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CLÍNICA CIRÚRGICA 1

ACADÊMICO (a): LORRANA GONÇALVES SOARES CARDOSO


DOCENTE: MS. ALAN AZEVEDO
ASSEPSIA E ANTISSEPSIA
ROTEIRO 2 DA AULA PRÁTICA

Já é carnaval e Dr. Horácio, escalado para o plantão, recebe solicitação de


interconsulta na enfermaria de clínica médica.

Caso 1 – Um paciente de 85 anos, sequelado de AVC, em tratamento de


pneumonia com antibioticoterapia venosa, necessita de instalação de acesso
venoso central.

Pergunta 1.1 – Como preparar a área do paciente a ser manipulada? Quais


substâncias podem ser utilizadas na pele do paciente, citando as vantagens e
desvantagens de cada uma? Quais sítios de punção podem ser escolhidos?

Resposta:
→ O acesso venoso central é feito por uma punção percutânea, pela técnica
de Seldinger, com anestesia local ou geral e em ambiente cirúrgico.
→ O pro ssional deve estar equipado adequadamente com gorro, máscara
cirúrgica, avental estéril de manga longa, luvas estéreis e campo estéril que
cubra todo o paciente.
→ A pele do paciente deve-se estar preparada com antisséptico antes da
inserção do cateter, de preferência com solução de clorexidina alcoólica 0,5 a
2%.
→ Algumas substâncias podem ser usadas na pele do paciente, dentre elas
podemos citar:
• Iodo: Tem ação bactericida, viral e fungicida. Possui atividade esporicida
alta, com baixo custo, não mancha e não queima, contudo, sua ação é
motivada pelas condições ambientais, como o local muito sujo e pele
desidratada, levando a uma perda de efetividade. É pouco solúvel em água,
porém é facilmente solúvel em álcool. Existe sua forma dissolvida em PVP, a
mistura entre esses dois componentes garante um melhor padrão
antisséptico, além de aumentar sua ação residual.
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• Álcool iodado: Sua ação é imediata e residual e quando comparada a da
clorexidina é maior, entretanto pode ocorrer ressecamento da pele.
• Clorexidina: Tem ação imediata e efeito residual. É utilizada para alérgicos ao
iodo, pode ser associada ao álcool, e não é in uenciada pela ação do meio
ambiental, entretanto tem um custo maior comparada ao iodo. Possui maior
efetividade com um pH de 5 a 8 e age melhor contra bactérias gram-
positivas, porém, possui menor e cácia contra gram-negativas e fungos.
Apresenta baixo potencial de toxicidade e de fotossensibilidade ao contato,
sendo pouco absorvida pela pele integra.
• Álcool: possui sua forma etílica e isopropílica, em concentrações de 70 a
92% em peso, onde tem ação germicida quase imediata, entretanto não tem
nenhuma ação residual e por essa razão é utilizado em associação ao iodo
ou clorexidina, outra desvantagem é o ressecamento da pele. O álcool etílico
é bactericida, fungicida e virucida seletivo, sem ação residual.
→ Primeiramente deve-se escolher o sítio de acesso, onde pode ser inserido
nas veias jugular interna, subclávia ou femoral. O melhor local para se fazer o
procedimento é na veia jugular interna direita, pois apresenta um menor risco
de pneumotórax iatrogênico, porém, o local adequado para punção é
determinado pela experiência e habilidade do operador, pelaanatomia do
paciente, e pelas circunstâncias clínicas. Além disso, a escolha do lado direito
se deve ao fato de que esse lado, o trajeto até o átrio é maisretilíneo, a cúpula
pleural é mais baixa e o ducto torácico desemboca na veia subclávia à
esquerda, sendo menor o risco de quilotórax.
→ O sítio de referência é o vértice do triangulo de Sedillot, onde é formado
em sua base pela clavícula e lateralmente pelas porções esternal e clavicular
do músculo esternocleidomastóideo, a veia jugular interna estará localizada
ântero-lateral da artéria carótida interna e o ponto de punção é no ápice do
triângulo.
→ Depois deve-se fazer o posicionamento do paciente, onde é realizada com
o paciente em decúbito dorsal, em posição de Trendelemburg (cabeceira da
cama abaixada de 15º a 30º graus, com os pés mais altos que a cabeça), a
cabeça ca contralateral ao lado da punção e o pescoço em hiperextensão.

Pergunta 1.2 – Como pode ser feita a esterilização do material cirúrgico a ser
utilizado durante o procedimento? Como é feita a esterilização do cateter
venoso a ser utilizado durante o procedimento?

Resposta:
→ A esterilização do material cirúrgico é feita por meio de calor ou radiações.
A limpeza do material deve ser rigorosa, utilizando os métodos manuais e
ultrassônicos. Pode ser feita utilizando calor seco (fornos, estufas) ou calor
úmido (fervura e vapor sob pressão).
→ O cateter é esterilizado utilizando o processo físico de radiação UV, que se
mostra e caz contra a multiplicação de microrganismos.
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Caso 2 - Já paramentado, Dr. Horácio vai iniciar um novo procedimento, que é
uma colecistectomia convencional.

Pergunta 2.1 – Como é realizada a antissepsia do paciente? E sua


paramentação?

Resposta:
→ O preparo deve ocorrer próximo a realização do procedimento cirúrgico.
Assim, é necessário ao paciente um banho geral na noite anterior à operação,
com lavagem da cabeça, axila e genitália aplicando sabão antisséptico.
→ Após o banho, é importante realizar a troca da roupa pessoal e a roupa de
cama.
→ A tricotomia deve ser realizada, recomenda-se que seja feita no centro
cirúrgico, para evitar infecções de pequenos cortes acidentalmente ocorridos
e/ou foliculite.
→ Também é feito a antissepsia do local a ser operado, com lavagem de
todo o abdome com o sabão antisséptico com formulações à base de
hexaclorofeno, e depois naliza com um álcool iodado, se o paciente
apresentar alergia, pode ser substituído por Clorexidina ou polivinilpirrolidona-
iodo (PVP-I).
→ É necessário que no procedimento o paciente esteja com uma toca que
cubra toda a área da cabeça, e uma roupa com uma abertura que facilite a
retirada durante a cirurgia e o propé.

Pergunta 2.2– Cite os tempos cirúrgicos e os descreva sucintamente.


Resposta:
→ Diérese: A diérese signi ca dividir, cortar ou separar. Separação dos planos
anatômicos ou tecidos para possibilitar a abordagem de um órgão ou região
(cavitária ou superfície), é o rompimento da continuidade dos tecidos.
Classi cada em: Incruenta (com laser, criobisturi, bisturi eletro-cirúrgico) e
Cruenta (Arranamento, Curetagem Debridamento, Divulsão ou deslocamento).
→ Hemostasia: “Hemo” signi ca sangue; “stasis” signi ca deter, logo a
hemostasia é o processo pelo qual se utiliza um conjunto de manobras
manuais ou instrumentais para deter ou prevenir uma hemorragia ou impedir a
circulação de sangue em determinado local em um período de tempo. Sendo
feito por meio de pinçamento de vasos, ligadura de vasos, eletrocoagulação e
compressão.
→ Exérese: Refere-se ao tempo cirúrgico em que é realizada a remoção de
uma parte ou totalidade de um órgão ou tecido, visando o diagnóstico, o
controle ou a resolução da intercorrência.
→ Síntese Cirúrgica: Refere-se ao momento da junção/união das bordas de
uma lesão, com a nalidade de estabelecer a contiguidade do processo de
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cicatrização, é a união dos tecidos. O resultado da síntese será mais
siológico quanto mais anatômica for a diérese (separação).

Pergunta 2.3 - Descreva os tecidos a serem dissecados durante a incisão.


Resposta:
→ O procedimento é feito por meio de uma incisão subcostal direita, dois
dedos abaixo da margem costal, chamada de incisão de Kocher.
→ Durante a incisão, o primeiro tecido a ser dissecado é a pele, depois o
panículo adiposo superficial da tela subcutânea e seu estrato membranáceo da
tela subcutânea, as fáscias de revestimento (superficial, intermediária e
profunda) que separam os músculos: oblíquo externo do abdome, oblíquo
interno do abdome e transverso do abdome.
→ Depois da fáscia de revestimento possui a fáscia parietal do abdome, a
gordura extraperitoneal e o peritônio parietal.
→ Os músculos ali presentes, são afastados e não sofrem incisão ou
dissecação.

Referências:

GOFFI, Fábio Schimidt et al. Técnica cirúrgica – bases anatômicas,


fisiopatológicas e técnicas de cirurgia. 4ª Ed. Atheneu, 2007.
Townsend, Courtney M et al. Sabiston tratado de cirurgia: A base biológica
da prática cirúrgica moderna. 20. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2019.
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