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Direito Eleitoral

Prof. Valdemir Moreira dos Reis Junior


valdemirreisjr@gmail.com
(19)9.9280-9854
Advogado, mestre em Direito pela Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP),
graduado em direito na Metrocamp e especialista em Direito Civil e Direito Processual
Civil pela ESAMC (Escola Superior de Administração, Marketing e Comunicação).
Professor nos cursos de graduação em direito da UNITÁ e da Unimetrocamp.
Presidente da Comissão Especial de Direito Eleitoral da OAB Campinas. Coordenador
dos assuntos relacionados a Direito Eleitoral da FADESP Campinas. Membro do
Conselho de Administração da SANASA Campinas. Membro do Comitê de Auditoria
Estatutária da SANASA Campinas. Foi Procurador Geral do Município de Sumaré
(2018-2019). Possui grande experiência no ramo do Direito Eleitoral e na área técnica
legislativa. Atuou profissionalmente como Assessor Parlamentar de Fevereiro de 2006
à março de 2016. Na Câmara Municipal de Campinas foi assessor parlamentar, chefe
de gabinete de Vereador, Assessor Técnico da Presidência e Consultor Jurídico da
Presidência. Na Câmara dos Deputados atuou como Secretário Parlamentar, na função
legislativa e jurídica, durante um ano e meio. Sócio fundador da Reis Junior Advocacia.
• INTRODUÇÃO - DIREITO ELEITORAL

• Conceito: “É o ramo do Direito Público cujo objeto são os institutos,


as normas e os procedimentos regularizadores dos direitos políticos.
Normatiza o exercício do sufrágio com vistas à concretização da
soberania popular”.

• Constituição Federal
Art. 1º (...)
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio
de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta
Constituição.
• Os direitos políticos estão inseridos na Constituição Federal

• No âmbito do Direito Eleitoral as normas e procedimentos estão


dispostas na Constituição Federal, no Código Eleitoral, na Lei das
Eleições (lei nº 9.504/97), Lei das Inelegibilidades, na Lei dos
Partidos Políticos (lei nº 9.096/95) e nas resoluções do TSE, TRE,
etc

• Os bens jurídicos tutelados pelo direito eleitoral são:


Democracia, legitimidade ao acesso e exercício do poder estatal
(mandato, por exemplo), a representatividade, a
regularidade/normalidade do pleito eleitoral e a igualdade entre
os candidatos.

• Pode-se dizer que o Direito Eleitoral representa um


microssistema jurídico, uma vez que possui princípios e diretrizes
próprias
• 2. Fontes do Direito Eleitoral

• Fonte significa de onde surge, de onde provém algo. Onde algo foi
produzido. Assim, entender as fontes do Direito Eleitoral significa conhecer
de onde surgiu e surgem as leis do Direito Eleitoral.

•Fonte Material e Fonte Formal.

• Fontes Materiais: São fatores que influenciam o legislador quando da


criação/modificação das leis (economia, religião, moral, etc. Há quem inclua
inclusive o lobby nesse rol).

• Fontes Formais: A lei e a jurisprudência vinculante.

• Além das leis acima citadas, inclui-se no rol de fontes formais as


Consultas feitas ao TSE/TRE e a jurisprudência do TSE.
• 3. Hermenêutica Eleitoral

• É a ciência que busca a razão de ser da norma. Busca-se interpretar a


lei.

• Métodos comuns: interpretação gramatical, lógica, sistêmica, história,


axiológica, teleológica, etc.

• Direito Eleitoral: Facilitador! A consulta.

• As consultas permitem que o operador do direito saiba


antecipadamente o que se deve entender da norma.

• As consultas são de fundamental importância no Direito Eleitoral, uma


vez que este ramo do direito apresenta uma infinidade de conceitos
vagos. (Ex. Abuso de poder, vantagem pessoal, legitimidade das eleições,
normalidade das eleições, etc)
CANDIDATURAS E OS SISTEMAS ELEITORAIS

1. SISTEMA MAJORITÁRIO

1. Executivo municipal (Prefeitos)


2. Executivo estadual (Governadores)
3. Executivo da União (Presidente)
4. Senadores (Legislativo)

1.2. Importância do Sistema Majoritário: Representatividade

• Representatividade;

• Permite o voto no programa

• Voto útil

• Eleição em 2 turnos
2. SISTEMA PROPORCIONAL

* Usado para a composição do Legislativo – exceto o Senado

- Câmaras municipais
- Assembleias Legislativas dos Estados
- Câmara de deputados Federal

2.1. Importância do sistema proporcional

* Pode possibilitar o fortalecimento dos partidos políticos

* Valoriza o voto na legenda

* Número de cadeiras obtidas pelo partido é preenchida pelos


candidatos mais votados da agremiação

* Instrumento para conscientizar a população sobre a necessidade


do voto consciente
2.2. Preenchimento de vagas nas casas legislativas – QUOCIENTE
ELEITORAL = VOTOS VÁLIDOS DIVIDIDO PELO NÚMERO DE
CADEIRAS

Votos válidos, nulos (apolítico) e branco

Questão OAB

No ano anterior à realização de eleições para cargos eletivos federais e


estaduais, os dirigentes dos partidos políticos Alfa e Gama iniciaram tratativas
para se aliançarem, tanto nas eleições majoritárias como nas proporcionais,
mas havia dúvida em relação ao modelo a ser utilizado.

Após consultarem a legislação de regência, concluíram corretamente que


deveriam formar

(A) coligação, que se extinguirá ao fim do prazo para o ajuizamento da ação de


impugnação de mandato eletivo.

(B) gestão colegiada, somente utilizada nas eleições proporcionais, que deve
perdurar até o fim do prazo do mandato eletivo obtido.
C) ajuntamento partidário, que se extinguirá após a diplomação dos eleitos.

D) federação, sendo que os partidos devem permanecer filiados por no mínimo


quatro anos, contados da data do respectivo ingresso.

JUSTIÇA ELEITORAL

• Justiça especializada

• Competência: Organizar o processo eleitoral (alistamento eleitoral,


votação, apuração, diplomação, etc)

• Tem papel fundamental na garantia ao respeito à soberania popular

• Composição: TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL / TRIBUNAIS REGIONAIS


ELEITORAIS e JUÍZES ELEITORAIS
JUSTIÇA ELEITORAL

• TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL

• Composição: Sete membros (3 Ministros do STF, 2 Ministros do STJ e dois


ministros dentre advogados indicados pelo STF e nomeados pelo
presidente da República.

• Competências:

• (i) processar e julgar originariamente o registro e a cassação de registro


de partidos políticos, dos seus diretórios nacionais e de candidatos à
Presidência e Vice-Presidência da República;
JUSTIÇA ELEITORAL

• (ii) julgar recurso especial e recurso ordinário interpostos contra decisões


dos tribunais regionais;

• (iii) aprovar a divisão dos estados em zonas eleitorais ou a criação de


novas zonas;

• (iv) requisitar a força federal necessária ao cumprimento da lei, de suas


próprias decisões ou das decisões dos tribunais regionais que a
solicitarem, e para garantir a votação e a apuração; e

• (v) tomar quaisquer outras providências que julgar convenientes à


execução da legislação eleitoral.
JUSTIÇA ELEITORAL

• TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL (estados)

• Composição: Sete juízes (2 juízes dentre os Desembargadores do Tribunal


de Justiça (TJ); 2 Juízes, dentre Juízes de direito escolhidos pelo TJ; 1 Juiz
do Tribunal Regional Federal (TRF); e 2 Juízes nomeados pelo presidente
da República dentre seis advogados de notável saber jurídico e
idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça).

• Competências:
JUSTIÇA ELEITORAL

• (i) processar e julgar originariamente o registro e o cancelamento do


registro dos diretórios estaduais e municipais de partidos políticos, bem
como de candidatos a governador, vice-governadores e membro do
Congresso Nacional e das assembleias legislativas;

• (ii) julgar recursos interpostos contra atos e decisões proferidas pelos


juízes e juntas eleitorais;

• (iii) requisitar a força necessária ao cumprimento de suas decisões e


solicitar ao Tribunal Superior a requisição de força federal.
JUSTIÇA ELEITORAL

• JUÍZES ELEITORIAIS: Juízes de Direito de primeiro grau da Justiça Estadual

• Atribuições:
• (i) processar e julgar os crimes eleitorais e os comuns, exceto o que for da
competência originária do Tribunal Superior Eleitoral e dos tribunais
regionais eleitorais;

• (ii) expedir títulos eleitorais e conceder transferência de eleitor; e

• (iii) tomar todas as providências ao seu alcance para evitar os atos ilícitos
das eleições.
JUSTIÇA ELEITORAL

• FUNÇÃO NORMATIVA / FUNÇÃO CONSULTIVA / FUNÇÃO


ADMINISTRATIVA / FUNÇÃO JURISDICIONAL

• Administrativa: Administração do processo eleitoral, alistamento,


emissão e transferência de domicílio eleitoral, etc

• Normativa: Resoluções. Instruções para execução das leis eleitorais

• Consultiva: Pronunciamento a respeito de questões apresentadas em


tese e em situações abstratas.
JUSTIÇA ELEITORAL

• Jurisdicional: Solução de conflitos

• Ações peculiares: Representações, Ação de Investigação Judicial Eleitoral,


Registro de Candidatura, Prestação de Contas, etc

• Processamento em período eleitoral / Prazos

• Fonte: https://www.tse.jus.br/o-tse/escola-judiciaria-
eleitoral/publicacoes/revistas-da-eje/artigos/revista-eletronica-eje-n.-1-
ano-4/justica-eleitoral-composicao-competencias-e-funcoes
SEGUNDA QUESTÃO

Helena, filiada ao partido político Beta e candidata ao cargo de governadora


do Estado Alfa, consultou seu advogado a respeito da composição dos
gastos de campanha, mais especificamente se o pagamento de honorários
em razão da prestação de serviços advocatícios, no curso e em razão da
campanha eleitoral, teria essa natureza jurídica.
A assessoria respondeu, corretamente, que os referidos honorários

(A) estão incluídos no limite de gastos de campanha, sendo tidos como


despesas eleitorais.
(B) são considerados gastos eleitorais e não estão incluídos no limite de
gastos de campanha.
(C) pela sua essência alimentar, não têm correlação com os gastos
eleitorais, o que afasta a possibilidade de serem enquadrados em
qualquer limitador de despesas.
(D) podem ser considerados gastos eleitorais, caso o candidato assim os
declare, e estão incluídos no limite de gastos de campanha.
Lei 9.504

Art. 26. São considerados gastos eleitorais, sujeitos a registro e aos limites
fixados nesta Lei:

§ 4º As despesas com consultoria, assessoria e pagamento de honorários


realizadas em decorrência da prestação de serviços advocatícios e de
contabilidade no curso das campanhas eleitorais serão consideradas gastos
eleitorais, mas serão excluídas do limite de gastos de campanha.

Arrecadação para campanha

• Doação pessoa física: 10% rendimentos brutos auferidos ano anterior


• Pessoa Jurídica: vedado
• Fundo Partidário
• Fundo Especial de Financiamento de Campanha
FONTES VEDADAS

Art. 24. É vedado, a partido e candidato, receber direta ou indiretamente


doação em dinheiro ou estimável em dinheiro, inclusive por meio de
publicidade de qualquer espécie, procedente de:

I - entidade ou governo estrangeiro;

II - órgão da administração pública direta e indireta ou fundação mantida


com recursos provenientes do Poder Público;

III - concessionário ou permissionário de serviço público;

IV - entidade de direito privado que receba, na condição de beneficiária,


contribuição compulsória em virtude de disposição legal;

V - entidade de utilidade pública;


VI - entidade de classe ou sindical;

VII - pessoa jurídica sem fins lucrativos que receba recursos do exterior.

VIII - entidades beneficentes e religiosas;

IX - entidades esportivas;

X - organizações não-governamentais que recebam recursos públicos;

XI - organizações da sociedade civil de interesse público.


•Condutas vedadas

• Art. 73. São proibidas aos agentes públicos, servidores ou não, as seguintes
condutas tendentes a afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos
nos pleitos eleitorais:

•I - ceder ou usar, em benefício de candidato, partido político ou coligação,


bens móveis ou imóveis pertencentes à administração direta ou indireta da
União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios,
ressalvada a realização de convenção partidária;

•II - usar materiais ou serviços, custeados pelos Governos ou Casas


Legislativas, que excedam as prerrogativas consignadas nos regimentos e
normas dos órgãos que integram;

•III - ceder servidor público ou empregado da administração direta ou


indireta federal, estadual ou municipal do Poder Executivo, ou usar de seus
serviços, para comitês de campanha eleitoral de candidato, partido político
ou coligação, durante o horário de expediente normal, salvo se o servidor ou
empregado estiver licenciado;
•IV - fazer ou permitir uso promocional em favor de candidato, partido
político ou coligação, de distribuição gratuita de bens e serviços de caráter
social custeados ou subvencionados pelo Poder Público;

•V - nomear, contratar ou de qualquer forma admitir, demitir sem justa


causa, suprimir ou readaptar vantagens ou por outros meios dificultar ou
impedir o exercício funcional e, ainda, ex officio, remover, transferir ou
exonerar servidor público, na circunscrição do pleito, nos três meses que o
antecedem e até a posse dos eleitos, sob pena de nulidade de pleno direito,
ressalvados:

•a) a nomeação ou exoneração de cargos em comissão e designação ou


dispensa de funções de confiança;

•b) a nomeação para cargos do Poder Judiciário, do Ministério Público, dos


Tribunais ou Conselhos de Contas e dos órgãos da Presidência da República;

•c) a nomeação dos aprovados em concursos públicos homologados até o


início daquele prazo;
• d) a nomeação ou contratação necessária à instalação ou ao
funcionamento inadiável de serviços públicos essenciais, com prévia e
expressa autorização do Chefe do Poder Executivo;

• e) a transferência ou remoção ex officio de militares, policiais civis e de


agentes penitenciários;

• VI - nos três meses que antecedem o pleito:

• a) realizar transferência voluntária de recursos da União aos Estados e


Municípios, e dos Estados aos Municípios, sob pena de nulidade de pleno
direito, ressalvados os recursos destinados a cumprir obrigação formal
preexistente para execução de obra ou serviço em andamento e com
cronograma prefixado, e os destinados a atender situações de emergência e
de calamidade pública;

• b) com exceção da propaganda de produtos e serviços que tenham


concorrência no mercado, autorizar publicidade institucional dos atos,
programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos federais,
estaduais ou municipais, ou das respectivas entidades da administração
indireta, salvo em caso de grave e urgente necessidade pública, assim
reconhecida pela Justiça Eleitoral;
•c) fazer pronunciamento em cadeia de rádio e televisão, fora do horário
eleitoral gratuito, salvo quando, a critério da Justiça Eleitoral, tratar-se de
matéria urgente, relevante e característica das funções de governo;

• VII - empenhar, no primeiro semestre do ano de eleição, despesas com


publicidade dos órgãos públicos federais, estaduais ou municipais, ou das
respectivas entidades da administração indireta, que excedam a 6 (seis)
vezes a média mensal dos valores empenhados e não cancelados nos 3
(três) últimos anos que antecedem o pleito;

•VIII - fazer, na circunscrição do pleito, revisão geral da remuneração dos


servidores públicos que exceda a recomposição da perda de seu poder
aquisitivo ao longo do ano da eleição, a partir do início do prazo
estabelecido no art. 7º desta Lei e até a posse dos eleitos.

• § 1º Reputa-se agente público, para os efeitos deste artigo, quem exerce,


ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação,
designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo,
mandato, cargo, emprego ou função nos órgãos ou entidades da
administração pública direta, indireta, ou fundacional.
•§ 2º A vedação do inciso I do caput não se aplica ao uso, em
campanha, de transporte oficial pelo Presidente da República,
obedecido o disposto no art. 76, nem ao uso, em campanha, pelos
candidatos a reeleição de Presidente e Vice-Presidente da
República, Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito
Federal, Prefeito e Vice-Prefeito, de suas residências oficiais para
realização de contatos, encontros e reuniões pertinentes à própria
campanha, desde que não tenham caráter de ato público.

•§ 3º As vedações do inciso VI do caput, alíneas b e c, aplicam-se


apenas aos agentes públicos das esferas administrativas cujos
cargos estejam em disputa na eleição.

•§ 4º O descumprimento do disposto neste artigo acarretará a


suspensão imediata da conduta vedada, quando for o caso, e
sujeitará os responsáveis a multa no valor de cinco a cem mil UFIR.
•§ 5o Nos casos de descumprimento do disposto nos incisos do caput e no §
10, sem prejuízo do disposto no § 4o, o candidato beneficiado, agente
público ou não, ficará sujeito à cassação do registro ou do diploma.

•§ 8º Aplicam-se as sanções do § 4º aos agentes públicos responsáveis pelas


condutas vedadas e aos partidos, coligações e candidatos que delas se
beneficiarem.

•§ 9º Na distribuição dos recursos do Fundo Partidário (Lei nº 9.096, de 19


de setembro de 1995) oriundos da aplicação do disposto no § 4º, deverão
ser excluídos os partidos beneficiados pelos atos que originaram as multas.

•§ 10. No ano em que se realizar eleição, fica proibida a distribuição gratuita


de bens, valores ou benefícios por parte da Administração Pública, exceto
nos casos de calamidade pública, de estado de emergência ou de programas
sociais autorizados em lei e já em execução orçamentária no exercício
anterior, casos em que o Ministério Público poderá promover o
acompanhamento de sua execução financeira e administrativa.

•§ 12. A representação contra a não observância do disposto neste artigo


observará o rito do art. 22 da Lei Complementar no 64, de 18 de maio de
1990, e poderá ser ajuizada até a data da diplomação.
• 4. Princípios do Direito Eleitoral

• Os princípios são de fundamental importância para o direito. Eles


representam um fundamento para a norma jurídica e são verdadeiras
bases nas quais o direito se apoia. Eles traduzem objetivos que o direito
deve percorrer e buscar alcançar, bem como que sirvam de instrução
para o legislador e o operador do direito.

• Para Miguel Reale os "princípios são enunciações normativas de valor


genérico, que condicionam e orientam a compreensão do ordenamento
jurídico, a aplicação e integração ou mesmo para a elaboração de novas
normas.São verdades fundantes de um sistema de conhecimento, como
tais admitidas, por serem evidentes ou por terem sido comprovadas,
mas também por motivos de ordem prática de caráter operacional, isto
é, como pressupostos exigidos pelas necessidades da pesquisa e da
práxis".

• São, em resumo, mandamentos de otimização do direito.


• Embora tenham valor e aplicabilidade, os princípios
não são regra. As regras possuem determinações
específicas. Nada impede, porém, que um princípio
gere regras e estas sejam dispostas no ordenamento
jurídico.

• Princípio da Democracia

• Todos sabemos que a democracia significa a


possibilidade de o povo exercer/participar do poder.
“O poder emana do povo”

• A escolha de representantes: deverá se dar por


meio do sufrágio universal, em voto direto e secreto.
• Além de princípio, a democracia representa
verdadeiro valor para sociedade brasileira na
atualidade.

• É importante lembrar que a democracia foi


alcançada após muita luta num passado não muito
distante.

• A democracia como princípio deve ser observada no


âmbito do direito eleitoral. Em outras palavras,
quando da interpretação no caso concreto, deve-se
buscar a preservação da democracia de modo a
impedir atos que visem limitar a liberdade individual
do eleitor, a censura, dentre outras práticas que
tenham o objetivo de tornar o eleitor submisso.
• 4.4. Princípio da lisura das eleições

• A busca da lisura das eleições é dever de todos que participam das


eleições. Por lisura das eleições devemos entender uma eleição sem
influências ilícitas, sem fraudes, etc.

• De tal princípio decorre, por exemplo, o dever de o magistrado, no caso


concreto, firmar seu convencimento a partir de fatos conhecidos por ele,
mesmo quando tais fatos não tenham sidos abordados no processo.

• Artigo 23, da Lei das Inelegibilidades (lei complementar n° 64, de 1990):


“O Tribunal formará a sua convicção pela livre apreciação dos fatos
públicos e notórios, dos indícios e das presunções e prova produzida,
atentando para as circunstâncias ou fatos, ainda que não alegados pelas
partes, mas que preservem o interesse público da lisura eleitoral.”. (caso
lula - entrevista ministro tse - reconhecimento de ofício)

• Tal mandamento busca não permitir ilegalidades na escolha de


representantes, bem como garantir lisura no processo de escolha, dada a
importância de tal ato, eis que, como sabemos, o poder emana do povo.
• Busca-se a lisura das eleições por diversos caminhos. Sem dúvidas, o
principal, ou um dos principais, é impedir a candidatura de pessoas
consideradas “ficha suja”.

• O artigo 14, §9º, CF: “Lei complementar estabelecerá outros casos de


inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a
probidade administrativa, a moralidade para o exercício do mandato,
considerada a vida pregressa do candidato, a moralidade e a
legitimidade das eleições contra influência de poder econômico ou
abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta
ou indireta.”.

• A partir e com base nesse mandamento constitucional surgiu a lei


complementar 135/2010, conhecida por todos como a “lei da ficha
limpa”. Esta lei produziu modificações importantes na lei das
inelegibilidades e ampliou sobremaneira as hipóteses que impedem o
deferimento do registro de candidatos que se enquadrem naquilo que a
lei dispõe.

• Vejamos as hipóteses consideradas pela lei das inelegibilidades, já


modificada pela lei da ficha limpa, e que visam resguardar e preservar a
lisura das eleições.
• 4.4.1. Os inalistáveis e os analfabetos

• Esta hipótese de inelegibilidade leva em consideração o grau de


instrução do candidato bem como a possibilidade de se alistar.

•Embora estas hipóteses não tenham relação alguma entre si, ambas
estão previstas na mesma alínea do artigo 1º, inciso I, da lei em
comento.

• É de destacar, ainda, que a prova da alfabetização é feita de maneira


simples. Para a Justiça Eleitoral basta que o candidato apresente uma
declaração de próprio punho afirmando ser alfabetizado para que assim
ele seja considerado.

• A lei veda, ainda, a candidatura daquele que é considerado inalistável.


São inalistáveis, nos termos do §2º, do artigo 14, da Constituição
Federal, “os estrangeiros e, durante o período do serviço militar
obrigatório, os conscritos”.
• 4.4.2. Em razão da perda do mandato

• Os detentores de mandato eletivo que perderem seus mandatos em


razão de cassação fundamentada nas hipóteses do artigo 54 da
Constituição Federal, terão seus mandatos cassados e, por consequência,
ficarão inelegíveis pelo período de 8 (oito) anos.

•Art. 1º (...)

• I - (...)

•b) os membros do Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas, da


Câmara Legislativa e das Câmaras Municipais, que hajam perdido os
respectivos mandatos por infringência do disposto nos incisos I e II do
art. 55 da Constituição Federal, dos dispositivos equivalentes sobre
perda de mandato das Constituições Estaduais e Leis Orgânicas dos
Municípios e do Distrito Federal, para as eleições que se realizarem
durante o período remanescente do mandato para o qual foram eleitos e
nos oito anos subsequentes ao término da legislatura;
• c) o Governador e o Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal e
o Prefeito e o Vice-Prefeito que perderem seus cargos eletivos por
infringência a dispositivo da Constituição Estadual, da Lei Orgânica do
Distrito Federal ou da Lei Orgânica do Município, para as eleições que se
realizarem durante o período remanescente e nos 8 (oito) anos
subsequentes ao término do mandato para o qual tenham sido eleitos;

• 4.4.3. Abuso de poder econômico ou político

• Também será considerado inelegível o candidato que tiver condenação


transitada em julgado por abuso de poder econômico.

•Art. 1º (...)
•I - (...)
• d) os que tenham contra sua pessoa representação julgada procedente
pela Justiça Eleitoral, em decisão transitada em julgado ou proferida por
órgão colegiado, em processo de apuração de abuso do poder
econômico ou político, para a eleição na qual concorrem ou tenham sido
diplomados, bem como para as que se realizarem nos 8 (oito) anos
seguintes;

• O abuso de poder econômico será aferido a partir da quantidade de


recursos financeiros utilizados pelos candidatos antes e durante o
período eleitoral.

• Se forem utilizados recursos em excesso com fins de beneficiar certo


candidato e, desse modo, abalar a normalidade, o equilíbrio e a
legitimidade das eleições, há que se declarar o abuso de poder
econômico.

• Subjetividade. Deverá ser avaliada no caso concreto e de acordo com a


realidade de cada localidade. (Caso Brusque – SC)
• Abuso de poder político:
• (...) nas situações em que o detentor do poder vale-se de sua posição
para agir de modo a influenciar o eleitor, em detrimento da liberdade de
voto. Caracteriza-se, dessa forma, como ato de autoridade exercido em
detrimento do voto

• Essa espécie de abuso, no mais das vezes, é cometido por aquele que já
é detentor do cargo em disputa e busca sua reeleição.

• O espírito da disposição visa punir aquele que utiliza a estrutura


pública do cargo que ocupa para obter vantagem nas eleições.

• Em que pese não conste da lei das inelegibilidades, a jurisprudência era


bastante expansiva a ponto de cassar também os candidatos que
cometem o “abuso de poder religioso” e “abuso de poder de mídia”.

• Jurisprudência mais restrita atualmente


• O abuso de poder religioso se configurava sempre que o candidato se
vale da fé, do temor reverencial e religioso que se tem em divindades e
autoridades religiosas para obter vantagem no pleito eleitoral.

• Normalmente, é o ato praticado por candidatos pastores e/ou apoiados


por denominações religiosas de qualquer credo.

• Há, em verdade, uma espécie de determinação do líder religioso


perante seus fiéis para que estes votem no candidato indicado pela
denominação religiosa.

• A propaganda eleitoral não pode ser realizada em bens de uso comum


(aqueles a que a população em geral tem acesso, tais como os templos,
os ginásios, os estádios, ainda que de propriedade privada).
• 4.4.4. Condenação criminal

• Todo aquele que for condenado por órgãos colegiados ou com decisão
transitada em julgado, em razão do cometimento de crimes, serão
inelegíveis pelo período de 8 (oito) anos.

•Art. 1º (...)
•I - (...)
• e) os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou
proferida por órgão judicial colegiado, desde a condenação até o
transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena, pelos
crimes:

• 1. contra a economia popular, a fé pública, a administração pública e o


patrimônio público;
• 2. contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o mercado de
capitais e os previstos na lei que regula a falência;

• 3. contra o meio ambiente e a saúde pública;

• 4. eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa de liberdade;

• 5. de abuso de autoridade, nos casos em que houver condenação à


perda do cargo ou à inabilitação para o exercício de função pública;

• 6. de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores;

• 7. de tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo, tortura,


terrorismo e hediondos;

• 8. de redução à condição análoga à de escravo;


• 9. contra a vida e a dignidade sexual; e

• 10. praticados por organização criminosa, quadrilha ou bando;

• As condenações nos crimes acima citados somente serão consideradas


para a declaração de inelegibilidade quando o crime for considerado
doloso e sejam apuradas por meio de ações penais públicas. Não se
aplica aos crimes de menor potencial ofensivo e as contravenções
penais.

• 4.4.5. Dos indignos do oficialato

•São inelegíveis “f) os que forem declarados indignos do oficialato, ou


com ele incompatíveis, pelo prazo de 8 (oito) anos;”
• Esta hipótese de inelegibilidade atinge somente os membros das forças
armadas e das polícias militares, pois são eles que estão sujeitos à perda
do posto/patente por indignidade ou incompatibilidade.

• A busca do conceito da indignidade é encontrada no artigo 120, da lei


6.880/1980, que “dispõe sobre o Estatuto dos Militares”.

• Art. 120. Ficará sujeito à declaração de indignidade para o oficialato, ou


de incompatibilidade com o mesmo, o oficial que:

• I - for condenado, por tribunal civil ou militar, em sentença transitada


em julgado, à pena restritiva de liberdade individual superior a 2 (dois)
anos;
• II - for condenado, em sentença transitada em julgado, por crimes para
os quais o Código Penal Militar comina essas penas acessórias e por
crimes previstos na legislação especial concernente à segurança do
Estado;
• III - incidir nos casos, previstos em lei específica, que motivam o
julgamento por Conselho de Justificação e neste for considerado
culpado; e
• IV - houver perdido a nacionalidade brasileira.

• 4.4.6. Das contas rejeitadas

• A lei das inelegibilidades considera inelegível pelo período de 8 (oito)


anos todos aqueles que tiverem as contas rejeitadas pelos tribunais de
contas.

• Poder Executivo Municipal (prefeitos): Necessária aprovação da


Câmara Municipal.

• Decisão do STF (Gilmar Mendes):


• Entendo, portanto, que a competência para o julgamento das contas
anuais dos prefeitos eleitos pelo povo é do Poder Legislativo (nos termos
do artigo 71, inciso I, da Constituição Federal), que é órgão constituído
por representantes democraticamente eleitos para averiguar, além da
sua adequação orçamentária, sua destinação em prol dos interesses da
população ali representada. Seu parecer, nesse caso, é opinativo, não
sendo apto a produzir consequências como a inelegibilidade prevista no
artigo 1º, I, g, da Lei complementar 64/1990.

• Até o momento, não há exigência jurisprudencial semelhante no que se


refere às contas dos chefes dos Poderes Executivos Estaduais e Federal.

• Há que se ressaltar que são diversos os cargos/funções cuja


administração e contas serão objeto de análise do Tribunal de Contas
(Presidentes do Poder Legislativo, por ex.)
• 4.4.7. Do abuso do poder econômico ou político dos detentores de
cargo na administração pública

•A lei das inelegibilidades entende ser inelegível aquele que já é


detentor de cargo público e que beneficia a si próprio ou a terceiros por
meio do abuso de poder político e econômico.

• Art. 1º (...)
• I - (...)
• h) os detentores de cargo na administração pública direta, indireta ou
fundacional, que beneficiarem a si ou a terceiros, pelo abuso do poder
econômico ou político, que forem condenados em decisão transitada em
julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, para a eleição na qual
concorrem ou tenham sido diplomados, bem como para as que se
realizarem nos 8 (oito) anos seguintes;
• A única especificidade dessa disposição reside no fato de que esta
hipótese de inelegibilidade somente se aplica aos que detêm cargo na
administração pública, bem como se comprovado benefício próprio ou
de terceiros.

• 4.4.8. Das funções em estabelecimentos de crédito, financiamento ou


seguro

• Todo aquele que exercer funções públicas em estabelecimentos de


crédito, financiamento ou seguro, também estarão sob o risco de serem
declarados inelegíveis.

• Art. 1º (...)
• I - (...)
• i) os que, em estabelecimentos de crédito, financiamento ou seguro,
que tenham sido ou estejam sendo objeto de processo de liquidação
judicial ou extrajudicial, hajam exercido, nos 12 (doze) meses anteriores
à respectiva decretação, cargo ou função de direção, administração ou
representação, enquanto não forem exonerados de qualquer
responsabilidade;

• Aplicável apenas àqueles que ocupam cargos/funções de


direção/administração/representação em instituição financeira que
esteja envolvida em processo de liquidação judicial/extrajudicial no
período compreendido nos últimos 12 (doze) meses antes da decretação
da liquidação.

• Há ainda que se considerar esta inelegibilidade apenas quando


comprovada a responsabilidade do gestor.
• 4.4.9. Dos ilícitos eleitorais (8 anos)
• Art. 1º (...)
• I - (...)
• j) os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou
proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral, por corrupção
eleitoral, por captação ilícita de sufrágio, por doação, captação ou gastos
ilícitos de recursos de campanha ou por conduta vedada aos agentes
públicos em campanhas eleitorais que impliquem cassação do registro
ou do diploma, pelo prazo de 8 (oito) anos a contar da eleição;

• Somente será considerada se o ilícito eleitoral for declarado pela


Justiça Eleitoral em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão
colegiado.

•Somente serão considerados inelegíveis aqueles que praticarem ilícitos


eleitorais e, em consequência deles, forem cassados ou tiverem seus
diplomas cassados.
• Ilícitos eleitorais:

• Corrupção eleitoral: É a conduta prevista no artigo 299 do Código


Eleitoral. Consiste na conduta de “dar, oferecer, prometer, solicitar ou
receber, para si ou para outrem, dinheiro, dádiva, ou qualquer outra
vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou prometer
abstenção, ainda que a oferta não seja aceita”.

• Captação ilícita de sufrágio: “é o oferecimento ou promessa de


vantagem ao eleitor, com o fim de obter-lhe o voto”.

• Durante algum tempo, entendeu-se que apenas conduta conhecida


como “boca de urna” seria hipótese de captação ilícita de sufrágio. A
resposta à consulta feita ao Tribunal Superior Eleitoral, nº 20.531/2000,
esclareceu a questão e distinguiu a boca de urna da captação ilícita de
sufrágio.
• Entendeu a Corte Superior Eleitoral que a conduta conhecida como
“boca de urna” “é caracterizada pela coação. Esta só ocorre no dia da
eleição, aquela, do momento do registro até as eleições”.

• Assim, não há que se falar em inelegibilidade do candidato que for


condenado pela prática de “boca de urna”.

• Doação, captação ou gastos ilícitos de recursos de campanha: Nas


últimas eleições (2016), entendeu-se que os recursos financeiros
permitidos seriam tão somente aqueles previstos no artigo 14, da
Resolução nº 23.463/2015, do Tribunal Superior Eleitoral.

• Os recursos não condizentes com os definidos pela resolução foram


considerados ilícitos e nos termos do artigo 30-A, parágrafo 2º, da lei
9.504/97, acarretaram o indeferimento do diploma do candidato eleito
ou a cassação do candidato eleito já diplomado. Note-se:
• Art. 30-A. Qualquer partido político ou coligação poderá representar à
Justiça Eleitoral, no prazo de 15 (quinze) dias da diplomação, relatando
fatos e indicando provas, e pedir a abertura de investigação judicial para
apurar condutas em desacordo com as normas desta Lei, relativas à
arrecadação e gastos de recursos.

•§ 2º Comprovados captação ou gastos ilícitos de recursos, para fins


eleitorais, será negado diploma ao candidato, ou cassado, se já houver
sido outorgado.

• Após o procedimento de prestação de contas, constatadas a doação,


captação ou gastos ilícitos de recursos de campanha, o candidato
sofreria as consequências legais que, por via de consequência, também
acarretariam na declaração de sua inelegibilidade.
• Conduta vedada aos agentes públicos em campanhas eleitorais que
impliquem cassação do registro ou do diploma: Trata-se de hipótese
genérica, que acarreta a inelegibilidade a todo candidato que tenha
praticado qualquer ato passível de cassação do registro de candidatura
ou do diploma do candidato considerado eleito.

• Por se tratar de hipótese muito ampla, tome-se como exemplo as


hipóteses previstas no artigo 73, da Lei 9.504/97.

• Todas elas são condutas puníveis com a cassação do registro e,


portanto, podem gerar declaração de inelegibilidade.

• 4.4.10. Da renuncia ao mandato


•Art. 1º (...)
•I - (...)
• k) o Presidente da República, o Governador de Estado e do Distrito
Federal, o Prefeito, os membros do Congresso Nacional, das Assembleias
Legislativas, da Câmara Legislativa, das Câmaras Municipais, que
renunciarem a seus mandatos desde o oferecimento de representação
ou petição capaz de autorizar a abertura de processo por infringência a
dispositivo da Constituição Federal, da Constituição Estadual, da Lei
Orgânica do Distrito Federal ou da Lei Orgânica do Município, para as
eleições que se realizarem durante o período remanescente do mandato
para o qual foram eleitos e nos 8 (oito) anos subsequentes ao término da
legislatura.

• Assim, para livrar-se da cassação é necessária que o detentor do cargo


renuncie seu mandato antes da abertura do procedimento ético. Em que
pese a disposição legal disponha que é inelegível aquele renunciar
“desde o oferecimento de representação ou petição capaz de autorizar a
abertura de processo”, tem-se entendido que a renúncia que gera
inelegibilidade é aquela realizada após a abertura do procedimento e
não após o oferecimento da representação.
• 4.4.11. Da suspensão dos direitos políticos

• Art. 1º (...)
• I - (...)
• l) os que forem condenados à suspensão dos direitos políticos, em
decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado,
por ato doloso de improbidade administrativa que importe lesão ao
patrimônio público e enriquecimento ilícito, desde a condenação ou o
trânsito em julgado até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o
cumprimento da pena;

•A inelegibilidade aqui disposta será assim considerada quando o ato de


improbidade administrativa for cometido dolosamente e importe lesão
ao patrimônio público e/ou gere o enriquecimento ilícito do detentor do
cargo público.
•4.4.12. Da sanção por infração ético-profissional

• É vedada a candidatura daquele sofreu sanção em razão de ter


cometido infração ético-profissional.

• A sanção há que ter sido imposta pelo respectivo órgão profissional ao


qual o punido está vinculado.

•Art. 1º (...)
•I - (...)
•m) os que forem excluídos do exercício da profissão, por decisão
sancionatória do órgão profissional competente, em decorrência de
infração ético-profissional, pelo prazo de 8 (oito) anos, salvo se o ato
houver sido anulado ou suspenso pelo Poder Judiciário;
• 4.4.13. Da simulação de divórcio e/ou de dissolução de união estável

• Também serão considerados inelegíveis todos aqueles que tiverem


simulado divórcio e/ou dissolução de união estável. Note-se:

•Art. 1º (...)
•I - (...)
•n) os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou
proferida por órgão judicial colegiado, em razão de terem desfeito ou
simulado desfazer vínculo conjugal ou de união estável para evitar
caracterização de inelegibilidade, pelo prazo de 8 (oito) anos após a
decisão que reconhecer a fraude;

•A referida inelegibilidade também está expressamente prevista na


Constituição Federal. Veja-se:
• Art. 14. (...)
•§ 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os
parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do
Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do
Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos
seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e
candidato à reeleição.

• Assim, será considerado inelegível todo aquele que simular divórcio ou


dissolução de união estável com a intenção de “driblar” a Constituição
Federal e concorrer às eleições em sucessão daquele com quem é
casado(a) ou mantém união estável.

• Somente será aplicável após sentença transitada em julgado que


reconheça ter havido a simulação.

• Morosidade.
• 4.4.14. Da demissão de serviço público

• Também será considerado inelegível o servidor público que houver sido


demitido.

•Art. 1º (...)
•I - (...)
•o) os que forem demitidos do serviço público em decorrência de
processo administrativo ou judicial, pelo prazo de 8 (oito) anos, contado
da decisão, salvo se o ato houver sido suspenso ou anulado pelo Poder
Judiciário;

• As hipóteses de demissão de servidores públicos estão previstas no


artigo 132, da lei 8.112, de 11 de dezembro de 1990.
• Em que pese a referida lei nada mencione acerca da inelegibilidade
como uma das consequências da demissão, é certo que ela incidirá em
casos como esse.

• Somente será reconhecida após concretizado o procedimento


administrativo disciplinar capaz de gerar a demissão do servidor.

• 4.4.15. Da doação eleitoral ilegal

• Todo aquele que fizer doações eleitorais consideradas ilegais será


atingido pela inelegibilidade.

•Art. 1º (...)
•I - (...)
• p) a pessoa física e os dirigentes de pessoas jurídicas responsáveis por
doações eleitorais tidas por ilegais por decisão transitada em julgado ou
proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral, pelo prazo de 8 (oito)
anos após a decisão, observando-se o procedimento previsto no art. 22;

• Sempre que provocada (REPRESENTAÇÃO) por interessados ou pelo


Ministério Público Eleitoral, a Justiça Eleitoral adotará procedimentos
para apurar a legalidade ou ilegalidade de doações eleitorais.

• Sendo verificada a ilegalidade, além de sofrer as consequências


previstas na Lei 9.504/97 (multa, por exemplo), o doador que efetuou
doação considerada ilegal será considerado inelegível.

• Pessoa física – 10% / Pessoa jurídica – Vedada / Próprio candidato –


livres, desde que comprovada a renda

• Acima do limite é diferente de ilegal (fonte vedada, por exemplo)


• 4.4.15. Da inelegibilidade aplicável aos magistrados e aos membros do
Ministério Público

• Também serão inelegíveis os magistrados e os membros do Ministério


Público que sofrerem a punição consistente na aposentadoria
compulsória. Veja-se:

•Art. 1º (...)
•I - (...)
•q) os magistrados e os membros do Ministério Público que forem
aposentados compulsoriamente por decisão sancionatória, que tenham
perdido o cargo por sentença ou que tenham pedido exoneração ou
aposentadoria voluntária na pendência de processo administrativo
disciplinar, pelo prazo de 8 (oito) anos;
• Cumpre ressaltar que nesta hipótese é necessário que a punição tenha
respeitado os procedimentos a ela inerentes. Só assim será imposta a
inelegibilidade aos magistrados ou aos membros do Ministério Público
que sofrerem a punição.

• 4.4.16. Da filiação partidária e do domicílio eleitoral

• Embora a leis das inelegibilidades nada diga, aquele que pretende ser
candidato, deverá fazê-lo por meio de um partido político e sua filiação,
nos termos do artigo 9º, da Lei 9.504/1997, deverá ser realizada com
pelo menos 6 (seis) meses de antecedência do pleito.

• É necessário, também, que o candidato tenha domicílio eleitoral


definido pelo período mínimo de 6 (seis) meses na localidade onde
pretende se candidatar.
• Art. 9º Para concorrer às eleições, o candidato deverá possuir
domicílio eleitoral na respectiva circunscrição pelo prazo de seis meses e
estar com a filiação deferida pelo partido no mesmo prazo.

• Vê-se, assim, que, muito embora a lei das inelegibilidades não


considere inelegível o candidato não filiado e que não tenha um
domicílio eleitoral fixo nos 6 (seis) meses que antecedem as eleições, é
certo que tais condições representam requisitos necessários para o
registro de candidatura.

• Não sendo preenchidos tais requisitos, o candidato não terá seu


registro de candidatura deferido, mas não será considerado inelegível.
• 4.5. Da desincompatibilização

• A lei das inelegibilidades também considera inelegível o concorrente a


cargo público que não tenha se desincompatibilizado da função que
ocupava.

• A desincompatibilização não é sempre obrigatória. Caberá à lei das


inelegibilidades informar quais cargos em disputa e quais são os cargos
ocupados que necessitam de desincompatibilização

• A inelegibilidade por desincompatibilização será decorrente de uma


falta de atenção e zelo do pretenso candidato que, tendo a intenção de
se candidatar e sendo ele detentor de determinado cargo e/ou função,
deveria se afastar (desincompatibilizar) no prazo legal.
• 4.5.1. Da desincompatibilização para concorrer ao cargo de presidente
ou de vice presidente da república

• Todo aquele que pretender se candidatar ao cargo de Presidente da


República e/ou de Vice-Presidente da República e, sendo esse pretenso
candidato detentor de cargo/função pública, deverá ele se
desincompatibilizar da função que ocupa com pelo menos 6 (seis) meses
de antecedência das eleições.

• Tal exigência não se aplica ao próprio Presidente e/ou Vice-Presidente


da República que buscam a reeleição para o mesmo cargo/função que já
ocupam.

•Veja-se a seguir quais são os cargos/funções que necessitam de


desincompatibilização quando o seu ocupante pretende se candidatar a
Presidente e/ou Vice-Presidente da República:
• Art. 1º (...)
•II - para Presidente e Vice-Presidente da República:
•a) até 6 (seis) meses depois de afastados definitivamente de seus cargos
e funções:
•1. os Ministros de Estado:
•2. os chefes dos órgãos de assessoramento direto, civil e militar, da
Presidência da República;
•3. o chefe do órgão de assessoramento de informações da Presidência
da República;
•4. o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas;
•5. o Advogado-Geral da União e o Consultor-Geral da República;
•6. os chefes do Estado-Maior da Marinha, do Exército e da Aeronáutica;
•7. os Comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica;
•8. os Magistrados;
•9. os Presidentes, Diretores e Superintendentes de autarquias,
empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações públicas
e as mantidas pelo poder público;
•10. os Governadores de Estado, do Distrito Federal e de Territórios;
•11. os Interventores Federais;
•12, os Secretários de Estado;
•13. os Prefeitos Municipais;
•14. os membros do Tribunal de Contas da União, dos Estados e do
Distrito Federal;
•15. o Diretor-Geral do Departamento de Polícia Federal;
•16. os Secretários-Gerais, os Secretários-Executivos, os Secretários
Nacionais, os Secretários Federais dos Ministérios e as pessoas que
ocupem cargos equivalentes;

• Também necessitam se desincompatibilizar para a disputa do cargo de


Presidente e/ou Vice-Presidente da República aqueles que tenham
exercido funções públicas em razão de terem sido nomeados pelo
Presidente da República (apenas aqueles cuja nomeação precisa ser
aprovada pelo Senado Federal, tais como os Ministros do Supremo
Tribunal Federal, Procurador Geral da República)
• Art. 1º (...)
•b) os que tenham exercido, nos 6 (seis) meses anteriores à eleição, nos
Estados, no Distrito Federal, Territórios e em qualquer dos poderes da
União, cargo ou função, de nomeação pelo Presidente da República,
sujeito à aprovação prévia do Senado Federal;

• O prazo de desincompatibilização nesses casos é o mesmo da hipótese


anterior: 6 (seis) meses.

• A lei das inelegibilidades também determina a desincompatibilização


em até 6 (seis) meses antes das eleições daqueles que

• Art. 1º (...)
•d) (...) tiverem competência ou interesse, direta, indireta ou eventual,
no lançamento, arrecadação ou fiscalização de impostos, taxas e
contribuições de caráter obrigatório, inclusive parafiscais, ou para aplicar
multas relacionadas com essas atividades;
•De igual modo, devem se desincompatibilizar em até 6 (seis) meses
antes das eleições os que

•Art. 1º (...)
•e) (...) tenham exercido cargo ou função de direção, administração ou
representação nas empresas de que tratam os arts. 3° e 5° da Lei n°
4.137, de 10 de setembro de 1962, quando, pelo âmbito e natureza de
suas atividades, possam tais empresas influir na economia nacional;

•f) (...) detendo o controle de empresas ou grupo de empresas que


atuem no Brasil, nas condições monopolísticas previstas no parágrafo
único do art. 5° da lei citada na alínea anterior, não apresentarem à
Justiça Eleitoral, até 6 (seis) meses antes do pleito, a prova de que
fizeram cessar o abuso apurado, do poder econômico, ou de que
transferiram, por força regular, o controle de referidas empresas ou
grupo de empresas;
•h) os que, até 6 (seis) meses depois de afastados das funções, tenham
exercido cargo de Presidente, Diretor ou Superintendente de sociedades
com objetivos exclusivos de operações financeiras e façam publicamente
apelo à poupança e ao crédito, inclusive através de cooperativas e da
empresa ou estabelecimentos que gozem, sob qualquer forma, de
vantagens asseguradas pelo poder público, salvo se decorrentes de
contratos que obedeçam a cláusulas uniformes;

•i) os que, dentro de 6 (seis) meses anteriores ao pleito, hajam exercido


cargo ou função de direção, administração ou representação em pessoa
jurídica ou em empresa que mantenha contrato de execução de obras,
de prestação de serviços ou de fornecimento de bens com órgão do
Poder Público ou sob seu controle, salvo no caso de contrato que
obedeça a cláusulas uniformes;
• j) os que, membros do Ministério Público, não se tenham afastado das
suas funções até 6 (seis)) meses anteriores ao pleito;

• Também devem se desincompatibilizar, porém, no prazo de 4 (quatro) e


3 (três) meses antes das eleições, respectivamente:

•Art. 1º (...)
•g) os que tenham, dentro dos 4 (quatro) meses anteriores ao pleito,
ocupado cargo ou função de direção, administração ou representação
em entidades representativas de classe, mantidas, total ou parcialmente,
por contribuições impostas pelo poder Público ou com recursos
arrecadados e repassados pela Previdência Social;
• I) os que, servidores públicos, estatutários ou não dos órgãos ou
entidades da Administração direta ou indireta da União, dos Estados, do
Distrito Federal, dos Municípios e dos Territórios, inclusive das
fundações mantidas pelo Poder Público, não se afastarem até 3 (três)
meses anteriores ao pleito, garantido o direito à percepção dos seus
vencimentos integrais;

• 4.5.2. Da desincompatibilização para concorrer ao cargo de governador,


vice-governador e do Distrito Federal

• Os interessados em se candidatar para os cargos de Governador, Vice-


Governador e do Distrito Federal também necessitam se
desincompatibilizar.

• Art. 1º (...)
•III - para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal;
• a) os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-Presidente da
República especificados na alínea a do inciso II deste artigo e, no tocante
às demais alíneas, quando se tratar de repartição pública, associação ou
empresas que operem no território do Estado ou do Distrito Federal,
observados os mesmos prazos;
b) até 6 (seis) meses depois de afastados definitivamente de seus cargos
ou funções:
•1. os chefes dos Gabinetes Civil e Militar do Governador do Estado ou
do Distrito Federal;
•2. os comandantes do Distrito Naval, Região Militar e Zona Aérea;
•3. os diretores de órgãos estaduais ou sociedades de assistência aos
Municípios;
•4. os secretários da administração municipal ou membros de órgãos
congêneres;
• 4.5.3. Da desincompatibilização para concorrer aos cargos de prefeito,
vice-prefeito, senador, deputado estadual, deputado federal e vereador.

• Art. 1º (...)
IV - para Prefeito e Vice-Prefeito:
• a) no que lhes for aplicável, por identidade de situações, os inelegíveis
para os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República,
Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal,
observado o prazo de 4 (quatro) meses para a desincompatibilização;
• b) os membros do Ministério Público e Defensoria Pública em exercício
na Comarca, nos 4 (quatro) meses anteriores ao pleito, sem prejuízo dos
vencimentos integrais;
• c) as autoridades policiais, civis ou militares, com exercício no
Município, nos 4 (quatro) meses anteriores ao pleito;
• V - para o Senado Federal:
• a) os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-Presidente da
República especificados na alínea a do inciso II deste artigo e, no tocante
às demais alíneas, quando se tratar de repartição pública, associação ou
empresa que opere no território do Estado, observados os mesmos
prazos;
• b) em cada Estado e no Distrito Federal, os inelegíveis para os cargos de
Governador e Vice-Governador, nas mesmas condições estabelecidas,
observados os mesmos prazos;
• VI - para a Câmara dos Deputados, Assembléia Legislativa e Câmara
Legislativa, no que lhes for aplicável, por identidade de situações, os
inelegíveis para o Senado Federal, nas mesmas condições estabelecidas,
observados os mesmos prazos;
• VII - para a Câmara Municipal:
• a) no que lhes for aplicável, por identidade de situações, os inelegíveis
para o Senado Federal e para a Câmara dos Deputados, observado o
prazo de 6 (seis) meses para a desincompatibilização;
• b) em cada Município, os inelegíveis para os cargos de Prefeito e Vice-
Prefeito, observado o prazo de 6 (seis) meses para a
desincompatibilização .

• Não há previsão de necessidade de desincompatibilização dos


interventores estaduais.

• Assim, não havendo previsão expressa a respeito desses interventores,


poder-se-ia imaginar que a eles não se aplica a observância que se aplica
aos interventores federais.

• A jurisprudência do Superior Tribunal Eleitoral, no entanto, é pacífica


no sentido de que os interventores estaduais são elegíveis, desde que se
desincompatibilizem do cargo objeto da intervenção com antecedência
de 6 (seis) meses das eleições.
• PRINCÍPIO DO APROVEITAMENTO DO VOTO

• Visa evitar a nulidade dos votos, quando for possível separar os votos
nulos daqueles que não foram fraudados.

• Art. 219. Na aplicação da lei eleitoral o juiz atenderá sempre aos fins e
resultados a que ela se dirige, abstendo-se de pronunciar nulidades sem
demonstração de prejuízo.

• Art. 149. Não será admitido recurso contra a votação, se não tiver
havido impugnação perante a mesa receptora, no ato da votação, contra
as nulidades arguidas.

• É uma espécie de “indubio pro voto”


• PRINCÍPIO DA CELERIDADE

• As decisões eleitorais devem ocorrer de maneira ágil.

• Mandato

• Art. 257. Os recursos eleitorais não terão efeito suspensivo.

• § 1o A execução de qualquer acórdão será feita imediatamente, através


de comunicação por ofício, telegrama, ou, em casos especiais, a critério
do presidente do Tribunal, através de cópia do acórdão.

•§ 2o O recurso ordinário interposto contra decisão proferida por juiz


eleitoral ou por Tribunal Regional Eleitoral que resulte em cassação de
registro, afastamento do titular ou perda de mandato eletivo será
recebido pelo Tribunal competente com efeito suspensivo.
• PRINCÍPIO DA DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO

• Art. 97-A. Nos termos do inciso LXXVIII do art. 5o da Constituição


Federal, considera-se duração razoável do processo que possa resultar
em perda de mandato eletivo o período máximo de 1 (um) ano, contado
da sua apresentação à Justiça Eleitoral

•§ 1o A duração do processo de que trata o caput abrange a tramitação


em todas as instâncias da Justiça Eleitoral

• PRINCÍPIO DA ANUALIDADE

• CF. Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na
data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um
ano da data de sua vigência.

• Princípio Constitucional Eleitoral


Boa Prova!

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