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ELABORAÇÃO DO RESUMO PARA:

III ENCONTRO DE ESTÁGIOS DE FORMAÇÃO DOCENTE


ATIVIDADE AVALIATIVA DA UNIDADE 3

ESTÁGIO E FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Mike Ferreira

Este trabalho visa recuperar as visões principais do estagiário durante o estágio


obrigatório curricular. Foi realizado um projeto de colaboração com a escola acerca
da temática de diálogos, com base teórica de Paulo Freire, em um momento de
formação com os professores da rede municipal do turno matutino da Escola
Professor Josefa Botelho, localizada na Vila de Ponta Negra. Questões como sobre
como construir diálogo, qual o papel do professor e do estudante durante o diálogo e
sobre o quê se dialoga, foram centrais na execução do projeto, que retornou um final
positivo, assinalando proposições de reestruturação do trabalho docente no ano
posterior ao do momento da formação, visando a inserção da cultura local no
currículo escolar.

Palavras-chave: Estágio Curricular. Gestão Escolar. Formação de Professores.

1. INTRODUÇÃO

O Estágio foi realizado na Escola Professor Josefa Botelho, localizada na Vila


de Ponta Negra, próximo a residência do próprio estagiário, ou seja, houve um
vínculo pessoal com a justificativa de escolha deste lugar para executar o estágio. A
escola é pequena, conta com 26 turmas no momento do estágio, com uma média de
20 a 25 alunos por turma, totalizando uma média de 200 a 300 estudantes por turno.
A escola oferece Ensino Fundamental Anos Iniciais e Finais, no turno matutino e
vespertino respectivamente, como também a Educação de Jovens e Adultos (EJA)
no período noturno. A coordenadora Márcia Fernandes foi a responsável pela
recepção e acompanhamento do estagiário, oferecendo todo o suporte necessário.
A escola também conta com uma infraestrutura razoável, com espaços de
convivência, refeitório, biblioteca, sala de multimídia, uma quadra de areia e outra de
concreto, sala de coordenação, sala de diretoria, sala dos professores, sala de
reuniões e planejamentos, cozinha, garagem, pátio e vale salientar que o espaço
entorno do prédio principal é arborizado e os estudantes têm acesso a espaços com
areia também.
Nos momentos de diálogo com a coordenadora, ficava evidente a posição
dela com respeito da atuação do estagiário longe da sala de aula. A conversa era
motivada pelo questionário elaborado pela turma e a coordenadora sempre tinha a
responsabilidade de dar uma resposta satisfatória, apresentando sua visão
profissional e pessoal acerca dos assuntos. Foi a partir deste diálogo, que surgiu a
necessidade determinada pela coordenadora, que o projeto de colaboração fosse
acerca de uma formação para os professores, pois se via a necessidade de se
trabalhar um tópico em especial da afetividade presente na relação
professor-estudante. Diante dessa tarefa, o estagiário a partir de suas experiências
com as disciplinas de Organização do Trabalho Pedagógico e Curricular, imerso pelo
contexto que a coordenadora incitava em seus discursos, sugeriu a possibilidade da
base teórica ser Freiriana, tanto para trabalhar as questões de afeto nas relação de
sala de aula, quanto para determinar o significado de cultura, que se atravessa
dentro da escola e muitas vezes se chocam, criando conflitos e divergências acerca
do entendimento sobre Educação.

2. DISCUSSÃO E REFLEXÃO

Visto a escolha do tema e da base teórica, o estagiário ficou incumbido de


preparar o material a ser apresentado e realizar a formação com os professores.
Durante a escolha do melhor dia e momento, a coordenadora informou que desejaria
a formação sendo feita para os professores do turno vespertino, mas infelizmente
devido ao conflito de horários com a universidade, o estagiário não poderia realizar
neste momento. Neste mesmo momento, o próprio estagiário enunciou sua vontade
para realizar com os professores da EJA no período noturno, mas a coordenadora
explicou que pelo fato destes professores serem mais voláteis no espaço escolar,
ela temia que não fosse um momento proveitoso. Então se optou por realizar com os
professores do turno matutino devido a impossibilidade de se realizar nos outros
turnos e seria feito no último horário de aula, pois a coordenadora iria liberar os
estudantes e consequentemente os professores para que estes participassem sem a
possibilidade de ausência. Seria tudo feito num espaço de tempo em torno de 50 a
60 minutos.
Sobre a base teórica, Paulo Freire se destaca por tratar de um aspecto
fundamental que esteve presente várias vezes durante os diálogos estabelecidos
entre o estagiário e a coordenadora, que é a questão do afeto. A obra escolhida para
estruturar a formação foi a Pedagogia do Oprimido, em especial o Capítulo Três,
quando Freire vai discutir o significado de Diálogo para que a verdadeira educação
emancipadora se estabeleça. Vários conceitos da obra foram utilizados para se
trabalhar na formação, como o propósito da educação; reflexão e ação do trabalho
pedagógico; os pré-requisitos do diálogo; com quem se cria diálogo e a partir de
quê; quando se começar a pensar o diálogo; qual o conteúdo que permeia o diálogo;
qual o papel do professor e qual o papel do estudante durante o diálogo; como
planejar e construir metodologicamente momentos de diálogo, etc.
A apresentação ficou dividida em três momentos, um inicial para
apresentação do estagiário e exposição dos conceitos, planejado para durar em
torno de 20 minutos, um segundo momento após este para que os professores
pudessem fazer suas colocações e expressassem suas opiniões a respeito,
planejado para durar em torno de 30 minutos e um último momento ao final para
propor encaminhamentos e encerrar com agradecimentos.
Após tudo planejado e revisado, se conduziu a formação e é importante
salientar que momentos antes, o estagiário se deparou com o fato de que iria
trabalhar aspectos profissionais com profissionais que já estavam em cargo há
décadas e isto propiciou um pico de ansiedade, deixando o estagiário nervoso, mas
que felizmente a coordenadora conseguiu contornar esta situação inserindo o
estagiário nos momentos de intervalo junto aos professores, criando um ambiente
saudável e amigável. A formação foi feita numa das salas de aula, que foi
organizada pelo próprio estagiário em formato de círculo oval semi-fechado com a
projeção de slides no quadro.
Apesar de todo o estresse inicial que o contexto propiciou, a apresentação
seguiu tranquila e um momento que auxiliou a desenvoltura calma da formação,
observada pelo próprio estagiário, foi durante o início se colocar também enquanto
professor, ou seja, estar no mesmo nível que os que estavam ali, para que não se
sentissem superior ou inferior ao que estava sendo exposto, visto que o conteúdo da
formação poderia provocar sentimentos de inquietação.
O momento do diálogo foi fantástico. A maioria dos professores que puderam
estar presente, que totalizou em torno de 15, quiseram falar, expor suas ideias, seus
problemas, suas necessidades, seus desejos e vontades e o clima ficou bastante
seguro e agradável para que pudessem fazer suas colocações. Ao final, o estagiário
encaminhou um convite para que os professores pudessem escutar mais seus
estudantes e revissem seus posicionamentos acerca de suas escolhas durante os
planejamentos, se seria mais importante trabalhar o currículo formal de conteúdos
ou o oculto, das relações presentes e construídas pelo espaço escolar.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A incrível experiência de poder estar presente no locus de trabalho que se


pretende atuar é extremamente enriquecedor, principalmente no aspecto que diz
respeito às construções de visões e posicionamentos que podem e precisam ser
adotados, repensados ou evitados.
Ouvir dos professores falas do tipo “[...] às vezes sou atropelada pela rotina e
simplesmente não consigo dar conta de parar e refletir sobre o que estou fazendo
em sala de aula! [...]” propiciaram ao estagiário a oportunidade de construir um olhar
outro sobre o papel da gestão escolar, que os professores também precisam de
ajuda metodológica e oportunidades de encontros frequentes para realizarem trocas
acerca de seu trabalho.
Vale destacar também as dificuldades encontradas para a execução do
estágio, principalmente no que diz respeito ao tempo, ser próximo à residência
facilitou muito poder estar presente em tempo hábil, mas ainda assim, conciliar as
atividades da universidade, com as atividades pessoais do estagiário e da
coordenadora e ainda as atividades escolares, realmente foi o ápice de dificuldade
acerca do estágio
REFERÊNCIAS

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
Capítulo 3.

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