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Andar na ponta dos pés é sinal de

autismo?

Heloise Rissato
Atualizado em 01 de junho de 2023

Andar na ponta dos pés é um comportamento bastante comum em crianças,


principalmente nas mais novas que estão começando a aprender a andar. No entanto,
quando esse comportamento deixa de ser pontual e passa a ser algo mais presente na
rotina, muitas famílias acabam se preocupando e perguntando se esse pode ser um sinal
de autismo.
Apesar de não ser um hábito exclusivo no autismo, o andar na ponta dos pés de forma
persistente tem sim uma frequência maior em crianças com TEA, podendo afetar até 30%
delas. Isso porque, ele pode estar ligado aos sinais de atraso no desenvolvimento infantil.
Neste artigo, você vai entender melhor o que é autismo, quais os seus sinais e se o ato de
andar na ponta dos pés está relacionado ao TEA.

O que é autismo?
O TEA é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por dificuldades na
comunicação e interação social e pela presença de padrões de comportamentos restritos e
repetitivos.
Por ser um espectro e mudar a forma como as pessoas veem e interagem com o mundo,
algumas pessoas com autismo podem ter dificuldade em se comunicar, outras podem ter
comportamentos repetitivos e interesses restritos, enquanto outras podem ter dificuldade
em interpretar as emoções dos outros.
Seus sinais podem ser percebidos ainda na primeira infância, e cada criança ou adulto
com TEA pode apresentar diferentes níveis de necessidade de suporte. Ou seja, enquanto
alguns precisam de maior apoio para realizar atividades básicas do dia a dia, outros têm
maior facilidade em algumas ações.

Qual a ligação de andar na ponta dos pés e autismo?


Andar na ponta dos pés é um comportamento comum em crianças pequenas,
principalmente nas que estão aprendendo a andar. Isso pode ser explicado pelo fato de
que as crianças ainda estão se acostumando com o peso do corpo e com o equilíbrio.
O termo médico para esse comportamento é marcha em pontas idiopáticas, que acontece
por conta da falta de contato do calcanhar com o chão, na fase inicial do andar.
Geralmente, esse hábito aparece durante o desenvolvimento da marcha e fica com a
criança até os 2 anos de idade.
Esse andar na ponta dos pés acontece quando a criança está passando pelo seu
desenvolvimento psicomotor, já que ela ainda não é capaz de apoiar a planta do pé no
chão por completo.
A maioria das crianças modifica esse comportamento naturalmente com o passar do
tempo, e conforme vai alcançando novos marcos do desenvolvimento das habilidades
motoras, mas, em alguns casos, pode estar relacionado a autismo.
Crianças com autismo podem andar na ponta dos pés como forma de estimular seus
sentidos ou como uma maneira de se acalmar. Esse comportamento também pode estar
relacionado a dificuldades motoras e de equilíbrio.
Além disso, estudos sugerem que esse padrão pode estar relacionado com uma
hipersensibilidade, sendo uma forma de reduzir o estímulo tátil, amenizando o perfil
sensorial da pessoa.
Isso quer dizer que quando o bebê começa aprender a andar, ele passa a sentir e processar
as informações captadas pela sola dos pés, o que pode não ser tão confortável dependendo
da textura ou temperatura, por exemplo.
Outro fator que relaciona o andar na ponta dos pés com o autismo é o sistema vestibular
disfuncional, ou seja, o processo que o nosso cérebro tem de dar comandos sobre como
vamos movimentar o nosso corpo. Para pessoas no espectro essa disfunção acontece e o
organismo não trabalha exatamente como deveria, criando novos padrões de movimento.

Andar na ponta dos pés pode estar relacionado com outros diagnósticos
Apesar do andar na ponta dos pés ter algum tipo de relação com o diagnóstico de autismo,
é importante ressaltar que esse comportamento não é um sinal definitivo de TEA,
podendo estar relacionado com outras condições.
Além do transtorno do espectro autista, o andar na ponta dos pés pode estar relacionado
com:
• Tendão de Aquiles encurtado: parte do corpo que liga os músculos da perna
com o calcanhar, e quando muito curto, pode acabar impedindo o calcanhar de
tocar o chão;
• Paralisia Cerebral: esse distúrbio pode desencadear diversas barreiras de
postura e movimento, como o andar na ponta dos pés;
• Distrofia muscular: na distrofia as fibras musculares são muito propensas a
sofrerem danos e ficarem mais fracas ao longo do tempo, dificultando o caminhar.
É fundamental lembrar que o diagnóstico do autismo é clínico, feito por profissionais da
saúde qualificados, como um neuropediatra ou psiquiatra infantil, após uma avaliação
cuidadosa dos sinais da criança.
Assim, se desconfiar que sua criança está no espectro e apresenta outros sinais além do
andar na ponta dos pés, procure um médico o quanto antes e converse sobre suas
observações. Esse é um passo importante para que a criança possa começar as
intervenções precoces e ganhar independência e autonomia.

Quais os riscos de andar na ponta dos pés?


Independente do hábito de andar na ponta dos pés estar ou não ligado ao diagnóstico de
autismo, é importante que esse comportamento seja modificado conforme a criança vai
crescendo e desenvolvendo novas habilidades motoras.
Isso porque, isso pode enfraquecer a musculatura dos pés e da perna, gerando dificuldade
de usar a panturrilha para se impulsionar para frente ao caminhar. Além disso, quadris,
joelhos e coluna podem receber uma sobrecarga de extra quando isso acontece, podendo
levar a dores e futuras lesões.
Também é importante observar esse comportamento relacionando-o às interações sociais,
já que algo assim por toda a vida pode prejudicar a criança na hora de se relacionar com
outras pessoas.
A terapia de integração social é feita na Terapia Ocupacional e também os exercícios de
Fisioterapias são ótimas maneiras de realizar alongamento e estímulos para o andar. Por
isso, é muito importante conversar com a equipe multidisciplinar que acompanha o
desenvolvimento da criança e encontrar ações que possam ajudar na qualidade de vida e
bem-estar.

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