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CAPÍTULO 3
importante que o clínico tente direcioná-la para esse setting, podendo o fazer vinculando
com alguma brincadeira prévia que tenha agradado a criança. Por exemplo, poderia pegar
um carrinho e simular uma corrida até a mesa, depois uma corrida em cima da mesa, de
modo que a criança já tenha que sentar na cadeira. Ou, ainda, o clínico poderia convidar a
criança para desenhar algo que tenha aparecido no setting anterior, como sua comida
favorita, após um contexto de brincadeira simbólica com o kit de chá.
Finalmente, o terceiro setting (Figura 3) refere-se à caixa do avaliador, que contém
objetos que estimulam reações sensoriais, incluindo brinquedos sonoros, luminosos e que
produzem movimento. Essa caixa deve ser opaca e ficar sobre um armário, sendo utilizada
em um momento específico. É importante que essa caixa esteja, durante toda a sessão, sob
o controle do clínico, de modo que somente ele tenha acesso aos brinquedos, os quais
devem ser apresentados um-a-um. Os brinquedos sonoros devem ser do tipo que se possa
desligar a qualquer momento, sem necessidade de se esperar pelo término do estímulo
(caso a criança reaja negativamente).
Contextos de avaliação
Cada sessão de avaliação com base no PROTEA-R-NV deve ser organizada para
que ocorra em dois contextos diversos: o de Brincadeira Livre e o de Brincadeira
Semiestruturada, detalhados a seguir. Essa organização tem como objetivo proporcionar
diferentes situações interativas a fim de potencializar a resposta da criança. É importante
ressaltar que se recomenda que um dos pais ou responsáveis da criança acompanhe as
sessões de avaliação, permanecendo dentro da sala de atendimento. Para tanto, faz-se
necessário que o acompanhante seja preparado e orientado quanto ao que deve ou não
fazer, conforme descrito no Capítulo 4.
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Como será descrito detalhadamente nas instruções de codificação, os itens Iniciativa de Atenção
compartilhada (IAC), Resposta de Atenção Compartilhada (RAC), Imitação (IM) e Brincadeira Simbólica (BS)
estão entre os cinco itens considerados críticos do PROTEA-R-NV.
PARTE I - O Sistema PROTEA-R de Avaliação do Transtorno do Espectro Autista
Conduta do avaliador: Nesta seção serão apresentadas orientações gerais para o avaliador.
Para um maior detalhamento na administração do protocolo, ver Capítulo 4. Para fins de
familiarização com o espaço físico, recomenda-se que, inicialmente, entrem e permaneçam
na sala apenas a criança e um dos cuidadores (importante orientá-los antes para que não
abram potes e caixas). Após cerca de 1 minuto, o clínico deve bater na porta, anunciando a
sua entrada, cumprimentar o cuidador e a criança e se dirigir ao setting em que a criança
esteja próxima. Nesse momento, poderá dizer algo neutro para o acompanhante e evitar,
num primeiro momento, aproximar-se muito da criança ou tocá-la diretamente. É importante
sentar-se (no chão ou nas cadeiras da mesa infantil – na mesma altura que a criança),
inicialmente mantendo certa distância e avaliar em que medida a criança permite maior
aproximação. Algumas crianças responderão de imediato, outras precisarão de um pouco
mais de tempo para aproximarem-se e o avaliador deve adequar seu manejo de acordo com
cada situação. Indica-se tentar engajar a criança nas brincadeiras, por meio de comentários
breves e da demonstração de um dos brinquedos. Por exemplo, poderá pegar um carrinho,
dizendo “Que legal esse carrinho, eu acho que ele deve andar muito rápido... Vou testar
para ver se as rodas dele são boas mesmo...” e, em seguida, deverá jogar o carrinho em
direção à criança, e aguardar a sua reação. Nesse momento, é importante que o clínico
mantenha um comportamento mais diretivo, evitando fazer muitas perguntas à criança, pois
estas podem aumentar a demanda social e cognitiva, interferindo no andamento da sessão.
Com o tempo, e conforme as reações da criança, o avaliador poderá convidá-la para alguma
brincadeira conjunta (por exemplo, "Acho que furou o pneu do carro. Você [falar o nome da
criança] pode me ajudar a trocar o pneu?”), ou, então, realizar perguntas dando opções de
respostas simples (por exemplo, “Acho que o cachorro está com fome. Será que ele quer
leite quente ou frio?"). Caso a criança não tenha adquirido a linguagem falada (como é o
caso de grande parte delas) não insista nas perguntas e adote uma conduta no sentido de
“narrar” o que está acontecendo (ex: “acho que ele quer leite frio”) e observe a sua reação.
Quando o avaliador perceber que a criança se interessou por algum brinquedo apresentado,
deve-se permitir que ela o explore sozinha por alguns minutos antes de fazer outras
demonstrações com o mesmo objeto ou trocá-lo. Esse comportamento é importante para
fins de observação da qualidade da brincadeira, bem como das possíveis iniciativas
espontâneas infantis.
É importante retirar os brinquedos gradualmente de circulação ao longo da sessão, a
fim de que a criança não seja distraída pelo excesso de objetos espalhados no ambiente
(sugere-se acondiciona-los em caixas ou dentro de armários). Assim, após manipular os
brinquedos do setting organizado no chão, por exemplo, é necessário colocá-los fora do
PARTE I - O Sistema PROTEA-R de Avaliação do Transtorno do Espectro Autista
alcance e visão da criança. Nesse momento, o avaliador poderá dar pequenas explicações à
criança, como “Agora eu vou guardar esses brinquedos para te mostrar outros, bem legais
também”. Sempre procure adequar a sua fala ao nível de compreensão da criança,
recorrendo a gestos (ex: apontar/tocar a caixa a ser usada em seguida) para facilitar o
entendimento da situação. Além disso, caso algum brinquedo em particular prenda a
atenção da criança de forma demasiada, prejudicando a exploração de outros objetos e a
interação com o avaliador, deve-se retirar o brinquedo do campo visual da criança assim que
possível. Sugere-se “negociar” a retirada de um objeto/brinquedo por meio da substituição
deste por outro objeto. Caso essa estratégia não funcione, o avaliador deve procurar engajar
a criança em outras atividades e retirar o brinquedo, sem que ela perceba, assim que o foco
de atenção da criança tenha sido desviado para outro objeto/evento. Encerrado o tempo, o
avaliador deve dizer para a criança que agora irá mostrar outros brinquedos, ao mesmo
tempo em que começa a guardar aqueles que estão no chão. É importante não apresentar
os objetos da caixa enquanto todos os demais não estiverem guardados.
troca de turnos. Para tanto, é importante que o clínico organize a cena de modo que a
criança fique próxima dele a ponto de conseguir observar, mas sem interferir na sua
apresentação inicial do objeto. É importante ressaltar que a duração sugerida para ambos os
contextos é flexível. O momento do deslocamento da criança para a mesa deve levar em
conta o interesse dela em aproximar-se da mesma para explorar os brinquedos (ver Capítulo
4 para orientações sobre transição de um contexto para outro).
Nessa subseção serão abordados aspectos operacionais que definem cada um dos
17 itens do protocolo. As definições operacionais apresentadas contemplam os diferentes
códigos referentes à Escala de Qualidade e, portanto, devem ser utilizadas durante a
codificação do PROTEA-R-NV. É importante ressaltar que as habilidades investigadas em
cada item envolvem, em muitos casos, conceitos complexos. Portanto, é fundamental que o
clínico tenha domínio não apenas da prática, mas também da teoria que fundamenta o
protocolo, para compreender adequadamente os conceitos e definições implicados em cada
item. Nesse sentido, é imperativa a leitura pormenorizada do Capítulo 2, que aborda os
pressupostos teóricos que embasaram a construção do presente instrumento, antes da
administração do protocolo e sempre que se fizer necessário para a adequada
caracterização do comportamento da criança.
Os 17 itens que compõe o PROTEA-R-NV estão organizados em três áreas: (1)
Comportamentos Sociocomunicativos; (2) Qualidade da Brincadeira; e (3) Movimentos
Repetitivos e Estereotipados do Corpo, considerando importantes aspectos para a
investigação do comportamento infantil. Para fins de elucidação, juntamente com a definição
operacionais dos itens, serão apresentados modelos de conduta do avaliador e exemplos de
comportamento por parte da criança que ilustram cada um dos códigos da Escala de
Qualidade, apresentados a seguir.
Os itens marcados com asteriscos são considerados críticos por sua relevância
teórico-empírica e psicométrica para a avaliação de risco de crianças com suspeita de TEA
(mais detalhes são apresentados no capítulo de instruções para codificação).
Esse item tem por objetivo avaliar se a criança toma iniciativa de convidar o
avaliador para brincar ou de demonstrar para ele seu interesse por algum estímulo
PARTE I - O Sistema PROTEA-R de Avaliação do Transtorno do Espectro Autista
Modelo de conduta do avaliador para investigar IAC: Permitir que a criança explore sozinha
um determinado brinquedo, sem a interferência do avaliador. É preciso dar tempo para que a
iniciativa ocorra, se for o caso. Quando a criança apresentar o comportamento de IAC é
importante que o avaliador reaja de forma empática e contingente, respondendo ao que a
criança está comunicando. Nesse momento, pode-se dar a brincadeira com troca de turnos.
Código "A": A criança pega o carrinho e olha para o avaliador, que permanece sentado, de
frente para ela. Em seguida a criança empurra o carrinho em direção ao avaliador, com clara
intenção de que o está convidando para brincar. O avaliador sorri para a criança, faz um
comentário breve e em seguida empurra o carrinho de volta para ela, imitando o som do
motor do carro e iniciando brincadeira com troca de turnos.
Código "B": A criança pega o carrinho e olha para o avaliador, que permanece sentado, de
frente para ela. Em seguida a criança empurra o carrinho em direção ao avaliador, com clara
intenção de que o está convidando para brincar. O avaliador sorri para a criança, faz um
comentário breve e em seguida empurra o carrinho de volta para ela, imitando o som do
motor do carro e iniciando brincadeira com troca de turnos. Contudo, a criança não utiliza
nenhum outro objeto para convidar o adulto para brincar, insistindo sempre na brincadeira
com o carrinho.
Código "C": A criança pega o carrinho e, sem olhar para o avaliador, empurra em sua
direção. O avaliador sorri para a criança, faz um comentário breve e em seguida empurra o
carrinho de volta para a criança, imitando o som do motor do carro. A criança pega o
carrinho, ainda sem fazer contato visual com o avaliador, e passa a explorá-lo sozinha por
alguns segundos. Após, ela joga o carrinho novamente em direção próxima a do avaliador,
porém sem estabelecer contato visual com o mesmo. Nesse exemplo, ao contrário dos
códigos anteriores, inicialmente a intenção da criança (de convidar o adulto para brincar)
não fica clara ao avaliador, devido à falta de coordenação dos diferentes canais
sociocomunicativos.
olhar entre o alvo de interesse e o rosto do avaliador), podendo também estar acompanhado
de expressões faciais (por exemplo, sorriso) e de mudança de postura/orientação
corporal (por exemplo, direcionar o corpo em direção ao foco de interesse indicado). Se o
comportamento de RAC estiver presente, observar se ele aparece em uma variedade de
situações ou somente em atividades repetitivas (estereotipadas) da criança. Além disso,
observar se a criança pega os objetos oferecidos de forma espontânea ou somente após
insistência do avaliador. Salienta-se que algumas crianças podem apresentar
comportamentos rudimentares que remetem à emergência da RAC, caracterizados pelo foco
de interesse no objeto e não necessariamente na interação com o avaliador. Nesses casos,
o comportamento da criança pode não estar coordenado com gestos, olhar ou expressões
afetivas, comprometendo a clareza acerca da intencionalidade da criança.
Código "A": O avaliador aponta para o cachorrinho de brinquedo e comenta “olha que legal
esse cachorrinho!”, em seguida faz movimentos com o cachorrinho, dizendo "au-au-au" e
sorri para a criança, oferecendo o brinquedo. Enquanto o avaliador apresenta o estímulo, a
criança intercala o olhar entre o cachorrinho (quando o avaliador o aponta) e o rosto do
adulto, sorrindo. A criança, então, pega o cachorrinho quando o avaliador o oferece,
seguindo a brincadeira.
Código "B": O avaliador aponta para o cachorrinho de brinquedo e comenta “olha que legal
esse cachorrinho!”, em seguida faz movimentos com o cachorrinho, dizendo "au-au-au" e
sorri para a criança, oferecendo o brinquedo. Enquanto o avaliador apresenta o estímulo, a
criança intercala o olhar entre o cachorrinho (quando o avaliador o aponta) e o rosto do
PARTE I - O Sistema PROTEA-R de Avaliação do Transtorno do Espectro Autista
adulto, sorrindo. Entretanto, a criança não pega o cachorrinho quando o avaliador o oferece,
engajando na brincadeira somente após várias iniciativas do adulto. Ou, ainda, aceita o
objeto oferecido pelo avaliador (cachorrinho), mas brinca de forma repetitiva (por exemplo,
apertando o cachorro com as mãos, ou batendo-o no chão, repetindo os mesmos
movimentos).
Código "C": O avaliador aponta para o cachorrinho de brinquedo e comenta “olha que legal
esse cachorrinho!”, em seguida faz movimentos com o cachorrinho, dizendo "au-au-au" e
sorri para a criança, oferecendo o brinquedo. A criança olha para o cachorrinho (quando o
avaliador o aponta), mas não intercala seu olhar entre o brinquedo e o rosto do avaliador ou
apresenta outras expressões afetivas, demonstrando claramente que seu interesse está
somente no cachorrinho.
3. Imitação (IM)*
de imitação, desta vez em situação diádica (sem mediação de objetos), é quando o adulto
bate palmas "festejando" algum acontecimento durante a brincadeira e a criança também o
faz. Esses comportamentos podem estar acompanhados de expressões afetivas e
vocalizações.
Código "A": O avaliador diz: "Eu tenho um brinquedo bem legal para te mostrar!”, sorrindo, e
mostra a máquina fotográfica para a criança. Então, faz de conta que a está fotografando
(acionando o brinquedo), entregando, em seguida a máquina para a criança. Ela, então,
aciona o brinquedo da mesma forma, fazendo de conta que fotografa, e troca turnos com o
avaliador (minha vez, sua vez), alternando a ação de um e de outro, simulando “poses” e
demonstrando divertir-se com a brincadeira.
Código "C": O avaliador diz: "Eu tenho um brinquedo bem legal para te mostrar!”, sorrindo, e
mostra a máquina fotográfica para a criança. Então, faz de conta que a está fotografando
(acionando o brinquedo), entregando, em seguida a máquina para a criança. Ela, então,
aciona o brinquedo da mesma forma, porém vira de costas para o avaliador e começa a
fotografar objetos da sala, sem trocar turnos com o avaliador, e sem sorrir e/ou olhar para o
mesmo, demonstrando, claramente, que seu interesse está somente em acionar a máquina
fotográfica (e não na interação).
Esse item tem por objetivo avaliar se a criança se engaja em brincadeiras com o
avaliador sem o uso de brinquedos, isto é, situações diádicas (por exemplo, cantar,
dançar, pega-pega, esconde-esconde). Caso o comportamento de ES esteja presente,
observar se a criança inicia (convida o parceiro) e/ou responde (aceita os convites do
parceiro) às brincadeiras sem o uso objetos. Nos casos em que a criança não inicia, mas
responde ao ES, deve-se observar se essa aceitação ocorre de forma rígida (sempre no
mesmo formato) ou espontânea/flexível (aceita variações na conduta do avaliador na
PARTE I - O Sistema PROTEA-R de Avaliação do Transtorno do Espectro Autista
Modelo de conduta do avaliador para investigar ES: Quando a criança estiver sentada
(preferencialmente no chão) próxima do avaliador, apresentar algum objeto para iniciar a
brincadeira. Inicialmente, propor encostar esse objeto na criança, para que sinta o toque. Em
seguida, retirar o brinquedo da cena interativa e iniciar brincadeira diádica, podendo ser a de
fingir que vai fazer cócegas ou cantar uma música e convidar a criança para dançar,
tocando-lhe as mãos, por exemplo. Observar se a criança responde a esse convite e como
ela reage (contato visual, expressão facial, gestos) durante a interação diádica. É importante
não insistir caso a criança não permita ou reaja mal ao toque.
Atenção: Observar que neste item não deve ser pontuada a reação da criança no momento
do uso do brinquedo em seu corpo, pois isso serve apenas para prepará-la para o toque,
caso não surja uma oportunidade natural.
Código "A": A criança começa a cantarolar uma música e olha para o avaliador ou, após o
avaliador cantar uma música, ela começa a dançar, olhando ou pegando a mão do avaliador
para dançar junto.
Código "B": O avaliador canta uma música e convida a criança para dançar, ela aceita e
passa a cantar e dançar com o avaliador, demonstrando divertir-se com a brincadeira.
Código "C": O avaliador canta uma música e convida a criança para dançar, ela se aproxima
dele e balança o corpo, porém não olha para o avaliador e quando este propõe outras
músicas, a criança se afasta e para de interagir.
5. Sorriso (SOR)
Esse item tem por objetivo avaliar se a criança entrou na atmosfera prazerosa da
brincadeira, por meio da presença e qualidade do sorriso. É importante avaliar se ela
apresenta sorriso espontâneo e recíproco, dirigido ao adulto e junto com o do adulto ou se,
ao contrário, o sorriso é difuso (quando a criança sorri apenas por causa de alguma
PARTE I - O Sistema PROTEA-R de Avaliação do Transtorno do Espectro Autista
sensação provocada pelo brinquedo ou, ainda, sem motivo aparente). Se o SOR estiver
presente, observar se ele aparece de forma espontânea ou somente em resposta ao sorriso
do avaliador. Verificar, também, se o SOR se mostra acompanhado de contato visual, gestos
ou vocalizações dirigidas ao avaliador, bem como se é adequado ao contexto (identificar
motivo desencadeador). O avaliador deve estar atento para sua postura, que deve ser
empática, com expressões faciais contingentes e atrativas para a criança durante todas as
sessões, uma vez que essas ações proporcionam mais oportunidades para a observação da
qualidade do SOR.
Código "B": A criança não sorri espontaneamente, mas o faz em resposta ao sorriso do
adulto durante diferentes brincadeiras, nas quais ambos estão engajados e se divertindo.
Contudo, o sorriso nem sempre é acompanhado pelo contato visual (ou
gestos/vocalizações), mas é adequado ao contexto em que se apresenta. Por exemplo, o
avaliador apresenta os dedoches à criança, produz diferentes vozes para os personagens e
cria uma cena na qual a vovozinha quer fazer cócegas na barriga da criança. O avaliador, ao
se aproximar da criança, sorri e a criança sorri em resposta, de forma adequada ao
contexto, porém seu olhar fica fixo nos personagens (dedos do avaliador) durante toda a
brincadeira com os dedoches.
Código "C": A criança sorri enquanto caminha pela sala, sem estar interagindo com o
avaliador e sem estar brincando com algum objeto (sem motivo aparente).
Esse item tem por objetivo avaliar se a criança busca e/ou responde ao contato ou
proximidade física do adulto de forma típica e espontânea, atípica ou se, ao contrário, ela
não apresenta esses comportamentos. O foco é algum tipo de intimidade e carinho que se
estabelece entre a criança e o avaliador, evidenciado pelo contato físico afetivo. Se o
comportamento de busca ao CFA estiver presente, observar se ele aparece em uma
PARTE I - O Sistema PROTEA-R de Avaliação do Transtorno do Espectro Autista
Código "B": A criança não busca espontaneamente o contato físico afetivo, mas aceita
quando o avaliador faz carinho em suas costas ou lhe dá um abraço.
Código "C": A criança busca contato físico com o avaliador apenas para tocar seu cabelo
para cheirá-lo ou para apoiar-se para alcançar algum brinquedo.
Esse item tem por objetivo avaliar se a criança utiliza gestos (mostrar, apontar, trazer
objetos para o avaliador), coordenados com o olhar (a criança alterna o olhar entre o alvo de
interesse e o rosto do avaliador) e/ou com vocalizações, com a finalidade de buscar
assistência (por exemplo, abrir a tampa de uma caixa, fazer funcionar um brinquedo, pedir
para repetir uma brincadeira). Observar se a criança integra, ou não, diferentes canais
comunicativos (gestos, contato visual, vocalizações) ou, ainda, se ela apresenta o
comportamento de BA apenas de forma não convencional (por exemplo, pega a mão do
adulto e a coloca sobre o objeto para abrir tampas, acionar um brinquedo; escala o corpo do
adulto para alcançar um objeto etc).
PARTE I - O Sistema PROTEA-R de Avaliação do Transtorno do Espectro Autista
Modelo de conduta do avaliador para investigar BA: Apresentar algum brinquedo com
propriedades atrativas para a criança e, após demonstrar os seus efeitos, retirá-lo do seu
alcance imediato e aguardar algum “pedido” por parte dela.
Código "A": O avaliador mostra para a criança o brinquedo que produz bolhas de sabão e
comenta "Vamos fazer bolhas de sabão?", sorrindo para a criança. Em seguida, ele sopra as
bolhas e chama a atenção dela para as mesmas. Então, o avaliador permanece com o
brinquedo nas mãos (fora do alcance da criança), porém sem fazer bolhas de sabão. A
criança, então, aponta para o objeto, sorrindo e intercalando o olhar entre o avaliador e o
brinquedo, claramente solicitando que ele faça mais bolhas.
Código "B": O avaliador mostra para a criança o brinquedo que produz bolhas de sabão e
comenta "Vamos fazer bolhas de sabão?", sorrindo para a criança. Em seguida, ele sopra as
bolhas e chama a atenção dela para as mesmas. Então, o avaliador permanece com o
brinquedo nas mãos (fora do alcance da criança), porém sem fazer bolhas de sabão. A
criança, então, olha para o objeto e sorri, porém, sem apontar ou olhar para o avaliador para
solicitar que ele faça mais bolhas.
Código "C": O avaliador mostra para a criança o brinquedo que produz bolhas de sabão e
comenta "Vamos fazer bolhas de sabão?", sorrindo para a criança. Em seguida, ele sopra as
bolhas e chama a atenção dela para as mesmas. Então, o avaliador permanece com o
brinquedo nas mãos (fora do alcance da criança), porém sem fazer bolhas de sabão. A
criança, então, tenta “escalar” o corpo do avaliador para alcançar o objeto ou, quando este
está ao seu alcance, coloca a mão do adulto sobre o brinquedo para que ele faça mais
bolhas.
8. Protesto/Retraimento (P/R)
Esse item tem por objetivo avaliar se a criança tenta evitar a interação com o
adulto. Se o comportamento de P/R estiver presente, observar se ele aparece de forma
branda (por exemplo, dá as costas ou afasta a mão do adulto), ativa (por exemplo,
afasta-se, encolhe-se em um canto) ou intensa (por exemplo, afasta-se e grita ou agita-se).
É importante destacar que esse item avalia reações de P/R à interação e não deve ser
pontuado com base em situações nas quais a criança proteste ou retraia-se à apresentação
PARTE I - O Sistema PROTEA-R de Avaliação do Transtorno do Espectro Autista
ou retirada de objetos (por exemplo, quando o avaliador aciona um objeto que acaba por
assustá-la ou quando algum brinquedo é guardado e a criança grita ou chora). O avaliador
deve pontuar esse item mesmo que a criança tenha protestado ou retraindo-se uma única
vez.
que a abrangência se difere da frequência do comportamento, uma vez que a criança pode
brincar várias vezes com o mesmo brinquedo e não explorar outros objetos disponíveis.
Considera-se, nesse item, a exploração das propriedades físicas e sensoriais dos
brinquedos/objetos (bater, rolar, sacudir), não sendo exigido que os mesmos sejam
utilizados no contexto de brincadeiras com o adulto.
Código "A": A criança explora muitos brinquedos (mais da metade dos objetos apresentados
ao longo da sessão).
Código "B": A criança explora poucos brinquedos (menos da metade dos objetos
apresentados ao longo da sessão).
Código "C": A criança explora pouquíssimos brinquedos (menos de ⅓ [um terço] dos objetos
apresentados ao longo da sessão).
Código "D": A criança não explora os objetos. Pode abrir portas ou potes, mas não se
interessa pelos brinquedos podendo até pisar por cima dos mesmos como se não os visse.
Esse item tem por objetivo avaliar a forma como a criança explora os brinquedos, em
termos de flexibilidade da exploração. A flexibilidade se refere à variedade de ações da
criança com os objetos ao explorar suas múltiplas propriedades, tais como formas e
texturas. Assim, o avaliador deve observar se a exploração ocorre de diferentes formas (por
exemplo, bate, rola, sacode), de forma muito breve (por exemplo, toca nos objetos para
colocá-los na boca), de forma atípica (por exemplo, interesse pelo cheiro, movimento ou
partes isoladas de brinquedos) e/ou repetitiva (por exemplo, alinhar, girar objetos, sem
função aparente). Salienta-se que pode haver exploração atípica por meio de “olhar
periférico” (quando a criança explora os brinquedos e os olha com o “canto do olho”, ou se
deita no chão e se vira de lado para obter este efeito).
brincadeira (por exemplo, se ela está girando um objeto, tocar o brinquedo rapidamente; se
ela estiver alinhando ou enfileirando objetos, mudar a ordem da “fila”, como se estivesse
brincando e não “provocando”) e observar sua reação. De forma geral, quando a atividade
tem caráter repetitivo, a resposta da criança a essas intervenções tende a ser negativa (por
exemplo, chorar, gritar, retirar-se).
Código "A": A criança explora os brinquedos de forma variada (sacode, empilha, gira, rola),
demonstrando curiosidade sobre o que pode ser feito com os mesmos. Essas explorações
se mostram adequadas ao contexto da brincadeira e são identificadas pelo avaliador como
formas típicas de explorar e manipular os objetos.
Código "B": A criança explora os brinquedos de forma variada, conforme descrito no código
A, porém também são observadas explorações atípicas e repetitivas. Por exemplo, quando o
foco da criança está nas propriedades sensoriais dos objetos, fazendo-a apertar inúmeras
vezes o botão da máquina fotográfica para observar a luz produzida, aproximando-a dos
olhos ou apresentado olhar periférico durante a exploração. Ou, ainda quando a criança faz
sempre os mesmos movimentos com os objetos, como alinhar girar, sacudir ou bater sem
função aparente.
Código "C": A exploração dos objetos é feita basicamente de forma breve e/ou atípica e/ou
repetitiva. Por exemplo, a criança pega os objetos e logo os larga ou joga no chão, coloca
diferentes brinquedos na boca, brinca da mesma forma repetidas vezes (alinhando, girando,
empilhando).
Modelo de conduta do avaliador para investigar CV: Apresentar diferentes brinquedos para a
criança, colocando-os próximos de suas mãos. Observar se ela pega e olha para os
brinquedos de forma adequada durante a exploração. Nos casos em que a criança não toca
PARTE I - O Sistema PROTEA-R de Avaliação do Transtorno do Espectro Autista
Esse item tem por objetivo avaliar se a criança manipula objetos/brinquedos não
apenas com fins exploratórios, mas de acordo com suas funções (por exemplo,
apertar/girar botões e teclas, colocar uma xícara sobre um pires em miniatura, fazer
encaixe). Se a BF estiver presente, observar a gama de objetos operados funcionalmente
(se muitos ou se poucos), bem como a consistência do comportamento (por exemplo, se a
criança inicia e completa a ação) e sua flexibilidade (variedades de ações que a criança
realiza com os brinquedos). Ressalta-se que abrangência (gama) se difere da frequência do
comportamento, uma vez que a criança pode brincar várias vezes com o mesmo brinquedo
e não explorar outros objetos disponíveis.
Código "B": A criança opera poucos brinquedos (menos da metade dos objetos
apresentados ao longo da sessão), mas o faz de acordo com sua função (por exemplo, tirar
foto com a máquina, colocar a xícara sobre o pires, fazer encaixes seguindo a lógica do
brinquedo, apertar botões, empurrar carrinho, estourar bolhas de sabão).
Código "C": A criança opera os brinquedos de forma parcial (por exemplo, a criança empurra
o carrinho em direção ao avaliador, porém sem deixar clara a intenção de brincar) ou de
forma atípica (ex. aperta os botões da máquina fotográfica de forma repetitiva).
Esse item tem por objetivo avaliar se a criança apresenta brincadeira de faz de
conta, ou seja, se ela utiliza um objeto para representar outro quando está brincando (por
exemplo, uma tampa de um pote serve como escudo, um bloco de madeira é usado como
telefone) ou criando propriedades que estão ausentes (por exemplo, assoprar para esfriar o
chá, fazer o barulho do carro). Se o comportamento de BS estiver presente, observar se ele
PARTE I - O Sistema PROTEA-R de Avaliação do Transtorno do Espectro Autista
Modelo de conduta do avaliador para investigar BS: Avaliar se a criança entende o faz de
conta, utilizando substituições de objetos (por exemplo, fazer de conta que um bloco de
madeira é um telefone) ou criando propriedades que estão ausentes (por exemplo, “esfriar”
o café, a comidinha). É fundamental que o avaliador saiba diferenciar, com clareza,
brincadeira funcional (por exemplo, mexer a colher dentro da xícara) da brincadeira
simbólica, isto é, representacional (por exemplo, mexer a colher dentro da xícara e assoprar
para “esfriar” o chá), o que reforça a importância da estimulação e da identificação das
propriedades ausentes da brincadeira.
Código "A": A criança faz de conta que a tampa da caixa é um escudo e/ou faz o barulho do
motor do carro enquanto o movimenta e/ou assopra a xícara para esfriar o chá que está
quente e/ou experimenta a comidinha e vocaliza "humm". As brincadeiras da criança são
espontâneas e envolvem diferentes objetos.
Código "B": As ações da criança são semelhantes àquelas descritas no Código A, porém ela
precisa ser estimulada pelo avaliador e utiliza poucos brinquedos no seu faz de conta.
Código "C": A criança apresenta indícios de faz de conta, brincando simbolicamente sempre
da mesma forma (por exemplo, movimenta o carrinho enquanto faz o som do mesmo), mas
não apresenta esses comportamentos em outros contextos, mesmo após estimulação do
avaliador.
Esse item tem por objetivo avaliar a evolução e conexão dos episódios durante a
BS. Observar se ocorre em uma sequência estruturada, com início, meio e fim de uma
“historinha” (por exemplo, o “médico” examina o paciente, chama a ambulância, opera o
paciente); se os episódios aparecem com alguma conexão, embora a sequência não seja
tão clara ou seja muito breve (por exemplo, fazer de conta que coloca açúcar e que
PARTE I - O Sistema PROTEA-R de Avaliação do Transtorno do Espectro Autista
“mistura/mexe” o leite); ou, por fim, se foi identificada BS, porém sem sequência entre as
ações (brincadeira “desconexa”).
Atenção: para crianças com idade inferior a 24 meses deve ser pontuado o código “E” nesse
item (“Não se aplica”).
Código "A": Após sentar os bonecos à mesa, a criança coloca os pratos e dá comida aos
bonecos, enquanto faz o som “Hmmm”, e depois coloca-os para dormir. Em outra cena, ela
faz de conta que os carrinhos estão participando de uma corrida, deixando claro quando
esta se inicia e elegendo um ganhador que, ao final, ganha um prêmio no pódio. Em ambas
as situações, a brincadeira tem início, meio e fim e ocorre de forma espontânea.
Código "B": A criança coloca comida no prato e dá aos bonecos e, em outra cena, ela faz de
conta que os carrinhos estão participando de uma corrida, demarcando seu início (“Um,
dois, três e já!”). Embora haja associação entre os episódios, esta não é tão elaborada
conforme aquela descrita no Código A.
Código "C": A criança coloca comida no prato e, em seguida, passa a brincar de corrida com
os carrinhos, empurrando-os simultaneamente. Tratam-se, portanto, de episódios sem
conexão entre si, não sendo possível identificar uma sequência na brincadeira.
Esse item tem por objetivo avaliar movimentos rápidos dos dedos e mãos, de forma
repetitiva e aparentemente não funcional, que geralmente ocorrem dentro do campo visual
da criança ou na linha média do corpo (por exemplo, retorcer e/ou tremular os dedos,
movimentar as duas ou uma das mãos de um lado para outro, esfregar, torcer, apertar as
mãos). Se o comportamento de MRM estiver presente, observar os contextos em que
ocorrem (identificar motivo desencadeador) e a reação da criança perante a tentativa de
interrupção pelo avaliador. Salienta-se que MRM são considerados intensos quando a
criança permanece realizando a ação, mesmo após tentativas do avaliador de direcionar sua
atenção para estímulos externos.
Código B: A criança apresenta movimentos repetitivos de dedos e/ou mãos (por exemplo,
tremular os dedos, chacoalhar as mãos), mas quando o avaliador a convida para brincar,
tocando o piano, a criança cessa esses movimentos imediatamente, mudando prontamente
seu foco para o novo objeto apresentado.
Código C: A criança apresenta movimentos repetitivos de dedos e/ou mãos intensos (por
exemplo, tremular os dedos, chacoalhar as mãos) quando o avaliador interrompe alguma
atividade ou guarda um brinquedo de seu interesse, sendo difícil distraí-la para outros
estímulos.
Esse item tem por objetivo avaliar movimentos rápidos de outras partes do corpo, de
forma repetitiva e aparentemente não funcional. Se o comportamento de MRC estiver
presente, observar os contextos em que ocorrem (identificar motivo desencadeador) e a
reação da criança perante a tentativa de interrupção pelo avaliador. Salienta-se que MRC
são considerados intensos quando a criança permanece realizando a ação, mesmo após
tentativas do avaliador de direcionar sua atenção para estímulos externos.
Código B: A criança apresenta comportamentos autolesivos (por exemplo, morde seu braço,
bate na cabeça com as mãos), mas quando o avaliador a convida para brincar, fazendo
bolhas de sabão, a criança cessa esses movimentos imediatamente.
Código C: A criança apresenta comportamentos autolesivos (por exemplo, morde seu braço,
bate na cabeça com as mãos) quando o avaliador interrompe alguma atividade ou guarda
um brinquedo de seu interesse, sendo difícil distraí-la para outros estímulos.
Considerações finais
Referência