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Universidade Católica de Moçambique

Faculdade de Ciências Sociais e Políticas de Moçambique


Contabilidade e Auditoria

Análise de Gestão de Risco na Concessão de Microcrédito aos empreendedores da cidade de


Quelimane: Caso de estudo Micro Crédito Wizo em Quelimane

Chanda Carlos Massande

Quelimane, Novembro de 2023


Universidade Católica de Moçambique
Faculdade de Ciências Sociais e Políticas de Moçambique
Contabilidade e Auditoria

Análise de Gestão de Risco na Concessão de Microcrédito aos empreendedores da


cidade de Quelimane: Caso de estudo Micro Crédito Wizo em Quelimane

Projecto de Pesquisa a ser submetido para


elaboração da Monografia científica na
Faculdade de Ciências Sociais e Políticas
(FCSP) da Universidade Católica de
Moçambique (UCM), como requisito para
obtenção do grau de licenciatura no curso
de Contabilidade e Auditoria.

Supervisora: dra. Tarcila Sorte

Quelimane, Novembro de 2023


Índice

1. Introdução.................................................................................................................. 5

1.1. Problematização ................................................................................................. 6

1.2. Objectivos .......................................................................................................... 6

1.2.1. Objectivo geral ............................................................................................... 6

1.2.2. Objectivos específicos .................................................................................... 6

1.2. Justificativa ........................................................................................................ 7

1.3. Relevância da pesquisa ...................................................................................... 7

1.4. Perguntas de pesquisa ........................................................................................ 8

1.5. Delimitação temática e temporal ....................................................................... 8

2. Revisão bibliográfica................................................................................................. 9

2.1. Marco conceptual ................................................................................................... 9

2.1.1. Crédito bancário ............................................................................................. 9

2.1.2. Microcrédito e suas características ................................................................. 9

2.1.3. Riscos em concessões de crédito .................................................................. 10

2.1.4. Origem e evolução histórica do crédito........................................................ 12

2.1.5. Intervenção financeira .................................................................................. 14

2.1.6. Análise de risco de crédito em instituições de microfinanças ...................... 14

2.1.7. Análise estratégica na gestão de risco .......................................................... 15

2.1.8. Modelo de gestão do risco de crédito ........................................................... 16

2.1.8.1. Modelo de gestão de risco de crédito dos cinco C's ................................. 16

2.1.8.2. Modelo de Credit Scoring ........................................................................ 17

2.2. Literatura empírica ........................................................................................... 19

2.3. Literatura focalizada ........................................................................................ 21

3. Metodologia ............................................................................................................ 22

3.1. Classificação da Pesquisa ................................................................................ 22


3.1.1. Quanto a natureza ......................................................................................... 22

3.1.2. Quanto a Abordagem do Problema .......................................................... 23

3.1.3. Quantos aos objectivos ................................................................................. 24

3.1.1. Quanto aos procedimentos técnicos ............................................................. 25

3.2. Universo populacional e amostra ..................................................................... 26

3.2.1. Participantes ................................................................................................. 26

3.2.2. Amostra ........................................................................................................ 26

3.3. Instrumentos de colecta de dados .................................................................... 27

3.3.1. Entrevista...................................................................................................... 27

3.1.1. Revisão bibliográfica.................................................................................... 28

3.4. Modelo de análise e interpretação de dados .................................................... 28

3.5. Aspectos Éticos (Legais) ................................................................................. 29

3.1. Cronograma de actividade ............................................................................... 30

3.2. Orçamento ........................................................................................................... 30

Referências bibliográficas .............................................................................................. 31


1. Introdução

Nos dias de hoje, tem se vivenciado um aumento significativo do nível ou volume dos
negócios e, como qualquer bom investimento rentável, um negócio necessita de lucros
para operar actividade e desenvolvimento, mas os lucros derivados do progresso de uma
actividade nem sempre são os lucros suficientes para manter esta mesma actividade nas
suas mais diversas áreas, (Blatt, 1999, p.34).

Assim, o crescimento do volume de negócios é acompanhado de uma certeza, de uma


forte necessidade de empréstimos para fazer face às mais diversas necessidades que os
rendimentos disponíveis provavelmente não conseguem satisfazer neste momento, por
outro lado, a recuperação destes empréstimos é um momento inevitável em que há
incerteza e, portanto, risco, para empresas com actividades de crédito.

No âmbito das suas operações, estas empresas, concedem crédito aos mutuários, com o
compromisso de pagar em data posterior, com riscos associados a contingências
diversas, como atrasos no pagamento do serviço, reduzindo a pressão sobre uma
cláusula limitada acordada no âmbito do contrato, bem como a acessibilidade técnica.

É neste âmbito que surge a presente pesquisa, a ser desenvolvida como um instrumento
de conclusão do curso em Contabilidade e Auditoria, administrada pela Universidade
Católica de Moçambique em Quelimane e tem como tema: Análise de Gestão de Risco
na Concessão de Microcrédito aos empreendedores da cidade de Quelimane: Caso de
estudo Micro Crédito Wizo em Quelimane.

O foco desta pesquisa, reside em delinear o processo de gerenciamento de risco de


crédito em uma cooperativa de poupança e crédito e analisar seus pontos positivos e
negativos por meio de um caso ilustrativo. Porque, uma vez concedido crédito ao
mutuário, o credor não pode simplesmente esperar que receba juros, mas sim procurar
estratégias para identificar o melhor mutuário e a perenidade de seu negócio.

A investigação partirá de um estudo da literatura sobre gestão de riscos e conduzirá a


um estudo de caso na referida empresa, para compreender os riscos envolvidos no
processo de concessão de crédito. Para o efeito serão utilizadas normas internas
aplicáveis, documentos anuais de planeamento de controlo interno,

5
formulários/checklists bem como diversos diálogos com os responsáveis pelo processo
para obter a melhor amostra possível.

1.1.Problematização

As instituições de microfinancas estão a operar num mercado onde a concorrência e o


risco de crédito constituem o grande desafio. Os empréstimos podem ou não
proporcionar os retornos desejados por razões quer do estado da economia, quer do
perfil do próprio cliente.

O reembolso dos créditos nas condições acordadas entre o banco e o cliente contribui de
forma significativa para o aumento de consumidores deste serviço e desenvolvimento
económico da sociedade, uma vez que com esse comportamento o banco passa a ter
maior disponibilidade financeira para fazer face a novas solicitações de crédito, porem,
ao contrario, em caso de clientes que tenha menos condições para honrar os seus
compromissos pode resultar num aumento de custos operacionais pela maior
necessidade de ser visitado.

A Micro Crédito Wizo, uma instituição especializada em Microfinanças, oferecendo


uma gama de produtos e soluções financeiras para atender as necessidades das micro,
pequenas e médias empresas, assim como varias outras instituições, não se encontra
imune a esses risco.

Diante do embasamento proferido à importância da gestão de risco nas instituições de


microcrédito levanta-se a seguinte pergunta: Quais são as estratégias adoptadas pela
Micro Crédito Wizo no âmbito da gestão de risco na concessão de crédito pelos seus
clientes em Quelimane?

1.2.Objectivos

1.2.1. Objectivo geral

 Analisar as estratégias adoptadas pela Micro Crédito Wizo no âmbito da gestão de


risco na concessão de crédito pelos seus clientes em Quelimane.

1.2.2. Objectivos específicos

 Identificar os tipos de risco de crédito incorridos pela Micro Crédito Wizo;

6
 Mostrar a evolução do micro crédito evidenciando os C's do crédito no processo de
analise de risco.
 Propor melhorias no actual sistema de gestão de risco da Micro Crédito Wizo.

1.2.Justificativa

A escolha do tema e do local em questão, reside pelo da autora, fazer parte, ou seja,
pertencer ao grupo de funcionários da instituição em estudo, o que significa que a
mesma, no seu quotidiano, tem vivenciado a saúde das estratégias da gestão de risco do
processo de crédito da Micro Crédito Wizo.

A justificativa para a realização deste trabalho deve-se ao impacto que o risco de crédito
tem na vida de uma instituição financeira e também pelo facto da autora da pesquisa ser
uma das participantes na gestão de risco da instituição em estudo, e, por acreditar que os
resultados deste trabalho possam ter possíveis contribuições no processo de gestão de
risco de crédito para a instituição.

A confiança bancaria fundamenta-se nesse princípio, que envolve a instituição


propriamente dita, seu universo de clientes, empregados e o público em geral, afinal,
confiança é um sentimento, uma convicção que se constrói ao longo do tempo, através
de acontecimentos e expectativas reais como pontualidade, honestidade, cumprimento
de regulamentos e compromissos assumidos. Para que esta confiança não seja traída, as
instituições de crédito adoptam uma política de crédito devido a vários factores, um
deles a necessidade de reduzir o risco de crédito em prol da sua continuidade.

O risco de crédito é o mais importante, influente e comum dos riscos a que esta sujeita a
actividade bancaria, na medida em que o crédito bancaria é o maior componente dos
activos dos bancos.

1.3.Relevância da pesquisa

Esta pesquisa vê-se como sendo relevante a partir do momento em que os dados
resultantes da pesquisa sirvam de ferramentas para um emponderamento estratégico no
âmbito de gerenciamento dos riscos na concessão de créditos nas instituições de
microfinanças.

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1.4.Perguntas de pesquisa

 Quais são os tipos de risco de crédito incorridos pela Micro Crédito Wizo?
 Até que ponto Mostrar a evolução do micro crédito evidenciando os C's do crédito
no processo de analise de risco.
 Quais são as melhorias a serem implementadas no actual sistema de gestão de risco
da Micro Crédito Wizo?

1.5.Delimitação temática e temporal

A pesquisa será realizada na Micro Crédito Wizo na cidade de Quelimane, e terá como
foco a análise de gestão de risco na concessão de microcrédito aos empreendedores em
quelimane dentro de um período de um ano concretamente 2021 a 2022.

8
2. Revisão bibliográfica

2.1. Marco conceptual

2.1.1. Crédito bancário

Na perspectiva de Antunes (2009), um empréstimo ou mútuo bancário é “o contrato


pelo qual o banco entrega ou se obriga a entregar uma determinada quantia em dinheiro
ao cliente, ficando este obrigado a restituir outro tanto do mesmo género e qualidade,
acrescido dos correspondentes juros”, (pp.497-498).

O crédito bancário pode ser classificado em directo ou indirecto., o directo baseia-se na


colocação de fundos por parte da instituição bancaria que podem ser utilizados pelas
empresas e particulares. Os descontos de letras, livranças e aberturas de créditos são
exemplos desta natureza de crédito. No crédito indirecto, a instituição poderá
eventualmente vir a desembolsar fundos caso o beneficiário de crédito não assuma os
seus compromissos. As garantias bancarias, os valores bancários e os aceites bancários
são exemplos deste tipo de crédito.

Quanto a garantia de crédito, podem ser:

 Reais – quando as garantias dadas estão relacionadas com a operação de crédito (o


penhor hipoteca)
 Pessoal – quando não existem bens específicos afectos a operação de crédito (a
fiança, o aval).
 Quanto a duração, o crédito pode ser classificado em:
 Crédito a curto prazo – com prazo menor a 1 ano.
 Crédito a médio prazo – com prazos maiores que 1 ano e menores que 5 anos.
 Crédito a longo prazo – com prazos maiores que 5 anos.

2.1.2. Microcrédito e suas características

Como vimos, os empréstimos tradicionais têm pouca acessibilidade para os mais


necessitados e o seu retorno apresenta taxas reduzidas. As razões para os retornos destes
empréstimos nem sempre se verificarem estão relacionadas com características
inadequadas do projecto, bem como a falta de incentivo e politização, que fez com que
os beneficiários do crédito consideram políticas generosas (Lipton et al., 1997).

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Segundo Yunus (2008), o microcrédito envolve a concessão de pequenos empréstimos
às pessoas mais pobre, sem exigência de garantias reais. Na sua forma mais comum, o
empréstimo é concedido para financiar as actividades produtivas do beneficiário do
empréstimo, com o objectivo de gerar ou aumentar o seu rendimento (Barone et al.,
2002).

O microcrédito pode ser descrito em três vertentes principais (Matos, Silva & Correia,
2010):

 Inclusão activa: permite que os participantes do projecto contribuam para o


fortalecimento da coesão social das comunidades, ao mesmo tempo que reforçam o
empoderamento de homens e mulheres nessas comunidades;
 Promover o desenvolvimento: é um instrumento de desenvolvimento, através da
criação de emprego e de iniciativas de pequenos negócios;
 Dinamizar a economia local: na medida em que se adapta de forma mais eficaz às
realidades territoriais do que outras medidas de política social, constitui uma
ferramenta essencial para a dinamização da economia local.

Além destas características, também podem ser descritos de acordo com outro tipo de
crédito:

 Crédito produtivo;
 Sistema de garantias;
 Ciclo orientado;
 Crédito adequado ao ciclo de negócio;
 Acção económica com impacto social.

2.1.3. Riscos em concessões de crédito

Conforme Maria (2008), a origem do risco de crédito pode ser muito diversa e
podemos, globalmente ordena-la da seguinte forma:

De origem geral, relacionada com a situação política económica nacional e


internacional, conflitos laborais, catástrofes naturais, revolução, conflitos
militares e outros; de origem particular, relacionada com a situação do cliente,
sua prestação, idoneidade, experiência profissional, capacidade e conhecimento
de gestão, situação económica financeira, posicionamento na concorrência e seu
grau de domínio ou dependência, condições de instalações e exploração da
empresa. (p.54).

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É óbvio que existe uma clara trade-off entre os riscos e os retornos. Os gestores de
banco preferirão os retornos mais altos para um dado nível de risco e o risco mais baixo
dado certo nível de retorno.

Segundo Bruett (2002), podem ser distinguidos 4 tipos de riscos na actividade bancaria:

 Risco ambiental – o risco ambiental é uma categoria de risco na qual o banco


deve prevenir-se, mas um controlo limitado. Os principais riscos são: legislativo e
regulamentais, económico e concorrenciais.
 Riscos de gestão – incluem riscos de desonestidade praticada por um gesto ou
empregado, o risco de que o banco não tenha uma efectiva organização, o risco de
que falte a administração a habilidade de fazer boas decisões e de uma forma
consistente, o risco de que o esquema de pagamento não ofereça incentivos de
gestão apropriados.
 Riscos de concessão – existem 4 riscos associados a concessão de serviços
financeiros: o risco operacional, referente a habilidade de um banco em conceder
os serviços financeiros de forma lucrativa. O risco tecnológico, refere-se ao risco
de os sistemas actuais de concessão poderem tornar-se ineficientes. O risco de
novos produtos, está associado a introdução de novos produtos e serviços. O risco
estratégico, relacionado com a habilidade do banco seleccionar áreas geográficas e
produtos que serão lucrativos para o banco num ambiente mais complexo futuro.

Risco financeiro - Existem 4 tipos de riscos financeiros enfrentados pelos bancos:

 Risco de liquidez, refere-se a comparação entre as necessidades de liquidez para


os fluxos de depósito incremental de empréstimos com as suas fontes actuais ou
potenciais de liquidez com base quer na venda de um título por si detido ou
aquisição de uma obrigação adicional. Quanto menor for o risco de liquidez
através da manutenção de um alto rácio de liquidez, menores serão os risco e
maior o lucro do banco.
 Risco de taxa de juro – está relacionado a mudança de retornos e valores dos
títulos e obrigações causadas por movimentos nas taxas de juro. Este risco pode
ser medido com o rácio dos títulos sensíveis aos juros e as obrigações sensíveis
aos juros.

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 Risco de capital – indica qual valor de títulos que ira declinar antes que a
posição dos depositantes e dos credores se torne problemática. Assim, um banco
com 10% de rácio de capital com títulos poderá enfrentar maior declínio no
valor dos títulos do que um banco com rácio similar de 5%.
 Risco de crédito – é definido o risco de que o juro e o capital principal do
empréstimo não seja pago como prometido. O risco de crédito tem duas
dimensões básicas: risco de transacção e risco de carteira.

O risco de transacção refere-se a organização do banco: a tecnologia creditícia e aos


termos e condições bancarias associadas a concessão de empréstimo (taxa de juro,
securities, etc).

O risco de carteira pode ser dividido em risco intrínseco e risco de concentração. O risco
intrínseco é e especifico a determinado tamodor de empréstimo, tal como a actividade
de negócios de clientes, o seu grau de endividamento, o seu mercado, etc. O risco de
concentração tem a ver com o montante ou proporção de uma carteira que esta
associada a certos sectores, áreas geográficas, etc. (Bruett, 2002).

2.1.4. Origem e evolução histórica do crédito

Pode-se sintetizar a origem do crédito, dizendo que tem sua origem etimológica no
termo latino “credere” que significa: acreditar, confiar (Cabido, 1999, p.39).

A confiança é assim a parti de um elemento base e fundamental em toda e qualquer


operação de crédito. O crédito presta apoio efectivo ao tecido social e empresarial,
satisfazendo necessidades individuais, facilitando as transacções comerciais,
fortalecendo o investimento e fornecendo a activação do consumo, a circulação, o
processamento e produção de bens e serviços.

Segundo Cabido (1999), “a concessão de crédito expressa-se pelas mais variadas e


inovadoras formas e utiliza os mais diversos instrumentos cada vez criativos e
sofisticados em razão das crescentes exigências da sociedade moderna”, (p.98). Apesar
de existir diversos pontos de vista para agrupar e caracterizar, para além dos variados
agentes que neles intervém. Apresentação gráfica do crédito segundo Cabido (1999):

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Modalidade de credito

Orgem/aplicaca Finalidade da Prazo Modalidades


o operacao especificas

Curto
Individual
Finalidade
da operacao Leasing
Medio

Comercial

Fin nec expl longo Factoring


da empresa

Industrial

Fin nec cap


Agricola e proprio
pesca

Predial/Imo Fin
biliario particulares

Investimento

Externo Bancario

O crédito bancário segundo cabido (1999), é efectivamente o verdadeiro motor e


mobilizador do crédito em geral, pois que todas as modalidades de créditos referidas são
praticadas ou mobilizadas nas suas diversas formas através de crédito. O crédito é o
principal financiador da actividade económica nacional, mobilizando os volumosos
recursos próprios e alheios de que o banco dispõe e para o que accionam diversos
mecanismos de intervenção.

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2.1.5. Intervenção financeira

Numa sociedade, os bancos constituem o principal canal de transferência de fundos de


poupadores que possuem excesso de fundos para os tomadores de empréstimos. As
unidades supervitárias e deficitárias tem desejos deferentes e específicos de serviços
financeiros, (Kwito, 1999). Tais desejos incluem tamanho, prazo, carácter legal,
mercantilidade, liquidez, divisibilidade e risco. As instituições que procuram responder
aos desejos das unidades supervitarias e deficitárias através de um processo de
transformação de depósito em vantagens são chamadas de intermediárias financeiras
(Ifs).

2.1.6. Análise de risco de crédito em instituições de microfinanças

Em microfinanças, a avaliação de risco de inadimplencia1 esta sedimentada na análise


de crédito tradicional, caracterizada por elementos qualitativos, porem especialmente
adaptada a essas instituições.

Segundo Kwito (1999), os principais aspectos considerados na análise de risco na


concessão de micro crédito dizem respeito aos cinco C's do crédito (Carácter,
Capacidade, Capital, Colateral, Condições), que no entanto, nas instituições de micro
crédito, buscam identificar características do empreendedor e do seu negócio. Portanto,
os cinco C's de crédito constituem factores de risco a serem considerados quando da
análise de risco de inadimplencia nas instituições de microfinanças, sendo a decisão
sobre a concessão de crédito ou renovação de crédito centrada na avaliação qualitativa
desses factores, (Kwito, 1999).

As pessoas são o princípio mais importante no empréstimo em uma instituição de


microfinanças por que a essência da realização de empréstimo reside na confiança, por
parte das instituições, no carácter do cliente tomador.

Disso decorre a necessidade de que a instituição adopte procedimentos para investigar a


integridade do tomador de empréstimo. Em relação aos últimos 3 C's- Capital, Colateral
e Condições – são importantes ao se estruturar o acordo de crédito e tomar a decisão
final de crédito, a qual é também afectada pela experiencia e o julgamento do analista
do crédito.

1
Quando o devedor não cumpre no termo convencionado as suas obrigacoes contratuais (Ferreira, 1988)

14
2.1.7. Análise estratégica na gestão de risco

Conforme Beja (2004), risco significa estar exposto a possibilidade de um resultado


negativo. Geriri o risco significa tomar acção deliberada para mudar as probabilidades
em favor próprio, aumentando as possibilidades de resultados positivos e reduzir as
probabilidades de resultados negativos.

Beja (2004), ressalta ainda que as estratégias fundamentais a considerar na gestão de


risco são:

 Prevenir risco – que é a estratégia mais óbvia. Nunca se deve correr um risco
que não tenha potencial de contribuição positiva. Quanto melhor preparados
para identificar e quantificar riscos, maior sucesso teremos no prevenir ou
identificar;
 Criar risco – corresponde ao aproveitamento de oportunidades atractivas em que
o ganho potencial justifica o risco. O objectivo de gestão de risco não é elimina-
lo mas sim exerce-lo controladamente;
 Comprar ou vender riscos – pode ser vantajoso adquirir uma posição de risco
com elevado potencial de ganho, como se pode alienar em um risco não
desejado assumindo uma perca imediata do valor;
 Diversificar riscos – é uma forma poderosa de gerir riscos, utilizada ao longo
dos séculos, de uma outra forma. Corresponde ao aforismo popular: não por
todos os ovos no mesmo cesto. Os bancos podem reduzir o risco de crédito
diversificando os seus empréstimos entre muitos sectores e mutuários. Há que
alargar a carteira de crédito pelos diferentes ramos de actividade económica.
 Concentrar risco – pode ser indicado quando existe capacidade para exercer
influência sobre o resultado a obter, especialmente quando tal depender de uma
também elevada concentração de atenção e de esforço;
 Compensar risco – pratica-se quando não se correr um risco elevado, se adquire
um risco correspondente de sentido contrario. Trata-se de uma opção com algum
perigo, pela dificuldade em contrar uma compensação perfeita e sem custos, e
que tem conduzido algumas instituições a assumir riscos elevados que acabam
por se mostrar desastrosos;

15
As gestões de risco impõem-se como um elemento essencial e irreversível do
processo de governação empresarial, porque:

 Minimizar os riscos no processo de tomada de decisão;


 Apoia e fundamenta importantes actos de gestão dos responsáveis de topo;
 Introduz transparência na prestação de informação aos accionistas e a todos os
Stakeholders interessados na criação de valor e no desenvolvimento
sustentável das empresas.

2.1.8. Modelo de gestão do risco de crédito

2.1.8.1.Modelo de gestão de risco de crédito dos cinco C's

Como dizem Weston e Brigham (2000), não importa qual seja a abordagem, os métodos
empregados para medir a qualidade do crédito envolvem a avaliação dos cinco Cs do
crédito.

O Carácter – refere-se a probabilidade de que os clientes honrarão suas obrigações.


Este factor considera-se importante porque cada transacção creditícia implica uma
promessa de pagamento. Indaga-se se os devedores farão um esforço honesto para pagar
suas dívidas ou fugirão com alguma coisa.

Capacidade – é o julgamento subjectivo das possibilidades de pagamento por parte do


cliente. Ele é avaliado em parte pelos registos passados dos clientes e métodos
empresariais, podendo ser suplementada pela observação real dos seus negócios.
Analises das demonstrações financeiras, com particular enfâse na liquidez e no
endividamento, são usadas para avaliar a capacidade do cliente.

Colateral (garantia real) – é representado pelos activos que os clientes podem oferecer
como garantia a fim de obter crédito. Quanto maior for o montante dos activos
disponíveis maior a chance que uma empresa tem de reaver seus recursos se o cliente
falta com sua obrigação.

Condições – referem-se tanto as tendências económicas gerais quanto ao


desenvolvimento especial em certas regiões geográficas ou sectores da economia que
poderiam afectar a capacidade dos clientes de atender as suas obrigações.

16
2.1.8.2.Modelo de Credit Scoring

Os modelos de Credit Scoring são sistemas que atribuem pontuações as variáveis de


decisão de um proponente, mediante a aplicação de técnicas estatísticas. Estas variáveis
podem ser dependentes ou independentes. A variável dependente é, em essência, a
probabilidade de inadimplencia e as variáveis independentes são factores associados a
forca financeira e a capacidade de liquidar a divida se for concedido crédito. Esses
modelos visam a segregação de características que permitem distinguir os bons dos
maus clientes (Lewis, 1992).

A partir de uma equação gerada através de variáveis referentes ao proponente de crédito


ou a operação de crédito, os sistemas de Credit Scoring, geram uma pontuação que
representa o risco de perda. O score que resulta da equação de Credit Scoring pode ser
interpretado como determinada pontuação estabelecida como ponto de corte ou
pontuação mínima aceitável.

Os modelos de Credit Scoring podem ser aplicados tanto a análise de crédito de pessoas
físicas quanto empresas. Quando aplicados a pessoas físicas, eles utilizam informações
cadastrais e de comportamento dos clientes. Já quando aplicados a empresas, são
utilizados índices financeiros como variáveis determinantes. Conforme ressalta
Sauderes (2000), a ideia é essencialmente a mesma: a pré-identificação de certos
factores-chaves que determinam a probabilidade de inadiplencia e sua combinação ou
ponderação para produzir uma pontuação quantitativa.

Sicsu (1998), frisa que a metodologia básica para o desenvolvimento de um modelo de


Credit Scoring não difere entre aplicações para pessoa física e jurídica, sendo que as
seguintes etapas devem ser cumpridas para o seu desenvolvimento:

1. Planeamento e definições: mercado e produtos de crédito para os quais serão


desenvolvidos os sistemas; finalidade de uso; tipos de clientes; conceitos de
inadimplencia a ser adoptado; horizonte de previsão do modelo;
2. Identificação das variáveis potenciais: caracterização do proponente ao crédito;
caracterização da operação; selecção das variáveis significativas para o modelo;
analise das restrições a serem consideradas em relação as variáveis;
3. Planeamento amostral e colecta de dados: selecção e dimensionamento da
amostra; colecta dos dados; montagem da base de dados;

17
4. Determinação da fórmula de Scoring através de técnicas estatísticas, como por
exemplo, a análise discriminante ou base de dados;
5. Determinação do ponto de corte, a partir do qual o cliente é classificado como
admimplemente ou bom pagador, em outras palavras, é o ponto do qual a
instituição pode aprovar a liberação do crédito.

O modelo de Credit Scoring são divididos em duas categorias: modelos de aprovação de


crédito e modelos de Scoring comportamental, também conhecido como Behavioural
Scoring (Saunders, 2000).

Segundo Thomas (2000), os modelos de Credit Scoring propiamente ditos são


ferramentas que dão suporte a tomada de decisão sobre a concessão de crédito para
novas aplicações ou clientes. Já os modelos Behaviourral Scoring auxiliam na
administração dos créditos já existentes ou seja, aqueles que já possuem uma relação
creditícia com a instituição.

18
2.2. Literatura empírica

Pesquisas recentes desenvolvido por Almeida e Conceição (2021), em torno de


controles internos e gerenciamento de risco em uma instituição financeira, os autores
foram considerando o protagonismo das instituições financeiras públicas, no
desenvolvimento económico e social de carácter nacional e regional, destaca-se dentre
suas funções: O financiamento de projectos habitacionais e agrícolas, atuam para
suavizar movimentos recessivos, concessão de microcrédito.

Uma vez que o propósito da pesquisa era de analisar o gerenciamento do risco de


crédito evidenciado nos relatórios de controles internos e gerenciamento de riscos da
instituição financeira, os autores optaram em aplicar uma pesquisa de carácter
documental nos oito relatórios que compunham o relatório de Gerenciamento de Riscos
e Capital referente a um período de tempo de exercício de um ano.

Entre os resultados, foi possível identificar que as práticas adoptadas pelo Controle
Interno se relacionam com as resoluções e normativas do Banco Central do Brasil e do
Conselho Monetário Nacional nos seguintes riscos: de crédito, de liquidez, de mercado,
além das práticas elencadas nos demais riscos.

Desta forma os autores concluíram que as únicas práticas exercidas sem que houvesse
uma regulamentação, são as relacionadas ao risco de contágio, estando este ligado a
possibilidade de um evento inicia uma série de perdas consecutivas e em cadeia de
organizações ou mercados, formando um sistema. Reconhecesse por fim as limitações
do estudo dado a característica de um estudo de um único caso.

Para o caso de Koné (2009), em sua trajectória académica decidiu estudar risco de
créditos e garantias no sector de Microfinancas. Da pesquisa, o autor pretendia
identificar as linhas de crédito e alternativas de garantias que se enquadram no
conceito das microfinanças, na busca de maior participação das micro e pequenas
empresas no crescimento económico e redução de riscos de crédito bancário para a
viabilização de empréstimos de alto risco.

Durante o desenvolvimento bibliográfico, foram levantadas teorias que de certa forma o


autor entendeu-se que os bancos aplicam os juros para diminuir o risco de não

19
pagamento por parte do contratante de financiamento e que o retorno esperado é
maximizado quanto mais altos forem os custos operacionais aplicados.

Por via da pesquisa de campo, foi possível demonstrar o quanto é vantajoso usar as
microfinanças para operações de baixo valor, devido à eficiente aplicabilidade.
Percebeu-se também que a implantação desta ferramenta económica pode e deve se
adequar à estrutura económica do banco, do país e a relação custo-benefício da
demanda existente.

O autor conclui que que a elevada taxa de juros cobrada pelos bancos é consequência
dos riscos envolvidos nas operações de crédito, da concorrência, das politicas e
estratégias de cada instituição. Mas uma elevação do custo do crédito aumenta os casos
de inadimplência, dificultando o acesso das MPEs no sistema financeiro. No sentido de
criar condições favoráveis tanto para a demanda quanto para a oferta de crédito, é
preciso combinar certo grau de modernidade e adequação das instituições financeiras
ou organizações públicas e privadas, com boas práticas de políticas sociais e
democráticas.

20
2.3. Literatura focalizada

Pesquisa referente a gestão de risco bancário na literatura Moçambicana são bastantes


modernas, a exemplo disso tem o caso da pesquisa desenvolvido por Muiambo (2011)
no Banco Comercial e de Investimento (BCI), que tinha como tema gestão de risco de
crédito.

O referido estudo foi desenvolvido com o objectivo de identificar modelos de gestão de


risco de crédito aplicados pelo BCI, tendo como referência modelos internacionais
conhecidos.

Para alcançar os resultados esperados da investigação foram analisados os seguintes


factores: processo de concessão de crédito ao BCI, fontes e aspectos do risco de crédito
na perspectiva do BCI, como o BCI encara a protecção de perdas futuras decorrentes de
empréstimos, bem como a aplicabilidade e funcionamento do risco de crédito modelos
de gestão aplicados pelo BCI.

Os modelos internacionais de gestão de risco de crédito que serviram de referência para


a presente pesquisa distinguem se em tradicionais e modernos (novos), sendo os
modelos tradicionais de gestão de risco de créditos os seguintes: o sistema especialista,
o sistema de classificação e, o sistema de credit scoring. Os novos modelos
identificados como de referência para desvendar o aplicado pelo BCI são: credit
monitor da KMV corporation, e credit metrics do J.P. Morgan.

Após a realização do estudo, embora o BCI tenha políticas que visam aplicar mais
modelos de gestão de risco de crédito, conclui-se ainda que o modelo actualmente
utilizado e aplicado à situação e condições que o mercado moçambicano oferece é o
modelo tradicional de gestão especializada. pelo facto do BCI tomar decisões de crédito
com base na selecção e análise de determinados factores-chave, atribuindo-lhes pesos
subjectivos.

Portanto, recomenda-se basicamente aprimorar o actual modelo de gestão de risco de


crédito, padronizando e atribuindo pesos aos factores-chave, devido à sua
subjectividade, pois os resultados da análise factorial dependem do conhecimento de
cada especialista (gerente de conta, analista de crédito), técnico de riscos, entre outros).

21
3. Metodologia

Método na opinião de Gil, (1999) “é um procedimento, ou melhor, um conjunto de


processos necessários para alcançar os fins de uma investigação” (p. 47). Em outras
palavras, a metodologia consiste em uma meditação em relação aos métodos lógicos e
científicos, visto que o termo metodologia interliga-se aos métodos, que é o conjunto de
etapas e instrumentos que ajudam a alcançar os objectivos pré-definidos, (Gil, 1999).

Como abordado, este ponto da pesquisa, consiste em apresentar os métodos e


instrumentos de colecta de dados que serão usados para formalizar este trabalho no
âmbito científico como um trabalho que possui um impacto socioeconómico, pelo facto
de abordar uma temática relacionada com um dos sectores bastante importante do país.

Como já mencionado, este ponto da pesquisa, consiste em apresentar os métodos e


ferramentas de recolha de dados utilizados para formalizar o estudo no campo científico
como um estudo com implicações socioeconómicas.

3.1.Classificação da Pesquisa

Segundo o manual de Gerhardt e Silveira (2009), as pesquisas podem ser classificadas


quanto a abordagem, quanto a natureza, quanto aos objectivos e quanto aos
procedimentos.

3.1.1. Quanto a natureza

Quanto a natureza, a pesquisa será de carácter aplicada. Segundo Gerhardt e Silveira,


(2009) “pesquisa aplicada objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática, dirigidos
à solução de problemas específicos. Envolve verdades e interesses locais.” (p.35)

Esse tipo de pesquisa é útil para encontrar soluções para problemas quotidianos,
geralmente direccionado para a um problema. A pesquisa aplicada contrasta-se com
a pesquisa básica/pura ao discutirem-se ideais, metodologias, programas e projectos de
pesquisa.

Devido a seu foco prático, a pesquisa aplicada é encontrada na literatura associada com
disciplinas individuais.

22
3.1.2. Quanto a Abordagem do Problema

A primeira classificação de uma pesquisa deve ser em relação à abordagem. As


pesquisas científicas sempre podem ser quantitativa e quantitativas, ou ainda, agregar as
duas classificações (mista). A escolha vai depender da área, do objecto e dos objectivos
da pesquisa.

A pesquisa quantitativa considera que tudo pode ser quantificável, o que significa
traduzir em números, opiniões e informações para classificá-las e analisá-las, isto é, na
visão de Gerhardt e Silveira (2009), a pesquisa quantitativa considera elementos
quantificáveis, o objectivo da pesquisa é analisar fenómenos a partir de quantificações,
normalmente através de ferramentas estatísticas.

A pessoa pesquisadora, nesse caso, é apenas um observador, que não pode analisar os
dados de forma subjectiva. A função dele é de simplesmente apresentar os resultados, a
partir de uma estrutura, como tabelas e gráficos.

Por seu turno, a pesquisa qualitativa segundo Gerhardt e Silveira (2009), considera que
existe uma relação entre o mundo e o sujeito além daquela traduzida em números. Nessa
abordagem, o objectivo central da pesquisa é entender a explicação de algum fenómeno.
Ou seja, há subjectividades e nuances que não são quantificáveis.

Então, essa modalidade de pesquisa é descritiva, a partir de análises, de maneira geral,


indutivas. Nesse caso, as formas de colecta de dados são menos rígidas e menos
objectivas. A própria pessoa pesquisadora que faz a colecta e a interpretação das
respostas subjectivas das pessoas entrevistadas.

Para a condução deste trabalho será aplicada de preferência o método qualitativo,


porem, de certa forma recorrer-se-á a dados fornecidos pelo método quantitativo, em
outras palavras, é uma pesquisa mista com inclinação a qualitativa. A utilização dos
métodos de pesquisa qualitativos e quantitativos tem por objectivo generalizar os
resultados qualitativos, ou aprofundar a compreensão dos resultados quantitativos, ou
corroborar os resultados (qualitativos ou quantitativos).

Minayo (2000), a combinação de técnicas quantitativas e qualitativas torna uma


pesquisa mais robusta e reduz os problemas que podem surgir na aplicação de apenas
uma delas. A ausência do método qualitativo em pesquisas da área de Ciências Sociais

23
pode empobrecer a visão do pesquisador quanto ao contexto em que ocorre o fenómeno.
Entretanto, para a pesquisa em questão optou-se pela pesquisa quali-quantitativa pelo
facto de esta união proporcionar resultados com maior cientificidade possível.

3.1.3. Quantos aos objectivos

Segundo Gerhardt e Silveira (2009), uma pesquisa quanto aos objectivos podem ser
classificadas em exploratória, explicativa e descritiva.

Para o presente estudo, será aplicada pesquisa descritiva, a mesma, segundo Gil (2007,
p. 43), objectiva caracterizar certo fenómeno, por exemplo, descrevendo as
características de um determinado grupo populacional. A pesquisa descritiva exige que
o pesquisador forneça muitas informações sobre o que deseja estudar. Este tipo de
pesquisa visa descrever os acontecimentos e fenómenos de uma determinada realidade
(Triviños, 1987).

Entretanto, se propõe em analisar e descrever as características, elementos e factores


influenciadores das microfinanças como solução prática ao desenvolvimento das Micro
e Pequenas Empresas e, consequentemente, das economias nacionais.

A pesquisa pode também ser considerada de carácter exploratório dado que se busca
conhecer um fenómeno sobre o qual existem poucas observações. A pesquisa
exploratória, conforme salienta Triviños (1987), “os estudos exploratórios permitem ao
investigador aumentar sua experiência em torno de determinado problema. O autor
destaca que pode servir ainda para levantar possíveis problemas de pesquisa”. (p. 109)

Esse tipo de pesquisa é desenvolvido com o objectivo de proporcionar visão geral


acerca de determinado fato. É realizado especialmente quando o tema é pouco
explorado e torna-se difícil sobre ele formular hipótese, a modalidade exploratória da
pesquisa utiliza bastante o método de estudo de caso. (Gil, 1999).

Por outro lado, Saunders, Lewis e Thornhill (2000) afirmam que a pesquisa se
desenvolve principalmente por meio de pesquisa bibliográfica e enfatizam um
diagnóstico minucioso da literatura. Encontre informações sobre os detalhes do
fenómeno em estudo por meio de conversas com outros pesquisadores especialistas na
área. Em seguida, realizamos entrevistas em grupos focais.

24
Os resultados a serem obtidos da presente investigação servirão de base para uma
melhor compreensão do problema e como subsídios com vistas a mais elaborações e
estudos tendo em vista a importância da actuação das Micro e Pequenas Empresas no
desenvolvimento económico. Segundo Marconi e Lakatos (2002), na concepção de
especialistas em metodologia de pesquisa, a pesquisa exploratória é recomendada em
casos em que existe pouco conhecimento acumulado sobre o objecto em estudo.

O trabalho proporcionara maior familiaridade com o problema com vistas a torná-lo


explícito e/ou construir hipóteses. O risco de crédito aplicado às microfinanças no
segmento das Micro e Pequenas Empresas pode ser considerado como uma actividade
de crucial importância para as instituições devido às dificuldades de conceder
empréstimos aos agentes deste segmento que apresentam alto risco de operação.

3.1.1. Quanto aos procedimentos técnicos

Quanto aos procedimentos técnicos, optar-se-á por um estudo de caso por ser
apropriado ao permitir fazer analisar dos factores organizacionais referentes as
estratégias adoptadas pela Micro Crédito Wizo no âmbito da gestão de risco na
concessão de crédito pelos seus clientes em Quelimane.

Não obstante, o estudo de caso tem como objectivo de analisar um determinado


processo dentro de um único ambiente, bem como os sujeitos envolvidos nesse
processo.

De acordo com Yin (2010), a preferência pelo método de Estudo de Caso deve ser dada
quando do estudo de eventos contemporâneos, em situações onde os comportamentos
relevantes não podem ser manipulados, mas onde é possível se fazer observações
directas e entrevistas sistemáticas.

Um estudo de caso envolve um estudo aprofundado e abrangente de um assunto. O


objectivo é aprofundar o tema.

Por isso é amplamente usada nas ciências biomédicas e sociais, visto que tem o foco em
conhecer com profundidade o como e o porquê de uma determinada situação que se
supõe ser única em muitos aspectos.

25
Um exemplo de estudo de caso são as pesquisas que visam compreender as
características e o estilo de vida de pacientes submetido a cirurgia de remoção da
vesícula biliar.

3.2.Universo populacional e amostra

3.2.1. Participantes

O universo populacional da pesquisa é um conjunto de pessoas que tenham no mínimo


características em comum. É neste sentido que se afirma que a “população ou universo
populacional da pesquisa é a totalidade de indivíduos que possuem características
definidas para um determinado estudo.” (Marconi & Lakatos 2001, p.96).

Neste caso, o universo populacional será constituído pelos funcionários da Micro


Crédito Wizo, ou seja, credores e devedores da Micro Crédito Wizo na cidade de
Quelimane.

3.2.2. Amostra

Uma amostra pode ser definida como um subconjunto finito de uma população, uma
porção seleccionada do número total de observações cobertas pela população, a partir da
qual é feito um julgamento ou inferência sobre as características da população (Marconi
& Lakatos 2001, p. 96).

Nesta ordem de ideia, constituirá amostra, uma parcela dos devedores, isso é 15
devedores, 1 Gerente e 1 analista e 3 funcionários da Micro Credito Wizo.

Será aplicada amostragem por acessibilidade por parte devedora e intencional para os
funcionários da Micro Crédito Wizo e amostragem intencional para os funcionários da
instituição em alusão.

A amostragem por acessibilidade ou por conveniência, que, segundo Gil (2008), é a


menos rigorosa de todos os tipos de amostragem. Por esta razão, carece de qualquer
rigor estatístico. O pesquisador escolherá aqueles elementos aos quais tem acesso,
assumindo que esses elementos, de uma forma ou de outra, podem representar o
universo. Este tipo de amostragem é aplicado em estudos exploratórios ou qualitativos,
onde não é necessária alta precisão.

26
3.3.Instrumentos de colecta de dados

Segundo contextos de Pardal e Correia (1995), técnicas e instrumento são coisas


diferentes mas andam sempre juntos, entretanto, o termo técnica aplica-se no sentido de
um conjunto de procedimentos para a recolha de dados, por outro lado, recorre-se ao
instrumento enquanto objecto palpável utilizado nas diversas técnicas para obter os
dados.

Das técnicas e instrumento de recolha de dados disponíveis propostas pelo Pardal e


Correia (1995) são a Observação participante, entrevista, questionários, levantamento
bibliográfica, etc.

Para o estudo, será optado em aplicar a administração de questionários/entrevistas e o


levantamento bibliográfico.

3.3.1. Entrevista

Uma entrevista é um encontro entre duas pessoas para que uma delas possa obter
informações para elas relacionado a um determinado tema. Para Lakatos e Marconi,
(2003) a entrevista, “é um procedimento utilizado na investigação social, para a colecta
de dados ou para ajudar no diagnóstico ou no tratamento de um problema social.

Este método consiste no desenvolvimento de precisão, focalização, fidedignidade e


validade de certo acto social como a conversação. Trata-se, pois, de uma conversação
efectuada face a face, de maneira metódica; proporciona ao entrevistado, verbalmente, a
informação necessária (Goode & Hatt, 1969).

A entrevista é importante instrumento de trabalho nos vários campos das ciências


sociais ou de outros sectores de actividades, Pesquisa de Mercado e outras.

Para a colecta de dados, far-se-á entrevistas com pessoas que tiveram ou ainda têm
experiências práticas com o problema pesquisado. Neste caso, os entrevistados são
gerentes de empresas deste segmento e um analista de crédito da caixa económica
assim como os clientes.

27
3.1.1. Revisão bibliográfica

A revisão bibliográfica, considerada uma fonte de colecta de dados secundários, pode


ser definida como: contribuições culturais ou científicas realizadas no passado sobre um
determinado assunto, tema ou problema que possa ser estudado (Lakatos & Marconi,
2001, p.182).

Para a realização da presente pesquisa a autora basear-se-á em: manuais científicos


referentes a gestão de risco de crédito já publicados, revisão dos processos dos clientes
internos, artigos científicos que contem conteúdos sobre situação de acidentes de
trabalho e diversos.

3.4.Modelo de análise e interpretação de dados

Para a análise dos dados obtidos das entrevistas semi-estruturada optar-se-á por uma
análise de conteúdo que, segundo Bardin (2009), é um conjunto de técnicas de análise
das comunicações visando obter, através de procedimentos sistemáticos e objectivos de
descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou qualitativos) que
permitam inferir conhecimento sobre as condições de produção/recepção (variáveis
inferidas) dessas mensagens.

Esta análise de conteúdo da entrevista semi-estruturada, abarcara todo o campo obtido


dos gestores e colaboradores activos há mais de cinco anos, com vista a delimitar os
segmentos textuais com os quais se trabalha na análise temática, tendo em conta os
objectivos da pesquisa.

Todo o material recolhido numa pesquisa qualitativa ou quantitativa é geralmente


sujeito a uma análise de conteúdo, que constitui um procedimento neutro, decorrendo na
forma de tratamento de material paradigmático de referência. A análise de conteúdo
visa estruturar e organizar o material recolhido, a partir da formulação de categoria e
sub-categorias de análise partindo do quadro teórico produzido mediante a revisão da
literatura (Guerra, 2006).

Para análise de conteúdo das entrevistas semi-estruturadas, a grelha de análise será


organizada da seguinte maneira: Tema, categoria, sub-categoria, unidade de registo e
frequência. As perguntas de investigação desenhadas e usadas na recolha de dados
foram denominadas por categorias. As sub-categorias serão as questões relacionadas

28
com as categorias em análise. Considera-se unidade de registo, as respostas dos
entrevistados e frequência o número de vezes que os entrevistados respondem às
questões colocadas em determinado assunto.

3.5.Aspectos Éticos (Legais)

Esta pesquisa contara com todos os procedimentos éticos, desde a aprovação do tema
pelo Conselho Científico da Faculdade até a autorização de realização da pesquisa.

O uso das abordagens na pesquisa suscita uma série de questões éticas decorrentes da
interacção do pesquisador com os sujeitos pesquisados (Quivy e Campenhoudt, 2008). É
por isso que, durante o processo de recolha de dados, levamos em consideração vários
aspectos éticos, tendo o cuidado de proteger a identidade dos entrevistados e garantindo
a confidencialidade das informações fornecidas (Lima, 2006).

Nesta vertente Bogdan e Biklen (1994, p.77), salientam que “as identidades dos sujeitos
devem ser protegidas para que a informação que o investigador recolhe não possa
causar-lhes qualquer tipo de transtorno ou prejuízo”.

Para garantir o anonimato dos funcionários e clientes serão codificados da seguinte


forma: Cl1, Cl 2, Cl 3….. Cl n como sendo clientes e F1, F2, F3….Fn como sendo
funcionários funcionários da Micro Crédito Wizo.

29
3.1.Cronograma de actividade

Anos
Actividades 2022-2023
Novembro Dezembro Janeiro
Reformulação do projecto
Leitura da bibliografia
Colecta de dados do campo
Analise dos dados
Elaboração do sumário provisório
Redacção da 1ª versão do texto
Redacção do texto
Redacção definitiva
Defesa

3.2.Orçamento

Itens Valor

Caderno formato A4 75.00 MT

Esferográfica Bic 15.00 MT

Cópias de manuais 1500.00MT

Digitação 1250.00 MT

Impressão 1250.00 MT

Encadernação 700.00 MT

Transporte 1700.00 MT

Alimentação 1800.00 MT

Total 8.290.00 MT

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Referências bibliográficas

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