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da Unicamp - 2022
Resumo: Este trabalho é parte de uma pesquisa inicial de mestrado onde problematiza-se a
educação musical na primeira infância e a Teoria de Aprendizagem Musical (do inglês Music
Learning Theory - MLT) de Edwin E. Gordon. Busca-se entender como a teoria pode colaborar
para que educadoras(es) musicais tenham maior consciência dos processos de aprendizagem
musical, assim como ferramentas que auxiliam na prática pedagógica com bebês e crianças
pequenas, com o objetivo de enriquecer a aprendizagem musical na primeira infância. O recorte
aqui apresentado foca na apresentação sintetizada da MLT e no seu potencial para a educação
musical.
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Isso pode se dar por falta de consciência musical das(os) educadoras(es) ou pelo
errôneo pretexto de que crianças não conseguem interagir com músicas consideradas
“complexas demais” (NASSIF, 2019). Assim, é comum encontrar aulas de música com
um repertório de músicas e brincadeiras que são basicamente centradas nos mesmos
contextos musicais e de movimento, o que não favorece o enriquecimento do
vocabulário e da compreensão musical, nem mesmo a autonomia na linguagem musical
das crianças.
Esse trabalho entende que, dentre os diversos objetivos que o ensino de música
na primeira infância tem, o essencial é proporcionar o desenvolvimento global das
crianças pelo prazer em compartilhar momentos e experiências musicais, impulsionando
assim a motivação para o aprendizado da música. Caminhando nesse mesmo sentido,
Teca (BRITO, 2003) afirma que:
É sob essa lente que as crianças, com bons estímulos e modelos, são guiadas ao
desenvolvimento da sua própria audiação, para sua autonomia musical. Gordon afirma
que a Audiação é para a música o que o pensamento é para a linguagem (GORDON,
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formação oferecido pelo The Gordon Institute for Music Learning (2020), fazendo um
aprimoramento da pirâmide àquela inicialmente proposta por Gordon, contribuindo
com ideias de Vygotsky e Stern (figura 1):
Figura 1 – Adaptação da Pirâmide de Aquisição da Linguagem Musical por Beth Bolton (fonte: apostila
curso GIML 2020 - Introduction to Music Learning Theory & Elementary General Music)
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Figura 2 - Quadro geral da Audiação Preparatória (Fonte: PÉREZ, et al. (2018 p.40) - tradução e
adaptação nossa)
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Acrescenta-se que autoras como Ilari (2003) e Beyer (1995) trazem estudos
mostrando um maior desenvolvimento cognitivo musical na primeira infância. Com
isso, é possível compreender a enorme relevância de educadoras(es) musicais
preparadas(os) que ofereçam uma educação musical de qualidade na primeira infância,
já que isso influencia diretamente o desenvolvimento da linguagem musical, bem como
o desenvolvimento global da criança já nos primeiros anos de vida.
Abaixo estão quatro dos principais conceitos pressupostos trazidos pela MLT
para uma educação musical que guie até a audiação: Diversidade musical, Todo-parte-
todo, Audiação Preparatória e o Brincar.
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Apesar da Teoria de Aprendizagem Musical de E. Gordon e a Psicologia Histórico-Cultural de
Vygotsky terem bases epistemológicas diferentes, Gordon utiliza Vygotsky como referência no seu
principal livro sobre MLT. Acredita-se que existam pontos de concordância entre a Teoria e a Psicologia
que serão discutidos com mais profundidade no decorrer do mestrado.
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Além do mais, Targget (2016) lembra que, baseando-se nos estudos de Gagné,
Gordon evidencia a discriminação como uma das habilidades mais importantes no
aprendizado musical – aprende-se então o que é sabendo o que não é.
TODO-PARTE-TODO: a revelação
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Brincar brincando
Teca (BRITO, 2003) faz uma pertinente observação quando afirma que a
criança, como um ser “brincante”, faz música brincando. Essa é a forma como a criança
se relaciona com o mundo: através da brincadeira, fazendo novas descobertas todos os
dias.
Prestes (TORMIN, 2014, p.40 grifos do autor apud PRESTES, 2010, p.163),
citando Vygotsky, afirma que a brincadeira na primeira infância é a atividade guia da
criança. Por atividade guia, entende-se a ação que constrói elementos estruturais para o
desenvolvimento infantil. Assim como as brincadeiras sensoriais são estruturantes para
bebês e crianças até por volta de 3 anos, as brincadeiras com caráter simbólico, o faz-
de-conta, são estruturantes para crianças a partir de 3 anos.
4. Conclusão
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Desta forma, este artigo buscou fazer uma síntese dos pontos da Teoria de
Aprendizagem Musical aqui escolhidos que são pertinentes à primeira infância, a fim de
enfatizar que esta é uma forte aliada para potencializar o aprendizado musical,
principalmente quando se tem como objetivo das aulas de música, o desenvolvimento
da audiação.
Referências
BEYER, Esther. Os múltiplos desenvolvimentos cognitivo-musicais e sua influência
sobre a educação musical. Revista da ABEM, v. 2, n. 2, p.53-67, 1995.
BRITO, Teca Alencar de. Música na educação infantil: propostas para a formação
integral da criança. São Paulo: Editora Peirópolis, 2003.
GOODKIN, Doug. Play, sing, & dance: An introduction to Orff Schulwerk. Miami:
Schott, 2013.
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PÉREZ, Marisa; PUJOL, Eli; PUJOL, Alba; CARBÓ, Victoria. Jugando com la música
niñas y niños. Madrid: IGEME - Instituto Gordon de Educación Musical España, 2018.
TARGGET, Cynthia. Chapter nine: Music Learning Theory. In:ABRIL, Carlos R.;
GAULT, Brent M. (Ed.). Teaching general music: Approaches, issues, and viewpoints.
Oxford University Press, 2016. Capítulo 9.
TORMIN, Malba Cunha. Dubabi Du: uma proposta de formação e intervenção musical
na creche. São Paulo, 2014. Tese (Doutorado em educação). Universidade de São
Paulo, Faculdade de Educação, São Paulo, 2014.
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