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Universidade Rovuma
2023
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Universidade Rovuma
2023
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Índic
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1. Introdução..................................................................................................................2
2. Género em Moçambique............................................................................................3
3. Conclusão.................................................................................................................11
4. Referencias Bibliográficas.......................................................................................12
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1. Introdução
Na África subsaariana, a população de analfabetos ronda os 38%, dos quais 61% são do
sexo feminino. Em Moçambique, 60% das mulheres são mães antes dos 20 anos de
idade e, em 2003, apenas 32% das mulheres sabia ler e escrever, enquanto para os
homens a percentagem era de 63%. Como consequência desta realidade, a equidade de
género é o 3º dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio definidos em 2000 pela
ONU. A igualdade de género diz respeito ao estágio de desenvolvimento humano que
confere direitos, responsabilidades e oportunidades a indivíduos, independentemente do
seu género, permitindo-lhes realizar o seu potencial por inteiro.
A nível global, a pobreza faz-se sentir de uma forma mais acentuada junto das mulheres,
mas em nenhuma outra zona este grupo é mais afectado do que na África subsaariana. A
subjugação da mulher por sociedades patriarcais tem-na afastado de postos de grande
responsabilidade e de liderança na esfera pública, no campo, por exemplo, da política e
da economia. Para além desta exclusão sistemática, as mulheres têm um acesso mais
dificultado à educação, formação e emprego.
O governo moçambicano tem vindo a tomar consciência de que, para mudar esta
situação, é necessário trabalhar para a igualdade de género e pôr em prática mecanismos
que conduzam ao seu esforço. Nas últimas três décadas essa conscientização tem vindo
a crescer. No entanto, as tradições moçambicanas, como abordarei neste trabalho,
representam uma grande barreira para a mudança da forma de pensar e de actuar da
população, especialmente nas zonas rurais, onde as tradições têm mais força. Contudo,
os papéis sociais tradicionais têm vindo a sofrer uma evolução gradual. A identidade
feminina expandiu-se para além da maternidade e há um claro movimento pela
incorporação da mulher no mundo do trabalho. Na política, o envolvimento das
mulheres também tem sido feito de forma gradual, mas não sem a ajuda de cotas.
2. Género em Moçambique
A presença portuguesa no território foi muito débil até ao século XIX, não se
verificando qualquer preocupação do estado português com a implementação de um
sistema de ensino.
A colonização efectiva de Moçambique é marcada por uma política profundamente
economicista, de realização de capital, baseada na exploração da mão-de-obra
“indígena”. Apesar de redutora, podemos dizer que vai ser esta orientação política que
vai marcar a acção portuguesa em Moçambique e que vai influenciar todas as políticas
educativas do governo colonial.
Em 1926 o “Estatuto Orgânico das Missões Católicas” extingue as “missões laicas” e
“missões civilizadoras” e revigora a intervenção das missões católicas.
Alguns anos mais tarde, em 1930, o governo colonial implementa uma profunda
modificação do sistema educacional, com vista à obtenção de um controlo mais directo
sobre a educação da população negra, com o objectivo de “...criar um sistema capaz de
habilitar o ‘indígena’ para o seu papel específico de trabalhador barato na economia
colonial moçambicana” (MAZULA, 1995:46). A partir desta data dá-se a separação
entre o ensino dos brancos e o ensino dos negros e a legislação impede o ensino das
línguas nacionais moçambicanas, excepto como recurso para o ensino da religião. O
ensino passa a ser obrigatório e há um aumento no número de missões e igrejas
católicas, por oposição à diminuição e mesmo discriminação da presença de outras
religiões.
O ensino passa, nessa altura, a ser dividido entre Ensino Primário Elementar (para os
brancos e assimilados) e Ensino Primário Rudimentar
A partir dos anos sessenta, e com a evolução dos movimentos de libertação em África,
Portugal começa a sofrer fortes pressões da comunidade internacional para alterar a sua
política educativa nas colónias. Os argumentos contra a política portuguesa contestavam
o segregacionista e denunciavam as elevadíssimas taxas de insucesso escolar dos
negros.
O governo colonial resolve então proceder a uma reforma na educação com vista ao
desenvolvimento económico, adoptando também uma política assimilacionista mais
vigorosa.
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A maioria das mulheres trabalha fora de casa e houve uma profunda alteração da divisão
social e sexual do trabalho. No entanto, apesar de muitas ocuparem lugares cimeiros e
serem economicamente independentes, a maioria continua a ganhar menos do que os
seus colegas do sexo masculino, os lugares de maior poder e prestígio na economia e na
política continuam a ser ocupados por homens, as mulheres continuam a ser as
principais vítimas de violência e continuam a trabalhar mais nas tarefas domésticas, o
que continua a comprovar que “... Existe uma forte estabilidade estatística da
universalidade da supremacia masculina, que resulta do exame da literatura
antropológica sobre a questão” (Héritier, 1998:198).
No final dos anos sessenta, uma nova geração nascida no pós-guerra, preconizou na
Europa e nos Estados Unidos uma verdadeira revolução social de valores, o golpe fatal
no patriarcado e a conquista de direitos das mulheres. Esta geração que cresceu a ouvir
os horrores da Segunda Guerra Mundial, com as guerras coloniais e com a guerra do
Vietname, com a repressão dos regimes totalitários e com o desenvolvimento da
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perante o crime de adultério são profundamente diferentes, sendo sempre mais pesadas
para as mulheres.
Durante a maior parte da história e em praticamente todo o mundo, a mulher não tem
identidade fora do casamento e da maternidade; não tem direito de propriedade (pois os
seus bens passam directamente para a propriedade do marido), não tem direito de
escolha, não tem quaisquer direitos de cidadania, não tem direitos sobre o seu próprio
corpo e o seu lugar é a casa.
A Igreja, ao idealizar Maria como ideal do feminino, cria um modelo que ao mesmo
tempo aproxima “... as mulheres das características negativas de Eva (...) afasta-as
definitivamente de Maria, e de todas as suas qualidades” (Mota-Ribeiro, 2005:27).
que nos ajuda a clarificar esta questão, é o de Héritier (1998) e diz respeito à
esterilidade.
E entre os Nuer, por exemplo, uma mulher estéril é considerada um homem e pode
desposar outra mulher que, através de um “servidor” lhe vai assegurar descendência; o
filho chamar-lhe-ão pai e não reconhecem qualquer ligação ao progenitor, uma invenção
social que contorna o vazio de identidade e lugar no colectivo das mulheres inférteis.
“Estatutos e papéis masculinos e feminino são aqui independentes do sexo: é a
fecundidade feminina, ou a sua ausência, que cria a linha de separação” (Héritier,
1998:253).
Esta dicotomia entre individual e colectivo, com uma valorização cada vez maior do
aspecto individual, é um fenómeno das sociedades modernas, fruto da globalização, a
que Beck chama sociedade de risco “... Repleta de interesses conflituosos entre a
família, o trabalho, o amor e a liberdade para prosseguir objectivos pessoais” (Giddens,
2001:180), e que está na origem do desenvolvimento de novas e diversas identidades de
género e papéis sexuais.
O facto de um grupo cada vez maior de indivíduos na sociedade achar que as mulheres
têm o mesmo direito de voto que os homens não implicaram por si só a mudança social.
A mudança de mentalidades individual só deu origem à transformação social quando
esse direito foi legislado e passou do foro individual ao colectivo.
3. Conclusão
As raparigas nos meios rurais em Moçambique, são vítimas de um duplo processo de
exclusão da educação com origem em vários factores económicos, sociais e culturais,
como a ocupação e o rendimento familiar, os custos directos e indirectos da educação
(os custos das propinas e dos materiais escolares podem ser demasiado elevados para
muitas famílias e no caso da principal actividade da família depender da mão-de-obra de
todos os familiares, significam uma redução de recursos humanos na economia familiar
(nestes casos havendo necessidade de escolher quem vai estudar, essa escolha recai nos
rapazes), o historial educativo das famílias (quanto mais baixa é a escolaridade dos
adultos menor importância é dada à escola, o que se pôde verificar no trabalho de
campo, onde é clara a ligação entre o apoio de um familiar mais escolarizado e a
valorização da educação das raparigas), práticas e atitudes associadas a crenças
tradicionais, culturais e religiosas e estereótipos de género (que atribuem papéis de
género às raparigas, para os quais a educação formal é secundária), localização da
escola e qualidade do ambiente escolar (distância da escola, a falta de latrinas separadas,
a violência no meio escolar), conteúdos e qualidades dos currículos e materiais
pedagógicos e processos pedagógicos desadequados (que não têm em conta a
valorização das raparigas na escola, que não apresentam modelos femininos positivos).
4. Referencias Bibliográficas
ANDERSEN, M. L. (1997) Thinking about women - sociological perspectives on sex
and gender (4ª edição ed.). United States: Allyn & Bacon.
Barata, O. & Piepoli, S. (2005). África: Género, Educação e Poder Lisboa. Lisboa:
ISCSP
Chiziane, P. (2004). Niketche: uma história de poligamia. São Paulo: Companhia das
Letras
GIL, A. C. (2010). Como elaborar projectos de pesquisa. 5. Ed. São Paulo: Atlas,
GIDDENS, A. (2001) Sociologia, Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.
JUNOD, H. A. (1974) Usos e Costumes dos Bantos (2ª edição ed. Vol. Tomo I).
Lourenço Marques: Imprensa Nacional de Moçambique
Plano Estratégico Nacional de Resposta ao HIV e SIDA 2010 – 2014 Aprovado na 10ª
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Vivas, M. (2005). “Literatura Mulherzinha”: a construção de feminilidades nas tirinhas
da série Mulheres alteradas de Maitena. Retirado a 20 de novembro de 2011,