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Junguiana

v.36-2, p.77-88

A pele que somos e a pele que sentimos


Pele – símbolo – consciência

Iara Galiás Yoshinaga*


Iraci Galiás **

Resumo Palavras-chave
O sistema somatosensorial humano funcio- pele simbólica,
na de forma dinâmica. Nossos órgãos recebem e toque, psico-
produzem estímulos que são convertidos em in- logia analítica,
psicodermat-
formação biológica, necessária para a formação,
ologia, fibras
maturação e funcionamento global do nosso
tipo C.
corpo, mente e espírito. O "sentir-se bem, sen-
tir-se com saúde" é uma consequência de vários
fenômenos biológicos que envolvem o sistema
nervoso central. Neste contexto, serão abordados
os papéis da pele, do tato e do toque no desen-
volvimento e estruturação da consciência e do que
se chama "pele simbólica" ou "pele psíquica". ■

* Médica, dermatologista pela FMSCSP (São Paulo, SP Brasil),


Professora Doutora em Dermatologia. pela FMUSP (São Paulo,
SP Brasil) e Harvard Medical School (Boston, MA USA)
E-mail: <iarayoshinaga@icloud.com>
** Médica, psiquiatra pela UNIFESP, Analista Junguiana, mem-
bro fundador da SBPA (Sociedade Brasileira de Psicologia
Analítica) e membro da IAAP (International Association fos
Analytical Psychology)
E-mail: <iraci.galias@icloud.com>

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Introdução

1. Introduction 2. O órgão pele na dermatologia


Os cinco sentidos clássicos descritos por integrativa
Aristóteles são decorrentes de uma evolução da
nossa espécie, garantem a nossa sobrevivência, 2.1 O que a pele e a psique têm em
desenvolvimento e aprendizado. O tato, um de comum?
nossos sentidos mais complexos, vem sendo in- Em 1923, Freud postulou que o Ego surge a par-
vestigado em pesquisas da psiconeurobiologia tir de sensações corporais vividas desde o nasci-
realizadas nos últimos 35 anos. No entanto, os mento, em especial pelo que ocorre na superfície
relatos clínicos advindos da psicologia reconhe- do corpo, ou seja, aquilo que é vivido na pele serve
cem há muito tempo (ANZIEU, 1988) que o tato para a construção de um Eu psíquico, "o Ego é an-
e o toque são fundamentais à estruturação e ao tes de tudo um Ego corporal" (FREUD, 1980). Seja
desenvolvimento da nossa psique. O tato é o pri- no desenvolvimento psíquico inicial do "Bebê de
meiro sentido a se desenvolver no ser humano, Melanie Klein" (KLEIN, 1991), nos “Ensaios sobre a
ainda na vida intrauterina. Teoria da Sexualidade” escritos por Freud (1977) ou
Todos os nossos sentidos são igualmente im- no "Estágio do Espelho" de Lacan (1998), é através
portantes e integrados. O nosso corpo funciona da observação do nosso funcionamento corpóreo
de uma forma dinâmica, os nossos órgãos sen- que se apoiam as teorias para a compreensão de
soriais tanto recebem quanto produzem os es- como somos "construídos" enquanto sujeitos.
tímulos que vão se transformar em informações A pele manifesta quem somos e como nos sen-
biológicas necessárias para a nossa formação, timos. Pele e psique são fronteiras entre o "EU" psí-
amadurecimento e funcionamento global: para o quico/corporal e o "outro". A pele estabelece uma
corpo, mente e espírito. fronteira entre o nosso corpo e o meio ambiente,
O "sentir-se bem, sentir-se com saúde" é assim como a psique estabelece e diferencia o
uma consequência de vários fenômenos bioló- "EU psíquico" (nosso "mundo interior") do mundo
gicos que envolvem o sistema nervoso central. externo. Tanto a pele como a psique nos lembram
Neste contexto, serão abordados o papel da de que somos seres únicos e indivíduo. Um bom
pele, do tato e do toque no desenvolvimento e exemplo são as nossas impressões digitais, que
estruturação da consciência e do que se chama nos identificam através da pele. Outro exemplo é a
"pele psíquica". nossa memória, que é absolutamente individual. A
Será realizado um breve resumo das investi- nossa memória é construída desde a vida intraute-
gações relevantes advindas das neurociências rina, tanto memórias corporais como emocionais.
que forneceram substratos neurobiológicos para Os nossos registros são continuamente construí-
a compreensão do funcionamento psicocutâneo dos ao longo da vida, atualizados e processados
no contexto da Dermatologia Integrativa. Uma de forma dinâmica, como arquivos em várias lin-
especial atenção será dada às fibras C, às termi- guagens, tais como imagens e sensações.
nações nervosas livres e aos queratinócitos (cé- A nossa pele é um órgão vital de comunicação.
lulas presentes nas camadas mais superficiais Conceitos advindos da psiconeuroimunologia per-
da pele), cujas conexões podem mediar sensa- mitiram uma compreensão mais abrangente de
ções de toque agradável, o "toque emocional", como a pele e as nossas emoções se comunicam.
vital para a sobrevivência e a manutenção da As principais evidências anatômicas e funcionais
nossa espécie. que fundamentaram esses conceitos foram:

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1. a presença de fibras nervosas em con- aos mecanismos neurológicos que envolvem o


tato com células da superfície cutânea tato, o toque e as "emoções corporais".
(queratinócitos) e com células imunoló-
gicas presentes na pele; 3. Pele – símbolo – consciência
2. a descoberta de substâncias que tradu-
zem as mensagens do sistema nervoso 3.1 Prurido: sintoma e símbolo
central para o funcionamento da pele e A sensação de prurido, ou coceira, é uma das
vice-versa (neuropeptídeos); queixas mais frequentes em dermatologia, inde-
3. a existência de uma rede de comunica- pendentemente da sua etiologia. Como repre-
ção dinâmica denominada NICE – rede sentado na Figura 1 (IKOMA et al, 2011), o prurido
neuro-imuno-cutâneoendócrina – que é uma sensação que envolve: estímulos (endó-
está constantemente em contato com as genos e ou exógenos), vias aferentes e eferentes
nossas emoções. neuroimunomodulatórias, moléculas (tais como
A possibilidade de sinergia entre as ciências o neuropeptídeo P) e a comunicação do sistema
básicas e a clínica é um importante fator para a nervoso com a pele. Estudos acerca dos meca-
compreensão de como a pele e as nossas sen-
nismos neurofisiológicos da sensação do prurido
sações, vivências e emoções funcionam de for-
indicam haver múltiplas vias neuronais periféri-
ma integrada. Na prática, tornou-se necessário o
cas, algumas podem ser seletivas (específicas)
desenvolvimento de uma linguagem que permi-
para o prurido, enquanto outras não (Figura 1).
tisse o entendimento entre as várias disciplinas
O prurido nos serve de modelo para ilustrar como
médicas e de outras áreas da saúde para a via-
uma sensação ou sintoma pode ser interpreta-
bilização do atendimento interdisciplinar, uma
do simbolicamente no referencial da psicologia
abordagem integrativa.
analítica. Neste contexto, propomos um modelo
Este é o conceito da Medicina Integrati-
que denominamos: "Modelo de Funcionamento
va, e a Dermatologia Integrativa é uma espe-
Psicocutâneo Integrado" (Figura 2), usando o re-
cialização nesta área. Outras terminologias
ferencial da psicologia analítica, como descrito
também empregadas com o mesmo sentido
por C. G. Jung (2008) e neojunguianos (GALIÁS,
incluem Psicodermatologia e Medicina Psico-
2002). Ao contemplarmos a estrutura da perso-
cutânea (KOO; LEE, 2003). Neste artigo utiliza-
mos a terminologia Dermatologia Integrativa nalidade e o processo de individuação com seus
(YOSHINAGA, 2011). respectivos dinamismos, a pele simbólica con-
O avanço nas neurociências gerou a rup- creta e abstrata é imprescindível ao nosso fun-
tura de paradigmas, de conceitos cartesia- cionamento e desenvolvimento.
nos que “separavam” o funcionamento da Teorias psicodinâmicas levam em conta a
psique e do corpo. Neste contexto a pele ga- existência do inconsciente. Pressupõem uma
nhou um novo status; um órgão do sistema consciência estruturada a partir desse incons-
Psico-NICE (SLOMINSKI et al, 2012), uma das ciente. Jung concebeu os arquétipos como ma-
principais vias de comunicação e integração trizes de comportamento herdadas enquanto
mente-corpo-espírito. espécie. Descreve o que denominou Processo de
A Dermatologia Integrativa aborda o indiví- Individuação como o processo pelo qual esses
duo através desta "pele psíquica", em que pele é arquétipos conduzem o nosso desenvolvimen-
psique assim como psique é pele. Em vez de ser to na segunda metade da vida. Neojunguianos,
apenas um "envelope" do corpo humano, a pele como Carlos Byington (2002), estenderam o con-
passou a ser analisada como uma "interface de ceito da estruturação da consciência pelos ar-
comunicação", em especial no que diz respeito quétipos desde a nossa concepção.

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Assim, temos um Self, inconsciente, que do tipo de vínculo constituído, com a “Teoria do
contém os arquétipos, que estruturam nossa Apego”. Neumann (1973) fala da importância da
consciência através de símbolos. Estes são os relação primal entre o bebê e a mãe. Para a nos-
mediadores entre a nossa consciência e o nosso sa compreensão, essa é a vinculação eu–outro
inconsciente, nosso Self. Esse é nosso eixo Ego- regida pelo arquétipo da grande mãe, como de-
-Self. Byington ainda concebe o que denomina nominou Jung. Desse vínculo eu–outro, na matriz
as quatro dimensões estruturantes desse eixo, vincular do arquétipo da grande mãe, vai depen-
percorridas pelos símbolos. Uma delas é o corpo, der a estruturação do nosso narcisismo primário
e cada órgão do sentido opera de inúmeras for- saudável de Freud, ou a formação de um apego
mas como símbolo e função estruturante (BYIN- seguro de Bowlby, ou uma boa relação primal
GTON, 2002). Assim, todo o nosso corpo é alta- de Neumann. É na dependência de uma bem-
mente simbólico, ou seja, ele é uma via natural de -sucedida experiência nessa fase de vida que se
acesso de nossos símbolos à nossa consciência. forma uma boa autoimagem, colorida de valores
Jung fala da sombra, instância psíquica para positivos, matriz de uma autoconfiança segura.
onde vão os símbolos que, por alguma razão, Nessa fase da vida o corpo é a via régia dos sím-
sobrecarregam o eixo, fragilidade egoica para bolos para a estruturação da nossa consciên-
a força de determinado símbolo ou por defesas cia. A pele será o órgão de máxima importância
que não foram para a consciência. Esses símbo- para essa troca entre bebê e cuidador primário,
los contidos na sombra, ao tentarem entrar no através do toque. A comunicação entre bebê e
campo da consciência, geram os sintomas pela cuidador é bastante corporal, sendo o olhar e o
presença das defesas. Assim, todo sintoma é tato as principais vias para esse contato. Toda a
também simbólico. Daí Jung ter afirmado que estruturação da consciência nessa fase, regida
o sintoma também aponta um caminho a ser pelo arquétipo da Grande Mãe, é preponderante-
percorrido para a sua compreensão simbólica. mente corporal, requerendo proximidade física,
Somos animais com funcionamento simbólico, carinho, proteção para ser bem-sucedida. Esse
dentro das caraterísticas gregárias de nossa es- contato corporal se dará muito através da pele,
pécie. A nossa intersubjetividade, característica do olhar e da tonalidade afetiva da fala do cuida-
fundamental do nosso funcionamento, nos tor- dor. Assim, atividades como banho, massagens,
na interdependentes durante toda a existência. dar colo, enfim, proximidade física, são funda-
Para essa vinculação eu-outro, contamos com mentais. É através desse espelhamento positivo
um repertório variado, para o qual diferentes au- e nutrição afetiva que o bebê pode construir uma
tores designam diferentes nomes. autoimagem positiva, que possibilitará a sua au-
Ninguém nasce, em nossa espécie, com uma toconfiança saudável.
autoimagem já constituída. Essa autoimagem Na estruturação da consciência do arquétipo
vai se formar mediante o espelhamento e troca do pai, a simbólica ativada é a do mundo dos
com os nossos cuidadores primários. Assim, limites, da separação dos opostos (BYINGTON,
para essas primeiras experiências, tão funda- 1987). Associa-se ao que Freud chamou de fase
mentais para a formação de uma base, de um edípica. O corpo passa a reconhecer limites, pas-
alicerce emocional saudável e seguro, o tipo de sa a reconhecer o que é a pele de um e a pele
interação mãe(cuidador/a)–bebê ocupa um lugar do outro. Há um papel importante da pele nessa
de destaque. Essa mãe é um arquétipo, uma ma- estruturação, uma vez que é a pele o órgão que
triz relacional, presente em todos os cuidadores delimita o corpo. Ou seja, é a pele que vai sepa-
primários. Freud vai chamar a atenção para o rar o interno e o externo, o eu e o outro. Discrimi-
que ocorre descrevendo a formação do narcisis- na as polaridades quente e frio, áspero e macio,
mo primário. Bowlby (1969) descreve a formação pontudo e redondo etc.

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Na estruturação de alteridade, pelos arquéti-


S1
pos do animus e da anima, o eu e o outro buscam CCA
o encontro simétrico e dialético. É na alteridade
Tálamo
que se busca a identidade profunda, a própria
Insula
criatividade. É quando se buscam os parecidos
e os diferentes, tentando encontrar um novo gru-
po, desta vez por escolha própria, é quando se Trato
espinotalâmico
busca o que denominamos a família psicológi-
ca. E novamente a pele carrega forte simbólica.
CM i
É quando podemos "trocar de pele" com o outro, Medula
Terminações Terminações espinhal
ou seja, se colocar na pele do outro, empatizar Nervosas Tipo C Nervosas
com o outro. É quando, ao nos sentirmos atraí-
Sensíveis à
dos pelo outro, pelo parceiro, usamos a expres- Tipo C
Histamina
Polimodais
são “ é uma questão de pele” para se falar desse
tipo de atração.
Na velhice, quando a consciência é estrutu-
PARs
rada pelo arquétipo da sabedoria, novamente H1R (Receptores de Proteases)
a pele espelha seus símbolos. As rugas, a dimi- (Receptores de
Histamina Tipo 1)
nuição do tônus, a pele sensível, traz cicatrizes
apontando para a etapa final de nossa existên- Fonte: Adaptado de Ikoma, et al (2011).
cia, nos preparando para a morte, importante e
negada etapa da vida. Figura 1 – A via (trajeto) neural do prurido. A hista-
Assim, na dimensão estruturante do corpo, a mina ativa receptores de histamina1 “H1R” específi-
pele é um dos órgãos de grande importância sim- cos para o prurido, que consistem de terminações
bólica. Se os símbolos que ela carrega, servindo nervosas tipo Cmi (sensíveis à histamina e meca-
no-insensíveis CMi) e de um trato espinotalâmico.
de comunicação entre o ego e o Self estiverem
Estudos sobre o prurido induzido por uma planta
na sombra, ao eles tentarem entrar no campo cowhage (Macuna pruriens), cuja protease exerce
da consciência, teremos o sintoma. Como este ativação neural de receptores de proteases PARs,
é simbólico, ele pode ser o caminho para a sua como do tipo 2 (PAR2), indicam a presença de outra
compreensão pelo campo da consciência. via neural de prurido, composta de nervos C polimo-
dais e nervos de outro trato espinotalâmico. Ambas
Desta maneira, qualquer sintoma na pele,
as vias ascendem ao tálamo através do corno dorsal
como por exemplo o prurido, pode apontar da medula espinhal. Há ativação de várias áreas
para uma simbólica da grande mãe, ansiando cerebrais: o córtex, somatose sorial primário (S1),
por proximidade, contato, aconchego, carinho, córtex cerebral anterior (CCA) e ínsula parecem estar
afeto. Um sintoma na pele pode apontar para a envolvidos na percepção do prurido.
simbólica do arquétipo do pai, buscando limite,
discriminação. Um sintoma na pele pode apon-
tar para a simbólica do animus ou anima, reque- de prurido, é um símbolo que chega à consciên-
rendo alteridade, contato simétrico e dialético, cia através do eixo Ego-Self. O Self, inconscien-
buscando a criatividade, a identidade profunda. te, contém os arquétipos que estruturam nossa
Um sintoma na pele pode apontar, finalmente, consciência através de símbolos.
para a simbólica da sabedoria, para a vinculação O prurido, sensação de coceira, pode es-
com o todo, para o grande sentido da vida. tar presente em condições fisiológicas, como
A Figura 2 representa de forma esquemática quando somos picados por um inseto, sinali-
como um sintoma na pele, tal como a sensação zando uma lesão. Também está presente nas

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ESTRUTURA DA PERSONALIDADE

Natureza
EGO Sombra
Sintoma

Relacional
Eu-outro Corpo

Emoções/Ideações

Self Self
relacional SELF corporal

Pele psíquica
Self corporal e relacional sintoma na pele/prurido = símbolo

Figura 2 – Modelo do funcionamento psicocutâneo integrado.

alergias, nas peles sensíveis e nos eczemas, criança. Por vezes, o excesso de preocupação
bastante frequentes em crianças portadoras de leva a uma angústia nos cuidadores que os in-
dermatite atópica. A dermatite atópica altera o capacita para ajudar a criança a se acalmar.
funcionamento imunológico da criança com o Mesmo com medicamentos, anti-inflamatórios
aparecimento de lesões cutâneas (eczema ató- potentes como corticoides, o quadro crônico e
pico) e quadros respiratórios (asma e bronqui- intermitente traz limitações para o convívio e de-
te). Essas crianças apresentam menor limiar ao senvolvimento da criança com outras crianças e
prurido, ou seja, ele é facilmente deflagrado, na escola.
intenso e ocorre também à noite. Com o ato de Por outro lado, famílias bem orientadas,
coçar, as lesões pioram ainda mais, gerando capazes de lidar com essa angústia, conse-
muita angústia aos cuidadores, que se sentem guem acalmar as crianças. Estas passam a ser
impotentes diante do sofrimento e da fragilidade mais seguras se tocadas, massageadas com
da criança. É comum se dizer que "trair e coçar é óleos hidratantes de uma forma que as acalme,
só começar". De fato, o ato de se coçar piora as hidrate a pele, fortaleça o sistema imunitário,
lesões existentes e gera novas lesões prurigino- minimize o prurido e assim diminua o número
sas; assim se perpetua o ciclo itching-scratch-it- e intensidade das crises. Pode possibilitar uma
ching (coçar-arranhar/machucar-coçar), gerando vida mais adaptada ao cotidiano junto a outras
mais prurido, em um ciclo vicioso que se retroali- crianças e não em uma "redoma" de isolamento
menta e é extremamente estressante. e superproteção.
A gravidade e evolução do eczema atópico Feldman (2001) psicólogo norte-americano,
na criança têm estreita ligação com a forma que analista junguiano, estudou crianças atópicas
os pais, cuidadores, são capazes de cuidar da e seus familiares em diferentes contextos cul-

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turais. Comparou a evolução clínica de crianças seu comportamento, a neurobiologia os utiliza


portadoras de atopia em países da América do frequentemente como modelo de pesquisa in
Norte e da América Latina. Nos países da Amé- vivo. (MAGUIRE, 2011; TINBERGEN, 1963; CROLL,
rica Latina, as pessoas se tocam com mais fre- 1975). Nesses organismos foram identificadas
quência, há um contato físico mais "livre" entre moléculas necessárias para que haja a sensação
crianças e adultos nas famílias, quando com- do toque e mecanismos pelos quais essas molé-
parado aos hábitos das pessoas da América do culas controlam a sensibilidade a estímulos me-
Norte. Nos Estados Unidos as pessoas se tocam cânicos, convertendo força em sinalização celu-
menos, abraçam-se menos, as famílias "comu- lar (mecanotransdução) (LUMPKIN, 2010). Esse
nicam o afeto" mais por palavras do que por sistema envolve mecanoceptores, neurônios
carícias, mantém entre si uma maior distância, sensíveis a forças que bombardeiam constante-
com menos pelo contato físico. Esses estudos mente a superfície do corpo e uma sinalização
revelam que nos países latinos, apesar das pio- necessária para a movimentação, sobrevivência
res condições financeiras e dos escassos recur- e procriação desses seres, portanto para a ma-
sos para saúde e educação, as crianças atópicas nutenção da espécie.
apresentam quadros menos graves e de melhor Estudos acerca dos mecanismos envolven-
evolução após a infância. Um outro exemplo de do o tato e o toque em mamíferos demonstra-
"toque nutritivo" está na Índia, um país de extre- ram que os queratinócitos, principais células
ma pobreza: massagens como a Shantala, pra- na superfície da epiderme, produzem neuro-
ticada nos bebês, parece ser de grande valor na transmissores que têm o potencial para sintoni-
nutrição advinda do contato com a intenção de zar a sensibilidade do toque por vias aferentes.
acariciar, acalmar e relaxar. Embora os queratinócitos e fibras sensoriais
Um outro estudo comparou o ganho de peso aferentes não formem sinapses, sua proximida-
de bebês prematuros internados em unida- de pode permitir uma rápida sinalização pará-
de de tratamento intensivo (UTI) (FIELD, 2010). crina (capacidade de comunicação com as célu-
Os pesquisadores separaram os prematuros em las vizinhas através da secreção de compostos
dois grupos: um grupo de bebês que eram ma- bioativos). Se pensarmos que o C. elegans, um
nipulados para os cuidados "técnicos de rotina" dos menores e mais simples organismos que
(trocar fraldas, limpeza, banho e alimentação) possuem sistema nervoso, possui um genoma
e um segundo grupo, que além de receber os de apenas 100 milhões de bases, enquanto o
mesmos cuidados do primeiro, também rece- genoma humano é constituído por 3 bilhões de
beram massagem, carícias e atenção "extra". bases, ou seja, 3 milhões de vezes maior, fica
Apesar de terem a mesma nutrição alimentar e fácil imaginar a importância e a extrema com-
de estarem na mesma UTI, o ganho de peso dos plexidade que envolve o funcionamento senso-
bebês acariciados foi superior e mais rápido do rial da pele, do toque e do sistema nervoso nos
que os que não recebiam os cuidados "extras". seres humanos.

4. Pele, tato e toque Toque e Fibras C: detectando o sentimento


O toque é definido como o contato direto
4.1 Biologia celular do toque entre dois corpos físicos. Em neurociências, "to-
O Caenorhabditis elegans e a Drosophila que" descreve uma sensação especial pela qual
melanogaster são seres vivos que possuem um o contato com o corpo de um organismo é perce-
sistema nervoso relativamente simples. Dada a bido pela mente consciente.
possibilidade de se manipular algumas de suas Alguns toques envolvem um componente
características genéticas correlacionadas ao motor ativo – acariciar, tocar ou pressionar –

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pelo qual uma parte do corpo é movida sobre vência e preservação da espécie. A necessida-
outra superfície. Os componentes sensoriais e de do outro para a sobrevivência caracteriza
motores do toque são conectados e integrados a necessidade de agregação do ser humano.
no cérebro e são funcionalmente importantes Somos um dos animais mais frágeis e suscep-
para deflagrar ou direcionar um comportamento, tíveis à morte na ausência de cuidados após o
como, por exemplo, um deslocamento. Seja um nascimento. Esses cuidados não estão apenas
deslocamento para se afastar de algum estímulo relacionados à alimentação, como a amamen-
potencialmente nocivo (por exemplo, um pre- tação para a sobrevivência. O contato físico da
dador), ou para se aproximar em busca de ali- nossa pele, o ato de ser tocado, massageado
mento, ou para se aproximar de outro ser vivo a e acolhido constituem estímulos importantes
fim de se reproduzir. Ou seja, o tato/toque e as para a formação do "EU PELE", que estabelece
sensações advindas desse sentido são extrema- fronteiras, dando contorno para o meu EU e via-
mente importantes para a manutenção da vida e bilizando trocas através do contato com outros
preservação da espécie. seres (BOWLBY, 1969).
As modalidades sensoriais do tato são classi- Os diversos subtipos de fibras C fornecem o
camente divididas em quatro: táctil, térmica, pru- substrato para reinterpretarmos a nossa visão
riginosa e dolorosa. A presença de terminações
de como se dá o processamento somatosenso-
nervosas livres na superfície da pele (DELMAS et
rial humano. A família de fibras C participa de
al, 2011) e a transmissão de estímulos por vias
vias neuronais cujas sensações incluem: a dor,
específicas sugeriram a existência de uma quin-
a temperatura, o prurido e o toque afetivo (DEL-
ta modalidade, o toque afetivo. O toque que gera
MAS et al, 2011).
a sensação agradável, também chamada de sen-
sação "afetiva positiva" é transmitido através de
5. Conclusão e perspectivas
um tipo específico de fibra C.
As fibras C se dividem em dois tipos: C1, as
5.1 Além da pele
que funcionam como mecanoceptores de baixo
A dissecção do tato, um dos nossos sentidos,
limiar (LTM, Low Threshold Mechanoreceptors)
nos leva a refletir sobre a importância da pele na
e as C2 que, em contrapartida, possuem alto
evolução da nossa espécie, como seres huma-
limiar (HT High Threshold) para deflagração do
estímulo (despolarização via canais iônicos) e nos cuja característica marcante é a agregação.
que se correlacionam com estímulos de dor ou A nossa pele está além da pele táctil, integra
“nocivos” (nociceptores). Esse segundo grupo nosso EU somato/emocional, onde "pele é psi-
também está relacionado ao prurido e à sensa- que e psique é pele".
ção prazerosa do toque, ao aspecto afetivo de Jung, em sua primeira conferência, "Funda-
uma carícia, como o aconchego que um bebê mentos da Psicologia", faz as seguintes obser-
tem ao ser acolhido e sentir a pele da mãe. Logo vações: "A consciência é, sobretudo o produto
ao nascer, é esta sensação que geralmente o da percepção e orientação no mundo externo,
acalma, o faz parar de chorar diante do “susto” que provavelmente se localiza no cérebro e sua
ao sair do útero e ter tido o primeiro contato origem seria ectodérmica"; "No tempo de nossos
com o ambiente. Ambiente este muito diferente ancestrais essa mesma consciência derivaria
daquele intrauterino, repleto de líquido amnió- de um relacionamento sensorial da pele com o
tico. Ainda que distintos no tocante ao limiar, mundo exterior. É bem possível que a consci-
ambos os sistemas de vias aferentes do tipo ência derivada dessa localização cerebral rete-
C, tanto o de alto como o de baixo limiar, são nha tais qualidades de sensação e orientação"
igualmente importantes para a nossa sobrevi- (JUNG, 2008).

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Fica evidente o fato de a pele ocupar um AFFECTIVE/SOCIAL CENSORY/DISCRIMINATIVE


papel importante na formação da consciência.
Cabe ressaltar a embriologia, a origem ectodér-
pSTS mPFC dACC medOFC OFC/dIPFC
mica da pele assim como a do sistema nervoso.
Craig (2003) realizou estudos com dados con- INTERACTING
CORTICAL NETWORKS
vergentes que indicam que os primatas apresen-
tam uma área cortical distinta, o córtex intero-
ceptivo, cuja atividade aferente reflete todos os Insula SI/SII

aspectos homeostáticos do estado fisiológico de (affective (discriminative


todos os tecidos do corpo. processing) processing)

Como ilustrado na Figura 3 (McGLONE et al,


pSTS mPFC dACC
2014), essa via de interocepção (aspecto afeti-
Thalamic nuclei
vo/social do estímulo cutâneo) inclui : Spinothalamic Dorsal column
tract via DCN
• Fibras C Tácteis Aferentes (CT receptors);
Lamina I Lamina III-V
• Lâmina I;
• Trato Espinotalâmico / Núcleos Talâmicos; Spinal cord
(dorsal horn)
• Ínsula e áreas específicas do córtex cerebral.
O núcleo talâmico VMpo (posterior ventral
discharge

discharge
freq

freq
medial nucleus) projeta-se topograficamen-
te para o córtex interoceptivo localizado na
slow fast slow fast
região marginal dorsal da ínsula (uma "ilha" AFFECTIVE: CT receptors AFFECTIVE: Aβ receptors
localizada no sulco lateral e que estabele-
ce íntimas conexões com o córtex cingulado
anterior, a amígdala, o hipotálamo e o córtex Stimulus speed over skin

orbitofrontal) (CRAIG, 1995). Este sistema in- Fonte: Adaptado de McGLONE et al (2014).
teroceptivo está associado ao controle motor
autonômico que se distingue do sistema exte- Figura 3 – Vias neuronais de estímulos cutâneos
roceptivo, que orienta a atividade motora so- afetivos e discriminativos. Representação esque-
mática (mecanocepção exteroceptiva cutânea mática das vias neuronais dos estímulos cutâneos
(de diferentes velocidades): a partir de receptores
e propriocepção). A representação cortical in- CT (C Tactile afferents) e receptores Aβ.
teroceptiva gera sensações corporais extrema-
mente distintas que incluem: dor, temperatu-
ra, prurido (sintoma/símbolo), toque sensual, tura da pele. A pele que nos conscientiza de
sensações musculares e viscerais, atividade que "somos", a pele que traduz o que "senti-
vasomotora, fome, sede e "falta de ar". Em mos". A consciência das sensações geradas
seres humanos, uma metarrepresentação da pelos diversos estímulos captados pela pele,
atividade interoceptiva produzida na ínsula extero- e interoceptivos, advindos de todas as
anterior direita parece constituir a base para células do nosso organismo, dá origem a como
a imagem subjetiva do EU CORPORAL, "corpo nos sentimos. Os nossos mais profundos sen-
material/emocional", como um "ser". Esses timentos estão enraizados na vasta superfície
achados inseridos no contexto do que Jung do corpo que nos confere identidade. ■
postulou sobre a "localização da consciência"
nos oferece uma outra perspectiva para a lei- Recebido em: 30/08/2018 Revisão em: 12/12/2018

Revista da Sociedade Brasileira de Psicologia Analitica, 2º sem. 2018 ■ 85


Abstract

The skin we are, the skin we feel. Skin – symbol – consciousness


The human somatosensory system works in tion” is a result of several biological phenomena
a dynamic way. Our organs receive and produce that involve the central nervous system. In this
stimuli that will be converted into biological in- context, the role of skin, tact and touch in the de-
formation, which are necessary for formation, velopment and structuring of our consciousness
maturation and the overall functioning of the will be discussed. The concepts of “symbolic
body, mind, and spirit. The “wellbeing sensa- skin” and “psychic skin” will be explored. ■

Keywords: symbolic skin, touch , analytical psychology psychodermatology, type C fibers

Resumen

La piel que somos y la piel que sentimos. Piel – símbolo – conciencia


El sistema somatosensorial humano funciona tirse con salud" es una consecuencia de varios
de forma dinámica. Nuestros órganos reciben y fenómenos biológicos que involucran el sistema
producen estímulos que se convierten en infor- nervioso central. En este contexto, se abordarán
mación biológica, necesaria para la formación, el papel de la piel, del tacto y del toque en el de-
maduración y funcionamiento global de nuestro sarrollo y estructuración de la conciencia y de lo
cuerpo, mente y espíritu. El "sentirse bien, sen- que se llama “piel simbólica” o "piel psíquica". ■

Palabras clave:piel simbólica, toque, psicologia anlítica, psicodermatologia, fibras tipo C

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Junguiana
v.36-2, p.77-88

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