAD +.

Imagem 3 – Reação de oxidorredução

Fonte: EBI (2017)

Também está envolvida na gliconeogênese, a síntese de glicose a partir de moléculas


menores. O piruvato presente nas mitocôndrias é acionado pelo piruvato carboxilase para formar
oxaloacetato, um intermediário do ciclo do ácido cítrico. A fim de retirar o oxaloacetato das
mitocôndrias, o malato desidrogenase o reduz a malato e, em seguida, atravessa a membrana
mitocondrial interna. Uma vez no citosol, o malato é oxidado de volta ao oxaloacetato pela malato
citosólico desidrogenase. Por fim, a fosfoenolpiruvato carboxiquinase (PEPCK) converte
oxaloacetato em fosfoenolpiruvato (PEP).

5. REGULAÇÃO

A enzima malato desidrogenase é regulada alostericamente. A produção de oxaloacetato


é estimulada por altas concentrações de malato. Com as várias reações do ciclo, dois carbonos em
citrato são oxidados em CO2 e a via de reação fornece NADH para a fosforilação oxidativa, a malato
desidrogenase é ativada especificamente pelo citrato na direção malato ---> oxaloacetato e inibida
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 70

pelo citrato na direção oxaloacetato ---> malato, porque não gera o produto final esperado da
reação.

Imagem 4 – Reação de oxidorredução do Malato

Fonte: EBI (2017)

O citrato não se liga ao local catalítico das enzimas, mas em local regulatório. O citrato influencia o
equilíbrio entre duas conformações da enzima. Cada NAD + e NADH se ligam a uma conformação
especifica da enzima, com o citrato se ligando apenas à conformação da enzima que também se liga
a NAD + o glutamato inibe a produção de oxaloacetato pela malato desidrogenase; porém, o
aspartato aminotransferase pode associar-se ao complexo alfa-cetogluterato desidrogenase. Este
complexo binário pode associar-se ao dímero da desidrogenase do malato e formar um complexo
ternário; permitindo a inibição reversa da oxidação do malato pelo glutamato. O glutamato reage
com a aminotransferase no complexo ternário sem inibir o malato desidrogenase. A formação deste
complexo ternário aumenta a atividade da desidrogenase do malato devido a uma diminuição no
Km do malato.

Estudos cinéticos mostram que a atividade enzimática da malato desidrogenase é


solicitada. O cofator NAD + / NADH está ligado à enzima antes do substrato. O valor de Km para o
malato, na atividade enzimática é de 2 mM e o valor de Kcat é 259,2 s-1. O ΔG'° da malato
desidrogenase é +29,7 kJ / mol e o ΔG (na célula) é 0 kJ / mol.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Wagner Fontes. Universidade de Brasília. ENZIMA - EC 1.1.1.37 Malato desidrogenase.


Disponível em: <http://www.lbqp.unb.br/bioq/htm/biomoleculas/enzimas/1-1-1-37.HTM>. Acesso
em: 11 set. 2019.

ESTADOS UNIDOS. Warren Gallagher. University Of Wisconsin-eau Claire. The Structure-Function


Relationships for the Enzymes in the Citric Acid Cycle. 2000. Disponível em:
<https://www.chem.uwec.edu/Webpapers2000/Pages/Webpapers2000/freecr/pages/regulation.h
tml>. Acesso em: 11 set. 2019.

INGLATERRA. EUROPEAN MOLECULAR BIOLOGY LABORATORY FROM CAMBRIDGE UNIVERSITY.


Enzyme Structures Database. 2018. Disponível em: <https://www.ebi.ac.uk/thornton-
srv/databases/cgi-bin/enzymes/GetPage.pl>. Acesso em: 11 set. 2019.
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 71

NUNES, Ana et al. PRISMA À LUZ DA FÍSICA: O mistério da forma das proteínas. 2010. Disponível em:
<http://cftc.cii.fc.ul.pt/PRISMA/capitulos/capitulo4/modulo4/topico6.php>. Acesso em: 15 set.
2019.

MADEJ, T et al. Crystal Structure Of Human Malate Dehydrogenase Type 2. 2014. Disponível em:
<https://www.ncbi.nlm.nih.gov/Structure/pdb/2DFD>. Acesso em: 15 set. 2019.
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 72

PIRUVATO CARBOXILASE
Nataly Alves Cuduh

1. NOME

Padrão: UDP – hexose -1- fosfato uridililtranferase

Alternativo: Galactose 1- fosfato uridil transferase e Galt

1.1. CLASSIFICAÇÃO

Transferase

1.2. CÓDIGO INTERNACIONAL DA ENZIMA

EC 2.7.7.12

2. ESTRUTURA PRIMÁRIA

As proteínas se enovelam e passam por até 4 estruturas denominadas primária, secundária, terciária e
quaternária. A primeira estrutura citada é definida por uma sequência de aminoácidos. A galactose 1
fosfato uridil transferase (GALT) é uma proteína dimérica rica em fita beta. Segue a sequência de
aminoácido presente no organismo humano

MSRSGTDPQQRQQASEADAAAATFRANDHQHIRYNPLQDEWVLVSAHRMKRPWQGQVEPQ
LLKTVPRHDPLNPLCPGAIRANGEVNPQYDSTFLFDNDFPALQPDAPSPGPSDHPLFQAK
SARGVCKVMCFHPWSDVTLPLMSVPEIRAVVDAWASVTEELGAQYPWVQIFENKGAMMGC
SNPHPHCQVWASSFLPDIAQREERSQQAYKSQHGEPLLMEYSRQELLRKERLVLTSEHWL
VLVPFWATWPYQTLLLPRRHVRRLPELTPAERDDLASIMKKLLTKYDNLFETSFPYSMGW
HGAPTGSEAGANWNHWQLHAHYYPPLLRSATVRKFMVGYEMLAQAQRDLTPEQAAERLRA
LPEVHYHLGQKDRETATIA.

3.ESTRUTURA TRIDIMENSIONAL

Estrutura tridimensional em homo sapiens (humano)


ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 73

4. FUNÇÃO E IMPORTÂNCIA DA ENZIMA

O metabolismo da lactose é essencial para a degradação da proteína e utilização dela no organismo


humano, processo que ocorre na Via de Leloir a qual precisa de três enzimas galactosequinase
(GALK; EC 2.7.1.6),, a UDP-galactose-4-epimerase (GALE; EC 5.1.3.2) e galactose-1-fosfato
uridiltransferase (GALT; EC 2.7.7.12) sendo essa última o alvo do trabalho e tendo como
função de catalisar a transferência de um grupo UMP da UDP-glicose para a galactose-1-
fosfato, produzindo glicose-1-fosfato e UDP-galactose os quais formam energia utilizada no
corpo humano e glicoconjungado respectivamente.

A deficiência causada pela ausência da ação da enzima galactose-1-fosfato uridiltransferase


é a galactosemia caracterizada por uma deficiência genética, ou seja, ocorre uma mutação
no gene que gera a troca de um aminoácido o mais comum é a troca da glutamina para
arginina. A doença já se manifesta no momento que o paciente ingere alimento rico em
lactose, ocorrendo então no período neonatal após a ingestão de leite, pela falta da ação
enzimática se tem o acumulo de galactose-1- fosfato que acarreta vários sintomas dentre
eles falha no crescimento, vomito, diarreia, disfunções hepáticas e icterícia e aumento
desse substrato no plasma sanguíneo.

4.1 COFATOR

Íon Zinco

4.2 SUBSTRATO E CONSTANTE DE MICHAELIS (KM)

Os substratos são a α-D-galactose 1-phosphate e UDP-α-D-glucose que ao considerar a constante


de Michaelis definida pela concentração de substrato necessária para que a reação alcance a
metade de velocidade máxima vemos que os valores de km são 1.25 mM (pH 8.07) e 0.43 mM
(pH 8.7) respectivamente.
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 74

5. REAÇÃO

A enzima GALT faz uma reação do tipo reversível, ou seja, pode fazer a reação nos dois sentidos do
ponto de equilíbrio.

UDP-
alpha-D-
+ = + galactos
UDP-alpha-D-glucose alpha-D-galactose alpha-D-glucose 1- e
1-phosphate phosphate

Reação galactose 1 fosfato uridiltransferase

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BIOINFORMATICS RESOURCE PORTAL. Disponível em: < https://enzyme.expasy.org>. Acesso em 12


set. 2019

Kyoto Encyclopedia of Genes and Genomes. Disponivel em: <https://www.genome.jp/dbget-


bin/www_bget?hsa:2592.>. Acesso em set. 2019
Thomas J. McCorvie, Jolanta Kopec, Angel L. Pey, Fiona Fitzpatrick, Dipali Patel, Rod Chalk, Leela
Shrestha, Wyatt W. Yue. Molecular basis of classic galactosemia from the structure of human
galactose 1-phosphate uridylyltransferase

UniProt Knowledgebase. UniProtKB. /disponível em: <https://www.uniprot.org/uniprot/P07902 >


Acesso em set 18. 2019

DAROS, Jussara Panatto.Altas concentrações de galactose aumentam a atividade da enzima


acetilcolinesterase em cortx cerebral de ratões jovens in vitro.Criciúma, junho de 2011.
SILVA, Ana; CARDOSO, Inês Lopes. Diagnóstico da galactosemia clássica. 2008.
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 75

UREASE
Felipe Vieira França

1. NOME

Nome recomendado de acordo com a molécula na qual a enzima exerce sua ação
catalítica: urease. De acordo com a União Internacional de Bioquímica e Biologia Molecular
(IUMBM) recebe o nome de uréia amidohidrolase.

1.1. CLASSIFICAÇÃO

Classe das Hidrolases, as quais necessitam de metais para exercer sua atividade catalítica.

Cofator: Ni(2+)

1.2. CÓDIGO INTERNACIONAL DA ENZIMA

EC 3.5.1.5

EC – Classificação enzimática

3. – Classe das Hidrolases

5. – Subclasse das Hidrolases que quebram ligações C-N

1. – Subclasse das Hidrolases que quebram ligações C-N em amida linear

5. – Número de ordem da enzima

1.3 UREASE DA H. PYLORI

A urease é uma enzima altamente expressa por H. pylori, podendo compor de 10% a 15%
das proteínas totais dessa bactéria. A urease nativa de H. pylori possui massa molecular de
aproximadamente 1,1 MDa, é uma metaloenzima níquel dependente 21 e dodecamérica. Em solução
também podem ser encontrados hexâmeros de HPU, bem como formas menores. Sua unidade
funcional (“monômero”) é composta por duas cadeias polipeptídicas (UreA [30kDa] e UreB [62kDa])
em proporção 1:1. A afinidade dessa enzima pelo substrato uréia, com um Km ~ 0.3 mM, a torna
cataliticamente eficiente até mesmo nas concentrações submilimolares de uréia presentes nos
fluidos humanos. A enzima quebra a ureia presente no suco gástrico em amônia (Fig 3A) que vai
neutralizar o ambiente ácido que mantido pelo HCl (ácido clorídrico) do suco gástrico (Fig 3B).
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 76

2. ESTRUTURA PRIMÁRIA

1 mntyaqeskl rlktkigadg rcviednfft ppfklmapfy pkddlaeiml lavspgmmrg

61 daqdvqlnig pncklritsq sfekihnted gfasrdmhiv vgenafldfa pfplipfena

121 hfkgnttisl rsssqllyse iivagrvarn elfqfnrlht kisilqdekp iyydntildp

181 kttdlnnmcm fdgythylnl vlvncpielf gvrewieesq gvdgavseia sshlcvkala

241 kgsepllhlr ekiacfitqt itqkv

*dados obtidos a partir da Urease H. Pylori

3. ESTRUTURA TRIDIMENSIONAL

*dados obtidos a partir da Urease H. Pylori

4. FUNÇÃO E IMPORTÂNCIA DA ENZIMA

Ureases são metaloenzimas dependentes de níquel que catalisam a hidrólise de uréia em


amônia (NH3) e dióxido de carbono (CO2), sendo sintetizadas por plantas, fungos e bactérias. Em
relação a ureases microbianas, algumas são consideradas fatores de virulência para micro-
organismos, ou seja, auxiliam na patogênese dos mesmos. Um exemplo é a urease de Helicobacter
pylori. Esta bactéria é capaz de colonizar nosso estômago, sendo que uma das principais razões pelo
seu sucesso de infectar um local tão inóspito, é a produção de urease, que alcaliniza o pH estomacal,
pela formação de amônia. Dessa forma, gera um microambiente favorável para a multiplicação
bacteriana.
Uma vez que humanos não produzem essas enzimas, as ureases têm sido propostas como
alvos terapêuticos para doenças causadas por micro-organismos que a produzem, sendo que
diversos inibidores da atividade ureásica (moléculas que se ligam ao sítio ativo, impedindo a reação
enzimática) vêm sendo investigados. Estudos também mostram a importância dessa enzima para a
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adaptação do fungo nas novas condições ambientais, demonstraram que a urease pode ser
importante para levedura C. neoformans sobreviver em hospedeiros humanos, devido a
sobrevivência de camundongos infectados com mutante urease negativo. A virulência do selvagem
e do mutante reconstituído foi significativamente maior quando comparado com o mutante urease
negativa, demonstrando que a urease de C. neoformans atua como fator de virulência.

4.1 CINÉTICA DA UREASE

A reação da urease é lenta, funcionando em meio aquoso e em faixa de atuação de pH


variando entre 2 até 12. Sua energia de ativação é estimada entre 30-40kcal/mol. Como o kuncat
para a reação não catalisada de hidrólise da ureia é experimentalmente indisponível, estima-se a
eficiência da reação superior a 1014; sendo a relação entre as constantes cinéticas kcat/KM maior
que a taxa de reação de eliminação não catalisada.

A urease segue o comportamento de Michaelis-Menten, logo a constante KM, indica a


concentração do
substrato onde a
velocidade da reação é
Vmáx/2. Ainda, a
atividade da urease é
extremamente
dependente do pH,
variando na faixa de
4,5-10,5 com picos de
atividades máximas na
faixa de 7-8. A Tabela 1
apresenta a não
variação exacerbada do
KM nas bactérias em
relação a alteração ao
pH e as propriedades
das uréases de algumas
plantas e fungos.
ENZIMA: UMA SENHORA BIOMOLÉCULA 78

5. REGULAÇÃO

A amônia, um produto da hidrólise da uréia, é a fonte preferida de nitrogênio entre


bactérias entéricas (230) e pode ser assimilado em uma variedade de compostos nitrogenados via
glutamina. A glutamina é sintetizada pela adição de amônia e glutamato, uma reação catalisada pela
glutamina sintetase. A síntese de muitas enzimas relacionado ao metabolismo do nitrogênio,
incluindo a urease, por muitos anos foi proposta como sendo regulada pela glutamina sintetase. No
entanto, mais tarde, essa proposta foi incorreta, pois o nitrogênio o sistema de regulação mostrou-
se governado por um complexocascata que finalmente desencadeia a síntese de um RNA que
reconhece promotores específicos de produtos genéticos com nitrogênio-r.

Em muitas espécies bacterianas, a urease é rigorosamente regulada em conjunto com


este sistema regulador de nitrogênio. Por exemplo, a síntese de urease pode ser reprimida na
presença de amônia ou compostos ricos em nitrogênio (incluindo uréia) que liberam amônia; a
síntese é desreprimida sob limitação de nitrogênio ou condições de inanição por nitrogênio. Outras
espécies bacterianas parecem responder diretamente à uréia do substrato como um agente indutor.
Parece ser produzida uma terceira classe de ureias constitutivamente, e a síntese não é afetada pela
adição ou limitação de amônia, uréia ou outros compostos nitrogenados. Outro aspecto da regulação
da urease envolve possíveis alterações nos níveis de enzimas em diferentes estágios da
diferenciação.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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