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EXMO. SR.(A) DR.(A) JUIZ (A) DE DIREITO DA .....

VARA DOS JUÍZADOS CÍVEIS E


CRIMINAIS DA COMARCA DE XXXXXX (CIDADE), ESTADO DO XXXXXX.

XXXXXX XXXXX XXXXX (nome completo do reclamante em negrito), ...


(nacionalidade), ...(estado civil), ...(profissã o), portador do RG n.º XXXXXXXXXX-X SSPDS-CE
e do CPF n.º XXX.XXX.XXX-XX, residente e domiciliado à Rua Xxxxx Xx xxxx, n.º xxx, Apto.
xxx, Bairro Xxxx, ...(cidade), ...(Estado), CEP.: 60.192-340, por intermédio de sua advogada e
bastante procuradora que assina "in fine", com escritó rio profissional sito à Av. Xxxxxx
Xxxxxx, n.º xxx, Sala xxxx, Bairro Xxxxxx,... (Cidade), ...(Estado), CEP.: 60.160-196, onde
recebe notificaçõ es e intimaçõ es, vem mui respeitosamente à presença de Vossa Excelência,
com amparo no art. 5º, inc. V da CF/88, art. 186, 927 e 940 do CC c/c art. 300 do CPC,
propor a presente:
AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS COM
PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DA TUTELA
em face de Condomínio Empresarial Xxxxxx, pessoa jurídica de direito privado, inscrita
no CNPJ sob o n.º xx.xxx.xxx/xxx-x, com endereço na Avenida Xxxxxx Xxxx, n.º xxx, Bairro
Xxxx, ...(Cidade), ...(Estado), CEP 60.711-140, representada neste ato por sua Síndica, Sra.
Xxxxx Xxxxx, brasileira, empresá ria, portadora do RG n.º xxxxxxxxxxx SSP-CE e do CPF n.º
xxx.xxx.xxx-xx, XXXXXXX – SERVIÇOS DE APOI ADMINISTRATIVO - EIRELI, pessoa
jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n.º XX.XXX.XXX/0001-XX,com endereço
na Rua Xxxxx, nº xxx, Bairro Xxxxx, ...(Cidade), ...(Estado), CEP 60.130-050 e XXXXXXX
SERVIÇOS CONDOMINIAIS LTDA. - EPP, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no
CNPJ sob nº XX.XXX.XXX/0001-XX, com endereço na Rua Xxxxx, nº xxx sala x, Bairro
Xxxxx, ...(Cidade), ...(Estado), pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos.
I - DOS FATOS:
O AUTOR é proprietá rio de uma sala comercial e garagem Unidades 701 e 702,
respectivamente, situadas no Centro Empresarial Xxxxx, atualmente locado à empresa
XXXXX.
O referido Centro Empresarial através das empresas de cobrança Xxxxxxx e Xxxxxx, ambas
contratadas pelo pró prio condomínio, sã o responsá veis pela administraçã o e cobrança das
taxas condominiais do Centro Empresarial Xxxxxxxx.
O Autor, conforme documentaçã o anexa, tem adimplido mensalmente com as taxas
condominiais, e mesmo apó s o imó vel haver sido locado, preocupado com sua
honorabilidade e boa imagem, acompanha rigorosamente o movimento mensal referente
ao pagamento das taxas condominiais e estas sempre vêm sendo quitadas dentro do prazo
de vencimento, tendo a empresa locatá ria honrando com as parcelas mensais
rigorosamente em dia.
Ocorre que, desde o início do ano, o autor vem sendo surpreendido e importunado com
inú meras e insistentes cobranças de taxas condominiais por parte do condomínio através
das empresas Xxxxxx e Xxxxxx, mencionadas anteriormente. Por diversas vezes, o autor
teve que deixar suas obrigaçõ es laborais de lado para procurar resolver a situaçã o, pois
mesmo informando que o pagamento já havia sido adimplido, enviando o comprovante de
quitaçã o para as empresas responsá veis pelas cobranças, essas nã o cessavam.
Como se nã o bastasse, apó s o autor ter enviado para a empresa de cobrança o comprovante
de pagamento ora questionado, e a mesma ter se posicionado em pô r fim ao problema, o
autor foi surpreendido com uma carta do SERASA informando a inserçã o do nome do Autor
pelo Centro Empresarial Xxxxxx no seu Cadastro de Proteçã o ao Crédito.
O comunicado recebido pelo autor do SERASA EXPERIAN datada a solicitaçã o de inscriçã o
nos seus cadastros na data de 20 de abril de 2019. Contudo, o pagamento relativo a
referida cobrança, que teria vencimento em 29 de março de 2019, já havia sido paga
em 28 de março de 2019, 01 (um) dia antes do vencimento.
Destarte, não justificando um mês após a taxa ter sido paga, inclusive paga antes do
vencimento, ter o Autor recebido comunicando da inserção do seu nome no cadastro
dos maus pagadores.
Nesse ínterim, o autor pleiteou um financiamento imobiliá rio, junto ao correspondente
bancá rio FINANCIAR, do Banco XXXX, e foi surpreendido ao ser informado que constavam
restriçõ es em seu CPF.
De fato, ficou constatada a inserçã o do nome do autor no cadastro dos ó rgã os de proteçã o
ao crédito indevidamente, conforme pode-se verificar pelos fatos narrados e documentos
acostados aos autos.
A total falta de interesse por parte da empresa XXXXXXXX em solucionar o problema do
autor, já que desde que foi cobrado, por dívida já paga, entrou em contato diversas vezes
por telefone, como através de e-mail, tanto para o Centro Empresarial como para empresa
responsá vel para realizar as cobranças do citado condomínio. No entanto, todas as
tentativas de solucionar o problema de forma amigá vel foram infrutíferas.
Conforme pode se verificar nas có pias dos e-mails juntados aos autos, a funcioná ria da
empresa, Sra. Xxxxxx, confirma o recebimento do boleto devidamente pago, onde afirma
que irá encaminhar ao setor responsá vel para efetuar a baixa de imediato.
No entanto, a taxa condominial continuou em aberto no sistema da empresa. Nã o sendo
realizada a baixa, conforme havia sido afirmado pela Sra. Xxxxxx, resultando assim em
insistentes e sucessivas cobranças por parte das empresas.
Uma outra cobrança foi recebida pelo Autor na data de 27 de julho de 2019, apó s a
carta do SERASA, conforme pode se comprovar nos documentos acostados nos autos da
Açã o, esta já informava que "o débito teria sido acrescido de honorários advocatícios e
que iria ser ajuizada Ação de cobrança e registro junto ao SERASA, SPC e PROTESTO
EM CARTÓRIO".
Veja bem, Excelência o quã o absurdo chegou a negligência da referida empresa que mesmo
apó s o Autor ter enviado o comprovante de pagamento da cobrança, mesmo apó s ter sido
reconhecida pelo Condomínio a cobrança de dívida já paga, e por conseguinte a
confirmaçã o que seria dada a baixa da cobrança, ainda assim as cobranças continuaram,
esta última, com promessas ainda mais ameaçadoras.
Seria justo Excelência, que além de o nome do autor já ter sido comprovadamente inserido
nos ó rgã os de proteçã o ao credito indevidamente, este ainda venha a sofrer ameaça de ter
Protesto em cartó rio, Açã o Judicial, inclusive com penhora de bens?
Causa espécie, Excelência, que até o presente momento esteja o nome do Autor inscrito no
cadastro dos inadimplentes por uma dívida paga.
Nã o sã o novidades os efeitos negativos advindos da inscriçã o do nome nos serviços de
informaçã o de crédito, especialmente no que tange a atos da vida civil em que existam
concessã o e aquisiçã o de crédito como empréstimo, compras através de financiamentos e
outras espécies.
Tendo em vista o que fora explanado, pelos fatos narrados e prova que junta no presente
processo, as empresas demandadas ao inscrever indevidamente o nome do Autor no rol de
inadimplentes, deixou de cumprir com sua obrigaçã o primá ria de zelo e cuidado com as
informaçõ es que gere, expondo o Autor a um constrangimento ilegítimo, gerando o dever
de indenizar.
Assim sendo, busca-se a tutela jurisdicional para a soluçã o dos conflitos.
II- DO DIREITO
II.1- DA RESPONSABILIDADE CIVIL
A responsabilidade civil abarca todos os acontecimentos que extravasam o campo de
atuaçã o do risco profissional. No presente caso é inconteste a presença de todos os
elementos caracterizadores da responsabilidade civil, devido pelas empresas em favor do
AUTOR.
Caracterizada está a culpa "in vigilando" e "in eligendo" da RÉ pela sua incú ria, importando
na responsabilidade civil para o fim da reparaçã o danos causados ao AUTOR.
É corolá rio do disposto nos artigos 927, 182, 932, III do Novo Có digo Civil, valendo citar o
primeiro artigos "in verbis".
Art. 927. “Aquele que, por ato ilícito (arts.. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigada a
repará-lo.” Parágrafos único. Haverá obrigações de reparar o dano, independente de culpa,
nos casos especificada sem lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor
do dano, implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem."
Em complemento, expressa o inciso III, do 932 do Novo Có digo Civil: Art. 932. Sã o também
responsá veis pela reparaçã o civil:
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do
trabalho que lhes competir, ou em razão dele; quanto ao ilícito assim dispõe ao atual Código
Civil:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 187. Também comete ato ilícito a titular de um direito que, ao exercê-lo, excede
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos
bons costumes.
Consoante os ensinamentos de Maria Helena Diniz, para que se configure o ato ilícito, será
imprescindível que haja:
a)"fato lesivo voluntário, causado pelo agente, por ação ou omissão voluntário, negligência ou
imprudência.
b) ocorrência de um dano patrimonial ou moral, sendo que pela sumula 37, do Superior
Tribunal de Justiça serão cumuláveis as indenizações por dano material decorrentes do
mesmo fato."
No mesmo sentido leciona o Prof. Sílvio Rodrigues:
"O dever de reparação, segundo diz Irineu Antônio Perdotti, em sua obra Responsabilidade
Civil, tem fundamento na culpa ou no risco da culpa decorrente do ato ilícito do agente, o
fundamento está na razão da obrigação de recompor o patrimônio diminuído com a lesão a
direito subjetivo (....). A diante, ao tratar da modalidade de culpa, afirma que a negligência
consiste na omissão ou não observância, de um dever a cargo do agente, compreendidos nas
preocupações necessárias para que fossem evitados danos não desejados e, por conseguintes,
evitáveis."Grifos nossos.
E ainda:
"A ideia de culpa intencional (dolo) ou culpa não intencional (negligência, imprudência) são
assimiladas em seus efeitos, mas a sua diversidade não é sem incidência em matéria de
responsabilidade delitual; o grau de gravidade da culpa não é sem consequência, seja no que
concorre à avaliação do dano, seja sob aspecto jurídico (Alex Weill e François Terré, Droit
Civil, Les Obligations, n.º 625). Grifos nossos.
II. 2- DO DANO MORAL “IN RE IPSA”
Dano é um prejuízo ressarcível experimentado pelo lesado, que se traduz na violaçã o de um
bem juridicamente tutelado, tendo como consequência efeitos patrimoniais ou
extrapatrimoniais.
In casu, o dano sofrido pelo AUTOR enquadra-se perfeitamente na ó rbita do dano moral ou
extrapatrimonial (à honra), conforme restará comprovado. Assim, comprovado o
constrangimento moral sofrido pelo AUTOR, este faz jus à reparaçã o de dano moral por ele
sofrido.
O dano é pressuposto legal para atribuiçõ es do deve de indenizar, que, estreme de dú vidas,
ficou evidenciado. Certo é que, evidenciada a culpa da RÉ dando causa ao evento danoso,
perfeitamente previsível, imputar-lhe a obrigaçã o de ressarcir os prejuízos por nã o ter
respeitado a integridade moral do AUTOR.
Os transtornos causados devem ser compensados com valores pecuniá rios, em cará ter
punitivo e indenizató rio, para amenizar o sofrimento do AUTOR e impedir que a conduta
culposa das DEMANDADAS.
A constituiçã o Federal de 1998. Em seu artigo 5º, V e X, concedeu grande importâ ncia à
moral como valor ético-social, tomando-a mesmo um bem indenizá vel. A moral demonstra
a honra, o bom nome, à boa fama, à reputaçã o que intrigam o patrimô nio como dimensã o
imaterial.
Põ e o dispositivo a proteçã o contra à queles que provocam agressã o à dignidade, o que faz
elevar a honra o bem jurídico civilmente amparado.
Neste caso concreto, vislumbre-se um bem jurídico a ser protegido, sendo possível
subjetivaçã o da honra, para efeito de configurar o dano moral assacado contra o AUTOR.
Verifica-se, entã o, que a norma constitucional e doutrina fornecem o amparo à existência
do dano moral, e à sua reparabilidade.
De outro lado, no que tange a comprovaçã o do dano moral, é sabido que a restrição de
crédito, por si só é elemento lesivo, porque pagará o descrédito econô mico e socialmente
relaçã o ao inscrito, destruindo sua reputaçã o de bom pagador à tanto custo construída e,
assim consequentemente, registrando e abalando se crédito.
Caio Má rio da Silva Pereira, in Responsabilidade Civil, assim preleciona:
"Quando se cuida do dano moral, o fulcro do conceito ressarcitório acha-se deslocado para a
convergência de duas forças: 'caráter punitivo" para que o causador do dano, pelo fato da
condenação, se veja castigado pela ofensa que praticou; e o "caráter compensatório" para a
vítima, que receberá uma soma que lhe proporcione prazeres como contrapartida do mal
sofrido."(Caio Mário da Silva Pereira, in Responsabilidade Civil)
E ainda:
"...reparar não pode ser entendido na acepção estrita de refazer o que foi destruído; é dar à
vítima a possibilidade de obter satisfações equivalentes ao que perdeu; ela é livre de procurar
o que lhe apraza. "(Mazeaud e Mazeaud, in Responsabilidade Civil, vol. I, n.º 313)
Vejamos o que nossos Tribunais vêm decidindo:
"Dano moral é todo sofrimento humano resultante de lesão de direitos da personalidade. Seu
conteúdo é a dor, o espanto a emoção a vergonha, em geral uma dolorosa sensação
experimentada pela pessoas."(Rec. Esp. N.º 13.813 - ORJ, publicado na RSTJ.º 47, pág. 162).
Assim nã o se pode olvidar que o nome e a boa reputaçã o de uma pessoa é o seu bem mais
valioso e, por isso mesmo, o seu maior interesse podendo, por conseguinte, corresponder a
expressã o dano moral, quando sofrer algum tipo de abalo.
Portanto, conclui-se que a qualquer modalidade de dano moral, deverá responder a uma
justa reparaçã o, a partir do momento em que ficar caracterizado o ilícito civil gerador da
obrigaçã o de indenizar. Indenizaçã o que, conforme amplamente comprovado, o AUTOR faz
jus...
No STJ, é consolidado o entendimento de que “a própria inclusão ou manutenção
equivocada configurara o dano moral in re ipsa, ou seja, dano vinculado à própria
existência do fato ilícito, cujos resultados são presumidos” (AG 1.379.761)
Além do mais, inscriçã o indevida no cadastro restritivo de crédito configura dano in re
ipsa. conforme os julgados colacionados a seguir:
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. INSCRIÇÃO INDEVIDA. DANO
IN RE IPSA. OFENSA AO ART. 535, II, DO CPC. IMPROCEDÊNCIA DA ARGUIÇÃO. REEXAME DE
MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIA. SÚMULA N. 7/STJ. APLICAÇÃO. 1. Improcede a arguição de
ofensa ao art. 535, II, do CPC, quando o Tribunal de origem, de forma motivada e suficiente,
pronuncia-se sobre os pontos relevantes e necessários ao deslinde do litígio. 2. O dano moral
decorrente de inscrição indevida em cadastro de inadimplentes prescinde de prova,
configurando-se in re ipsa, visto que é presumido e decorre da própria ilicitude do fato.
3. Incide a Súmula n. 83/STJ quando a decisão proferida pelo Tributal de origem encontra-se
em harmonia com a jurisprudência pacífica do STJ. 4. A falta de fundamentação hábil à
compreensão da controvérsia impede o conhecimento do recurso especial, atraindo a
incidência da Súmula 284 do STF:"É inadmissível o recurso extraordinário, quando a
deficiência na sua fundamentação não permitir a exata compreensão da controvérsia". 5.
Aplica-se a Súmula n. 7/STJ na hipótese em que o acolhimento da tese versada no recurso
especial reclama o reexame de matéria fático-probatória produzida no decorrer da demanda.
6. Agravo regimental desprovido. (STJ - AgRg no AREsp: 316013 RS 2013/0077421-8, Relator:
Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, Data de Julgamento: 06/08/2013, T3 - TERCEIRA
TURMA, Data de Publicação: DJe 22/08/2013) (grifo nosso).
APELAÇÃO CÍVEL. CONTRATO DE COMODATO. RESTREADOR DE VEÍCULO. INEXISTENCIA
DE DÉBITO E INDENIZAÇÃO DE DANOS MORAIS. INSCRIÇÃO INDEVIDA. DANO"IN RE
IPSA". DEVER DE INDENIZAR. PREQUESTIONAMENTO. Comprovação de que a inscrição
feita em nome da parte autora é indevida. Dano moral in re ipsa, independente de
comprovação, ínsito ao registro indevido. Na fixação da reparação por dano moral,
incumbe ao julgador, ponderando as condições do ofensor, do ofendido, do bem jurídico
lesado e aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, arbitrar o valor da indenização
que se preste à suficiente recomposição dos prejuízos, sem importar, contudo, enriquecimento
sem causa da parte. Quantum fixado mantido, porquanto de acordo com os parâmetros
adotados por este Colegiado em feitos similares. Precedentes do TJRS. APELO DESPROVIDO.
(Apelação Cível Nº 70066180878, Décima Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Catarina Rita Krieger Martins, Julgado em 05/11/2015). (TJ-RS - AC: 70066180878
RS, Relator: Catarina Rita Krieger Martins, Data de Julgamento: 05/11/2015, Décima Sexta
Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 10/11/2015)
Desta feita, é inexorá vel a indenizaçã o por danos morais ao Autor por parte da empresa ré.
Por se tratar de dano in re ipsa inexiste a necessidade de comprovaçã o do dano moral,
sendo presumidamente verificada sua ocorrência.
II.3 - DO VALOR DA INDENIZAÇÃ O MORAL
Observa-se que o AUTOR fora vilipendiado na sua dignidade, sua moral e sobretudo sua
honra. Pela exposiçã o fá tica, vê-se que nã o se configura um aspecto patrimonial para a
determinaçã o de um quantum indenizató rio.
Para apuraçã o do" quantum "da condenaçã o a ser arbitrada, torna-se necessá rio compulsar
algumas determinantes e entre elas o prejuízo sofrido pela vítima, a intensidade da culpa, o
poderio econô mico do ofensor e a fragilidade do ofendido sem forças para se opor.
O valor a ser arbitrado a título de indenizaçã o se, por um lado, é inegá vel que a honra nã o
pode ser traduzida em moeda, menos verdade ainda, é que a mesma nã o pode ser reparada,
mormente porque busca o ofendido em situaçõ es semelhante é a reparaçã o do dano
sofrido, por qual nã o pode ser esquecida a natureza punitiva dessa reparaçã o que deve ser
sentida pelo ofensor.
A dificuldade em estimar-se monetariamente o dano moral sofrido nã o deverá jamais
impedir a fixaçã o de uma quantia compensató ria que mais se aproxime do justo, ao menos
para abrandar a dor e para servir de amenizaçã o à prostraçã o sofrida.
Diante da exposiçã o fá tica, observa-se que o AUTOR fora vilipendiado na sua dignidade, sua
moral e sobretudo sua honra.
Trata-se de uma empresa com uma situaçã o financeira equilibrada, haja, a insignificâ ncia
de uma indenizaçã o ínfima nenhum efeito pode lhe ocasionar, tornando inó cuo o real
espírito da sensaçã o civil, que é fazer com que o causador de um dano sinta
financeiramente as consequências da sua conduta negligente.
Por outro lado, o vilipêndio moral sofrido pelo AUTOR, deva ser reparado, tendo como
critério à s decisõ es emanadas pelos nossos colegiados in verbis:
"17018525 - Responsabilidade Civil De Banco - Ato Ilícito - Débito Indevido - Conta Corrente
Bancária -Aponte Do Nome Como Devedor Inadimplente - Dano Moral - Caracterização -
Indenização - Fixação Do Valor - Critério Do Salário Mínimo - Fundamentação Da Sentença -
Art. 93 - Inc. IX - Constituição Federal de1988 - Apelação Cível - Ação de Indenização, No
Procedimento Ordinário, Julga Procedente - Dano Moral - Lançamento De Débito De Cadastro
Em Conta Corrente Desativada - Negativação Do Nome No SPC - Prestação de Serviço -
Cobrança Indevida Daquela Taxa, Sem Autorização Do Correntista - Art. 43, Par.2º, Da Lei N.º
8078/90 - Ilícito Caracterizado - Negócios Que Deixaram De Ser Realizados Na Praça, Em
Razão Daquele Procedimento - Dano Moral Positivado - Dever de Indenizar - Fixação razoável
em 100 salários mínimos, em valor que não pode ser simbólico, de modo a desestimular os
abusos praticados contra as partes. Critério analógicos previsto no art. 1531, do Código Civil,
na fixação do dano, que não pode ser acolhido, uma vez que a matéria está submetida ao
prudente arbítrio judicial. Sentença com fundamentação adequada, não vulnerado o art. 93,
IX, da Constituição Federal de 1988. Desprovimento do recurso. Decisão unânime. (TJRJ - AC
4089/2000 - (23082000) - 15º C.Cív. - Real. Des. José Mota Filho - J. 31.05.2000)."
III. DA APLICAÇÃO DO ARTIGO 940 DO NOVO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO
No presente caso é inconteste a presença de todos os elementos caracterizadores da
responsabilidade civil das empresas que inscreveram o nome do autor nos ó rgã os de
proteçã o ao crédito indevidamente. Caracterizada está a culpa" in vigilando e in eligendo
"das DEMANDADAS pela sua incú ria, importando na responsabilidade civil para o fim da
reparaçã o dos danos causados ao AUTOR.
Assim, diante do exposto e é perfeitamente cabível e medida da justiça, a restituiçã o em
dobro ao AUTOR dos valores indevidamente cobrados pelas partes Ré da Açã o.
Razã o art. 1.531 do anterior Có digo Civil:
" Art. 1531 - Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem
ressalvar as quantias recebidas, ou pedir mais do que lhe é devido, ficará obrigado a
pagar ao devedor, no primeiro caso, o dobro do que houver cobrado, e no segundo, o
equivalente do que dele exigir, salvo se, por estar prescrito do direito, decair da ação ".
(grifamos)
Tal dispositivo, foi recepcionado pelo novo Có digo Civil em seu artigo 940, vejamos:
Art. 940. Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar
as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao
devedor, no primeiro caso, o dobro do que houver cobrado e, no segundo, o equivalente
do que dele exigir, salvo se houver prescrição.

IV. DA TUTELA ANTECIPADA


Dispõ e o art. 300 do Có digo de Processo Civil que diz:
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do
processo.
§ 1o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução real
ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a
caução ser dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la.
§ 2o A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia.
§ 3o A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando houver perigo
de irreversibilidade dos efeitos da decisão.
(...)
Art. 302. Independentemente da reparação por dano processual, a parte responde pelo
prejuízo que a efetivação da tutela de urgência causar à parte adversa, se:
I - a sentença lhe for desfavorável;
II - obtida liminarmente a tutela em caráter antecedente, não fornecer os meios necessários
para a citação do requerido no prazo de 5 (cinco) dias;
III - ocorrer a cessação da eficácia da medida em qualquer hipótese legal;
IV - o juiz acolher a alegação de decadência ou prescrição da pretensão do autor.
Parágrafo único. A indenização será liquidada nos autos em que a medida tiver sido
concedida, sempre que possível.
O Autor sofre impactos econô micos negativos. O registro do seu nome no SERASA está lhe
causando restriçõ es de crédito, porquanto, como já fora enunciado preteritamente, tal fato
prejudica o exercício regular de certos atos da vida civil em que existam concessã o e
aquisiçã o de crédito como empréstimos, compra por meio de crediá rio e outros da espécie.
Uma vez inexistente a dívida do Autor, nã o subsiste razõ es para a manutençã o do seu nome
no cadastro e, por via de consequência, impera que se retire o nome dos registros.
Nesta linha de raciocínio, para a concessã o da liminar, estã o presentes os requisitos do
“fumus boni juris” e do “periculum in mora”.
O primeiro caracteriza-se mediante a evidência do direito a ser protegido. No caso em tela,
este se faz presente tendo em vista o documento que aponta permanência da inscriçã o no
nome do Autor no cadastro restritivo.
Quanto ao ‘periculum in mora’, este exsurge do perigo do Autor vier a ficar impossibilitado
de praticar todos os atos negociais em que se necessita o nome “limpo” nos cadastros de
proteçã o de crédito, em caso de nã o haver o deferimento imediato da presente liminar.
É imperioso observar que a concessã o da tutela ora requerida nã o acarreta dano algum à s
partes Demandadas da Açã o, bem como nã o há qualquer perigo de irreversibilidade dos
efeitos da decisã o, haja vista se tratar de mera retirada do nome do Autor do SERASA.
No caso em tela, postula-se pela antecipaçã o da tutela, no sentido de que seja
imediatamente baixado o apontamento junto aos cadastros de proteçã o ao crédito, vez que
nã o há razã o alguma para que o mesmo persista.
Câ ndido Rangel Dinamarco, ao efetuar comentá rios sobre"A Reforma do Có digo de
Processo Civil", Ed. Malheiros, 1995, 2a ediçã o, pá g. 130/140, assim se manifesta:
"A técnica engendrada pelo novo art. 273 consiste em oferecer rapidamente a quem veio ao
processo pedir determinada solução para a situação que descreve, precisamente aquela
solução para a situação que descreve, precisamente aquela solução que ele veio ao processo
pedir. Não se trata de obter medida que impeça o perecimento do direito, ou que assegure ao
titular a possibilidade de exercê-lo no futuro. A medida antecipatória conceder-lhe á o
exercício do próprio direito afirmado pelo autor. Na prática, a decisão com que o juiz concede
a tutela antecipada terá, no máximo, o mesmo conteúdo do dispositivo que concede a
definitiva, mutatis, mutandis, à procedência da demanda inicial - com a diferença
fundamental representada pela provisoriedade".
Mais uma vez nos valemos dos ensinamentos de Câ ndido Rangel Dinamarco, obra op.
Citada, segundo o qual:
"(...) aproximando-se as duas locuções formalmente contraditórias contidas no artigo 273 do
Código de Processo Civil (prova inequívoca e convencer-se da verossimilhança) chega-se ao
conceito de probabilidade, portador de maior segurança do que mera verossimilhança.
Probabilidade é a situação decorrente da preponderância dos motivos convergentes à
aceitação de determinada proposição, sobre os motivos divergentes. As afirmativas pesando
mais sobre o espírito da pessoa, o fato é provável; pesando mais as negativas, ele é improvável
(Malatesta). A probabilidade, assim conceituada, é menos que a certeza, porque lá os motivos
divergentes não ficam afastados mas somente suplantadas; e é mais que a credibilidade, ou
verossimilhança, pela qual na metade do observador os motivos convergentes e os divergentes
comparecem em situação de equivalência e, se o espírito não se anima a afirmar, também não
ousa negar".
Urge a concessão da tutela antecipatória determinando a imediata retirada do nome
do AUTOR dos órgãos de proteção ao crédito e, caso tenho levado a Protesto em
Cartório que seja designada a sua baixa a suspensão dos efeitos do protesto, haja vista
que a permanência desta situaçã o proporcionará ainda maiores prejuízos de difícil, se nã o
impossível reparaçã o e tal perspectiva gera apreensã o e angustia.
V- DOS PEDIDOS
Pelo exposto, requer o Autor que Vossa Excelência digne-se de:
i. Em razã o da verossimilhança dos fatos ora narrados e do perigo eminente, requer a
concessã o da antecipaçã o da tutela, para que se retire o nome do AUTOR de qualquer
dos orgã os de proteçã o ao crédito, em especial o SPC e o SERASA, no que toca a dívida
discutida nos Autos até final decisã o desta.
ii. Determinar a citaçã o das promovidas no endereço inicialmente indicado para,
querendo apresentar defesa, bem como comparecer à s audiências designadas por esse
juízo sob pena de revelia;
iii. Seja a RÉ condenando a restituir em dobro ao AUTOR pela quantia indevidamente
cobrada, nos termos do art. 940 do Có digo Civil, no total de R$ XX.XXX,XX (Xxx xxxx
reais), sendo o débito acrescido das devidas correçõ es legais;
iv. Fazer cessar todas as cobranças relativas as taxas condominiais das Unidades
mencionadas de propriedade do Autor.
v. No mérito, julgar procedente a presente Açã o e acolher todos os pedidos para
condenar as partes Demandadas, nos termos do art. 5º, inc. V da CF/88 e c/c arts. 186
e 927 do CC/2002 à retirada da inscriçã o do Autor do SERASA relativa à mesma dívida
mencionada; bem como pagar ao autor a quantia justa e razoá vel de R$ XX.XXX,XX
(Xxxxx e xxx Reais) a título de indenizaçã o por danos morais.
vi. O Autor protesta provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidos,
inclusive prova testemunhal, depoimento pessoal da representante das empresas
demandadas sob pena de confissã o, juntada ulterior de documentos e tudo mais que se
fizer necessá rio para a perfeita resoluçã o da lide, o que fica, desde logo requerido.
Dá -se à causa o valor de R$ xx.xxx,xx (xxx e xxx mil reais).
Nesses Termos,
Pede Deferimento.
Fortaleza, data digital
______________________________
Xxxxx Xxxxx Xxxxxx
OAB/CE XX.XXX

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