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Fisiologia Veterinária II

Estudo Teórico

Sistema Cardiovascular

O sistema cardiovascular de vertebrados tem características como:

• Sistema fechado: todo o sangue percorre dentro de cânulas e vasos – garante mais eficiência;
• Sistema completo: composto por coração, sangue e vasos sanguíneos;
• Sistema duplo: circulação sistêmica e pulmonar.

Função básica: transportar sangue e substâncias de fora para dentro, de dentro para fora e dentro
para dentro (célula para célula).

Fluxo de sangue: O sangue flui pelo gradiente de pressão, de onde tiver mais pressão para onde tem
menos.

• Fluidos podem ser líquidos ou gasosos, ambos fluem de acordo com o gradiente.
• A função do coração é ficar criando gradiente de pressão dentro das câmaras para enviar e
receber sangue o tempo todo.

Três fatores que atrapalham o fluxo sanguíneo:

• Comprimento do vaso;
• Viscosidade do líquido;
• Raio do tubo.
• Fluxo é relativo à quantidade (gradiente de pressão) e a velocidade é o quanto percorre ao
longo do tempo (relativo à área);
• A velocidade é menor em vasos com área menor (raio). Aorta por exemplo com 4cm cúbicos
tem um uma menor velocidade comparativamente com as suas ramificações (3 de 1,5 que
somando-se tem uma área muito maior que a aorta).

Miocárdio

Sua principal característica é o Automatismo; Fibras musculares são divididas em dois tipos:

• Células contráteis: apresentam modificações de membrana como zônulas de oclusão (discos


intercalares) que contribuem para a disseminação do estímulo por todo o coração. Os túbulos
T são largos e apresentam canais que permitem a entrada de Cálcio nas células. A quantidade
de retículo sarcoplasmático é mínima em relação ao músculo esquelético, portanto a maior
fonte de Cálcio do coração é do interstício. Possui muitas mitocôndrias, o que não permite a
falta de ATP. São influenciadas apenas pelo simpático, n tem receptores para o parassimpático.
• Células autoexcitáveis ou marcapasso: são menores em tamanho e não contribuem com a
força do coração. São responsáveis por gerar estímulo para o coração, geram potencial de ação
espontâneo. Estão mais concentradas no nó SA e nó AV. Elas têm potencial de repouso. Os
canais If iniciam a despolarização das células. Essas células possuem receptores tanto para
simpático (nora e adrenalina) quanto parassimpático (acetilcolina). Essas células são
responsáveis pelo Automatismo do coração.

Melyssa S. Nacarati
Potencial de ação em platô: despolarização (entrada de sódio) + íons de cálcio. Abre os canais de cálcio
permitindo a entrada de mais íons além do cálcio do retículo. Cálcio dentro, se liga as proteínas com a
troponina e tropomiosina permitindo a contração.

A contração do coração é muito


lenta em relação ao esquelético
devido ao potencial de ação em
platô. O simpático aumenta a
permeabilidade dos canais de
cálcio e, portanto, mais proteínas
serão ativadas e mais contração
terá.

Noradrenalina e adrenalina agem


aumentando a permeabilidade
dos canais de cálcio permitindo
uma maior entrada de cálcio no
coração aumentando a pressão.

Variação na força de contração

• Quanto mais relaxada a célula está antes da contração, mais força ela terá (elasticidade,
capacidade de voltar ao seu estado normal).
• O coração não tem capacidade de fazer tetania por seu potencial de ação em platô que é muito
lento.

Miocárdio autoexcitável

• As células marcapasso são fundamentais para determinar o ritmo do coração;


• Tem potencial de membrana instável (canais iônicos – IF - permitem que a entrada de sódio
seja maior que a saída de potássio, entrando mais carga positiva do que saindo, aumentando
a pressão).
• O nó Sinoatrial é repleto de células marcapasso;
• O sistema nervoso pode determinar a quantidade dos estímulos das células, mas elas não são
dependentes dele, funcionam da mesma forma.

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Ciclo Cardíaco

Tem fases em que todas as valvas estão fechadas, mas não abertas (5).

Tem fases que todas as câmaras estão abertas, mas não fechadas (1).

1. O nó SA é o início do ciclo; o seu sinal se propaga de forma lenta, se dissipa pelo sincício atrial
(paredes) e promove a contração dela. O nó SA também ativa o nó AV pelas vias internodais
encaminhando às paredes dos ventrículos e a contração deles.
2. Enquanto o coração está relaxado, se enchendo, as valvas semilunares estão fechadas pela
pressão das artérias.
3. O primeiro som do coração é feito pelo início da contração dos ventrículos fechando as valvas
atrioventriculares simultaneamente.
4. O segundo som cardíaco é feito pelo fechamento das valvas semilunares após a contração dos
ventrículos.
5. Após a sístole atrial, o ventrículo ainda continua no mesmo volume, porque a pressão dele
ainda é menor do que da artéria.

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A – B: sangue fluindo do átrio para o ventrículo;

B – C: contração ventricular isométrica;

C – D: sangue flui do ventrículo para as artérias;

D – A: relaxamento isométrico.

Por que o ventrículo não esvazia totalmente?

Questão de segurança, caso o corpo necessite de


um bombeamento maior de sangue.

Fases elétricas do ciclo cardíaco

• Todos os músculos estão relaxados, as veias estão com mais pressão que os ventrículos,
atraindo sangue para eles;
• Primeira ativação do nó sinoatrial propagando para as paredes fazendo a contração dos átrios
para terminar de encher os ventrículos;
• Ativação do nó atrioventricular: relaxando o átrio e contraindo o ventrículo, a pressão dele
está maior (fechando as valvas atrioventriculares) aumentando a pressão dos ventrículos;
• A pressão do ventrículo
supera a das artérias abrindo as
valvas semilunares fazendo o
sangue ir para as artérias;

• Com o relaxamento, a pressão


se inverte (as artérias estão com a
pressão alta e os ventrículos com
pressão mais baixa, fazendo o
fechamento das valvas
semilunares);

• Enquanto os ventrículos não


estão totalmente relaxados, as
valvas atrioventriculares estão
fechadas, depois do relaxamento já
está preparado para receber mais
sangue.

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Débito Cardíaco

É a eficiência do coração por minuto.

• É a quantidade de sangue que foi bombeada para o corpo baseado em frequência cardíaca e
volume sistólico – sangue que saiu do ventrículo e foi para a artéria.
• O que o sistema simpático faz com o débito cardíaco?
O simpático pode aumentar o débito cardíaco por aumentar as contrações do coração (a
força), portanto aumentando a quantidade de sangue lançado ao corpo.

Eletrocardiograma

• Formado por ondas, segmentos e intervalos.


• Faz análise elétrica do funcionamento do coração; percebe a sequência dos eventos;
• Sequência das despolarizações, quantidade de células despolarizando e o tempo gasto para
isso;

• Linha horizontal: medição do tempo


• Linhas horizontais: intensidade reativa dos tecidos no coração
• Ondas:
▪ Onda P: despolarização dos átrios;
▪ Complexo QRS: despolarização dos ventrículos e repolarização dos átrios;
▪ Onda T: repolarização dos ventrículos.

A compressão do nervo vago na inspiração de um cão pode alterar o tempo de cada registro do
eletrocardiograma, e isso é normal.

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Ação autonômica sobre as células marcapasso

O centro de controle cardiovascular fica no Bulbo, ativando-se por vias.

• Sistema simpático: receptores adrenérgicos Beta 1 (noradrenalina e adrenalina) que ao


estarem ligados com um desses hormônios, aumentam a permeabilidade dos canais de cálcio
e If, aumentando a velocidade de despolarização e por consequência a frequência cardíaca.
• Sistema parassimpático: receptores muscarínicos quando ligados à acetilcolina, diminuem a
permeabilidade dos canais de cálcio, diminuindo a velocidade de despolarização, e aumentam
a permeabilidade dos canais de entrada de potássio, impedindo a repolarização e, por
consequência uma diminuição da frequência cardíaca.

Fluxo Sanguíneo e Pressão

Músculo Liso: controla as ações de vasoconstrição (aumenta resistências e diminui o fluxo) e


vasodilatação (diminui a resistências e aumenta o fluxo); são influenciados por neurotransmissores
(sistêmico) ou hormônios (local – atividade parácrina).

A composição dos vasos tem grande impacto no fluxo e sua pressão.

• Artérias: são os vasos com maior fluxo e pressão; possuem muito tecido elástico, e a camada
externa é composta por tecido fibroso.
Podem ser classificadas como reservatório de pressão por não perderem a pressão feita pelos
ventrículos;
Fluxo divergente.
• Arteríolas e metarteríolas: são pontos de ajuste de pressão; não possuem tecido elástico em
sua composição, então o controle de fluxo e pressão é feito por vasoconstrição (diminui) e
vasodilatação (aumenta);
• Veias e vênulas: veias possuem musculo liso e tecido elástico em sua composição e vênulas
não; ambas fazem o retorno do sangue corporal para o coração e atuam como reservatório de
volume sanguíneo (interessante quando há uma intervenção inflamatória, que elas se dilatam
em fazem uma maior irrigação do local);
Fluxo convergente.
• Capilares: são os vasos de maior número espalhados pelo corpo; realizam as trocas de
substâncias com o interstício. Os esfíncteres pré capilares podem ser contraídos ou dilatados
de acordo com a necessidade do órgão de receber sangue. O sangue devia por anastomoses
quando os esfíncteres estão fechados.

A pressão sanguínea é muito maior nas artérias e menor nas veias;

A pressão sistólica aumenta a pressão das artérias e a diastólica diminui.

• Hipotensão: pode ser pior, já que é uma falha imediata (diminuição da propulsão sanguínea)
ex.: a gravidade impede a chegada do sangue aos neurônios, e ainda sem pressão.
• Hipertensão: pode romper vasos. Ex.: aneurisma, dilatação de uma parte do vaso que o deixa
com o tecido frouxo e propenso a estourar.
• O volume sanguíneo é primordial para a regularidade da pressão, e o corpo apresenta
compensações para as situações:
• Compensação rápida: feita pelo próprio coração, com vasodilatação ou constrição ou alteração
do débito cardíaco
• Compensação lenta: realizada pelos rins, excesso de excreção de urina.

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Angiogênese

Formação de vasos.

• É um equilíbrio entre citocinas que promovem angiogênese e citocinas anti angiogênicas;


• Para ocorrer a angiogênese, suas citocinas têm que estar em maior número que as anti:
• Ex.: o tecido mamário aumenta o tamanho na lactação, o que é um fator antigênico, o término
da lactação é um anti).
• Patogenia: tumores.

Regulação da pressão

• É principalmente feita pelo bulbo no centro cardiovascular, por resposta aos estímulos dos
barorreceptores que ficam nas carótidas (para o encéfalo) e na aorta (para o restante do
corpo).
• Quimiorreceptores: na carótida e na aórtica;
• Modulação hipotalâmica: ajuste de luta e fuga e de temperatura (dilata os vasos periféricos
para perder calor;
• Atividades do córtex;
• Hormônios dos rins;

A resposta é feita pelo autônomo, simpático e parassimpático agindo aumentando ou diminuindo a


pressão e dilatação dos vasos.

A pressão arterial média pode ser controlada por quatro recursos principais:

Volume sanguíneo, eficiência do débito cardíaco, resistência e distribuição sanguínea pelo corpo.

• O mais difícil e lento de ser controlado é o volume, pois produzir ou perder volume é demorado
e trabalhoso; a eficiência do débito cardíaco é determinada pela frequência cardíaca (que é
fácil de controlar) e o volume sistólico; a resistência também é facilmente controlada pelo
autônomo regulando o diâmetro das arteríolas; e a distribuição sanguínea pelo corpo é
controlada por vasoconstrição ou dilatação das veias, controlando rumo do fluxo para o local
de mais necessidade.

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Circulação Capilar

• A quantidade de capilares é proporcional as atividades dos tecidos;


• Possuem a menor velocidade de fluxo permitindo mais troca com os tecidos;
• A maior área de vasos do corpo é de capilares.

Composição: são permeáveis

• Capilares contínuos: mais quantidade no corpo, não possui nenhum poro;


• Capilares fenestrados: com poros, permite a passagem de substâncias;
• Capilares sinusoidais: tem grandes espaços entre as células; exclusivos do fígado (passagem
de proteínas plasmáticas), baço e medula óssea (porque as células do sangue precisam
atravessar inteiras pelos capilares).

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Trocas capilares:

• Difusão: as
substâncias
atravessam
direto as células
dos capilares.

• Transcitose:
capilares do
encéfalo pegam
as substâncias,
atravessam as
células e seletam
o que os
neurônios
precisam.

Capilares x Linfa

Capilares estão diretamente relacionados a linfa;

• Pressão hidrostática: pressão que o líquido exerce sobre o vaso que pode forçar o líquido que
está dentro do vaso a extravasar para o externo.
• Pressão oncótica: proteínas dissolvidas do sangue e do interstício (tem maior pressão
oncótica). Essas proteínas não conseguem sair dos vasos, mas a água se desloca para onde tem
mais pressão oncótica.

A linfa é a junção do sangue, substâncias, microrganismos, e toda linfa volta para o sangue.

A falta de proteínas plasmáticas reduz a pressão oncótica e o posterior aumento acúmulo de líquido
no extracelular, e isso pode acabar acumulando líquido nas cavidades.

Funções da Linfa:

• Restituir os componentes líquidos e proteicos que saíram pelos capilares;


• Capturar a gordura absorvida no intestino e transferi-la para o circulatório;
• Função imunitária.

Melyssa S. Nacarati

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