1 – Belarminda quer jogar e Carlindo quer fazer uma aposta? De acordo
com o que foi estudado até agora e baseado na nossa Lei Civil, é correto afirmar que existe diferença entre esses dois institutos contratuais? Explique apresentando as diferenças.
R= Sim, a diferença é que enquanto no jogo há propósito de distração ou
ganho, com a participação dos contendores, na aposta há o sentido de afirmação da opinião manifestada, ficando nas mãos do acaso a decisão sobre a sua prevalência ou não. No jogo, o resultado decorre da participação dos contratantes. O êxito ou o insucesso dependem da atuação de cada jogador; na aposta, o resultado não depende das partes, mas de um ato ou fato alheio e incerto.
2 – É correto afirmar que o jogo e a aposta constituem uma obrigação
contratual? Sobre o aspecto fático que tipo de obrigação? Justifique sua resposta
R= Os contratos de jogo e aposta possuem natureza jurídica contratual,
constituindo modalidades contratuais bilaterais, com obrigações e direitos para todos os contratantes. Da mesma forma, só se tornam relevantes ao Direito quando ocorrem de forma onerosa, constituindo, assim, uma relação jurídica entre os participantes. E, por fim, tendo em vista que a obrigação de uma das partes só pode ser considerada devida em função de elementos futuros, é caracterizado como aleatório.
3 – Como a nossa doutrina tem classificado as espécies de jogos
existentes? Diferencie.
R= Jogos Ilícitos- Nos jogos ilícitos ou proibidos, o resultado depende
exclusivamente da sorte, como ocorre no jogo do bicho, são chamados de jogos de azar, tendo em vista que o fator sorte tem caráter predominante. São incriminados pela Lei das Contravenções Penais e por leis especiais. Jogos Lícitos- neste o ganho decorre da habilidade, da força ou da inteligência dos contendores, como no futebol, em que o ganho e a perda dependem também da habilidade dos parceiros.
Jogos Tolerados- O contrato de jogo tolerado também não cria, portanto,
a obrigação de pagar a dívida resultante da perda. E ao credor não é lícito exigi-la. Não passando de divertimentos sem utilidade, como a disputa de uma corrida entre amigos. Embora não ingressem no campo da ilicitude, não são bem-vistos pela lei, pois sofrem as mesmas limitações impostas aos ilícitos.
Jogos Autorizados- Assim são chamados os legalmente permitidos. São
aqueles socialmente úteis, pelo benefício que trazem a quem os pratica (competições esportivas, etc.), ou porque estimulam atividades econômicas de interesse geral (turfe, trote), ou pelo proveito que deles aufere o Estado, empregado no sentido de realizar obras sociais relevantes (loterias).
4 – Armindo tem com Belarmindo uma dívida proveniente de jogo. Como
se posiciona o nosso Código Civil em relação a esse fato? Explique argumentando com base no princípio que sustenta a posição legal do CC, inclusive sobre a possibilidade de exceções.
R= O Código Civil se posiciona através do princípio da inexigibilidade do
pagamento, como dispõe o art. 814 do Código Civil. Desse modo, a dívida resultante da perda no jogo, quer seja lícito (tolerável), quer ilícito (proibido), constitui obrigação natural, como já foi dito: o ganhador não dispõe, no ordenamento, de ação para exigir seu pagamento. Mas o que foi pago voluntariamente não pode mais ser recobrado (CC, art. 882). O princípio estende-se, também, “a qualquer contrato que encubra ou envolva reconhecimento, novação ou fiança de dívida de jogo”, porque não se pode reconhecer, novar ou afiançar obrigação que juridicamente não existe (CC, art. 814, § 1º). “Mas a nulidade resultante não pode ser oposta ao terceiro de boa fé” (art. 814, § 1º, segunda parte). O art. 814 retro transcrito estabelece duas exceções à referida regra: a primeira, fundada no dolo do ganhador, quando este utiliza um artifício malicioso para vencer a disputa e afastar a álea existente, ficando o solves, neste caso, autorizado a recobrar o que pagou; a segunda, se o perdedor é menor ou interdito. Mesmo o fato se passando à margem do direito, não descura este da ideia de proteção ao incapaz, devido à sua falta de discernimento.
5 – Armindo vai ser fiador de Bermindo e Carminda vai ser avalista de
Diolinda? De acordo com o que foi estudado existem diferenças entre esses institutos? Quais? Explique. R= Sim. A primeira diferença é na assinatura, enquanto o fiador assina o próprio contrato ou documento à parte, o avalista assina o título de crédito; outra diferença importante entre um e outro está na preferência de ordem da execução, no caso da fiança, existe a preferência, no aval, não existe preferência de ordem, portanto, o credor pode executar qualquer uma das partes; na fiança constitui uma garantia fidejussória ampla, que acede a qualquer espécie de obrigação, seja convencional, legal ou judicial, já no aval é instituto do direito cambiário, restrito aos débitos submetidos aos princípios deste; fiança é contrato típico e aval trata-se de declaração unilateral; e no âmbito de responsabilidade a fiança gera responsabilidade subsidiária ou solidária, conforme avençado pelas partes e o aval gera responsabilidade sempre solidária.