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CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS

METODOLOGIA DO PROJETO
Cuidados de Saúde Primários
2021/2022

planeamento em saúde é um auxiliar fundamental da tomada de decisão, que permite a


racionalização dos recursos de saúde com equidade e eficiência. Enquanto processo
administrativo, preconiza a realização do diagnóstico da situação, definição de prioridades,
fixação de objetivos, seleção das estratégias e preparação operacional dos programas.

Ao nível local, os projetos que emergem da UC Cuidados de Saúde Primários terão em conta as
prioridades nacionais para as áreas de promoção da saúde, de estilos de vida saudáveis e a prevenção
de comportamentos nocivos; orientar-se-ão para apoiar os currículos, trabalhar acontecimentos de
saúde relevantes, devendo as ações ser dirigidas para o movimento, a funcionalidade, as atividades
e a participação de indivíduos, das suas comunidades e da população em geral, tendo em
consideração as suas necessidades.

Os projetos de promoção da saúde exigem planeamento de longo prazo e devem ser sucintos,
exequíveis, participados em todas as etapas do seu desenvolvimento, avaliados no final de cada ano
letivo e incluir sempre a gestão da sua qualidade. O desenho dos mesmos deverá obedecer a uma
‘metodologia de projeto ’e seguir as seguintes etapas do processo:
LOREM IPSUM DOLOR

ETAPAS DO PROCESSO
IDENTIFICAÇÃO DA ÁREA DE INTERVENÇÃO DO PROJETO
Justificação e fundamentação teórica sobre a pertinência do tema escolhido e sobre a sua
importância ao nível das políticas de saúde, dados epidemiologicos associados ao tema,
levantamento das necessidades (normativas, expressas e sentidas) e impacto na saúde através de
intervenções, tendo por base o conhecimento cientifico da Fisioterapia, devem estar na
fundamentação do projeto.

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LOREM IPSUM DOLOR

IDENTIFICAÇÃO DO(S) PROBLEMA(S)

• Caracterizar a gravidade do problema, tendo em conta que a ‘realidade’ é um todo complexo,


logo os dados devem ser de diversas origens (saúde, habitação, educação, atividades económicas,
etc.) e poder ser comparáveis;

• O diagnóstico local deve permitir desenhar uma intervenção baseada nos dados recolhidos, nos
recursos existentes, disponíveis e potenciais;

• Existindo mais do que um problema, avaliar a dimensão de cada um deles, em termos de


frequência e gravidade, e ponderar a adesão da comunidade, selecionando o que for considerado
prioritário e exequível por todos os parceiros.

IDENTIFICAÇÃO DOS OBJECTIVOS

• Os objetivos deverão corresponder às alterações que se querem promover. Pode ser um grande
objetivo que indica o sentido da mudança, quantificando-a, ou traduzir momentos de mudança;

• Os objetivos deverão ser explicitados em termos de espaço e de tempo, assim como de


destinatários.

• Os Objetivos fornecem uma direção. É o que se pretende modificar tendo em vista a melhoria
global da saúde e do bem-estar. Exemplo de objetivos:

A. Melhorar, em 2016, o consumo semanal de fruta pelos/as alunos/as do 1.º ciclo da


escola X;

B. Implementar, em 2016, a prática de atividade física moderada, durante 1 hora,


diariamente, dos/as alunos/as do 1.º ciclo da escola X. 2.

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SELECÇÃO DE ACTIVIDADES

• Nas atividades a realizar os indivíduos que integram a população alvo do projeto deverão ser
considerados como sujeitos-atores do processo educativo, contemplando as cinco dimensões das
teorias de promoção da saúde - organizacional, curricular, psicossocial, ecológica e comunitária -
e ter-se-á em conta que o projeto se deverá desenvolver em rede intersectorial;

• Para cada atividade, é importante especificar as tarefas necessárias à sua realização cabal e as
pessoas que a executarão.

• Indicadores: São instrumentos de medida que nos dão a ideia do caminho escolhido e da
distância que falta percorrer para se atingir os objetivos e as metas pretendidas. Os indicadores
permitem monitorizar e a avaliar os progressos obtidos e detetar campos de melhoria. São
definidos em função dos objetivos e para cada objetivo pode ser construído um ou mais
indicadores

• Exemplo de indicadores para os objetivos acima definidos:


a. Proporção/percentagem de alunos/as do 1.º ciclo da escola X que, em 2016, consumiram,
pelo menos, Y peças de fruta por semana i. Numerador - n.º de alunos/as do 1.º ciclo da
escola X que, em 2016, consumiram, pelo menos, Y peças de fruta por semana; ii.
Denominador - n.º total de alunos/as do 1.º ciclo da escola X.

b. Proporção/percentagem de alunos/as do 1.º ciclo da escola X que, em 2016, praticaram


atividade física moderada, durante 60 minutos, diariamente i. Numerador – n.º de
alunos/as do 1.º ciclo da escola X que praticaram, em 2016, atividade física moderada a
vigorosa, durante 60 minutos, diariamente; ii. Denominador – n.º total de alunos/as do 1.º
ciclo da escola X.

• Metas São objetivos quantificados. Devem ser claras, mensuráveis, realistas, temporalmente
limitadas e concordantes com os objetivos.

• Exemplo de metas para os objetivos definidos:

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a. Em 2016, 35% dos/as alunos/as do 1.º ciclo da escola X deverão consumir, pelo menos, Y
peças de fruta, diariamente;

b. Em 2016, 15% dos/as alunos/as do 1.º ciclo da escola X deverão praticar atividade física
moderada a vigorosa, durante 60 minutos, diariamente. Indicar em cada prioridade, os
objetivos, os indicadores e as metas.

• Plano de comunicação: A comunicação é vital em todas as fases do processo de construção de


um Projeto de Promoção da Saúde. O sucesso da comunicação verbal ou escrita depende da
clareza das mensagens que se pretendem passar, em função da sua finalidade, da capacidade de
compreensão e do nível intelectual dos seus destinatários, dos meios de comunicação e dos canais
de divulgação mais eficazes.

• Nesta medida, todos os componentes da comunicação devem ser claramente definidos, em


função dos objetivos a alcançar:

a. O emissor, as mensagens, os destinatários/recetores (órgãos da escola, parceiros,


comunidade educativa), os modos de comunicação (verbal e escrita);

b. Os meios, os materiais e os canais de comunicação (reuniões, ações de formação,


documentos, posters/flyers, jornais, rádio, televisão e internet); c. Os recursos
humanos e financeiros necessários. Registe os grupos-alvo (destinatários/recetores) e
as finalidades das mensagens, assim como os canais de divulgação a utilizar

• Elaborar o cronograma das atividades é indispensável.

CRONOGRAMA DO PROJETO
Regista o desenvolvimento do projeto e o planeamento das atividades. Pode ser único ou estar
dividido em 2: Projeto e Plano de Ação que se refere à planificação das atividades inerentes ao
projeto e à avaliação do impacto das mesmas.

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PREPARAÇÃO DE UM ORÇAMENTO PARA O PROJECTO


O orçamento refere-se ao conjunto de Recursos necessários para o desenvolvimento do Projeto:
estes Recursos são Humanos e Logísticos (espaços e materiais). A preparação do orçamento ajuda-
nos a identificar os possíveis parceiros para o Plano de Ação.

ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO DOS INDIVÍDUOS, DOS GRUPOS E DOS SERVIÇOS


• Saber ‘quem lidera o projeto’, ‘quem é o responsável por quem’, e ‘quem deve consultar quem’.

AVALIAÇÃO DO PROJECTO.

• Por cada objetivo, listar os principais indicadores a recolher, as pessoas que efetuam o registo e
tratam os dados.

• A avaliação da efetividade dos projetos de promoção da saúde deverá pôr em evidência o


processo e os resultados, considerando, nomeadamente:

∗ Em que medida o projeto teve a participação da comunidade educativa, contribuiu para a


mudança das políticas da escola e teve controlo de custos (dimensão organizacional);

∗ Em que medida o projeto desenvolveu uma abordagem holística do tema e melhorou as


práticas da escola (dimensão curricular);

∗ Em que medida tornou o ambiente escolar mais seguro e saudável (dimensão ecológica);

∗ Em que medida melhorou o relacionamento intra e interpessoal na escola (dimensão


psicossocial);

∗ Em que medida o projeto estabeleceu uma boa articulação com a comunidade extra-escolar
(dimensão comunitária);

∗ Em que medida o projeto aumentou as competências em saúde de alunos, pais e professores


e evidencia ganhos em saúde (indicadores de saúde positiva).

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1. A avaliação é parte integrante do projeto de PS e depende dos componentes anteriores do


processo de planeamento, nomeadamente dos seus objetivos, metas e atividades.

2. As necessidades, as prioridades e os resultados desejados com a promoção e educação para a


saúde podem mudar. Por isso, planear, adaptar e implementar o Projeto é um processo
permanente e contínuo que necessita de revisão, pelo menos, a cada 3-4 anos.

3. O planeamento da monitorização e avaliação do Projeto de PS é importante para definir os


responsáveis pela avaliação:

a. Externa: Universidade, Serviço de Saúde Pública;

b. Interna: Elementos do GT ou outros.

4. A monitorização e a avaliação devem fornecer a informação sobre:

a. Progresso das atividades;

b. Desafios e melhorias a implementar;

c. Efetividade da promoção e educação para a saúde em relação aos


objetivos e metas previstos.

5. Todas as fases do projeto devem ser avaliadas. A avaliação pode ser de processo e de resultado:
a de processo avalia em que medida as ações foram desenvolvidas conforme planeado (output),
a de resultado avalia em que medida as ações executadas tiveram impacto positivo na saúde
(outcome).

a. A avaliação do processo permite saber em que medida:

i.As necessidades e as prioridades foram identificadas;

ii. Os recursos foram devidamente identificados e mobilizados; i

iii. As políticas e as práticas atuais da escola foram devidamente avaliadas;

iv. As parcerias foram envolvidas no processo;

v. O planeamento das ações foi devidamente definido e implementado;

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vi. O plano de comunicação foi corretamente definido e implementado;

vii. As ações programadas foram realizadas;

viii. A monitorização e avaliação foram realizadas.

b. Para a avaliação de resultados, selecione um set de indicadores fiáveis e fáceis de


recolher regularmente e avalie:

Output: os resultados das atividades de promoção da saúde na escola. Por exemplo

i. O website da escola inaugurou uma secção sobre promoção da saúde;

ii. A escola criou um local próprio para estacionamento de bicicletas;

iii. O refeitório escolar tem mais opções e mais saudáveis.

Outcome: a consecução dos objetivos e o seu impacto na saúde. Por exemplo:

i. Aumentar a percentagem de alunos que nunca experimentou fumar;

ii. Aumentar a percentagem de crianças e jovens que toma o pequeno almoço,


diariamente;

iii. Aumentar a percentagem de alunos/as que pratica atividade física, diariamente.


Como instrumentos de avaliação pode utilizar questionários ou entrevistas a
representantes da comunidade educativa, observação, documentação, entre outros

A utilização da metodologia de projetos irá permitir às equipas de promoção da saúde desenvolver a


sua intervenção, adaptando-a a cada comunidade, ao mesmo tempo que envolve equipa,
comunidade e possíveis parceiros desde a sua conceção até ao momento da avaliação.

Os projetos de promoção da saúde devem ter em consideração os principais determinantes da


saúde e ter como referência os agentes ativos da mudança, o indivíduo, os pares, a família, o
contexto e a comunidade.

Estes projetos devem apoiar a descoberta do potencial de saúde e a procura de respostas


construtivas aos desafios do quotidiano, capazes de proporcionar:

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• competência, responsabilidade e sentido crítico, indispensáveis à opção e adoção de


comportamentos e estilos de vida saudáveis;

• saberes e resistências que permita o contacto e convívio diário com múltiplos fatores de
risco.

BIBLIOGRAFIA
PNSE 2006, Projeto
PNSE 2015, ANEXO 1 Metodologia de Trabalho por Projeto para Apoio à Promoção e Educação
para a Saúde na Escola (Adaptado do Manual ‘SHE online school manual. 5 steps to a Health
promoting school’)

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