Você está na página 1de 16

EXMO(A). SR(A). DR(A).

JUIZ(A) DE DIREITO DA ______ VARA DA


FAZENDA PÚBLICA DO FORO CENTRAL DA COMARCA DE PORTO
ALEGRE/RS

GUSTAVO JOSÉ CORREIA VIEIRA, brasileiro,


solteiro, advogado (neste ato, em causa
própria), portador da CI nº 6081335868, e do
CPF nº 822375220-49, residente e domiciliado
na Rua José do Patrocínio, nº 373, cj. 406,
Bairro Cidade Baixa, CEP 90050-001, na
cidade de Porto Alegre/RS, vem,
respeitosamente perante Vossa Excelência,
ajuizar

AÇÃO DE COBRANÇA

em face da FUNDAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO


DE RECURSOS HUMANOS - FDRH, Pessoa Jurídica
de Direito Privado, integrante da Fazenda
Pública Estadual, inscrita no CGC nº
87136883/0001-40, com sede situada na Av.
Praia de Belas, nº 1595, CEP 90110-001, na
cidade de Porto Alegre/RS, pelos fatos e
fundamentos jurídicos a seguir expostos:

I – DOS FATOS

O requerente exerceu suas atividades como estagiário


vinculado à Administração Pública Estadual, no período
total de 10/10/2006 a 09/04/2009, exercendo suas atividades

1
junto ao Poder Judiciário do Estado do Rio Grande do Sul,
no regime de 30 horas semanais, conforme documentação anexa
(Doc. 01).

No caso, a contratação do requerente era firmada com


a FDRH e a Unidade Concedente (no caso, o Poder
Judiciário). E a Fundação, no contrato estabelecido,
figurava como Agente de Integração, cujas atribuições
principais eram propiciar condições adequadas ao
desenvolvimento das atividades, como acompanhamento de
assiduidade, dentre outras responsabilidades.

No tocante à remuneração pelo período de estágio, a


Fundação igualmente era responsável pelo seu pagamento,
consoante consta na cláusula 5ª do Termo de Compromisso de
Estágio, firmada entre a Unidade Concedente, o autor, a
Instituição de Ensino e a FDRH. No caso em comento,
dispunha a cláusula 5ª dos Termos de Compromisso de
Estágio, relativos ao período de 10/10/2006 a 09/04/2007, e
de 10/04/2007 a 09/10/2007:

CLÁUSULA 5ª – VALOR DA COMPLEMENTAÇÃO


EDUCACIONAL

O ESTAGIÁRIO que realizar sua jornada de


estágio no âmbito da Administração Pública
Estadual, receberá mensalmente da FDRH, a
título de complementação educacional, um valor
por hora efetuada de estágio, com base na
Tabela anexa ao Decreto Estadual nº 31.202, de
25/07/83. O ESTAGIÁRIO será classificado, para
efeitos do valor-hora da bolsa-auxílio, em
categorias de acordo com o semestre em que
estiver regularmente matriculado na INSTITUIÇÃO
DE ENSINO. Sempre que houver mudança de nível
do ESTAGIÁRIO, que implique na alteração do
valor da hora, esta será efetuada mediante
comprovação, a partir do reinício do semestre
letivo.

2
Em redação distinta, porém mantendo aspectos
importantes quanto à remuneração, os Termos de Compromisso
firmados entre os períodos de 10/10/2007 a 09/04/2008, e de
10/10/2008 a 09/04/2009, previam igualmente na cláusula 5ª:

CLÁUSULA 5ª – VALOR DA COMPLEMENTAÇÃO


EDUCACIONAL

O ESTAGIÁRIO que realizar sua jornada de


estágio no âmbito da UNIDADE CONCEDENTE
receberá mensalmente, a título de
complementação educacional, um valor por hora
efetuada de estágio, cujo valor será revisto no
período e segundo os índices de reajuste da
remuneração básica dos cargos do Quadro Geral
dos Funcionários Públicos do Estado.

Para tanto, como disposto em tais cláusulas – tanto


dos primeiros períodos citados, quanto dos segundos – a
previsão era a mesma, ou seja, era estabelecido
expressamente que o valor-hora seria revisto segundo os
índices de reajuste da remuneração básica dos cargos do
Quadro Geral dos Funcionários Públicos do Estado.

Nesse sentido, o Decreto Estadual 31.202/831,


alterado pelo Decreto Estadual 32.604/872 e posteriormente
1
Art. 9º - O setor onde haja estagiários, verificado o
aproveitamento do estudante e a existência de recursos
orçamentários disponíveis, poderá propor ao Secretário da Pasta
a que estiver vinculado, a critério deste, a concessão de uma
bolsa auxílio, por hora de estágio efetivamente comprovado, cujo
valor será pago com base na tabela baixada junto com este
Decreto (anexo nº 1) reajustável anualmente segundo os índices
de aumento do Quadro Geral dos Funcionários Públicos do Estado.
2
Art. 9º - O Setor onde haja estagiários, verificado o
aproveitamento do estudante e a existência de recursos
orçamentários disponíveis, poderá propor ao Secretário da Pasta
a que estiver vinculado, a critério deste, a concessão de uma
bolsa-auxílio, por hora de estágio efetivamente comprovada, cujo
valor será pago com base na tabela baixada junto com este
3
pelo Decreto 44.060/20053, e mencionado na cláusula 5ª dos
Termos de Compromisso de Estágio, estabeleceu que a bolsa-
auxílio, paga por hora, seria reajustável anualmente
segundo os índices de aumento do Quadro Geral dos
Funcionários Públicos do Estado.

Ou seja, no caso em tela, todos os contratos previam


tal hipótese de reajuste, o que no entanto não foi cumprido
pela ré, conforme será exposto a seguir.

II – DO DIREITO

2.1 Da previsão legislativa dos reajustes e da


viabilidade jurídica da percepção das diferenças mensais a
título de bolsa-auxílio

Como amplamente demonstrado, o autor fazia jus ao


reajuste de sua bolsa-auxílio segundo os índices de aumento
do Quadro Geral dos Funcionários Públicos do Estado,
conforme Decretos Estaduais, bem como expressamente
consignado na cláusula 5ª de todos os Termos de Compromisso
referentes ao período de estágio. Com efeito, tanto
legalmente quanto contratualmente, era previsto o reajuste
nos termos supracitados.

Corroborando o exposto pelo autor, e estabelecendo o


reajuste devido, sobrevieram as Leis nº 11.467/2000 e
11.678/2001, as quais concederam aumento ao quadro geral

Decreto (anexo I), reajustável segundo o índice de aumento do


padrão I do Quadro Geral dos Funcionários Públicos do Estado.
3
Art. 15 - O estagiário poderá receber bolsa-auxílio, cujos
valores serão revistos no período e segundo os índices de
reajuste da remuneração básica dos cargos do Quadro Geral dos
Funcionários Públicos do Estado.
4
dos servidores públicos. Nesse sentido, estabeleceu a lei
estadual 11.467/2000:

Art. 1º - O vencimento básico dos cargos


efetivos, extranumerários e celetistas dos
Quadros de Pessoal indicados no artigo 2º desta
Lei será realinhado na forma a seguir disposta:

I – 6,5% (seis vírgula cinco por cento), a


partir de 1º de março de 2000, sobre o valor
correspondente ao mês de fevereiro de 2000;

II – 10,7% (dez vírgula sete por cento) a


partir de 1º de julho de 2000, sobre o valor
correspondente ao mês de fevereiro de 2000;

III – 14,9% (catorze vírgula nove por


cento), a partir de 1º de dezembro de 2000,
sobre o valor correspondente ao mês de
fevereiro de 2000.

Art. 2º - Estão abrangidos pelo


realinhamento previsto no artigo 1º desta Lei o
Quadro de Carreira do Magistério Público
Estadual, o Quadro Único do Magistério Público
do Estado, em extinção, o Quadro dos Servidores
de Escola, o Quadro Geral dos Funcionários
Públicos do Estado, os níveis elementar e médio
do Quadro dos Funcionários da Saúde Pública e
do Meio Ambiente, a Carreira de Auxiliar do
Quadro Especial instituído pela LEI 10.959, de
27 de maio de 1997, e os níveis elementar e
médio nos quais os valores dos padrões
remuneratórios sejam paradigmados aos do Quadro
Geral dos Funcionários Públicos do Estado, dos
Quadros Autárquicos e dos Quadros das Fundações
de Direito Público.

Em seguida, a lei 11.678/2001 estabeleceu os


seguintes índices de reajustamento:

Art. 1° - O vencimento básico dos cargos


de provimento efetivo integrantes do Quadro
Geral dos Funcionários Públicos do Estado (LEI
5
N° 7.357, de 8 de fevereiro de 1980), dos
níveis elementar e médio do Quadro dos
Funcionários da Saúde (LEI N° 8.189, de 23 de
outubro de 1986), da Carreira de Auxiliar do
Quadro Especial (LEI N° 10.959, de 27 de maio
de 1997) e dos cargos classificados nos níveis
elementar e médio pertencentes aos Quadros de
Pessoal das Autarquias e das Fundações de
Direito Público, nos quais os valores dos
padrões remuneratórios sejam paradigmados aos
do Quadro Geral dos Funcionários Públicos do
Estado, serão realinhados com os percentuais e
nos meses abaixo indicados:

I - 11,25% (onze vírgula vinte e cinco por


cento), a partir de julho de 2001, sobre o
vencimento básico do mês de junho de 2001;

II - 14,59% (quatorze vírgula cinqüenta e


nove por cento), a partir de agosto de 2001,
sobre o vencimento básico do mês de junho de
2001;

III - 20,15% (vinte vírgula quinze por


cento), a partir de dezembro de 2001, sobre o
vencimento básico do mês de junho de 2001;

IV - 23,49% (vinte e três vírgula quarenta


e nove por cento), a partir de agosto de 2002,
sobre o vencimento básico do mês de junho de
2001;

V - 27,94% (vinte e sete vírgula noventa e


quatro por cento), a partir de dezembro de
2002, sobre o vencimento básico do mês de junho
de 2001.

Art. 2º - Os índices e prazos


estabelecidos no artigo 1º desta Lei aplicam-se
ao vencimento básico dos servidores dos níveis
elementar e médio dos Quadros de Pessoal do
Poder Executivo, considerados em extinção,
cujos vencimentos sejam correspondentes ao do
Quadro Geral dos Funcionários Públicos do
Estado; e aos servidores do Quadro da Exatoria,
em extinção, da Secretaria da Fazenda, e também
aos servidores contratados paradigmados a este
Quadro.

Para tanto, diante dos reajustes concedidos aos


integrantes do Quadro Geral dos servidores públicos do
6
Estado, nos termos das leis acima transcritas, o valor da
bolsa-auxílio deveria ter sido reajustado consoante as
disposições postas nas leis em referência, sendo devidas as
diferenças correspondentes ao pagamento da remuneração paga
ao demandante quando exercia suas atividades de estágio.

Outrossim, é pacífico na jurisprudência o


entendimento de que são devidas as diferenças
correspondentes ao período de estágio efetuado, por força
das disposições nos decretos estaduais, da previsão
contratual e pela instituição dos reajustes com base nas
leis 11.467/2000 e 11.678/2001:

AÇÃO DE COBRANÇA. ESTAGIÁRIO. REAJUSTE DA


BOLSA AUXÍLIO DE ACORDO COM OS ÍNDICES
CONCEDIDO AOS SERVIDORES ESTADUAIS. FDRH. A
FDRH é ente administrativo com personalidade
jurídica de direito privado e autonomia
administrativa e financeira própria.
Inteligência do art. 1º, da Lei nº 6.464/72 e
do art. 2º, do Decreto nº 22.383/73. Legalidade
do pagamento das diferenças mensais da bolsa
auxílio, pleiteado pelo autor, ex-estagiário da
FDRH, a título de reajustes em face de cláusula
contida no Termo de Compromisso de Estágio, nos
Decretos Estaduais nºs 31.202/83 e 32.604/87,
que autorizam o reajuste da bolsa auxílio
segundo índices de aumento do Quadro Geral dos
funcionários públicos do Estado do Rio Grande
do Sul. Concessão dos reajustes e disciplina
nas Leis nºs 11.467/00 e 11.678/01. Quantum dos
honorários fixado em 15% sobre o valor da
condenação que se mostra razoável no caso
concreto. APELO DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.
(Apelação Cível Nº 70007851207, Terceira Câmara
Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Paulo de Tarso Vieira Sanseverino, Julgado em
24/06/2004)

7
SERVIDOR PÚBLICO. AÇÃO DE COBRANÇA.
PAGAMENTO DE BOLSA-AUXÍLIO A TÍTULO DE ESTÁGIO.
REAJUSTAMENTO. LEIS-RS nº 11.467/00 E
11.678/01. APLICABILIDADE. 1. Preliminares de
ilegitimidade passiva da FDRH e de
incompetência absoluta do juízo rejeitadas. 2.
O valor da bolsa-auxílio referente ao estágio
prestado pelo apelado estava sujeito a reajuste
segundo os índices de aumento do Quadro Geral
dos Funcionários Públicos do Estado, nos termos
do art. 9º do Decreto-RS nº 31.202, alterado
pelo Decreto-RS nº 32.604/87. Direito às
diferenças postuladas por força da edição das
Leis-RS 11.467/00 e 11.678/01 devidamente
corrigidas, dispensando-se a edição de lei
específica consoante os precedentes desta
Câmara. Procedência mantida. PRELIMINARES DE
ILEGITIMIDADE PASSIVA E INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA
DO JUÍZO REJEITADAS. APELAÇÃO IMPROVIDA.
(Apelação Cível Nº 70029240108, Terceira Câmara
Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Nelson Antônio Monteiro Pacheco, Julgado em
09/09/2010)

APELAÇÃO CÍVEL E REEXAME NECESSÁRIO. AÇÃO


DE COBRANÇA. CONTRATO DE ESTÁGIO. REAJUSTE DO
VALOR DA BOLSA-AUXÍLIO. FUNDAÇÃO PARA O
DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS HUMANOS - FDRH.
LEGITIMIDADE ATIVA. JUROS MORATÓRIOS. TAXA.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. MAJORAÇÃO. 1. Em se
tratando de pretensão que envolva relação de
trato sucessivo, e diante da natureza pública
do patrimônio da Fundação para o
Desenvolvimento de Recursos Humanos - FDRH,
restam prescritas somente as parcelas vencidas
além do qüinqüênio anterior à data do
ajuizamento da ação, nos termos do art. 3º, do
Decreto nº 20.910/32 e da Súmula nº 85, do
Colendo Superior Tribunal de Justiça. 2.
Mostra-se cabível a condenação da FDRH ao
pagamento das diferenças mensais relativas ao
valor da bolsa-auxílio para aquele que efetuou
estágio no âmbito da Administração Pública
Estadual em virtude de reajustes concedidos ao
Quadro Geral dos funcionários públicos do
Estado, nos termos da cláusula 5ª, do Termo de
8
Compromisso de Estágio. 3. Os juros legais são
incidentes no percentual de 6% ao ano, diante
da disposição expressa do art. 1º-F, da Lei
9.494/97, o que deve ser respeitado até a
entrada em vigor da Lei nº 11.960, de 29 de
junho de 2009, que determinou a aplicação dos
índices da caderneta de poupança e da
remuneração básica, devendo ser aplicada tal
regra a partir de então. 4. Mostra-se descabida
a majoração dos honorários advocatícios fixados
em R$ 500,00, sob pena de onerar a parte
imbuída do seu pagamento, sem que se possa
cogitar em aviltamento ao exercício da
profissão, especialmente diante da simplicidade
e repetitividade da causa. APELAÇÃO DESPROVIDA.
SENTENÇA EXPLICITADA EM REEXAME NECESSÁRIO.
(Apelação Cível Nº 70038833398, Terceira Câmara
Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Rogerio Gesta Leal, Julgado em 28/10/2010)

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO ADMINISTRATIVO.


AÇÃO DE COBRANÇA. CONTRATO DE ESTÁGIO. FUNDAÇÃO
PARA O DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS HUMANOS -
FDRH. REAJUSTE DO VALOR DA BOLSA-AUXÍLIO DE
ACORDO COM O QUADRO GERAL DOS FUNCIONÁRIOS
PÚBLICOS DO ESTADO: POSSIBILIDADE, DESDE QUE
ANTERIOR À ADOÇÃO DA DISCIPLINA CONTIDA NO
DECRETO ESTADUAL Nº 45.990/2008. 1. Diante da
natureza pública do patrimônio da FDRH, impõe-
se o reconhecimento da competência das Varas da
Fazenda Pública da Comarca de Porto Alegre para
o julgamento do feito. Precedentes. 2. Em se
tratando de pretensão que envolva relação de
trato sucessivo, e diante da natureza pública
do patrimônio da Fundação para o
Desenvolvimento de Recursos Humanos - FDRH,
restam prescritas as parcelas vencidas no
qüinqüênio antecedente à data do ajuizamento da
ação, nos termos do art. 3º, do Decreto nº
20.910/32 e da Súmula nº 85, do Colendo
Superior Tribunal de Justiça. 3. Mostra-se
cabível a condenação da FDRH ao pagamento das
diferenças mensais relativas ao valor da bolsa-
auxílio para aquele que efetuou estágio no
âmbito da Administração Pública Estadual em
virtude de reajustes concedidos ao Quadro Geral
9
dos funcionários públicos do Estado, nos termos
da cláusula 5ª, do Termo de Compromisso de
Estágio. 4. Mantidos os juros moratórios
mantidos. APELO DA AUTORA PARCIALMENTE
CONHECIDO, E, NESTA, PARCIALMENTE PROVIDO.
APELAÇÃO DA FDRH DESPROVIDA. (Apelação Cível Nº
70039299342, Terceira Câmara Cível, Tribunal de
Justiça do RS, Relator: Rogerio Gesta Leal,
Julgado em 11/11/2010)

APELAÇÃO CÍVEL. REEXAME NECESSÁRIO. AÇÃO


DE COBRANÇA. CONTRATO DE ESTÁGIO. REAJUSTE DO
VALOR DA BOLSA-AUXÍLIO. FDRH - FUNDAÇÃO PARA O
DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS HUMANOS. Mostra-se
cabível a condenação da FDRH ao pagamento das
diferenças mensais relativas ao valor da bolsa-
auxílio para quem efetuou estágio no âmbito da
Administração Pública Estadual, em virtude dos
reajustes concedidos ao Quadro Geral dos
Funcionários Públicos do Estado do Rio Grande
do Sul, previstos nas Leis-RS nº 11.467/2000 e
nº 11.678/2001, nos termos da cláusula 5ª, do
Termo de Compromisso de Estágio. RECURSO
PROVIDO. SENTENÇA CONFIRMADA EM REEXAME
NECESSÁRIO. (Apelação Cível Nº 70039055249,
Terceira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do
RS, Relator: Rogerio Gesta Leal, Julgado em
02/12/2010)

APELAÇÃO CÍVEL. FUNDAÇÃO PARA


DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS HUMANOS - FDRH.
CONTRATO DE ESTÁGIO. REAJUSTE DO VALOR DA
BOLSA-AUXÍLIO. - Devido o pagamento das
diferenças mensais relativas ao valor da bolsa-
auxílio àquele que efetuou estágio no âmbito da
Administração Pública Estadual em virtude de
reajuste concedido ao Quadro Geral dos
Funcionários Públicos do Estado, nos termos da
cláusula 5ª do Termo de Compromisso de Estágio.
Exegese do Decreto nº 31.202/83, com as
modificações trazidas pelo Decreto nº
32.604/87. Leis Estaduais nº 11.467/2000 e nº
11.678/2001. DERAM PROVIMENTO À APELAÇÃO.
(Apelação Cível Nº 70038380549, Terceira Câmara

10
Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Matilde Chabar Maia, Julgado em 16/12/2010)

Para tanto, são devidas as diferenças mensais


postuladas a título de bolsa-auxílio, encontrando amparo
contratual, legal e jurisprudencial.

Ressalte-se que ao pedido de condenação da ré ao


pagamento de tais diferenças deve ser acrescida correção
monetária pelo IGP-M, bem como juros legais, a contar da
citação, de 6% ao ano, diante da disposição expressa do
art. 1º-F, da Lei 9.494/97, o que deve ser respeitado até a
entrada em vigor da Lei nº 11.960, de 29 de junho de 2009,
que determinou a aplicação dos índices da caderneta de
poupança e da remuneração básica, devendo ser aplicada esta
regra a partir de então4.

III – DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA

O autor, não obstante exercendo a advocacia, é


carente no seu sentido sócio-econômico. O autor atualmente
exerce suas atividades de forma autônoma, além de ter
recebido muito recentemente sua credencial para o exercício
da profissão (meados de 2009, conforme Doc. 02), o que
demonstra que o autor ainda está em fase de afirmação no
mercado de trabalho. Ademais, o autor não possui
remuneração mensal, sendo que dependente exclusivamente do
seu trabalho de modo autônomo.

Tal situação pessoal do autor atesta que o


demandante não possui capacidade sócio-econômica para

4
Apelação Cível Nº 70038833398, Terceira Câmara Cível, Tribunal
de Justiça do RS, Relator: Rogerio Gesta Leal, Julgado em
28/10/2010.
11
custear as despesas do processo sem prejuízo de seu
sustento.

Tendo em vista tal situação, a lei assegura à parte a


possibilidade da concessão da assistência judiciária
gratuita, o que desde já se postula, conforme declaração de
carência sócio-econômica em anexo (Doc. 3). Gize-se que
para a concessão do benefício em tela, é suficiente simples
declaração do postulante sobre a impossibilidade de arcar
com as custas processuais e os honorários advocatícios sem
prejuízo de seu próprio sustento, a teor do disposto no
art. 4º da Lei nº 1.060/505.

IV – DO VALOR ATRIBUÍDO À CAUSA

No caso em tela, atribui-se à causa o valor de


alçada, porquanto o valor devido a título de diferenças
mensais da bolsa-auxílio deverá ser apurado em liquidação
de sentença, caso procedente o pedido inaugural. Nesse
sentido, havendo ausência de elementos para se quantificar
o valor da causa, o autor atribui o valor de alçada,
conforme já reconhecido amplamente pelo Judiciário.

Nesse sentido:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE COBRANÇA.


‘PLANO BRESSER E PLANO COLLOR. VALOR DA CAUSA.
AUSÊNCIA DE ELEMENTOS PARA SE QUANTIFICAR O
5
Nesse sentido: Agravo de Instrumento Nº 70040557944, Décima
Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ergio
Roque Menine, Julgado em 28/12/2010; Agravo de Instrumento Nº
70040558694, Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Iris Helena Medeiros Nogueira, Julgado em 22/12/2010;
Agravo de Instrumento Nº 70040560799, Nona Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Tasso Caubi Soares Delabary,
Julgado em 21/12/2010.
12
REAL VALOR DA CAUSA. APURAÇÃO DO VALOR DA CAUSA
SOMENTE POSSÍVEL EM LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA,
CASO PROCEDENTE O PEDIDO INAUGURAL. CORRETO,
POIS, O VALOR DA CAUSA COMO SENDO O VALOR DE
ALÇADA. (Agravo de Instrumento Nº 70011845864,
Décima Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça
do RS, Relator: Guinther Spode, Julgado em
23/08/2005)

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE REVISÃO DE


CONTRATO GARANTIDO POR ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA.
EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS. A instituição
financeira está obrigada à exibição do contrato
celebrado entre as partes pela observância ao
princípio da carga dinâmica da prova.
Inteligência, ainda, do artigo 355 do CPC.
VALOR DA CAUSA. Não sendo possível estabelecer,
desde logo, o montante judicialmente
questionado, é viável atribuir-se à demanda,
provisoriamente, o valor de alçada. TUTELA
ANTECIPADA. Em que pese não terem sido
apreciados os pleitos formulados como
antecipação de tutela pelo Juízo singular, é de
ser atendida a postulação com base no disposto
no § 1º do artigo 515 do Código de Processo
Civil. É de ser levado em conta, ainda, a
presença dos requisitos do fumus boni iuris e
do periculum in mora e a posição indissonante
desta Câmara quanto à matéria, a autorizar sua
concessão em sede recursal. PROIBIÇÃO DE
INSCRIÇÃO DO NOME DO DEVEDOR EM ÓRGÃOS DE
RESTRIÇÃO AO CRÉDITO. CABIMENTO. Pretendendo o
devedor discutir o montante do débito por
intermédio de ação de revisão de contrato já
proposta, é cabível a proibição de inscrição do
seu nome em cadastros de inadimplentes.
PROTESTO DE TÍTULOS VINCULADOS AO PACTO. Diante
de possível onerosidade excessiva, a qual há de
ser confirmada com o julgamento da lide, deve
ser proibido o protesto enquanto pendente ação
revisional. CIRCULAÇÃO DE TÍTULOS. Pendente
ação revisional, é viável a vedação da
circulação dos títulos vinculados ao contrato
sub iudice. MANUTENÇÃO NA POSSE DO BEM. A
manutenção na posse do bem se justifica em
virtude de estar sendo discutida a cobrança
13
abusiva de encargos contratuais, mediante
plausível argumentação. ASTREINTE. Cabível a
estipulação de multa diária, em caso de
descumprimento de decisão judicial, que nada
mais é do que garantia do cumprimento da
obrigação imposta. DECLARAÇÃO DE QUITAÇÃO DA
DÍVIDA. Não se pode afirmar que a dívida esteja
quitada, o que, por óbvio, só poderá ser
reconhecido quando da revisão do contrato, e
posterior liquidação de sentença. PRELIMINARES
ACOLHIDAS PARA DESCONSTITUIR A SENTENÇA
RECORRIDA. APELAÇÃO PREJUDICADA QUANTO AO
MÉRITO. TUTELA ANTECIPADA DEFERIDA. (Apelação
Cível Nº 70008824559, Décima Quarta Câmara
Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Isabel de Borba Lucas, Julgado em 09/09/2004)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. DECISÃO


MONOCRÁTICA. AÇÃO ORDINÁRIA. PIS E COFINS.
VALOR DA CAUSA. VALOR DE ALÇADA. POSSIBILIDADE,
NO CASO. Neste momento processual não há como
apurar o montante a ser pago, pois o valor
ainda será discutido em fase de liquidação de
sentença. Aceitável a fixação do valor de
alçada. AGRAVO DE INSTRUMENTO PROVIDO, DE FORMA
LIMINAR. (Agravo de Instrumento Nº 70039220140,
Primeira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do
RS, Relator: Jorge Maraschin dos Santos,
Julgado em 14/10/2010)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO


PREVIDENCIÁRIO. AÇÃO DE RESTITUIÇÃO DO DESCONTO
PREVIDENCIÁRIO. VALOR DA CAUSA. Não havendo
como estimar com exatidão o valor restituível
dependente do acolhimento total ou parcial da
pretensão e, por conseguinte, de liquidação de
sentença cabível a atribuição à causa do valor
de alçada, como o fez a agravante. Agravo
provido. (Agravo de Instrumento Nº 70015608391,
Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do
RS, Relator: João Armando Bezerra Campos,
Julgado em 04/10/2006)

14
Deste modo, desde logo o autor atribui ao valor da
causa o valor de alçada, nos moldes argumentativos
expostos.

IV – DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto, requer a Vossa Excelência:

a) O recebimento da petição inicial, com os


documentos que a instruem;

b) A citação da requerida, para responder aos termos


desta ação, sob pena de revelia;

c) A procedência do pedido, para o fim de condenar a


demandada ao pagamento, a título de diferenças mensais da
bolsa-auxílio ao autor, do equivalente aos índices de
reajuste disciplinados nos incisos I, II e III do art. 1º
da Lei nº 11.467/2000 e incisos I, II e III do art. 1º da
Lei nº 11.678/2001, devendo ser o montante do valor
calculado em liquidação de sentença, com correção monetária
pelo IGP-M a partir dos respectivos vencimentos, incidindo
ainda sobre o valor atualizado do débito juros moratórios
de 6% ao ano a partir da citação, o que deve ser respeitado
até a entrada em vigor da Lei nº 11.960, de 29 de junho de
2009, que determinou a aplicação dos índices da caderneta
de poupança e da remuneração básica, devendo ser aplicada
tal regra a partir de então (art. 1º-F, da Lei 9.494/97);

d) A intimação do Ministério Público, para oficiar


como Fiscal da Lei, até o final da presente demanda;

e) A produção de todas as provas em direito


admitidas;

15
f) A condenação da parte adversa ao pagamento das
custas, despesas processuais e honorários advocatícios,
estes não inferiores ao percentual de 15%;

g) A concessão do benefício da gratuidade judiciária,


nos termos da lei 1.060/50, conforme documentação em anexo.

Termos em que pede e espera total deferimento.

Valor da causa: R$ 1.076,50 (valor de alçada).

Gustavo José Correia Vieira


OAB/RS 76.094

16

Você também pode gostar