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TRATAMENTOS:
Radioterapia:
A radioterapia (RT) é frequentemente usada para tratar câncer de cabeça e pescoço. O
objetivo da RT é matar células cancerosas. Como essas células se dividem e crescem a um
ritmo mais rápido do que as células normais, elas são mais propensas a serem destruídas
pela radiação. Em contraste, embora possam ser danificadas, as células saudáveis
geralmente se recuperam.
Os efeitos colaterais da RT para o câncer de cabeça e pescoço são divididos em precoce
(agudos) e de longo prazo (crônicos). Os efeitos colaterais precoces ocorrem durante o
tratamento e no período imediatamente pós-terapia (aproximadamente 2-3 semanas após a
conclusão de um tratamento de RT). Os efeitos crônicos podem se manifestar a qualquer
momento, de semanas a anos mais tarde.
Os efeitos colaterais iniciais incluem inflamação da mucosa orofaríngea (mucosite),
deglutição dolorosa (odinofagia), dificuldade de deglutição (disfagia), rouquidão, falta de
saliva (xerostomia), dor orofacial, dermatite, náuseas, vômitos e perda de peso.
Quimioterapia:
A quimioterapia para o câncer de cabeça e pescoço é utilizada junto aos cuidados
suportivos para a maioria dos pacientes com metástase ou câncer recorrente de cabeça e
pescoço avançado. A escolha da terapia sistêmica específica é influenciada pelo tratamento
prévio do paciente com agentes quimioterapêuticos e a abordagem geral para preservar os
órgãos afetados. Os cuidados suportivos incluem a prevenção da infecção devido à
supressão severa da medula óssea e à manutenção de nutrição adequada.
As opções terapêuticas incluem o tratamento com um único agente e regimes combinados
com quimioterapia citotóxica convencional e/ou agentes alvos moleculares, combinados
com cuidados suportivos. A quimioterapia é administrada em ciclos, alternando entre
períodos de tratamento e repouso. O tratamento pode durar vários meses, ou mesmo mais
tempo.
A quimioterapia para o tratamento de câncer de cabeça e pescoço geralmente é
administrada ao mesmo tempo que a radioterapia e é conhecida como quimiorradioterapia.
Pode ser administrado como quimioterapia adjuvante ou como quimioterapia neoadjuvante.
A quimioterapia adjuvante é utilizada para o tratamento após a cirurgia para reduzir o risco
de retorno do câncer e para matar as células que possam ter se espalhado. A quimioterapia
neoadjuvante é administrada antes da cirurgia para reduzir o tamanho do tumor, facilitando
assim a remoção.
Laringectomias parciais:
De modo geral, os principais impactos decorrentes das laringectomias parciais verticais são:
voz soprosa, de fraca intensidade, dificuldade de sonorização, redução dos tempos de
fonação e aspiração de alimentos e/ou líquidos.
Os procedimentos empregados para reabilitação vocal dos pacientes submetidos a
laringectomias parciais verticais devem oferecer uma estabilidade na função fonatória e
melhoria nas condições desviadas: redução da extensão vocal (variação de frequência),
redução na extensão dinâmica (variação de intensidade), redução dos tempos máximos de
fonação e redução do fluxo aéreo translaríngeo.
São dois objetivos principais:
- desenvolver a fonação por meio da participação das estruturas remanescentes como
órgãos vibrantes.
- melhor qualidade global da comunicação oral, melhorando a aceitabilidade da
comunicação do paciente, aumentando-se a extensão vocal e a dinâmica e
oferecendo maior conforto fonatório por meio de aumento dos tempos máximos de
fonação.
Laringectomias totais:
Implica uma profunda modificação anatômica, funcional e psicológica. As funções da laringe
não podem mais ser desempenhadas por via natural.
A laringectomia quase-total utiliza o ar pulmonar expiratório para a produção da voz, o que
possibilita uma emissão de melhor qualidade, com frases mais longas, sonoridade
adequada e fluência normal. A principal desvantagem é a traqueostomia definitiva.
A orientação fonoaudiológica no pré-operatório é de natureza psicológica, auxiliando no
estabelecimento do vínculo terapêutico, reduzindo a angústia e a ansiedade do paciente, o
envolvimento da família é essencial.
A orientação no pós-operatório imediato limita-se apenas a um apoio ao paciente, pois, as
primeiras emissões só poderão ser feitas entre o 10° e o 15° dia de pós-operatório.
Para realizar a produção vocal, o indivíduo inspira pelo estoma traqueal, oclui digitalmente o
estoma, que dirige o ar do pulmão para a faringe, via shunt, e emite um som. A força da
oclusão digital é decisiva na qualidade vocal: se for pouca, haverá escape de ar, ruído do
estoma, voz fraca e emissão pouco inteligível; se for excessiva, a voz produzida pode ser
tensa e desagradável. Se a pressão necessária para abrir o shunt não for muito grande, e o
paciente for tranquilo, pode-se realizar a inserção das válvulas de auto-oclusão do estoma,
o que libera a mão da participação sonora.
No geral, um ritmo de moderado a lento, com sobrearticulação dos sons favorece a
inteligibilidade da fala. A qualidade de voz é rouca, podendo ser também rouco-soprosa, ou
rouco-molhada (quando há muita secreção ou presença de aspiração), o pitch é grave.
A reabilitação da laringectomia total tem como objetivo a restauração da comunicação oral
do indivíduo. Existem 3 possibilidades de fala alaríngea: o uso de vibradores laríngeos,
chamados de laringe eletrônica, o desenvolvimento de uma voz esofágica, ou o uso de uma
prótese fonatória.
O vibrador laríngeo é um pequeno aparelho chamado de laringe eletrônica e consiste em
um tubo com uma membrana vibrátil em sua parte de cima, com um botão para acionar a
vibração e um compartimento para inserir pilhas ou a bateria.
Essa membrana vibrátil deve ser apoiada na região do pescoço, geralmente um pouco
acima do local onde se encontrava o osso hióide. Deve-se testar o vibrador em diferentes
locais, em ambos os lados do pescoço, ou mesmo embaixo do queixo ou em ambas as
bochechas, com diferentes graus de pressão sobre a pele, a fim de descobrir qual região
gera as melhores condições vibratórias para a produção da nova voz.
A voz produzida possui característica mecânica e artificial, parecendo um robô. O paciente
deve articular de modo muito preciso para que o ruído possa ser transformado em fala com
boa inteligibilidade. O controle digital para o acionamento da prótese é fundamental para a
boa utilização da mesma e, portanto, pacientes com problemas motores nas mãos
encontrarão dificuldades.
A laringe eletrônica deve ser uma medida temporária ou alternativa de comunicação.
Vantagens de seu uso são: favorecer a comunicação durante o aprendizado da voz
esofágica ajuda o paciente a sair da situação silêncio involuntário, auxiliar o
desenvolvimento de uma melhor articulação da fala, possibilitar a comunicação do
laringectomizado analfabeto e que não tem acesso ao treinamento da voz esofágica.
As principais desvantagens são: qualidade vocal artificial, não-humana, de característica
impessoal, sem inflexões e com restrição da curva melódica. Os vibradores mais modernos
apresentam controle de intensidade e frequência.
Além do vibrador laríngeo há as próteses pneumáticas e próteses elétricas endobucais.
As próteses intra orais pneumáticas são vibradores de baixo custo, de fácil utilização,
laváveis e resistentes. Não necessitam de baterias e são colocadas diretamente na boca
como um cachimbo. Sua utilização no pós-operatório imediato é possível, pois não
interferem no procedimento de reabilitação vocal posteriormente.
As próteses elétricas endobucais foram desenvolvidas com o intuito de criar um vibrador
oral totalmente contido na boca, que poderia ser adaptado à uma prótese dentária, em uma
placa especialmente fabricada para esse uso. A prótese consistia inicialmente em um
diafragma com vibração eletromagnética e é apresentada com um fio que saía da boca do
indivíduo para que o aparelho pudesse receber energia o suficiente. O sistema se mostrou
totalmente frágil e foi abandonado. Posteriormente, a equipe desenvolveu uma nova prótese
chamada de laringe artificial endobucal autocontida. Essa consiste em um sistema digital
que é inserido em um disco a ser aplicado em uma prótese dentária, é alimentado por
baterias que têm duração média de 12 horas. O som produzido é semelhante a voz
humana,a emissão é disparada por controle lingual e a inserção da prótese não requer
nenhum tipo de procedimento cirúrgico. Infelizmente, Thomas Jefferson University vendeu o
protótipo de os direitos dessa prótese para uma empresa de instrumentos médicos que não
disponibilizou a comercialização do sistema.
Com a remoção da laringe o indivíduo laringectomizado era encaminhado tradicionalmente
para o aprendizado da voz esofágica. A produção dessa voz implica a utilização do esôfago
como reservatório transitório de ar, que será expulso e trabalhado nas cavidades superiores
de ressonância e articulação. O som da voz esofágica é de qualidade rouca e frequência
grave.
Ela é a melhor opção para o paciente submetido a uma laringectomia total clássica; porém,
a porcentagem de sucesso da sua aquisição está entre 5 e 63%. Na região superior do trato
digestório localiza-se o chamado segmento faringoesofágico, que será utilizado como fonte
sonora da voz esofágica. Desta forma, denomina-se voz esofágica aquela na qual o
suprimento de ar passa do meio externo para a porção superior do esôfago, sendo
armazenado abaixo do segmento faringoesofágico. O ar, uma vez introduzido, deverá ser
expulso e trabalhado no trato vocal, do ponto de vista de articulação e ressonância. A forma
de introdução do ar no esôfago pode variar.
No aprendizado da voz esofágica, há três variações básicas na forma de introdução de ar
no esôfago, eles são denominados de método de deglutição, de aspiração e de injeção de
ar.
A sequência de deglutição de ar é o procedimento clássico de produção de voz esofágica e
consiste em introduzir o ar com o auxílio dos movimentos da deglutição. A sequência básica
consiste em engolir o ar e, assim que perceber sua introdução no esôfago, expulsá-lo e
emitir uma vogal. O paciente é instruído a abrir a boca e a emitir uma palavra
imediatamente após a introdução do ar. A principal desvantagem é a lentidão da fala por ele
produzida, porque a cada novo suprimento de ar, o paciente deve interromper a cadeia de
fala e realizar os movimentos de deglutição, o que implica: abrir a boca, tomar o ar, selar
fortemente os lábios, pressionar a língua contra o palato e impulsionar o ar para o esôfago.
A segunda sequência é a de aspiração de ar, consiste basicamente em sugar o ar, em
aspirá-lo ou tragá-lo para dentro do esôfago. Pode-se sugerir que a inalação seja feita via
nasal ou oral. Essa sequência é mais difícil que a anterior, por exigir do paciente maior
controle muscular.
A terceira sequência é a de injeção de ar e consiste em dois procedimentos: injeção por
pressão glossofaríngea e injeção consonantal. Na sequência de injeção glossofaríngea, a
língua funciona como uma bomba mecânica, comprimindo e injetando o ar no esôfago por
meio de um movimento forte e rápido. Pela sequência de injeção por meio de consoantes
plosivas, a mesma bomba mecânica é utilizada com o auxílio de movimentos necessários À
produção do som “p, t ou k”. O paciente é solicitado a emitir essas consoantes com o
máximo de plosão possível, sentindo o ar comprimido na boca e observando o fluxo do
mesmo para frente e para trás, durante a produção de fala. A grande vantagem da
sequência de injeção do ar é que a fala resultante é encadeada, ou seja, a fluência obtida é
melhor, pois há reintrodução de ar durante a própria emissão. A desvantagem é a difícil
compreensão do mecanismo por parte do paciente.
A seleção da sequência a ser empregada num determinado caso depende, exclusivamente,
de ele ser mais ou menos fácil para o paciente. O essencial é que ele consiga introduzir ar
no esôfago e expulsá-lo de maneira rápida e eficiente.