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Semiologia Vascular

O sistema vascular periférico compreende artérias, veias, capilares e linfáticos. Para facilitar a
abordagem semiológica, divide-se o estudo em dois principais tópicos: semiologia arterial (1) e
semiologia venosa (2).

#Quadro início#

Antes de estudar a semiologia vascular, tenha em mente que:

>Principal doença arterial: doença arterial obstrutiva periférica (DAOP)

>Principais doenças venosas: varizes de membros inferiores e trombose venosa profunda (TVP)

#Quadro fim#

Semiologia Arterial
Primeiramente, é importante citar que cerca de 90% das doenças arteriais são crônicas e 10%
são agudas. Apesar da distinção cronológica, os sinais e sintomas da doença arterial são iguais.
A diferença é que, na aguda, desenvolvem-se subitamente, ao passo em que na doença
crônica demoram mais tempo para aparecer.

Anamnese
1. Parestesia

Geralmente, consiste na primeira manifestação clínica de doença arterial crônica. O paciente


refere formigamento, amortecimento e/ou ardência, que ocorre devido à diminuição do

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aporte sanguíneo arterial aos tecidos – dos quais o primeiro elemento a sofrer é o nervo.

2. Alterações de cor de pele

Variações no fluxo sanguíneo podem causar alterações na coloração da pele:

- Palidez – diminuição do aporte de sangue arterial, causando coloração branca


- Cianose – congestão venosa causando coloração arroxeada ou azulada
- Rubor ou eritema – vasodilatação, causando coloração avermelhada

[ Resumindo: Palidez = branco // Cianose = azul // Eritema = vermelho ]

Ÿ Fenômeno de Raynaud

Uma apresentação clínica importante relacionada às alterações de cor de pele é o chamado


Fenômeno de Raynaud. Consiste em manifestação vasomotora reacional de extremidade,
geralmente nas mãos, que ocorre ao nível da microcirculação.

Quadro Clínico

O fenômeno de Raynaud é caracterizado por três fases bem delimitadas:


1. Palidez – vasoconstrição de artérias digitais
2. Cianose – fechamento de esfíncteres pós-capilares, com estase de sangue venoso e
aumento de carboxihemoglobina (fase venosa)
3. Hiperemia – vasodilatação por abertura dos esfíncteres.

O fenômeno de Raynaud pode ser trifásico (palidez – cianose – rubor) ou bifásico (palidez –
cianose/rubor). Ou seja, a palidez é sempre obrigatória!

Legenda: Mão direita – palidez; Mão esquerda – cianose na região distal do 2º quirodáctilo,
rubor difuso nos demais dedos e região distal da palma da mão.

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Fonte: Doenças Vasculares Periféricas, 5ª ed. MAFFEI, F.H.A. et al. Editora Guanabara Koogan
Ltda (2016).

Fatores desencadeantes: frio, fumo, emoções, microtraumatismos de extremidades.

Classificação

Quanto à etiologia, classifica-se o fenômeno de Raynaud em:

- Primário ou idiopático: Doença de Raynaud


- Secundário: Síndrome de Raynaud – secundário à doença arterial, colagenoses, etc...

3. Alteração de Temperatura

Diminuição de aporte sanguíneo arterial causa diminuição da temperatura na região do corpo


correspondente ao vaso afetado.

4. Sudorese

Ocorre por hiperexcitação do sistema nervoso simpático, causando manifestações curtas e


fugazes.
5. Dor

Ÿ Claudicação Intermitente

A claudicação intermitente ocorre quando, ao caminhar certa distância, há a necessidade de


cessar a marcha por dor – a qual ocorre por isquemia do membro. Após algum tempo em
repouso, o paciente consegue retornar a caminhar pela mesma distância, até que a dor surge
novamente.

É um sinal patognomônico da doença arterial crônica. Caracteristicamente, a dor só se


manifesta ao movimento. É uma dor limitante, incapacitante, que ocorre sempre nas mesma
distâncias.

Fonte: Semiologia Médica, 7a ed. Porto & Porto (2014).

O tipo de claudicação varia de acordo com a artéria acometida:

- Unilateral alta – femoral comum


- Bilateral alta – aorta terminal, ilíacas
- Pé-perna – femoro-poplítea

Com o aumento da isquemia e evolução da doença arterial, ocorre aumento da intensidade da


dor, aumento do tempo de repouso e diminuição da marcha útil.

Marcha útil: distância que o paciente anda até sentir dor e parar. É importante para

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prognóstico e evolução.

Dor residual: dor que permanece após cessar a marcha – reflete doença avançada.

Ÿ Dor ao repouso

Origina-se de dano celular intenso, representando portanto isquemia significativa. O paciente


pode apresentar posição antiálgica com o pé “pendurado” para fora da cama/maca.

6. Lesões Tróficas

Devido à morte celular, ocorrem lesões tróficas que podem evoluir para gangrena. Podem ser
agudas ou crônicas.

- Agudas: decorrentes de agudização da doença crônica, com dor ao repouso.

- Crônicas: consiste em alteração da cor da pele, queda de pelos, espessamento de unhas,


atrofia muscular, aumento de espaços interósseos, etc – todos decorrentes da isquemia.

Ÿ Gangrena
É a morte de tecidos as custas de isquemia. Pode ser seca ou úmida.

• Seca: necrose sem infecção. Lesões com sulcos delimitados e precisos.


• Úmida: necrose + infecção. Apresenta sulcos imprecisos, menos dor e se associa à DM.

Legenda: gangrena seca.

Fonte: Semiologia Médica, 7a ed. Porto & Porto (2014)

Hábitos de Vida

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1. Tabagismo

Envolvido em:

- Doença aterosclerótica
- Tromboangeíte obliterante (TAO) – indivíduos jovens, acometendo ponta de dedo.
- Espasmo arterial

2. Etilismo: etanol apresenta efeito vasodilatador e pode causar neurite periférica.

3. Drogas: vasoconstrição por heroína, cocaína.

História Mórbida Pregressa

- Diabetes Mellitus (DM): arterite específica da diabetes.


- Aterosclerose obliterante: acidente vascular encefálico, infarto agudo do miocárdio, etc.
- Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS): ulceras isquêmicas, geralmente em casos de
hipertensão diastólica.

à Conclui-se a anamnese com História mórbida familiar e Revisão de Sistemas.


Exame Físico
O exame físico da propedêutica vascular é dividido em geral e especializado:

- Geral – dados vitais, ausculta cardíaca, exame de abdomen, etc.


- Especializado: vascular.

Inspeção

Deve ser realizada em duas etapas: estática e dinâmica.

Estática

Busca observar a presença/ausência de:

- Alteração de cor da pele


- Diminuição de fâneros
- Espessamento de unhas
- Atrofia muscular
- Aumento dos espaços interósseos

Dinâmica

Avalia-se principalmente a marcha, em busca de claudicação.

Palpação

De modo geral, divide-se a palpação em superficial e profunda.

Superficial

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Consiste na avaliação de temperatura (quente – frio), sempre bilateral a fim de comparar os
lados.

Profunda

Visa avaliar a presença de:

- Pulsos
- Amplitude de pulsos
- Frêmitos – sugerem fístula ou estenose

Ÿ Localização dos pulsos

- Temporal superficial – região pré-auricular, acima da articulação temporomandibular


- Subclávio – fossa supraclavicular maior
- Axilar – oco axilar
- Braquial – medial ao tendão do bíceps braquial
- Radial – entre músculos flexor radial do carpo e braquiorradial
- Ulnar – medial ao músculo flexor ulnar do carpo
- Aorta abdominal – centro do abdômen, à palpação profunda
- Femoral – terço médio do ligamento inguinal
- Poplíteo – porção medial da fossa poplítea
- Tibial posterior – posterior ao maléolo medial
- Tibial anterior – 1º espaço interósseo do pé, lateral ao tendão do extensor longo do hálux

Percussão: sem valor ao exame vascular arterial.

Ausculta

Sopros podem estar presentes na ausculta de artérias:

- Estenoses – sopro sistólico


- Fístulas – sopro sistodiastólico

Manobras Específicas

A propedêutica arterial possui uma série de manobras, cujas etapas diferem em certo grau
entre as literaturas de Semiologia e Cirurgia Vascular. A saber, descrever-se-á uma manobra
específica para membro inferior e uma para membro superior.

Manobra de Hiperemia reativa

É realizada em três tempos:

1) Deita-se o paciente e se observa a coloração dos membros inferiores.

2) Levanta-se os membros inferiores a 90° por 3 minutos, a fim de “esvaziar” o sistema venoso
superficial. Ainda, utiliza-se manguito pneumático com pressão superior à pressão sistólica do
paciente.

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3) Volta-se os membros à posição horizontal e, após 3 minutos, desinsufla-se o manguito.
Observa-se então a coloração dos membros.

Nos membros isquêmicos costuma haver retardo do retorno à coloração inicial ao se


horizontalizar o membro, seguida de hiperemia ou eritrocianose secundária à vasodilatação
intensa no membro afetado – induzida pela produção de óxido nítrico pelo endotélio
isquêmico, denominado hiperemia reativa.

Em pacientes saudáveis, a coloração avermelhada surge e progride uniformemente de


proximal para distal, de forma rápida.

obs.: A ausência de alterações de coloração dos pés ou das mãos nessa prova, em vigência de
pulsos ausentes, indica adequada circulação colateral.

Manobra de Allen

A manobra ou prova de Allen avalia a perviedade das artérias do antebraço. Consiste na


compressão das artérias radial e ulnar até palidez completa da mão. Feito isso, solta-se a
artéria a qual se deseja avaliar e se avalia a vascularização da mão. Geralmente, há uma
compensação na vascularização pelos arcos arteriais da mão, recuperando a coloração inicial –
mesmo que uma das artérias esteja comprimida.
Fonte: Semiologia Médica, 7a ed. Porto & Porto (2014)

Propedêutica Complementar
Índice tornozelo/braquial (ITB)

Avalia razão entre pressão arterial sistólica do tornozelo pela pressão sistólica do braço.

- Normal = 1 a 1.3
- Claudicação = 0.9 a 0.5
- Dor ao repouso = 0.3 a 0.2
- Gangrena = menor que 0.2

Exames de Imagem

- USG Doppler – visualiza muito bem as artérias periféricas, sendo o exame mais importante

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na rotina vascular; detecta oclusão arterial aguda, TVP, pseudoaneurismas, etc.
- Arteriografia – exame invasivo, utilizado principalmente prévio à abordagem endovascular
- Angiotomografia – utilizado principalmente para aneurismas e dissecção de aorta
- Angioressonância – utilizado na impossibilidade de usar angiotomografia
Semiologia Venosa
Introdução

Nos membros inferiores (MMII) existe uma rede venosa superficial responsável pela drenagem
de 15% do sangue; contudo, nos membros superiores (MMSS), a rede venosa superficial é
responsável pela drenagem de 80% do sangue.

Doenças no sistema venoso superficial (SVS) muitas vezes são diagnosticados pela população
em geral, devido à facilidade de observação das veias acometidas. Problemas no sistema
venoso profundo (SVP), no entanto, podem não provocar sinais e sintomas no início do quadro
patológico. Por exemplo, pacientes acamados podem apresentar trombose e não manifestar
clínica visto que não deambulam constantemente.

Assim, a doença venosa e procura médica pode se relacionar por:

- O paciente procura o médico por problemas que podem ter origem venosa
- Paciente procura por outras causas, e a doença venosa é pesquisada como problema
secundário
- O médico procura ativamente doenças venosas (TVP) em pacientes acamados, traumas,
pós-operatório, pós-parto

[[[ Principais doenças venosas: varizes de MMII e TVP! ]]]

Anamnese
Sexo: varizes e TVP são mais comuns no sexo feminino.

Idade: pacientes com mais de 40 anos têm maior risco de TVP e de varizes. Se acometimento

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de crianças, sugere alterações congênitas.

Cor: existe evidências de maior probabilidade de varizes na cor branca quando comparado a
negros e mulatos.

Profissão: o ortostatismo prolongado aumenta o risco de varizes – cirurgiões, enfermeiros,


professores, etc.

Queixa de Varizes

A queixa principal de “varizes” pode significar muitas coisas:

- Veias varicosas propriamente ditas


- Veias reticulares da região poplítea
- Telangiectasias – problema estético
- Veias visíveis porém normais

A partir disso, o médico deve avaliar cada caso, lateralidade (uni ou bilaterais) e quando se
iniciaram.
Dor de Aparecimento Agudo

No caso de doença venosa, deve-se pensar em trombose venosa aguda:

- Dor sobre cordão palpável seguindo o trajeto de veia superficial sugere trombose venosa
superficial (TVS)
- Dor sobre o trajeto venoso profundo, principalmente à palpação, devido ao processo
inflamatório da parede venosa e tecidos vizinhos, sugere TVP.
- Dor muscular: ocorre em casos de TVP principalmente pela extensão do processo
inflamatório, com edema da musculatura dentro do compartimento aponeurótico
- Dor em todo o membro: altamente sugestivo de TVP!
- Dor na pele e subcutâneo: sugere infecções de pele (erisipela, celulite) ou dermatofibrose

Dor de Aparecimento Progressivo

Nesses casos, a dor piora quando aumenta a pressão venosa e melhora quando a pressão
venosa diminui:

- Paciente em pé, sentado com as pernas pendentes apresenta piora da dor


- Calor e período pré-menstrual aumentam a dilatação venosa e pioram a dor
- Elevação dos membros ou uso de compressão elástica melhora a dor

Muitas vezes, a queixa é somente de peso nas pernas no final do dia, que melhora facilmente
com drenagem postural. Cãibras noturnas podem se associar.

Nos indivíduos normais, a deambulação diminui a pressão venosa dos MMII. Nos pacientes
com varizes dos MMII compensadas, a queda de pressão ao andar é menor, mas referem
ausência ou melhora da dor.

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Claudicação venosa

Pacientes com hipertensão venosa intensa podem não apresentar queda da pressão ao
caminhar, ou até piora da dor pelo maior fluxo arterial. Nesses casos, apresentam dor já
quando em pé, e que pode piorar com deambulação – mesmo não sendo incapacitante. A
melhora ocorre somente com elevação dos MMII.

Diagnóstico diferencial da Dor

Na vigência de dor na perna, deve-se fazer o diferencial principalmente com:

- Dor de origem neurológica – lombociatalgia


- Dor de origem articular – artrites
- Dor de origem muscular
- Dor de origem ortopédica – pé plano

Diagnóstico diferencial do Edema

Basicamente, diferencia-se da seguinte maneira:

• TVP: agudo e frequente unilateral, pode ser discreto.


• Varizes de MMII: edema vespertino, melhor pela manhã.

É importante ressaltar que a queixa única de edema de membros inferiores deve ser melhor
explorada. Por exemplo, na vigência de sinais flogísticos, deve-se pensar em infecções de pele
e subcutâneo; já na vigência de edema bilateral, deve-se descartar hipóteses de insuficiência
cardíaca ou doença renal (síndrome nefrótica).

Prurido

Pacientes com insuficiência venosa crônica, devido à trombose ou mesmo varizes essenciais
dos MMII, podem referir prurido sobre trajetos venosos ou no terço distal da perna. Ele ocorre
por vasodilatação com liberação de aminas vasoativas, podendo estar acompanhado de
eczema seco ou úmido.

Alterações tróficas

Ocorrem principalmente as custas de microangiopatia:

- Hiperpigmentação
- Eczemas
- Dermatofibrose
- Úlcera venosa

Sintomas Respiratórios

Dispneia, dor torácica, tosse e hemoptise podem ocorrer por embolia pulmonar. Assim,
sintomas pulmonares em pacientes com diagnóstico ou sinais sugestivos de TVP impõe
diagnóstico de tromboembolismo pulmonar.

Fatores de risco para tromboembolismo venoso: idade acima de 40 anos, história prévia de

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TEV, pós-operatório de grande cirurgia, imobilização, infecção, neoplasias, obesidade, uso de
anticoncepcionais.

Outros Aparelhos

- Sintomas que possam sugerir neoplasias em qualquer órgão podem ser descobertos em
pacientes com diagnóstico de TVP, devido ao estado de hipercoagulabilidade
- Tumores abdominais podem fazer compressão venosa levando eventualmente a obstrução
de veias, causando estase sanguínea e varizes/tromboses
- Gravidez: pode cursar com aumento dos sinais e sintomas de varizes de MMII, visto que há
compressão das veias ilíacas e eventualmente da cava inferior.

Antecendentes Pessoais

- Cirurgias, partos, traumas, fraturas, períodos prolongados no leito – deve-se atentar à TVP,
fístula arteriovenosa e varizes secundárias.
- Neoplasias, colagenoses, anticoncepcionais hormonais, uso de drogas EV, fatores de
trombofilia – lembrar de TVP devido ao estado de hipercoagulabilidade dessas situações.
Antecedentes Familiares

Varizes de MMII apresentam tendência familiar, não por alteração genética, mas por
similaridade de hábitos de vida e biótipos. Como componente genético, lembrar
principalmente em pacientes jovens com TVP pelo risco de trombofilia.

Exame Físico
Posição do paciente

Varia de acordo com a suspeita diagnóstica:

- Em pé – avaliar varizes de MMII


- Decúbito dorsal – examinar sinais de TVP
- Em casos de TVS, não há posição de preferência

Inspeção

Alterações de cor: eritema se infecção de pele, hiperpigmentação por microangiopatia em


quadros de varizes de longa evolução.

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Legenda: perna com veias varicosas e hiperpigmentação em região medial.

Fonte: Doenças Vasculares Periféricas, 5ª ed. MAFFEI, F.H.A. et al. Editora Guanabara Koogan
Ltda (2016).

Cianose

• Flegmasia cerulea dollens: trata-se de trombose extensa do segmento iliofemoral. Com


isso, o membro se torna cianótico, frio e tenso, com dor intensa.
Palidez

• Flegmasia alba dollens: palidez por vasoespasmo arterial associada à TVP. Há dor e edema
do membro por trombose ileofemoral.

Manchas de cor vinhosa (hemangiomas): especialmente, relaciona-se com a síndrome de


Klippel-Trenaunay.

Alterações tróficas: eczema, dermatofibrose, úlceras – todas decorrentes da insuficiência


venosa crônica.

Úlcera venosa: localiza-se com maior frequência na face medial e terço inferior da perna.
Apresenta-se com bordos irregulares, indolor, fundo granulado e raso. Se infecção associada,
apresenta dor e sinais flogísticos. É o último estágio de lesão trófica em pacientes com varizes
de MMII.

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Legenda: úlcera venosa por varizes recidivada. Perceba as alterações tróficas que acometem o
membro – hiperpigmentação, dermtofibrose, eczema.

Fonte: Doenças Vasculares Periféricas, 5ª ed. MAFFEI, F.H.A. et al. Editora Guanabara Koogan
Ltda (2016).

CEAP: A presença de veias varicosas, telangiectasias, veias reticulares e/ou edema do quadro
de varizes é classificada pelo CEAP, método consagrado e clássico da angiologia e cirurgia
vascular.

#Classificação CEAP

Classificação de varizes baseada em Clínica, Etiologia, Anatomia e Fisiopatologia


(Physiopathology, do inglês).

Classificação Etiológica

As varizes podem ser congênitas, primárias ou secundárias.


Classificação Anatômica

Superficiais, profundas ou perfurantes.

Classificação Fisiopatológica

A fisiopatologia por trás das varizes pode ser por refluxo (insuficiência valvar), obstrução
(trombose venosa) ou ambas.

Classificação Clínica

0. Sem sinais de doença venosa


1. Telangiectasias ou veias reticulares
2. Veias varicosas
3. Edema
4. Lesões tróficas
4a: Hiperpigmentação e/ou eczema
4b: Dermatoesclerose
5. Úlcera venosa cicatrizada
6. Úlcera venosa aberta

Palpação

Pode-se observar:

- Aumento da temperatura nos casos de erisipela


- Edema com cacifo
- Frêmito se fístula arteriovenosa (FAV)

Percussão: não apresenta grande valor, apesar da literatura descrever algumas manobras

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como a de Schwartz.

Ausculta

Na suspeita de FAV, deve-se auscultar o local – confirma se sopro sistodiastólico. Outro sinal
descrito na literatura é o sinal de Alipio Correa Netto, que avalia insuficiência da valva da
junção safeno-femoral, auscultando sopro.

Manobras e Sinais

- Sinal de Homans: dor na panturrilha à dorsoflexão do pé, sugere TVP.

- Sinal de Olow: dor à compressão da panturrilha, sugere TVP.

- Teste de Brodie-Trendelemburg: avalia insuficiência da valva da junção safeno-femoral.

- Manobra de Perthes: avalia permeabilidade do sistema venoso profundo e competência das


valvas de veias comunicante-perfurantes.
Questões – Aula 10. Semiologia Vascular

10.1. Qual a sequência de alterações na cor da pele no fenômeno de Raynaud clássico?

a) Palidez – cianose – rubor

b) Palidez – rubor – cianose

c) Rubor – cianose – palidez

d) Rubor – palidez – cianose

e) Cianose – rubor – palidez

10.2. Qual dos abaixo não é um desencadeante do fenômeno de Raynaud?

a) Lupus eritematoso sistêmico

b) Trauma

c) Frio

d) Emoções

e) NDA

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10.3. “ao caminhar certa distância, há a necessidade de cessar a marcha por dor – a qual
ocorre por isquemia do membro. Após algum tempo em repouso, o paciente consegue
retornar a caminhar pela mesma distância, até que a dor surge novamente”. Qual o termo
clínico que descreve o texto?

a) Doença vascular periférica

b) Oclusão arterial crônica

c) Claudicação unilateral

d) Claudicação intermitente

e) Claudicação
10.4. Qual das alternativas abaixo contempla uma artéria cujo pulso não pode ser palpado?

a) Aorta

b) Radial

c) Braquial

d) Ulnar

e) NDA

10.5. Uma fístula arteriovenosa deve apresentar, ao exame físico:

a) Percussão submaciça

b) Sopro sistólico

c) Sopro diastólico

d) Pulso impalpável

e) Sopro sistodiastólico

10.6. Qual é o nome da manobra que avalia a perviedade das artérias antebraquiais? Licensed to Gustavo Caldas Barreto - contato.barreto@yahoo.com.br - 431.068.098-41

a) Phalen

b) Tinel

c) Hiperemia reativa

d) Allen

e) Perthes
10.7. Os sinais de Homans e Olow sugerem:

a) Trombose venosa superficial

b) Oclusão arterial aguda

c) Trombose venosa crônica

d) Trombose venosa profunda

e) Trombose arterial profunda

10.8. Qual doença venosa é caracterizada por dor sobre cordão palpável seguindo o trajeto
de veia supra-aponeurótica?

a) Trombose venosa superficial

b) Oclusão arterial aguda

c) Trombose venosa crônica

d) Trombose venosa profunda

e) Trombose arterial profunda

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10.9. Onde é palpado o pulso pedioso (tibial anterior)?

a) 2º espaço interósseo, lateral ao tendão extensor longo do hálux

b) 2º espaço interósseo, medial ao tendão extensor longo do hálux

c) 1º espaço interósseo, lateral ao tendão extensor longo do hálux

d) 1º espaço interósseo, medial ao tendão extensor longo do hálux

e) NDA
10.10. Qual dos achados abaixo NÃO está presente na doença arterial crônica?

a) Atrofia muscular

b) Espessamento de unhas

c) Diminuição de fâneros

d) Diminuição de espaços interósseos

e) NDA

10.11. Assinale a alternativa que relaciona de forma incorreta doença e fator de risco:

a) DAOP – dislipidemia

b) Tromboangeíte obliterante – tabagismo

c) Tromboangeíte obliterante – homens jovens

d) Varizes de membros inferiores – sexo feminino e idade acima de 40 anos

e) Varizes de membros inferiores – atletas

10.12. Qual das alternativas abaixo, normalmente, não faz diagnóstico diferencial com Licensed to Gustavo Caldas Barreto - contato.barreto@yahoo.com.br - 431.068.098-41
edema bilateral de membros inferiores?

a) Varizes

b) TVP

c) Insuficiência cardíaca

d) Síndrome nefrótica

e) NDA
10.13. Qual o tipo de úlcera que se localiza, com maior frequência, na face medial e terço
inferior da perna, com bordos irregulares, indolor, com fundo granulado e raso?

a) Úlcera arterial

b) Úlcera de Marjolin

c) Úlcera neuropática

d) Úlcera venosa

e) Gangrena úmida

10.14. Uma paciente com varizes de membros inferiores apresenta edema ++/4, mas sem
lesões tróficas. Qual é a classificação CEAP?

a) 4

b) 3

c) 2

d) 5

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e) 6

10.15. Qual das manobras avalia a permeabilidade do sistema venoso profundo e


competência das valvas de veias comunicante-perfurantes?

a) Brodie-Trendelemburg

b) Tinel

c) Hiperemia reativa

d) Allen

e) Perthes
10.16. Qual dos abaixo não faz parte do espectro clínico da doença varicosa?

a) Edema

b) Dermatofibrose

c) Telangiectasias

d) Hiperpigmentação

e) NDA

10.17. Sobre as lesões tróficas da doença arterial, assinale a alternativa correta:

a) A gangrena seca apresenta sulcos delimitados e precisos, com infecção associada

b) A gangrena úmida apresenta sulcos imprecisos, menos dor e, comumente, se associa com a
hipertensão arterial

c) Alteração de pele, queda de pelos, aumento dos espaços interósseos e espessamento de


unhas são lesões ditas crônicas da doença arterial

d) Geralmente, na vigência de gangrena, o índice tornozelo/braquial é maior que 0.2

e) A gangrena úmida apresenta sulcos delimitados e precisos, é dolorosa e comumente se


associa com a diabetes mellitus

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10.18. Sobre as lesões tróficas e características clínicas da doença varicosa, assinale a
alternativa incorreta:

a) A presença de edema confere um CEAP 3

b) Telangiectasias não apresentam grandes repercussões fisiológicas, mas principalmente


estéticas

c) Na doença de longa evolução, pode ocorrer dermatofibrose, eczema, úlceras e


hipopigmentação

d) As úlceras venosas ocorrem principalmente no terço distal da perna, representando o


último passo na evolução das varizes

e) O eczema pode ser acompanhado de prurido, resultando em escoriações


10.19. Um paciente com síndrome pós-trombótica devido a trombose venosa profunda
apresenta dor muito intensa à ortostase que piora gravemente com deambulação. Como é
descrito esse achado?

a) Claudicação intermitente

b) Edema

c) Claudicação venosa

d) CEAP 7

e) Todas erradas – paciente com doença venosa não apresenta dor para deambular

10.20. Masculino, 62 anos, tabagista de longa data, com antecedentes de claudicação


intermitente de marcha útil de 100 metros, procura o pronto-socorro com queixa de dor
intensa, frialdade, palidez e parestesia em perna direita, de início há 1 hora. Ao exame físico,
pulsos femorais e distais impalpáveis bilateralmente. Qual o diagnóstico?

a) Trombose venosa profunda

b) Dissecção de artéria femoral

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c) Oclusão arterial aguda trombótica

d) Oclusão arterial aguda embólica

e) Flegmasia alba dollens

GABARITO

1A 2A 3D 4E 5E 6D 7D 8A 9C 10D 11E 12B 13D 14B 15E 16E 17C 18C 19C 20C

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