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Irene Nurtaqui Grave

Empréstimo obrigacionista como fonte de financiamento das grandes empresas: um


estudo de caso da empresa Bayport Financial Services Mozambique (Mcb) S.A,
empréstimos do período de 2019 -2021

(Licenciatura em Gestão de Empresas com Habilitação em Gestão Financeira)

Universidade Rovuma
Nampula
2022
Irene Nurtaqui Grave

Empréstimo obrigacionista como fonte de financiamento das grandes empresas: um


estudo de caso da empresa Bayport Financial Services Mozambique (Mcb) S.A,
empréstimos do período de 2019 -2021

(Licenciatura em Gestão de Empresas com Habilitação em Gestão Financeira)

Monografia científica a ser entregue e


apresentada na Faculdade de Ciências
Económicas e Empresariais, para a
obtenção do grau de Licenciatura em
Gestão de Empresas com Habilitação em
Gestão Financeira.

Supervisor: MBA, António Missomal

Universidade Rovuma

Nampula

2022
Índice

LISTA DE TABELAS ............................................................................................................... 6

LISTA DE GRÁFICOS .............................................................................................................. 7

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................ 8

LISTA DE ABREVIATURAS E ACRÓNIMOS ...................................................................... 9

DECLARAÇÃO ....................................................................................................................... 10

DEDICATÓRIA ....................................................................................................................... 11

AGRADECIMENTO ............................................................................................................... 12

RESUMO ................................................................................................................................. 13

CAPÍTULO I: ANTECEDENTES E MOTIVAÇÃO .............................................................. 14

1.1. Introdução .......................................................................................................................... 14

1.2. Delimitação do tema .......................................................................................................... 15

1.3. Justificativa ........................................................................................................................ 15

1.4. Problematização................................................................................................................. 16

1.5. Objectivos .......................................................................................................................... 16

1.5.1. Objectivo Geral............................................................................................................... 16

1.5.2. Objectivos Específicos ................................................................................................... 16

1.6. Hipóteses da Pesquisa........................................................................................................ 17

1.7. Questões de pesquisa ......................................................................................................... 17

CAPÍTULO II: REVISÃO LITERÁRIA ................................................................................. 18

2.1. Empréstimos obrigacionistas ............................................................................................. 18

2.1.1. Obrigações ...................................................................................................................... 19

2.1.2. Mutuante e mutuário....................................................................................................... 19

2.1.3.Características dos empréstimos obrigacionistas ............................................................ 20

2.1.4. Vantagens e desvantagens de empréstimos obrigacionistas ........................................... 21

2.2. Benefícios na adesão ao empréstimo obrigacionista) ........................................................ 22


2.3. Condições de emissão........................................................................................................ 22

2.3.1. Garantias Possíveis ......................................................................................................... 23

2.4. Taxa de juro ou taxa de cupão ........................................................................................... 23

2.5. Normas internacionais de relato financeiro sobre empréstimos obrigacionista ................ 23

2.6. Riscos e vantagens associadas às obrigações .................................................................... 24

2.6.1. Na óptica do emitente ..................................................................................................... 24

2.6.2. Na óptica do investidor ................................................................................................... 25

2.7. Bolsa de Valores de Moçambique (BVM) ........................................................................ 25

2.7.1. Requisitos de admissão à bolsa de valores ..................................................................... 26

2.7.2. Vantagens mais significativas das empresas obterem financiamento por via da BVM,
comparando com outras formas de financiamento ................................................................... 26

2.7.3. Sociedade Anónima (S.A) em Moçambique .................................................................. 27

2.7.4. Características de uma sociedade anónima .................................................................... 28

2.8. Caracterização do Mercado de obrigações da Bolsa de Valores em Moçambique ........... 29

2.9. Custos associados a emissão de uma obrigação privada ................................................... 29

2.9. Custos Relativos A Operação De Um Empréstimo Obrigacionista .................................. 29

CAPITULO III: METODOLOGIAS DE PESQUISA ............................................................. 31

3.1. Tipo de Pesquisa ................................................................................................................ 31

3.1.1. Quanto a abordagem ....................................................................................................... 31

3.1.2. Quanto aos objectivos..................................................................................................... 31

3.1.3. Quanto a natureza ........................................................................................................... 32

3.1.4. Quanto as fontes de informação ..................................................................................... 32

3.2. Processo de amostragem .................................................................................................... 32

3.2.1. População e amostra da pesquisa.................................................................................... 32

2.2.2. Tipo de amostra .............................................................................................................. 33

3.3. Instrumento e Técnicas de colecta de dados ...................................................................... 33


3.3.1. Instrumento de colecta de dados ..................................................................................... 33

3.3.2. Técnicas de Colecta de Dados ........................................................................................ 33

3.4. Limitações do Estudo ........................................................................................................ 34

3.5. Tratamento ético ................................................................................................................ 34

CAPÍTULO IV: ANALISE E INTERPRETAÇÕES DE DADOS .......................................... 35

Bibliografia ............................................................................................................................... 36
LISTA DE TABELAS
LISTA DE GRÁFICOS
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE ABREVIATURAS E ACRÓNIMOS

BAYPORT, S.A.- Bayport Financial Services Moçambique (Mcb) S.A

S.A.- Sociedade Anónima

BVM- Bolsa de valores de Moçambique

CMVM – Comissão do Mercado de Valores Mobiliários


DECLARAÇÃO

Declaro que esta Monografia Científica é o resultado de uma investigação da minha autoria,
com base nas orientações de um supervisor que foi indicado para o efeito. O seu conteúdo é
original e todas referências bibliográficas consultadas estão mencionadas devidamente no
texto e na bibliografia final.

Declaro ainda que este trabalho até ao momento da defesa não foi apresentado em nenhuma
outra instituição para obtenção de qualquer grau académico.

Nampula, aos ____ de _____________ de 2022

Autor:

________________________________

(Irene Nurtaqui Grave)

Supervisor:

________________________________

(MBA, António Missomal)


DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todos apaixonados por gestão, finanças e o mercado de capitais.
AGRADECIMENTO

Agradeço a Deus pela vida e oportunidade de poder terminar este trabalho científico.

À Maria da Glória do Céu Grave, minha Mãe pela força, companhia em todos os momentos.
Ao Petrolino Grave do Espírito Santo, meu irmão por toda ajuda, ao meu Tio José Armando
do Céu Grave pelo apoio e por toda educação formal e informal. Ao meu marido, Nilesh
Dilipkumar Shah pelo suporte.

Ao meu supervisor MBA. António Missomal pela paciência que teve durante o percurso da
elaboração deste trabalho, que com muita dedicação manteve-se presente durante a realização
deste trabalho.

A minha mentora de carreira Aurora Malene, pelo apoio na realização deste trabalho. Aos
amigos: Joel Osório Rosário, Esperança Vicente Rafael, Abdulah Johahar Ebraimo,
Belarmina da Graça Rosário Inlala, Lindoso Emílio, Swabira Nuro e Abdul Gastão pelo apoio
e por fazerem parte do meu percurso académico.

A todos que contribuíram directa ou indirectamente para a concretização desta monografia, o


meu Muito Obrigado.
RESUMO

O presente trabalho visa compreender até que ponto o empréstimo obrigacionista pode ser
uma alternativa de financiamento de médio e longo prazo para as empresas em Moçambique.

A relevância da presente pesquisa está no facto de poder, quantitativamente assim como


qualitativamente mostrar os custos associados ao financiamento obrigacionista, o que poderá
orientar melhor os gestores de empresa no processo aquisição financiamento por está via.

Para o alcance do objectivo geral, o estudo procura alcançar os seguintes objectivos


específicos: Descrever o funcionamento dos empréstimos obrigacionistas para grandes
empresas; Apresentar as vantagens do uso de empréstimos obrigacionistas como fonte de
financiamento; E avaliar os resultados obtidos pós aplicação do empréstimo obrigacionista
pela empresa Bayport, S.A. no período compreendido entre 2019-2021;
CAPÍTULO I: ANTECEDENTES E MOTIVAÇÃO

1.1. Introdução

Na actualidade o mundo empresarial está em constante crescimento, razão pela qual, as


empresas procuram incluir em seus produtos e serviços, técnicas cada vez mais inovadoras,
permitindo-lhes melhor posição no mercado face a competitividade, desejos estes que exigem
investimento, antecedido por um financiamento. Apesar das empresas estarem a actuar no
mercado, elas nem sempre tem capital suficiente para cobrir tal investimento, levando-as a
optar por empréstimos. O sistema financeiro moçambicano, particularmente o mercado
financeiro, oferece diversas fontes de financiamento as quais empresas podem recorrer,
cabendo ao gestor avaliar que tipo de empréstimo é adequado para a empresa, de modo que
esta não saia prejudicada após a devolução do empréstimo, analisando as fontes de
financiamento, das condições e prazos de pagamento e de quanto este empréstimo afectará a
empresa financeiramente porque nem todos investimentos geram lucros imediatos, como por
exemplo, quando investimos na formação dos colaboradores ou em equipamentos os retornos
não são imediatos, ao contrário do período de retorno do investimento quando este é aplicado
em matéria-prima.

Portanto, o presente trabalho de monografia com o tema intitulado Empréstimo


obrigacionista como fonte de financiamento das grandes empresas: um estudo de caso
da empresa Bayport Financial Services Mozambique (Mcb) S.A, empréstimos do
período de 2019 -2021. E a relevância do desenvolvimento deste trabalho de monografia é
pelo facto de existirem cada vez mais empresas no mercado moçambicano com uma crescente
necessidade de abranger novos clientes, alastrar o mercado de actuação e respondendo assim
os novos desafios que o século das tecnologias nos proporciona.
1.2. Delimitação do tema

A pesquisa intitulada Empréstimo obrigacionista como fonte de financiamento das grandes


empresas: um estudo de caso da empresa Bayport Financial Services Mozambique (Mcb) S.A,
empréstimos do período de 2019 -2021, foi desenvolvido na província de Nampula, distrito de
Nampula, na empresa Bayport Financial Services Mozambique (Mcb) S.A. no ano de 2022.

1.3. Justificativa

Um empréstimo constitui um meio na obtenção de capital, permitindo que empresas possam


investir em projectos que as permitam enfrentar mudanças no mundo empresarial, causadas
pela globalização e pelo desenvolvimento da tecnologia.

Durante a trajectória da vida tive o conhecimento da existência de grandes empresas


moçambicanas que actualmente já não existem por falta de progressão que consequentemente
acabaram indo a falência. Possivelmente a existência destes casos/resultados sejam gerados
pela falta de fundos necessários para o investimento e expansão das empresas, de modo a
obter lucros significativos e suficientes para a continuação das suas actividades prestadas. Dai
que decidimos fazer um estudo relativamente a existência do empréstimo obrigacionista como
opção de aderência para as grandes empresas para maior produtividade e prestação de seus
serviços, destacando os benefícios/ganhos que o empréstimo obrigacionista proporciona para
empresa, como é o caso da apresentação do empréstimo obrigacionista da empresa Bayport
Financial Services Mozambique (Mcb) S.A.

Neste contexto são apresentadas três perspectivas que mostram a importância desta pesquisa:
começando pelo ponto de vista económico, uma vez que a aquisição de fundos por este meio
permite que as empresas tenham capital suficiente para desenvolver cada vez mais, garantindo
assim postos de trabalho e o crescimento económico.

Do ponto de vista académico, este trabalho contribuirá na análise das fontes de financiamento
para as grandes empresas evidenciando o empréstimo obrigacionista, um tipo de empréstimo
pouco aderido pelas empresas moçambicanas por várias razões, sendo uma delas o
desconhecimento deste tipo de financiamento por parte dos gestores. Portanto, o conteúdo
também ajudará outros estudantes e pesquisadores a terem mais conhecimento nesta área.

E na vertente social, mostra a sociedade uma via de aplicação do seu capital, isto é, a compra
de títulos, sua lucratividade e uma forma de aplicação das suas poupanças em instâncias
diferentes das instituições bancárias onde geralmente aplicam.
Mas também, este estudo faz uma análise da aplicação deste tipo de empréstimo e seus
resultados, trazendo um exemplo de uma empresa de grande porte que opera em Moçambique
e que opta por esta fonte de financiamento para seus investimentos: Bayport Financial
Services Mozambique (Mcb) S.A.

1.4. Problematização

É recorrente a constatação de empresas com necessidades financeiras ou incapacidade de


investimento devido a insuficiência de capital. Algumas empresas recorrem ao
autofinanciamento a partir do capital próprio e outras ao capital de terceiros em instituições
legais como instituições financeiras através de aquisição de alguns produtos financeiros, como
o caso de empréstimos obrigacionistas.

No entanto, apesar dos produtos financeiros em disposição, é importante que se conheçam as


causas que leva aos empresários auferirem pelo empréstimo obrigacionista como fonte de
financiamento em detrimento das outras fontes. Este fenómeno levanta a seguinte questão de
partida:

 Porquê que algumas empresas não têm aderido ao mercado de bolsas de valores para
empréstimo obrigacionista como fonte de financiamento para o seu processo
progressivo como a Bayport Financial Services Mozambique (Mcb) S.A.?

1.5. Objectivos

1.5.1. Objectivo Geral

 Demonstrar a eficácia do empréstimo obrigacionista como fonte de financiamento da


empresa Bayport Financial Services Mozambique (Mcb) S.A.

1.5.2. Objectivos Específicos

 Descrever de forma qualitativa sobre os rendimentos proporcionados pelo empréstimo


obrigacionista na empresa Bayport Financial Services Mozambique (Mcb) S.A;
 Apresentar as vantagens proporcionadas pelo empréstimo obrigacionista para a
empresa Bayport Financial Services Mozambique (Mcb) S.A;
 Relatar sobre os resultados obtidos após aderência do empréstimo obrigacionista na
empresa Bayport Financial Services Moçambique (Mcb) S.A.
1.6. Hipóteses da Pesquisa

Hipótese 1: A falta de conhecimento relativamente a existência do mercado de bolsas de


valores para aderências das fontes de financiamento é o que leva as empresas a não
efectuarem os empréstimos obrigacionistas par o seu investimento.

Hipótese 2: Algumas empresas não têm aderidos aos empréstimos obrigacionistas porque as
bolsas de valores apenas disponibilizam os empréstimos para empresas grandes;

Hipótese 3: Algumas empresas não têm aderido aos empréstimos obrigacionistas porque não
têm carência de fundos para aderirem as bolsas de valores por terem, pois têm o capital
próprio para o seu investimento.

1.7. Questões de pesquisa

 Quais foram os investimentos que a empresa Bayport Financial Services Moçambique


(Mcb) S.A. fez após o empréstimo obrigacionista, adquirida das fontes de
financiamento no mercado de bolsas de valores?
CAPÍTULO II: REVISÃO LITERÁRIA

2.1. Empréstimos obrigacionistas

As empresas constituem uma grande alavanca para o crescimento económico de um


país. Para que esse desenvolvimento aconteça é necessário que haja investimentos que o
impulsionem. A decisão de investir é tomada visando a lucratividade que a empresa terá no
futuro.

O gestor da empresa pode tomar a decisão de investir uma área estratégica quer no
aumento da produção através da compra de equipamentos ou matéria-prima de produção, quer
em espaço do negócio através da abertura de sucursais em locais estratégicos que
impulsionem este crescimento e a lucratividade dela. Para que isto aconteça as empresas
precisam adquirir fundos e uma das formas é contraindo empréstimos.

Segundo Gitman (1987) afirma que:

As empresas recebem os empréstimos a longo prazo pelas empresas com maturidade na faixa
de cinco a doze anos.” No entanto este tipo de empréstimo não é obtido numa empresa
específica, mais sim, permite que qualquer poupador possa financiar a empresa através da
compra de títulos obrigacionistas emitidos pela empresa que deseja obter o financiamento
(p.584).

Segundo Martins (1991):

As principais modalidades de empréstimos e financiamentos a longo prazo praticadas como


recursos de terceiros estão disponíveis às empresas no mercado de capitais”. Os empréstimos e
financiamentos a longo prazo permitem que as empresas tenham maior tempo para recuperar o
valor investido antes do prazo de liquidação da dívida (p.484).

Na visão de Meneses (2008), os empréstimos obrigacionistas são uma fonte de


financiamento de médio e longo prazo, usual em sociedades anónimas de acordo com as
regras impostas pela legislação que a rege, onde são requisitadas quantias monetárias
geralmente elevados e depois de um dado período são reembolsáveis de acordo com a
legislação do País num acordo devidamente escrito num documento denominado prospecto
em que constas todos os detalhes das transacções incluindo juros a serem pagos e o período da
devolução do valor emprestado.

Este empréstimo dá, a empresa emissora de títulos, uma oportunidade de adquirir


financiamento para os seus investimentos. Dependendo da legislação de cada país as empresas
emissoras são obrigadas a cumprir com certas obrigações.
Para Cruz (1997) “O empréstimo obrigacionista pode ser definido também como uma
fonte de financiamento alternativa ao crédito bancário nas sociedades anónimas, utilizado
normalmente para financiar investimentos em capital fixo de elevado montante e de longa
vida útil.”

Trata-se de um empréstimo divisível, em que a unidade de medida é a obrigação.

2.1.1. Obrigações

As obrigações são títulos de crédito (dívida) com força executiva, pois basta a sua
apresentação para se poder exigir os direitos que conferem, representam fracções iguais de um
empréstimo, que proporcionam ao seu titular o direito de receber juros periódicos e o
reembolso do capital numa determinada data (Costa, 2005).

De acordo com CMVM (2012), sobre as obrigações referi que:

As obrigações são instrumentos financeiros que representam um empréstimo contraído junto


dos investidores pela entidade que as emite, que tanto podem ser empresas, como Estado ou
outras entidades públicas ou privadas. Ao adquirir uma obrigação, o investidor torna-se credor
dessa entidade (p.3).

De acordo com o Código Comercial de Moçambique, “Obrigações são títulos


representativos de um mútuo, emitidos em massa pela sociedade, negociáveis que, numa
mesma emissão, conferem direitos de crédito iguais para o mesmo valor nominal” (p.124).

Enquanto para BVM (2019), relativamente ao assunto, afirma que:

Obrigações: são empréstimos de médio e longo prazo que uma empresa ou Estado contrai
junto dos investidores para financiar suas despesas, pagando uma taxa de juro periódica e
reembolso do capital no final do prazo do empréstimo, (o Estado emite Obrigações de
Tesouro e a Empresa emite Obrigações Corporativas) (p. 17).

2.1.2. Mutuante e mutuário

Obrigações são valores mobiliários que representam o direito dos seus detentores a
receber do emissor um ou mais pagamentos em datas predeterminadas.

Santos (2008) afirma que:

Existem duas partes num contrato obrigacionista: a parte que promete fazer pagamentos, o
emissor, mutuário ou devedor, e a parte que receberá o pagamento, o obrigacionista,
mutuante ou credor. Nos empréstimos obrigacionistas geralmente a um só mutuário, que
permanece sempre o mesmo, contrapõe-se um extenso conjunto de mutuantes cujo número e
composição pode ir variando. Pode-se considerar em contraposição às obrigações os
contratos de financiamento que ligam nominalmente o mutuário ao mutuante durante toda a
vida do contrato.
O emissor emite obrigações em troca de um preço de emissão. O preço de emissão
não tem de ser igual ao valor nominal, podendo ser-lhe superior, igual ou inferior. O valor
nominal é o montante que o emissor “reembolsa” ou paga na maturidade, isto é, no fim da
vida do empréstimo obrigacionista. Preço de mercado é o valor pelo qual os investidores
transaccionam entre si a obrigação no período entre a emissão e a maturidade. Tanto o preço
de emissão como o preço de mercado se dizem estar ao par quando são iguais ao valor
nominal, abaixo do par quando lhe são inferiores ou acima do par quando lhe são
superiores.

2.1.3.Características dos empréstimos obrigacionistas

“Um empréstimo por obrigações é, para o mutuário, uma fonte de financiamento geralmente
de médio e longo prazo, para financiar investimentos de expansão, de modernização da sua
actividade, podendo nalguns casos financiar processos de reestruturação de empresas” (Costa,
2005).

Normalmente estes empréstimos são elevados, pelo que o mutuário tem dificuldade
em encontrar um único mutuante que lhe conceda os fundos de que necessita. Assim ao emitir
um empréstimo obrigacionista, o mutuário procura os fundos junto de vários mutuantes

Este tipo de empréstimos sai titulados por obrigações, cujo valor nominal é
normalmente baixo, de modo a permitir que os pequenos aforradores participem na subscrição
das obrigações.

De acordo com Bastardo (2011, citado por Selemane, 2019) o activo financeiro
obrigação apresenta as seguintes características:

 Existe um valor Nominal (VN) que é o valor facial do título sobre o qual incide a taxa
de juro do empréstimo;
 Preço de emissão é o preço de venda das obrigações no momento da emissão, sendo
de salientar que este valor pode ser diferente do valor nominal uma vez que o
empréstimo pode ser emitido acima ou abaixo do par.
PE≥VN - Diz-se que a emissão é acima do par, em que PE-VN= Prémio de emissão
PE=VN – Diz-se emissão ao par
PE≤VN – Diz-se emissão abaixo do par Valor emitido = Nº de obrigações * PE
Valor emitido = Nº de obrigações * PE
 Periodicidade do Cupão: é a frequência do pagamento do cupão de juros
(normalmente trimestrais, semestrais ou anuais);
 Taxa de Cupão: é a taxa de juro nominal que incide sobre o valor nominal (fixa ou
variável);
Juro = Valor Nominal * Taxa de cupão
 Vida da obrigação ou maturidade: é o prazo até a data de vencimento ou reembolso
da obrigação;
 Valor de reembolso: é o valor de capital recebido pelo obrigacionista no vencimento
da obrigação;
 Período de carência: é um prazo, eventualmente definido, em que o emitente não
paga juros e capital;
 Forma de reembolso: pode ser reembolso único (só um momento de reembolso), por
sorteio (todas as obrigações emitidas são numeradas e nas datas de reembolso
previstas são sorteadas e reembolsadas), por séries (diversas fases sucessivas do
empréstimo, cujas obrigações apresentam as mesmas características) ou por dedução
ao valor nominal (o capital em divida vai sendo sucessivamente diminuído, a medida
que ocorrem reembolsos parciais do mesmo);
 Reembolso antecipado: trata-se de um reembolso antes da maturidade da obrigação,
através do exercício de uma call option (opção exercida pelo emitente) ou de uma put
option (opção exercida pelo obrigacionista);
 Imposições contratuais ou convenants: poderão ser definidas restrições, como por
exemplo, limites ao endividamento do emitente, limites a emissão de divida
subordinada, subida ou descida da taxa de juro nominal caso o rating do emitente piore
ou melhore, limites ao pagamento de dividendos pagos pelo emitente, dotação
obrigatória de um valor mínimo de fundo de maneio por parte do emitente; imposição
de um limite mínimo de capitais próprios ao emitente, entre outras;
 Cotação: é o preço da obrigação no mercado secundário ou de transacções. (p.18)

2.1.4. Vantagens e desvantagens de empréstimos obrigacionistas

No momento de aceder a estes capitais teremos como pontos a favor tem-se:

 Possibilidade de obter financiamentos de maior dimensão do que na banca;


 Obtenção de economias de escala no financiamento;
 Melhores condições de financiamento (risco partilhado por investidores e condições
adaptadas as necessidades). Escolha de prazos e maturidades (especialmente relevante
para empresas com actividades sazonais ou cíclicas);
 Possibilidade de personalização e inclusão de cláusulas que salvaguardem ou vão ao
encontro das necessidades da empresa (exemplo: emissão em moeda estrangeira).

Pela perspectiva inversa podemos considerar:

 A inflexibilidade do empréstimo – durante a vida da obrigação é relativamente


complexo renegociar com os investidores e alterar as condições da mesma;
 A necessidade de ter, em determinados casos, notação de rating;
 Os custos, em valores nominais, são substancialmente elevados.

Adicionalmente, e de acordo com Lagoa e Leão (2011), falando do assunto, referem o


seguinte:

Há três grandes determinantes que definem a opção pelo financiamento obrigacionista em


detrimento do bancário: (i) o custo do crédito bancário é, por norma, superior ao das emissões
obrigacionistas; (ii) os bancos tendem a não emprestar por prazos longos, dada a incerteza
inerente e, por último, (iii) os bancos preferem expor-se a várias empresas com montantes
reduzidos do que a uma única empresa em montantes demasiado elevados (p.78).
2.2. Benefícios na adesão ao empréstimo obrigacionista)

De acordo com Bastardo (2011, citado por Selemane, 2019):

Um empréstimo obrigacionista permite uma diversificação de financiadores e,


simultaneamente ganha autonomia face ao crédito dos bancos. Outra vantagem para o
emitente reside no facto de, geralmente, o custo financeiro associado ser mais baixo do que o
custo financeiro de um empréstimo bancário com idêntica maturidade (p.25).
Entende-se claramente que o empréstimo obrigacionista apresenta maior vantagem quando
comparado a outras formas de financiamento que apresentem o mesmo período de
maturidade, porque o custo é mais baixo que as restantes opções.

Cruz (1997), por sua vez, defende que o financiamento de empresas via mercado de capitais
tem sido menos oneroso relativamente aos empréstimos bancário e o nível de intermediação
financeira é reduzida.

2.3. Condições de emissão

Segundo o artigo nº 61 da colectânea da legislação sobre o mercado de valores


mobiliários a admissão à cotação de obrigações são aplicáveis, com as necessárias adaptações,
o disposto na alínea:

a) A sociedade emitente encontrar-se constituída e a funcionar de acordo com as


disposições legais e estatuárias aplicáveis;
b) A situação jurídica das acções estar em conformidade com as disposições legais
aplicáveis;

d) A sociedade ter publicado o seu relatório de gestão e contas anuais relativos aos dois
exercícios anteriores ao pedido de admissão;

e) As acções serem livremente negociáveis

f) O pedido de admissão a cotação englobar todas as acções da mesma categoria que se


encontrem emitida;

g) A sociedade apresentar uma adequada situação económico financeira; (BVM, 2013)

2.3.1. Garantias Possíveis

Na ficha técnica das obrigações devem conter cláusulas contratuais destinadas a


garantir os direitos dos obrigacionistas, nomeadamente o pagamento atempado dos juros e o
reembolso do capital, o que, consoante a qualidade, poderá tornar mais atractiva a emissão.

Assim, em primeiro lugar, a entidade emitente pode conceder uma “garantia real”, ficando os
obrigacionistas com a possibilidade de em caso de incumprimento da entidade emitente,
satisfazer os seus créditos com o produto da alienação dos bens objecto da garantia, tendo
preferência sobre os demais credores. Desta forma, se uma emissão tiver como garantia um
imóvel facilmente alienável, os obrigacionistas ficam protegidos de eventual incumprimento
da emitente, pois, caso este ocorra, podem vender o activo e recuperar o valor investido na
empresa (Almeida, 2009)

2.4. Taxa de juro ou taxa de cupão

A taxa de juro ou taxa de cupão é determinada atendendo as características da


emissão, condições correntes no mercado e ao risco global do eminente. Matematicamente o
risco é determinado pela variabilidade ou pelo desvio previsível de uma variável. O risco esta
associado a possibilidade de ocorrência de acontecimentos considerados incertos ou aleatórios
que definem dois opostos no espectro da objectividade, sendo o risco uma incerteza ideal, ou
idealizada

2.5. Normas internacionais de relato financeiro sobre empréstimos obrigacionista

Como já tinha sido referido anteriormente desde que se iniciou o trabalho a volta da
criação de normas que estabelecessem princípios para apresentar, mensurar, e reconhecer
instrumentos financeiros nas Demonstrações Financeiras das Empresas, têm-se deparado com
algumas divergências de opinião entre os Organismos responsáveis pela elaboração das
normas, nomeadamente quanto à apresentação ou não, ao Justo Valor, dos instrumentos
derivados transaccionados na Bolsa de Valores.
Contudo essa particularidade não se aplica no caso das Obrigações, porque segundo as
IAS (p.32-39), no caso de activos financeiros detidos até à maturidade (ponto de vista de
quem investe nas obrigações) e de passivos financeiros não detidos para negociação (ponto de
vista de quem emite as obrigações), esse são mensurados ao custo amortizado, usando o
método da taxa de juro efectiva.

2.6. Riscos e vantagens associadas às obrigações

2.6.1. Na óptica do emitente

Normalmente, os empréstimos por obrigações são débitos de financiamento a médio e


longo prazo, de importância relativamente elevada.

A decisão de emitir obrigações, tomada pela directoria de uma empresa, deve ser
precedida não apenas de uma criteriosa e exaustiva análise das necessidades de caixa, como
também de uma profunda análise das condições do mercado, a fim de compatibilizar os custos
do lançamento, com a remuneração que o investimento desses recursos irá proporcionar à
empresa.

Quanto aos riscos, para a empresa emitente estes não são determináveis à primeira
vista, uma vez que está a ser financiada e não o contrário. No entanto, existe a possibilidade
da empresa não poder vir a cumprir com o compromisso de pagamento dos juros e reembolso
do capital perante os obrigacionistas, o que pode colocar a mesma numa situação de devedora.

Segundo Almeida (2009, p.44) Por outro lado, existe um lote de vantagens de que a
empresa aufere com a emissão de obrigações, tais como:

 Ser uma opção de financiamento a longo prazo;


 Proporcionar a captação de grandes volumes de capital;
 Ter custo de captação atraente dado que uma única operação de emissão de obrigações
gera custos geralmente menores do que os custos de várias operações de empréstimos
bancários;
 Atingir investidores de grande capacidade financeira como os institucionais;
 Dar à administração da empresa liberdade quanto às condições da emissão;
 Ser um financiamento que, necessariamente, não retém os bens do activo;
 Vender a imagem da empresa, tornando-a nacionalmente conhecida, dependendo do
mercado e da sua pulverização, ao mesmo tempo em que lhe abre as portas para
futuras e novas participações no mercado de capitais;
 No caso de obrigações conversíveis: pagamento de juros menores em relação às
obrigações simples, uma vez que a conversão pode ser considerada uma forma extra
de remuneração;
 Caso a empresa apresente um bom resultado poderá influenciar a maioria de seus
obrigacionistas a converter suas obrigações em acções, o que eliminaria a ocorrência
do reembolso;
 A descentralização das exigibilidades de uma só instituição financeira, uma vez que o
empréstimo é dividido em várias parcelas;
 Os juros e prémios pagos são dedutíveis ao lucro tributável da emissora;

2.6.2. Na óptica do investidor

Como referido anteriormente, investir numa obrigação é, em termos simples, quase a


mesma coisa que emprestar dinheiro a alguém. Só que, neste caso, esse alguém pode ser uma
empresa, uma instituição (nacional ou estrangeira) ou até o próprio Estado. Uma das
principais vantagens das obrigações são factos, como o prazo e, na maioria dos casos, o
rendimento, já serem conhecidos à partida, isto é, o crescimento do capital e o rendimento
fixo obtido estão entre os principais benefícios das obrigações para quem investe.

Contudo, e ao contrário das ideias pré-concebidas, investir em obrigações implica


riscos, e como já tinha sido dito a quando da abordagem a IAS 32 esses riscos devem ser
quantificados e divulgados.

Como afirma Almeida (2009):

A avaliação do risco da operação é, para o obrigacionista, resultado da informação de que se


dispõe acerca do produto, designadamente sobre a respectiva segurança e liquidez. No que se
refere a segurança, antes de mais, o investidor deve procurar conhecer a entidade que leva a
efeito a emissão obrigacionista, ou seja, avaliar a credibilidade do emitente (p.8).

2.7. Bolsa de Valores de Moçambique (BVM)

Segundo o BVM (2019), “as Bolsas de Valores são instituições que têm por principal
função e competência a gestão de mercados organizados e regulamentados onde se
transaccionam valores mobiliários, com recurso a plataformas electrónicas para a sua
negociação” (p.13).

“Bolsa de Valores de Moçambique, ou simplesmente BVM, é um instituto público, criado


pelo Governo em 1998, através do Decreto nº 49/98, de 22 de Setembro, e cujas actividades
foram iniciadas no ano seguinte, em Outubro de 1999” (BVM, 2019, p.14).
A BVM tem em vista organizar, gerir e manter o mercado secundário centralizado de
valores mobiliários, manter os meios e sistemas apropriados para o funcionamento de um
mercado livre para as transacções de títulos cotados.

2.7.1. Requisitos de admissão à bolsa de valores

De acordo com BVM (2019), os requisitos mais importantes para uma empresa cotar-se em
bolsa, são cumulativamente três (3), nomeadamente:

 Requisitos de Natureza Jurídico-legal (conformidade legal da empresa e das acções,


estatutos da sociedade, composição dos accionistas da empresa e registo na Central de
Valores Mobiliários);
 Requisitos de Natureza Económico-Financeiro, para o Mercado de Cotações
Oficiais, destinado a grandes empresas (montantes mínimos dos capitais próprios da
sociedade e/ou da emissão dos valores a admitir, 16 Milhões de MT, relatórios e contas
publicados dos últimos 2 anos e adequada situação económico e financeira). Para o
Segundo Mercado destinado as PME’s (montantes mínimos dos capitais próprios da
sociedade e/ou da emissão dos valores a admitir, 4 Milhões de MT e relatórios de contas
publicados dos últimos 9 meses e adequada situação económico e financeira); para o
Terceiro Mercado o valor mínimo da capitalização bolsista previsível ou dos capitais
próprios da sociedade a ser admitida deverá ser de 1milhao de MT;
 Requisitos de Natureza do Mercado, dispersão de títulos pelo público para o
mercado accionista; Mercado de Cotações Oficiais, percentagem não inferior a 15% do
capital social subscrito ou número não inferior a 250.000 acções, e Segundo Mercado,
percentagem de 5% do capital subscrito.

2.7.2. Vantagens mais significativas das empresas obterem financiamento por via da
BVM, comparando com outras formas de financiamento

BVM (2019) defende que são várias as vantagens que as empresas têm ao obter
financiamento por via da bolsa, mas existem algumas que são significativas para as empresas,
nomeadamente:

 Financiamento sem Juros, por via de uma oferta pública ou privada de venda, as
empresas podem vender parte dos seus títulos, e em contrapartida captarem
poupanças dos investidores e financiarem seus projectores de investimento, e;
 Possibilidade de negociação do montante que a empresa deseja e da taxa de juro
que a empresa está disposta a remunerar ao investidor pelo montante, por via de
emissão de títulos de dívida (obrigações ou papel comercial) (p.25).

Outras vantagens das empresas ao cotarem-se na Bolsa são:

 Maior visibilidade da empresa;


 Atrair muitos investidores para a expansão dos seus negócios, o que lhe permite o
acesso ao capital de investidores localizados em diversas partes do mundo;
 Maior apetência dos investidores estrangeiros, e;
 Opções de Financiamento sem Juros.

2.7.3. Sociedade Anónima (S.A) em Moçambique

O Código Comercial de Moçambique estabelece as características e o número de


sócios de uma sociedade anónima.

O artigo 331 diz que Na sociedade anónima o capital é dividido em acções e cada
sócio limita a sua responsabilidade ao valor das acções que subscreveu. Enquanto o artigo
332, determina o seguinte:

1. A sociedade anónima não pode ser constituída por um número de sócios inferior a três,
salvo quando a lei o dispense.
2. Do disposto no no. 1, exceptuam-se as sociedades em que o Estado, directamente ou
por intermédio de empresas públicas, empresas estatais ou de outras entidades
equiparadas por lei para este efeito, fique como accionista, as quais podem constituir-
se com um único sócio.

Todos os comercialistas na realidade ao analisar a função económica das sociedades


anónimas, destacam sua destinação natural de unir seus capitais, o que leva as mesmas a
adequação para a configuração juridicamente das grandes empresas. Para as medias empresas,
o direito moderno criou as sociedades por cotas de responsabilidade limitada, e para as
pequenas empresas ou os outros tipos societário, as de pessoa.

As sociedades anónimas devem se resguardar, na realidade, aos grandes


empreendimentos, cujo seu agigantamento permitirá a poupança popular à participar do seu
crescimento e, consecutivamente da sua rentabilidade.
2.7.4. Características de uma sociedade anónima

A Sociedade Anónima (SA), mais usualmente adoptada por grandes empresas,


caracteriza-se essencialmente por ter uma estrutura orgânica mais complexa, e por conferir
um grau de maleabilidade do capital social, na medida em que a transmissão das acções não
está sujeita a forma especial.

As Sociedades Anónimas devem no mínimo ter três accionistas, sejam eles pessoas
singulares ou colectivas, nacionais ou estrangeiras, salvo nos casos em que o Estado,
directamente ou por intermédio de Empresa Pública, Estatal ou outra entidade equiparada por
lei, fique como accionista, as quais podem constituir-se com um único accionista. A
responsabilidade dos accionistas perante terceiros é limitada ao valor das acções que
subscreveram.

As empresas que tencionem instalar-se em Moçambique devem ter em conta que o


valor do capital social deverá ser sempre adequado à realização do objecto social, e ser
sempre expresso em moeda nacional, embora não exista na lei comercial um capital mínimo
determinado.

Neste tipo societário, o capital é representado por acções nominativas ou ao portador,


podendo as nominativas serem registadas ou escriturais, sendo que a Sociedade Anónima só
será constituída quando a totalidade do seu capital estiver subscrito, e o mesmo realizado em
pelo menos vinte e cinco por cento.

Os órgãos sociais das Sociedades Anónimas compõem-se pela Assembleia Geral, o


Conselho de Administração, e um órgão fiscalizador – o Conselho Fiscal ou Fiscal Único.

A administração compete a um ou mais administradores que poderão ser pessoas


estranhas à sociedade. Se o capital social da sociedade não exceder os quinhentos mil
Meticais, pode designar-se um administrador único. No caso de uma pessoa colectiva ser
nomeada para o cargo de administrador, esta nomeará uma pessoa singular para exercer o
cargo em nome próprio.

No concernente à fiscalização, esta opera-se através: de um Conselho Fiscal, composto


por 3 ou 5 membros ou por um Fiscal Único que deverá ser auditor de contas ou sociedade de
auditores de contas.
2.8. Caracterização do Mercado de obrigações da Bolsa de Valores em Moçambique

Segundo Selemane (2017), “em Moçambique, a contracção do empréstimo


obrigacionista constitui um elemento recente. O seu arranque deu-se em 1999, com a emissão
do Empréstimo Obrigacionista “Madal 1999”, cujo valor global foi de MZN 40,00 milhões”.

Ainda segundo este autor, “volvidos 18 anos, já foram realizados cerca de 52


empréstimos obrigacionistas de diferentes entidades, como empresas, bancos comerciais no
montante global de MZN 5.346,33 milhões. Actualmente, a tendência de emissões de
empréstimos obrigacionistas tem vindo a crescer, o que traduz que as empresas têm vindo a
optar por vias alternativas ao financiamento tradicional, designadamente o empréstimo
bancário”.

2.9. Custos associados a emissão de uma obrigação privada

O Mercado de Cotações Oficial é o principal segmento de mercado da Bolsa de


Valores de Moçambique e destina-se à admissão à cotação de valores mobiliários. Para
admissão à cotação de Obrigações neste mercado os requisitos são os seguintes:

 A empresa deve ser sociedade anónima há 2 anos no mínimo.


 O valor mínimo do empréstimo obrigacionista é de 8.000.000,00 MT (Oito Milhões de
Meticais), sendo que o montante do empréstimo solicitado não deve ser superior ao
capital social.

O Segundo Mercado é o segmento destinado à admissão a cotações de valores


mobiliários emitidos por pequenas e médias empresas, sendo os requisitos de admissão a
cotação relativamente inferiores aos exigidos no Mercado de Cotações Oficiais.

Para admissão à cotação de Obrigações no Segundo Mercado os requisitos são os que


abaixo se indicam:

2.9. Custos Relativos A Operação De Um Empréstimo Obrigacionista

 Custos administrativos substanciais - A colocação de obrigações no mercado primário


de capitais é geralmente realizada por um intermediário financeiro de instituições
bancárias, a quem compete o papel de organização e montagem da operação, como a
preparação do dossier do registo da emissão, elaboração do prospecto. Pela prestação
desses serviços, os intermediários financeiros definem individualmente uma taxa que
incide sobre o valor da emissão, constituindo o custo de corretagem.
 Comissão de Custódia - De acordo com a legislação de Moçambique, a custódia de
valores mobiliários deve ser realizada pelos intermediários financeiros. Nestes termos,
quando uma empresa procede à emissão de obrigações deve ser aberta uma conta de
registo de emissão, representativa da totalidade de obrigações. Pela guarda de valores
mobiliários os intermediários financeiros cobram uma determinada taxa pela guarda
dos títulos junto de si, durante o período de maturidade da emissão.
 Custo de Admissão à cotação - De acordo com a alínea a) do nº 2 do artigo 100 do
Código do Mercado de Valores Mobiliários, pela admissão à cotação de quaisquer
valores mobiliários, as entidades emitentes devem pagar 0,25 por mil sobre o valor
nominal do capital a admitir.
 Custos de Manutenção Periódica Anual - As entidades com valores mobiliários
admitidos à cotação em bolsa pagam, a favor desta, uma taxa de manutenção
periódica, que constitui contrapartida dos serviços gerais prestados pela bolsa de
valores. De acordo com o nº 6 do artigo 100 do Código do Mercado de Valores
Mobiliários, a taxa de manutenção incide sobre o valor nominal do capital admitido,
relativamente a cada emissão mantida na cotação, e é dos seguintes montantes:
 0,05 por mil para um valor nominal até 25.000,00 MZN (vinte e cinco mil
meticais), inclusive, e 0,04 por mil para um valor nominal superior a 25.000,00
MZN (vinte e cinco mil meticais), no caso de obrigações;
 0,1 por mil para um valor nominal até 100.000,00 MZN (cem mil meticais),
inclusive, e 0,08 por mil para um valor nominal superior a 100.000,00 MZN
(cem mil de meticais), no caso de acções;
 0,2 por mil para um valor nominal até 100.000,00 MZN (cem mil meticais),
inclusive, e 0,16 por mil para um valor nominal superior a 100.000,00 MZN
(cem mil meticais), no caso de outros valores mobiliários.
CAPITULO III: METODOLOGIAS DE PESQUISA

Gil (2017) defende que “metodologia é o conjunto de técnicas e processos empregados


para pesquisa e a formulação de uma produção científica”.

Na visão da autora da pesquisa, a metodologia lida com as formas de abordagem e


apresentação dos meios, métodos e recursos utilizados para o desenvolvimento de um projecto
de carácter científico.

Neste contexto, é neste capítulo que a autora da pesquisa apresenta as metodologias


empregues para a culminação do estudo relativo ao Empréstimo obrigacionista como fonte de
financiamento das grandes empresas: um estudo de caso da Bayport Financial Services
Mozambique (Mcb) S.A, empréstimos do período 2019 -2021.

3.1. Tipo de Pesquisa

3.1.1. Quanto a abordagem

Relativamente a presente pesquisa, ela goza de uma abordagem qualitativa porque os


fundamentos relativamente a pesquisa tem em vista em estabelecer o conhecimento sobre a
existência do mercado de bolsas de valores para o acato das fonte de financiamento dos
empréstimos obrigacionista, mostrando assim os benefícios, as vantagens, etc., quando são
aderidos estes serviços.

Para Silva, Benzerra, Brasil e Moura (2018), “a abordagem qualitativa procura


compreender, particularmente aquilo que se estuda, e não se preocupa com generalizações
populacionais, princípios e leis; a atenção centraliza-se no específico, com enfâse no
significado do fenómeno, buscando a sua compreensão”.

3.1.2. Quanto aos objectivos

Relativamente aos objectivos, a pesquisa é de carácter exploratória, pois a


pesquisadora evidencias os diversos aspectos relativamente ao uso do mercado de bolsa de
valores por parte da Empresa Bayport Financial Services Mozambique (Mcb) S.A para o
empréstimo obrigacionista.

Portanto, opta-se pela pesquisa qualitativa exploratória por oferecer grandes


possibilidades de obtenção de informações relacionadas ao problema, o que envolverá
levantamentos bibliográficos, entrevistas com pessoas que tenham experiencias prática no
problema de pesquisa e análise de exemplos que incentivem problemas de pesquisa.
Relativamente a este tipo de pesquisa, Magibire sustenta que:

Estas pesquisas têm como objectivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com
vista a torna-lo mais explícito ou a constituir hipóteses. Pode-se dizer que estas pesquisas têm
como objectivo principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições. Seu
planeamento é, portanto, bastante flexível, de modo que possibilite a consideração dos mais
variados aspectos relativos ao facto estudado. Na maioria dos casos, esse tipo de pesquisas
envolve: (a) levamento bibliográfico, (b) entrevistas com pessoas que tiveram experiências
práticas com o problema pesquisado; e (c) analise de exemplos que “estimulem a
compreensão” (p.51).

3.1.3. Quanto a natureza

A pesquisa quanto a natureza se caracteriza como uma pesquisa básica.

Na visão de Gil (2017),”o objectivo da pesquisa basca é intelectual, procura alcançar o


saber para satisfação do desejo de adquirir conhecimentos e proporcionar informações
possíveis de aplicações práticas, sendo desvinculada de finalidade utilitárias imediatas, não
sofrendo limitação do tempo”.

3.1.4. Quanto as fontes de informação

Quanto a fonte de informação, a pesquisa auxiliou-se no método bibliográfico.

Segundo Magibire, “a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já


elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos” (p.53).

Este autor ainda sustentou que boas partes dos estudos exploratórios podem ser definidos
como pesquisas bibliográficas.

3.2. Processo de amostragem

Na visão de Ferrari (2004),

Amostragem é a técnica especial de escolher amostras que garante o acaso na escolha. Assim
cada elemento da população tem a mesma probabilidade de ser escolhido, o que garante à
amostra um carácter de representatividade da população. A selecção dos elementos que irão
compor a amostra pode ser feita de varias maneiras e irá depender do conhecimento que se
tem da população e da quantidade de recursos disponíveis.

3.2.1. População e amostra da pesquisa

Segundo Nunes e Afonso (2005), “ao grupo de todos os elementos que possuem uma
característica em comum chama-se população” (p.8).

Para Mutimucuio (2008), “define-se amostra como qualquer subconjunto do conjunto


universal ou da população, ou por outra, é a parte do universo (população) escolhida por
algum critério de representatividade”
Na pesquisa, a população corresponde a todas grandes empresas que aderiram ao
mercado de bolsas de valores no período de 2019 – 2021. E a amostra corresponde a Empresa
Bayport Financial Services Mozambique (Mcb) S.A que aderiu ao mercado de bolsas de
valores para o empréstimo obrigacionista no período compreendido entre 2019 – 2021.

2.2.2. Tipo de amostra

Mutimucuio (2008), uma amostra pode ser probabilística (quando a escolha dos
elementos da amostra é aleatória, e todos os elementos que compõem o universo
populacional, têm igual chances de fazer parte da amostra), ou não probabilística (quando a
escolha dos elementos não é feita aleatoriamente, mas sim por motivos subjectivos do
pesquisador).

Portanto, para o caso da pesquisa o tipo de amostra característico é não probabilístico,


porque o propósito da pesquisa não era ter uma amostra da população relativamente as
empresas aderentes, mas sim ter uma amostra da população que está ligada directamente ou
indirectamente, ou melhor que sempre tem aderido aos empréstimos obrigacionistas como
fonte de finamente estabelecidos no mercado de bolsas de valores.

3.3. Instrumento e Técnicas de colecta de dados

3.3.1. Instrumento de colecta de dados

Como instrumento de pesquisa utilizado na colecta de dados foi elaborado um


questionário aberto e semiestruturado com questões objectivas sobre os benefícios e
vantagens, e desvantagens na aderência dos empréstimos obrigacionistas proporcionadas nas
bolsas de valores, para a análise do estudo. O questionário foi respondido por
pessoas/funcionários da área administrativa e financeira da Empresa Bayport Financial
Services Mozambique (Mcb) S.A.

3.3.2. Técnicas de Colecta de Dados

As técnicas de colecta de dados mais comummente usadas em estudos de caso são


entrevistas e observação directa, complementadas por análise de documentos.

Portanto, no presente estudo foram utilizadas técnicas de entrevista e observação


directa. Essas tecnologias representarão os procedimentos técnicos que possibilitarão a colecta
de dados de pesquisa. O estudo teve contacto prévio com a direcção da escola. A escolha
destas tecnologias consiste essencialmente em permitir uma maior flexibilidade na
formulação de questões, tendo em conta o vocabulário utilizado no contacto com os
colaboradores, e permitir um diálogo mais próximo de conversas informais.

Na fase inicial da pesquisa, utilizou-se a consulta bibliográfica para melhor


compreensão dos conceitos-chave da pesquisa discutida. Para tanto, são analisados
documentos e outros materiais bibliográficos relacionados ao mercado de bolsas de valores
para aderência das fontes de financiamento.

Na segunda etapa, optamos por realizar entrevistas para colectar dados qualitativos e
informações mais próximas dos respondentes desta pesquisa. Em alguns casos, as entrevistas
são públicas, e em outros casos são fechadas.

Segundo Santos (1995), “a entrevista semiestruturada é uma técnica de colecta de


informações com muitas vantagens”.

Este autor afirma também que “em entrevistas semiestruturadas, não há sucumbência à
improvisação, e não há estratégia de bombardeio rigoroso de questões ordenadas”.

3.4. Limitações do Estudo

Como em qualquer estudo, o autor encontrou algumas dificuldades neste estudo, o que
afectou em certa medida a execução do estudo. Em primeiro lugar, devido ao COVID-19
relacionado ao Decreto Presidencial, sobre s medidas e restrições a serem seguidas para o
efeito de qualquer trabalho. E um outro factor é a distância é outro factor que dificulta a
realização da realidade, ou seja, a observação directa.

3.5. Tratamento ético

A pesquisa segue os aspectos éticos das visitações, entrevistas, análises e outros tipos
de pesquisas, concordando com as instituições e respondentes envolvidos, garantindo o
consentimento livre e esclarecido dos sujeitos da pesquisa ou de seus responsáveis legais.

Por outro lado, para garantir a confidencialidade das entidades dos participantes, as
informações recolhidas são utilizadas apenas para fins académicos e não são objecto de
qualquer outro tipo de publicação
CAPÍTULO IV: ANALISE E INTERPRETAÇÕES DE DADOS
Bibliografia

Bastardo, C. (2011). Gestão de Activos Financeiros. Lisboa, Portugal: Editora Escolar.

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