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Transtorno de déficit de

atenção/hiperatividade
Disciplina: Psicopatologia
Profª. Drª. Renata Pinheiro
Transtornos do Neurodesenvolvimento
+ Os transtornos do neurodesenvolvimento são um grupo de
condições com início no período do desenvolvimento.
+ Tipicamente se manifestam cedo no desenvolvimento, em
geral antes de a criança ingressar na escola.
+ São caracterizados por déficits no desenvolvimento que
acarretam prejuízos no funcionamento pessoal, social,
acadêmico ou profissional.
Transtornos do Neurodesenvolvimento
+ Os déficits de desenvolvimento variam desde limitações muito
especificas na aprendizagem ou no controle de funções
executivas até prejuízos globais em habilidades sociais ou
inteligência.
+ A apresentação clínica pode incluir sintomas tanto de excesso
quanto de déficits e atrasos em atingir os marcos esperados.
+ É frequente a ocorrência de mais de um transtorno do
neurodesenvolvimento.
Transtorno de déficit de
atenção/hiperatividade

+O TDAH é um transtorno do
neurodesenvolvimento definido por níveis
prejudiciais de desatenção,
desorganização e/ou
hiperatividade-impulsividade.
Transtorno de déficit de
atenção/hiperatividade

+Desatenção

+Desorganização

+Hiperatividade

+Impulsividade
Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade

+ Desatenção e desorganização envolvem incapacidade de permanecer em


uma tarefa, aparência de não ouvir e perda de materiais em níveis
inconsistentes com a idade ou o nível de desenvolvimento.

+ Hiperatividade-impulsividade implicam atividade excessiva, inquietação,


incapacidade de permanecer sentado, intromissão em atividades de
outros e incapacidade de aguardar - sintomas que são excessivos para a
idade ou o nível de desenvolvimento.
Critérios + 1. Desatenção: Seis (ou mais) dos seguintes
sintomas persistem por pelo menos seis meses
Diagnósticos em um grau que é inconsistente com o nível do
desenvolvimento e têm impacto negativo
diretamente nas atividades sociais e
acadêmicas/profissionais:

+ Nota: Os sintomas não são apenas uma


manifestação de comportamento opositor,
desafio, hostilidade ou dificuldade para
compreender tarefas ou instruções. Para
adolescentes mais velhos e adultos (17 anos ou
mais), pelo menos cinco sintomas são
necessários.
Critérios
Diagnósticos + Frequentemente não presta atenção em
detalhes ou comete erros por descuido em
tarefas escolares, no trabalho ou durante outras
atividades (p. ex., negligencia ou deixa passar
detalhes, o trabalho é impreciso).

+ Frequentemente tem dificuldade de manter a


atenção em tarefas ou atividades lúdicas (p. ex.,
dificuldade de manter o foco durante aulas,
conversas ou leituras prolongadas).
Critérios
Diagnósticos + Frequentemente parece não escutar quando
alguém lhe dirige a palavra diretamente (p. ex.,
parece estar com a cabeça longe, mesmo na
ausência de qualquer distração óbvia).

+ Frequentemente não segue instruções até o fim


e não consegue terminar trabalhos escolares,
tarefas ou deveres no local de trabalho (p. ex.,
começa as tarefas, mas rapidamente perde o
foco e facilmente perde o rumo).
Critérios + Frequentemente tem dificuldade para organizar
tarefas e atividades (p. ex., dificuldade em
Diagnósticos gerenciar tarefas seqüenciais; dificuldade em
manter materiais e objetos pessoais em ordem;
trabalho desorganizado e desleixado; mau
gerenciamento do tempo; dificuldade em
cumprir prazos).

+ Frequentemente evita, não gosta ou reluta em


se envolver em tarefas que exijam esforço
mental prolongado (p. ex., trabalhos escolares
ou lições de casa; para adolescentes mais velhos
e adultos, preparo de relatórios, preenchimento
de formulários, revisão de trabalhos longos).
Critérios + Frequentemente perde coisas necessárias para
tarefas ou atividades (p. ex., materiais escolares,
Diagnósticos lápis, livros, instrumentos, carteiras, chaves,
documentos, óculos, celular).

+ Com frequência é facilmente distraído por


estímulos externos (para adolescentes mais
velhos e adultos, pode incluir pensamentos não
relacionados).

+ Com frequência é esquecido em relação a


atividades cotidianas (p. ex., realizar tarefas,
obrigações; para adolescentes mais velhos e
adultos, pagar contas, manter horários
agendados).
Critérios + Hiperatividade e impulsividade: Seis (ou mais)
dos seguintes sintomas persistem por pelo
Diagnósticos menos seis meses em um grau que é
inconsistenté com o nível dõ desenvolvímènto é
tém impacto negativo diretamente nas
atividades sociais e acadêmicas/profissionais:

+ Nota: Os sintomas não são apenas uma


manifestação de comportamento opositor,
desafio, hostilidade ou dificuldade para
compreender tarefas ou instruções. Para
adolescentes mais velhos e adultos (17 anos ou
mais), pelo menos cinco sintomas são
necessários.
+ Frequentemente remexe ou batuca as mãos ou
Critérios os pés ou se contorce na cadeira.

Diagnósticos
+ Frequentemente levanta da cadeira em
situações em que se espera que permaneça
sentado (p. ex., sai do seu lugar em sala de aula,
no escritório ou em outro local de trabalho ou
em outras situações que exijam que se
permaneça em um mesmo lugar).

+ Frequentemente corre ou sobe nas coisas em


situações em que isso é inapropriado. (Nota: Em
adolescentes ou adultos, pode se limitar a
sensações de inquietude.)
Critérios + Com frequência é incapaz de brincar ou se
Diagnósticos envolver em atividades de lazer calmamente.

+ Com frequência “não para”, agindo como se


estivesse “com o motor ligado" (p. ex., não
consegue ou se sente desconfortável em ficar
parado por muito tempo, como em restaurantes,
reuniões; outros podem ver o indivíduo como
inquieto ou difícil de acompanhar).

+ Frequentemente fala demais.


Critérios + Frequentemente deixa escapar uma resposta
antes que a pergunta tenha sido concluída (p. ex.,
Diagnósticos termina frases dos outros, não consegue aguardar
a vez de falar).

+ Frequentemente tem dificuldade para esperar a


sua vez (p.ex., aguardar em uma fila).

+ Frequentemente interrompe ou se intromete (p.


ex., mete-se nas conversas, jogos ou atividades;
pode começar a usar as coisas de outras pessoas
sem pedir ou receber permissão; para
adolescentes e adultos, pode intrometer-se em
ou assumir o controle sobre o que outros estão
fazendo).
Critérios
Diagnósticos + B. Vários sintomas de desatenção ou
hiperatividade-impulsividade estavam presentes
antes dos 12 anos de idade.

+ C. Vários sintomas de desatenção ou


hiperatividade-impulsividade estão presentes em
dois ou mais ambientes (p. ex., em casa, na
escola, no trabalho; com amigos ou parentes;
em outras atividades).
Critérios + D. Há evidências claras de que os sintomas
interferem no funcionamento social, acadêmico
Diagnósticos ou profissional ou de que reduzem sua
qualidade.

+ E. Os sintomas não ocorrem exclusivamente


durante o curso de esquizofrenia ou outro
transtorno psicótico e não são mais bem
explicados por outro transtorno mental (p. ex.,
transtorno do humor, transtorno de ansiedade,
transtorno dissociativo, transtorno da
personalidade, intoxicação ou abstinência de
substância).
Critérios + Apresentação combinada: Se tanto o Critério A1
(desatenção) quanto o Critério A2
Diagnósticos (hiperatividade-impulsividade) são preenchidos
nos últimos 6 meses.
Determinar o subtipo
+ Apresentação predominantemente desatenta:
Se o Critério A1 (desatenção) é preenchido, mas
o Critério A2 (hiperatividade-impulsividade) não
é preenchido nos últimos 6 meses.
+ Apresentação predominantemente
hiperativa/impulsiva: Se o Critério A2
(hiperatividade-impulsividade) é preenchido, e o
Critério A1 (desatenção) não é preenchido nos
últimos 6 meses.
Critérios
Diagnósticos
+ Quando todos os critérios foram preenchidos no
Especificar se em remissão parcial
passado, nem todos os critérios foram
preenchidos nos últimos 6 meses, e os sintomas
ainda resultam em prejuízo no funcionamento
social, acadêmico ou profissional.
Critérios + Leve: Poucos sintomas, se algum, estão
presentes além daqueles necessários para fazer
Diagnósticos o diagnóstico, e os sintomas resultam em não
mais do que pequenos prejuízos no
Especificar gravidade atual funcionamento social ou profissional.

+ Moderada: Sintomas ou prejuízo funcional entre


“leve” e “grave” estão presentes.

+ OBS: TDAH subclínico ou sem outra


especificação nos critérios diagnósticos para o
transtorno.
Observações Diagnósticas
+ A hiperatividade é vista mais em crianças com o transtorno – mas geralmente diminui de
modo substancial na adolescência e na idade adulta.
+ Manifestações do transtorno devem estar presentes em mais de um ambiente
+ O TDAH começa na infância. Há a exigência é de que vários sintomas estejam presentes
antes dos 12 anos de idade
+ Apresentar sintomas repentinos, de curto prazo, geralmente descarta o TDAH.
+ Sintomas como os do TDAH que só surgem na idade adulta ou que não estiveram
presentes durante muito tempo provavelmente estão sendo causados por outra coisa –
uma lesão cerebral ou outra doença física, por exemplo.
Diagnóstico diferencial
+ Ter mais de 55 anos ou estar na perimenopausa, quando maior esquecimento, distração
e desorganização são normais.
+ Problemas médicos recentes, como disfunção da tireoide, otite média, transtorno ou
apneia do sono, ou garganta infectada com estreptococos (embora essa conexão
especíca seja rara).
+ Uso excessivo de substâncias (maconha, álcool, cocaína, metanfetamina, etc.), que pode
resultar em problemas de atenção, memória e organização.
+ Estresse incomum, embora os sintomas parecidos com os do TDAH fossem, nesse caso,
temporários.
+ Lesão em regiões do cérebro responsáveis pela manutenção da atenção, da inibição
comportamental, da memória de trabalho e do autocontrole emocional.
A importância da frequência
+ Pessoas consideradas dentro da norma podem exibir de vez em quando
parte das características comportamentais do TDAH.
+ O que distingue os adultos com TDAH das outras pessoas é a frequência
consideravelmente maior com que apresentam essas características.
+ Estudo com 146 adultos diagnosticados com TDAH e a 109 adultos de
uma amostra comunitária geral para relatarem com que frequência
experimentavam os 18 sintomas do DSM-5 (Barkley, 2008).
A importância da frequência
+ No mesmo estudo, os participantes eram questionados sobre em que domínios da vida
eles eram frequentemente prejudicados pelos sintomas do TDAH (Barkley, 2008).
TDAH como dimensão
+ Onde nessa dimensão está a divisão entre “transtorno” e “não transtorno”? Está onde
ocorre um prejuízo que compromete uma atividade importante da vida.
+ Sintomas são as maneiras como um transtorno se expressa em pensamentos e ações.
+ Prejuízos são as consequências adversas que resultam da demonstração desses
sintomas.
Prejuízos típicos da infância
+ Estresse e conflito familiares.
+ Relacionamentos ruins com os pares.
+ Poucos amigos ou nenhum amigo próximo.
+ Comportamento disruptivo em lojas, igrejas e em outros ambientes comunitários, a ponto de você
ser convidado a sair ou não retornar.
+ Pouca importância à segurança pessoal/alta incidência de ferimentos acidentais.
+ Desenvolvimento lento do autocuidado.
+ Desenvolvimento lento da responsabilidade pessoal.
+ Desempenho escolar signicativamente inferior à média.
+ Anos de escolaridade signicativamente inferiores.
Prejuízos típicos da adolescência/idade adulta
+ Mau desempenho no trabalho.
+ Mudanças de emprego frequentes.
+ Comportamento sexual de risco/aumento do risco de gravidez na adolescência e de infecções
sexualmente transmissíveis (ISTs).
+ Dificuldades no controle da raiva e da frustração em relacionamentos íntimos.
+ Direção perigosa (dirigir em alta velocidade, acidentes frequentes, inúmeras infrações por
estacionamento em local proibido, possível suspensão da licença para dirigir).
+ Dificuldades na gestão das finanças (gastos impulsivos, uso excessivo de cartões de crédito,
pagamento insatisfatório das dívidas, pouca ou nenhuma reserva financeira, etc.).
+ Problemas nos relacionamentos amorosos ou conjugais (parece não ouvir ou valorizar as
necessidades do parceiro, fala excessivamente e interrompe, não cumpre as promessas e
combinações).
Prejuízos típicos da adolescência/idade adulta
+ Propenso ao uso excessivo de substâncias como tabaco, álcool ou maconha.
+ Dificuldade para dormir em um horário razoável (insônia), despertar frequente e inquietação
noturna, sono insuficiente, gerando cansaço durante o dia.
+ Atividades antissociais (mentir, roubar, brigar) que conduzem a contato frequente com a polícia,
detenções e até algum tempo na cadeia; muitas vezes, são associadas a maior risco de uso e
abuso de substâncias ilícitas.
+ Estilo de vida menos saudável, no geral (menos exercícios; entretenimentos solitários mais
sedentários, como videogames, TV, navegar na internet; obesidade; maior uso das mídias sociais;
compulsão alimentar ou bulimia; nutrição deciente; maior uso de nicotina e álcool), e,
consequentemente, risco aumentado de doença cardíaca coronariana.
Prevalência
+ Levantamentos populacionais sugerem que o TDAH ocorre na maioria das culturas em
cerca de 5% das crianças e 2,5% dos adultos.
• Na infância, é três vezes mais comum nos meninos do que nas meninas, mas, na idade
adulta, a proporção de homens em relação às mulheres é de aproximadamente 1,6 para
1, ou menos.
• O transtorno é encontrado em todos os países e grupos étnicos estudados até esta data.
• O TDAH é um pouco mais comum nas regiões urbanas e com alta densidade
populacional do que nos ambientes suburbanos ou rurais, e é encontrado em todas as
classes sociais.
Fatores de Risco
+ O TDAH é uma condição que decorre de fatores neurológicos e genéticos.
+ O TDAH é freqüente em parentes biológicos de primeiro grau com o transtorno.
+ A herdabilidade do TDAH é substancial. Porém, não há marcador biológico que seja
diagnóstico de TDAH .
+ Padrões de interação familiar no começo da infância provavelmente não causam TDAH,
embora possam influenciar seu curso ou contribuir para o desenvolvimento secundário
de problemas de conduta.
+ TDAH não surge de fatores sociais ou escolhas pessoais.
Algumas regiões do cérebro são + a região pré-frontal direita, associada à atenção
estruturalmente diferentes:
e à inibição;
+ a região estriada, associada à busca de
comportamentos prazerosos ou compensadores;
+ o córtex cingulado anterior, que ajuda com
escolhas entre ações conflitantes e suas
consequências, além de dominar ou autorregular
as reações emocionais;
+ e o cerebelo, associado ao momento e à
oportunidade de praticar ações, bem como à
fluidez e à graciosidade dessas ações, entre
outras funções executivas.
Variáveis neuroquímicas
+ Estudos mostram que os feixes de fibras da substância branca no cérebro que conectam
várias regiões cerebrais e coordenam suas funções são menos desenvolvidos, menos
conectados e altamente variáveis em sua atividade.
+ Pessoas com TDAH têm menos atividade elétrica no cérebro, principalmente nessas
regiões, e são menos reativas aos eventos, o que significa que elas não reagem tanto
quanto as outras pessoas à estimulação em tais regiões.
Variáveis neuroquímicas
+ Os cientistas acreditam que as anormalidades estruturais no cérebro das pessoas que
têm TDAH e sua baixa conectividade são a base do desenvolvimento desse transtorno;
+ Esse é o legado genético que ocasiona a maioria dos casos de TDAH e justifica por que
ele aparece nos descendentes daqueles que têm TDAH.
+ Em outros, o transtorno pode se originar de lesões nessas áreas do cérebro, como
exposição a toxinas pré-natais, nascimento prematuro ou TCE repetido durante o
desenvolvimento.
Variáveis neuroquímicas
+ Quando os neurotransmissores dopamina e norepinefrina não estão disponíveis na
mesma medida em que estão nos adultos típicos, as mensagens que essas substâncias
químicas deveriam enviar para o cérebro não são transmitidas como deveriam.
+ Sem a ajuda desses neurotransmissores, o cérebro não reage como esperado à
estimulação (qualquer informação, como um evento, uma ideia ou uma emoção), e o
controle do impulso também não funciona quando deveria.
Tratamento medicamentoso
+ Busca corrigir o desequilíbrio neuroquímico e as irregularidades funcionais encontrados
nas pessoas com TDAH.
+ Medicamentos intervém fazendo com que os neurônios emitam mais dessas substâncias,
ou impeçam os neurônios de as recaptarem quando forem liberadas, ou reduzam o
“ruído” no sinal nervoso, os medicamentos aumentam a comunicação entre os
neurônios nas regiões do cérebro ligadas ao TDAH.
Tratamento medicamentoso
• O TDAH é um dos transtornos psicológicos mais tratáveis: há muito mais ajuda para o
TDAH, na forma de opções de tratamento e estratégias de enfrentamento efetivas, do
que para muitos outros transtornos que afetam os adultos.
• A mudança positiva proporcionada para os medicamentos de TDAH é inigualável a
qualquer tratamento medicamentoso para outro transtorno da psiquiatria
+ Medicamentos são os tratamentos mais eficazes atualmente disponíveis para TDAH.
+ Pode normalizar o comportamento de 50 a 60 das pessoas e resultar em melhorias
substanciais para 20 ou 30%.
+ Menos de 10% não terão resposta positiva a a pelo menos um dos medicamentos.
• Isto por que os medicamentos realmente compensam os problemas neurológicos
latentes no TDAH

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