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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL CHEFE DA

DELEAQ/DREX/SR/PF/XX
PROCESSO N:

Fulano de tal , brasileiro, divorciado, empresá rio, portador da cédula de identidade


registro geral sob nº. xxxxxxx SSP/MG, e inscrito no CPF sob nº xxxxxx, residente e
domiciliado à Rua xxxxxxxxxxxxx, vem respeitosamente, à presença de Vossa Excelência,
com fundamentos nos Art. 10º da Lei nº. 10.826/03 e art. 05º, CRFB/88, REQUERER
autorizaçã o de porte de Arma de fogo, pelas razõ es de fato e fundamentos:
I - DOS FATOS E CIRCUNSTÂNCIAS JUSTIFICADORAS
O requerente prestou serviço perante a Secretaria de Justiça da Segurança Pú blica de Minas
Gerais no sistema socioeducativo em que desempenhou a funçã o de monitor de segurança
em um centro socioeducativo de Belo Horizonte/MG,
Em xxxxxx, o preso xxxxxxxxxxxx, apó s negar-se a atender a um procedimento interno
manifestou-se alterado e agressivo, ensejando que fossem aplicadas técnicas de
imobilizaçã o e contençã o a fim de preservar sua integridade física e de outrem.
Todavia, apó s o transcorrido, o referido preso dirigiu-se ao requerente e disse "que
independente do tempo que ficasse preso, que quando eu sair daqui eu vou te matar”.
Portanto, diante do ocorrido e em seu resguardo, o requerente formalizou o boletim de
ocorrência xxxxxxxxxxxxxxx, “onde há processo transitado em julgado em xxxxxxxxxxxxxx
de numeraçã o ú nica xxxxxxxxxxxxxxxx na Vara do Juizado da Infâ ncia e da Juventude da
Comarca de xxxxxxxxxxxxxx.”
Assim, referida episó dio ensejou o efetivo sentimento do risco de seu bem jurídico maior
que e a vida, uma vez que o referido custodiado será desligado do sistema socioeducativo
em breve.
II – DO DIREITO
A) DO DIREITO A VIDA E PROTEÇÃO DA FAMÍLIA
O direito à vida é a garantia constitucional mais essencial ao cidadã o. Sem vida, elimina-se a
possibilidade de exercício de quaisquer outros direitos. O direito à vida compreende, por
conseguinte, um plexo de direitos e garantias constitucionais que dele se originam com o
propó sito final de protegê-lo.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à “vida”, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:

Assim como o direito à saú de se presta a garantir o direito à vida de cada cidadã o, também
o direito de se defender de modo adequado contra ameaça injusta à sua pró pria existência,
parece decorrer de garantia constitucional, constituindo consequência e meio de proteçã o
de seu direito constitucional à vida.
Portanto nã o é razoá vel, privar o cidadã o de portar arma de fogo, visto que, o direito de
defender a pró pria vida e a de seus familiares é o meio para proteçã o do direito à vida, mais
alta das garantias fundamentais, prevista pela Constituiçã o.
B) DA COMPROVAÇÃO DA EFETIVA NECESSIDADE
De forma categó rica, o Estatuto do Desarmamento, proibiu o porte de armas em todo o
territó rio nacional, salvo em excepcionais casos.
Dispõ e em seu art 10 da Lei nº 10.826/2003, decreto Nº 9.847/19 e instruçã o normativa
Nº 201-DG/PF/21 a modalidade do porte de defesa pessoal ao qual exige a demonstraçã o
da à efetiva necessidade.
Para a obtençã o do porte de arma de fogo, nos moldes do artigo 10 da Lei 10.826/03, o
requerente deverá cumprir os requisitos objetivos, sobre os quais nã o há
discricionariedade e, portanto, dú vidas na sua aná lise. Foram estabelecidas nos incisos II
(atender à s exigências previstas no art. 4º desta Lei) e III (apresentar documentaçã o de
propriedade de arma de fogo, bem como o seu devido registro no ó rgã o competente) do
referido normativo legal.
A documentaçã o anexada no presente pedido denota-se que os requisitos objetivos foram
devidamente preenchidos, ocorre que isso nã o é motivo suficiente para a concessã o do
porte de arma, devendo também preencher os demais requisitos elencados no
ordenamento jurídico pá trio.
Com relaçã o ao aspecto discricioná rio, qual seja a"efetiva necessidade", em primeiro lugar,
vale lembrar que o porte de arma de fogo tem natureza jurídica de autorizaçã o que consiste
em um “ato administrativo unilateral, discricioná rio e precá rio pelo qual a Administraçã o
faculta ao particular o uso privativo de bem pú blico, ou o desempenho de atividade
material, ou a prá tica de ato que, sem esse consentimento, seriam legalmente proibidos.
Desta forma, o legislador inseriu o inciso I na norma legal, qual seja" demonstrar a sua
efetiva necessidade por exercício de atividade profissional de risco ou ameaça à sua
integridade física ". Temos aí um cará ter discricioná rio conferido à administraçã o, a qual
avaliará , caso a caso, para concessã o do ato administrativo de autorizaçã o do porte de arma
de fogo.
Importante frisar, que o inciso estabelece duas hipó teses alternativas, isto é, basta que o
solicitante demonstre um dos casos para que possa ter seu pleito atendido.
Assim, convencida a administraçã o de que foi demonstrada pelo solicitante a efetiva
necessidade, seja por meio do exercício de atividade profissional de risco OU por meio de
ameaça à sua integridade física, tem-se como preenchido o requisito, havendo, portanto, a
possibilidade de concessã o do porte na categoria defesa pessoal.
Frise-se que a situaçã o nã o pode ser genérica, conforme:
§ 2º º do Art. 33 da IN 201/21: “Na análise da efetiva necessidade, de que trata o inciso I do § 1º do art. 10 da Lei
nº 10.826, de 2003 , devem ser consideradas as circunstâncias fáticas enfrentadas, as atividades exercidas e os
critérios pessoais descritos pelo requerente, especialmente os que demonstrem os indícios de riscos potenciais à
sua vida, incolumidade ou integridade física, permitida a utilização de todas as provas admitidas em direito para
comprovar o alegado.”

No que tange à hipó tese de “ameaça à sua integridade física”, configura-se quando o
requerente demonstra que é vítima de crimes que atinjam sua integridade física, de forma
pessoal, como, por exemplo, o delito de ameaça (cf. art. 147 do Có digo Penal). Deve ser uma
ameaça atual e efetiva.
Assim, comprovada efetivamente a possibilidade de vir a sofrer mal injusto e grave, o
indivíduo poderá pleitear porte de arma de fogo para sua pró pria defesa.
Importante observar, que é inviá vel a exigência de que o cidadã o precisará ele aguardar ser
vítima de um roubo, furto ou tentativa de homicídio para apenas entã o preencher o critério
da efetiva necessidade.
C) DA VALIDADE DA DOCUMENTAÇÃO APRESENTADA
Pedido acompanha de declaraçã o minuciosa sobre os fatos e as circunstâ ncias
justificadoras da sua pretensã o, tudo devidamente instruído com os elementos
comprobató rios de cada uma de suas alegaçõ es.
i. REDS Nº xxxxxxxxx2
ii. Print do TJMG – Andamento Processual
iii. REDS Nº xxxxxxxxx2
iv. Representaçã o realizada na delegacia adjunta ao juizado especial criminal
v. Vídeo gravado pelo requerente de uma das ameaças
Desta forma, com base nas informaçõ es e nos documentos apresentados, da aná lise
verifica-se que o requerente, comprovar a efetiva necessidade do porte de arma de fogo em
decorrência de ameaça à sua integridade física, restando comprovada circunstâ ncia
adversa e atual.
IV - DO PEDIDO
Diante do exposto, requer o deferimento para concessã o de porte de arma de fogo de
calibre permitido com fundamentos no art. 10º da lei 10826/03 e art. 15. Decreto nº
9.847/19.
Nestes termos, pede deferimento.
Belo Horizonte/MG, 07 de novembro de 2022.
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