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NUTRIÇÃO – UNICESUMAR – 3º ANO

UNIDADE 1
INTRODUÇÃO A DIETOTERAPIA

A dietoterapia tem como objetivo fornecer os nutrientes adequados ao organismo debilitado,


considerando a doença e as condições físicas, nutricionais e psicológicas do paciente. Além
disso, busca preservar os órgãos afetados pela doença por meio de alterações nas
características dos alimentos. A escolha da via de acesso à alimentação deve ser a mais
fisiológica possível, visando também a redução do tempo de internação. É importante respeitar
o padrão alimentar individual de cada paciente, fornecendo orientação e educação para
prevenção e tratamento de doenças. Na dietoterapia, é necessário separar os conceitos de
conduta, prescrição e orientação nutricional. A conduta nutricional é o tratamento determinado
pelo nutricionista, enquanto a prescrição dietética é estabelecida com base no diagnóstico
nutricional do indivíduo, envolvendo várias etapas. A orientação nutricional auxilia os
pacientes na seleção e implementação de comportamentos saudáveis de nutrição e estilo de
vida.
A avaliação do paciente é fundamental para determinar a melhor conduta e prescrição
dietética. A evolução histórica das dietas orais está relacionada à história da enfermagem,
com mudanças significativas ao longo do tempo. A ciência da nutrição trouxe avanços na
compreensão do metabolismo e resultou em alterações importantes nas dietas hospitalares,
levando em consideração as necessidades metabólicas dos pacientes em condições
especiais.
Para elaborar uma dieta adequada, é necessário determinar as necessidades energéticas, a
distribuição de macronutrientes, as recomendações específicas de vitaminas e minerais, e
selecionar os alimentos adequados levando em conta as preferências e intolerâncias
alimentares do paciente, bem como os diagnósticos médico e nutricional. A produção das
refeições deve garantir a qualidade, quantidade e segurança microbiológica.
O profissional nutricionista desempenha um papel importante no acompanhamento da
distribuição das refeições, avaliação da aceitação alimentar, verificação das condições
fisiopatológicas do paciente e consideração de preferências, intolerâncias alimentares, hábitos
alimentares, eventos adversos de medicamentos e interações entre medicamentos e
nutrientes. A conduta dietética pode ser revisada e replanejada para garantir uma oferta de
alimentação adequada e com alta aceitação, visando ao bom estado nutricional para a
recuperação do paciente.
A interdisciplinaridade é valorizada para uma prescrição dietética mais individualizada e eficaz,
considerando as capacitações de cada profissional na área clínica. A padronização do
cardápio em uma unidade hospitalar deve levar em conta a disponibilidade financeira,
condições socioeconômicas, número e capacitação dos funcionários, equipamentos e área
física disponível. O treinamento dos funcionários responsáveis pela preparação das dietas e
a padronização dos procedimentos são fundamentais para um bom desempenho da equipe.
As dietas orais hospitalares têm como objetivo atender às necessidades fisiológicas dos
pacientes, considerando seu estado físico, nutricional e patológico. Elas podem envolver
modificações na qualidade e/ou quantidade da alimentação normal, como alterações de
consistência, temperatura, volume, valor calórico adequado, proporções de macronutrientes e
restrições de micronutrientes.
A padronização das condutas facilita a produção e distribuição das refeições, permitindo o
treinamento do pessoal e sendo flexível para adequações individuais. A gastronomia
hospitalar desempenha um papel importante no preparo de dietas, proporcionando
preparações nutricionalmente equilibradas e prazerosas, levando em consideração os
aspectos afetivos e simbólicos da alimentação, contribuindo para uma experiência
humanizada.
Existem diferentes tipos de dietas orais oferecidas aos pacientes, e essas dietas podem ser
modificadas de acordo com critérios químicos (carboidratos, proteínas, lipídios, vitaminas e
minerais), físicos (temperatura e consistência) e organolépticos (textura e sabor). As
modificações nas dietas visam ajustar-se a alterações no processo digestivo ou no
funcionamento do organismo.
As dietas podem variar em termos de sabor, podendo ser doce, salgada ou mista, evitando
altas concentrações de sal, açúcar e gordura, e podem explorar a utilização de condimentos
naturais. A temperatura da dieta pode variar de quente a fria, e em alguns casos, as refeições
podem ser oferecidas geladas. O volume da refeição deve ser ajustado de acordo com a
capacidade gástrica do paciente, podendo ser necessário aumentar a frequência das refeições
com menor volume para evitar distensão gástrica.
As dietas também podem ser modificadas em relação ao conteúdo de resíduos, sendo isenta
de resíduos, com poucos resíduos, com resíduos brandos ou rica em resíduos, dependendo
da necessidade de repouso gastrointestinal ou estímulo do trânsito intestinal.
Além disso, as dietas podem ser modificadas em relação ao valor calórico, quantidade de
macronutrientes, micronutrientes e consistência. Dietas hipocalóricas são indicadas para
redução do aporte energético e perda de peso, enquanto dietas hiperproteicas podem ser
prescritas para pacientes que necessitam de maior ingestão de proteínas.
Em resumo, as dietas orais podem ser modificadas de acordo com as necessidades
individuais dos pacientes em relação a valor calórico, macro e micronutrientes, consistência,
sabor, temperatura e conteúdo de resíduos. A padronização das condutas e a utilização da
gastronomia hospitalar contribuem para oferecer dietas nutricionalmente adequadas,
prazerosas e humanizadas, promovendo a recuperação dos pacientes.
A dieta hipercalórica é recomendada para pacientes que necessitam de um aumento no
aporte energético devido a condições como queimaduras, câncer ou doenças infecciosas que
resultam em maior gasto energético. É indicada para pacientes em estado de catabolismo.
As dietas podem ser modificadas em relação aos macronutrientes, seguindo as
recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). A dieta normoglicídica deve ter de
55 a 75% das calorias provenientes de carboidratos, a dieta normolipídica de 15 a 30% de
lipídios, e a dieta normoprotéica de 10 a 15% de proteínas. Para valores acima ou abaixo
dessas recomendações, temos as dietas hiperglicídicas, hiperproteicas, hiperlipídicas,
hipoglicídicas, hipoproteicas e hipolipídicas.
Algumas dietas são modificadas em relação à restrição de micronutrientes. A dieta
hipossódica ou com restrição de sódio é recomendada para pacientes hipertensos,
edemaciados e com doença renal. A dieta isenta de glúten é destinada a indivíduos com
doença celíaca.
Existem também as dietas modificadas e especiais, como a dieta obstipante, que restringe
estimulantes intestinais e é utilizada para repouso gastrointestinal. A dieta laxativa é rica em
fibras solúveis e insolúveis e auxilia na regularização do intestino.
As dietas também podem ser modificadas em relação à consistência. A dieta geral ou normal
é indicada quando não há necessidade de modificações dietoterápicas. A dieta branda,
pastosa, leve, líquida, líquida restrita e a dieta zero (jejum) possuem características e
indicações específicas, com alimentos recomendados e a serem evitados.
Em resumo, as dietas orais podem ser modificadas em relação à hipercaloria,
macronutrientes, micronutrientes, restrição de sódio, glúten e consistência. A escolha da dieta
adequada depende da condição clínica e necessidades individuais do paciente.
A dieta branda é indicada para facilitar a digestão e diminuir o esforço do sistema digestivo. É
uma dieta de transição entre a dieta pastosa e a dieta normal. Alguns exemplos de alimentos
recomendados para a dieta branda são arroz, caldo de feijão, frango ao molho com batata e
cenoura cozidas, e suco de uva.
A dieta pastosa tem o objetivo de favorecer a digestibilidade em situações especiais, como
falta de dentes, dificuldade de deglutição ou doenças neurológicas. Os alimentos são
oferecidos na forma de purê, creme ou suflê. Exemplos de alimentos recomendados para a
dieta pastosa são arroz papa, caldo de feijão, purê de batata, carne moída e pêra cozida.
A dieta leve, também conhecida como semilíquida, é composta por líquidos e alimentos
semissólidos. É indicada para pacientes com função gastrointestinal moderadamente
reduzida, dificuldade de mastigação e deglutição, e evolução pós-operatória. Alguns exemplos
de alimentos recomendados para a dieta leve são purê de abóbora, ovo cozido e suco de
laranja.
A dieta líquida é composta totalmente por preparações líquidas na temperatura corporal. É
prescrita para pacientes que precisam de um mínimo esforço digestivo e absortivo.
Geralmente, é necessário complementar as necessidades nutricionais com suplementos
alimentares. Exemplos de alimentos recomendados para a dieta líquida são leite, bebidas
vegetais, sucos, e suplementos alimentares.
A dieta líquida restrita é utilizada no pós-operatório para promover hidratação mínima e evitar
a formação de resíduos. Consiste em água, líquidos límpidos e carboidratos. É administrada
em curtos intervalos para hidratar os tecidos, monitorando o volume para evitar distensão
abdominal.
A dieta zero, também conhecida como jejum, é a ausência de ingestão de alimentos via oral.
É indicada em pré ou pós-operatórios e preparo de exames que exigem jejum.
A evolução das dietas orais ocorre da dieta zero para a dieta líquida restrita, dieta líquida, dieta
leve, dieta pastosa, dieta branda e finalmente para a dieta geral.

Unidade 2
DIETOTERAPIA DAS PATOLOGIAS DE BOCA E TRATO DIGESTÓRIO
ALTO

As doenças gastrintestinais podem afetar significativamente a população, e a terapia


nutricional desempenha um papel importante no tratamento dessas enfermidades. O sistema
digestório é responsável por funções além da degradação dos alimentos e absorção de
nutrientes, incluindo a regulação do apetite e a troca constante de materiais com o meio
externo.
A deglutição é um processo complexo neuromuscular que envolve várias estruturas e tem
como objetivo satisfazer as necessidades nutricionais do indivíduo e proteger a via
respiratória. A disfagia orofaríngea ocorre quando há alterações nas fases oral e/ou faríngea
da deglutição, enquanto a disfagia esofágica ocorre na fase esofágica. Essas condições
podem ser causadas por diversos fatores, como tumores, distúrbios neurológicos, alterações
psicogênicas e envelhecimento.
O manejo terapêutico da disfagia envolve uma abordagem interdisciplinar, com médicos,
fonoaudiólogos, nutricionistas e enfermeiros trabalhando em conjunto. As manifestações
clínicas da disfagia podem incluir tosse, engasgo, asfixia, desidratação, perda de peso e
pneumonia por aspiração. O tratamento nutricional da disfagia pode envolver modificações na
dieta, manobras de deglutição e suplementação nutricional via oral ou enteral.
A classificação da gravidade da disfagia proposta pela "Dieta Nacional para Disfagia:
Padronização para Cuidados Ideais" sugere diferentes tipos de alimentação para cada nível
de gravidade, variando de uma alimentação oral completa a nutrição não oral. Essa
classificação considera desde a disfagia grave, que requer restrição total da via oral, até a
disfagia leve, que pode indicar apenas uma dieta modificada, como a dieta branda. O objetivo
principal é recuperar o estado nutricional, melhorar a hidratação e permitir uma
Nível 7: deglutição normal com indicação de dieta normal,a alimentação não requer tempo
extra ou utilização de estratégias especiais alimentação segura, de acordo com as
necessidades calóricas e proteicas do paciente.
Nível 6: Deglutição funcional com indicação de dieta normal. O paciente pode requerer mais
tempo para completar uma refeição, mas não há restrições específicas na consistência dos
alimentos.
Nível 5: Disfagia leve. Pode haver indicação de restrição dietética modificada, como a dieta
branda. O paciente pode precisar de supervisão à distância durante a alimentação.
Nível 4: Disfagia leve-moderada. Há indicação de restrição de uma ou duas dietas
modificadas, como a dieta branda ou dieta semi-sólida. O paciente pode necessitar de
supervisão intermitente durante a alimentação.
Nível 3: Disfagia moderada. Indica a restrição de duas ou mais modificações na dieta, como
dieta semi-sólida ou pastosa. O paciente precisa de assistência e supervisão total durante a
alimentação, possivelmente utilizando estratégias especiais.
Nível 2: Disfagia moderada-grave. É indicado o uso parcial da via oral. O paciente tolera, pelo
menos, uma dieta modificada, como a dieta pastosa, de forma segura, com o uso de manobras
compensatórias de deglutição, como a inclinação leve do queixo para baixo. O paciente requer
assistência completa ou o máximo de estratégias possíveis.
Nível 1: Disfagia grave. Indica a restrição total da via oral. O paciente não pode ingerir
alimentos de forma segura e, portanto, requer nutrição não oral, que pode ser fornecida por
meios alternativos, como a nutrição enteral.
Para o planejamento da intervenção nutricional em pacientes com disfagia, é importante
considerar vários aspectos, como o estado cognitivo do paciente, seu nível de independência
para se alimentar e o grau de gravidade da disfagia. Em alguns casos, a ingestão líquida pode
não ser segura, o que requer a modificação da consistência dos alimentos e líquidos
oferecidos para alimentos espessados ou pastosos. Além disso, é necessário avaliar o estado
nutricional do paciente e a possível presença de desnutrição, o que pode exigir supervisão
durante as refeições. A condição socioeconômica do paciente e de sua família também deve
ser considerada.
A modificação dietética, com a alteração da consistência dos alimentos e líquidos, é um
aspecto fundamental do manejo nutricional de pacientes com disfagia. A textura e a
viscosidade dos alimentos são elementos importantes a serem considerados. A viscosidade
se refere à densidade dos líquidos e existem diferentes tipos de viscosidade utilizados, como
consistências rala, néctar, mel e pudim. Espessantes industriais podem ser adicionados aos
líquidos para modificar sua consistência de acordo com as necessidades de cada paciente,
reduzindo o risco de aspiração.
Além disso, é importante garantir que as preparações alimentares tenham consistência
adequada e sejam de textura macia, a fim de prevenir engasgos e aspirações. Estimular o
prazer durante o ato de se alimentar e manter uma hidratação adequada também são aspectos
relevantes.
No caso de refluxo gastroesofágico e esofagite, a terapia nutricional tem como objetivo
prevenir a irritação da mucosa esofágica, auxiliar na prevenção do refluxo, aumentar a pressão
do esfíncter gastroesofágico e manter um peso saudável.
A gastrite é um processo inflamatório da mucosa gástrica que pode surgir de forma súbita e
geralmente desaparece sem deixar sequelas. Alguns fatores que podem desencadear a
gastrite incluem o uso de certos medicamentos, como a aspirina e anti-inflamatórios não
esteroides, o consumo excessivo de álcool, o tabagismo e situações de estresse, como
queimaduras graves ou traumas. A forma crônica da gastrite é definida pela presença de
alterações inflamatórias crônicas na mucosa gástrica, podendo progredir para uma atrofia
crônica.
A gastrite atrófica é mais comum em idosos e está relacionada à diminuição do ácido gástrico
e do fator intrínseco, o que pode levar à má absorção da vitamina B12. A redução do ácido
clorídrico também pode afetar a absorção de ferro, cálcio e outros nutrientes, uma vez que o
suco gástrico desempenha um papel na biodisponibilidade desses nutrientes. Em casos de
anemia por deficiência de ferro, é importante investigar outras causas, como a presença da
bactéria Helicobacter pylori, que está associada à diminuição da absorção de ferro. A
erradicação dessa bactéria pode melhorar a absorção de ferro e aumentar os níveis de
ferritina.
Os sintomas mais comuns da gastrite são plenitude pós-prandial, saciedade precoce, dor ou
queimação epigástrica, distensão abdominal, indigestão e, em alguns casos, vômitos. O
tratamento efetivo da gastrite crônica geralmente envolve o uso de antibióticos para erradicar
a infecção por Helicobacter pylori, além de orientações dietéticas adequadas.
A úlcera péptica é uma condição crônica caracterizada pela perda de tecido no trato
digestório que entra em contato com o ácido péptico do estômago. A presença da bactéria
Helicobacter pylori é um fator importante na etiologia das úlceras, estando presente em cerca
de 70% das úlceras gástricas e 90% das úlceras duodenais. Essa bactéria pode causar um
desequilíbrio entre os fatores protetores e agressores da mucosa gástrica, resultando em
lesões ulcerativas.
Tanto na gastrite quanto na úlcera, o desequilíbrio entre os fatores que agridem a mucosa
e os que a protegem desempenha um papel central na patogênese. O tratamento nutricional
tem como objetivo recuperar e proteger a mucosa gastrointestinal, facilitar a digestão, aliviar
a dor e promover um bom estado nutricional. A identificação de deficiências nutricionais,
como energia, proteínas e ferro, é importante para o planejamento de um plano dietético
adequado e individualizado. A avaliação nutricional pode ser feita por meio de parâmetros
como peso, altura, prega cutânea do tríceps, circunferência muscular do braço, exame
físico, anamnese alimentar e exames bioquímicos.
Não há um tratamento dietético específico comprovadamente eficaz para úlceras gástricas.
Os pacientes são aconselhados a evitar alimentos que causem sintomas e a adotar uma dieta
que promova a recuperação da mucosa e a redução da acidez gástrica. O ato de comer vai
além da ingestão de alimentos, envolvendo fatores biopsicossociais complexos, como
aspectos ambientais, culturais, sociais, religiosos, éticos e experiências prévias com os
alimentos. Portanto, é importante considerar esses aspectos ao planejar a terapia nutricional
para pacientes com gastrite e úlcera.
As recomendações nutricionais para pacientes com gastrite ou úlcera incluem:
 Garantir um valor energético total adequado para manter ou recuperar o estado
nutricional do paciente.
 Distribuir as calorias ao longo do dia em refeições menores e mais frequentes, evitando
longos períodos de jejum.
 Adaptar a consistência da dieta às condições da cavidade oral.
 Incluir alimentos ricos em fibras, como vegetais, que atuam como tampão e reduzem a
concentração de ácidos biliares no estômago, além de promoverem um trânsito
intestinal mais rápido, diminuindo a distensão.
 Evitar o consumo de bebidas alcoólicas, café, chocolates, refrigerantes à base de cola,
pimenta vermelha, mostarda em grãos, chili e alimentos ricos em gordura, que podem
irritar a mucosa gástrica ou retardar o esvaziamento gástrico.
 Respeitar a tolerância individual em relação a frutas ácidas, como laranja, considerando
que o pH do estômago é mais ácido do que o pH dessas frutas.
 Fazer as refeições em um ambiente tranquilo, comer devagar e mastigar bem os
alimentos.
 Considerar a inclusão de alimentos funcionais, como abacaxi (fonte de bromelina),
cúrcuma (fonte de curcumina), gengibre (fonte de nutrientes como tiamina, magnésio,
potássio e ferro) e hortelã (rica em fibras, folato, magnésio, potássio, cálcio e ferro), que
possuem benefícios para o sistema gastrintestinal.
 Utilizar fitoterápicos, como a espinheira-santa (Maytenus ilicifolia), que possui ação
protetora na mucosa gástrica e pode ser consumida na forma de chá antes das
refeições principais.

UNIDADE 3
DIETOTERAPIA NAS DESORDENS DO TRATO DIGESTÓRIO BAIXO.
As doenças inflamatórias intestinais (DII) são caracterizadas por inflamação crônica do
trato gastrointestinal e as duas formas mais comuns são a Retocolite Ulcerativa Inespecífica
(RCUI) e a Doença de Crohn (DC). As causas dessas doenças não são completamente
compreendidas, mas fatores genéticos, microbiota intestinal, barreira intestinal e
imunorregulação desempenham um papel importante.
Os sintomas mais comuns das DII incluem dor abdominal, cólicas, diarreia, náuseas, vômitos,
mal-estar, anorexia, emagrecimento e febre. A RCUI afeta a mucosa do cólon, enquanto a DC
pode afetar qualquer parte do trato alimentar. A desnutrição e perda de peso são frequentes
em pacientes com DII, devido à redução da ingestão alimentar, má absorção de nutrientes e
aumento das necessidades metabólicas.
O tratamento nutricional para DII tem como objetivo recuperar ou manter o estado nutricional
do paciente, fornecer nutrientes adequados e diminuir a atividade da doença. Em casos de
inapetência, náuseas, vômitos e dores abdominais que levam à diminuição da ingestão
alimentar, a nutrição enteral pode ser necessária para suprir as necessidades energéticas e
nutricionais.
A dieta de exclusão pode ser utilizada para identificar e excluir alimentos que afetam a
atividade da doença ou exacerba os sintomas. A suplementação de vitaminas e minerais pode
ser recomendada para prevenir deficiências, especialmente de vitamina D, cálcio, ferro,
vitamina B12 e ácido fólico. Além disso, nutrientes imunomoduladores, como ômega 3,
glutamina e curcumina, têm sido estudados como estratégias terapêuticas para melhorar o
estado clínico e nutricional dos pacientes.
Durante a fase de remissão da doença, não há uma dieta específica, mas recomenda-se
introduzir um alimento novo a cada dia para identificar possíveis alimentos desencadeadores
de sintomas. É importante fazer pequenas refeições fracionadas, consumir líquidos
adequados e incluir alimentos prebióticos ricos em fibras solúveis.
A doença diverticular é caracterizada pela formação de hérnias da mucosa na parede
intestinal, resultando em projeções saculares no cólon sigmoide e/ou cólon descendente.
Pode ser classificada em assintomática, sintomática simples ou sintomática recorrente.
Na forma assintomática, o paciente possui divertículos no cólon, mas não apresenta sintomas
específicos da doença. Na forma sintomática simples, ocorrem quadros difusos de dor
abdominal tipo cólica, que podem ser contínuos e aliviados pela liberação de gases ou pela
defecação. Constipação é mais comum do que diarreia nesses casos. Já na forma sintomática
recorrente, ocorre um aumento na frequência dos sintomas, associado ao desenvolvimento
de diverticulite aguda, inflamação, hemorragia diverticular e complicações como fístulas,
abscessos, perfuração, estenose e obstrução intestinal.
Alguns fatores de risco para a doença diverticular incluem consumo excessivo de carne
vermelha, alcoolismo, ingestão aumentada de cafeína, baixa ingestão de fibras, obesidade,
uso de anti-inflamatórios não esteroides e avanço da idade devido a alterações fisiológicas e
perda de elasticidade e tônus muscular intestinal.
No tratamento da diverticulose, o objetivo é aumentar o calibre e o volume das fezes, aliviar a
pressão intraluminal e diminuir as contrações da musculatura lisa circular do cólon. A inclusão
de fibras na dieta é importante para atingir esses objetivos. Além disso, recomenda-se evitar
sementes de alimentos, oleaginosas, alimentos com alto teor de fibras insolúveis (como
quiabo e tomate), alimentos que podem causar obstrução (como uvas e pipoca) e alimentos
que podem aumentar a pressão intraluminal (como goiaba). A suplementação com fibras de
Psyllium também pode ser utilizada.
Durante episódios inflamatórios da diverticulite, é recomendado evitar alimentos como
sementes, alimentos ricos em fibras insolúveis, pães e biscoitos com gergelim, quiabo, tomate,
goiaba, pepino, uva e pipoca, a fim de prevenir sintomas e complicações. O uso da nutrição
enteral ou parenteral pode ser necessário se o paciente não conseguir atender às
necessidades nutricionais adequadas por via oral.
No caso da síndrome do intestino irritável (SII), os critérios diagnósticos baseados nos
Critérios de Roma III incluem dor abdominal recorrente ou desconforto por pelo menos três
dias por mês nos últimos seis meses, associados a dois ou mais achados, como melhora com
defecação, mudança na frequência e forma das fezes. Os sintomas comuns incluem dor
abdominal crônica intermitente ou contínua, inchaço, distensão abdominal, flatulência e
alteração do hábito intestinal, como diarreia, constipação ou alternância entre os dois.
O tratamento nutricional da SII envolve a identificação e exclusão de alimentos
desencadeadores de sintomas. A dieta FODMAP (Fermentable Oligosaccharides,
Disaccharides, Monosaccharides, And Polyols) tem se mostrado benéfica para reduzir os
sintomas em pacientes com SII. Essa dieta consiste na redução de carboidratos fermentáveis,
como frutanos, galactanos, frutose e polióis, presentes em alguns alimentos. No entanto, a
orientação nutricional deve ser individualizada, levando em consideração as intolerâncias
alimentares específicas de cada paciente.
os prebióticos e os probióticos desempenham um papel importante no manejo das doenças
relacionadas ao intestino. Os prebióticos são fibras dietéticas que são fermentadas
seletivamente pelas bactérias benéficas no intestino, resultando em mudanças específicas na
composição e atividade da microbiota gastrointestinal. Eles estão presentes em alimentos
como frutas, verduras, leguminosas e cereais integrais. Ao serem fermentados pelas bactérias
intestinais, os prebióticos produzem ácidos graxos de cadeia curta, como acetato, propionato
e butirato, que têm efeitos benéficos na saúde intestinal, fornecendo energia para as células
intestinais e contribuindo para a regulação do pH e a redução de bactérias prejudiciais.
Por outro lado, os probióticos são microrganismos vivos que, quando consumidos em
quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde do hospedeiro. Eles podem reforçar a
barreira intestinal, regular a resposta inflamatória, melhorar a função imunológica e competir
com bactérias patogênicas no intestino. Estudos têm demonstrado que o uso de probióticos
pode ser benéfico na síndrome do intestino irritável, reduzindo os sintomas como distensão
abdominal, dor abdominal, constipação, flatulência e diarreia. Além disso, probióticos também
podem ajudar na prevenção de recidivas em doenças inflamatórias intestinais, como a doença
de Crohn e a retocolite ulcerativa.
Na conduta nutricional das doenças intestinais, é essencial considerar a utilização de
prebióticos e probióticos como parte de uma abordagem terapêutica integrada. No entanto, é
importante ressaltar que o uso de prebióticos e probióticos deve ser individualizado, levando
em conta as necessidades e tolerâncias de cada paciente. O acompanhamento nutricional
adequado é fundamental para orientar o consumo adequado de alimentos prebióticos, como
frutas, verduras, leguminosas e cereais integrais, bem como para identificar e prescrever o
uso adequado de probióticos, seja através de alimentos probióticos ou suplementos.
Além disso, é importante destacar que a dieta em geral desempenha um papel fundamental
no manejo das doenças intestinais, incluindo evitar alimentos processados, corantes e aditivos
que possam piorar a inflamação intestinal, e avaliar a tolerância individual a alimentos como
leite, derivados, frutas e verduras, a fim de evitar desconfortos gastrointestinais. A nutrição
desempenha um papel complementar ao tratamento medicamentoso, auxiliando na melhoria
dos sintomas e na qualidade de vida dos pacientes afetados por doenças do trato digestório
baixo.
UNIDADE 4
DIETOTERAPIA NA OBESIDADE E SINDROME METABÓLICA
A obesidade é uma doença crônica e multifatorial caracterizada pelo excesso de gordura
corporal. Ela não é uma desordem singular, mas um grupo heterogêneo de condições com
causas múltiplas. A interação entre fatores dietéticos, como nutrição irregular, e fatores
ambientais, juntamente com a predisposição genética, está associada ao aumento da
morbidade e ao desenvolvimento da síndrome metabólica.
O excesso de ingestão energética em relação ao gasto energético é uma condição necessária
para a deposição de gordura nos adipócitos (células do tecido adiposo) e é um dos fatores
que contribuem para a obesidade. No entanto, a obesidade não pode ser atribuída apenas a
esse desequilíbrio energético, pois é uma condição complexa e heterogênea.
O ambiente moderno, com a diminuição da atividade física e o aumento da ingestão calórica,
é um dos principais fatores ambientais que contribuem para o aumento da prevalência da
obesidade em diversas populações.
O Índice de Massa Corporal (IMC) é uma das formas mais utilizadas na prática clínica para
classificar a obesidade. No entanto, é importante considerar outros parâmetros, como a
circunferência da cintura (CC), que pode melhor refletir o risco à saúde relacionado à
obesidade. A gordura abdominal está associada a anormalidades metabólicas que podem
predispor a comorbidades, como diabetes tipo 2, hipertensão, doenças cardiovasculares,
hepatopatias e câncer.
Além disso, é importante avaliar o estilo de vida de cada paciente, incluindo hábitos
alimentares e níveis de atividade física. Cada pessoa pode ter diferentes graus de estrutura
física, óssea e gordurosa, e apenas o IMC pode não ser suficiente para avaliar o estado geral
do paciente. É necessário considerar uma abordagem mais abrangente, incluindo parâmetros
físicos, antropométricos, clínicos e bioquímicos.
A síndrome metabólica (SM) está relacionada à obesidade e é caracterizada pela presença
de vários fatores de risco cardiovascular, como hipertensão arterial, alterações na glicemia e
nos lipídios. A resistência à insulina é um fator comum na SM e geralmente está associada à
obesidade.
Para diagnosticar a SM, é necessário que o indivíduo apresente pelo menos três dos seguintes
critérios: obesidade central (circunferência da cintura aumentada), hipertensão arterial,
glicemia alterada, níveis elevados de triglicerídeos e baixos níveis de lipoproteína de alta
densidade (HDL-c).
Portanto, o diagnóstico e o tratamento da obesidade devem levar em consideração não
apenas o IMC, mas também a distribuição de gordura corporal, os fatores de risco
cardiovascular e a presença da síndrome metabólica. Uma abordagem individualizada, que
considere os diversos parâmetros e o estilo de vida de cada paciente, é essencial para um
manejo adequado da obesidade e para promover a saúde e o bem-estar.
Ao abordar a alimentação no contexto da obesidade e da síndrome metabólica, é importante
entender que simplesmente reduzir frituras e doces não é suficiente. A conduta nutricional
deve levar em consideração a avaliação dos riscos e fatores que contribuíram para o
surgimento da doença.
As mudanças no estilo de vida são fundamentais no tratamento da síndrome metabólica, e
intervenções que visam à redução de peso, diminuição da circunferência da cintura e melhoria
dos níveis de colesterol, controle glicêmico e pressão arterial devem ser priorizadas. A
alimentação desempenha um papel importante na prevenção e tratamento dessas condições.
Estudos clínicos e epidemiológicos sugerem uma relação inversa entre a ingestão de
alimentos como vegetais, frutas e fontes de ácidos graxos poli-insaturados, e os componentes
da síndrome metabólica. Portanto, um plano alimentar equilibrado e individualizado é
essencial no tratamento da obesidade e da síndrome metabólica. A perda de peso sustentável
de 5 a 10% do peso corporal inicial é recomendada, levando em consideração as
necessidades nutricionais específicas de cada indivíduo.
Além das mudanças na alimentação, o estilo de vida saudável inclui a prática regular de
atividade física, a redução ou exclusão de vícios como tabagismo e etilismo, a manutenção
de um sono adequado e o controle do estresse diário. Como nutricionistas, podemos fornecer
orientações sobre alimentação saudável, mas também é importante encorajar o paciente a
buscar orientação profissional para atividade física e outros aspectos do estilo de vida.
Na consulta nutricional, é necessário considerar que cada pessoa é única, com diferentes
hábitos, crenças e condições emocionais e econômicas. É importante transmitir as orientações
nutricionais de forma gradual, respeitando o paciente e suas circunstâncias. As escolhas
alimentares mais saudáveis devem ser incentivadas, sem excluir completamente alimentos
como arroz e feijão, desde que em quantidades adequadas. Também é fundamental
considerar os aspectos sociais e culturais relacionados aos hábitos alimentares, e auxiliar o
paciente no preparo de alimentos de forma mais saudável, reduzindo frituras e óleos em
excesso nas preparações.
É necessário desmistificar a ideia de que alimentos "lights" são mais recomendados para
perda de peso. Muitos desses alimentos são ultraprocessados, contendo altos níveis de sódio,
aditivos alimentares, corantes e conservantes, que podem piorar o estado metabólico e
inflamatório do indivíduo. É importante focar em uma reeducação nutricional que privilegie
alimentos frescos, minimamente processados e preparações caseiras.
A educação nutricional, juntamente com a avaliação do estado nutricional, desenvolvimento
do plano de ação nutricional, implementação da dietoterapia e avaliação da eficiência da
intervenção, são princípios essenciais para o tratamento da obesidade e síndrome metabólica.
A abordagem nutricional deve levar em consideração a realidade e as preferências individuais
do paciente. Nem todos os alimentos considerados "proibidos" precisam ser excluídos
completamente da dieta. É importante agir com cautela, sugerindo a redução do consumo
desses alimentos em vez de proibi-los totalmente. Isso permite que o paciente se sinta
motivado a seguir as orientações, sabendo que ainda poderá desfrutar desses alimentos,
embora com menos frequência.
Ao planejar uma intervenção nutricional, é essencial definir metas realistas e viáveis, levando
em consideração a individualidade do paciente. Objetivos estéticos rigorosos ou um peso
idealizado podem levar à frustração e ao abandono do tratamento. O foco deve estar na
melhoria da saúde e na redução dos riscos e complicações associados à obesidade e à
síndrome metabólica.
É importante questionar o paciente sobre suas experiências prévias com dietas e tratamentos
de emagrecimento, a fim de compreender melhor suas expectativas e resultados anteriores.
O ritmo de emagrecimento deve ser lento e gradual, com uma redução de peso de 1 a 4 kg
por mês. Uma dieta que restrinja excessivamente as calorias pode levar a deficiências
nutricionais, portanto, é recomendado que o valor calórico total da dieta não seja inferior a
1200 kcal por dia.
Quanto à composição da dieta, os carboidratos devem representar de 50 a 60% do valor
calórico total, priorizando os carboidratos complexos ou de baixo índice glicêmico. As
proteínas devem representar de 20 a 35% do VCT, dando preferência a fontes magras de
proteína. Os lipídios devem representar de 25 a 35% do VCT, com ênfase em gorduras
monoinsaturadas e quantidades moderadas de gorduras poli-insaturadas, enquanto as
gorduras saturadas devem ser limitadas.
Além disso, é importante garantir a adequação de vitaminas, minerais e fibras na dieta. A água
também desempenha um papel importante e é recomendado o consumo de pelo menos 1,5
mL por cada quilocaloria consumida.
As características físicas da dieta, como consistência, fracionamento das refeições, volume,
temperatura e condimentação, também podem influenciar a saciedade e o controle do apetite.
É importante considerar que os pacientes com síndrome metabólica podem apresentar outros
parâmetros de saúde alterados, além do excesso de peso. Portanto, os objetivos da
dietoterapia devem incluir a melhoria dos níveis de pressão arterial, colesterol, triglicerídeos e
glicose, visando reduzir as complicações cardiovasculares e melhorar a qualidade de vida do
paciente.
A dieta hipocalórica, com redução de 500 a 1000 kcal por dia do valor calórico total, é
comumente recomendada para promover a perda de peso gradual. Essa redução calórica
pode ser calculada usando a "regra de bolso" de 20 a 25 kcal por quilograma de peso atual
por dia. No entanto, é importante garantir que o cardápio seja nutricionalmente equilibrado e
atenda às recomendações de macro e micronutrientes para essa população.
A perda de peso nessa faixa de redução calórica pode ter um impacto significativo nos
marcadores metabólicos, melhorando o perfil lipídico, a pressão arterial e a glicemia.
É importante reconhecer as dificuldades enfrentadas pelos pacientes na adoção de hábitos
alimentares saudáveis. Mudar os hábitos alimentares e de estilo de vida pode ser desafiador,
especialmente com as demandas da vida moderna. Dificuldades financeiras, falta de
informação, influência da mídia, expectativas e ansiedade em relação às mudanças são
alguns dos obstáculos enfrentados pelos pacientes.
Além disso, o significado emocional atribuído à alimentação e a falta de apoio familiar também
podem impactar a adesão ao tratamento. Portanto, é importante abordar essas questões
durante a consulta nutricional e fornecer suporte adequado, educação nutricional e estratégias
práticas para lidar com essas dificuldades.

UNIDADE 5
DIETOTERAPIA NA DIABETES E NOS DISTURBIOS DE TIREOIDE
A diabetes mellitus (DM) é uma doença crônica, genética e hereditária caracterizada pela
hiperglicemia, ou seja, níveis elevados de glicose no sangue. A palavra "diabetes" tem origem
grega e significa "atravessar", fazendo referência à característica de urinar excessivamente,
que era observada na Antiguidade.
A DM é um problema de saúde crescente em todo o mundo, independentemente do grau de
desenvolvimento dos países. Diversos fatores contribuem para o aumento da prevalência da
doença, como a urbanização rápida, transição epidemiológica, mudanças no estilo de vida,
aumento da obesidade, envelhecimento populacional e maior sobrevida dos indivíduos com
diabetes.
A DM é um grupo heterogêneo de distúrbios metabólicos que têm em comum a hiperglicemia.
Essa hiperglicemia resulta de defeitos na ação ou na secreção da insulina, ou em ambos. A
resistência insulínica é caracterizada por uma redução da ação da insulina nos tecidos
periféricos, o que leva a um aumento compensatório na secreção de insulina.
Existem diferentes tipos de DM, incluindo a DM tipo 1 (DM1), DM tipo 2 (DM2), outros tipos
específicos e a diabetes gestacional. A DM2 é o tipo mais comum e está associada à
obesidade e ao envelhecimento. Apresenta-se de forma insidiosa e é caracterizada por
resistência à insulina e deficiência parcial na secreção de insulina. A DM1, por outro lado,
ocorre principalmente em crianças, adolescentes e adultos jovens, e é caracterizada por uma
deficiência grave de insulina devido à destruição das células beta do pâncreas.
O diagnóstico da DM é feito com base em critérios específicos, como glicemia casual ≥ 200
mg/dL, glicemia de jejum ≥ 126 mg/dL em duas ocasiões diferentes, glicemia de duas horas
após a sobrecarga de glicose ≥ 200 mg/dL, entre outros. O estágio de pré-diabetes é
caracterizado por glicemia de jejum entre 100 e 126 mg/dL.
A DM é uma doença silenciosa, e muitas vezes os sintomas não são evidentes nos estágios
iniciais. No entanto, se não for controlada adequadamente, pode levar a várias complicações,
como retinopatia, nefropatia, neuropatia, doença coronariana, doença cerebrovascular e
doença arterial periférica. Portanto, o tratamento da DM é essencial para prevenir
complicações agudas e reduzir os riscos de problemas a longo prazo.
A terapia nutricional desempenha um papel importante no tratamento da DM, ajudando no
controle glicêmico e outros aspectos metabólicos, como dislipidemia e hipertensão. A dieta
deve ser variada e respeitar as características de uma alimentação saudável, incluindo
consistência, fracionamento, volume e temperatura adequados. As recomendações
nutricionais devem ser individualizadas, levando em consideração as necessidades
específicas de cada paciente, seus hábitos alimentares, perfil metabólico e uso de
medicamentos.
É fundamental que o paciente compreenda as recomendações nutricionais e os componentes
dos alimentos, para que possa seguir o plano alimentar adequadamente. O objetivo é
promover mudanças no estilo de vida e alcançar um bom controle metabólico, prevenindo
complicações e melhorando a qualidade de vida.
De fato, cada paciente diabético apresenta um perfil metabólico único, o que torna o
atendimento mais desafiador. A abordagem deve ser acolhedora e explicativa, levando em
consideração as preferências pessoais e os hábitos alimentares de cada indivíduo.
Os objetivos do tratamento dietético na terapia nutricional para diabetes são:
1. Manter a glicemia próxima aos níveis normais para prevenir ou reduzir o risco de
complicações da diabetes.
2. Otimizar o perfil lipídico e os níveis de pressão sanguínea para reduzir doenças
vasculares.
3. Adequar o consumo alimentar para prevenir e tratar comorbidades e complicações da
diabetes e obesidade.
4. Melhorar a saúde geral por meio de escolhas alimentares saudáveis.
5. Promover a educação para a automonitorização do tratamento e prevenção de
problemas relacionados à glicemia, como hipoglicemia e mal-estar.
Não existe uma dieta-padrão para diabetes, pois cada plano alimentar deve ser
individualizado, levando em consideração as necessidades metabólicas, nutricionais,
preferências pessoais, cultura e saúde de cada paciente. É importante focar na melhoria da
alimentação geral e promover escolhas saudáveis de alimentos, em vez de se concentrar
apenas em macronutrientes ou nutrientes isolados.
Algumas orientações dietoterápicas para pacientes diabéticos incluem:
 Realizar de cinco a seis pequenas refeições ao longo do dia em horários estabelecidos.
 Usar adoçantes naturais com moderação ou preferir alimentos in natura.
 Consumir vegetais, especialmente os folhosos, como acelga, agrião, alface, brócolis,
repolho, couve e espinafre.
 Optar por alimentos integrais, como pães, biscoitos, arroz e aveia.
 Preferir carnes brancas, como aves e peixes, e remover a pele antes do preparo.
 Ingerir pelo menos 10 copos (200 ml) de água por dia.
 Dar atenção às fibras alimentares, especialmente as solúveis, que ajudam a controlar
a glicemia. Alimentos como legumes, frutas, grãos integrais, nozes e sementes são
boas fontes de fibras.
Além disso, alguns micronutrientes desempenham um papel importante no controle glicêmico
e muitas vezes são negligenciados pelos pacientes. Vitaminas C e E, cromo, magnésio,
manganês e vanádio são exemplos de micronutrientes que podem ser benéficos para pessoas
com diabetes. Esses nutrientes podem ser encontrados em alimentos como frutas cítricas,
vegetais folhosos, óleos vegetais, carnes, ovos, grãos integrais, nozes e legumes.
Quando se trata de controle glicêmico, o Índice Glicêmico (IG) dos alimentos pode ser uma
ferramenta útil. O IG mede a velocidade com que um alimento aumenta os níveis de glicose
no sangue. Alimentos com baixo IG liberam glicose de forma mais lenta, enquanto alimentos
com alto IG a liberam mais rapidamente. É importante considerar o IG dos alimentos para
ajudar a controlar a glicemia.
É fundamental considerar a complexidade das disfunções tireoidianas, como o hipotireoidismo
e o hipertireoidismo, e a importância de um tratamento abrangente, envolvendo não apenas a
nutrição, mas também a prescrição medicamentosa e a prática de atividades físicas.
No caso do hipotireoidismo, caracterizado pela deficiência na produção dos hormônios da
tireoide, é importante estar atento aos sinais e sintomas, como bradicardia, pele seca,
fraqueza, ganho de peso, constipação, entre outros. Além disso, a deficiência de
micronutrientes, como o iodo, o selênio e o zinco, pode afetar a função da tireoide. A ingestão
adequada de iodo é essencial para a síntese dos hormônios tireoidianos, e fontes alimentares
como frutos do mar, leite e derivados, e alimentos provenientes de solos ricos em iodo são
recomendados. Já o selênio, presente em alimentos como frutos do mar, carnes orgânicas e
castanha-do-Pará, pode ter um papel importante na redução dos anticorpos contra a tireoide.
O zinco também parece estar relacionado à função tireoidiana, mas ainda são necessárias
mais pesquisas nessa área.
No hipertireoidismo, caracterizado pela hiperatividade da tireoide, a dieta também
desempenha um papel importante. Uma dieta hipercalórica é recomendada para evitar a perda
de massa muscular e auxiliar na rápida perda de peso do paciente. Além disso, alguns
alimentos, como a soja, podem interferir na função da tireoide devido às isoflavonas que
contêm. É recomendado consumir soja com moderação para aqueles que têm hipotireoidismo,
pois pode inibir a função tireoidiana e afetar a dosagem do medicamento de reposição
hormonal.

UNIDADE 6
DIETOTERAPIA DAS DOENÇAS ACRDIOVASCULARES
A doença cardiovascular (DCV) é um grupo de doenças inter-relacionadas que inclui aterosclerose,
hipertensão arterial, doenças coronarianas (doença cardíaca isquêmica, doença vascular periférica e
insuficiência cardíaca) e dislipidemia. A aterosclerose é o processo principal por trás dos eventos
cardiovasculares e é caracterizada pelo estreitamento dos vasos sanguíneos que fornecem oxigênio
ao músculo cardíaco. Isso ocorre devido à formação de placas nas paredes dos vasos sanguíneos.
Existem vários fatores de risco para o desenvolvimento da DCV, incluindo idade avançada,
história familiar de doença cardiovascular prematura, tabagismo, hipertensão, obesidade,
diabetes, estresse e aumento do colesterol total, especialmente o LDL-colesterol.
As DCVs são a principal causa de morte em todo o mundo, com milhões de mortes
anualmente. No entanto, cerca de 75% das DCVs são preveníveis por meio do controle
adequado dos fatores de risco. Isso inclui mudanças no estilo de vida, como adoção de uma
dieta saudável, prática de exercícios físicos, controle do estresse, cessação do tabagismo,
entre outros.
A hipertensão arterial (HA) é uma condição crônica caracterizada pela elevação persistente
da pressão arterial. É um fator de risco significativo para DCV, doença renal crônica e morte
prematura. A HA geralmente é assintomática, mas pode levar a complicações graves. O
tratamento da HA inclui mudanças no estilo de vida e, se necessário, medicação.
A dislipidemia é uma alteração nos níveis de lipídios no sangue, como colesterol e
triglicerídeos. Os níveis elevados de LDL-colesterol e baixos níveis de HDL-colesterol estão
associados a um maior risco de DCV. O tratamento da dislipidemia envolve mudanças na
dieta, exercícios físicos e, em alguns casos, medicação.
Uma alimentação saudável desempenha um papel crucial na prevenção e no tratamento das
DCVs. Recomenda-se o consumo adequado de nutrientes, evitando o consumo excessivo de
gorduras saturadas e trans, e priorizando o consumo de gorduras insaturadas, como ômega-
3. A restrição do consumo de sódio também é importante para o controle da pressão arterial.
Além disso, outros comportamentos saudáveis, como a prática regular de exercícios físicos, a
cessação do tabagismo e o controle do estresse, também são essenciais na prevenção e no
tratamento das DCVs.
Sim, a dieta, o exercício físico e a redução da massa corporal podem levar a uma redução na
concentração de colesterol LDL e na inflamação corporal, contribuindo para a diminuição do
risco de doenças cardiovasculares (DCV). Recomenda-se uma mudança no estilo de vida,
adotando uma dieta rica em vegetais, frutas, grãos integrais, aves com baixo teor de lipídios,
peixes, óleos vegetais não tropicais, castanhas, laticínios com baixo teor de lipídios e pobre
em doces, bebidas adoçadas com açúcar e carne vermelha. O padrão alimentar DASH
(Dietary Approaches to Stop Hypertension) é recomendado para seguir essa dieta.
A dieta DASH demonstrou reduzir significativamente a pressão arterial em pessoas
hipertensas e normotensas, em comparação com uma dieta típica americana. Além disso,
essa dieta tem efeitos benéficos na redução do colesterol LDL, melhora do perfil lipídico e
redução dos níveis de proteína C reativa. O plano alimentar DASH é rico em potássio,
magnésio, cálcio, proteínas e fibras, e é reduzido em gorduras totais e saturadas, carnes
vermelhas, doces e açúcares. Ele enfatiza o consumo de frutas, vegetais, produtos lácteos
com baixo teor de gordura, grãos integrais, carnes brancas e nozes.
No tratamento e controle das DCV, é importante reduzir a ingestão de ácidos graxos
saturados, ácidos graxos trans e fitosteróis, além de aumentar a ingestão de fibras solúveis e
grãos não processados. A adesão a uma dieta rica em fibras e gorduras não saturadas,
especialmente provenientes de fontes como frutas, legumes, verduras, grãos integrais,
laticínios com baixo teor de gordura, feijões e castanhas, pode ajudar a reduzir o colesterol
LDL.
Além disso, é recomendado evitar alimentos fritos, azeite de dendê, leite de coco, chocolates,
excesso de café, massas em excesso, refrigerantes, bebidas alcoólicas, embutidos,
enlatados, temperos industrializados, sopas desidratadas, salgadinhos em pacote, amendoim
salgado, biscoito picante e alimentos ricos em gordura.
O consumo adequado de fibras alimentares também desempenha um papel importante no
manejo das DCV. As fibras podem ser solúveis ou insolúveis e são encontradas em alimentos
como cereais, leguminosas, frutas, hortaliças, inulina, pectina, cascas de frutas, cereais e talos
de vegetais. A recomendação de fibra alimentar depende da idade, do sexo e do consumo
energético, mas a ingestão adequada é de cerca de 14 g de fibras para cada 1000 calorias
ingeridas.
Além da dieta, a prática regular de exercícios físicos e a redução da massa corporal também
são importantes para diminuir o risco de DCV. A adoção de um estilo de vida saudável,
incluindo uma dieta balanceada, atividade física regular e manutenção de um peso corporal
adequado, pode contribuir para a prevenção e o tratamento dessas doenças.
No entanto, é fundamental ressaltar que o tratamento das DCV não se resume apenas à
inclusão de fibras na alimentação.

UNIDADE 7
DIETOTERAPIA NAS SITUAÇÕES HIPERMETABÓLICAS
As condições clínicas, como trauma, sepse e queimaduras graves, podem levar a alterações
metabólicas e nutricionais significativas, resultando no comprometimento do estado nutricional
do indivíduo. Pacientes em estado crítico, como aqueles que estão acamados ou
hospitalizados, são mais vulneráveis e têm maior risco de desnutrição. Nesses casos, a
participação do nutricionista como parte da equipe multiprofissional é de suma importância.
O estresse orgânico grave está associado a alterações metabólicas, como anorexia, aumento
do gasto energético (hipermetabolismo) e catabolismo proteico (hipermetabolismo),
resultando em quebra de proteínas musculares e balanço nitrogenado negativo. O cuidado
nutricional é indicado como medida preventiva para evitar o desenvolvimento de desnutrição
proteico-energética em pacientes bem nutridos, mas que estão impossibilitados de se
alimentar normalmente por um período superior a três dias, como após cirurgia abdominal,
trauma ou queimaduras graves.
Diferentes condições clínicas, como trauma, sepse e queimaduras graves, podem levar a um
estado hipermetabólico no indivíduo. O hipermetabolismo é definido como o aumento da taxa
metabólica basal acima do que é predito com base na idade, sexo e tamanho corporal. A taxa
metabólica é geralmente determinada pela medição da troca de gases respiratórios e pelo
cálculo da produção de calor a partir do consumo de oxigênio e produção de dióxido de
carbono. O grau de hipermetabolismo está relacionado à gravidade da lesão.
O tratamento intensivo refere-se ao tratamento clínico completo de um indivíduo que
apresenta uma doença ou trauma grave, envolvendo o comprometimento agudo de um ou
mais sistemas de órgãos vitais, com alto risco de deterioração da condição do paciente. Os
cuidados intensivos exigem tomadas de decisão complexas e suporte aos sistemas de órgãos
vitais. Doença e trauma graves resultam em alterações metabólicas profundas, que persistem
até a completa recuperação.
Em condições clínicas como trauma, sepse e queimaduras graves, ocorre uma resposta
neuroendócrina e imunológica ao estresse, com efeitos metabólicos e cardiorrespiratórios.
Essa resposta busca manter parâmetros essenciais, como volemia, débito cardíaco,
oxigenação tecidual e oferta de substratos. No entanto, essas respostas metabólicas podem
levar à desnutrição proteico-energética se persistirem e forem intensas.
A sepse é uma infecção acompanhada de inflamação sistêmica e é uma das principais causas
de mortalidade hospitalar em pacientes adultos na UTI. Assim como no trauma, a resposta
inflamatória sistêmica na sepse está associada a alterações metabólicas que podem resultar
em perda acelerada de massa magra e tornar o paciente refratário ao efeito anabólico da
alimentação. A adequada nutrição é importante para evitar perda de peso, redução da
imunidade, hipoproteinemia, edema, redução da cicatrização, aumento do tempo de
internação e complicações.
Queimaduras graves são lesões nos tecidos orgânicos causadas por trauma térmico, químico,
elétrico ou radiológico. Pacientes com queimaduras graves têm um estado hipermetabólico
com aumento da temperatura corporal, consumo de glicose e oxigênio, formação de CO2,
glicogenólise, lipólise e proteólise. O catabolismo exagerado de proteínas e a perda de
proteínas pelas feridas levam à perda de massa muscular e proteica. Pacientes queimados
são suscetíveis a infecções, o que aumenta a necessidade de energia e proteína.
Em pacientes críticos, o suporte nutricional adequado é essencial para reduzir a mortalidade
e complicações. Déficits nutricionais aumentam o risco de sepse e pioram os resultados
clínicos. A oferta adequada de nutrientes pode reduzir as consequências do catabolismo
exacerbado, melhorar a evolução clínica e promover a recuperação do paciente.
É importante destacar que a resposta metabólica ao trauma, estresse, sepse e queimaduras
está relacionada ao aumento da concentração de hormônios catabólicos, como
catecolaminas, cortisol e glucagon, que promovem o catabolismo de proteínas e alterações
no metabolismo de gorduras e carboidratos. A gravidade da lesão está relacionada à
intensidade dessas alterações metabólicas.
Portanto, o cuidado nutricional é fundamental na abordagem de pacientes com condições
clínicas que provocam alterações metabólicas e nutricionais. O suporte nutricional adequado
pode ajudar a prevenir a desnutrição proteico-energética, melhorar os resultados clínicos e
promover a recuperação do paciente.
Pacientes cirúrgicos eletivos são capazes de tolerar respostas catabólicas moderadas após a
cirurgia, mesmo com ingestão alimentar inadequada. No entanto, pacientes com traumas não
conseguem lidar com as respostas catabólicas devido ao catabolismo tecidual acelerado. A
excreção acelerada de nitrogênio em casos de traumas só retorna ao normal quando a ferida
está fechada e a fratura está estabilizada.
A administração de nutrientes em pacientes com trauma tem como objetivo combater o
balanço nitrogenado negativo e a perda de peso associada à lesão. O suporte nutricional
adequado em pacientes graves com trauma resulta em taxas reduzidas de morbidade e
mortalidade quando combinado com outros cuidados intensivos.
É importante avaliar o estado nutricional dos pacientes, determinar suas necessidades de
energia, proteínas e outros nutrientes. As necessidades nutricionais podem variar ao longo da
internação devido a fatores como febre, ansiedade, dor e infecção.
Pacientes graves são hipermetabólicos e hipercatabólicos, o que afeta diretamente suas
necessidades nutricionais. Portanto, é essencial fornecer uma intervenção nutricional
individualizada. As necessidades nutricionais podem mudar durante a internação, e a
consistência da dieta deve ser ajustada às condições do paciente.
É preciso ter cuidado ao fornecer uma dieta hipercalórica, pois o metabolismo pode não ser
capaz de processar uma quantidade elevada de energia adequadamente. Isso pode levar a
efeitos indesejáveis, como hiperglicemia, desidratação e síndrome de realimentação.
A oferta de nutrientes em pacientes com trauma grave visa restaurar o balanço nitrogenado
positivo e fornecer o equilíbrio hidroeletrolítico adequado. A avaliação nutricional é importante
para determinar as necessidades energéticas e proteicas do paciente.
Em pacientes sépticos, é importante realizar uma avaliação detalhada do gasto energético. O
uso da calorimetria indireta é o método mais indicado, mas nem sempre é possível. Nesses
casos, recomenda-se uma dieta normoenergética e hiperproteica, de acordo com as diretrizes
de ASPEN.
A terapia nutricional enteral (TNE) é recomendada quando o paciente não consegue se
alimentar via oral. A TNE precoce tem sido associada a melhores resultados em pacientes
com trauma grave e sepse. A oferta de calorias e proteínas deve ser ajustada de acordo com
as necessidades e a estabilidade do paciente.
A desnutrição é comum em pacientes hospitalizados, e a detecção precoce é essencial para
garantir uma terapia nutricional eficaz. A desnutrição pode levar a complicações e aumentar a
morbimortalidade dos pacientes.

UNIDADE 8
DIETOTERAPIA NO CÂNCER E NA SINDROME DA IMONUDEFIÊNCIA
ADQUIRIDA
A importância da nutrição no tratamento do câncer e algumas diretrizes e estratégias
nutricionais para pacientes oncológicos. Aqui estão os principais pontos:
 O câncer é caracterizado pelo crescimento desordenado de células que podem invadir
tecidos e órgãos vizinhos.
 Pacientes com câncer muitas vezes estão fragilizados nutricionalmente, o que pode
levar a complicações e aumentar a morbimortalidade.
 A alimentação saudável e a atividade física podem ajudar na prevenção do câncer.
 Alguns fatores ambientais, como a ingestão de frutas, vegetais e leguminosas, podem
reduzir o risco de câncer.
 O consumo de carne vermelha e processada pode aumentar o risco de câncer,
especialmente o colorretal.
 O consumo excessivo de bebidas alcoólicas está relacionado ao aumento do risco de
vários tipos de câncer.
 A obesidade e o excesso de gordura corporal estão associados a um maior risco de
câncer.
 A terapia nutricional adequada pode ajudar a melhorar o estado nutricional dos
pacientes com câncer, reduzir complicações e melhorar a qualidade de vida.
 Durante o tratamento, alguns efeitos colaterais como redução de apetite, náuseas,
vômitos, alterações intestinais, disfagia e mudanças no paladar e no olfato podem
afetar a ingestão alimentar dos pacientes.
 É importante adaptar a dieta para atender às necessidades nutricionais dos pacientes,
como fracionar as refeições, aumentar a densidade calórica, evitar alimentos irritantes,
escolher alimentos de fácil digestão e modificar a consistência dos alimentos.
 Alguns problemas orais, como mucosite, estomatite e xerostomia, são comuns em
pacientes submetidos à quimioterapia e radioterapia. Medidas dietéticas podem ser
adotadas para aliviar esses problemas.
 Antioxidantes encontrados em frutas, vegetais e hortaliças podem desempenhar um
papel importante na prevenção de doenças, incluindo o câncer.
 A imunonutrição, incluindo o uso de probióticos e ácidos graxos ômega-3, tem sido
estudada para melhorar a resposta imunológica e os resultados clínicos em pacientes
com câncer, mas mais pesquisas são necessárias.

Pacientes com HIV ou Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) apresentam risco


nutricional, independentemente do estágio da doença. Com a introdução da terapia
antirretroviral altamente ativa, houve uma redução na mortalidade, mas também houve um
aumento na prevalência de morbidades secundárias, como a lipodistrofia, dislipidemia,
resistência à insulina, osteopenia, alterações glicêmicas e anormalidades na distribuição de
gordura corporal.
A lipodistrofia periférica é uma síndrome caracterizada por mudanças na forma do corpo,
hiperlipidemia e resistência à insulina. Os pacientes apresentam aumento da cintura,
afinamento das extremidades, protuberância das veias nos braços e pernas, mudanças na
face, como traços da pele acentuados e perda de gordura lateral à dobra nasolabial, aumento
da gordura dorsocervical ("corcova de búfala") ou aumento da gordura axilar. Além disso, há
uma redistribuição da gordura corporal, com diminuição do tecido adiposo subcutâneo e
aumento do tecido adiposo visceral em homens e mulheres.
Essas morbidades secundárias podem interferir na adesão ao tratamento devido aos efeitos
colaterais que afetam a autoimagem do paciente. Além disso, pacientes com HIV/AIDS
enfrentam desafios semelhantes aos pacientes com outras doenças crônicas não
transmissíveis, exigindo mudanças nos hábitos alimentares e de vida.
É comum que esses pacientes apresentem infecções oportunistas, que são causadas por
bactérias, fungos, protozoários ou vírus, e podem resultar em febre, diarreia, má-absorção,
perda de peso e outros sintomas. A ocorrência de múltiplas infecções pode levar a uma rápida
depleção nutricional, devido ao aumento das necessidades metabólicas e à diminuição da
ingestão proteico-calórica.
Essas alterações metabólicas incluem aumento do gasto energético basal e balanço calórico
negativo, além da perda de proteína, mesmo com uma ingestão adequada. O
hipermetabolismo e os efeitos das infecções aceleram o desenvolvimento da desnutrição
devido à utilização inadequada de nutrientes e ao consumo aumentado dos estoques
corporais.
O estado nutricional de um paciente com AIDS pode ser comprometido devido à redução da
ingestão de alimentos devido a anorexia, vômitos, náuseas, diarreia, dispneia, doença
neurológica ou alterações na boca e no esôfago. A absorção de nutrientes pode ser reduzida
quando o trato gastrointestinal é afetado. Além disso, as necessidades nutricionais podem
aumentar devido às infecções e febre. A desnutrição nesses pacientes é caracterizada pela
perda de peso maior que 10% do peso corporal, diarreia persistente, enfraquecimento crônico,
febre prolongada e perda de massa muscular.
Os objetivos da terapia nutricional para pacientes com AIDS incluem detectar, prevenir e
reduzir problemas nutricionais, preservar a massa corporal magra, prevenir a perda de peso,
fornecer nutrientes adequados de acordo com as condições clínicas, contribuir para a eficácia
da terapia medicamentosa, aliviar sintomas e complicações relacionadas ao HIV e infecções
oportunistas, auxiliar no manejo dos efeitos colaterais da terapia medicamentosa, promover
educação nutricional em todas as fases da doença e melhorar a qualidade de vida.
A desnutrição não é inevitável e pode ser evitada ou atenuada com uma intervenção
nutricional precoce e aconselhamento dietético adequado. O acompanhamento nutricional
pode ajudar a restaurar o estado nutricional, melhorar a resposta ao tratamento, minimizar a
perda de massa corporal e reduzir complicações. Além disso, as recomendações nutricionais
podem ajudar a minimizar os sintomas indesejáveis que os pacientes em tratamento podem
enfrentar.
As recomendações nutricionais para pacientes com AIDS incluem evitar alimentos e
condimentos que possam agravar sintomas como pirose (azia), náuseas, vômitos, dificuldade
de digestão, diarreia, constipação, gases intestinais, febre, suores noturnos, dificuldade de
deglutição e inflamação na boca e/ou esôfago. Também é importante calcular as
necessidades energéticas e proteicas de acordo com a fase da doença e possíveis
complicações, além de monitorar a ingestão de vitaminas e minerais, considerando a
possibilidade de suplementação oral.
O fracionamento das refeições, a temperatura dos alimentos, o tipo de cocção e a textura dos
alimentos podem ajudar os pacientes a lidar com as dificuldades alimentares decorrentes das
infecções. Quando a ingestão oral não é suficiente, a terapia nutricional enteral pode ser
indicada, desde que haja integridade anatômica e funcional do sistema digestório. Nesses
casos, pode ser necessário fornecer fórmulas com peptídeos, triacilgliceróis de cadeia média
e nutrientes imunomoduladores..

UNIDADE 9
O MANEJO DA NUTRIÇÃO ENTERAL E PARENTERAL
A terapia nutricional é um conjunto de procedimentos terapêuticos utilizados para manter ou
recuperar o estado nutricional de um paciente, por meio da administração de nutrição enteral
(através do trato gastrointestinal) e/ou nutrição parenteral (por via intravenosa). O
planejamento da terapia nutricional envolve uma determinação detalhada das etapas
envolvidas no atendimento nutricional, estabelecendo procedimentos terapêuticos, uma
sequência de eventos e métodos específicos com base em bases técnicas e objetivos
definidos.
A padronização dos procedimentos e o estabelecimento de protocolos são importantes na
terapia nutricional para garantir a correta execução dos processos. A utilização de protocolos
significa ter objetivos bem definidos para o atendimento, seguidos de uma metodologia
detalhada dos passos a serem adotados.
Alguns passos comuns para definir o protocolo da terapia nutricional incluem selecionar o
diagnóstico, organizar uma equipe multiprofissional, identificar as características do
diagnóstico e do plano de tratamento, definir processos de cuidados, revisar o processo,
ajustar à prática clínica, validar e rever o processo e, finalmente, aplicá-lo.
A desnutrição energético-proteica (DEP) é uma condição comumente observada em pacientes
hospitalizados, com uma prevalência relatada entre 19% e 80%. Pacientes hospitalizados com
estado nutricional comprometido têm maior risco de complicações e mortalidade, o que pode
levar a um aumento dos custos hospitalares. A terapia nutricional enteral e parenteral podem
ser utilizadas para atender às necessidades nutricionais dos pacientes, com a preferência pela
nutrição enteral sempre que o trato gastrointestinal estiver funcional.
Existem várias indicações para a terapia nutricional enteral, como quando o trato
gastrointestinal não está totalmente funcionante, a ingestão oral é insuficiente para atender às
necessidades nutricionais diárias ou em casos de desnutrição. No entanto, também existem
contraindicações relativas ou temporárias para a terapia nutricional enteral, como doença
terminal, síndrome do intestino curto, obstrução intestinal, sangramento gastrointestinal,
vômitos persistentes, diarreia grave, fístula intestinal, isquemia gastrointestinal, inflamação do
trato gastrointestinal e hiperêmese gravídica.
Um conceito recente é a Nutrição Enteral Precoce, que envolve a oferta de nutrição enteral
nas primeiras 48 horas de hospitalização, especialmente após eventos traumáticos ou
infecciosos. Esse tipo de intervenção é importante para evitar a ausência de nutrientes no trato
gastrointestinal e quebra da barreira imunológica.
Quanto à seleção da via de acesso para a terapia nutricional enteral, a escolha depende da
duração prevista da terapia. Para terapias de curta duração (menos de quatro semanas), as
sondas nasoenterais são comumente utilizadas, podendo ser posicionadas no estômago,
duodeno ou jejuno. Para terapias de longa duração, devido a complicações infecciosas
associadas ao uso prolongado de sondas nasoenterais, as ostomias gastrostomia e
jejunostomia são preferíveis. A escolha entre as diferentes vias de acesso depende das
necessidades e condições do paciente.
As complicações tardias associadas ao uso prolongado de sonda nasoenteral incluem
migração da sonda para o esôfago, aspiração pulmonar, lesão da mucosa gastrointestinal,
infecções respiratórias, estenose esofágica e paralisação das cordas vocais. As sondas
nasoenterais são dispositivos flexíveis de calibre entre 5 e 12 French, geralmente inseridos à
beira do leito, com a confirmação da localização adequada através de aspiração do conteúdo
gástrico, insuflação de ar no estômago ou confirmação radiográfica.
As sondas nasogástricas são comumente utilizadas para acesso ao trato gastrointestinal e
drenagem do líquido gástrico, enquanto o acesso nasoduodenal ou nasojejunal é utilizado em
pacientes que não toleram a alimentação gástrica. As ostomias gastrostomia e jejunostomia
são realizadas por cirurgia aberta ou percutânea, utilizando técnicas endoscópicas,
radiológicas ou laparoscópicas.
A gastrostomia e jejunostomia endoscópicas percutâneas são técnicas não cirúrgicas que
permitem a inserção de uma sonda diretamente no estômago ou jejuno através da parede
abdominal, com anestesia local. Essas sondas são geralmente de maior calibre, facilitando a
administração de medicamentos e reduzindo a ocorrência de obstruções. Algumas sondas de
gastrostomia percutânea permanecem rentes à pele, conhecidas como "botões", sendo uma
opção adequada para pacientes ativos ou com demência.
Existem diferentes métodos de administração da terapia nutricional enteral. Eles podem ser
divididos em dois grupos principais: administração intermitente e administração contínua.
A administração intermitente envolve a administração fracionada da dieta em períodos
específicos. Dentro desse método, há a administração intermitente gravitacional, que utiliza a
força da gravidade para a infusão da dieta, e a administração em bolo, em que a dieta é
administrada em uma única infusão utilizando uma seringa ou funil. A administração
intermitente é comumente indicada quando a sonda está posicionada no estômago.
Por outro lado, a administração contínua envolve a infusão contínua da dieta por 12 ou 24
horas, utilizando uma bomba de infusão. Esse método é frequentemente utilizado quando a
sonda está posicionada no estômago, no jejuno ou no duodeno. A administração contínua
pode ser interrompida por um período de 6 a 8 horas para a irrigação da sonda enteral com
água.
A escolha do método de administração depende das necessidades do paciente, das condições
digestivas e absortivas, das funções renal e cardiorrespiratória, entre outros fatores. É
importante considerar a tolerância do paciente, a osmolalidade da fórmula, o pH, a densidade
calórica e outros aspectos físicos da fórmula enteral.
A seleção e composição das fórmulas para terapia nutricional enteral também são
importantes. É necessário escolher uma fórmula que seja nutricionalmente completa e
adequada para uso em períodos curtos ou longos. A dieta escolhida deve satisfazer as
necessidades nutricionais do paciente, ser bem tolerada, de fácil preparação e econômica.
As fórmulas enterais podem conter proteínas, carboidratos, gorduras, fibras alimentares,
vitaminas, minerais e água. A qualidade proteica, a forma e concentração dos carboidratos,
as fontes lipídicas e a quantidade de fibras podem variar entre as fórmulas. É importante
avaliar as capacidades digestivas e absortivas do paciente, bem como suas necessidades
específicas, ao escolher a fórmula adequada.
As fórmulas enterais podem ser industrializadas, disponíveis em pó para reconstituição,
líquidas semiprontas ou prontas para uso, ou podem ser preparadas de forma artesanal
utilizando alimentos naturais ou combinações de alimentos naturais e módulos
industrializados. A escolha entre as diferentes formas de dieta depende das necessidades e
preferências do paciente, bem como da disponibilidade de recursos.
A Terapia Nutricional Parenteral (TNP) é um método de terapia nutricional em que uma
solução estéril de nutrientes é administrada por via intravenosa. Existem dois tipos principais
de TNP: Nutrição Parenteral Periférica (NPP) e Nutrição Parenteral Total (NPT).
A NPP é administrada diretamente em uma veia periférica e é indicada para períodos curtos,
geralmente entre 7 e 10 dias. No entanto, ela normalmente não atende às necessidades
nutricionais completas do paciente, resultando em um valor energético de cerca de 1.000 a
1.500 kcal/dia.
Por outro lado, a NPT é administrada diretamente em uma veia central, geralmente na veia
cava superior, e é indicada para uso por mais de 10 dias. Ela fornece o aporte energético
completo para pacientes que não podem tolerar a ingestão oral ou enteral.
A escolha do acesso venoso para administração da nutrição parenteral depende do tempo de
uso da terapia e da osmolaridade da solução. Soluções com osmolaridade superior a 900
mOsm/L devem ser administradas por via central para evitar complicações. A osmolaridade é
o número de miliosmóis de substâncias dispersas em um litro de água.
Na via periférica, são administradas baixas concentrações de nutrientes em grandes volumes,
geralmente nas veias da mão e do antebraço. Essa via é utilizada quando a terapia é de curto
prazo ou durante a transição da nutrição parenteral para a enteral. A tolerância osmótica
máxima de uma veia periférica é de aproximadamente 900 mOsm/L.
Na via central, são administradas altas concentrações de nutrientes em veias de maior calibre,
como a subclávia, femoral, cefálica, jugular interna e externa. Essa via é utilizada para
períodos mais longos de terapia. As soluções hiperosmolares podem ser administradas por
via central. No entanto, a via central apresenta maior risco de complicações, como infecções.
As indicações para a nutrição parenteral incluem intolerância à nutrição enteral, longos
períodos de terapia, disfunção intestinal grave, síndrome do intestino curto, colite ulcerativa,
doença de Crohn, pré-operatório em pacientes desnutridos, disfunção renal ou hepática,
pancreatite, diarreias graves, vômitos persistentes, pacientes catabólicos desnutridos,
traumas ou queimaduras com intestinos não utilizáveis, prematuros de baixo peso,
malformações congênitas do sistema digestório, diarreia crônica intensa e hiperêmese
gravídica.
Por outro lado, existem contraindicações para a nutrição parenteral, como instabilidade
hemodinâmica, hipovolemia, choque cardiogênico ou séptico, edema agudo de pulmão, anúria
sem diálise, graves distúrbios metabólicos e eletrolíticos.
As soluções de nutrição parenteral são compostas por diferentes componentes. A glicose é
uma fonte essencial de energia e é fornecida nas soluções de nutrição parenteral. As soluções
de glicose estão disponíveis em diferentes concentrações, de 5% a 70%, e cada grama de
glicose fornece aproximadamente 3,4 kcal.
As soluções de proteína contêm aminoácidos cristalinos essenciais e não essenciais. Elas
estão disponíveis em concentrações de 6,7% a 15% e fornecem aproximadamente 4 kcal por
grama de aminoácidos.
As emulsões lipídicas são utilizadas como fonte de energia e para prevenir deficiência de
ácidos graxos essenciais. Elas são compostas por água, triglicérides, emulsificantes e agentes
hipertonizantes. As emulsões lipídicas fornecem 1,1 kcal/mL a 2 kcal/mL, dependendo da
concentração.
A nutrição parenteral pode apresentar complicações mecânicas, metabólicas e infecciosas.
As complicações mecânicas incluem a infiltração da nutrição parenteral, que ocorre quando a
solução extravasa do local de infusão. As complicações metabólicas estão relacionadas a
desequilíbrios de eletrólitos, glicemia, fosfato, magnésio, potássio, cálcio, sódio e outros
nutrientes. As complicações infecciosas estão associadas ao uso de cateteres de longa
permanência e podem levar a infecções locais ou sistêmicas.
A síndrome de realimentação é uma complicação grave que pode ocorrer com a administração
agressiva de nutrição parenteral. Ela envolve flutuações eletrolíticas graves e potencialmente
letais, resultando em problemas metabólicos, hemodinâmicos e neuromusculares.
ATIVIDADES DA APOSTILA
UNIDADE 1
1. Paciente D.E.F., 69 anos, sexo masculino, está internado devido a um acidente de moto no
qual fraturou a mandíbula. Fará uma cirurgia e precisará de uma dieta de consistência
modificada.
Considerando todas as modificações que a dieta pode sofrer, qual seria a mais indicada ao
paciente em questão?
a) Dieta geral.
b) Dieta pastosa.
c) Dieta branda.
d) Dieta líquida.
e) Dieta zero.
2. Normalmente, uma dieta pastosa apresenta alimentos e/ou preparações na forma de purês,
cremes, papas. Por outro lado, as carnes se encontram de forma moída, triturada ou desfiada.
Considerando as características da dieta pastosa, assinale a alternativa que exibe
corretamente um alimento que pode ser indicado aos pacientes que necessitem desse tipo de
dieta:
a) Vegetais folhosos crus.
b) Frutas cozidas.
c) Arroz integral.
d) Frango frito.
e) Iogurte com pedaços de frutas.
3. Você está fazendo um estágio em um hospital na cidade em que você mora. Você e o
nutricionista do hospital têm discutido vários casos de pacientes internados e organizado, junto
à cozinha dietética, as dietas deles. Hoje, há o caso do paciente F. T. O. R., um idoso de 77
anos que teve um descontrole na pressão arterial. Ela subiu muito e a família relata não
conseguir controlar com a medicação habitual. Há um inchaço nos membros inferiores e o
paciente está sem a prótese dentária, já que a família esqueceu no domicílio.
Considerando o caso apresentado, qual seria a melhor conduta de dieta para o paciente?
Assinale a alternativa correta:
a) Dieta geral hipossódica.
b) Dieta branda hipossódica.
c) Dieta pastosa hipossódica.
d) Dieta leve hipossódica.
e) Dieta líquida hipossódica.

UNIDADE 2
1. É caracterizada como disfagia a dificuldade em deglutir alimentos devido às alterações
neurológicas, musculares, funcionais ou anatômicas. Essa condição clínica pode representar
um risco de aspiração alimentar, sendo necessário acompanhamento do paciente por uma
equipe multiprofissional especializada.
Considerando a condição clínica apresentada, assinale a alternativa correta:
a) Apenas a viscosidade dos alimentos afeta o processo de deglutição.
b) A dieta rala deve ser indicada, pois evita a aspiração.
c) A textura dos alimentos, nos casos de disfagia, deve ser avaliada individualmente.
d) O uso de espessantes aumenta o risco de o paciente fazer aspiração.
e) É preciso aumentar o consumo de líquidos lácteos e do chocolate, os quais aumentam a
secreção salivar.

2. Nas doenças gástricas, ocorre um desequilíbrio entre os fatores que agridem a mucosa e
os fatores que a protegem. O objetivo da terapia nutricional, nesses casos, é recuperar o
estado do paciente e evitar ou minimizar os efeitos colaterais e as interações com os nutrientes
provocados pelos fármacos, além de melhorar os sintomas. Para uma boa terapia nutricional,
existem várias condutas importantes a serem prescritas pelo nutricionista.
Considerando a temática, analise as afirmativas a seguir e assinale (V) para a(s) Verdadeira(s)
e (F) para a(s) Falsa(s):
( V) Os alimentos ricos em fibras insolúveis diminuem o tempo do trânsito intestinal, levando
a uma menor distensão abdominal.
( F) O consumo de café pode ser realizado se o café for descafeinado.
( F) As frutas ácidas devem ser evitadas, pois a acidez delas não é tolerada pelos pacientes
com gastrite.
( V) A espinheira santa pode ser utilizada em forma de chá para auxiliar no alívio da má
digestão de pacientes com gastrite e úlcera.
As afirmativas I, II, III e IV são, respectivamente:
a) F, V, F, F.
b) V, F, V, V.
c) V, F, V, F.
d) F, F, V, V.
e) V, F, F, V.

3. Considere uma paciente do sexo feminino com baixo peso que passou pelo
gastroenterologista e teve o diagnóstico de gastrite. Diante disso, procurou um nutricionista
para realizar orientações de acordo com o quadro clínico.
Com base no contexto apresentado, assinale a alternativa correta:
a) Ingerir leite ajuda a neutralizar o ácido estomacal, aliviando os sintomas.
b) Consumir uma dieta hiperproteica (mais de 35% do valor calórico total) favorece a
recuperação da mucosa gástrica.
c) Evitar consumir café e pimenta vermelha, por serem irritantes da mucosa gástrica.
d) As frutas ácidas devem ser evitadas, pois a acidez elevada delas resulta em irritação da
mucosa gástrica.
e) As fibras devem ser evitadas, pois levam à distensão abdominal e pioram o quadro de dor.

4. A gastrite é considerada uma inflamação da mucosa gástrica. Ela pode aparecer de repente
e, na maioria dos casos, tem curta duração.
Considerando a gastrite, assinale a alternativa correta:
a) As deficiências nutricionais mais comuns durante o tratamento da gastrite são: o mineral
zinco e a vitamina C.
b) O consumo do leite pode ser um aliado no tratamento da gastrite, por aliviar os momentos
de azia.
c) Nos casos de gastrite crônica, a deficiência de vitamina B12 pode ser comum.
d) As frutas devem ser consumidas sem casca para diminuir o consumo de fibras.
e) O pH das frutas cítricas é superior ao do estômago e, por isso, elas devem ser excluídas
da dieta.

UNIDADE 3
1. Paciente S.S.L. sofre com a doença de Crohn há um ano. Apesar de já ter diagnóstico e
estar em tratamento, ela apresenta várias complicações metabólicas, nutricionais e
infecciosas.
Devido às complicações, decidiu procurar um nutricionista para fazer parte do tratamento,
auxiliando principalmente nos sintomas intestinais. Sabemos que várias condutas da terapia
nutricional são importantes para essa paciente.
Considerando a temática, analise as afirmativas a seguir e assinale (V) para a(s) Verdadeira(s)
e (F) para a(s) Falsa(s):
( V) Em estado hipercatabólico, a prescrição seria uma dieta hipercalórica.
( F) A paciente só apresenta esteatorreia, e nunca diarreia.
( V) A glutamina pode ser suplementada, pois tem a função de nutrir os enterócitos.
( V) Observar a dosagem de ácido fólico, que pode estar depletado pelo uso do medicamento
sulfassalazina.
As afirmativas I, II, III e IV são, respectivamente:
a) F, V, F, F.
b) V, F, V, V.
c) V, F, V, F.
d) F, F, V, V.
e) V, F, F, V.

2. Paciente de 58 anos, etilista e tabagista, sedentária, IMC 33,8 kg/m2. Teve diagnóstico de
retocolite ulcerativa faz 15 dias e, há três meses, sofre com 6 a 10 episódios diarreicos ao dia.
Ao passar pelo nutricionista, ele fez várias orientações e algumas sugestões de alimentos que
o paciente pode consumir e aqueles que deveria evitar.
Considerando a temática, assinale a alternativa correta:
a) Os alimentos gordurosos podem ser consumidos. É preciso evitar apenas os alimentos
fritos.
b) A indicação de fibras solúveis pode ocorrer sem precaução, pois, como retardam o
esvaziamento gástrico, não aumentam os episódios diarreicos.
c) Podem ser consumidas oleaginosas e leguminosas. É preciso evitar apenas nozes e feijão,
que são os maiores causadores de gases.
d) Se ocorrer esteatorreia, deve-se suplementar as vitaminas hidrossolúveis.
e) Consumir alimentos ricos em zinco, pois a ausência dele pode dificultar a
cicatrização do intestino.

3. Um jovem de 17 anos de idade foi encaminhado para internação no serviço de emergência


de um hospital com diagnóstico de crise aguda de Doença Inflamatória Intestinal (DII). O
paciente tem história recente de distensão, dores abdominais, fezes líquidas e receio de se
alimentar.
O jovem se encontra visivelmente emagrecido. O nutricionista responsável prescreveu dieta
por via oral, com característica constipante.
Considerando as características que a dieta mencionada no enunciado precisa apresentar
para se adequar ao estado do referido paciente, analise as afirmativas a seguir:
I) Na ocorrência de esteatorreia, a dieta deve conter alimentos-fonte de ácidos graxos de
cadeia média, que têm absorção facilitada, mesmo na deficiência de lipase pancreática.
II) A dieta deve ser isenta de lactose para prevenir quadro de diarreia osmótica propiciado pela
situação de má absorção e pelo achatamento das vilosidades.
III) A dieta de consistência líquida é inadequada, devido ao baixo teor de fibras solúveis e à
densidade energética insuficiente para satisfazer às necessidades do paciente.
IV) A suplementação de glutamina é indicada ao paciente por ser fonte energética preferencial
dos enterócitos e imunomodulador, o que auxilia na recuperação da mucosa intestinal.
É correto o que se afirma em:
a) I e II.
b) II e III.
c) III e IV.
d) I, II e IV.
e) I, III e IV.

4. Paciente S.S.L. está em crise de diverticulite. Apesar de já ter recebido orientações ao


quadro clínico, apresenta algumas dúvidas em relação ao que pode, ou não, ingerir.
Considerando a temática, analise as afirmativas a seguir e assinale (V) para a(s) Verdadeira(s)
e (F) para a(s) Falsa(s):
(F ) Pode consumir pães e biscoitos com sementes.
(V ) Deve evitar alimentos ricos em gordura.
(F ) A dieta deve ser rica em fibras.
( V) A dieta sem resíduo é a mais indicada.
As afirmativas I, II, III e IV são, respectivamente:
a) F, V, F, V.
b) F, V, F, F.
c) F, F, F, V.
d) V, V, V, V.
e) V, F, F, V.

5. Paciente R.M.M. foi atendido por um nutricionista e relatou síndrome do intestino irritável
há, aproximadamente, quatro meses. Já fez várias restrições alimentares, mas elas não
propiciaram a melhoria dos sintomas.
Considerando a temática, leia as afirmativas a seguir:
I) A dieta com baixo teor de FODMAPS é muito indicada, pois é balanceada em nutrientes, e
não causa deficiência nutricional.
II) É preciso evitar alimentos ricos em oxalatos pelo aumento da motilidade intestinal.
III) É preciso usar simbióticos para a melhoria da microbiota intestinal.
IV) É necessário prescrever uma dieta com baixo teor de FODMAPS.
É correto o que se afirma em:
a) I, II, III e IV.
b) I e IV.
c) II e IV.
d) III e IV.
e) II, III e IV.

UNIDADE 4
1. Paciente, J.B.L, 45 anos, sexo feminino, com queixa de enxaqueca, azia pós-prandial,
sonolência e prostração constantes. Depois do exame físico, observou-se que a paciente
apresenta peso de 82 kg, altura de 1,54 m e circunferência da cintura de 98 cm.
Com base nas informações apresentadas, assinale a alternativa correta:
a) A paciente apresenta obesidade grau II.
b) A paciente apresenta obesidade grau III.
c) A paciente apresenta obesidade grau II e síndrome metabólica.
d) A paciente apresenta obesidade grau III e síndrome metabólica.
e) A paciente apresenta obesidade grau II e risco de desenvolver agravos metabólicos.

2. Para ser considerada uma pessoa com síndrome metabólica (SM), é preciso ter, ao menos,
três parâmetros distintos alterados.
Assinale a alternativa que contenha apenas os parâmetros que estejam associados à SM:
a) Peso elevado, cefaleia e circunferência da cintura elevada.
b) Peso elevado, circunferência da cintura elevada e circunferência do quadril elevada.
c) Diabetes, gastrite e hipertensão.
d) Hipertensão, glicemia elevada e HDL baixo.
e) Diabetes, HDL alto e triglicerídeos altos.

3. Ao final de uma consulta, costumamos fornecer a conduta nutricional. Nela, podem conter
orientações e o plano alimentar.
Em se tratando de um paciente com obesidade, é correto sugerir nas orientações:
a) que ele não faça várias refeições ao dia.
b) que ele fique muitas horas sem comer para se habituar a comer menos.
c) que ele mastigue calmamente e sem distrações.
d) que ele consuma muitos alimentos ultraprocessados e lights para evitar a fome.
e) que ele busque emagrecer de forma rápida para ter menos complicações, ou seja, de 6 a
8 kg no mês.

UNIDADE 5
1. Considerando que um paciente diabético, muitas vezes, tem dificuldade em seguir as
orientações nutricionais prescritas, qual das orientações a seguir você certamente não
deixaria de fornecer ao seu paciente?
a) Comer três refeições ao dia.
b) Ingerir líquidos com as refeições para trazer saciedade e controlar a glicose.
c) Priorizar os cereais integrais e aumentar a ingestão de fibras.
d) Consumir tudo com adoçante, independentemente de qual.
e) Comer mais carnes vermelhas.
2. Sabemos que a diabetes é uma doença, por vezes, silenciosa. Em relação aos sinais e aos
sintomas característicos da diabetes, assinale a alternativa correta:
a) Sudorese.
b) Sede e fome constantes.
c) Inapetência.
d) Diarreia persistente.
e) Taquicardia.

3. A tireoide é uma glândula vital para o bom funcionamento do nosso organismo. Dentre as
manifestações clínicas que podem ocorrer nos pacientes com doenças tireoidianas, podemos
destacar:
a) Apenas taquicardia.
b) Apenas irritabilidade.
c) Apenas problemas intestinais.
d) Apenas constipação intestinal e intolerância ao frio.
e) Taquicardia, irritabilidade, sensibilidade ao calor e fraqueza.

4. Para uma boa conduta nutricional ao paciente com hipotireoidismo, precisamos avaliar os
sintomas e os hábitos dele e estar atentos às recomendações nutricionais.
Considerando a temática, assinale a alternativa correta:
a) O glúten é o responsável pela hipofunção da tireoide, devendo sempre ser evitado.
b) Alimentos bociogênicos, como a couve e o repolho, podem ser consumidos livremente, de
forma regular e diária para o estímulo da tireoide.
c) Alimentos bociogênicos, como a couve e o repolho, podem ser consumidos, desde
que de forma esporádica, sem exageros.
d) O iodo não influencia a saúde da tireoide.
e) Alimentos fontes de selênio e zinco não devem ser recomendados para quem tem esse
problema.

UNIDADE 6
1. Na atualidade, é perceptível um aumento dos casos de obesidade e, consequentemente,
das doenças cardiovasculares (DCV).
Considerando a temática, assinale a alternativa correta:
a) As DCV não se agravam com o consumo de gorduras saturadas e monoinsaturadas.
b) As DCV não se agravam com o consumo de gorduras saturadas e trans.
c) As DCV se agravam apenas com o consumo de gorduras saturadas.
d) As DCV se agravam apenas com o consumo de gorduras trans.
e) As DCV se agravam com o consumo de gorduras saturadas e trans.

2. Dentre as diversas condutas sugeridas às pessoas com DCV, destacam-se as orientações


não-farmacológicas, como a dietoterapia.
Considerando a relevância da conduta alimentar, é possível destacar:
a) A importância de aumentar a ingestão de sódio e potássio.
b) A necessidade de se excluir o ovo da dieta.
c) A necessidade de se reduzir o ovo e o potássio da dieta.
d) Apenas sugerir o controle de peso aos indivíduos.
e) Orientar o controle de peso e indicar o maior consumo de potássio na dieta.

3. Considerando o consumo de nutrientes e compostos antioxidantes e a estreita relação deles


com a redução das DCV, é correto afirmar que:
a) Os antioxidantes devem sempre ser suplementados.
b) São recomendáveis as vitaminas antioxidantes, porém é estimulado que elas sejam na
forma de suplementação.
c) São recomendáveis as vitaminas antioxidantes, porém é estimulado que seja com
uma dieta saudável, em especial, o padrão DASH.
d) A dieta DASH não se aplica a esse contexto, por não sugerir alimentos ricos em
antioxidantes.
e) A dieta DASH não traz a melhoria dos fatores de risco para as DCV.

UNIDADE 7

1. Algumas condições clínicas provocam alterações importantes na composição nutricional


em conjunto com as anormalidades metabólicas que promovem o comprometimento do
estado nutricional de certos pacientes críticos e catabólicos.
Considerando a temática, assinale a alternativa correta:
a) Pacientes catabólicos ganham peso rapidamente no tratamento nutricional.
b) Pacientes catabólicos aumentam a massa muscular e perdem gordura.
c) Pacientes catabólicos não apresentam alteração de reserva muscular esquelética.
d) Pacientes catabólicos reduzem a massa muscular e a gordura corporal.
e) Pacientes catabólicos não apresentam alterações imunitárias.

2. O perfil dos pacientes hipermetabólicos costuma ser semelhante. Muitos deles podem ter
uma condição grave, como o câncer. No entanto, outras causas podem levar a essa condição
metabólica grave. Dentre elas, é possível citar:
a) Apenas as queimaduras podem levar a essa condição.
b) Somente os traumas se assemelham ao paciente oncológico.
c) Pacientes idosos, em sua maioria, já com comorbidades, costumam ser os pacientes
considerados hipermetabólicos.
d) Somente a sepse é considerada um agravo dessa magnitude.
e) Traumas extensos, queimaduras e sepse costumam ser as causas mais comuns
desses pacientes.

3. Para a conduta nutricional dos pacientes hipermetabólicos, não basta fazer somente o
cálculo de gasto energético. Alguns cuidados devem ser considerados.
Assinale a alternativa que apresenta a conduta completa:
a) A indicação proteica deve ser de 1,0 a 1,2 g de proteína/dia, no máximo.
b) As calorias e a oferta proteica devem ser aumentadas de acordo com a tolerância
apresentada e de forma gradativa, a fim de não hiperalimentar o paciente.
c) As calorias devem permanecer entre 20 e 25 calorias/kg de peso para evitar complicações.
d) Sempre é recomendável o uso da regra de bolso nesses casos.
e) As calorias ofertadas não importam na conduta, se o paciente não tiver anemia.

UNIDADE 8
1.Sabemos que, durante o tratamento do paciente oncológico que precisa se submeter à
quimioterapiae à radioterapia, muitos podem ser os efeitos colaterais que os tratamentos
podemtrazer. Náusea e vômitos são efeitos comuns durante o tratamento.
Assinale a alternativa que apresenta corretamente uma orientação nutricional que amenizaria
os efeitos em questão:
a) Logo após as refeições, deitar-se, a fim de amenizar o vômito.
b) Cozinhar o próprio alimento, a fim de melhorar as náuseas.
c) Bebidas gaseificadas, como refrigerantes, podem ser usados para evitar as náuseas.
d) Preferir alimentos secos e com menor concentração de gorduras.
e) Alimentos quentes são indicados nessa situação.

2. Alguns alimentos podem fazer parte de uma dieta imunomoduladora durante o tratamento
de pacientes com câncer. Nessa dieta, trabalhamos com alimentos antioxidantes que podem
ser encontrados em frutas, verduras e legumes.
Associe, a seguir, o antioxidante ao respectivo exemplo de alimento:
1) Carotenoide
2) Vitamina C
3) Vitamina E
4) Selênio
5) Flavonoides
( Selênio) Castanha do Brasil
(Flavonoides ) Soja
( Vitamina E) Abacate
( Caratenoide) Cenoura
( Vitamina C) Acerola
A sequência correta é:
a) 1, 2, 3, 4, 5.
b) 1, 3, 5, 2, 4.
c) 4, 5, 3, 1, 2.
d) 5, 4, 3, 2, 1.
e) 4, 5, 2, 1, 3.

3. Os objetivos da terapia nutricional aos pacientes com AIDS são detectar, prevenir e reduzir
a ocorrência de problemas nutricionais.
Considerando a temática, analise as afirmativas a seguir:
I) Auxiliar na preservação da massa corporal magra, prevenir a perda ponderal e recuperar o
estado nutricional.
II) Fornecer aporte adequado apenas de proteína, devido aos quadros de desnutrição que
podem ocorrer.
III) Auxiliar no alívio dos sintomas e nas complicações relacionadas ao HIV e às infecções
oportunistas.
É correto o que se afirma em:
a) Apenas I.
b) Apenas III.
c) Apenas I e II.
d) Apenas I e III.
e) I, II e III.

UNIDADE 9

1. Paciente D. T. G. O., sexo masculino, 71 anos. Ao sair de casa para ir ao mercado,


passandopela garagem ainda molhada, escorregou, teve uma queda forte e sofreu um
traumatismo craniano. Chegou para atendimento em hospital público com ausência de nível
de consciência, mas a tomografia mostra que não teve comprometimento grave.
Sabendo que o paciente ainda não recobrou a consciência para se alimentar, qual seria a
melhor via de acesso para a Terapia Nutricional Enteral? Assinale a alternativa correta:
a) Gastrostomia.
b) Sonda nasoentérica.
c) Sonda nasogástrica.
d) Jejunostomia.
e) Sonda nasoduodenal.

2. Qual seria o melhor método de administração para infusão da dieta enteral no caso de um
paciente com ausência de nível de consciência, visto que ele já está sendo monitorado há 24
horas e ainda não recuperou a consciência para se alimentar por via oral? Assinale a
alternativa correta:
a) Em bolo com seringa.
b) Com bomba de infusão.
c) Intermitente gravitacional.
d) Todas as técnicas são adequadas.
e) Nenhuma das técnicas são adequadas.

3. A nutrição parenteral é uma nutrição que ocorre a partir da infusão de uma solução estéril
de nutrientes por via intravenosa, pois o trato digestivo do paciente não está funcionante. Essa
via pode ser feita por um acesso venoso periférico ou central.
Considerando esse tipo de terapia nutricional, assinale a alternativa correta:
a) A nutrição parenteral total é um meio de terapia nutricional em que uma solução parenteral
é administrada diretamente em uma veia periférica.
b) A nutrição parenteral periférica é um meio de terapia nutricional em que uma solução
parenteral pode ser administrada na veia cava.
c) Na via periférica, são administradas baixas concentrações de nutrientes e em
grandes volumes.
d) Na via central, podem ser administradas baixas concentrações de nutrientes, por isso, ela
não permite a administração de soluções hiperosmolares.
e) A nutrição parenteral pode ser indicada para qualquer paciente que não tenha o trato
gastrointestinal funcionante.
ATIVIDADES AVALIATIVAS
QUESTÃO 1
A dietoterapia tem como finalidade básica ofertar ao organismo debilitado os nutrientes
adequados ao tipo de doença e às condições físicas, nutricionais e psicológicas do paciente,
mantendo ou recuperando o estado nutricional dele, além de poupar os órgãos afetados pela
doença por meio da mudança das características físicas e químicas dos alimentos.
Fonte: PIRES, C. R.; LOURIVAL, N. B. dos S. Dietoterapia. Indaial: Arché, 2023. p. 16.
Sobre as particularidades da dietoterapia, assinale a alternativa correta:
Alternativas
1: Os alimentos frios têm maior potencial de saciedade, enquanto os quentes retardam a
saciedade.
2: Os critérios físicos da dieta modificada correspondem a: quantidade de carboidratos,
volume, temperatura, proteínas, lipídios, vitaminas e minerais.
3: As fibras insolúveis são indicadas em alguns casos da dieta obstipante, pois essas fibras
têm a propriedade de formar um gel, reduzindo o trânsito intestinal.
4: Os alimentos mais indicados para uma dieta laxativa são os carboidratos complexos, tais
como o arroz, a batata, as massas sem molho e os similares das farinhas refinadas.
5: Com relação ao sabor, a dieta pode ser doce, salgada ou mista, evitando altas
concentrações de sal, açúcar e gordura, podendo, ou não, explorar a utilização de
condimentos naturais.

Questão 2
A Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) é uma doença digestiva na qual os ácidos
produzidos no estômago não seguem o seu fluxo normal de digestão e retornam ao esôfago.
Essa ação é responsável por irritar os tecidos de revestimento do esôfago, provocando
sintomas incômodos.

Fonte: https://cbcd.org.br/biblioteca-para-o-publico/doenca-do-refluxo-gastroesofagico-drge-
como-tratar/. Acesso em: 15 abr. 2023.
Sobre a conduta dietoterápica e as características da DRGE, analise as afirmativas a seguir:

I. As proteínas aumentam o tônus do esfíncter esofágico inferior.


II. Um dos objetivos da terapia nutricional da DRGE na fase aguda é prevenir a irritação da
mucosa esofágica.
III. As gorduras e alimentos cítricos aumentam o tônus do esfíncter esofágico inferior.
IV. O aumento da pressão intra-abdominal, assim como ocorre na gravidez ou na obesidade,
também pode desencadear a DRGE.

É correto o que se afirma em:


Alternativa 1:
I e II, apenas.
Alternativa 2:
I, II e III, apenas.
Alternativa 3:
I e IV, apenas.
Alternativa 4:
II e IV, apenas.
Alternativa 5:
I, II e IV, apenas.

Questão 3
Evidências crescentes demonstram que uma alteração permanente da composição ou da
função da microbiota (disbiose) pode alterar as respostas imunológicas, o metabolismo,
a permeabilidade intestinal e a motilidade digestiva, promovendo, dessa maneira,
um estado pró-inflamatório. Fonte: PASSOS, M. do C. F.; MORAES-FILHO, J. P. Microbiota
intestinal nas doenças digestivas. Arquivos de Gastroenterologia, v. 54, n. 3, p. 255-
262, 2017. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0004-2803.201700000-31. Acesso em: 1
abr. 2023.

Sobre a função da microbiota intestinal nas doenças gastrointestinais, analise as afirmativas


a seguir:
I. Prebióticos são definidos como ingredientes dietéticos seletivamente fermentáveis que
resultam em mudanças específicas na composição e na atividade da microbiota
gastrintestinal, conferindo benefícios ao hospedeiro.
II. Probióticos são fibras dietéticas presentes em frutas, verduras, leguminosas e cereais
integrais.
III. O uso de prebioticos está relacionado à produção de ácidos graxos de cadeia curta,
acetato, propionato e butirato.
IV. Prebióticos são organismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas,
conferem benefício à saúde do hospedeiro.
V. Os probióticos podem reforçar a barreira intestinal, regular a resposta inflamatória e reduzir
a permeabilidade intestinal.
Alternativa 1:
I, III e IV, apenas.
Alternativa 2:
II e III, apenas.
Alternativa 3:
I, II, III e V, apenas.
Alternativa 4:
I, III e V, apenas.
Alternativa 5:
IV e V, apenas.

Questão 4
Leia o caso hipotético a seguir: Você iniciou como nutricionista em um Hospital universitário
na sua cidade. Nesse dia, você internou a paciente M.S.T., 58 anos, que apresenta histórico
de hipertensão arterial de difícil controle pressórico. Contudo, há 10 dias sem evacuar, em
exame de imagem, identificou-se fecaloma (fezes endurecidas) na região do cólon
ascendente, sem alteração de deglutição e mastigação.

Sobre a melhor conduta de dieta para a paciente, assinale a alternativa correta:


Alternativa 1:
Dieta geral, laxante e hipossódica.
Alternativa 2:
Dieta leve, obstipante e hipossódica.
Alternativa 3:
Dieta líquida, laxante e normossódica.
Alternativa 4:
Dieta branda, obstipante e hipossódica.
Alternativa 5:
Dieta pastosa, laxante e normossódica.
QUESTÃO 5
Composta por alimentos sólidos abrandados pela cocção, a dieta branda caracteriza-se,
principalmente, pela mudança da textura através da cocção das fibras alimentares das
verduras, legumes, frutas e tecido conectivo das carnes.
Fonte: DOCK-NASCIMENTO, D. B. et al. Dieta oral no ambiente hospitalar: posicionamento
da BRASPEN. Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral – BRASPEN. Braspen
Journal, p.211, 2022.
Sobre os alimentos indicados aos pacientes que necessitam de dieta branda, assinale a
alternativa correta:
Alternativas
Alternativa 1:
Pão integral + ovo mexido + abacaxi.
Alternativa 2:
Arroz cozido + caldo de feijão + carne moída + cenoura cozida.
Alternativa 3:
Pão de forma + queijo mussarela com presunto + uva sem semente.
Alternativa 4:
Torrada integral + patê de frango com cenoura ralada + banana salpicada com chia.
Alternativa 5:
Macarrão integral + frango desfiado ao molho de tomate natural + brócolis refogado.

QUESTÃO 1
A adesão à alimentação saudável é um constante desafio no tratamento para a maioria dos
pacientes com diabetes mellitus (DM) e o seguimento do plano alimentar é geralmente
percebido como proibitivo, restritivo e distante do padrão habitual.
Fonte: PONTIERI, F. M.; BACHION, M. M. Crenças de pacientes diabéticos acerca da terapia
nutricional e sua influência na adesão ao tratamento. Ciência Saúde Coletiva, v. 15, n.1, p.151-
60, 2010.
Alguns aspectos relativos às ações dos micronutrientes devem ser observados por pessoas
com diabetes, sendo assim avalie as asserções abaixo com relação ao micronutriente e sua
ação no controle glicêmico:
I. Magnésio age melhorando a síntese de insulina.
II. Vanádio está envolvido no metabolismo de carboidratos e lipídeos.
III. Manganês é um cofator da insulina e aumenta a ligação dela aos seus receptores.
IV. Vitamina C age como auxiliar da insulina para evitar complicações de outros órgãos.
É correto o que se afirma em:
Alternativas
Alternativa 1:
I e II, apenas.
Alternativa 2:
II e III, apenas.
Alternativa 3:
I, III e IV, apenas.
Alternativa 4:
I, II e IV, apenas.
Alternativa 5:
II, III e IV, apenas.
As doenças cardiovasculares (DCV) são responsáveis por grande parte da mortalidade em
países desenvolvidos e em desenvolvimento. É um grupo de doenças inter-relacionadas que
frequentemente coexistem, incluindo aterosclerose, hipertensão arterial, doenças
coronarianas (doença cardíaca isquêmica, doença vascular periférica e insuficiência cardíaca)
e dislipidemia.
Fonte: PIRES, C. R.; LOURIVAL, N. B. dos S. Dietoterapia. Indaial: Arché, 2023.
A imagem a seguir demonstra a obstrução de uma artéria causada por um coágulo, na qual
há uma placa de gordura impedindo o adequado fluxo sanguíneo, interfirindo na passagem do
sangue que não consegue transpor a placa de ateroma.
Fonte: PIRES, C. R.; LOURIVAL, N. B. dos S. Dietoterapia. Indaial: Arché, 2023. p. 148.
Considere o papel da dietoterapia na prevenção do processo aterosclerótico e na redução dos
fatores de risco cardiovasculares e assinale a alternativa correta:
Alternativas
Alternativa 1:
O ácido graxo poli-insaturado da classe TCM, precursor do ômega-3, é essencial para a saúde
cardiovascular.
Alternativa 2:
O óxido nítrico, que é uma substância estimulada pelo consumo de ômega 3, age na contração
da parede dos vasos sanguíneos (vasoconstrição).
Alternativa 3:
O elevado consumo de produtos industrializados que contêm o óleo de palma contribui
para o maior consumo de gorduras saturadas, que elevam o risco de doença
cardiovascular.

Alternativa 4:
Os ácidos graxos monoinsaturados pertencentes à série ômega-9 apresentam como efeitos:
aumento do colesterol total e o LDL, é pró-trombótico e facilita a agregação plaquetária.

Alternativa 5:
O colesterol alimentar tem forte associação com o risco de DCV, especialmente, pelo fato de
aumentar a concentração de colesterol e LDL no plasma e reduzir a concentração de HDL.

QUESTÃO 3
"A nutrição exerce um papel fundamental no manejo dos efeitos colaterais dos tratamentos
oncológicos ao longo da jornada do paciente. É necessário um acompanhamento contínuo, a
fim de evitar que esses efeitos prejudiquem o estado nutricional, interferindo negativamente
no prognóstico e no desempenho".
Fonte: PIRES, C. R.; LOURIVAL, N. B. dos S. Dietoterapia. Indaial: Arché, 2023. p. 193.
Com base no tema abordado, analise as afirmativas a seguir, que relacionam os efeitos
colaterais decorrentes da quimioterapia e da radioterapia com a conduta nutricional:
I. Na redução de apetite, deve-se fracionar as refeições e aumentar a densidade calórica.
II. Na presença de xerostomia, deve-se aumentar o consumo de líquidos no dia, recomenda-
se 30 mL por kg de peso.
III. Na mucosite, pode-se consumir alimentos picantes, salgados e crocantes, visto que eles
não interferem na mucosa.
IV. Nos casos de náuseas, deve-se evitar alimentos com odor forte e o excesso de temperos.
É correto o que se afirma em:
Alternativas
Alternativa 1:
III, apenas.
Alternativa 2:
IV, apenas.
Alternativa 3:
I e II, apenas.
Alternativa 4:
II, III e IV, apenas.
Alternativa 5:
I, II e IV, apenas.

QUESTÃO 4
"O prognóstico do paciente queimado depende dos diversos fatores referentes ao tipo,
profundidade e localização da lesão, e a conduta inicial adequada realizada pela equipe
mostra uma grande redução na morbimortalidade desse paciente".
Fonte: https://docs.bvsalud.org/biblioref/2018/02/879480/manejo-clinico-do-paciente-
queimado.pdf. Acesso em: 2 abr. 2023.
Considerando a resposta hipermetabólica após grandes queimaduras, analise as afirmativas
a seguir:
I. Há aumento na temperatura corporal, além do consumo de glicose e oxigênio.
II. A resposta hipermetabólica tem influência direta no aumento da formação de CO2,
glicogenólise, lipólise e proteólise.
III. A área queimada representa um tecido ativo e de rápida replicação, assim, a oferta de
nutrientes a essas células é um fator essencial para a restauração tecidual.
IV. O grande queimado tem o metabolismo aumentado em até 50%.
É correto o que se afirma em:
Alternativas
Alternativa 1:
III, apenas.
Alternativa 2:
IV, apenas.
Alternativa 3:
I e II, apenas.
Alternativa 4:
I, II e III, apenas.
Alternativa 5:
II, III e IV, apenas.

QUESTÃO 5
Paciente, 48 anos, sexo masculino, com queixa de dores articulares, hipertrigliceridemia,
gordura no fígado e hipertensão arterial há 10 anos. Depois do exame físico, observou-se que
o paciente apresenta peso de 115 kg, altura de 1,64 m, circunferência da cintura de 109 cm e
circunferência de quadril de 116 cm.
Com base nas informações apresentadas, assinale a alternativa correta:
Alternativas
Alternativa 1:
Paciente em obesidade grau II, com risco elevado de doenças cardiovasculares.
Alternativa 2:
A circunferência da cintura (CC) não tem boa correlação com risco à saúde relacionado à
obesidade.
Alternativa 3:
Paciente apresenta obesidade grau I, com baixo risco cardiovascular segundo as
circunferências de cintura e quadril.
Alternativa 4:
Paciente apresenta sobrepeso com risco elevado para doença cardiovascular segundo as
circunferências de cintura e quadril.
Alternativa 5:
Paciente em obesidade grau III apresenta síndrome metabólica, com risco elevado para
doenças cardiovasculares segundo circunferência da cintura.

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