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IMPOSTO É ROUBO?

O conceito de roubo está intrinsecamente ligado ao conceito de propriedade, entende-se como


roubo a obtenção de propriedade ou serviços de outra pessoa sem a permissão ou o consentimento do
proprietário. Na língua portuguesa existe uma diferença entre as palavras roubo e furto, mas ambas
tratam da apropriação de um domínio sem o consentimento do dono anterior, a única diferença é que o
roubo é feito por meio da força (seja ela ameaça ou violência), enquanto o furto é feito sem o uso da
força, ou então, na ausência do dono. É importante frisar que o conceito de roubo se refere a como um
recurso é obtido, e não como ele vai ser usado depois de ser roubado.
Todo Estado, por natureza, necessita de cobrar impostos para se sustentar, diferentemente das
empresas privadas que oferecem serviços que são pagos de forma voluntária por aqueles que querem
receber estes. No caso do Estado essa troca não é voluntária, e as pessoas são obrigadas a pagar contra
a sua própria vontade por um serviço.
A lei natural fornece quatro regras simples e logicamente conectadas para a propriedade
privada:

1. A pessoa é dona do seu próprio corpo.


2. Uma pessoa possui todo bem escasso dado pela natureza que ela colocou em uso por meio
de seu próprio corpo antes de qualquer outra pessoa (apropriação original).
3. Uma pessoa é proprietária de todos os novos produtos que criou por meio de seus próprios
bens originalmente apropriados e de seu próprio corpo, desde que a propriedade de
terceiros não tenha sido danificada durante o processo de produção.
4. A propriedade de bens originalmente apropriados ou produzidos só pode ser transferida do
proprietário anterior para o proprietário posterior por meio de um acordo contratual
voluntário.

O imposto viola a quarta regra, que exige que a propriedade seja transferida por meio de um
acordo contratual voluntário. Mas esse contrato nunca existiu. Para que um contrato exista, deve haver
pelo menos duas partes concordantes, na qual elas devem estar cientes do que está sendo acordado.
Nenhuma aprovação final é solicitada aos cidadãos, para que eles consintam com os tributos ou as
taxas, é simplesmente imposto.
Em uma situação hipotética, caso tais contratos realmente existissem, há de ser provado como
os cidadãos concordam com este determinado acordo, onde o sujeito admite um trato, não rescindível,
com o Estado que recebe o poder sobre a propriedade privada do indivíduo.

“é inconcebível como alguém poderia algum dia concordar com um


contrato que permitisse que outra pessoa determinasse permanentemente o que ele
pode ou não pode fazer com sua propriedade; porquanto ao fazê-lo essa pessoa
estaria efetivamente se tornando indefesa vis-à-vis esse supremo tomador de
decisões. E é igualmente inconcebível como alguém poderia concordar com um
contrato que permitisse que um protetor determinasse unilateralmente, sem o
consentimento do protegido, quanto o protegido deve pagar por sua proteção”.
(Hoppe, A Economia e a Ética da Propriedade Privada).

Também, são comumente vistas objeções que afirmam que o imposto é necessário, pois
através do tributo adquire-se recursos que serão utilizados ​para financiar o sistema de justiça e outras
funções do Estado que visam ajudar na ordem social. Porém, mesmo que isso fosse verdade, teríamos
de concluir que é preciso a tomada ilegítima do dinheiro para viabilizar tais serviços.
Efetivamente, a taxação é uma reivindicação do Estado sobre a parte da propriedade dos
cidadãos, e o não cumprimento deste pseudo dever pode resultar em prisão, caracterizando uma
ameaça de violência. Sendo assim, entende-se que o imposto é uma apropriação involuntária de um
recurso escasso (dinheiro), que é adquirido independentemente do consentimento do dono, através de
ferramentas coercitivas. Logo, imposto é roubo.

Vinícius Canali, estudante de Filosofia da FLUL.

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