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DATA DA DENÚNCIA 20-08-2021 PROCESSO 34-000-000.

000-0
REGISTRO 0000JZR

PARA A SEDE PROVINCIAL DE TRÂNSITO DE PALENCIA

D. 00000000000000000 , NIF 000000000,


endereço para fins de notificação em 00 de 34002 Palencia, telefone
000000000, e-mail 00000 , aparece respeitosamente e, como
melhor proceder na lei, AFIRMA:

Que, por meio deste escrito, manifesta DISCORDÂNCIA com os fatos


denunciados, com base no seguinte

ALEGAÇÕES

EXCLUSIVIDADE, VIOLAÇÃO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS E INDEFESA.-

A veracidade dos fatos notificados ("NÃO TER SUBMETIDO O VEÍCULO


REVISADO À INSPEÇÃO TÉCNICA PERIÓDICA ESTABELECIDA EM
REGULAMENTO. EXPIRADO EM 05/06/2021. ESTACIONADO EM VIA
PÚBLICA. M.A"), que, em qualquer caso, não implicam violação de qualquer
preceito legal e, consequentemente, não implicam sanção.

A Administração cita como infringido o artigo 10.1 do Real Decreto 2822/1998,


de 23 de dezembro, que aprova o Regulamento Geral de Veículos , mas
ressalta que não descreve nenhuma conduta infratora, uma vez que apenas
impõe a obrigação de inspeção periódica. A notificação também não especifica
qual preceito foi violado do Texto Revisto da Lei de Trânsito, Circulação de
Veículos Automotores e Segurança Viária, aprovado pelo RD 6/2015, de 30 de
outubro, uma vez que apenas contempla que os fatos pressupõem "clara
violação do disposto nesta matéria", Mas não cita em qual artigo específico a
conduta infratora é tipificada. De qualquer forma, não há preceito na legislação
espanhola que classifique como infração a mera conduta de não ter
apresentado à ITV veículo que não esteja circulando por estar estacionado em
via pública.

São violados os princípios axiais do nosso direito administrativo sancionador da


"legalidade" e da "tipicidade", que são positivos e consagrados no artigo 25.1 da
Constituição espanhola: <<Ninguém pode ser condenado ou punido por ações
ou omissões que, no momento de sua ocorrência, não constituam crime, Culpa

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ou infração administrativa, de acordo com a legislação vigente à época>>.

O artigo 27.º da Lei n.º 40/2015, de 1 de outubro, sobre o Regime Jurídico do


Setor Público, define este princípio da tipicidade nos seguintes termos:
<<Apenas violações do regime jurídico previsto como tal por uma lei (...).
Somente para o cometimento de infrações administrativas poderão ser impostas
sanções, as quais, em qualquer caso, serão delimitadas pela Lei (...) As regras
que definem as infracções e as sanções não podem ser objecto de aplicação
análoga>>.

O princípio da tipicidade implica, assim: <<Todas as normas aplicáveis


permitem prever, com suficiente grau de certeza, o tipo e o grau de sanção que
pode ser imposta>> (Acórdãos do Tribunal Constitucional nº. 219/1989,
61/1990, 270/1994, etc.). E, como a doutrina vem apontando de forma unânime,
trata-se de uma garantia material derivada do princípio da segurança jurídica
(artigo 9.3 da Constituição espanhola), que exige a predeterminação normativa
da conduta ilícita e suas sanções – "lex previa e lex certa". Este princípio implica
também a obrigação de a administração sancionadora justificar a
correspondência dos atos infratores com os índices legais aplicados.

A Administração incorre em " fraude de direito" e burla o mencionado princípio


da tipicidade que norteia o poder sancionador. As infracções e respectivas
sanções devem ser sempre claramente definidas e previamente determinadas.
E deve justificar-se, em todo o caso, a correspondência do ato infrator com
aquela taxa pré-determinada. Além disso, o referido princípio da tipicidade
proíbe tanto a aplicação análoga das normas que definem as infrações e as
sanções, como a sua interpretação extensiva (artigo 27.º, n.º 4, da Lei n.º
40/2015).

No caso concreto, a controvérsia está relacionada tanto ao princípio da


tipicidade quanto ao princípio da reserva de lei. E citamos a reiterada doutrina
do Tribunal Constitucional em relação ao princípio da reserva legal em matéria
de direito sancionatório administrativo, quando nos lembra constantemente que
nenhuma Administração pode usar analogia para sancionar atos que não
estejam expressamente contemplados na lei. Algo que, infelizmente, acontece
com demasiada frequência nas coimas aplicadas pelas Câmaras Municipais e
pela Direcção-Geral de Trânsito ou pela sua Sede Provincial.

E, por fim, esta parte faz eco do recente Acórdão do Tribunal Administrativo
Contencioso n.º 33 de Madrid, datado de 7 de outubro de 2021, que, no mesmo
processo (o veículo, que não tinha sido submetido à ITV estabelecida por
regulamento, não circulava, mas foi suspenso), julga integralmente procedente
o recurso e, ex-artigo 47.º, n.º 1, alínea a), da Lei n.º 39/2015, de 1 de outubro,
sobre o Procedimento Administrativo Comum de Amores Públicos, declara a
nulidade da resolução administrativa sancionatória sujeita a impugnação,
proferida pela Sede Provincial de Trânsito de Madrid, por violação do princípio
da tipicidade.

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Face ao exposto, é conveniente e

SOLICITA que seja apresentada a presente peça e que manifeste


DISCORDÂNCIA com os fatos denunciados, com base nas ALEGAÇÕES nela
contidas, e expeça resolução declarando a inexistência de infração ou
responsabilidade e concordando com o arquivamento dos autos.

Em Palencia, sexta-feira, 22 de outubro de 2021.

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