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Esquema de Debate

Direito Constitucional | 1º Ano, 1º Semestre | Licenciatura em Solicitadoria

Alunos Equipa
- Andreia Cabanas | nº 20210535 B
- Cátia Costa | nº 20210122 Turma
- Inês Silveira | nº 20210474 (N12) TPSLN11

Introdução
O tema escolhido pelo grupo foi o tema 6: A legislação vigente impede às empresas perguntar aos seus trabalhadores se estão vacinados contra o Covid-19 ou não.
Poderia considerar-se esta lei inconstitucional?
Cada equipa procurou responder a esta pergunta considerando as duas vertentes (a favor e contra). Abaixo encontram-se as conclusões da nossa equipa.
Elementos de Facto Elementos de Direito
- O covid-19 é um vírus que afeta o sistema imunológico dos infetados, sendo transmissível Constituição da República Portuguesa Art. 9º ; Art. 18º nº2 ; Art. 19º nº 1, nº2 e nº6
entre humanos e manifestando sintomas ao nível respiratório, cardíaco, entre outros. Liberdade (Geral) Art. 27º nº 1 ; Art. 30º nº 1
- Foram desenvolvidas vacinas que diminuem os sintomas dos infetados e contribuem para a Liberdade de Consciência Art. 41º nº 1, 2, 3 e 6
imunidade de grupo. Liberdade de Escolha de Profissão e Direito ao Trabalho Art. 58º nº1
- Empresas estrangeiras pressionam trabalhadores para que se vacinem, ameaçando perda de Direito à Integridade Física Art. 25º
benefícios. Princípio da Igualdade Art. 13º nº2
- Em Portugal, a vacinação é recomendada, não obrigatória, embora a Associação Saúde como Direito do Trabalho Art. 59º nº1 c)
Empresarial de Portugal admita que possa ser um requisito para contratação de novos Código Civil Art. 80º nº 1
trabalhadores. Lei 58/2019 (RGPD) Art. 28º nº 1
- Os advogados defendem que não há cobertura legal para esse requisito, podendo ser Código do Trabalho
considerado discriminatório, mas consideram que a lei, se considerada isoladamente, não Intimidade Art. 16º nº 1 e 2
impedirá que os empregadores o façam. Dados Pessoais Art. 17º nº1 a) ; Art. 19º nº 1 e 3
- O entendimento geral é que os Empregadores não se podem sobrepor ao Estado impondo a Igualdade e Discriminação Art. 23º nº1 a) e b) ; Art. 24º nº1 e 2 a)
vacinação em qualquer momento da relação laboral, até que esta seja declarada obrigatória. Direitos e Deveres Art. 127º nº1 g) e h) ; art 128 nº1 e), i)
Segurança e Saúde no Trabalho Art. 281º nº 1 e 2
Argumentos a Favor Argumentos Contra Conclusões/ Soluções/ Propostas
- Segundo o art 128º nº1 e) i) e j) CT o trabalhador deve cumprir - O Estado determinou a vacinação como recomendada, e não Tendo analisado as ideias divergentes que decorrem
as ordens do empregador no que respeita à segurança e saúde no obrigatória, tornando a vacinação uma decisão pessoal do cidadão. do tema, é agora importante, na nossa opinião, dar
trabalho e todos os trabalhadores têm direito a prestar o seu Não é então constitucional que os empregadores se queiram continuidade à imparcialidade, não adotando uma
trabalho em condições de Higiene, Segurança e Saúde - art 59º sobrepor ao Estado nesta matéria, procurando legislação que lhes proposta de solução que vá contra a opinião de
nº1 c) CRP. É um dever consagrado na lei que o empregador permita saber se os trabalhadores estão ou não vacinados. A nenhuma parte, mas procurando uma resposta que
assegure condições para os seus trabalhadores em todos os aspetos vacinação não determina aptidão para o trabalho (art 19º CT) e o seja justa e para todos.
relacionados com o trabalho - art 281º nº2 CT. médico pode apenas informar se o trabalhador está ou não apto a Neste sentido, achamos pertinente que os
Assim sendo, os empregadores podem questionar os seus desempenhar as suas funções, não podendo à luz da Legislação do empregadores tenham forma de salvaguardar a saúde
trabalhadores acerca da vacinação, não no sentido discriminatório CT, reforçada pela Lei 58/2019 – RGPD – divulgar qualquer de todos os trabalhadores, sem negligenciar no direito
dos mesmos, por forma a não violar o art 80º nº1 CC, mas para resultado ou informação detalhada. à intimidade e decisão de cada um.
que todos estejam protegidos de igual forma no local de trabalho - Constitucionalizar uma lei que permita que os empregadores Acreditamos que a Medicina Laboral ganha uma
art 13º nº2 CRP. questionem os seus trabalhadores sobre a vacinação viola o direito importância maior no âmbito da temática, por ser a
- No seguimento do art 161º c) CRP, a Lei 95/2019 de 04/09 à objeção de consciência e o direito à intimidade – arts 41º nº 6 ponte de ligação entre empregador e trabalhador.
aprovou a Lei de Bases da Saúde. A BASE 1 fala sobre o direito à CRP e 16º CT. Assim, o trabalhador faculta ao médico, obrigado ao
proteção da saúde de todas as pessoas e que a mesma é uma - A CRP prevê o Princípio da Igualdade (art 13º nº2) indicando sigilo, a informação sobre a vacinação e o médico
responsabilidade conjunta, devendo a sociedade contribuir para que ninguém deve ser prejudicado ou beneficiado pelas suas junto com a sua equipa, elabora um plano
esta proteção em todas as políticas e setores de atividade. convicções e o Direito à Integridade Física e Moral (art 25º) organizacional, de acordo com as regras e instruções
Posto isto, torna-se um fator fulcral, no contexto da pandemia, que indicando que a mesma é inviolável. Prevê ainda que cabe ao da DGS, para que todos os trabalhadores sejam
os empregadores estejam aptos a proteger todos os seus Estado garantir os direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos protegidos e tidos em conta.
trabalhadores, para poderem dar cumprimento aos seus deveres - art 9º. Deve ressalvar-se a necessidade de garantir a
legais e que todos os trabalhadores cumpram o seu dever de Torna-se assim inconstitucional alterar legislação que permita que privacidade do trabalhador, cabendo apenas a este a
cidadania e de proteção do próximo. estes direitos sejam violados, já que são direitos fundamentais. decisão de partilhar ou não as suas informações
- O art 41º nº2 CRP diz que ninguém pode ser isento de Ao analisarmos a opinião pública sobre esta temática verificamos pessoais com quem entender.
obrigações ou deveres cívicos por causa das suas convicções e que uma forte tendência de os trabalhadores virem a ser prejudicados Adicionalmente deve-se garantir a existência de
a integridade física das pessoas é inviolável -art 25º CRP. pelas suas convicções quer a nível moral, quer a nível económico, penalizações agravadas, para desencorajar
Desta forma, consideramos importante que a vacinação do pois estará em causa também o seu direito ao trabalho consagrado comportamentos incorretos por parte do empregador,
trabalhador seja uma informação conhecida do empregador, para no art 58º da CRP. garantindo a manutenção do vínculo laboral do
que este possa garantir a manutenção da integridade física de -Os arts 23º e 24º CT (que derivam dos art 13º e 26º CRP) trabalhador, independentemente da vacinação.
todos os trabalhadores e para que também a empresa, no contexto definem os tipos de discriminação e o direito à igualdade de O mesmo se deve aplicar aos candidatos a futuros
económico, não sofra danos irreparáveis, ao ver-se obrigada a oportunidades e tratamento no acesso ao emprego. Considera-se trabalhadores, que não devem igualmente poder ser
suspender os seus serviços por doença e isolamento dos ilegal a discriminação indireta e reforça-se que um trabalhador ou desconsiderados por este tema.
trabalhadores. candidato não pode ser prejudicado por consequência das suas
convicções.
Assim, na possibilidade de os empregadores poderem questionar
acerca da vacinação dos trabalhadores ou candidatos, existe uma
preocupação premente pelo aumento do desemprego, da pobreza,
da doença mental, do desgaste familiar, além do incentivo à
discriminação por parte da comunidade.

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