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Urgência e Emergência

Palestra 3 – Daniela Rocha Fonseca 2021-2


Anafilaxia
• Síndrome multissistêmica aguda, imunoalérgica, de alta letalidade, apresentada por indivíduos expostos a
determinados alimentos, medicamentos, insetos e fatores físicos, resultante da liberação súbita de mastócitos e
basófilos.
• O termo é utilizado para casos leves (sem instabilidade hemodinâmica) e também para casos graves.

Epidemiologia

• Não é precisa, principalmente no BR.


• Subnotificação, diagnóstico tardio e falta de manejo trazem a falta de veracidade desses dados.
• Incidência de 10 a 20/100000 hab/ano = Nos EUA.
• CID 11: Anafilaxia = Condições alérgicas e de hipersensibilidade
• Metade dos casos são por alimentos, como amendoim, avelã, nozes, castanha do pará, leite, ovo, trigo, cevada.
- Frutas: kiwi, banana.
• Insetos: abelhas, vespa, formiga.
• Látex: luvas, camisinha = Maior em profissionais da saúde. Pode ter uma reação cruzada com banana,
kiwi,mamão.
• Medicamentos: penicilinas, cefalosporinas, anfotericina B, cloranfenicol, vancomicina, opioides, AINES.
• Fatores físicos são menos comuns: exercício, frio, calor, raios UV.
• 10% idiopático
→ Brasil
- 1° Medicamentos (AINES e Antibioticos)
- 2° Alimentos (Leite de vaca, clara de ovo)
- 3° Picada de insetos (formigas, abelhas, vespas)

Fisiopatologia

• O mecanismo clássico é a produção de IgE


• Para que ocorra é preciso um contato prévio com antígeno
• Pode ser uma reação imune e não imune
- Imune (Alérgica) : IgE mediada (Alimentos, inseto, látex) ou Não IgE mediada (derivados do sangue)
- Não imune (Não alérgica) : Agentes físicos, exercício físico, opiaceos, radiocontrastes.

Mecanismo Imune (Alérgico) Não Imune


- Ocorre a degranulação dos mastócitos e basófilos com - Os mastócitos e basófilos não são ativados com IgE,
liberação de histamina, leucotrienos, prostaglandinas, anticorpos e imunocomplexos, logo, uma sensibilização
acido araquidônico, fator ativador de plaquetas etc. prévia não é necessária.
→ Tipo I : Complexos antígenos se ligam ao IgE que se Ex: Opiáceos, exercícios físicos
ligam a basófilos e mastócitos. - Alteração do metabolismo do ácido araquidônico. Ex:
- Leite, ovos, camarão, nozes; analgésicos e AINES
→ Tipo III: Ligação antígeno-anticorpo ativa
complemento que aumenta permeabilidade
vascular, ativa macrófago, promove contração
muscular lisa e liberação de mediadores de
basófilos e mastócitos.
- Contrastes, produtos plasmáticos
Quadro clínico

• Quadro multissistêmico, porém, o órgão mais visível é a pele.


• Acometimento cutâneo-mucoso:
- Mácula ou placas eritematosas, elevadas, disseminadas, pruriginosas.
- Eritemas multiformes: lesão em “alvo”, com bordas elevadas e centro mais
claro.
• Outras possíveis manifestações:
- Angioedema envolvendo mucosas: Inchaço do tecido cutâneo profundo e
subcutâneo, não é pruriginoso.
- Síndrome de Stevens-Johnson-lyell: GRAVE. Eritema multiforme, acomete
mucosas, presença de bolhas.
- Paciente toxemiado, com febre e outras manifestações sistêmicas.
• Manifestações respiratórias: Tosse, taquipneia, dispneia, rouquidão,
estridor, broncoespasmo; edema de glote; prurido nasal; coriza.
• Neurológicas: Irritabilidade, desorientação, letargia, tontura, cefaleia,
síncope, convulsão;
• Gastrointestinais: Náuseas, vômitos, diarreia;
• Cardiovasculares: Taquicardia, dor torácica, hipotensão, má perfusão,
arritmia.

Diagnóstico

• Clínico;
• Não existe exame laboratorial específico; Caso o médico opte por fazer algum, atentar-se para não retardar o
tratamento.
• Informações rápidas a serem colhidas: Destrinchar sinais e sintomas; Tempo de surgimento (anafilaxia é súbita;
de minutos a poucas horas); Fator desencadeante (Muitas vezes o paciente, por não ser previamente alérgico,
não sabe o causador e mantém seu uso até o momento do atendimento).
• Pode ocorrer reações bifásicas: Faz uma reação em 8h após exposição e depois novamente depois de 12h .

Tratamento
• Edema de via aérea superior; glote edemaciada, permeabilizar só com manobras geralmente não resolve =
Preparar pra IOT, que pode ser difícil; profissional mais experiente.
- Pode precisar de cricostomia ou traqueostomia.
• Oxigênio, se necessário, a ser ofertado por óculos nasal ou máscara de alto fluxo (geralmente é o mais usado,
por ser um paciente mais grave).
• Avaliar estado hemodinâmico;
• Manter decúbito dorsal com elevação de MMII, maximizando a perfusão dos órgãos (situação de edema de glote
importante e vômitos pode não ser favorável fazer esse decúbito = Fazer mais reclinado e elevar os membros.
Para gestantes: decúbito lateral).
• Obter dois acessos calibrosos; se o acesso venoso for difícil, acesso intraósseo.

• NÃO retardar uso de adrenalina!


• Intramuscular (menos efeito colateral
cardiovascular e dose ideal mais rápida), 1mg/ml
(ampola) 1:1000 apresentação.
• Dose:
- Crianças 0,01mg por kg/ 0,01ml por kg (máximo de
0,3mg)
- Adultos: 0,2 a 0,5mg (dose máxima)
• A grande maioria responde bem com uma
dose, porém, pode ser repetida a cada 5 a 15 minutos,
em caso de resposta inadequada ou inexistente.

Cálculo rápido : Paciente 3KG: 0,01*3= 0,03ML.

• Grande maioria dos pcts tem efeitos adversos


leves.
• Os graves se relacionam mais com a via intravenosa.
• Em criança e lactente, evita ao máximo o bolus IV, já
vai para a infusão contínua.
EV:

→ Segunda linha:
• Ressuscitação volêmica em pediatria: 10 a 20ml por
kg, em bolus.
 Antihistaminico H1 e H2: SINTOMÁTICOS;
podem ser associados, potencializando o efeito de
alivio.
 Corticoide: Efeito de ação lento, após 4h.
- Usado para evitar reações bifásicas: situações de
retorno dos sintomas de anafilaxia, apesar de não ter
mantido o contato com o agente causador.

• Se sintomatologia de broncosespasmo que


não melhorou com adrenalina.
Cuidados para a alta

• Não pode ser precoce; cerca de 2h a 24h de observação (na prática, pelo menos 12h);
• Menos grave pode ter um tempo de observação menor.
• Avaliar pelo risco de reação bifásica.
• Orientações, principalmente aos pacientes que não tinham histórico alérgico: verbal e escrita, sobre como
reconhecer um episódio de anafilaxia, como agir, como faz a autoinjeção (início dos sintomas).
• Evitar a causa suspeita
• Encaminhar p/ especialista

• Autoinjetores automáticos importados.


- Quando o paciente precisa fazer na agulha: mais receio de aplicação; deixar epinefrina na agulha faz com que
ela perca seu efeito.
• Após contato com o alérgeno OU uso de autoinjetor (por início da sintomatologia) = chamar a emergência,
correr para o OS , mesmo após o manejo inicial, feito pelo próprio paciente (com o uso do autoinjetor), ele deve
se direcionar ao hospital, para a avaliação do quadro e controle.
• Autoinjetor: EPIPEN – difícil de achar no mercado nacional
- Doses: Entre 10 e 25kg = 0,15mg
- Entre 25 e 50kg = 0,3mg
- Menor que 10kg: epinefrina na ampola – cálculo por peso. Na falta da ampola, fazer o epipen junior (0,15mg)
- Maior que 50kg: 0,5ml da ampola OU 0,3mg do autoinjetor

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