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Aula 03

Direito Constitucional p/ OAB 1ª Fase


XXXII Exame - Com Videoaulas

Autor:
Diego Cerqueira Berbert
Vasconcelos
Aula 03
13 de Março de 2020
Diego Cerqueira Berbert Vasconcelos
Aula 03

APRESENTAÇÃO
Olá, alunos do Estratégia OAB!

Firmes e fortes nos estudos? Espero que sim. (rs)

No encontro de hoje, abordaremos um dos temas “queridinhos da FGV”:


Organização do Estado e a Repartição de Competências.

Considero, particularmente, um tema fundamental para sua aprovação. Digo isso,


pois há uma boa probabilidade de cair em sua prova. Vale, inclusive, consolidar este
assunto assistindo às videoaulas.

Bons estudos!

Abraços

Prof. Diego Cerqueira

diegocerqueira@estrategiaconcursos.com.br

https://www.facebook.com/profdiegocerqueira/

@profdiegocerqueira

*Esse curso é desenvolvido pelo Prof. Diego Cerqueira, mas conta com a
participação da Advogada Dra. Lara Abdala na produção do conteúdo para 1ª fase
em Dir. Constitucional.

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Apresentação .............................................................................................1
13. Organização do Estado ........................................................................3
13.1 – A Federação ................................................................................................. 4
13.1.1 – Características da federação ................................................................................................4

13.2 – Modelo federativo brasileiro ........................................................................ 7


13.2.1 – União .....................................................................................................................................7
13.2.2 – Estados .................................................................................................................................8
13.2.3 – Distrito Federal ...................................................................................................................11
13.2.4 – Municípios ...........................................................................................................................12
13.2.5 – Territórios Federais .............................................................................................................14

13.3 – Alteração na estrutura da federação .......................................................... 16


13.3.1 – Alteração na estrutura dos Estados ....................................................................................16
13.3.2 – Alteração na estrutura dos Municípios ...............................................................................19

13.4 – Vedações Federativas ................................................................................ 20


14. Repartição de Competências .............................................................29
14.1 – Distribuição de Competências na CRFB/88 ............................................... 32
14.1.1 – Competência Exclusiva .......................................................................................................32
14.1.2 – Competência Privativa ........................................................................................................35
14.1.3 – Competência Comum .........................................................................................................39
14.1.4 – Competência Legislativa Concorrente ...............................................................................40
14.1.5 – Competência dos Estados e do Distrito Federal................................................................42
14.1.6 – Competência dos Municípios .............................................................................................43

15. Intervenção ........................................................................................55


15.1 – Intervenção Federal ................................................................................... 55
15.2 – Intervenção Estadual .................................................................................. 59
15.3 – Controle Político na Intervenção ................................................................ 60

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13. ORGANIZAÇÃO DO ESTADO


Vamos incialmente buscar o conceito de Estado?
No plano teórico importante termos em mente que o Estado possui as três
dimensões: povo, território e governo. Observe o quadro abaixo:

•É a dimensão pessoal do •É a dimensão física sobre •É a dimensão política; o


Estado; são os seus a qual o Estado exerce Governo deve ser
nacionais. seus poderes; é o soberano, ou seja, sua
domínio espacial vontade não se subordina
(material) onde vigora a nenhum outro poder,
uma determinada ordem seja no plano interno ou
jurídica estatal. no plano internacional.

Povo Território Governo

Assim, o Estado “é a ordem jurídica soberana que tem por fim o bem comum de um
povo situado em determinado território”1.
A forma de Estado significa que o poder interno pode ser distribuído em mais de
uma maneira. Com base nas várias formas de distribuição territorial de poder os
Estados podem ser classificados como: Estado unitário e Estado federal.
Mas, professor, o que isso significa? Calma, acompanhe a explicação detalhada
abaixo:
Ä Um Estado é denominado como unitário quando há a centralização
política do poder, ou seja, todas as decisões procedem de um núcleo
estatal (órgão ou pessoa). Até a promulgação da Constituição/1891, o
Brasil era um Estado unitário.
Ä Um Estado é denominado como federal quando os entes federativos
possuem capacidade política. Em decorrência da autonomia política
dessas pessoas jurídicas, encontramos internamente uma pluralidade de
ordenamentos jurídicos, já que o Estado possui vários centros produtores
de normas. Ex: Brasil - composto pela U, E, DF e M, entes federativos
dotados de autonomia política.

1
DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de teoria geral do Estado. 16 ed. atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 1991, p. 118.

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Prof.... não houve menção à confederação. Poderia explicar o que a diferencia da


federação? (...)
Atualmente não há Confederação em vigor, sendo essa apenas uma referência
histórica. Além disso, tem origem na união de Estados soberanos. O vínculo decorre
de um tratado internacional e pode ser desfeito. Por isso a sua característica
marcante é a dissolubilidade (presença do direito de secessão). EUA é um exemplo
histórico, pois durante um determinado período (de 1781 a 17872) foi uma
Confederação.
Na federação há um Estado Soberano decorrente da união indissolúvel de entes
autônomos. Essa união tem fundamento em uma Constituição Federal e por ser
indissolúvel não pode ser desfeita: não existindo assim o direito de secessão.

FEDERAÇÃO CONFEDERAÇÃO
•UNIÃO INDISSOLÚVEL •UNIÃO DISSOLÚVEL
•OS ENTES FEDERADOS SÃO •OS ENTES FEDERADOS SÃO
AUTÔNOMOS SOBERANOS
•TEM COMO FUNDAMENTO A •TEM COMO FUNDAMENTO UM
CONSTITUIÇÃO ACORDO INTERNACIONAL

13.1 - A FEDERAÇÃO
13.1.1 – Características da federação

A forma federativa adotada pelo Brasil está prevista expressamente na Constituição


Federal de 1988, em seu art. 1º, caput:

“A República Federativa do Brasil é formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do
Distrito Federal”.

Com a leitura do dispositivo fica claro que essa foi uma decisão do legislador
constituinte. Foi estabelecido um pacto federativo tendo a atual Constituição
disponibilizado mecanismos para protegê-lo.

2
CARVALHO, Kildare Gonçalves. Direito Constitucional: Teoria do Estado e da Constituição, Direito Constitucional Positivo, 16ª edição. Ed. Del Rey. Belo
Horizonte, 2010.

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Da descentralização do poder político decorre a autonomia política dos entes


federativos, característica presente na federação.
(...)
Professor e o que significa de fato essa autonomia política? Significa que todos os
entes federativos possuem:
a) Auto-organização: atributo que se expressa através da elaboração das
Constituições Estaduais (em relação aos Estados) e das Leis Orgânicas (em relação
aos Municípios).
b) Autolegislação: a CRFB/88 estabeleceu a existência de diversos produtores de
normas, permitindo que os entes federativos editem suas próprias leis.
c) Autoadministração: o legislador constituinte fornece aos entes federados a
capacidade de exercer atividades administrativa, tributária e legislativa, sem a
necessidade de interferência da União. Por exemplo: elaboração de orçamentos,
arrecadação de tributos e execução de políticas públicas.
d) Autogoverno: capacidade dos entes federados para eleger aqueles que serão
os seus representantes.
Além do descrito, a federação possui como características a repartição
constitucional de competência, indissolubilidade do vínculo federativo,
nacionalidade única, rigidez constitucional, existência de mecanismo de intervenção,
existência de um tribunal federativo e a participação dos entes federativos na
formação da vontade nacional.
Vamos com calma (rs). Vou explicar cada uma dessas características logo abaixo:
Ä Repartição constitucional de competências: a CRFB/88 define quais
são as atribuições de cada ente federativo.
Ä Indissolubilidade do vínculo federativo: não é permitido que os entes
se retirem da federação, rompendo o pacto federativo, porque em uma
federação não há a presença do direito de secessão.
Ä Nacionalidade única: todos os cidadãos da federação possuem a
mesma nacionalidade independente do seu estado-membro de origem.
Ä Rigidez constitucional: para a manutenção de um Estado federal é
preciso que o pacto federativo seja protegido. Isso ocorre através de uma
Constituição escrita e rígida, cujo procedimento de modificação é mais
dificultoso que o procedimento de alteração das demais leis. A
Constituição Federal de 1988 estabeleceu expressamente que emenda

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constitucional não pode abolir a forma federativa, por ser uma cláusula
pétrea.
Ä Existência de mecanismo de intervenção: federais ou estaduais que
são usados para combater atos praticados contra o pacto federativo.
Ä Existência de um Tribunal Federativo: cuja finalidade é solucionar
litígios entre os entes federativos. No Brasil, essa competência é do STF,
que processa e julga, originariamente, as causas e os conflitos entre a
União e os Estados/DF ou entre os Estados. A CRFB/88 não incluiu aqui os
Municípios, portanto não é da competência do STF os conflitos
envolvendo tal ente.
Ä Participação dos entes federativos na formação da vontade nacional:
através de um órgão legislativo. Na federação brasileira os Estados e o DF
participam da vontade nacional através do Senado Federal. Esse órgão
representa os poderes regionais, menos os Municípios. O legislador
constituinte não trouxe a previsão de representantes municipais no
Senado.

Auto-organização
(Constituições
Estaduais, Leis
Orgânicas)

Autogoverno Autolegislação
Entes
(Eleger seus (Editar próprias
representantes)
Federativos leis)

Autoadministração
(Atribuições
administrativas)

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13.2 - MODELO FEDERATIVO BRASILEIRO


Vamos nos aprofundar agora no estudo da Federação Brasileira e suas
peculiaridades. Dentro desse contexto, a CRFB/88 estabeleceu no caput do art. 18
quem são os entes federativos, entregando a eles a chamada autonomia. Vejamos:

“Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União,


os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição”.

Uma pequena observação! A partir da leitura do dispositivo acima concluímos que


os Territórios federais não estão entre esses entes, não possuindo dessa forma
autonomia política. (calma que um pouquinho mais à frente explico melhor sobre os
territórios)
Já a União, os Estados, o Distrito federal e os Municípios são entes federativos que
compõe da República Federativa do Brasil. Da autonomia garantida pela CRFB/88
surgem: a auto-organização, autolegislação, autoadministração e autogoverno.
Mas, cumpre salientar que estamos diante de atributos que a própria CRFB/88
impõe limites...

13.2.1 – União

A União representa a República Federativa do Brasil, realizando as competências do


inciso I ao IV, do art. 21 da CRFB/88. É preciso esclarecer que a soberania é uma
característica da RFB e não da União.

•A RFB é representada no plano internacional (art. 21, I) pela União. Contudo,


apenas a RFB possui soberania. Já a União possui tão somente autonomia.
Soberania

A União é pessoa jurídica de direito público interno, com competências


administrativas e legislativas. Dentro da competência legislativa é permitida, por
exemplo, a edição de leis nacionais e leis federais. “Mas, qual a diferença prof.?”
As leis nacionais são aquelas editas para aplicação em todo o território nacional. Por
outro lado, as leis federais agem apenas no âmbito da União. Como exemplo temos
a Lei nº 8.112/90, que dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos
federais.

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13.2.2 – Estados

Os Estados são também pessoas jurídicas de direito público interno. A autonomia


política desses entes se manifesta através da auto-organização, autolegislação,
autoadministração e autogoverno. Ao longo da Constituição Federal encontramos
as diversas capacidades previstas para o Estado.
A autoadministração permite que o ente federado tenha uma autonomia para
administrar o exercício das diversas competências constitucionais.
O §3º do art. 25 da CRFB/88, por exemplo, permite aos Estados a instituição de
regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, mediante a
edição de lei complementar, com o objetivo de integrar a organização, o
planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.
Para tal fato ocorrer, o dispositivo exige o preenchimento de 3 (três) requisitos:

Os Municípios
envolvidos devem
ser limítrofes
Finalidade de
integrar a
organização, o
Lei Complementar
planejamento e a
Estadual
execução de funções
públicas de interesse
comum

Regiões
metropolitanas,
aglomerações
urbanas e
microrregiões

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Professor, poderia explicar o significado de região metropolitana, aglomeração


urbana e microrregião? Claro! J
Todas elas decorrem da união de Municípios limítrofes. Contudo, essa reunião
possui características distintas. Vejamos:
Nas regiões metropolitanas é perceptível a existência de uma certa continuidade
urbana entre os Municípios que as formam. Além disso, essa reunião ocorre em
torno de um Município-polo.
Por outro lado, nas microrregiões não há uma continuidade urbana entre os
Municípios limítrofes. O que existe entre eles são características homogêneas, além
de problemas administrativos comuns.
Já os Municípios das aglomerações urbanas são limítrofes e também apresentam
entre eles uma continuidade urbana. Entretanto, não há presença de um Município-
polo. O que existe entre os Municípios uma complementaridade funcional. Ex:
Baixada Santista.
Na ADI 1.842, enquanto decidia sobre a criação da Região Metropolitana do Rio de
Janeiro e a Microrregião dos Lagos3, o STF firmou entendimentos importantes
transcritos a seguir:
ü Na criação de regiões metropolitanas o dispositivo constitucional exige
a edição de lei complementar estadual. De acordo com o Supremo, a
participação dos Municípios na região metropolitana é compulsória. Não
há exigência de prévia manifestação das Câmaras Municipais como
condição.
ü Ficou estabelecido que as funções públicas de “interesse comum” são
funções e serviços públicos que extrapolam o interesse local (interesse
municipal) e por isso são supramunicipais. Como exemplo temos o
saneamento básico.
ü O §3º do art. 25 da CRFB/88 permite a divisão de responsabilidades
entre os entes. Assim, o poder decisão e o poder concedente (dos serviços
públicos) não serão transferidos para o Estado. A gestão será
compartilhada através da formação de um órgão colegiado, que não
precisa ter uma composição paritária. O que o órgão colegiado precisa é
ser capaz de prevenir que um ente tenha poder absoluto sobre os demais.

3
ADI 1.842, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe: 13.09.2013.

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A auto-organização e autolegislação ficam evidente no caput do art. 25 da


CRFB/88 transcrito a seguir:

Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que


adotarem, observados os princípios desta Constituição

O poder de autogoverno dado aos Estados pela CRFB/88 se manifesta através da


previsão de eleições estaduais, em que governantes são democraticamente eleitos
para exercerem os seus mandatos sem subordinação ao poder central.
A Assembleia Legislativa é o único órgão do Poder Legislativo Estadual. Conclusão:
o legislativo estadual é unicameral.
Para entender a composição desse órgão é necessária a leitura do art. 27 da
CRFB/88:

Art. 27. O número de Deputados à Assembleia Legislativa corresponderá


ao triplo da representação do Estado na Câmara dos Deputados e,
atingido o número de trinta e seis, será acrescido de tantos quantos forem
os Deputados Federais acima de doze.

§ 1º - Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, aplicando-


se-lhes as regras desta Constituição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade,
imunidades, remuneração, perda de mandato, licença, impedimentos e
incorporação às Forças Armadas.

O caput do dispositivo determina o número de Deputados que uma Assembleia


Legislativa deve possuir: o triplo dos deputados federais. Imaginemos que o
número de deputados federais de um Estado-membro seja 5, logo a sua Assembleia
Legislativa será composta por 15 deputados estaduais (3x5=15).
Todavia, se ao multiplicar o número de deputados federais por 3 for alcançado um
resultado igual ao número 36 ou mais, deve ser acrescido tantos quantos forem os
Deputados Federais acima de 12.
Vamos mais um exemplo. Imagine Estado-membro Y possui 15 deputados federais.
Ao multiplicar 15 por 03 encontraremos um valor acima de 36. Então, seguimos a
regra final do caput do art. 27 da CRFB/88. Assim, a conta para encontrar o número
de deputados estaduais (Estado Y) será 36+ (15-12), totalizando 39 deputados
estaduais.

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O §1º da Constituição ainda dispõe que o mandato do Deputado Estadual dura


quatro anos e que o sistema eleitoral seguirá as regras da CRFB/88. Então, o
entendimento é de que o sistema eleitoral será o mesmo previsto para os deputados
federais: sistema proporcional.

13.2.3 – Distrito Federal

Assim como os demais entes federativos podemos fizer que o Distrito Federal é um
ente autônomo, o que implica em possuir as características que decorrem dessa
autonomia: auto-organização, autoadministração, autolegislação e autogoverno.
Antes de nos aprofundarmos em cada atributo do DF, destaco aqui a discussão
sobre a natureza jurídica híbrida desse ente, apontada por alguns doutrinadores. O
Supremo Tribunal Federal entende que o DF possui características dos Estados e
dos Municípios, mas assegura que se trata de ente federativo autônomo, com a
peculiaridade de ter a autonomia parcialmente tutelada pela União.
A autoadministração se apresenta a partir da manifestação de todas as outras
capacidades. O caput do art. 32 da CRFB/88 determina que o Distrito Federal é
regido por sua Lei Orgânica, estando evidente aqui a atribuição Constitucional da
auto-organização e também autolegislação. A LO/DF é votada em dois turnos com
interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legislativa,
que a promulgará.
Ao referido ente foram estendidas as competências legislativas reservadas aos
Estados e Municípios, nos moldes do disposto no §1º, do art. 32 e 147 da CRFB/88,
complementando o seu poder de autolegislação. Contudo, o legislador constituinte
estabeleceu que parte dessas atribuições é tutelada pela União, como a
competência para legislar sobre a organização judiciária (art. 22, XVII, CF).
Também existem limitações para a chamada auto-organização. Uma delas é a
capacidade da União organizar e manter os seguintes poderes e órgãos do DF:
Ministério Público, o Poder Judiciário, a polícia civil, a polícia penal, a polícia
militar e o corpo de bombeiros militar (CF, art. 21, XIII e XIV).
Atenção!!! Recentemente a EC nº 104/2019 criou a polícia penal, um órgão de
segurança pública, que passa a existir na esfera: federal, estadual e distrital. Tal
polícia é responsável pela segurança dos estabelecimentos penais, possuindo
vinculação com o órgão que administra o sistema penal da União, do Estado ou do
DF (art. 144, VI e §5º-A da CRFB/88)

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O entendimento do Supremo é de que a competência da União acima descrita


(organizar e manter) envolve igualmente legislar sobre a matéria. Então, foi editada
a Súmula Vinculante nº. 39 do STF:

Compete privativamente à União legislar sobre vencimentos dos membros das polícias civil e militar e
do corpo de bombeiros militar do Distrito Federal.

Além disso, ao Distrito Federal não é permitida a alteração dos seus limites
territoriais, estando expresso inclusive no caput do art. 32 da CRFB/88 a vedação de
sua divisão em Municípios.
Por fim, temos a capacidade de autogoverno que envolve a eleição do Governador
e do Vice-Governador e dos deputados distritais. As regras de eleição para os
deputados distritais são as mesmas dispostas para os deputados estaduais.
Já em relação à eleição do Chefe do Poder Executivo Distrital e seu Vice foi
estabelecido que são aplicadas as normas que regulam a eleição para Presidente da
República.

13.2.4 – Municípios

No plano doutrinário, a típica federação possui como entes federados a União e os


Estados. Ao atribuir autonomia aos Municípios, a Constituição Federal trouxe uma
característica peculiar para a federação brasileira. Talvez por isso recebeu por alguns
da doutrina a denominação de federação sui generis.
A autonomia do Município tem tamanha importância que foi alçada pela CRFB/88 à
condição de princípio constitucional sensível (CF, art. 34, VII, “c”). Está previsto
nos dispositivos constitucionais (arts. 18, 29 e 30) e permite a auto-organização,
autolegislação, autogoverno e autoadministração pelos municípios. Todos esses
atributos se apresentam através:
Þ Da Lei Orgânica Municipal que rege o município (auto-organização);
Þ Da edição de leis municipais (autolegislação);
Þ Da existência de eleição direta para Prefeito, Vice e vereador no âmbito dos
municípios. Eleições que ocorrem sem interferência do Governo Federal e
Estadual;
Þ Do exercício de suas competências administrativas, tributárias e legislativas.
Destrinchando o art. 29 da CRFB/88 encontramos as regras de votação da Lei
Orgânica do município e da eleição do Prefeito e seu Vice. Vamos realizar a leitura
juntos:

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Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos,
com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos
membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios
estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e
os seguintes preceitos:

I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores, para mandato


de quatro anos, mediante pleito direto e simultâneo realizado em todo o
País;
II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no primeiro domingo
de outubro do ano anterior ao término do mandato dos que devam
suceder, aplicadas as regras do art. 77, no caso de Municípios com mais
de duzentos mil eleitores;
III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º de janeiro do ano
subsequente ao da eleição;
(...)
V - subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Secretários Municipais
fixados por lei de iniciativa da Câmara Municipal, observado o que
dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
(...)
X- julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça

No caput temos que a votação da Lei Orgânica ocorrerá em dois turnos com
interstício mínimo de dez dias, mas para a aprovação do seu texto é necessário que
dois terços dos membros da Câmara Legislativa votem a favor. E por fim a própria
Câmara Legislativa é a responsável por promulgar a LO, atendendo os princípios
estabelecidos na CF/88 e na Constituição do respectivo Estado.
Há nos incisos apresentados acima a descrição sobre a realização da eleição do
Prefeito e Vice-Prefeito. Ao citar o art. 77, o inciso II deixa expresso que as regras
são as mesmas estabelecidas para a eleição do Chefe do Poder Executivo Federal,
caso o Município possua mais de 200.000 eleitores.

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- O Chefe do Poder Executivo Municipal e seu Vice são eleitos por meio
do sistema majoritário. O sistema majoritário de 2 turnos apenas se aplica
quando o Município possui mais de 200.000 eleitores.

- O sistema majoritário pode ser o simples ou o absoluto. No simples


haverá apenas um turno de votação (o candidato será eleito se obtiver o
maior número de votos do total de votos válidos).

- No absoluto pode haver dois turnos. Afinal, neste último, para que um
candidato seja eleito é necessário que um deles atinja a regra de 50% + 1
dos votos válidos. Caso isso não ocorra, os dois mais votados irão disputar
o segundo turno.

As eleições em âmbito municipal ocorrem no primeiro domingo de outubro do ano


anterior ao fim do mandato daqueles que serão sucedidos. O mandato de ambos
será de 4 (quatro) anos.
Avançando um pouco mais no estudo municipal, importante ainda termos a
compreensão do art. 29, XIII, CF/88. Ele estabelece o regramento sobre a iniciativa
popular de leis no Município. Há a necessidade da manifestação de, pelo menos,
5% do eleitorado.
Por fim, em relação aos demais Poderes municipais, o Poder Legislativo é
unicameral e não há um Poder Judiciário.

13.2.5 – Territórios Federais

Os Territórios Federais não receberam autonomia política da Constituição Federal.


Eles não são entes federados. Guarde isso com carinho (rs)
Dada a leitura atenta do art. 1º combinada com o art.18, § 2º, ambos da CRFB/88,
temos que os Territórios Federais decorrem de uma descentralização
administrativa. São considerados pela doutrina meras autarquias territoriais da
União. Afinal, o art. 18, §2º determina que eles integram a União.
Agora, muito cuidado!!!! Apesar de não ser um ente federativo, é permitida a divisão
dos territórios federais em Municípios.
“Prof.... e hoje temos territórios federais?”

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O Brasil não possui mais Territórios Federais4. Porém, a CRFB/88 traz a permissão
para a criação deles a qualquer tempo, por meio de uma lei complementar.
“Então, por não ser um ente federativo, os Territórios Federais não possuem Poder
executivo, legislativo e judiciário?”
Calma, o legislador constituinte buscou esclarecer essa questão. J
A CRFB/88 trouxe a previsão da chamada Câmara Territorial, representante do
Poder Legislativo, no âmbito do Território Federal. Entretanto, estabeleceu que
cabe ao legislador infraconstitucional dispor sobre as eleições e a competência
deliberativa da Câmara. Ressalto a competência do Congresso Nacional:
responsável pelo controle externo da Administração dos Territórios, com o auxílio
do TCU (§2º do art. 33 da CRFB/88).
Uma curiosidade. Os Territórios Federais não elegem Senadores (representantes
somente dos Estados e DF). Em relação a Câmara dos Deputados (composta de
representantes do povo) devem ser eleitos 4 Deputados Federais por cada
Território. O número é fixo e não proporcional à população (§2º do art. 45 da
CRFB/88).
O Poder Executivo do Território é chefiado por um Governador não eleito pelo
povo. Ocorre uma nomeação por parte do Presidente da República, desde que o
sujeito seja aprovado antes pelo Senado Federal, através de uma votação secreta
após arguição pública (alínea c, III, do art. 52 c/c XIV do art. 81 da CRFB/88)
O legislador constituinte estabeleceu que cabe a lei federal dispor sobre a
organização administrativa e judiciária dos Territórios (art. 33 caput da CRFB/88),
sendo competência privativa da União legislar sobre essas matérias (art. 22, XVII).
Em relação ao judiciário, a competência legislativa da União é voltada para a
organização e manutenção do Poder Judiciário do Distrito Federal e Territórios
(TJDFT). Assim, de acordo com o parágrafo único do art. 110 da CRFB/88, os juízes
do TJDFT (juízes locais) terão a jurisdição e as atribuições dos juízes federais, na
forma da lei.
Tanto a organização e quanto a manutenção do Poder Judiciário e do Ministério
Público do Distrito Federal e Territórios Federais são da competência da União.
Esses são representados pelo TJDFT e o MPDFT (Ministério Público do Distrito

4
A CRFB/88 determinou que os antigos territórios de Roraima e do Amapá são estados federados, enquanto Fernando de Noronha atualmente faz parte do
estado de Pernambuco.

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Federal e Territórios). No caso da Defensoria Pública dos Territórios, esta também


é organizada e mantida pela União.
Por último, cumpre destacar que, de acordo com o §3º do art. 33 da CRFB/88,
Território Federal com mais de 100.000 (cem mil) habitantes, além de Governador,
possuirá órgãos judiciários de primeira e segunda instância, membros do Ministério
Público e defensores públicos federais. O dispositivo trata da possibilidade de
instalação local de órgão representante do TJDFT, MPDFT e da Defensoria Pública
dos Territórios.

13.3 - ALTERAÇÃO NA ESTRUTURA DA FEDERAÇÃO

13.3.1 – Alteração na estrutura dos Estados

Engana-se quem acredita que, por conta do art. 60 §4º da CRFB/88, a federação
brasileira não pode sofrer alteração.
Como assim professor? A federação não é cláusula pétrea? Calma, vou já vou
explicar isso.J
Ser cláusula pétrea significa que não é permitida emenda constitucional cujo objeto
seja a abolição da forma federativa. Então, podemos afirmar que apesar de ser
cláusula pétrea, não impede alterações na sua estrutura interna.
Justamente por isso temos previsões constitucionais como o art. 18, § 3º transcrito
abaixo:

§ 3º Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou


desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou
Territórios Federais, mediante aprovação da população diretamente
interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei
complementar.

O dispositivo traz quais as modificações que os Estados podem sofrer. Percebam


que o texto constitucional não veda alterações que sejam realizadas dentro do
modelo em si.
Vamos a um exemplo. Assim que entendemos melhor J
Digamos que o Estado do Rio Grande do Sul deseje se desmembrar para formar um
novo Estado dotado de soberania. Isso pode?

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“NÃOOO professor....” exatamente rs. Já vimos isso em aula. É o chamado princípio


da indissolubilidade do vínculo federativo. Não cabe o direito de secessão na
nossa ordem jurídica constitucional brasileira.
Pois bem. Mas, será que é possível que uma parte do Estado do Rio Grande do Sul
se desmembre para forma um novo Estado dotado apenas de autonomia,
permanecendo dentro do modelo federal? SIMMM. Dentro do modelo federativo
podemos ter alteração na estrutura territorial do Estados-membros, desde que isso
não venha a impactar na soberania do próprio Estado Federal. É a previsão do art.
18, § 3º, da CRFB/88.
No caso das modalidades de transformação territorial, vamos explicar cada uma
delas:
a) Fusão: é a formação de um novo ente federado a partir da união de
outros, que deixam de existir. Exemplificando: o Estado X se une ao
Estado Y e forma o Estado Z, novo ente federado com personalidade
própria.
b) Incorporação: aqui um ente federativo (Estado agregado) desaparece
após ser incorporado por um outro Estado (Estado agregador), que terá
um aumento no seu território. Ocorre a manutenção da personalidade do
Estado agregador. Ex: Estado de Guanabara se incorporou ao Estado do
Rio de Janeiro.
c) Subdivisão ou cisão: ao se subdividir um Estado desaparece dando
origem a outros Estados ou Territórios Federais. Surgem duas ou mais
novas personalidades jurídicas. Atualmente há proposta para que o
Maranhão seja cindido dando origem ao Maranhão do Sul e Maranhão do
Norte.
d) Desmembramento-anexação: não haverá extinção de personalidade
jurídica alguma. Um ou mais Estados cede apenas parte de seu território,
que será anexada a um outro Estado. Assim, o Estado que perdeu parte
de seu território apenas diminui de tamanho e o outro aumenta.
e) Desmembramento-formação: um novo ente é criado a partir de parcela
do território cedida por um ou mais Estados. Não haverá a extinção de
ente algum. Tocantins surgiu de um desmembramento-formação. Parte do
território de Goiás foi cedida para a formação do novo Estado (Tocantins).
Avançando um pouco nesse tema, importante ainda ter a compreensão que as
alterações, uma vez realizadas, elas devem respeitar determinados requisitos.

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Observe que §3º traz no final: “mediante aprovação da população diretamente


interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar”.
O STF definiu que a expressão “população diretamente interessada” abrange toda
a população do(s) Estado(s) afetado(s), devendo essa ser consultada e não apenas a
população da área a ser desmembrada, incorporada ou subdividida (ADI nº
2.650/DF)
Com a leitura do art. 18, § 3º combinado com o VI, do art. 48 da CRFB/88 temos
que a consulta ocorre por meio de um plebiscito e a possibilidade de modificação
do(s) Estado(s) depende da aprovação da população. Enquanto a reprovação
implica na não modificação territorial, a aprovação deixa a decisão final a cargo do
Congresso Nacional.
Antes da fase da aprovação do projeto de lei complementar pelo Congresso
Nacional e após o plebiscito temos a possibilidade de oitiva das Assembleias
Legislativas dos estados interessados. Entretanto, a oitiva é uma consulta
meramente opinativa. Seja o parecer das Assembleias Legislativas favorável ou
desfavorável, caberá ao Congresso Nacional decidir pela aprovação ou não do
projeto de lei complementar. Estará nas mãos do Congresso decidir. Estamos diante
de uma decisão política e discricionária. (conveniência e oportunidade)
O §3º explicado acima é aplicado também para a formação do Território, ou seja, as
regras previstas para a incorporação, subdivisão e desmembramento de Estado são
aplicadas a constituição dos Territórios. Em resumo, temos:

Alteração
nos Estados

Edição de Lei Consulta prévia às


Complementar pelo populações diretamente
Congresso Nacional interessadas

Oitiva das Assembleias


Legislativas dos estados
interessados Realização de plebiscito

(opinativa)

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13.3.2 – Alteração na estrutura dos Municípios

O legislador constituinte também permitiu a criação, fusão e desmembramento dos


Municípios. As regras foram estabelecidas no art. 18, § 4º da Constituição, com EC
nº 15/1996. Vamos fazer a leitura juntos:

§ 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de


Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado por
Lei Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante
plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos
Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da
lei.

A EC nº 15/1996 teve a finalidade de “frear” a proliferação de Municípios que


ocorreu entre os anos de 1988 e 1996, estabelecendo assim mais restrições. Para a
criação, incorporação, fusão e desmembramento de municípios, o atual texto
constitucional exige o respeito aos seguintes requisitos:
Ä Lei complementar federal: é editada pelo Congresso Nacional e tem a
finalidade de determinar o período em que poderá ocorrer a criação,
incorporação, fusão e desmembramento de municípios. Até hoje não existe;
Ä Lei ordinária federal: visa estabelecer a forma de divulgação,
apresentação e publicação dos estudos de viabilidade municipal;
Ä Estudos de viabilidade municipal (EVM): devem ser divulgados na forma
estabelecida pela lei ordinária federal mencionada acima;
Ä Plebiscito: apenas se a consulta feita às populações dos Municípios
envolvidos for favorável será possível a aprovação da lei ordinária estadual
pela Assembleia Legislativa. Se o plebiscito for desfavorável não haverá
permissão para a criação do novo Município ou qualquer outra alteração.
Ä Lei ordinária estadual: ao ser aprovada pela Assembleia Legislativa
ocorrerá a criação, incorporação, fusão e desmembramento do(s)
município(s). Mesmo que o plebiscito tenha sido favorável, a Assembleia
Legislativa não está obrigada a aprovar a lei ordinária estadual (há
discricionariedade);
A lei complementar federal ainda não existe e por isso municípios não podem ser
criados. Mesmo existindo tal impedimento, houve a criação de muitos Municípios
após a promulgação da EC nº 15/96. As criações foram consideradas inválidas e os
entes denominados de “Municípios putativos”.

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Ao analisar a situação na ADIN nº 3.682/MT, o STF reconheceu a mora do Congresso


Nacional, mas também atestou a inconstitucionalidade da criação dos Municípios
sem pronunciar a nulidade dos atos. Portanto, em nome da segurança jurídica, não
determinou a extinção dos Municípios.
Coube ao Congresso Nacional regularizar a situação dos “Municípios putativos”
com a promulgação da EC nº. 57/2008, acrescentando o art. 96 ao ADCT que possui
a seguinte redação: “ficam convalidados os atos de criação, fusão, incorporação e
desmembramento de Municípios, cuja lei tenha sido publicada até 31 de dezembro
de 2006, atendidos os requisitos estabelecidos na legislação do respectivo Estado à
época de sua criação.”

Edição de lei
Aprovação de lei ordinária
complementar federal pelo
federal determinando os
Congresso Nacional,
Alteração nos Municípios requisitos genéricos e a
fixando genericamente o
forma de divulgação do
período dentro do qual
EVM
poderá ocorrer a alteração

Aprovação de lei ordinária


Divulgação dos estudos de Consulta prévia, por estadual pela Assembleia
viabilidade municipal - plebiscito, às populações Legislativa determinando a
EVM dos Municípios envolvidos alteração. Trata-se de ato
discricionário

13.4 - VEDAÇÕES FEDERATIVAS

A Constituição estabelece, em seu art. 19, algumas vedações aos entes federados.
São as chamadas vedações federativas. Vejamos:

Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos


Municípios:
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes
o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de
dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de
interesse público;
II - recusar fé aos documentos públicos;
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.

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Dos 03 incisos dispostos acima, destaco o tema dos cultos religiosos. Embora os
entes federativos não possam manter relações de dependência ou aliança com
Igrejas, poderemos ter colaboração do poder público, na forma da lei.

1. (FGV/XXVII Exame de Ordem Unificado - 2018) Após o cumprimento de


todas as formalidades constitucionais e legais exigíveis, O Estado Alfa se
desmembra (desmembramento por formação), ocasionando o surgimento de
um novo Estado-membro: o Estado Beta. Preocupados com a possibilidade de
isso influenciar nas grandes decisões políticas regionais, um grupo de cidadãos
inicia um movimento exigindo a imediata elaboração de uma Constituição para
o novo Estado Beta. Os líderes políticos locais, sem maiores conhecimentos
sobre a temática, buscam assessoramento jurídico junto a advogados
constitucionalistas, sendo-lhes corretamente informado que, segundo a
inteligência do sistema jurídico-constitucional brasileiro,
A) com a criação do Estado Beta no âmbito da República Federativa do Brasil,
passou este a fazer parte do pacto federativo, subordinando-se tão somente à
Constituição Federal, e não a qualquer outra Constituição.
B) tendo passado o Estado Beta a ser reconhecido como um ente autônomo,
adquiriu poderes para se estruturar por meio de uma Constituição, sem a
necessidade desta se vincular a padrões de simetria impostos pela Constituição
Federal.
C) pelo fato de o Estado Beta ter sido reconhecido como um ente federado
autônomo, passa a ter poderes para se estruturar por meio de uma
Constituição, que deverá observar o princípio da simetria, conforme os padrões
fixados na Constituição Federal.
D) o reconhecimento do Estado Beta como um ente federado autônomo
assegurou-lhe poderes para se estruturar por meio de uma Constituição, cujo
texto, porém, não poderá́ se diferenciar daquele fixado pela Constituição
Federal.

Comentários:

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Olha ó que questão interessante...questão fresquinha saindo do forno. Nossa


CRFB/88 estabelece a possibilidade dos Estados se desmembrarem (art. 18,
parágrafo 3º, CRFB/88). Mas, no modelo da federação, há uma união
indissolúvel de entes autônomos, que tem como fundamento uma Constituição.
A federação não pode ser desfeita. Assim, não há a possibilidade do chamado
“direito de secessão”. Entretanto, há um poder de auto-organização dos
estados por meio da elaboração das Constituições Estaduais, mas devem
observar o chamado princípio da simetria. Gabarito Letra C.

2. (FGV/XX Exame de Ordem Unificado – 2016 – Reaplicação de Prova –


Salvador/BA). O modelo federalista é uma forma de organização e
distribuição do poder estatal que pressupõe a relação entre as esferas de
governo federal e local, compondo os chamados entes federativos, todos
dotados de autonomia. Apresenta-se como oposição ao unitarismo, de modo
que haja a repartição de competências entre os entes que integram o Estado
federado. A ordem jurídica estabeleceu elementos, no texto constitucional,
que caracterizam essa forma de Estado. A partir das características da
Federação brasileira, assinale a afirmativa correta.
a) A forma federativa de Estado autoriza a secessão de um ente federativo
por meio de plebiscito popular ou referendum.
b) A forma federativa de Estado é estabelecida por um pacto (ou tratado)
internacional entre os estados soberanos.
c) A forma federativa de Estado impõe a necessidade de existência de uma
cláusula de garantia ao pacto federativo, tal como a chamada intervenção
federal.
d) Uma vez que, na forma federativa, todos os entes federativos são
autônomos, eles estão autorizados a representar a soberania do Estado
em suas relações internacionais.

Comentários:
Letra A: errada. Como estudamos a pouco, na federação há uma união
indissolúvel de entes autônomos, que tem como fundamento uma Constituição.
Não há direito de secessão.

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Letra B: errada. Opa, pegadinha! Não é na federação que isso ocorre. É na


confederação. Por meio da confederação tem-se uma reunião de Estados
soberanos e o vínculo é estabelecido com base em um tratado internacional.
Letra C: correta. Este é o gabarito. O modelo de federação realmente tem
como pressuposto a existência de uma cláusula de garantia ao pacto federativo,
sendo esse pacto formado pela união indissolúvel de entes autônomos.
Letra D: errada. De fato, na federação temos várias pessoas jurídicas com
capacidade política, cada uma delas dotada de autonomia política. São vários
os centros produtores de normas; existe uma pluralidade de ordenamentos
jurídicos. Mas, não se pode dizer que todos os entes estão autorizados a
representar a soberania do Estado em suas relações internacionais.
Quem representa a República Federativa do Brasil no plano internacional é a
União (art. 21, I, da CF/88). O gabarito é a letra C.

3. (FGV/XVIII Exame de Ordem Unificado – 2015) A parte da população do


Estado V situada ao sul do seu território, insatisfeita com a pouca atenção que
vem recebendo dos últimos governos, organiza-se e dá início a uma campanha
para promover a criação de um novo Estado-membro da República Federativa
do Brasil – o Estado N, que passaria a ocupar o território situado na parte sul
do Estado V. O tema desperta muita discussão em todo o Estado, sendo que
alguns argumentos favoráveis e outros contrários ao desmembramento
começam a ganhar publicidade na mídia. Reconhecido constitucionalista
analisa os argumentos listados a seguir e afirma que apenas um deles pode ser
referendado pelo sistema jurídico-constitucional brasileiro. Assinale-o.
a) O desmembramento não poderia ocorrer, pois uma das características
fundamentais do Estado Federal é a impossibilidade de ocorrência do chamado
direito de secessão.
b) O desmembramento poderá ocorrer, contanto que haja aprovação, por via
plebiscitária, exclusivamente por parte da população que atualmente habita o
território que formaria o Estado N.
c) Além de aprovação pela população interessada, o desmembramento
também pressupõe a edição de lei complementar pelo Congresso Nacional
com esse objeto.

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d) Além de manifestação da população interessada, o sistema constitucional


brasileiro exige que o desmembramento dos Estados seja precedido de
divulgação de estudos de viabilidade.

Comentários:
O art. 18, § 3º, CF/88, estabelece que “os Estados podem incorporar-se entre
si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem
novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população
diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por
lei complementar”. Gabarito letra C.

4. (FGV / XIII Exame de Ordem Unificado – 2014) José é cidadão do município


W, onde está localizado o distrito de B. Após consultas informais, José verifica
o desejo da população distrital de obter a emancipação do distrito em relação
ao município de origem. De acordo com as normas constitucionais federais,
dentre outros requisitos para legitimar a criação de um novo Município, são
indispensáveis:
a) lei estadual e referendo.
b) lei municipal e plebiscito.
c) lei municipal e referendo.
d) lei estadual e plebiscito.

Comentários:
A criação de Município depende de 5 (cinco) requisitos:
a) lei complementar federal;
b) lei ordinária federal determinados os requisitos genéricos e a forma de
divulgação, apresentação e publicação dos estudos de viabilidade municipal;
c) divulgação dos estudos de viabilidade municipal;
d) consulta prévia, por plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos;
e) aprovação de lei ordinária estadual pela Assembleia Legislativa
determinando a criação do Município. A resposta é a letra D.

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5. (FGV / VIII Exame de Ordem Unificado – 2012) Sabendo-se que o Município


integra a Federação, assinale a afirmativa correta, à luz das normas
constitucionais.
a) O município será regido por Lei Orgânica própria, votada pela Assembleia
Estadual.
b) A organização municipal conterá previsão de eleições para mandato de cinco
anos, sem reeleição.
c) Um projeto de lei de iniciativa popular, baseado em interesse local, depende
de, pelo menos, cinco por cento do eleitorado.
d) O limite máximo de dez vereadores deverá ser observado para localidades
com até 15.000 (quinze mil) habitantes.

Comentários:
Letra A: errada. O Município é regido por Lei Orgânica, a qual é aprovada pela
Câmara dos Vereadores (e não pela Assembleia Legislativa!)
Letra B: errada. O Prefeito e Vice-Prefeito serão eleitos pelo sistema
majoritário, para mandato de 4 (quatro) anos.
Letra C: correta. No âmbito municipal, o projeto de lei de iniciativa popular
depende de, pelo menos, 5% do eleitorado.
Letra D: errada. Nos Municípios com até 15 mil habitantes, o número máximo
de Vereadores é 9 (nove). Gabarito letra C.

6. (FGV / V Exame de Ordem Unificado – 2011) Os Estados são autônomos e


compõem a Federação com a União, os Municípios e o Distrito Federal. À luz
das normas constitucionais, quanto aos Estados, é correto afirmar que
a) podem incorporar-se entre si mediante aprovação em referendo.
b) a subdivisão não pode gerar a formação de novos territórios.
c) o desmembramento deve ser precedido de autorização por lei ordinária.
d) se requer lei complementar federal aprovando a criação de novos entes
estaduais.

Comentários:

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Os requisitos para a formação de Estados são os seguintes:


Consulta prévia, por plebiscito, às populações diretamente interessadas;
Oitiva das Assembleias Legislativas dos estados interessados (art. 48, VI,
CF/88);
Edição de lei complementar pelo Congresso Nacional.
Letra A: errada. Não há que se falar em “referendo”, mas sim em plebiscito.
Letra B: errada. Segundo o art. 18, § 3º, CF/88, “os Estados podem incorporar-
se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou
formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da
população diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso
Nacional, por lei complementar.”
Letra C: errada. O desmembramento deve ser precedido de lei complementar.
Letra D: correta. É necessária a edição de lei complementar para a criação de
um novo Estado. Gabarito letra D.

7. (ESTRATÉGIA OAB/INÉDITA) Após um amplo debate político e social, o


Município Alfa resolve realizar um desmembramento de parte de seu território.
Tendo tomado conhecimento através da mídia, o aluno Igor questionou ao
professor Renan se a medida seria constitucional ou não. O Professor
prontamente respondeu ao aluno que:
a) seria constitucional, caso o desmembramento ocorresse através de lei
municipal, consulta prévia à população envolvida e estudo de viabilidade
municipal.
b) seria constitucional, caso o desmembramento ocorresse através de lei
estadual, referendo popular e estudo de viabilidade municipal.
c) seria constitucional, caso o desmembramento fosse realizado por meio de lei
federal, referendo popular e estudo de viabilidade municipal.
d) é inconstitucional, porque a matéria de desmembramento de municípios
ainda estava pendente de regulamentação desde o ano de 2013, através de lei
complementar ainda não publicada.

Comentários:

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Letra A: errada. A criação, incorporação, fusão ou desmembramento de


Município deve ser realizada por lei estadual, dependendo de consulta prévia,
mediante plebiscito, às populações diretamente envolvidas, após a divulgação
dos estudos de viabilidade municipal. É necessário, ainda, que seja editada lei
complementar federal fixando o período dentro do qual poderão ser realizadas
as alterações federativas envolvendo Municípios.
Letra B: errada. Não há que se falar em referendo. O desmembramento só
poderá ser feito após consulta, mediante plebiscito, às populações diretamente
envolvidas.
Letra C: errada. O desmembramento de Município é realizado por lei estadual
e depende da realização de plebiscito.
Letra E: correta. Até hoje não foi editada a lei complementar federal fixando o
período dentro do qual poderá ocorrer a criação, incorporação, fusão ou
desmembramento de Município. Em virtude disso, o desmembramento de
Município será inconstitucional. Gabarito letra E.

8. (ESTRATÉGIA OAB/INÉDITA) Fernando é Deputado Federal representando


o Estado da Bahia. Com problemas de saúde, sua permanência em Brasília se
tornou inviável. Desejando continuar na vida política, consulta seus assessores
sobre o número de vagas para Deputado Estadual do Estado “Z”. Em resposta,
sua assessoria indica que o número de Deputados Estaduais deve, nos termos
da Constituição Federal, corresponder, em princípio, ao:
a) dobro da representação do Estado na Câmara dos Deputados.
b) triplo da representação do Estado na Câmara dos Deputados.
c) quádruplo da representação do Estado na Câmara dos Deputados.
d) quíntuplo da representação do Estado na Câmara dos Deputados.
e) sêxtuplo da representação do Estado na Câmara dos Deputados.

Comentários:
Segundo o art. 27, CF/88, o número de Deputados Estaduais corresponderá ao
triplo da representação do Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o
número de trinta e seis, será acrescido de tantos quantos forem os Deputados
Federais acima 12. Gabarito letra B.

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9. (FGV/XXVIII Exame de Ordem Unificado - 2019) A população do Estado X,


insatisfeita com os rumos da política nacional e os sucessivos escândalos de
corrupção que assolam todas as esferas do governo, inicia uma intensa
campanha pleiteando sua separação do restante da Federação brasileira. Um
plebiscito é então organizado e 92% dos votantes opinaram favoravelmente à
independência do Estado. Sobre a hipótese, com base no texto constitucional,
assinale a afirmativa correta.
A) Diante do expressivo quórum favorável à separação do Estado X, a
Assembleia Legislativa do referido ente deverá encaminhar ao Congresso
Nacional proposta de Emenda Constitucional que, se aprovada, viabilizará a
secessão do Estado X.
B) Para o exercício do direito de secessão, exige-se lei estadual do ente
separatista, dentro do período determinado por Lei Complementar federal,
dependendo ainda de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos
demais Estados, após divulgação dos estudos de viabilidade, apresentados e
publicados na forma da lei.
C) Diante da autonomia dos entes federados, admite-se a dissolução do vínculo
existente entre eles, de modo que o Estado X poderia formar um novo país,
mas, além da aprovação da população local por meio de plebiscito ou
referendo, seria necessária a edição de Lei Complementar federal autorizando
a separação.
D) A forma federativa de Estado é uma das cláusulas pétreas que norteiam a
ordem constitucional brasileira, o que conduz à conclusão de que se revela
inviável o exercício do direito de secessão por parte de qualquer dos entes
federados, o que pode motivar a intervenção federal.

Comentários:
Opa!!! Questão fresquinha saindo do forno.... (e muito bem elaborada por sinal
J)
Nossa Carta Magna estabelece em seu art. 1º a constituição de um Estado
Democrático de Direito que tem com pilar fundamental a Soberania. A
República Federativa do Brasil é dotada de Soberania e constitui-se da união
indissolúvel dos entes federados. Nesse aspecto, os entes assumem um papel
de autonomia apenas, jamais soberania. Não há que se falar em direito de

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secessão (para formação de um novo Estado soberano). Além disso, A forma


federativa do Estado é uma das cláusulas pétreas que norteiam a ordem
constitucional brasileira, nos termos do art. 60, parágrafo 4º, não podendo ser
objeto de Emenda Constitucional tendente a aboli-la. Gabarito letra D.

14. REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS


Conforme trabalhado no começo da aula, a autonomia dos entes federados decorre
da existência de descentralização do poder político na federação. Essa
descentralização significa divisão de poder entre os entes, ou seja, repartição de
competências.
A repartição de competências traduz-se num processo de distribuição constitucional
de poderes entre as entidades federadas e constitui o ponto nuclear da noção de
Estado Federal5.
A Constituição Federal de 1988 visando estabelecer um federalismo de equilíbrio
trouxe a partilha de poderes entre os entes de forma racional e equilibrada. Assim,
a Constituição está harmonizando a convivência entre eles, viabilizando o pacto
federativo.6
Para a concretização da repartição de competências, a CRFB/88 adotou dois
princípios como critérios básicos: i) princípio da predominância do interesse; e ii)
princípio da subsidiariedade.
Com base no princípio da predominância do interesse, temos que a distribuição
de competências ocorre da seguinte forma: enquanto a União é responsável pelas
matérias de interesse nacional/geral, as matérias de interesse regional competem
aos Estados; já as matérias de interesse local pertencem aos Municípios.
Como assim professor? Acompanhe alguns exemplos:
Vamos pensar na emissão de moeda. Será que esse assunto é de interesse local?
Regional? Imagine se cada estado-membro pudesse emitir moeda em nosso
território nacional. (rs) Seria um caos....
A CRFB/88 estabeleceu que este assunto é de interesse predominante nacional,
logo, a competência será da União.

5
CUNHA JÚNIOR, Dirley da. Curso de Direito Constitucional. Ed. Juspodium, Salvador, 2016, pp. 778.
6
MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. Ed. Juspodium, Salvador, 2013, pp. 453.

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Quer um outro exemplo? Assegurar a defesa nacional. Estamos diante de um


interesse também nacional, sendo de competência da União.
Por fim, vamos pensar na fixação do horário de funcionamento de agências
bancárias. Aqui, temos um detalhe. Como o que está em jogo é o sistema
financeiro nacional, o interesse é geral sendo, portanto, de competência da União.
Agora, e quanto à fixação do horário de funcionamento de estabelecimentos
comerciais?
Pessoal, a jurisprudência entende que, nesse caso, estamos diante de um assunto
tipicamente local. Logo, a competência é dos Municípios.
Já o princípio da subsidiariedade se baseia na lógica de que, sempre que for
possível, as questões devem ser resolvidas pelo ente federativo que estiver mais
próximo da tomada de decisões. Guardem isso com carinho! Como exemplo,
citamos as competências para dispor sobre transporte.

União Estados Municípios

A exploração dos
serviços de transporte
rodoviário A exploração do
A exploração do
interestadual e transporte municipal é
transporte
internacional de matéria de
intermunicipal é
passageiros é competência dos
matéria de
competência da União. Municípios. Veja que
competência dos
O Estado (sozinho) não cada Município
Estados. O Município
consegue regular consegue regular
(sozinho) não consegue
satisfatoriamente o satisfatoriamente o
regular o transporte
transporte transporte urbano
intermunicipal.
interestadual e (municipal).
internacional; só a
União conseguirá.

Meus amigos, vamos partir agora para as técnicas de repartição de competências: i)


repartição horizontal e; ii) repartição vertical.
A diferença básica entre as duas técnicas está na permissão ou não para mais de um
ente tratar da mesma matéria.

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A repartição horizontal ocorre quando cada ente tem competência constitucional


para tratar de uma matéria específica. Não há intervenção de um ente sobre o outro.
É uma técnica típica dos Estados cujo federalismo é dual ou clássico.
Já a repartição vertical é característica daqueles que adotam um federalismo de
cooperação ou neoclássico. É técnica que importa em uma partilha entre os entes,
que irão atuar de forma conjunta ou concorrente sobre a mesma matéria.
Na nossa atual Constituição há a presença da repartição horizontal, através das
competências exclusivas e privativas da União. Ao mesmo tempo encontramos a
repartição vertical, por meio das competências comuns e concorrentes. Apesar de
possuir a previsão das duas formas de repartição, entende-se que com a repartição
vertical, o federalismo brasileiro é cooperativo ou neoclássico.
Para uma compreensão aprofundada sobre a repartição de competências na
federação brasileira, não basta se ater ao que foi explanado. Ao ler o texto
constitucional notamos a complexidade do tema. Logo abaixo trouxe um pequeno
resumo de como as competências são apresentadas.

Ä Competências enumeradas de forma expressa:


a) As competências exclusivas (art. 21) e privativas (art. 22) da
União. As exclusivas são indelegáveis e administrativas, ou
seja, ligadas a execução das atividades pelo Poder Público. As
privativas são delegáveis (o dispositivo traz expressamente a
permissão para a delegação) e legislativas;
b) As competências dos Municípios (art. 30).

Ä Competências não listadas: não há dispositivo específico elencando


as diversas matérias que são atribuídas apenas aos Estados. Da leitura
do art. 25 §1º da CRFB/88 é compreendido que foi reservado ao ente a
denominada competência remanescente ou residual. De tal modo,
caberá aos Estados tratar de matérias que a CRFB/88 não determinou
ser da competência da União ou dos Municípios.

Ä Competências que a CRFB/88 atribuiu a mais de um ente, utilizando-


se da técnica de repartição vertical, sendo elas:
a) Concorrente – conferida, pelo texto constitucional, à União,
aos Estados e ao Distrito Federal. Contudo foi estabelecida
uma prevalência da União, que é responsável pela edição das

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normas gerais (matérias do art. 24). Já aos Estados e Distrito


Federal caberá suplementar essas leis.
b) Comum – aqui as matérias constantes no art. 23 são objeto de
uma atuação conjunta de todos os entes federativos.

Entendi professor. Mas é possível que uma emenda constitucional venha a alterar a
repartição de competências? Sim, é possível. Porém a doutrina deixa claro que a
alteração não pode ameaçar a forma federativa de Estado.
E o que isso significa? Não é permitida emenda constitucional capaz de afetar
substancialmente a autonomia conferida pela CRFB/88 a quaisquer dos entes
políticos da federação brasileira.

14.1 - DISTRIBUIÇÃO DE COMPETÊNCIAS NA CRFB/88

14.1.1 – Competência Exclusiva

A competência exclusiva da União significa que, caso o ente seja omisso, essa
atribuição não pode ser exercida por outro ente federado. As matérias dispostas no
art. 21, não podem ser tratadas pelos Estados, Municípios e DF.
Como já mencionado, a competência exclusiva possui natureza administrativa ou
material. Assim, o art. 21 elenca as matérias focadas na atividade da Administração
Pública Federal, ou seja, na execução de serviços públicos pela União.
Pessoal, vamos a seguir dar uma olhadinha nas competências exclusivas mais
importantes para fins de prova, ok? Após isso, vale a pena fazer uma leitura do
dispositivo na íntegra...

Art. 21. Compete à União:


I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações
internacionais;
II - declarar a guerra e celebrar a paz;
III - assegurar a defesa nacional;
IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças
estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam
temporariamente;
V – decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a intervenção federal

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Uma das prerrogativas exercidas pela União, em nome da República Federativa do


Brasil, se apresenta no primeiro inciso. É demonstrado, então, que cabe a União
Federal a representação da República Federativa do Brasil no plano internacional.
Matérias acerca da defesa nacional também se apresentam como de competência
da União nos incisos II, III e IV.
O inciso V traz os institutos do sistema constitucional de crises: estado de sítio,
estado de defesa e da intervenção federal. Elementos de estabilização
constitucional cuja decretação cabe exclusivamente à União.

VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material bélico;


VII - emitir moeda;
VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as operações de
natureza financeira, especialmente as de crédito, câmbio e capitalização,
bem como as de seguros e de previdência privada;

O conteúdo do inciso VIII foi a base para o seguinte entendimento do STF: por ser
a fiscalização das operações financeiras da competência exclusiva da União, há
inconstitucionalidade na lei estadual que traz a obrigatoriedade do uso de
equipamento para atestar a autenticidade de cédulas nas transações bancária.7

X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;

Na ADPF 46 foi questionada atribuição legal dada à Empresa Brasileira de Correios


e Telégrafos: monopólio do serviço postal. Com base no inciso X, o STF decidiu pela
constitucionalidade de tal atribuição.8

XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou


permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei, que
disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um órgão regulador
e outros aspectos institucionais;

De acordo com o STF, há inconstitucionalidade na lei estadual ou distrital que:


a) vedar a cobrança de taxas para a instalação do segundo ponto de acesso
à internet pelas empresas de telecomunicações. 9

7
STF, ADIN 3515, Rel. Min. Cezar Peluso. 01.08.2011
8
STF, ADPF 46, Rel. Min. Eros Grau. 05.08.2009.
9
STF, ADIN 4083. Rel. Min. Carmen Lucia. 25.11.2010

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b) permitir a acumulação das franquias de minutos mensais ofertados pelas


operadoras de telefonia. Tal permissão implicaria na transferência dos
minutos não utilizados no mês de sua aquisição para os próximos meses.

XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou


permissão:
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens;
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento
energético dos cursos de água, em articulação com os Estados onde se
situam os potenciais hidroenergéticos;
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura aeroportuária;
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros
e fronteiras nacionais, ou que transponham os limites de Estado ou
Território;
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de
passageiros;
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;

Os serviços públicos de competência exclusiva da União foram aqui elencados. A


posição deles na CRFB/88 demonstra que há o impedimento de delegação da
competência para outro ente federado. Contudo, tais serviços podem ser prestados
diretamente pela União ou indiretamente, por meio de autorização, concessão ou
permissão.

XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões públicas e


de programas de rádio e televisão;
XVII - conceder anistia;

Para compreender o limite da competência exclusiva de concessão da anistia é


preciso fazer uma leitura do XVI, do art. 21, combinada com o I, do art. 22 da
CRFB/88, que trata da competência privativa da União para legislar sobre direito
penal. A interpretação harmônica entre os dois dispositivos resultou no seguinte
entendimento do STF: a concessão de anistia para crimes é de competência da
União.
Todavia, cabe aos Estados a concessão de anistia para infrações administrativas de
servidores públicos estaduais.
A Lei da Anistia editada anteriormente à CRFB/88 teve a sua constitucionalidade
questionada na ADPF nº 153. Para o STF a lei foi recepcionada pela Carta Magna e,

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já que a anistia por ela concedida foi “ampla e geral”, aqueles que cometeram
crimes durante a época da ditadura foram por essa alcançados.10

14.1.2 – Competência Privativa

A competência privativa da União trata, como já brevemente mencionado, da


elaboração de leis. Temos, a seguir, os dispositivos mais importantes (aqui vale a
mesma recomendação anterior, ok?)

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:


I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo,
aeronáutico, espacial e do trabalho;

Esse dispositivo cai muito em prova. Demais (rs). Mas aqui temos um mnemônico
para ajudar. “CAPACETE PM”

C CIVIL

A AGRÁRIO

P PENAL

A AERONÁUTICO

C COMERCIAL

E ELEITORAL

T TRABALHO

E ESPACIAL

PM PROCESSUAL E MARÍTIMO

Os principais ramos do Direito foram reunidos no inciso I, que determinou ser da


União a competência para legislar sobre esses. Para uma melhor compreensão
sobre a referida atribuição e seus limites, foram proferidas diversas decisões pelo
STF.
Ä Direito processual:

10
ADPF 153, Rel. Min. Eros Grau. 29.04.2010

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a) fere a Constituição Federal lei estadual que tem como objeto


estabelecer o valor que deve ser dado a uma causa11.
b) fere a Constituição Federal lei estadual que direcione a atuação do
juiz em face de determinadas situações (a natureza não é meramente
procedimental, mas sim processual) 12.
Ä Direito do trabalho: lei estadual ou distrital que venha a cria nova
categoria profissional, definir suas tarefas e os requisitos para o seu
exercício é inconstitucional, sobretudo quando essa diga à segurança de
trânsito13. Por isso, não pode lei estadual ou distrital regulamentar a
profissão de motoboy.
Ä Direito penal e processual penal: “A definição dos crimes de
responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo
e julgamento são da competência legislativa privativa da União.” (Súmula
Vinculante nº 46).
Ä Direito civil: é inconstitucional lei estadual que veda a cobrança de
valores dos usuários de estacionamentos particulares.

XI - trânsito e transporte;
XX - sistemas de consórcios e sorteios;

A previsão da competência para legislar sobre trânsito e transporte foi fundamento


para a declaração de inconstitucionalidade de algumas leis pelo STF, não sendo
permitido que lei estadual ou distrital:
Ä venha a estipular penalidades para aqueles que forem flagrados
conduzindo veículo automotor em estado de embriaguez;
Ä estabeleça que veículo automotor deve transitar permanentemente com os
faróis acesos nas rodovias;
Ä determine a obrigatoriedade do uso de cinto de segurança;
Ä torna obrigatório veículo automotor transitar permanentemente com os
faróis acesos nas rodovias;

11
ADI 2.655, Rel. Min. Ellen Gracie, j. 09.03.04, DJ de 26.03.04.
12
ADI 2.257, Rel. Min. Eros Grau, j. 06.04.05, DJ de 26.08.05.
13
ADI 3610. Rel. Min. Cezar Peluso. 01.08.2011

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Ä disponha sobre instalação de aparelho, equipamento ou qualquer outro


meio tecnológico de controle de velocidade de veículos automotores nas vias
do Distrito Federal.

Importante entender a seguinte diferença: cabe a União


legislar sobre trânsito e transporte (competência privativa
legislativa da União); cabe à União, aos Estados, ao
Distrito Federal e Municípios o estabelecimento e
implantação da política de educação para a segurança do
trânsito (competência comum).

No que tange aos sistemas de consórcios e sorteios, o STF determinou que a


expressão “sistema de sorteios” abarca os jogos de azar, as loterias e similares. A
partir dessa interpretação ficou estabelecido que “é inconstitucional a lei ou ato
normativo estadual ou distrital que disponha sobre sistemas de consórcios e sorteios,
inclusive bingos e loterias” (súmula vinculante nº 2)

XXIII - seguridade social;


XXIV - diretrizes e bases da educação nacional;

A seguridade social, de acordo com nossa CRFB/88, compreende um “conjunto


integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade,
destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à
assistência social”.
Seguridade social, então, é um conceito amplo, sendo a previdência social uma
espécie da seguridade. E, quando tratamos das regras de competência,
importante ter em mente que apenas a seguridade social está no campo da
competência legislativa da União. No caso da previdência, temos uma
competência concorrente entre U, E e DF para legislar sobre a matéria.
Em outra perspectiva temos o tema da educação nacional. Legislar sobre
diretrizes e base da educação é competência da União. Cabe à União o aspecto
macro, de planejamento. Agora, por outro lado, quando falamos em educação
propriamente dita (aspectos estritos), a competência delineada pelo
Constituinte é concorrente.

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Competência Competência
Privativa Concorrente

Seguridade Social Previdência Social

Diretrizes e bases
da Educação Educação
Nacional

Importante entendimento firmado pelo STF é encontrado na ADI nº. 4060/SC. Uma
lei estadual não viola a competência privativa da União ao estabelecer o limite
máximo de alunos em sala de aula. Afinal, como legislar sobre educação e ensino
faz parte da competência concorrente (CF/88, art. 24, IX), é permitido aos Estados-
membros editar norma sobre seu sistema de ensino, desde que respeitadas as
normas gerais da União.14

XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades,


para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da
União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art.
37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos
termos do art. 173, § 1°, III;
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar
sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.

A CRFB/88 trouxe no XXVII a competência privativa da União para a fixação de


"normas gerais". Isso não significa que apenas a União pode legislar sobre todo e
qualquer aspecto relacionado com licitação e contratação administrativa.

14
ADI 4060/SC, Rel. Min. Luiz Fux. Data de Julg: 25.02.2015.

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De acordo com o Supremo, houve a preservação da competência de outros entes


para dispor sobre "questões específicas acerca de licitação e contratação",
independente de delegação.
A delegação que pode ser realizada pela União (através da lei complementar) trata
da delegação de especificidades de “normas gerais” e não de normas específicas.
Resumindo: normas gerais de licitação e contratação são da competência privativa
da União; normas específicas podem ser editadas pelos demais entes.
Para finalizar, encontramos no parágrafo único do art. 22 a autorização para a
delegação da competência legislativa. A simples omissão da União não permite que
os demais entes federados legislem sobre as matérias. Caso isso ocorra, estaremos
diante de uma inconstitucionalidade. É necessário que a União delegue a
competência através de uma lei complementar.
Além do mais, é permitida a delegação apenas sobre questões específicas das
matérias relacionadas ao longo do art. 22 e somente para os Estados e DF (não há
permissão para os Municípios).
Quando a delegação ocorre temos que:
a) os Estados-membros e Distrito Federal apenas podem fazer o que foi
permitido pela União, pois a competência originária permanece
exclusivamente dela, em caráter pleno;
b) essa deve contemplar todos os Estados-membros e o Distrito Federal.
Importante entender que a delegação não é uma renúncia. Então, a União poderá
retomar, a qualquer momento, sua competência, não havendo impedimento para
legislar sobre a matéria delegada.

14.1.3 – Competência Comum

A competência comum é também denominada de competência cumulativa,


concorrente administrativa ou paralela. As matérias constantes no art. 23 serão
cumpridas por todos os entes federativos em conjunto. Não há subordinação, mas
sim uma atuação solidária, já que os incisos do dispositivo tratam de interesses
difusos (interesses que dizem respeito a uma coletividade)
Abaixo, temos os incisos mais importantes:

Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal


e dos Municípios:

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I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições


democráticas e conservar o patrimônio público; (...)
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à ciência, à
tecnologia, à pesquisa e à inovação;
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas
formas;
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
(...)
IX - promover programas de construção de moradias e a melhoria das
condições habitacionais e de saneamento básico;
X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização,
promovendo a integração social dos setores desfavorecidos; (...)
XII - estabelecer e implantar política de educação para a segurança do
trânsito.
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação
entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em
vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional.

O parágrafo único busca harmonizar o exercício das competências dispostas nos


incisos, pois a permissão para todos os entes atuarem (competência comum)
possibilita a ocorrência de conflitos e desperdícios de recursos (materiais e
financeiros). A concretização do equilíbrio acontece com a edição de lei
complementar para normatizar a cooperação.

14.1.4 – Competência Legislativa Concorrente

Além da competência legislativa privativa da União, a CRFB/88 traz a previsão da


competência legislativa concorrente entre a União, os Estados e DF.

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar


concorrentemente sobre:

I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;


(...)
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo
e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da
poluição;
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e
paisagístico;

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VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens


e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia, pesquisa,
desenvolvimento e inovação;
(...)
XII - previdência social, proteção e defesa da saúde;
(...)
XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência;
XV - proteção à infância e à juventude;

Muito cuidado na hora da prova! A regra do art. 24, I


e II despenca em prova (rs). Mas, temos uma salvação!
Vamos levar o seguinte mnemônico para prova:
“PUFETO”
Penitenciário – Urbanístico – Financeiro –
Econômico – Tributário - Orçamento

§ 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da União


limitar-se-á a estabelecer normas gerais.
§ 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui
a competência suplementar dos Estados.
§ 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a
competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.
§ 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a
eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.

Logo de início chamo a atenção para o caput. Como não há menção aos Municípios,
esses não são dotados de competência legislativa concorrente, diferente dos demais
entes.
Bem, vamos destrinchar o disposto nos parágrafos do art. 24, para uma melhor
compreensão.
É determinado que cabe à União editar normas gerais sobre os temas dos incisos.
Aos Estados e DF é permitido que complementem a legislação federal. A

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complementação acontece com a edição de normas de caráter específico


(competência suplementar complementar - §1º e §2º).
Entretanto, se a União se mantiver inerte, não editando a norma geral, o §3º autoriza
que os Estados e DF legislem integralmente sobre a matéria, até que a União exerça
a sua competência. Essa é a expressão da competência suplementar supletiva.
Com efeito, caso a União edite a norma geral depois dos Estados e Distrito Federal,
o §4º determina que a lei federal poderá suspender a eficácia da lei
estadual/distrital. Tenha uma atenção especial aqui, pois apenas será suspensa a
eficácia do que for contrário ao disposto na lei federal. Não haverá revogação.

14.1.5 – Competência dos Estados e do Distrito Federal

Em relação à competência dos Estados, é identificado que não existe dispositivo


que enumere todas as matérias de competência administrativa (materiais) e
legislativa dos Estados, como ocorre com União e os Municípios. O que não significa
que a CRFB/88 não estabelece competência alguma dos Estados.
Primeiro, o legislador constituinte trouxe o §1º do art. 25 para a compreensão da
competência estadual, determinando que:

§ 1º - São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam


vedadas por esta Constituição.

A partir do texto constitucional transcrito acima concluímos que: aos Estados foi
conferida uma competência remanescente ou residual.
Professor, o que isso significa? Vamos lá!! Aos Estados foi permitido o exercício das
competências não listadas para a União e nem para os Municípios.
Há exceção. Não foram todas as competências residuais conferidas aos Estados. De
acordo com a Carta Magna, a competência residual tributária é da União. O
exercício de tal atribuição resulta na instituição de impostos residuais, ou seja,
aqueles não previstos no texto constitucional, não-cumulativos e que não tenham
fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados na Constituição.
Segundo, no decorrer do texto constitucional são encontradas algumas
competências atribuídas apenas aos Estados. Abaixo disponibilizo o texto das mais
cobradas:

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Art. 25, § 2º - Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante


concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a
edição de medida provisória para a sua regulamentação;
Art. 25, § 3º - Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir
regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões,
constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a
organização, o planejamento e a execução de funções públicas de
interesse comum.
Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios
estabelecidos nesta Constituição.

Professor, mas e o DF? Para tal ente foi prevista a competência cumulativa: diversos
dispositivos que versam sobre as competências dos Estados e dos Municípios
também concedem a mesma atribuição ao Distrito Federal. Por exemplo: o art. 147
da CRFB expressamente confere ao DF a competência tributária dos Municípios.
Também destaco o art. 32 da CRFB/88, pois ao tratar sobre o Distrito Federal fixa
em seu §1º que caberá a esse as competências legislativas reservadas aos Estados e
Municípios.
Toda regra tem exceção e aqui não é diferente. (rs) Existem competências estaduais
não estendidas ao Distrito Federal. Nos XIII e XIV do art. 21 da CRFB/88 consta que
caberá a União organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público, a polícia
civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal. No âmbito
estadual é diferente. É o respectivo Estado, onde se localiza tais instituições,
competente pela organização e manutenção.

14.1.6 – Competência dos Municípios

As mais importantes competências dos Municípios constam no artigo 30, da Carta


Magna.

Art. 30. Compete aos Municípios:


I - legislar sobre assuntos de interesse local;
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar
suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar
balancetes nos prazos fixados em lei;
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual;

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V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou


permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte
coletivo, que tem caráter essencial;

Identifica-se no dispositivo as seguintes atribuições:


Ä Competência exclusiva para legislar sobre assuntos de interesse local
(I, do art. 30);
Ä Competência legislativa suplementar complementar – cabendo ao
Município editar normas cuja finalidade é complementar a legislação
federal ou estadual, no que couber (II, do art. 30). Não significa que o ente
possui a competência concorrente, já que não pode regular uma matéria
quando há inércia da União ou dos Estados. Portanto, ao Município não é
admitido o exercício da competência plena prevista no art. 24.
A competência suplementar municipal precisa da atuação legislativa
federal e estadual. A legislação federal ou estadual a ser suplementada
pode tratar de matéria afeta à competência concorrente, mas o assunto
disciplinado na suplementação (na lei municipal) deve ser de interesse
local. Ex: legislação tributária municipal suplementa a legislação federal e
estadual.
Ä Competência privativa administrativa/material – o legislador
constituinte atribuiu expressamente aos Municípios a competência de
algumas matérias (III a IX do art. 30). Entretanto, essa competência não se
limita ao disposto nesses incisos. De acordo com o princípio da
predominância de interesses cabe ao Município atuar sobre matérias de
interesse local. Como a definição do que é considerado interesse local é
complexo, se tornou imprescindível recorrer ao STF em determinadas
situações.

Entendimentos importantes do STF


Não cabe ao Município:
ÄA fixação do horário de funcionamento das agências
bancárias. A matéria extrapola o simples interesse local, pois
tem conexão com o sistema financeiro nacional. Dessa forma, é
atribuição da União.

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ÄObrigar, por meio de lei, o uso de cinto de segurança e proibir


transporte de menores de 10 anos no banco dianteiro dos
veículos. Tal lei municipal é inconstitucional. Afinal, compete
privativamente a União Federal legislar sobre trânsito (XI, do art.
22 da CRFB/88).
ÄImpedir a instalação de estabelecimentos comerciais do
mesmo ramo em determinada área. De acordo com a Súmula
Vinculante nº 49, lei municipal que trouxer esse impedimento
ofende o princípio da livre concorrência. Então, por exemplo, lei
que estabelece uma distância mínima entre farmácias é
inconstitucional.
ÄConceder “meia passagem” aos estudantes nos transportes
coletivos intermunicipais. Por ultrapassar o interesse local, a
competência é do Estado.

Compete ao Município:
ÄLegislar sobre distância mínima entre postos de
combustíveis, por motivo de segurança. Não ofende os
princípios constitucionais da livre iniciativa e da livre
concorrência. A atividade de alto risco justifica o prudente
distanciamento, na mesma área geográfica.
ÄA fixação do horário de funcionamento de estabelecimento
comercial (Súmula Vinculante nº 38). Entre os estabelecimentos
estão as lojas, shopping centers, drogarias, farmácias...
ÄLegislar sobre meio ambiente e controle da poluição,
quando se tratar de interesse local (art. 24, VI, c/c 30, I e II,
da CRFB). Dessa forma, é constitucional lei municipal que
determina a aplicação de multas para os proprietários de
veículos automotores que poluem o meio ambiente com a
emissão de fumaça no perímetro urbano15.
ÄDeterminar, por meio de lei, que as instituições financeiras
instalem, nas agências, equipamentos destinados a
proporcionar aos usuários dos serviços bancários segurança
(portas eletrônicas, detector de metais) ou conforto (instalações

15
RE 194.704, Rel. Min. Edson Fachin. Data de Julg: 29.06.2017.

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sanitárias, ou fornecimento de cadeiras de espera), com base no


art. 30 I da CRFB/8816.
ÄDispor sobre o direito dos estudantes à "meia passagem" no
serviço de transporte coletivo municipal/local.
ÄLegislar sobre tempo de atendimento em filas nos
estabelecimentos bancários. A matéria é assunto de interesse
local, não se confundindo com a atividade-fim do banco.
ÄLegislar sobre limite de tempo de espera em fila dos usuários
dos serviços prestados pelos cartórios localizados no seu
respectivo território. O assunto é de interesse local, relativo à
disciplina dos registros públicos. Portanto não há ofensa à
competência privativa da União.

10. (FGV / XIX Exame de Ordem – 2016) O Governador do Distrito Federal,


ao tomar conhecimento de que existe jurisprudência pacífica do Supremo
Tribunal Federal a respeito da competência do Município para legislar sobre os
requisitos de segurança das agências bancárias, solicita à Procuradoria Geral
do Distrito Federal que se manifeste acerca da possibilidade de lei distrital
tratar da matéria. Sobre a hipótese apresentada, de acordo com a Constituição
Federal de 1988, assinale a afirmativa correta.
a) Haveria tal possibilidade, pois o Distrito Federal possui competências
legislativas reservadas aos Estados e aos Municípios.
b) Haveria tal possibilidade, pois a competência legislativa do Distrito Federal,
como sede da União, abarca as competências legislativas da União, dos Estados
e dos Municípios.
c) Não seria possível, pois o Distrito Federal tem competências taxativamente
expressas, que não podem abarcar aquelas concedidas aos Municípios.
d) Não seria possível, pois as competências legislativas do Distrito Federal
seriam apenas aquelas reservadas aos Estados-membros da União.

16
RE 266.536, Rel. Min. Dias Toffoli. Data de Julg: 17.04.2012.

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Comentários:
Olha só, meus amigos. Acabamos de estudar na parte teórica. O Município é
competente sim para legislar sobre requisitos de segurança das agências
bancárias, impondo aos estabelecimentos obrigação de instalarem portas
eletrônicas, com detector de metais, travamento e retorno automático e vidros
à prova de balas, câmeras filmadoras, etc.
Nesse sentido, como o Distrito Federal acumula as competências legislativas
que a Constituição reservou aos Estados e aos Municípios (art. 32, § 1º, CF/88),
conclui-se ser plenamente possível que o Distrito Federal legisle sobre
requisitos de segurança de agências bancárias. Gabarito letra A.

11. (XVIII Exame de Ordem Unificado – 2015) A Assembleia Legislativa do


Estado M, ao constatar a ausência de normas gerais sobre matéria em que a
União, os Estados e o Distrito Federal possuem competência legislativa
concorrente, resolve tomar providências no sentido de legislar sobre o tema,
preenchendo os vazios normativos decorrentes dessa lacuna. Assim, dois anos
após a Lei E/2013 ter sido promulgada pelo Estado M, o Congresso Nacional
promulga a Lei F/2015, estabelecendo normas gerais sobre a matéria. Sobre
esse caso, assinale a afirmativa correta.
a) A Lei E/2013 foi devidamente revogada pela Lei F/2015, posto não ser
admissível, no caso, que norma estadual pudesse preservar a sua eficácia diante
da promulgação de norma federal a respeito da mesma temática.
b) A Lei E/2013 perde a sua eficácia somente naquilo que contrariar as normas
gerais introduzidas pela Lei F/2015, mantendo eficácia a parte que, compatível
com a Lei F/2015, seja suplementar a ela.
c) A Lei F/2015 não poderá viger no território do Estado M, já que a edição
anterior da Lei E/2013, veiculando normas específicas, afasta a eficácia das
normas gerais editadas pela União em momento posterior.
d) A competência legislativa concorrente, por ser uma espécie de competência
comum entre todos os entes federativos, pode ser usada indistintamente por
qualquer deles, prevalecendo, no caso de conflito, a lei posterior, editada pelo
Estado ou pela União.

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Comentários:
No âmbito da competência concorrente, a União é responsável pela edição de
normas gerais, cabendo aos Estados o exercício da competência suplementar.
Caso não exista lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a
competência legislativa plena. Foi o que aconteceu na situação do enunciado.
O Estado M exercitou a competência legislativa plena editando a Lei E/2013,
que estabelece normas gerais.
Logo em seguida, porém, a União editou a Lei F/2015, que também é uma lei
de normas gerais. O que acontece, então, com a Lei E/2013?
A resposta está no art. 24, CF/88, que dispõe que “a superveniência de lei
federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for
contrário”. Observe que a Lei E/2013 não será revogada, mas apenas ficará
com a eficácia suspensa naquilo que não for compatível com a Lei F/2015.
Gabarito letra B.

12. (FGV / XVII Exame de Ordem Unificado – 2015) Determinado Estado da


Federação vivencia sérios problemas de segurança pública, sendo frequentes
as fugas dos presos transportados para participar de atos processuais
realizados no âmbito do Poder Judiciário. Para remediar essa situação, foi
editada uma lei estadual estabelecendo a possibilidade de utilização do sistema
de videoconferência no âmbito do Estado. Diante de tal quadro, assinale a
afirmativa que se ajusta à ordem constitucional.
a) a lei estadual é constitucional, pois a matéria se insere na competência local
dos estados-membros, versando sobre assunto de interesse local.
b) a lei estadual é inconstitucional, pois afrontou a competência privativa
da união de legislar sobre direito processual penal.
c) a lei estadual é constitucional, pois a matéria se insere no âmbito da
competência delegada da união, versando sobre direito processual.
d) a lei estadual é inconstitucional, pois comando normativo dessa natureza,
por força do princípio da simetria, deveria estar previsto na constituição
estadual.

Comentários:

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A União tem competência privativa para legislar sobre direito processual (art.
22, I). Logo, a lei estadual será inconstitucional, por violar a competência da
União. A resposta é a letra B.

13. (FGV / XV Exame de Ordem Unificado – 2014) No município de São José


dos Cavaleiros, 87% dos atendimentos médicos nas emergências hospitalares
são decorrências de acidentes automobilísticos ocasionados pelo consumo de
bebidas alcoólicas. Uma vereadora do município, Sra. X, ciente das estatísticas
expostas, apresenta projeto de lei propondo que os cidadãos proprietários de
veículos automotores, residentes no município, municiem seus veículos com
equipamento que impeça a partida do carro no caso de o condutor ter
consumido álcool. A Câmara Municipal, por voto de 2/3 dos vereadores, aprova
a lei. Esta legislação deve ser considerada:
a) constitucional, por tratar de proteção de direito fundamental.
b) inconstitucional, por tratar de matéria de competência privativa da União.
c) inconstitucional, por vício formal relacionado ao quórum mínimo para
votação.
d) constitucional, por tratar de assunto de interesse local e ter sido aprovada
por processo legislativo idôneo.

Comentários:
A União tem competência privativa para legislar sobre trânsito e transporte (art.
22, XI). Logo, a lei municipal será inconstitucional, por tratar de matéria da
competência privativa da União. A resposta é a letra B.

14. (FGV / XII Exame de Ordem Unificado – 2013) A Constituição da


República de 1988 adotou elementos de federalismo cooperativo e de
federalismo dual na repartição de competências entre os entes federados,
distribuindo competências exclusivas, privativas, comuns e concorrentes. Assim
sendo, a respeito da organização do Estado estabelecida na Constituição,
assinale a afirmativa correta.
a) É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de

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suas formas, competindo à lei complementar fixar normas de cooperação entre


os entes.
b) É vedado aos Estados criar códigos tributários próprios, uma vez que
compete privativamente à União legislar sobre direito financeiro e tributário.
c) É vedado à União decretar intervenção federal em Município localizado em
território federal quando este não tiver aplicado o mínimo exigido de sua
receita na manutenção e desenvolvimento do ensino.
d) Em relação às competências legislativas concorrentes da União e dos
Estados, havendo norma federal e estadual divergentes, deve prevalecer a
norma federal, que serve de fundamento de validade à norma estadual.

Comentários:
Letra A: correta. A proteção do meio ambiente e o combate à poluição é
competência comum de todos os entes federativos (art. 23, VI).
Letra B: errada. É competência concorrente legislar sobre direito tributário e
financeiro (art. 24, I).
Letra C: errada. Segundo o art. 35, III, a União poderá intervir nos Municípios
localizados em Território Federal quando não tiver sido aplicado o mínimo
exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino.
Letra D: errada. As normas federais não são fundamento de validade para as
normas estaduais. Não há, afinal, hierarquia entre elas. No âmbito da
competência concorrente, a União se limita a editar normas gerais. Gabarito
letra A.

15. (FGV / X Exame de Ordem Unificado – 2013) Na ausência de lei federal


estabelecendo normas gerais sobre proteção de ecossistemas ameaçados,
determinado estado da Federação editou, no passado, a sua própria lei sobre
o assunto, estabelecendo desde princípios e valores a serem observados até
regras específicas sobre a exploração econômica de tais áreas. Criou, ainda,
fiscalização efetiva em seu território e multou empresas e produtores que
desrespeitaram a lei. Anos depois, a União edita lei contendo normas gerais
sobre o tema e muitas de suas disposições conflitavam com a anterior lei
estadual. Com relação a este caso, assinale a afirmativa correta.

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a) A União não poderia legislar, uma vez que o assunto é matéria de interesse
local, não havendo justificativa para lei nacional sobre o tema. Houve invasão
de competência privativa dos estados.
b) No campo das competências legislativas concorrentes, a União deve legislar
sobre normas gerais e o estado pode editar normas suplementares, mas
enquanto inexistir lei federal, a competência do estado é plena. A
superveniência de lei geral nacional suspende a eficácia das disposições
contrárias da lei dos estados.
c) A lei aplicável, no caso concreto, será aquela que estabelecer padrões mais
restritivos, em atenção à proteção do meio ambiente, não importando se tal
norma é a federal ou se a editada pelos estados-membros.
d) O estado não poderia ter estabelecido normas próprias na ausência de lei
nacional com disposições gerais que definissem marcos a serem seguidos pelos
estados. Em consequência, são nulas todas as multas aplicadas anteriormente
à publicação da lei editada pela União.

Comentários:
Para resolver essa questão, era importante saber que a proteção do meio
ambiente é matéria da competência concorrente da União, dos Estados e do
Distrito Federal (art. 24, VI, CF/88).
Letra A: errada. No âmbito da competência concorrente, a União poderá
estabelecer normas gerais (art. 24, § 1º, CF).
Letra B: correta. É o que preveem os parágrafos do art. 24 da Constituição.
Letra C: errada. No caso de divergência entre norma federal e estadual, a
superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei
estadual, no que lhe for contrária. No entanto, no caso de normas específicas,
a norma estadual deverá prevalecer, em virtude da competência suplementar
dos Estados.
Letra D: errada. A Carta Magna prevê que, no âmbito da competência
concorrente, inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão
a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades (art. 24, §
3º, CF). Gabarito letra B.

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16. (FGV / IX Exame de Ordem Unificado – 2012) O Estado W, governado


por dirigente progressista, pretende realizar uma ampla reforma agrária no seu
território para melhor dividir a terra, incluindo diversos desempregados na vida
produtiva, apresentando, ainda, amplo programa de financiamento das
atividades agrícolas. Com essa proposta política, resolve apresentar projeto de
lei, criando formas de desapropriação e inovando nos procedimentos, dando
característica sumária e permitindo o ingresso nos imóveis sem pagar
indenização. Quanto ao tema em foco, legislação sobre desapropriação, nos
termos da Constituição Federal, assinale a afirmativa correta.
a) Trata-se de competência privativa da União
b) Trata-se de competência da União em comum com os Estados.
c) Trata-se de competência privativa dos Estados
d) Trata-se de competência dos Estados em comum com os Municípios.

Comentários:
O art. 22, II, da Carta Magna, prevê que compete privativamente à União
legislar sobre desapropriação. A letra A é o gabarito.

17. (FGV / VII Exame de Ordem Unificado – 2012) O Governador do Estado


K, preocupado com o resultado da balança comercial do seu Estado, conhecido
pelo setor exportador, pretende regular a importação de bens de
determinados países, apresentando, nesse sentido, projeto de lei à Assembleia
Legislativa. Em termos de competência legislativa, esse tema é, nos termos da
Constituição Federal:
a) dos Estados
b) da União.
c) do Distrito Federal
d) dos Municípios.

Comentários:
É competência privativa da União legislar sobre comércio exterior (art. 22, VIII,
CF/88). O gabarito é a letra B.

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18. (FGV / V Exame de Ordem Unificado – 2011) Lei estadual que


regulamenta o serviço de mototáxi é:
a) constitucional porque se trata de competência legislativa reservada aos
Estados.
b) constitucional porque se trata de competência legislativa remanescente dos
Estados.
c) inconstitucional porque se trata de competência legislativa dos Municípios.
d) inconstitucional porque se trata de competência legislativa privativa da
União.

Comentários:
É competência privativa da União legislar sobre direito do trabalho (art. 22, I).
Logo, é inconstitucional lei estadual que regulamenta a profissão de mototáxi.
Gabarito letra D.

19. (FGV/ IV Exame de Ordem Unificado – 2011) A respeito da distribuição


de competências adotada pela Constituição brasileira, assinale a alternativa
correta.
a) A competência material da União pode ser delegada aos Estados, por lei
complementar.
b) À União compete legislar sobre direito processual e normas gerais de
procedimentos.
c) A competência para legislar sobre direito urbanístico é privativa dos
Municípios, pois é matéria de interesse local.
d) A competência para legislar sobre defesa dos recursos naturais é privativa
da União, pois é matéria de interesse nacional.

Comentários:
Letra A: errada. Quando se fala em “competência material”, a referência que
se faz é às competências administrativas. As competências administrativas da

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União estão no art. 21, CF/88. Trata-se de competências exclusivas, que não
podem ser delegadas.
Letra B: correta. A União tem competência privativa para legislar sobre direito
processual (art. 22, I). Por outro lado, é competência concorrente da União, dos
Estados e do Distrito Federal legislar sobre procedimentos em matéria
processual (art. 24, XI). E, no caso da União, ela fica com os aspectos de norma
geral em matéria de competência concorrente. Gabarito é a letra B.
Letra C: errada. É competência concorrente da União, dos Estados e do Distrito
Federal legislar sobre direito urbanístico (art. 24, I, CF/88).
Letra D: errada. É competência concorrente da União, dos Estados e do Distrito
Federal legislar sobre defesa dos recursos naturais (art. 24, VI, CF/88).

20. (FGV / II Exame de Ordem Unificado – 2010) Um determinado Estado-


membro editou lei estabelecendo disciplina uniforme para a data de
vencimento das mensalidades das instituições de ensino sediadas no seu
território. Examinada a questão à luz da partilha de competência entre os entes
federativos, é correto afirmar que:
a) mensalidade escolar versa sobre direito obrigacional, portanto, de natureza
contratual, logo cabe à União legislar sobre o assunto.
b) a matéria legislada tem por objeto prestação de serviço educacional,
devendo ser considerada como de interesse típico municipal.
c) por versar o conteúdo da lei sobre educação, a competência do Estado-
membro é concorrente com a da União.
d) somente competirá aos Estados-membros legislar sobre o assunto quando
se tratar de mensalidades cobradas por instituições particulares de Ensino
Médio.

Comentários:
É competência privativa da União legislar sobre direito civil, o que engloba o
direito obrigacional. Logo, matéria de natureza contratual está na esfera de
competência da União. O gabarito é a letra A.

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21. (ESTRATEGIA OAB/ INÉDITA) A Constituição do Estado Alfa dispôs que


as famílias que possuam terras estaduais improdutivas por mais de 50 anos
ininterruptos, sem contestação, e comprovem que mantiveram ininterrupta
produção de gêneros alimentícios durante todo esse período, adquirem o seu
domínio. Nesse contexto, é possível afirmar a legislação estadual é:
a) inválida, pois compete privativamente à União legislar sobre direito civil;
b) válida, pois somente a Constituição Estadual pode dispor sobre os bens
estaduais;
c) inválida, pois somente a lei estadual de iniciativa parlamentar poderia
incursionar nessa temática;
d) inválida, pois somente a lei estadual, de iniciativa do Chefe do Poder
Executivo, poderia incursionar nessa temática;

Comentários:
O Direito Civil é responsável por tratar da aquisição de bens imóveis. Como
legislar sobre essa matéria é de competência privativa da União, a norma da
Constituição Estadual é inválida. Gabarito é a letra A.

15. INTERVENÇÃO
Vamos adentrar agora num tema denso. L
Reconheço que assunto é um pouco difícil. Então, peço se possível uma atenção
redobrada, até para que possa compreender todos os detalhes. (A FGV tem o hábito
de trazer o tema tanto em 1ª quanto 2ª fase. Cuidado!!!)

15.1 - INTERVENÇÃO FEDERAL

O instituto da intervenção é um instrumento trazido pelo legislador Constituinte de


1988 visando permitir a chamada supressão da autonomia dos entes federados.
Quando pensamos em intervenção devemos ter em mente a possibilidade de um
Estado ou Município ter sua autonomia política limitada. E isso ocorre quando
professor? De maneira excepcional e temporária.

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A regra é a não intervenção de um ente sobre o outro. Mas, de modo peculiar e


excepcional, é possível que nós tenhamos o instituto da intervenção. Inclusive,
vivenciamos isso recentemente no Estado do Rio de Janeiro (para resguardar a
ordem e segurança pública).
A intervenção é, nesse sentido, um mecanismo típico de um modelo de Estado
federal. É o que a doutrina chama de elemento de estabilização constitucional.
Deve ser utilizado quando o princípio federativo estiver em risco.
O próprio Supremo Tribunal Federal entende ser constitucional a medida, desde
que adotada em caráter excepcional e pautada princípio da proporcionalidade.
O ponto de destaque é que as situações que demandam uma medida como essa
são determinadas taxativamente pelo texto constitucional. Tanto que o art. 34 da
CRFB/88 começa com a seguinte expressão: “A União não intervirá nos Estados nem
no Distrito Federal, exceto para (...)”

Opa Tome nota!!!!!


Somente podemos falar em decretação de intervenção
federal em Municípios localizados em Territórios Federais. A
intervenção em Município situado em um Estado não poderá
ser decretada pela União; É em verdade hipótese de
intervenção estadual.

Sei que você agora deve ter feito a seguinte pergunta: e quem decreta a
intervenção?
Bom. A Constituição vai nos dizer que essa competência cabe ao Chefe do Poder
Executivo. Se estivermos diante de uma situação que demande uma intervenção
federal, caberá ao Presidente da República realizar tal medida. Por outro lado, se
estivermos diante de uma intervenção estadual, a competência será do Governador.
Vamos entender agora quais são as hipóteses de intervenção federal. Façamos a
leitura juntos do art. 34:

Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto
para:
I - manter a integridade nacional;
II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra;
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;

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IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da


Federação;
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que:
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos
consecutivos, salvo motivo de força maior;
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta
Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei;
VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;
b) direitos da pessoa humana;
c) autonomia municipal;
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta.
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos
estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção
e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.

Percebam que nós temos muitas hipóteses rsrs. Mas, o problema não recai no
número em si.
A doutrina vai nos dizer que algumas situações previstas no artigo acima são
consideradas de ação espontânea. Já outras seriam de ação provocada. Como
assim, Diego?
Na intervenção federal espontânea, que são os casos previstos no art. 34, I, II, III e
V, o Presidente age de ofício, independentemente de provocação. Por outro lado,
na intervenção federal provocada, que são os casos do art. 34, IV, VI e VII, a
decretação de intervenção pelo Presidente da República depende de um ato
provocação. Tal fato ocorre por uma solicitação ou requisição, por exemplo.
Existe diferença entre provocação e solicitação? SIMMMM....
Þ A intervenção dependerá de solicitação, ao Presidente da República,
quando houver coação ou impedimento ao livre exercício do Poder Executivo
e Legislativo (art. 34, IV). Essa solicitação será realizada pelo próprio Poder
que está sofrendo a coação ou o impedimento. Cumpre destacar que cabe ao
Presidente decidir acerca da conveniência e oportunidade de atender ao
pedido. A decretação da intervenção possui a natureza de ato discricionário
do Presidente da República.
Þ A intervenção dependerá de requisição do STF quando houver coação ou
impedimento ao livre exercício do Poder Judiciário em uma unidade da

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federação (art. 34, IV, combinado com o art. 36, I, segunda parte). Como se
trata de “requisição”, a medida é um ato vinculado do Presidente da
República.

- Solicitação do PR - Requisição do STF


- Ato discricionário - Ato vinculado
- Conveniência e - Deverá decretar
oportunidade
PE e PL PJ

No caso da requisição, cumpre destacar que ela também irá ocorrer para prover a
execução de ordem ou decisão judicial (art.34, VI). Trata-se de um típico caso em
que houve descumprimento de ordem emanada do Poder Judiciário. Quer um
exemplo? Não pagamento de precatórios.17
Agora, vale ressaltar que o STF tem um entendimento que não é autorizada a
intervenção federal quando os recursos do Estado são limitados e existem outras
obrigações relevantes a serem cumpridas, em respeito à cláusula da reserva do
possível. “a intervenção, como medida extrema, deve atender à máxima da
proporcionalidade”.18
(...)
Em relação à competência para proceder à requisição, esta dependerá de onde
emanou a decisão judicial que está sendo descumprida. Vamos ver como seria?

Descumprimento de Descumprimento de Descumprimento de


TSE

STF
STJ

ordem ou decisão da ordem ou decisão do ordem ou decisão do


Justiça Eleitoral STJ ou de ordem da próprio STF, da Justiça
Justiça Estadual ou do Trabalho ou da
Federal Justiça Militar

Teremos uma competência do STJ quando a decisão descumprida for da Justiça


Federal ou da Justiça Estadual, salvo quando estiver relacionada a alguma questão
constitucional, hipótese em que a requisição será efetuada pelo STF.

17
O precatório é uma ordem judicial para pagamento de débitos dos entes federativos.
18
IF nº 164 / SP. Rel. Min. Gilmar Mendes. DJe: 13.12.2003.

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Outrossim, ainda existem casos em que a intervenção provocada dependerá do


provimento, pelo STF, de representação do Procurador-Geral da República
(PGR). São as chamadas hipóteses do art. 34, VI, 1ª parte (“prover a execução de lei
federal”) e do art. 34, VII (“assegurar a observância dos princípios constitucionais
sensíveis”).
A doutrina afirma que, nessas situações, o PGR irá efetuar representação junto ao
STF; caso haja provimento da representação pela Corte Suprema, será dada ciência
ao Presidente da República para que, no prazo improrrogável de 15 dias, seja
decretada a intervenção.
Por último, a representação do PGR para prover a execução de lei federal é chamada
de “ação de executoriedade de lei federal”. Já a representação do PGR para
assegurar a observância dos princípios constitucionais sensíveis é denominada Ação
Direta de Inconstitucionalidade Interventiva. É uma ação que possui duplo efeito,
conforme situação abaixo:
Ä Efeito jurídico: invalidação do ato que violou um princípio
constitucional sensível.
Ä Efeito político: abre caminho para a decretação de intervenção pelo
Presidente da República.

15.2 - INTERVENÇÃO ESTADUAL

Analisaremos agora o que é intervenção estadual e as circunstâncias constitucionais


em que essa é permitida.

Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos
Municípios localizados em Território Federal, exceto quando:
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos
consecutivos, a dívida fundada;
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;
III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na
manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos
de saúde;
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a
observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para
prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.

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Primeiro ponto, pessoal. A União não tem permissão para intervir nos municípios
localizados nos Estados. O caput do art. 35 da CRFB/88 determina que apenas o
Estado pode intervir em seus municípios.
Segundo ponto: a regra é a não intervenção. A autonomia municipal ganhou status
de princípio constitucional sensível. Entretanto, de forma excepcional é possível a
ocorrência da intervenção estadual, mas somente nas hipóteses taxativamente
elencadas no dispositivo transcrito acima.
A sua decretação e a execução decorrem de um ato político: o decreto de
intervenção, que é editado pelo Governador do Estado (X, do art. 34 da CRFB/88
– princípio da simetria).
Destaque-se o inciso IV, em que há previsão de intervenção estadual provocada. O
Procurador-Geral de Justiça ingressará com uma representação no Tribunal de
Justiça (IV, art. 129 da CRFB/88). A partir daqui teremos as seguintes situações:
a) provimento da representação pelo Tribunal de Justiça – a intervenção será
decretada pelo Governador;
b) o Tribunal de Justiça nega o provimento - não ocorrerá a intervenção.
Atenção para a Súmula 637 do STF: “Não cabe recurso extraordinário contra acórdão
de tribunal de justiça que defere pedido de intervenção estadual em município”.
O entendimento firmado na súmula é aplicado seja qual for a decisão do TJ
(deferimento ou indeferimento). O recurso extraordinário para STF não é possível
porque a natureza da decisão é político-administrativa e não jurídica.

15.3 - CONTROLE POLÍTICO NA INTERVENÇÃO

O decreto interventivo é submetido ao controle político realizado pelo Poder


Legislativo, tenha sido esse editado pelo Governador do Estado ou pelo Presidente
da República. Em ambos os casos, o decreto especificará a amplitude, o prazo e as
condições de execução e, se for o caso, nomeará o interventor.
A apreciação ocorrerá pelo Congresso Nacional, no caso de intervenção federal, ou
Assembleia Legislativa, se intervenção estadual, no prazo de 24 horas.
Entretanto, o legislador constituinte admitiu a convocação extraordinária, também
no prazo de 24 horas, quando o Congresso ou a Assembleia Legislativa não
estiverem funcionando. Então, caberá ao Poder Legislativo aprovar ou rejeitar o
decreto interventivo. Ocorrendo a rejeição, a intervenção deve cessar
imediatamente.

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De acordo com o texto constitucional (§3º do art. 36) existem situações em que há
dispensa do controle político. São elas:
Ä Intervenção federal:
a) para prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial –
art. 34 VI;
b) em caso de afronta aos princípios sensíveis da Constituição – art.
34, VII.
Ä Intervenção estadual:
a) para assegurar a observância de princípios indicados na Constituição
Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão
judicial – art. 35 IV.
Nas situações supramencionadas, inicialmente o decreto Presidencial apenas
suspenderá a execução do ato impugnado, caso esta medida seja suficiente para o
restabelecimento da normalidade.
E se não for suficiente, professor?
Bem, nesse caso temos uma consequência diferente. Não sendo o bastante a
suspensão do ato pelo decreto, o Chefe do Poder Executivo decretará a
intervenção, sendo esse ato submetido ao controle político.
Para finalizar, quando é necessário o afastamento das autoridades envolvidas, o
decreto interventivo designará um interventor. Esse afastamento é temporário. Por
isso, o §4º do art. 36 institui que: “Cessados os motivos da intervenção, as
autoridades afastadas de seus cargos a estes voltarão, salvo impedimento legal”.
Ufa... concluímos!!!! Vamos treinar um pouco.

22. (FGV / XVI Exame de Ordem Unificado – 2015) Determinado Governador


de Estado, inconformado com decisões proferidas pelo Poder Judiciário local,
que determinaram o fechamento de diversos estabelecimentos
comprovadamente envolvidos com ilícitos, decidiu que os órgãos estaduais a
ele subordinados não cumpririam as decisões judiciais. Alegou que os negócios
desenvolvidos nesses estabelecimentos, mesmo sendo ilícitos, geravam
empregos e aumentavam a arrecadação do Estado, e que o não cumprimento

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das ordens emanadas do Poder Judiciário se justificava em razão da


repercussão econômica que o seu cumprimento teria. Das opções a seguir,
assinale a que se mostra consentânea com a Constituição Federal.
a) O Presidente da República, após a requisição do Supremo Tribunal Federal,
decretará a intervenção federal, dispensado, nesse caso, o controle pelo
Congresso Nacional.
b) O Governador de Estado, tendo por base a inafastável autonomia concedida
aos Estados em uma organização federativa, está juridicamente autorizado a
adotar o indicado posicionamento.
c) O Presidente da República poderá decretar a intervenção federal, se
provocado pelo Procurador Geral da República e com autorização prévia do
Congresso Nacional, que exercerá um controle político.
d) O Supremo Tribunal Federal, prescindindo de qualquer atuação por parte
do Presidente da República, determinará, ele próprio, a intervenção federal,
que será posteriormente apreciada pelo Congresso Nacional.

Comentários:
Letra A: correta. É cabível a intervenção para prover a execução de ordem ou
decisão judicial. Havendo requisição do STF, o Presidente da República é
obrigado a decretar a intervenção, sendo dispensado o controle político pelo
Congresso Nacional.
Letra B: errada. O Governador de Estado não pode desrespeitar decisão
judicial. A autonomia estadual não pode ser invocada para descumprir ordem
judicial.
Letra C: errada. Quando há representação interventiva do Procurador-Geral da
República, fica dispensado o controle político do Congresso Nacional. Cabe
destacar que, nos casos em que aplicável o controle político, este acontece
após ser decretada a intervenção.
Letra D: errada. O STF não pode, por si próprio, decretar intervenção. A
competência para decretar intervenção é do Presidente da República.

23. (FGV / XIV Exame de Ordem Unificado – 2014) O instituto da intervenção


é de extrema excepcionalidade, razão pela qual restam minuciosamente

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delineadas as hipóteses na CRFB/88. Assinale a opção que contempla, à luz da


CRFB/88, hipótese correta de intervenção.
a) O Estado X, sob o pretexto de celeridade e efetividade, vem realizando
somente contratações diretas, sem a aplicação da Lei Federal de Licitações e
Contratos Administrativos – Lei n. 8.666/93. Nessa situação, poderá a União
intervir no Estado X para prover a execução de lei federal.
b) O Município Y, localizado no Estado Z, não vem destinando nos últimos seis
meses o mínimo exigido da receita municipal na manutenção das escolas
públicas municipais, sob o fundamento de que a iniciativa privada realiza
melhor ensino. Nesta hipótese, tanto a União quanto o Estado Z, à luz da
CRFB/88, poderão intervir no Município Y para garantir a aplicação do mínimo
exigido da receita municipal na aludida manutenção.
c) Nos casos de desobediência à ordem ou decisão judiciária, a decretação de
intervenção independe de requisição judicial.
d) O Município Z, em razão de problemas orçamentários, em 2013, decidiu,
excepcionalmente, pela primeira vez na sua história, não realizar o pagamento
da sua dívida fundada. À luz da CRFB/88, poderá o Estado W, onde está
localizado o referido Município, intervir no ente menor para garantir o
pagamento da dívida fundada.

Comentários:
Letra A: correta. É cabível a intervenção federal para “prover a execução de lei
federal, ordem ou decisão judicial” (art. 34, VI).
Letra B: errada. Somente os Municípios situados em Territórios Federais é que
estão sujeitos à intervenção federal. Como o Município Y está situado em um
Estado, será cabível intervenção estadual.
Letra C: errada. Nos casos de desobediência à ordem ou decisão judiciária, a
decretação de intervenção depende de requisição judicial, a ser feita pelo STF,
STJ ou TSE.
Letra D: errada. Uma hipótese de intervenção estadual é quando o Município
deixar de pagar, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a
dívida fundada. Na situação apresentada, o Município Z deixou de pagar a
dívida fundada por apenas um ano, o que não enseja intervenção. Gabarito
letra A.

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24. (FGV / XX Exame de Ordem 2016 / Reaplicação de Prova Salvador/BA).


Determinado Município localizado no âmbito de um Estado-membro da
Federação brasileira deixa de cumprir ordem judicial emanada do Tribunal de
Justiça local. Diante de tal fato, segundo a ordem jurídico-constitucional
brasileira, assinale a afirmativa correta.
A) O Tribunal de Justiça local poderá, por intermédio de requisição, solicitar ao
Governador do Estado a decretação da intervenção estadual no referido
Município, sem necessidade de nenhum tipo de Ação Direta Interventiva.
B) O Procurador-Geral da República poderá ajuizar Representação Interventiva
junto ao Supremo Tribunal Federal, que julgando-a procedente suscitará a
intervenção federal no Município em tela, a ser decretada pelo Presidente da
República.
C) O Superior Tribunal de Justiça poderá, por intermédio de requisição ao
Chefe do Executivo Estadual, determinar a intervenção estadual no referido
Município, sem a necessidade de nenhum tipo de Ação Direta Interventiva.
D) O Procurador-Geral de Justiça poderá ajuizar Ação Direta Interventiva
estadual junto ao Tribunal de Justiça Local, que julgando-a procedente autoriza
a intervenção estadual no referido Município, a ser decretada pelo Governador
do Estado.

Comentários:
Pessoal! Estamos diante de um caso de Intervenção do Estado no Município, já
que em razão de descumprimento de ordem judicial o Tribunal de Justiça, nos
termos do inciso IV, art. 35, CF, pode “dar provimento a representação para
assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou
para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial”.
Neste caso, representação (ou Ação Direta Interventiva Estadual) é formulada
pelo Procurador-Geral de Justiça. Caso haja provimento pelo TJ, o Governador
deverá decretar a intervenção estadual. A resposta é a letra D.

25. (FGV / XXV Exame de Ordem Unificado – 2018) O Estado Alfa deixou de
aplicar, na manutenção e desenvolvimento do ensino, o mínimo exigido da
receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de

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transferências. À luz desse quadro, algumas associações de estudantes


procuraram um advogado e o questionam se, nessa hipótese, seria possível
decretar a intervenção federal no Estado Alfa.
A) A intervenção federal da União no Estado Alfa pode ser decretada, ex officio,
pelo Presidente da República.
B) A intervenção federal não é possível, pois, por ser um mecanismo
excepcional, o rol previsto na Constituição que a autoriza é taxativo, não
contemplando a situação narrada.
C) A intervenção da União no Estado Alfa dependerá de requerimento do
Procurador-Geral da República perante o Supremo Tribunal Federal.
D) A intervenção federal não seria possível, pois a norma constitucional que
exige a aplicação de percentual mínimo de receita na educação nunca foi
regulamentada.

Comentários:
Opa!!! Questão fresquinha 2018 XXV Exame OAB. E a banca foi buscar o
gabarito lá nas disposições do art. 34. Olha só: “A União não intervirá nos
Estados nem no Distrito Federal, exceto para: VII - assegurar a observância dos
seguintes princípios constitucionais: (...) e) aplicação do mínimo exigido da
receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de
transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e
serviços públicos de saúde”.
Diante do caso prático, caberá então ao PGR o requerimento de intervenção
federal, devendo o mesmo ser realizado perante o Supremo Tribunal Federal,
nos termos do Art. 36 III, CRFB/88. Gabarito Letra C.

26. (ESTRATEGIA OAB/ INÉDITA) O instituto da intervenção trata-se de uma


medida excepcional de supressão temporária da autonomia de determinado
ente federativo. No entanto, as hipóteses de sua realização estão previstas
taxativamente CRFB/88. No que tange ao tema, é possível afirmar que:
a) a União pode intervir em todos os Municípios, Distrito Federal e Estados, já
os Estados podem intervir apenas nos Municípios, nas hipóteses legais.
b) cessados os motivos da intervenção, as autoridades afastadas de seus cargos
não poderão reassumi-los, salvo por força de decisão judicial.

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c) é hipótese de intervenção do Estado em seu Município, quando não tiver


sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e
desenvolvimento do ensino.
d) é caso de intervenção do Estado em seu Município, quando o Município não
estiver assegurando à população carcerária tratamento condizente com a
dignidade da pessoa humana.

Comentários:
Letra A: errada. A União pode intervir nos Estados e no Distrito Federal, mas
não pode intervir em todos os Municípios. Ela só pode intervir nos Municípios
localizados em Territórios Federais.
Letra B: errada. O art. 36, § 4º, CF/88, estabelece que “cessados os motivos da
intervenção, as autoridades afastadas de seus cargos a estes voltarão, salvo
impedimento legal”.
Letra C: correta. Segundo o art. 35, III, é hipótese de intervenção do Estado em
Município quando não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal
na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos
de saúde.
Letra D: errada. Essa não é uma hipótese de intervenção prevista na CF/88.

(...)
Pessoal, concluímos mais um encontro.
Espero que tenham gostado. ;)
Forte abraço a todos,
Prof. Diego Cerqueira
Até a próxima!

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