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Reanimação neonatal
Não significa o atendimento feito dentro da UTIN, mas o atendimento ao RN na sala de parto!
1 a cada 10 RN necessita de ajuda para respirar após o parto.
Se as 3 perguntas são positivas, a criança fica no colo da mãe e está tudo bem.
Caso 1 das respostas seja NÃO, é necessário ir para a mesa de reanimação.
Em seguida, avaliar:
FC e respiração
o FC < 100
o Respiração irregular
o Apneia
Os passos iniciais
Aquecer: a sala de parto deve ser entre 23° e 26°C, campo previamente aquecido, fonte de calor radiante!
RN < 34 sem: saco plástico + touca
Aspirar (s/n): quando secreção obstruindo ventilação! Se o RN está chorando, não é necessário aspirar, podendo até
induzir bradicardia por aspiração excessiva.
Aspirar primeiro a boca e depois narinas!
Secar: retirar os campos úmidos! Se a criança está no saco não devemos secar!
Os próximos passos
Ausculta do precórdio: avaliar FC (6’’ x 10).
Epinefrina:
Via traqueal: uma única vez
EV: veia umbilical em intervalos de 3 – 5 min
SF 0,9%: se indícios de hipovolemia (palidez, evidências de choque como alteração de perfusão)
o Volume de 10ml/kg
o Pode ocorrer na DPP!
CLASSIFICAÇÃO DO RN
Prematuro (< 37 sem )
IDADE
Termo (37 - 41s6d )
GESTACIONAL
Pós-termo (≥ 42sem)
Baixo peso ao nascer (< 2500g)
PESO Muito baixo peso ao nascer (< 1500g)
Baixo peso extremo (< 1000g)
Gráfico de crescimento – Lubchenco
GIG (grande para IG) > p90
PESO x IG
AIG (adequada para IG): entre p10-90
PIG (pequena para IG) < p10
Triagem Neonatal
Triagem metabólica: teste do pezinho. Rastreia 6 doenças (MS - SUS):
Hipotireoidismo congênito
Fenilcetonúria (erro inato do metabolismo da fenilalanina)
Hemoglobinopatia (doença falciforme)
Fibrose cística (dosar IRT – tripsina imuno-reativa)
Hiperplasia adrenal congênita (a mais comum é a def. 21-hidroxilase; dosar 17-OH-progesterona)
Deficiência de biotinidase
O teste do pezinho não deve ser coletado com menos de 48h de vida, sendo feito entre o 3º e o 5º dia de vida.
Teste da oximetria (teste do coraçãozinho): tem por objetivo identificar cardiopatias congênitas críticas, ou seja, que
dependem do canal arterial – cujo fluxo pulmonar ou fluxo sistêmico dependem do canal arterial.
24 – 48h de vida
SatO2 MSD e MI
Normal: > 95% e ≠ < 3%
Alterado: repetir em 1 hora
Mantém alteração: ECO
Durante a vida fetal, a oxigenação fetal é feita pela placenta. A resistência pulmonar é maior que a
sistêmica. Também existe o forame oval que comunica AD e AE e o canal arterial, que comunica aorta e artéria
pulmonar.
O sangue oxigenado na placenta desemboca na veia cava inferior, que é escoado para o AD. A maior parte é
desviada para o AE pelo forame oval. O AD também recebe sangue da veia cava superior, e o sangue que acaba
sendo ejetado para o VD encontra resistência e é desviado para a aorta por meio do canal arterial.
Após o nascimento, sem placenta, a resistência sistêmica aumenta e a resistência pulmonar diminui, levando
ao fechamento do forame oval e canal arterial.
Na ocorrência de uma cardiopatia congênita como uma atresia pulmonar, o sangue não é oxigenado e
continua sendo desviado para a esquerda; Parte do sangue é desviado pelo canal arterial para os pulmões na
tentativa de oxigenar (shunt esquerda-direita), e o AE recebe uma mistura de sangue oxigenado e sangue não-
oxigenado. Esta criança terá baixa satO2, desenvolvendo grave cianose.
Caso haja interrupção de sangue do VD para a aorta (interrupção do arco aórtico), o sangue não segue e
volta para o AD através do forame oval. O sangue oxigenado é ejetado na artéria pulmonar e parte é desviado para
a aorta através do canal arterial para manter a circulação sistêmica (shunt direta-esquerda). Neste caso a saturação
pós-ductal é maior que a pré-ductal.
Pesquisa do Reflexo Vermelho (teste do olhinho): com o oftalmoscópio e um quarto escuro, projetar a luz nas
pupilas, observando a luz vermelha que reflete na retina. Caso haja opacificação, denomina-se leucocoria (reflexo
branco) e deve ser encaminhado ao oftalmologista.
DISTÚRBIOS RESPIRATÓRIOS
As quatro principais doenças que acometem os RN são: SDRN, pneumonia, SAM e TTRN.
Doença da Membrana Hialina
Diminuição da concentração de surfactante alveolar
O surfactante é composto por lipídeos e proteínas, e começa a ser sintetizado a partir de 20-24 semanas de
gestação pelos pneumócitos II, atingindo quantidade suficiente no interior dos alvéolos com 34 semanas.
A função do surfactante é reduzir a tensão superficial na interface ar-líquido no interior dos alvéolos,
impedindo o colapso alveolar na expiração. O colapso alveolar causa hipoxemia e hipercapnia.
Fatores de risco
Prematuridade
Asfixia
Sexo masculino
Diabetes materna
O estresse fetal crônico estimula a secreção de cortisol, diminuindo o crescimento intrauterino (CIUR), nascendo um
bebê PIG, mas com maturação pulmonar melhor.
Clínica
Início nas primeiras horas
Taquipneia
Retrações costais, gemido, batimento de asa nasal, cianose
Radiografia
Infiltrado reticulogranular difuso (aerobroncograma)
Padrão de vidro fosco / moído
São regiões de microatelectasias justapostas a áreas ainda insufladas
Tratamento
Oxigênio por capacete (hood/campânula) – não é o ideal!
CPAP nasal (Continuous Positive Air Pressure) – evita o colapso alveolar e estabiliza o alvéolo
o Pronga nasal
Ventilação mecânica (se CPAP não resolveu)
Surfactante exógeno
o Via tubo traqueal
Antibióticos
Prevenção
Corticoide antenatal
A criança infectada pode ter sepse precoce (nas primeiras 48h de vida) ou após 7 dias de vida (sepse tardia).
Sepse Precoce Sepse Tardia
Streptococcus do grupo B (S. agalactiae)
Staphylococcus (aureus e coagulase negativa)
Gram negativos entéricos (E. coli)
Fatores de risco
Ruptura prolongada de membranas (bolsa rota > 18 horas)
Corioamnionite
Colonização materna por germes patogênicos
Prematuridade
Clínica – pode ser assintomático nas primeiras horas de vida
Desconforto respiratório
Distermia
Alteração do estado de alerta, cardiocirculatório e gastrointestinal
Avaliação complementar
Radiografia de tórax – igual a SDRN
Hemograma (relação I/T) e PCR
o A relação I/T é feita através dos neutrófilos imaturos e os totais.
o Relação I/T > 0,2 sugere infecção bacteriana e indica antibioticoterapia
Identificação do agente
o Hemocultura
o Punção lombar e cultura do LCR
o Urocultura (infecção tardia)
Tratamento
Ampicilina + aminoglicosídeo
o Cobertura para GBS + gram-negativos!
Na sepse tardia, o ATB depende do perfil de resistência bacteriana da UTI.
o Geralmente um agente com cobertura para staphylococcus e outros agentes.
A peristalse fetal é desorganizada na maior parte da gestação, sendo não-propulsiva. Por mais que o
mecônio chegue na ampola retal, o esfíncter anal está contraído. A asfixia promove o relaxamento e, caso a ampola
retal tenha mecônio, este será eliminado. A asfixia aumenta o número de incursões respiratórias, fazendo com que o
mecônio chegue na traqueia, podendo atingir as vias aéreas inferiores e causando a SAM.
Ocorre então um bloqueio mecânico expiratório, fazendo aprisionamento de ar e hiperinsuflação. O
mecônio também desencadeia uma pneumonite química e uma infecção secundária, diminuindo a complacência
pulmonar, necessitando de muita força para insuflar os pulmões.
Clínica Radiologia
Início nas primeiras horas Infiltrados alveolares grosseiros
Desconforto respiratório grave Pneumotórax
Volume pulmonar aumentado
Tratamento
Ventilação mecânica
Antibioticoterapia
Surfactante
o RN consome surfactante, deve-se repor!
Ocorre por:
Ausência de TP
Cesariana
Termo
Clínica
Início nas primeiras horas de vida
Desconforto respiratório moderado
Rápida resolução
Radiologia
Congestão hilar
Aumento da trama vascular
Líquido cisural; derrame
Cardiomegalia
Hiperinsuflação (arcos c. retificados)
Tratamento – suporte!
Oxigenoterapia (FiO2 até 40%)
Suporte geral!
INFECÇÕES CONGÊNITAS
Caracterizam-se por transmissão hematogênica (transplacentária). Não são infecções perinatais, as quais a
infecção ocorre no momento do parto, pelo contato com o sangue ou secreções maternas.
A clínica é assintomática, pois o maior risco de transmissão é no final da gravidez, quando a placenta é maior
e mais vascularizada, logo a criança foi infectada há pouco tempo. Se o feto é infectado no início, ocorrem graves
malformações.
Podem haver sintomas com manifestações antenatais ou inespecíficos, geralmente em prematuros ou RN
PIG. A criança com infecção congênita é “meio estranha”, pois são alterações em diversos órgãos e sistemas.
O RN pode ter manifestações cutâneas, oculares e neurológicas.
O diagnóstico geralmente é dado pela investigação da mãe e posterior investigação do RN, através de:
Identificação do agente etiológico
Sorologias: cuidado com interpretação, pois a IgG materna atravessa a placenta, enquanto a IgM
materna não – logo, IgM no sangue do RN significa infecção, mas IgG pode representar apenas a
passagem dos anticorpos maternos para a criança.
o IgG RN > que o IgG materno significa infecção
As 5 principais infecções congênitas que devemos pensar são: sífilis, toxoplasmose, CMV, rubéola e varicela!
Avaliação do RN
Para todo RN o qual a mãe teve diagnóstico de sífilis durante a gestação
- Avaliação clínica cuidadosa
- VDRL – avalia a atividade da doença e grau de lesão tecidual. Deve ser obtido do sangue periférico.
Os anticorpos avaliados pelo VDRL são IgM e IgG. Pode representar apenas a passagem de AC maternos.
- Hemograma – anemia, plaquetopenia, leucopenia, leucocitose
- Análise do LCR - VDRL; céls (> 25); PTN (> 150)
- Rx ossos longos – avaliar possível osteocondrite
Tratamento
Como foi o tratamento da gestante? Saber caracterizar o tratamento inadequado!
o Tratamento não penicilínico
o Inadequado para a fase
o Incompleto
o < 30 dias antes do parto
o Parceiro não tratado
** Nunca acompanhar a criança com VDRL reagente! Sempre fazer todos os exames e realizar o tratamento. Apesar
do manual do MS dizer para apenas acompanhar, os infectologistas recomendam exames + tto.
Clínica: surdez, catarata (reflexo vermelho ausente), cardiopatia congênita. SRC – Sínd. Rubeóla Congênita!
Toxoplasmose
Resultado da disseminação pelo Toxoplasma gondii
A doença aguda pode se resolver sozinha, mas o paciente não fica curado, estabelecendo uma infecção
latente, a qual não transmite para o feto, exceto se reativação em imunodeprimida.
A transmissão para o feto ocorre durante a infecção aguda!
Clínica – mesmo a criança assintomática pode desenvolver sintomas se não tratada no 1º ano de vida
Coriorretinite
Hidrocefalia Tríade de Sabin
Calcificações intracranianas difusas – todo o parênquima é acometido!
Tratamento
Sulfadiazina + Pirimetamina + ácido folínico durante o 1º ano de vida, para reduzir a circulação do T.
gondii.
Corticoide – se reação inflamatória acentuada (coriorretinite grave, proteína LCR > 1g/dL)
Citomegalovirose – CMV da família dos herpes-vírus
O vírus permanece para sempre no organismo, na forma de infecção latente. A infecção geralmente ocorre
na infecção aguda, porém é possível ocorrer pela reativação de uma infecção latente.
Tratamento – na maioria das vezes não é feito tratamento; apenas nas formas graves
Ganciclovir EV – 6 semanas (prolongado e caro)
O tratamento visa evitar sequelas da infecção congênita pelo CMV, principalmente a surdez.
HIV
O vírus HIV pode ser transmitido intraútero, periparto ou pelo aleitamento materno. Entre os cuidados
imediatos com o RN está o banho precoce no RN
Contraindicar aleitamento materno
Medicações:
AZT - todos os RN em até 24h pós-parto, por 4 semanas
Nevirapina – se mãe sem TARV ou; CV desconhecida ou; CV > 1000 no último trimestre
o 3 doses VO
ICTERÍCIA NEONATAL
A icterícia é uma coloração amarelada da pele das mucosas como consequência do aumento sérico das
bilirrubinas.
Na maior parte das vezes relaciona-se a um processo patológico, porém 60% dos RN a termo ficam ictéricos
na primeira semana de vida, e este geralmente é um processo fisiológico.
A hemoglobina é degradada e forma bilirrubina indireta (BI), a qual é hidrossolúvel e deve ser eliminada, e
para isso precisa ser transformada em lipossolúvel. A BI liga-se a albumina, é captada pelo hepatócito e nele sofre
conjugação com 1 ou 2 moléculas de ácido glicurônico, formando um mono ou diglicurinídeo (BD), através da
glicuroniltransferase. A BD lipossolúvel pode ser excretada na bile e ser retirada do organismo pelo intestino.
Na vida fetal a bilirrubina é excretada pela placenta - apenas na sua forma indireta (BI) - logo, a captação e
conjugação do RN é diminuída ao nascimento.
Todos estes mecanismos aumentam a BI, o qual leva à icterícia fisiológica! Porém nem toda icterícia é fisiológica!
ICTERÍCIA PRECOCE
Anemia hemolítica (causa mais frequente)
Incompatibilidade materno-fetal
o Incompatibilidade RH. É a mais grave. A mãe é Rh- e o RN Rh+
A mãe produz Ac Anti-Rh que atravessam a placenta e destroem as hemácias fetais. Ocorre
nas mulheres sensibilizadas (multíparas)
Solicitar coombs indireto, que será positivo (detecta Ac Anti-Rh)
O coombs direto será positivo
o Incompatibilidade ABO: menos comum
Mãe O e RN A ou B
Coombs direto – detecta Ac nas hemácias – pode ser positivo ou negativo, porque pode ser
uma doença mais branda
Esferocitose
Deficiência de G6PD
Avaliação complementar
BT e frações
Hemograma e reticulócitos
Hematoscopia – avaliar policromasia (reticulocitose), esferocitose, corpúsculos de Heinz
Icterícia do Aleitamento: dificuldade na amamentação leva a um trânsito intestinal diminuído, com aumento
da circulação entero-hepática da bilirrubina. Início precoce (2º – 3º dia).
o Corrigir amamentação.
Tratamento
Fototerapia – fotoisomerização da BI, tornando-se hidrossolúvel e sendo excretada via renal
Exsanguineotransfusão
PED II
Aleitamento Materno
Leite Humano
Saber a composição e as diferenças nutricionais!
Menos proteínas – menor sobrecarga renal
o O leite humano tem menor % de caseína, com mais proteína do soro, de mais fácil digestão. O leite
de vaca é o inverso, além de levar a um retardo no esvaziamento gástrico.
o A proteína do soro humano é a α-lactoalbumina; do LV é a β-lactoglobulina (alergênica).
Menos eletrólitos
Mais lactose – dissacarídeo (glicose + galactose)
o Fezes mais amolecidas – lactose não absorvida ↑ osmolaridade intestinal
Bactérias saprófitas fermentam lactose → evacuações explosivas
o pH intestinal mais ácido - ↑absorção de cálcio e inibe proliferação de patógenos
Mais gordura
o Rico em colesterol – redução no risco de dislipidemia no futuro
o LC-PUFA – ácido graxo de cadeia longa
ARA e DHA
Ferro – maior biodisponibilidade
o A quantidade é igual ao LV (baixa); porém o LH possui lactoferrina!
O ferro ligado à lactoferrina tem menor perda intestinal!
Fatores de Proteção
Lisozima Atividade bactericida
Imunoglobulinas IgA secretória
Lactoferrina Efeito bacteriostático (menos ferro disponível para bactérias)
Fator bífido Oligossacarídeo; substrato p/ crescimento de flora saprófita
Lactoperoxidase Oxidação de algumas bactérias
Modificações no Leite
- Durante a lactação:
Colostro – primeiros dias de vida → mais proteínas e eletrólitos; mais vitamina A
Leite de transição
Leite maduro → mais lactose e gordura
- Durante a mamada
Leite anterior (solução)
Leite posterior (emulsão) – mais gordura → saciedade e peso
- Durante o dia
Mais gordura ao anoitecer
A criança em AME deve ser amamentada em livre demanda (sem horário definido) e não deve limitar o
tempo em cada mama, até esvaziar; começar pela última mama oferecida.
O leite materno pode ser armazenado por 12h na geladeira e 15 dias no freezer.
Apojadura: costuma ocorrer até 72h após o nascimento; com a queda da progesterona e estrogênio, a prolactina
deixa de ser bloqueada e o leite começa a ser produzido. Independe do estímulo!
Para que a produção láctea se sustente, é necessário estímulo e esvaziamento das mamas.
A sucção estimula a adenohipófise a produzir prolactina, que estimula a produção de leite. Também
estimula a neurohipófise a produzir ocitocina, que faz a ejeção do leite.
Fissuras: para evitar, realizar a técnica correta e orientar mudança de posição. Ordenhar antes da mamada estimula
o reflexo da ejeção e a criança mama menos vigorosamente. Aplicar o próprio leite sobre a fissura ajuda a cicatrizar.
Não expor as mamas ao sol.
Ingurgitamento: aumento do volume mamário; por acúmulo ou retenção de leite, ou por comprometimento da
drenagem linfática levando a um edema mamário. Mama aumentada, hiperemiada e dolorosa
Orientar livre demanda
Ordenhar antes
Esvaziar as mamas
Compressas frias no intervalo entre mamadas
CRESCIMENTO
Aumento da massa corporal do indivíduo. A avaliação do crescimento é quantitativa, pelo peso e altura ao
longo da vida. O crescimento é um processo esperado e fisiológico. Possui 4 fases com seus determinantes:
Intrauterina - ambiente
Lactente – nutrição / fatores extrínsecos
o Crescimento intenso, porém, desacelerado
Infantil – potencial genético
o Crescimento estável
Puberal – esteroides sexuais
o Aceleração (pico do estirão) / desaceleração (parada)
O crescimento pode ainda ser classificado em tipos. O crescimento descrito acima é o geral.
Geral
Neural – máximo nos primeiros 2 anos de vida
Linfoide
Genital
PESO
RN a termo costuma nascer com cerca de 3,4kg, podendo perder até 10% do peso,
recuperando até o 10º dia de vida
1º tri: 700g/mês 3º tri: 500g/mês
2º tri: 600g/mês 4º tri: 400g/mês
O peso duplica com 4-5m; triplica com 1 ano
ESTATURA
RN costuma nascer com 50cm. Durante o primeiro ano de vida costuma ganhar 25cm
1º sem: 15cm Pré-escolar (2-6a): 7-8cm/ano
2º sem: 10cm Escolar (6-10a): 6-7cm/ano
2º e 3º ano: 10cm/ano ---
PERÍMETRO CEFÁLICO
No primeiro ano de vida o PC aumenta 12cm
1º tri: 2cm/mês 2º semestre: 0,5cm/mês
2º tri: 1cm/mês ---
DESENVOLVIMENTO
Capacidade que o indivíduo alcança de realizar funções cada vez mais complexas.
Motor: capacidade de locomoção
Adaptativo: capacidade de utilizar as mãos (pinça com 1 ano de vida)
Social: comportamento e interação social
Linguagem: comunicação
ESTADIOS DE TANNER
FEMININO MASCULINO
M1: pré-puberal G1: pré-puberal
M2: telarca (broto mamário) – primeiro G2: aumento testicular – efeito das
sinal de puberdade na menina gonadotrofinas
M3: aumento da mama e aréola – pico
G3: aumento do pênis (comp)
do crescimento (8-9 cm/ano)
M4: duplo contorno – menarca (2 – 2,5 G4: aumento do pênis (diâm) – pico do
anos após telarca) crescimento (9-10 cm/ano)
M5: mama madura G5: genitália adulta
PÊLOS
P1: pré-puberal
P2: pubarca (finos)
P3: sínfise púbica
P4: grande quantidade (grosso, escuro, de adulto)
P5: raíz das coxas (adulto)
Puberdade Precoce
Surgimento de caracteres sexuais e aceleração do crescimento antes do tempo. É uma criança alta, porém
um adulto baixo.
Periférica: GnRh independente (pseudopuberdade) → secreção periférica autônoma
o Doença gonadal (tumor) ou adrenal
o Testículo aumentado unilateral (tumor testicular)
Central: GnRh dependente (verdadeira)
o Idiopática ou lesão no SNC
o Mais comum nas meninas; geralmente idiopática nas meninas; geralmente por lesão no SNC nos
meninos.
o Testículos aumentados bilateralmente
PED IV
Distúrbios nutricionais
Score-Z indica a distância que o paciente está em desvio padrão da média da população. O score-Z de zero
equivale ao percentil 50. Os valores positivos demonstram pacientes acima da média; o score +3 corresponde ao
p99,9, o +2 ao p97 e o +1 ao p85. Os valores negativos demonstram pacientes abaixo da média; o score -3
corresponde ao p0,1, o -2 ao p3 e o -1 ao p15.
MARASMO
Deficiência global de energia e proteínas. É a criança que desde o início de vida não teve suporte nutricional
adequado.
Instalação lenta, no primeiro ano de vida → privação de nutrientes
Ausência de tecido adiposo → consumo das reservas energéticas
Fácies senil ou simiesca
Hipotrofia muscular e hipotonia
Irritabilidade, apetite variável (em geral preservado)
Alterações de pele e cabelo são incomuns
Não há edema
KWASHIORKOR
- Deficiência proteica, ingestão energética normal.
Instalação rápida, após o desmame
Edema de extremidades, anasarca
Hepatomegalia (esteatose)
Subcutâneo preservado
Alterações de cabelos e pele
o Placas de hiperceratose que descamam e tornam-se áreas hipopigmentadas
o Mudança na cor do cabelo / sinal da bandeira (faixa de hipopigmentação)
KWASHIORKOR-MARASMÁTICO
Quadro de marasmo que se segue por um quadro Kwashiorkor, este geralmente deflagrado por uma infecção aguda.
Reabilitação (2 – 6 semanas)
o Marco inicial: retorno do apetite
o ↑ calorias e proteínas (catch-up): crescimento acelerado
o Ferro: doses terapêuticas
o Alta para tratamento ambulatorial
Acompanhamento (follow-up)
o Pesagem semanal
OBESIDADE
Z escore > Z escore > Z escore >
IMC
+1 +2 +3
Risco de
0-5 anos Sobrepeso Obesidade
sobrepeso
Obesidade
5 – 19 anos Sobrepeso Obesidade
grave
BAIXA ESTATURA
A baixa estatura pode ocorrer por duas principais causas: variantes normais do crescimento ou condições
mórbidas.
VARIANTES
Baixa estatura genética (familiar)
NORMAIS DO
Retardo constitucional (baixa estatura constitucional)
CRESCIMENTO
CONDIÇÕES Desnutrição
MÓRBIDAS Primária
Secundária
Doenças endócrinas
Hipotireoidismo*
Deficiência de GH
Hipercortisolismo
(*) causa endócrina mais comum
Doenças genéticas
Displasias ósseas (acondroplasia – baixa estatura
desproporcional = segmento superior desproporcionalmente maior
que o inferior)
Síndromes cromossômicas - ex.: Turner 45X0
Dentre as causas mórbidas, as várias formas de desnutrição são as principais responsáveis pela baixa
estatura. Podem ainda ser causadas por doenças endócrinas, sendo o hipotireoidismo o principal, seguido pela
deficiência de GH e pelo excesso de cortisol. As causas genéticas dividem-se entre as displasias ósseas
(acondroplasia sendo a mais comum) e as síndromes cromossômicas, representada pela Síndrome de Turner, que
cursa com baixa estatura e disgenesia gonadal (atraso puberal).
O que avaliar?
Velocidade de crescimento: A curva de crescimento normal é ascendente e paralela às linhas de percentil
representadas no gráfico. Quando horizontalizada = velocidade de crescimento diminuída!
Estatura dos pais: alvo genético (calcular de acordo com o sexo).
Rx mão/punho – idade óssea (IO) - avalia o grau de maturação biológica (esquelética) do paciente.
MENINOS = altura do pai + (altura da mãe + 13) MENINAS = altura da mãe + (altura do pai - 13)
2 2
ORGANIZANDO O DIAGNÓSTICO...
IDADE ÓSSEA
IDADE ÓSSEA =
ATRASADA (IO < IC)
IDADE CRONOLÓGICA
IE = IO < IC
IO = IC > IE
Pais com altura normal
Pais baixos
SIM: NÃO:
DOENÇA IMC
GENÉTICA
INFECTOLOGIA PEDIÁTRICA
Exantema + febre presente: sarampo e rubéola
Exantema + sem febre: eritema infeccioso, exantema súbito
SARAMPO
“Parampo 36”
Vírus da família Paramixovírus
Doença de notificação compulsória imediata!
PRÓDROMOS EXANTEMA
Febre, tosse, coriza, conjuntivite (fotofobia) TIPO: MORBILIFORME (lesões máculo-papulares
com tendência à confluência e permeio de pele sã)
Enantema (manchas de KOPLIK): lesão INÍCIO: fronte, nuca, retroauricular (linha de
brancacenta envolta por um halo de implantação dos cabelos)
hiperemia, caracteristicamente na face PROGRESSÃO: craniocaudal lenta
interna das bochechas (patognomônico) DESCAMAÇÃO: furfurácea
Complicações
Otite média aguda (mais comum)
Pneumonia (mais mata)
o A PNM pode ser pelo próprio vírus do sarampo (PNM de células gigantes) ou uma PNM bacteriana
secundária.
Encefalite (alta letalidade; não é comum)
Tratamento: Vitamina A
Profilaxia
Pós-contato
o Vacina: até 3º dia (vacina de bloqueio) – para fins de bloqueio a primeira dose pode ser feita a partir
dos 6 meses (mas essa dose não deve ser considerada para a rotina)
o Imunoglobulina padrão: até 6º dia → grávidas, < 6 meses e imunocomprometidos (que sejam
suscetíveis)
RUBÉOLA
Togavírus
PRÓDROMOS EXANTEMA
LINFADENOPATIA RETROAURICULAR,
OCCIPITAL e CERVICAL TIPO: RUBEOLIFORME (as lesões máculo-
SINAL DE FORSCHHEIMER (lesões róseas, papulares são isoladas)
puntiformes, no palato) → é bastante PROGRESSÃO: craniocaudal rápida
característico da rubéola, mas não é DESCAMAÇÃO: Ausente
patognomônico
ERITEMA INFECCIOSO
Parvovírus B19
Ao surgir a erupção cutânea não há mais eliminação viral
PRÓDROMOS EXANTEMA
Inexistentes ou inespecíficos TRIFÁSICO
FASE 1 Face esbofeteada (hiperemia / eritema em região malar)
Exantema reticulado / rendilhado (exantema máculo-papular com centro claro)
+ exantema → superfícies extensoras
FASE 2
Progressão: craniocaudal
Descamação: ausente / discreta
FASE 3 Recidiva (sol, calor, atividade física) – 1 a 3 semanas
EXANTEMA SÚBITO
O HHV-6 é um membro da família dos herpes vírus, os quais podem estabelecer uma infecção latente ou
persistente. O HHV-6 pode estabelecer uma infecção latente nas glândulas salivares.
É uma doença de lactentes
Complicação mais comum: crise febril
Diagnóstico diferencial não infeccioso → farmacodermia (prurido, eosinofilia)
PRÓDROMOS EXANTEMA
FEBRE ALTA (39-40°C) TIPO: MACULOPAPULAR
PROGRESSÃO: início no TRONCO
Some em crise! Logo após, CENTRÍFUGA (vai para as extremidades)
surge o exantema! Tende a desaparecer rapidamente, sem descamação
VARICELA
“Varicela 54”
Infecção primária pelo vírus Varicela-Zoster (VVZ)
Febre na fase prodrômica que persiste até 3-4 dias do início do exantema
Lesões em crostas → não é mais infectante (paciente pode voltar às atividades habituais)
PRÓDROMOS EXANTEMA
TIPO: VESICULAR PLEOMÓRFICO
Mácula → pápula → vesícula → pústula → crosta
Pode ocorrer infecção secundária
INESPECÍFICOS Pruriginoso / acomete mucosas
PROGRESSÃO: centrífuga; mas com distribuição
centrípeta
Descamação ausente
Profilaxia pós-contato
Vacina: até 5 dias após exposição
IGHAVZ: até 4 dias (96h)
o Imunodeprimidos
o Grávidas
o RNPT (< 28 sem: sempre / ≥ 28 sem: se mãe não teve varicela)
o RN de mãe com varicela de 5 dias antes até 2 dias após o parto
o Controle de surto hospitalar em < 9 meses
Tratamento
ACICLOVIR VO – encurta a fase da viremia
o Maiores de 12 anos
ESCARLATINA
PRÓDROMOS EXANTEMA
TIPO: MICROPAPULAR (pele com aspecto de
DOENÇA ESTREPTOCÓCICA: FARINGITE lixa)
SINAL DE PASTIA = acentuação do exantema
ENANTEMA: LÍNGUA EM MORANGO (papilas nas áreas de dobras (principalmente: fossa
linguais hiperemiadas e hipertrofiadas) → 1º antecubital)
Língua em morango branco / 2º Língua em SINAL DE FILATOV (palidez perioral)
morango vermelho PROGRESSÃO: CENTRÍFUGA
DESCAMAÇÃO: LAMELAR ou LAMINAR
Tratamento: PENICILINA BENZATINA
Principal diagnóstico diferencial: doença de Kawasaki
DOENÇA DE KAWASAKI
A causa da doença ainda não é bem estabelecida, mas diversos fatores parecem apontar para uma causa de
provável origem infecciosa. Parece haver ainda alguma predisposição genética, o que explicaria a maior incidência da
doença em crianças de origem asiática, independentemente do local de moradia.
FEBRE (5 DIAS)
+ Mais comum em < 5 anos
Conjuntivite o A escarlatina é mais comum em > 5 anos!
Alterações em lábios / cavidade oral
Adenomegalia
Exantema
Alterações em extremidades
DOENÇA MÃO-PÉ-BOCA
Causada pelo Coxsackie A16
Clínica: vesículas em mãos e pés, pápulas em região glútea; vesículas em cavidade oral
INFECÇÕES VIRAIS
Vírus Coxsackie A (enterovírus)
Úlceras na cavidade oral (lesões ulceradas envoltas por halo de hiperemia,
HERPANGINA tipicamente localizadas predominantemente na cavidade posterior da orofaringe –
palato mole, úvula, pilares; diferentemente da gengivoestomatite-herpética)
Lactentes e pré-escolares
Conjuntivite
ADENOVIROSE Febre faringo-conjuntival – faringite exsudativa com conjuntivite
Sintomas de IVAS
EBV (Epstein-Barr Vírus)
Linfadenopatia generalizada
MONONUCLEOSE Esplenomegalia
Linfocitose com atipia
Exantema máculopapular após amoxicilina (rash)
CARDIOPATIAS CONGÊNITAS
CARDIOPATIAS CONGÊNITAS
Sobrecarga de volume
CIV, CIA, PCA, DSAV
(shunt esquerda-direita)*
Acianóticas
Sobrecarga de pressão
Coarctação da aorta
(obstrução)
Cianóticas Tetralogia de Fallot e Transposição dos grandes vasos
Algumas cardiopatias acianóticas podem tornar-se cianóticas, e, algumas
cardiopatias cianóticas podem não cursar inicialmente com cianose.
(*) Cardiopatias acianóticas: as manifestações são decorrentes do que encontrarmos na relação Qp/Qs, ou seja, da relação
entre fluxo pulmonar/fluxo sistêmico, determinando a magnitude das manifestações clínicas nas cardiopatias congênitas.
Em um indivíduo normal, a relação QP/QS é igual a 1. No shunt E-D, essa relação é maior que 1 (parte do sangue que
deveria seguir para o sistêmico volta para o coração).
CARDIOPATIAS ACIANÓTICAS
COMUNICAÇÃO INTERVENTRICULAR (CIV)
Cardiopatia cianótica mais comum
Defeito pode estar localizado em vários pontos do septo IV – as duas localizações mais comuns são:
perimembranosa (próximo às valvas aórtica e pulmonar – uma das margens do defeito é formada por tecido
membranoso) e a muscular (defeito único ou múltiplo, com todas as bordas em tecido muscular; grande
chance de fechamento espontâneo) – sendo que, dessas duas, a mais comum é a perimembranosa.
Clínica:
Logo após o nascimento: shunt limitado (não há um gradiente de pressão bem estabelecido, pois a RV
pulmonar demora até 6-8 semanas para diminuir por completo – RN assintomático!)
CIV pequena: assintomática – sopro holossistólico em borda esternal esquerda inferior (com frêmito)
CIV moderada / grande: manifestações de insuficiência cardíaca (taquipneia, interrupção das mamadas,
sudorese – tipicamente no polo cefálico) – hiperfonese de B2 em área pulmonar – sopro holossistólico –
ruflar diastólico mitral
Diagnóstico:
Raio-X de tórax: normal (CIV pequena) ou aumento da circulação pulmonar, cardiomegalia (aumento de
AE/VE, aumento de VD, aumento de AP)
ECG: sobrecarga de AE e VE, sobrecarga biventricular
Eco: localização, tamanho e repercussão hemodinâmica
Tratamento:
Fechamento espontâneo
Correção cirúrgica:
o Defeitos pequenos sem sintomas (?)
o Sintomáticos / CIV grande
Complicações:
SÍNDROME DE EISENMENGER: o aumento do fluxo pulmonar, ao longo do tempo, leva ao desenvolvimento
de uma doença da vasculatura pulmonar; o aumento da resistência vascular pulmonar causa inversão do
shunt (direita-esquerda) com desenvolvimento de cianose!
COMUNICAÇÃO INTERATRIAL (CIA)
Tipos:
1. Ostium primum: o defeito é adjacente às valvas atrioventriculares (defeito parcial do septo AV)
2. Ostium secundum (tipo fossa oval): mais comum – na mesma topografia onde antes estava o forame oval
3. Sinus venosus: comunicação adjacente ao ponto de escoamento da veia cava
Clínica:
Assintomática (grande parte)
DESDOBRAMENTO FIXO DE B2
Sopro sistólico ejetivo em borda esternal esquerda média e alta (estenose pulmonar relativa)
Sopro diastólico tricúspide (encontrado principalmente naquelas com maior aumento da relação QP/QS)
Diagnóstico:
Raio-X de tórax: aumento de AD e VD, aumento da artéria pulmonar e circulação pulmonar
ECG: sobrecarga de VD, BRD
Eco: tipo e tamanho do defeito, sentido do shunt
Tratamento:
Acompanhamento: CIA pequena, assintomáticos
Cirurgia ou cateterismo: sintomáticos, aumento do VD, aumento da relação QP/QS
Diagnóstico:
Raio-x: aumento da circulação pulmonar, aumento de AE, VE, aorta e artéria pulmonar
ECG: aumento de VE
Eco: estabelece o diagnóstico
Tratamento:
Farmacológico (PMT): indometacina, ibuprofeno (↓PGE2)
Cirúrgico ou por cateterismo: repercussão hemodinâmica – (naquelas sem repercussão pode ser feita opção
de acompanhamento)
COARCTAÇÃO DA AORTA
A obstrução pode estar localizada em qualquer ponto da aorta, sendo pontual ou acometer algum segmento
Com frequência existe associação com valva aórtica bicúspide
Síndrome de Turner (comumente associada com CoA)
Formas:
Justaductal: adjacente ao canal arterial
Pré-ductal (hipoplasia tubular): obstrução anterior à emergência do canal arterial – quadro mais grave
(principalmente se hipoplasia tubular)
Clínica:
RN com CoA grave: manifestações ainda no período neonatal; neste período o fluxo sistêmico é dependente
do canal arterial. Manifestações: cianose diferencial (nos membros superiores não há cianose), IC grave e
sinais de choque
Crianças maiores / adolescentes:
Hipertensão arterial em membros superiores
Pulsos diminuídos em membros inferiores: dores nos membros
Frêmito nos espaços intercostais (circulação colateral)
Diagnóstico:
Raio-X: erosões costais; sinal do “3” (aumento da aorta pré e pós-obstrução)
Tratamento:
RN: prostaglandina (manter perfusão sistêmica)
Correção cirúrgica aberta ou por cateterismo
CARDIOPATIAS CIANÓTICAS
TETRALOGIA DE FALLOT
Cardiopatia congênita cianótica mais comum!
Características:
Obstrução via saída de VD
Hipertrofia do VD
CIV (defeito no septo IV)
Dextroposição da aorta
Diagnóstico:
Raio-X: “coração em bota” – elevação do ápice cardíaco devido a hipertrofia de VD; diminuição da circulação
pulmonar; arco da pulmonar escavado
ECG: sinais de aumento do VD
Eco: diagnóstico definitivo
Tratamento:
Cirurgia / Paliativo: Shunt de Blalock-Taussig (liga artéria subclávia na artéria pulmonar)
Clínica:
Cianose progressiva no RN
Disfunção miocárdica – insuficiência cardíaca
Sem sopros; B2 hiperfonética
No período neonatal, a cardiopatia congênita com mais manifestações é a transposição.
Diagnóstico:
Raio-X: coração em “ovo deitado”, fluxo pulmonar normal ou aumentado
Tratamento:
RN: prostaglandina EV – para manter o canal (permite que o sangue oxigenado alcance a circulação
sistêmica)
Atriosseptostomia por balão (Rashkind)
Jatene (cirurgia definitiva) – até 21 dias de vida (troca das artérias) – o VE está conectado a um circuito de
baixa pressão, de maneira que perde massa muscular; assim, se a cirurgia não for feita nos primeiros dias de
vida, ao conectar o VE com a aorta, ele não terá mais capacidade de bombear o sangue contra a circulação
sistêmica
SUPORTE DE VIDA PEDIÁTRICO
Diferenças no atendimento pediátrico:
< 1 ano (exceto RN)
1 ano até a puberdade (meninas: telarca / meninos: pelos
axilares)
A partir da puberdade: igual ao adulto
FV / TV SEM PULSO
RCP 2 minutos 2J/kg
Acesso IV / IO
CHOCÁVEL?
Sim
4J/kg
RCP 2 minutos
Adrenalina (a cada 3-5 min)
Considerar IOT
CHOCÁVEL?
Sim
RCP 2 minutos
Amiodarona* ou Lidocaína
(*) No PALS a amiodarona pode ser repetida mais duas vezes
(**) Carga máxima: aumentar até 10J/kg ou até a carga do adulto
IOT
< 1 ano 3,5
1-2 anos 4
Sem cuff (> 2 anos) (idade)/4 + 4
Com cuff (> 2 anos) (idade)/4 + 3,5
A imunidade é separada em inata e adquirida. A imunidade inata independe da exposição aos antígenos, e é
representada pelas barreiras físicas, fisiológicas e sistema fagocitário. A imunidade adquirida (específica) é
representada pelos anticorpos e células de memória, e pode ser ativa ou passiva.
Imunidade adquirida
ATIVA Infecções
Proteção imediata, mas temporária (sem memória)!
Antígeno Vacinas
PASSIVA Anticorpos maternos O soro é muito mais imunogênico que a
Anticorpo Ig / soro imunoglobulina, pois é extraído de animais.
Contraindicações
Falsas Verdadeiras
Doenças comuns benignas (resfriado, diarreia,
Doenças moderadas ou graves (febre)
impetigo...)
Alergia não-grave à dose prévia Anafilaxia
Desnutrição Imunossupressão*
História familiar de eventos adversos Prednisona ≥ 2 mg/kg/dia (> 14 dias)
Hospitalização (exceto VOP) Grávidas*
Dose baixa de corticoide *Não podem receber vacinas de agentes vivos
A mulher que recebe a vacina de agentes vivos atenuados não pode engravidar por 30 dias.
CALENDÁRIO VACINAL
BCG, hepatite B
Ao nascer
(BB)
Pentavalente
Poliomielite – V1P
2 meses Pneumocócica – 10
Rotavírus – VORH (4
Ps)
3 meses Meningococo C – MnC
4 meses = 2 meses
5 meses = 3 meses
Pentavalente
6 meses Poliomielite – V1P (6
doenças)
Febre amarela (em áreas recomendadas
9 meses Tudo Pode Mudar
ou indivíduos que se deslocam)
Tríplice viral
12 meses Pneumocócica – 10 A Debutante Vira
Meningococo sorogrupo C – MnC Todas
Tetraviral
Hepatite A
15 meses
DTP (difteria, tétano e coqueluche)
Poliomielite – VOP
DTP
4 anos Poliomielite – VOP
INFLUENZA: Varicela campanhas anuais (crianças
6m – 5a) ADOL HPV + Meningo-C
dT: reforço 10 / 10 anos
Regras básicas
As vacinas podem ser administradas simultaneamente
o Exceto: febre amarela + tri/tetraviral → intervalo de 30 dias entre as vacinas é recomendado
Não há intervalo máximo entre duas doses de uma mesma vacina
o Algumas vacinas são administradas em várias doses; quando somos vacinados pela primeira vez, são
formadas células de memória → nas administrações subsequentes, o objetivo é a estimulação das
células de memória – que permanecem no organismo por tempo indefinido - logo, não há
necessidade de se reiniciar o esquema vacinal a partir da primeira dose em casos de esquemas
incompletos.
Varicela
PNI: 4 – 6a 11m 29d
Diarreia define-se por ≥ 3 evacuações ao dia, de consistência diminuída. O aumento da quantidade de água
aumenta o volume e a frequência, reduzindo a consistência das evacuações. Em crianças menores, identifica-se a
diarreia pela mudança no padrão das evacuações.
A diarreia aguda tem duração de até 14 dias; geralmente sendo de etiologia infecciosa e curso
autolimitado!
As principais complicações são a desidratação e a desnutrição!
Formas clínicas:
Diarreia aguda aquosa
Disenteria (sangue nas fezes)
As enterotoxinas causam uma diarreia secretória, pela liberação de água e eletrólitos, não sofrendo impacto
pelo jejum. A ETEC é considerada o principal agente da diarreia do viajante nos países do Norte.
A diarreia persistente dura entre 14 e 30 dias. Após 30 dias considera-se diarreia crônica.
A cólera possui uma toxina muito violenta, com perda de litros de água em 24h (fezes em água de arroz).
A giardíase pode ser assintomática ou cursar com diarreia aguda (pouco comum), intermitente ou crônica.
Disenteria
- Shigella
Qualquer agente que cause disenteria pode causar
- Campylobacter
diarreia aquosa!
- E. coli: enteroinvasiva e êntero-hemorrágica
- Salmonella
- Parasitas: Entamoeba histolytica
A Shigella invade e destrói a mucosa do cólon, causando grande inflamação. Há sangue e pus nas fezes, com
eliminação de água e eletrólitos. Cursa com dor abdominal, febre e tenesmo. Pode ainda ocorrer sintomas
neurológicos ou causar SHU!
O Campylobacter pode causar Síndrome de Guillain-Barrè, uma polineuropatia desmielinizante.
A E. coli êntero-hemorrágica secreta citotoxina que destrói o epitélio, causando uma disenteria sem febre.
Pode causar SHU através da cepa O157:H7. Adquirida classicamente pela carne de hambúrguer malcozida.
A salmonelose é mais grave em pacientes com anemia falciforme, imunodeprimidos e menores de 3 meses
(realizar coprocultura)!
Síndrome hemolítico-urêmica (toxina de Shiga)
IRA, trombocitopenia e anemia microangiopática.
Na SHU há lesão do endotélio renal, com ativação intravascular e formação de microtrombos. Ocorre petéquias,
sangramentos. A TFG cai e instala-se injúria renal aguda. A oclusão parcial faz com que as hemácias sofram
destruição intravascular e desenvolvimento de anemia hemolítica microangiopática, com esquizóticos ao
esfregaço.
TRATAMENTO
Busca evitar principalmente a DESIDRATAÇÃO!
AVALIAÇÃO DA HIDRATAÇÃO (≥ 2 sinais)
SEM DESIDRATAÇÃO
DESIDRATAÇÃO
DESIDRATAÇÃO GRAVE
CONDIÇÃO Alerta Irritada Letárgica
SEDE Normal Sedenta Incapaz
SINAL DA Lentamente Muito lentamente
Rapidamente
PREGA (< 2 seg) (> 2seg)
OLHOS Normais Fundos Muito fundos
PULSOS Cheio Débil Muito débil
ENCHIMENTO
< 3 segundos 3-5 segundos > 5 segundos
CAPILAR
LÁGRIMAS Presentes Ausentes Ausentes
MUCOSAS Úmidas Secas Muito secas
DÉBITO
Normal Diminuído Mínimo
URINÁRIO
PLANO A PLANO B PLANO C
PLANO A PLANO B
Aumentar a ingestãoPLANO hídrica C(soluções caseiras) Terapia de Reposição Oral (TRO) - UBS
Hidratação venosa
Soro caseiro (40-50 mEq/l solução
(com
TRATAMENTO : copocristaloide)
Na)ESPECÍFICOcheio de água + 1 Solução de Reidratação Oral (SRO)
Ringer lactato ou SF0,9% - 100mL/kg SRO – OMS:
medida rasa de
SHIGELOSE: sal +caso
todo 2 medidas
suspeitorasas de açúcar deve
de shiguelose (1 ser
pitada <de1–sal
ano + (6h)
1de
punhado > 1 anoMantém
(3h) Na+: 75mEq/L
tratado ATB escolhade é oaçúcar).
Ciprofloxacino. o
Glicose: 75mmol/L
paciente
MS30mL/kg hidratado,
recomendaem 1 hora mas não
tratamento trata
30mL/kg aem
desidratação!
30minapenas em
da disenteria
Solução de Osmolaridade70 Reduzida Osm: 245mOms/L
70 em
casos de 5hcomprometimento em
do 2h30min
estado geral! Na):
(75 mmol/l
não aumenta o volume das evacuações! *Solução de osmolaridade reduzida
CRIANÇAS COM
TRO tão logo seja possívelFATOR DE RISCO PARA DOENÇA
Após cada evacuação diarreica: Volume: 75mL/kg em 4h
SISTÊMICA POR SALMONELA
Reavaliação após 3-6 horas (hemoglobinopatia S,
< 2 anos: 50-100mL
imunodeprimidos,
Administração: pequenas alíquotas
< 3 meses)
CDC 20
> 2ml/kg Alimentação: manter aleitamento materno
SUSPEITA anos:DEde SF/RL em
100-200mL
CÓLERA: 5-10/ eritro
azitro min → reavaliar → se
necessário:
Manter repetir
a dieta habitual Reavaliação frequente
PARASITOSES (Giardia,da criança
ameba...)
Orientar sinais de gravidade HIDRATADA: ALTA COM PLANO A (com SRO)
Suplementação de zinco (10 – 14 dias): diminui Opção: gastróclise – 20 - 30mL/kg/hora
gravidade, duração e recorrência Dificuldade de ingestão de SRO
Vômitos persistentes em TRO (≥ 4/hora)
Não fazer: Distensão abdominal acentuada (com peristalse
- Antieméticos (metoclopramida, bromoprida, digesil): presente)
sem eficácia comprovada, maior risco de efeitos Perda de peso após 2h de TRO
colaterais graves como letargia e síndrome extrapiramidal
Ondansentrona é possível fazer!
- Loperamida
A lactose não digerida aumenta a osmolaridade intraluminal e causa diarreia; também sofre fermentação no
cólon e transforma-se em ácidos orgânicos e gases (metano/H 2). As fezes ácidas causam assaduras (hiperemia
perianal) e os gases causam distensão abdominal, flatulência e fezes explosivas.
PED VII
Infecções Respiratórias Agudas
Infecção respiratória aguda é uma doença infecciosa (viral ou bacteriana) que pode acometer qualquer
ponto do trato respiratório, durando entre 1 a 2 semanas.
Elevada incidência
Importante causa de óbito abaixo dos 5 anos
Resfriado Comum
Rinossinusite viral aguda
Infecção viral causando inflamação da mucosa nasal e dos seios paranasais.
Crianças < 5 anos saudáveis ficam resfriadas entre 6-8 vezes/ano; se frequenta creche, 12 vezes/ano.
Etiologia
Rinovírus (50% dos casos) – existem mais de 200 sorotipos de vírus → a imunidade é sorotipo-específica
Influenza (relacionado à gripe)
Parainfluenza
VSR
* Os vírus que causam doença no trato respiratório podem acometer qualquer ponto da árvore respiratória.
O rinovírus e o coronavírus acometem principalmente as vias aéreas superiores. O parainfluenza causa
principalmente laringite; o influenza, a gripe; e o VSR, a bronquiolite.
Clínica
Coriza, obstrução nasal
Espirros e roncos
Dor de garganta, hiperemia de mucosas
Tosse (predominantemente noturna)
Febre (alta isolada não prediz infecção bacteriana secundária)
A manifestação clínica cardinal é a obstrução nasal e coriza. O resfriado é uma doença autolimitada (duração
de até 7 dias) – nos primeiros dias da doença, a coriza costuma ser clara, mas a partir do 3º dia a coriza torna-se
espessa, com aspecto purulento, porém isso não é marcador de complicação bacteriana.
Os roncos traduzem secreções em grandes vias aéreas, que se modificam ao tossir.
A tosse do resfriado comum é predominantemente noturna, pois um dos mecanismos da tosse é o
gotejamento pós-nasal (a hipofaringe é repleta de receptores para a tosse).
Alguns terão hiperemia de mucosas bastante evidente (mucosa congesta, edemaciada). A membrana
timpânica também pode estar hiperemiada.
Tratamento
Antipiréticos → paracetamol, dipirona, ibuprofeno (em dose antipirética)
Não utilizar outros AINEs!
A doença é autolimitada. Acalmar a família para que a criança não receba medicações desnecessárias!
Não usar AAS - sempre que houver possibilidade de infecção pelo varicela-zoster ou influenza há risco de
síndrome de Reye (degeneração hepática + encefalopatia grave)
Lavagem nasal com SF 0,9% – várias vezes ao dia; faz desobstrução mecânica e também estimula os
espirros.
Aumento da ingestão de líquidos – quanto mais hidratada a criança estiver, mais fluída ficarão suas
secreções
Não usar
Mucolíticos
Antitussígenos Nenhuma dessas medicações mostrou benefícios no manejo de crianças
Descongestionantes pequenas resfriadas (< 6 anos), além do risco de efeitos colaterais graves.
Anti-histamínicos
Clínica
Otalgia – em crianças menores há irritabilidade e choro
Otorreia – quando há perfuração; pode estar presente em otites externas
- Otoscopia
Normal: MT transparente (permite identificar estruturas no interior da orelha média – ex.: ossículos da
audição); brilhante (reflete luz do otoscópio – triângulo luminoso); côncava (discreta projeção para o interior
da orelha média); móvel (quando da realização da otoscopia pneumática)
OMA: MT hiperemiada, opaca (pela secreção purulenta, amarelada); abaulada (o dado de maior poder
diagnóstico é o abaulamento da MT pela secreção purulenta + processo inflamatório); otorreia (secreção
que se exterioriza – pode ser vista na simples inspeção; pode-se observar um pertuito na MT por onde essa
secreção está saindo)
* Podemos ter hiperemia e opacidade em crianças sem OMA – somente o fato de a criança estar chorando pode fazer
com que a MT apareça hiperemiada.
Etiologia
S. pneumoniae
H. influenzae (não tipável)
Moraxella catarrhalis
Tratamento
- Analgésico
- Avaliar antibioticoterapia (indicações AAP – 2013)
< 6 meses (menor chance de resolução espontânea e maior chance de complicação)
Com otorreia (lembrar: definir se a otorreia é por OMA ou por uma otite externa!)
Graves:
- Dor moderada a intensa
- Febre ≥ 39°C
- Dor de ouvido há mais de 48h
6 meses – 2 anos: com otite BILATERAL
- ATB de escolha: Amoxicilina 45 mg/kg/dia (10 dias) ou 80-90mg/kg/dia
Mecanismos de resistência
o Haemophilus e moraxella: beta-lactamase → associar clavulanato
o Pneumo: menor afinidade PBP → dobrar a dose
Dose dobrada: < 2 anos, frequenta creche, usou amoxicilina < 30 dias
Amoxicilina + clavulanato: se falha terapêutica ou OMA + conjuntivite (provável Haemophilus)
Complicações
Mastoidite aguda: a apófise mastoide é toda revestida por espaços aéreos (células aéreas da mastoide) –
essas células são revestidas por uma mucosa que é contínua com a mucosa da orelha média. Sempre que
temos OMA, há algum grau de inflamação na mucosa da mastoide; a complicação ocorre quando a
inflamação que está na mucosa torna-se mais profunda e passa a acometer o periósteo.
o Periostite
o Sinais: dor, calor, rubor e edema retroauricular (desaparecimento do sulco retroauricular e
deslocamento do pavilhão da criança)
o Tratamento: internar a criança + exame de imagem (para avaliar a extensão do processo) – TC + ATB
parenteral (ceftriaxone ou amoxicilina + clavulanato) – em alguns casos faz-se a miringotomia
Otite média com efusão / serosa: quando há apenas o líquido sem sinais de inflamação (abaulamento e dor)
dizemos que o paciente tem OM serosa – que pode ocorrer sem episódio prévio ou após OMA. Presença de
nível hidroaéreo à otoscopia.
o Acompanhamento por 3 meses – na maioria dos casos há resolução espontânea; pode ser
necessário colocação de “tubo de ventilação” para escoar a secreção e permitir a ventilação da
orelha média.
Perfuração timpânica: na maioria das vezes evolui com cicatrização espontânea
Ao nascimento as crianças não têm todos os seios paranasais. Ao nascer: seio etmoidal e rudimento do seio
maxilar (o seio maxilar estará totalmente pneumatizado quando a criança tiver 4 anos). O seio frontal começa a se
formar na idade escolar (7 anos) e só estará completamente pneumatizado no início da adolescência.
Clínica
Resfriado arrastado (> 10 dias)
o Coriza abundante
o Tosse intensa, diurna e noturna
Quadro grave (> 3 dias com sintomas graves)
o Febre alta
o Coriza mucopurulenta
Quadro “que piora” (bifásico)
O diagnóstico é clínico! Não há recomendação para exames de imagem, principalmente em < 6 anos.
Tratamento
Antibioticoterapia (a mesma da OMA)
7 dias após melhora
Complicações
Celulite orbitária (por uma sinusite de seios etmoidais)
o Proptose ocular, ↓ mobilidade, edema da conjuntiva (quemose)
Celulite periorbitária: a infecção e inflamação ocorrem nos tecidos da face (o globo ocular/órbita e tecidos
adjacentes não são acometidos) – apenas a pálpebra é acometida. Pode ser uma complicação de uma
sinusite etmoidal, mas também pode ser consequente a qualquer trauma de face.
Faringoamigdalite bacteriana
A faringite aguda pode ocorrer em qualquer fase da vida. Na maioria das vezes, a etiologia é viral – benigna e
autolimitada. A faringite que nos preocupa é a bacteriana, e até prova em contrário, o agente etiológico é o
Streptococcus β-hemolítico do grupo A (S. pyogenes), que pode evoluir com febre reumática.
Clínica
Idade entre 5 e 15 anos (pico de maior incidência)
o Entre 3 e 5 anos é possível, mas pouco provável. Abaixo dos 3 anos não há faringite estreptocócica!
Febre e manifestações inespecíficas
o Vômitos, dor abdominal
Dor de garganta
Exsudato amigdaliano – pode não haver exsudato; as faringites virais também podem ter exsudato!
Hiperemia nos pilares amigdalianos anteriores
Petéquias no palato – pode haver faringite estreptocócica sem petéquias no palato, bem como faringite viral
com petéquias; porém, a alteração do exame físico mais fortemente correlacionado com a confirmação
posterior de infecção estreptocócica é a presença de petéquias no palato
Adenopatia cervical
Não tem tosse!
Avaliação complementar
Teste antigênico rápido (pesquisa de antígeno estreptocócico)
o Elevada especificidade, mas sensibilidade menor que a cultura
Cultura de orofaringe
Tratamento
O tratamento visa diminuir o tempo de transmissão do estrepto (24h após início do tratamento o paciente
não é mais infectante), diminuir o tempo de doença, diminuir complicações supurativas e também para profilaxia de
febre reumática (erradicar o estrepto da orofaringe – mínimo de 10 dias de ATB).
Analgésico e antipirético
Antibioticoterapia
Complicações supurativas
- Abscesso periamigdaliano: mais comum em adolescentes e adultos jovens. O agente pode romper a cápsula que
envolve a amígdala e alcançar o espaço periamigdaliano. A bactéria começa a se multiplicar, causando celulite, que
se organiza e forma o abscesso.
Amigdalite
Disfagia / sialorréia
Trismo e desvio da úvula
Tratamento: internação + ATB parenteral (cobertura para estrepto do grupo A + anaeróbios da cavidade
oral, como clindamicina) + drenagem (aspiração por agulha ou incisão + drenagem).
- Abscesso retrofaríngeo: consequência da adenite dos gânglios retrofaríngeos. O espaço retrofaríngeo está
localizado posteriormente à parede posterior da faringe e anteriormente aos corpos vertebrais. Até os 5 anos esse
espaço é ocupado por cadeias de linfonodos, e a partir dos 5 anos tais cadeias involuem espontaneamente. Desta
forma, está é uma condição típica de crianças < 5 anos.
IVAS recente
Febre alta e odinofagia
Disfagia e sialorréia
Dor à mobilização do pescoço
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Vírus Coxsackie A (enterovírus)
Úlceras na cavidade oral (lesões ulceradas envoltas por halo de hiperemia,
HERPANGINA tipicamente localizadas predominantemente na cavidade posterior da orofaringe –
palato mole, úvula, pilares; diferentemente da gengivoestomatite-herpética)
Lactentes e pré-escolares
Conjuntivite
ADENOVIROSE (Febre faringo-conjuntival)
Sintomas de IVAS
EBV (Epstein-Barr Vírus)
Linfadenopatia generalizada
MONONUCLEOSE Esplenomegalia
Linfocitose com atipia
Exantema máculopapular após amoxicilina (rash)
Doença de etiopatogenia desconhecida que se caracteriza por:
Febre periódica
Estomatite aftosa
PFAPA Faringite
Adenite
Quando pensar: aftas + quadros recorrentes + culturas negativas
Tratamento: corticoide (dose única) → resposta dramática
Estridor
O grande marcador clínico do acometimento laríngeo é o estridor. O estridor é um ruído
predominantemente inspiratório que iremos escutar quando há obstrução nas vias de condução extrapleurais.
Inspiração → tendência ao colabamento da laringe
Expiração → o calibre das grandes vias tende a aumentar
O paciente com estridor é um paciente que apresenta uma obstrução (ex.: edema na mucosa da laringe). O
calibre do lúmen da laringe diminui; caso haja edema, haverá uma redução ainda maior do calibre de passagem do
ar durante a inspiração. Essa oscilação do ar leva ao surgimento do estridor. Na expiração o calibre da via aérea volta
a aumentar e assim o ar consegue passar. O estridor também pode estar presente na expiração, mas nesse caso
teremos uma obstrução muito mais importante!
Epiglotite Aguda
Infecção bacteriana da mucosa que reveste a epiglote e os tecidos adjacentes. A epiglote é uma lâmina
cartilaginosa fina que oclui o orifício glótico (sempre que deglutimos, a epiglote se fecha e impede que o alimento
chegue à arvore respiratória). Na epiglotite a mucosa que reveste a epiglote está infectada e inflamada, tornando-se
espessa e pesada, não conseguindo mais abrir e fechar com facilidade.
Etiologia
Haemophilus influenzae B
S. pyogenes
S. aureus
Clínica
Início agudo, evolução rápida
Febre alta e toxemia (comprometimento do estado geral)
Dor de garganta; disfagia; sialorréia (marcador de disfagia grave)
Dificuldade respiratória; estridor
Posição do tripé
Conduta imediata
Estabelecimento de vias aéreas
o IOT, traqueostomia
Deixar a criança em paz; não tentar visualizar orofaringe!
Oferecer oxigênio Tratamento: antibioticoterapia parenteral
Não solicitar exames (laboratoriais ou imagem) com bom prognóstico!
Laringotraqueíte Viral Aguda
Causada pelo vírus parainfluenza (75%); também pelo adenovírus, VSR e influenza!
Clínica
Pródromos catarrais; febre baixa
Tosse metálica (crupe) → “tosse de cachorro” (ladrante)
Afonia e rouquidão (acometimento de pregas vocais)
Estridor
Sinal da Torre – via aérea estreita ao RX
Tratamento
- Depende da gravidade do quadro, que é avaliada pelo estridor em repouso (obstrução muito grave).
Com estridor em repouso
o Adrenalina (nebulização)
o Corticoide (VO ou IM) - dexametosona
O efeito da dexa demora algumas horas para se estabelecer, e, durante esse tempo, o efeito
da adrenalina pode acabar. Assim, a criança deve ser mantida em observação por pelo
menos 2h após a nebulização; se em 2h permanecer sem estridor de repouso, pode ser
liberada.
Sem estridor em repouso
o Corticoide – dexametasona dose única (reduz risco de nebulização com adrenalina)
Complicação
Pré escolar de 2 anos acorda subitamente durante a noite com tosse rouca, estridor e sem dificuldade para
deglutir. Qual o mais provável diagnóstico?
Laringite estridulosa (crupe espasmódica)!
TAQUIPNEIA
< 2 meses ≥ 60 irpm
2 – 12 meses ≥ 50 irpm
1 – 5 anos ≥ 40 irpm
As infecções de vias aéreas inferiores podem ser dividas em pneumonias bacterianas, atípicas e virais, e
também a bronquiolite.
Bacteriana: doença de evolução aguda e grave
Atípica: doença de evolução insidiosa
Viral (bronquiolite): presença de SIBILOS
PNEUMONIA BACTERIANA
ETIOLOGIA
> 2 meses S. pneumoniae → MAIS COMUM!
H. influenzae
S. aureus → principalmente em < 1 ano
< 2 meses S. agalactiae (grupo B)
Gram negativos entéricos
Transmissão vertical. Na vida intra-
uterina ou durante a passagem pelo canal
de parto. Geralmente ocorrem nos
primeiros dias de vida
Pneumonia stafilocócica: é uma pneumonia rara. A maior parte desses eventos se concentram no primeiro
ano de vida (lactentes). Geralmente ocorre em crianças pequenas, com evolução grave e cheia de complicações, e
além disso, há uma porta de entrada cutânea (alguma doença que sugira etiologia estafilocócica – ex.: impetigo,
abscesso → disseminação hematogênica).
Quando pensar → quadro grave / complicações (derrame pleural) / porta de entrada
SINAIS DE GRAVIDADE
TIRAGEM SUBCOSTAL → marcador de uma importante diminuição da complacência pulmonar. Surge
sempre que o diafragma tem de realizar uma contração muito vigorosa, tracionando seus pontos de
inserção nos arcos costais. Para que a tiragem seja considerada sinal de gravidade, é necessário que ela
seja mantida.
BATIMENTO DE ASA NASAL → dilatação das narinas a cada inspiração, com o objetivo de diminuir a
resistência ao fluxo aéreo, e assim, diminuir o trabalho respiratório.
GEMÊNCIA → som expiratório que ocorre através de uma glote parcialmente fechada, na tentativa de
aumentar a capacidade residual funcional (volume de ar que fica no pulmão ao final da expiração que está
diminuída pelos alvéolos com líquido. Ao manter a glote parcialmente fechada, o ar fica parcialmente
aprisionado, aumentando com isso, o tempo de troca gasosa).
CIANOSE → criança com infecção respiratória aguda, taquipneica e cianótica, é PNM muito grave!
DIAGNÓSTICO COMPLEMENTAR
RADIOGRAFIA DE TÓRAX → não é necessário naquelas crianças que não apresentem sinais de gravidade e
que não serão internadas
Auxilia no diagnóstico (infiltrado pulmonar) – um exame alterado reforça o diagnóstico; mas o exame
normal não exclui o diagnóstico. As alterações radiográficas são posteriores às manifestações clínicas
Auxilia na avaliação da extensão (ex.: hemitórax opaco = possibilidades: 1) grande atelectasia; 2)
derrame pleural volumoso que pode até ser um derrame parapneumônico 3) PNM extensa – presença
de broncograma aéreo)
Presença de complicações (+ comum: derrame pleural) – podemos suspeitar de um derrame pleural
de acordo com o exame físico do paciente (diminuição do FTV, ausência ou diminuição dos MV,
percussão maciça ou submaciça)
A maioria das pneumonias estafilocócicas evoluem com a formação de derrame pleural; porém sempre
que estivermos diante de uma criança com derrame parapneumônico, o S. pneumoniae ainda é o agente
mais provável (pois a PNM pneumocócica é muito mais comum!)
Tratamento
INDICAÇÕES DE HOSPITALIZAÇÃO TRATAMENTO ANTIMICROBIANO
Idade < 2 meses (< 2 meses + taquipneia = PNM TRATAMENTO AMBULATORIAL (> 2 meses)
grave) ou < 6 meses de acordo com Nelson Amoxicilina (VO)
Comprometimento respiratório grave - tiragem Penicilina procaína (IM)
subcostal, queda de saturação, cianose - Duração do tratamento: em média 10 dias
Comprometimento do estado geral - crianças - Reavaliação em 48 – 72h
que estiverem “vomitando tudo o que TRATAMENTO HOSPITALAR (> 2 meses)
ingerem”; crianças incapazes de ingerir Penicilina cristalina (EV)
alimentos / líquidos PNM muito grave: oxacilina + ceftriaxona (ou
Doença de base - cardiopatia grave, cloranfenicol)
imunodepressão, doença pulmonar (fibrose K-MRSA: adquirido na comunidade (prevalência vem
cística, p.ex.) aumentando); pode ser tratado com clindamicina
Complicação e extensão radiológica Na suspeita de infecção estafilocócica deve ser associado
clindamicina; suspeita = empiema e pneumatocele
TRATAMENTO HOSPITALAR (< 2 meses)
Falha terapêutica AMPICILINA + AMINOGLICOSÍDEO
Paciente não aderiu ao tratamento
A doença não era bacteriana, mas sim viral
Resistência bacteriana
Sempre que estiver diante de um paciente internado (que está recebendo tratamento adequado) → avaliar a
presença de COMPLICAÇÕES – a principal é o derrame pleural. O derrame pleural que é causa de falha terapêutica é
o derrame pleural infectado, ou seja, um empiema. O paciente que tem empiema não melhora com simples ATB,
pois só melhora quando for realizada drenagem torácica.
Empiema é causa de falha terapêutica pois só melhora com drenagem torácica!
Derrame pleural parapneumônico: o que queremos saber é se ele tem um simples exsudato inflamatório ou
se já evolui com formação de empiema. Eventualmente, as bactérias que estavam causando a PNM podem atingir o
espaço pleural e começam a proliferar no líquido pleural → exsudato infectado (empiema).
A única forma de saber se o paciente com derrame pleural tem somente um exsudato ou se já apresenta
empiema é realizar toracocentese com avaliação do líquido pleural.
FALHA APÓS 48-72h
RADIOGRAFIA
DERRAME → TORACOCENTESE
Em estágios iniciais, o líquido pode ainda EMPIEMA
não apresentar aspecto purulento, assim,
Purulento
podemos lançar mão de outros parâmetros
pH <7,2
bioquímicos:
Glicose < 40 mg/dL
pH < 7,2; glicose diminuída < 40mg/dl,
Bactérias
presença de bactérias (pelo gram ou
cultura)...
DRENAGEM e MANTER ESQUEMA ATB
COQUELUCHE
AGENTE: Bordetella pertussis
3 FASES:
1) FASE CATARRAL
2) FASE PAROXÍSTICA → ocorrência de paroxismos de tosse intensa (ACESSOS DE TOSSE, tipicamente seguidos
pela emissão de um GUINCHO)
< 3 meses: TOSSE + APNEIA + CIANOSE
Eventualmente pode convulsionar
3) FASE DE CONVALESCENÇA
HEMOGRAMA
“Reação leucemoide” (leucocitose muito intensa) + linfocitose
Enquanto a criança não recebeu a vacina, ela estará suscetível à infecção. A imunidade após a infecção/vacina não
é duradoura – os títulos de anticorpos vão progressivamente diminuindo (se a mãe foi vacinada muito tempo
antes, não terá ACs suficientes para proteger o RN)
Todas as gestantes a partir da 27ª semana recebem uma dose de tríplice bacteriana acelular → produção de ACs
que passam pela placenta → o bebê estará protegido antes mesmo dele ter sido imunizado!
TRATAMENTO
Azitromicina (1ª escolha) – 10mg/kg/dia VO 1x/dia por 5 dias; ou claritromicina
BRONQUIOLITE VIRAL AGUDA (BVA)
A bronquiolite é uma infecção viral do trato respiratório inferior. Na infecção viral, o vírus chega ao trato
respiratório inferior propagando-se de célula a célula até alcançarem o interior dos alvéolos. Portanto, antes da
infecção atingir os alvéolos, os bronquíolos terão sido infectados.
Na criança < 2 anos, essa infecção bronquiolar terá repercussão muito maior do que a infecção alveolar
propriamente dita, pois crianças < 2 anos apresentam bronquíolos com calibre muito pequeno, levando ao edema e
acúmulo de muco nos bronquíolos. Ocorre diminuição do calibre, causando uma doença obstrutiva das pequenas
vias aéreas - o ar consegue entrar na inspiração, mas não consegue sair na expiração, saindo com dificuldade e
oscilando, o que causa os sibilos.
ETIOLOGIA
Vírus Sincicial Respiratório
QUADRO CLÍNICO
< 2 anos
Pródromos catarrais / Febre e tosse
TAQUIPNEIA
SIBILOS
O diagnóstico de BVA é clínico!
EXAMES COMPLEMENTARES
Hemograma: costuma ser normal (pode haver linfocitose)
Pesquisa de antígenos virais em aspirado nasofaringe: presumimos que o vírus
presente na nasofaringe é o responsável pela doença, pois não somos colonizados por
vírus (diferentemente do que ocorre com bactérias)
Radiografia de tórax: sinais de hiperinsuflação (retificação de cúpula diafragmática,
aumento dos espaços intercostais, hipertransparência pulmonar). Complicação que
podemos ter na bronquiolite viral aguda: atelectasia (eventualmente em alguns
pontos da árvore respiratória, ao invés de obstrução parcial, temos uma obstrução
completa – todo o ar distal a essa obstrução é reabsorvido e desenvolve-se então uma
atelectasia).
O grande problema é fazer o diagnóstico diferencial nos dois primeiros anos de vida entre o sibilante transitório
precoce e o sibilante persistente. O que ajuda a fazer a distinção:
SIBILANTE PERSISTENTE / ASMA
Episódios recorrentes (na ausência de sinais de infecção viral)
História familiar positiva
Rinite alérgica e eczema atópico
Eosinofilia (> 3%)
Asma: iniciar corticoterapia inalatória
TRATAMENTO
A maioria será tratada ambulatorialmente, embora configure como uma das principais causas de internação.
Para crianças internadas:
Oxigenioterapia (se saturação O2 < 90%)
Nutrição / hidratação
NBZ com salina hipertônica (3%) → apenas para internados (diminui período de internação; teria a capacidade
de facilitar o clearance da secreção nos bronquíolos)
Beta2-agonista → teste terapêutico (guideline da AAP = não fazer!)
O QUE NÃO FAZER = CORTICOIDE e FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA!
PED VIII
Especialidades Pediátricas
INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO
Paciente que apresenta proliferação de algum microrganismo patogênico em algum ambiente estéril do
trato urinário, devendo causar inflamação deste.
São infecções muito frequentes e recorrentes na infância
1-3% das meninas
1% dos meninos
Podem causar sequelas, levando à substituição do parênquima renal por tecido fibroso
o HAS, doença renal crônica
Mecanismos
Via ascendente → bactérias do períneo e prepúcio invadem bexiga e proliferam-se, levando à cistite e
eventualmente ascendendo pelo ureter, causando pielonefrite.
Via hematogênica (RN)
Fatores de Risco
Podem atuar facilitando a ascensão bacteriana e/ou impedir os mecanismos de defesa de agirem.
Ausência de circuncisão → maior quantidade de bactérias na glande
Sexo feminino → uretra mais curta; meato uretral mais próximo ao períneo
Obstrução urinária → válvula de uretra posterior
Disfunção miccional → incoordenação miccional (esvaziamento incompleto + resíduo pós-miccional)
Constipação
Refluxo vesicoureteral (RVU) → específico p/ pielonefrite
Picos de incidência
o 1º pico (1º ano): meninos → anomalias
o 2º pico: meninas → controle esfincteriano
o 3º pico: meninas → atividade sexual
Válvula de Uretra Posterior: suspeitar antes do nascimento, pela hidronefrose fetal + distensão vesical.
Após o nascimento, a suspeita se dá pela presença de globo vesical palpável + jato urinário fraco. Durante a vida
intrauterina ocorre a formação de pequenas membranas intrauretrais, obstruindo o lúmen uretral e impedindo fluxo
miccional apropriado. Lembrar que a hidronefrose fetal está mais relacionada à estenose da junção ureteropélvica
(JUP).
RVU: refluxo retrógrado do conteúdo vesical para o ureter. Na implantação do ureter na bexiga não há
válvulas; ao urinar, o detrusor se contrai, aumentando a pressão intravesical. Para que não ocorra refluxo, o ureter
possui implantação oblíqua, percorrendo longo trajeto submucoso na bexiga, e durante a contração detrusora o
ureter é colabado. Quando este mecanismo falha ocorre RVU.
Primário: alteração na implantação do ureter na bexiga; geralmente é idiopático e resolve-se ao longo dos
primeiros anos de vida.
Secundário: implantação normal do ureter; há algum mecanismo que aumenta a pressão intravesical, como
a válvula de uretra posterior.
Etiologia
E. coli
Proteus → cálculos de estruvita
o Mais comum no sexo masculino; tem a capacidade de alcalinizar a urina (produz uma urease que
converte ureia e amônia e alcaliniza a urina, favorecendo a formação de cálculos)
Outros gram-negativos (Klebsiella, Pseudomonas)
o Klebisella → segunda maior causa no sexo feminino
o Pseudomonas → associado à manipulação do trato urinário
Gram-positivos (enterococos, S. saprophyticus)
o Pensar em adolescentes sexualmente ativas
o S. saprophyticus é coagulase negativo, o que na urinocultura pode confundir com contaminação.
Vírus → adenovírus (cistite hemorrágica)
Quadro Clínico
Cistite
o Disúria, polaciúria, estrangúria
o Dor suprapúbica
o Incontinência urinária
Pielonefrite
o Com ou sem sintomas de cistite
o Calafrios, dor lombar, manifestações inespecíficas
o Febre sem sinais localizatórios (FSSL) → principal causa é ITU
Diagnóstico
EQU → marcadores de inflamação e bactérias
o Bioquímica:
Esterase leucocitária → inflamação; sensível, porém pouco específico
Nitrito → marcador de gram (-) na urina; específico, porém menos sensível
o Sedimento: leucócitos (≥ 5)
Bacterioscopia / Gram
Urinocultura → existe a possibilidade de contaminação da amostra pelas bactérias presentes na porção
distal da uretra. Como interpretar o resultado:
TRATAMENTO
CISTITE PIELONEFRITE
Duração: 3-5 dias Duração: 7-14 dias
Tratamento: ambulatorial
< 1 mês (ou < 3 meses)
Sepse / não ingere líquidos, desidratação,
Sulfametoxazol + Trimetropim
vômitos, prostração
o Resistência vem aumentando
Nitrofurantoína
Hospitalar
Amoxicilina
Ampicilina (gram+) + aminoglicosídeo
Cefalexina (gram-)
Ácido nalidíxico Cefalosporina 3ª geração (ceftriaxona)
Ambulatorial
Ceftriaxona IM
Ciprofloxacino VO
Cefalexina, sulfas, amoxicilina + clavulanato
Exames de Imagem
USG de rins e vias urinárias: permitem identificar de alterações grosseiras e repercussões de refluxos mais
graves
Cintilografia renal com DMSA: DMSA liga-se às células tubulares renais – na fase aguda da doença é o
padrão-ouro para o diagnóstico de pielonefrite (alteração de captação do DMSA na região do parênquima
renal inflamado); após várias semanas do episódio agudo temos ausência de captação em caso de cicatriz
renal (parênquima renal substituído por tecido fibroso)
Uretrocistografia miccional (UCM): quando há refluxo o contraste ascende pelo ureter chegando até a pelve
renal.
o Confirma a presença do refluxo e permite avaliação do grau do refluxo.
Graus de RVU
Grau I: sem alterações evidentes e preocupantes. / Grau II: Alterações leves, porém sem alterações na anatomia urinária / Grau
IV: dilatação severa e alterações na anatomia; Grau V: deformidade renal exorbitante
Quando investigar?
- Nelson (AAP):
Após o 1º episódio de pielonefrite (2 – 24 meses):
o USG – se normal → parar investigação
o USG alterada → uretrocistografia miccional
Após 2º episódio de pielonefrite → uretrocistografia miccional