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Gestão

Financeira
de Projetos
Conteúdo

Introdução.....................................................................................2
O que é Gestão Financeira de Projetos........................................3
Metodologias................................................................................5
Custo Homem-Hora....................................................................18
Primeiros Passos.........................................................................20
Relatórios....................................................................................23
Fechamento do E-book..............................................................25
Gestão Financeira de Projetos

Introdução
Parabéns por A verdade é que há pouquíssimo material sobre Gestão
Financeira de Projetos disponível na internet. Resumem-se a
chegar até aqui! artigos específicos que universitários de Administração leem
para esclarecer ou reforçar o que viram na aula, pressupondo
entendimento prévio do leitor.
Se gestão fosse algo fácil e intuitivo, todo mundo seria um bom
gestor e provavelmente a disciplina de Administração sequer
Isso é um sério problema. Não é todo diretor ou líder de pro-
existiria. No máximo seria um cursinho livre.
jeto que possui ensino superior em Administração, uns por
falta de oportunidade de estudo (principalmente em micro e
Mas a gestão requer disciplina tanto para aprendizado como
pequenas empresas, que não contam com um corpo diretor
para execução. Da mesma forma que não adianta “aprender de
especializado), outros porque vieram de outras áreas.
qualquer jeito”, ou seja, vendo vídeos enquanto divide a atenção
com outra coisa ou lendo só o capítulo que lhe convém em um
Então, a Oitchau decidiu elaborar este e-book. O objetivo é
livro inteiramente dedicado ao tema, a execução dos conceitos
que você possa aplicar o orçamento dos projetos seguindo
aprendidos também deve dispor de certa cautela.
metodologias que prezam pela saúde dos mesmos e con-
tribuem para sua finalização sem complicações.
Só de você estar aqui, demonstra o interesse em fazer as coisas
certas. E saiba que, realmente, você fez uma boa escolha. Você
Leia com calma, pois nos esforçamos para entregar algo bem
vai mergulhar no conteúdo deste e-book e ter acesso a um con-
amplo aqui, o que, consequentemente, se traduz em uma
teúdo de nível acadêmico, muito bem estruturado e interligado.
abordagem mais aprofundada.

Boa leitura e ótimos estudos!

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Gestão Financeira de Projetos

O que é Gestão
Financeira de Projetos
Primeiramente, você sabe o que é um projeto? A palavra “pro- Portanto, um projeto é o esforço temporário que um negócio
jeto” está no nosso vocabulário básico, mas nem sempre a empreende com um objetivo específico. Isto é, eles têm
atribuímos ao significado correto. O mais comum é confundir começo, meio e fim, e com sua finalização inicia-se um novo.
projeto com objetivo, talvez porque o primeiro não existe
sem o segundo. Então, o hábito de criar projetos talvez seja constante, mas
cada um tem o seu ciclo finito.
Isso mesmo. O objetivo é o alvo, aquilo que se quer con-
quistar. Por exemplo: abrir uma filial na Europa, aumentar as Partindo deste pressuposto, a Gestão Financeira de Proje-
vendas no Natal para a faixa etária de 18 a 24 anos, melhorar tos é a organização orçamentária de um projeto para que
a segurança do trabalho, reduzir os custos logísticos em 30%, ele chegue ao seu fim. Ela começa antes mesmo do próprio
evoluir a marca, entre outros. projeto entrar em execução, de modo que se obtenha duas
informações cruciais:
O ponto é: nenhuma empresa fica abrindo a mesma filial para
sempre (entenda: não estamos dizendo que em dado mo-
mento ela vai deixar de abrir novas unidades, e sim que abrir
uma unidade não leva 50 anos); da mesma forma, as vendas
no Natal não duram mais que 30 dias; e alcançar os 30% de
redução automaticamente finaliza o projeto.

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A. Levantamento B. Avaliação de
de Custos: Viabilidade:
a situação mais embaraçosa é faltar dinheiro com o projeto já ter o orçamento suficiente aprovado é uma coisa. Obter o re-
em andamento, e você sabe por quê? Porque antes de dar o torno financeiro a partir dele é outra completamente diferente. E
primeiro passo, existe a fase de Aprovação do Orçamento. Para a viabilidade é algo ainda mais além.
consegui-la, o projeto precisa caber no caixa da empresa.
Primeiramente, nem todo objetivo de projeto foca diretamente
Sendo assim, o departamento financeiro não vai liberar a no aumento de faturamento. Campanhas de Branded Content,
verba para a execução do projeto sem o aval da diretoria, por exemplo, buscam aumentar a percepção de valor da marca
que, por sua vez, não o fará sem saber, no mínimo, quanto vai perante o público-alvo.
custar.
Enquanto isso, os projetos que buscam lucro, precisam, obvia-
Agora, se todas as autorizações forem concedidas, o projeto mente, que o faturamento supere o valor investido, o que nos
estiver a todo vapor e o gestor perceber que vai faltar dinheiro leva ao terceiro ponto: que supere quantos por cento? Deve
para concluir, a primeira coisa que seus superiores pergun- haver uma meta, e se após uma avaliação/previsão consta-
tarão é: “por quê?” O gestor tentará dar uma resposta polida
tar-se que ela não será atingida, então o projeto não é viável.
para “porque não calculei os custos corretamente”.

O fato é: provavelmente a empresa não autorizaria o início do


projeto se ele fosse custar tanto e agora terá que decidir entre Uma vez aprovado o orçamento, a Gestão Financeira de
cancelá-lo ou liberar o dinheiro imprevisto — ambas opções Projetos passa a atuar para que não se perca o controle orça-
com alta carga de estresse. mentário dos projetos, o que é feito através do monitoramento
da verba.

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Gestão Financeira de Projetos

Metodologias
A vantagem de seguir metodologias está em suas validações, A seguir, falaremos sobre três metodologias da Gestão Finan-
aplicadas por pioneiros após episódios de aprendizagem ceira de Projetos:
prática. Toda área do conhecimento possui desbravadores que
foram a campo, erraram, aprenderam e, por fim, descobriram • Processo de Controle de Custos
padrões que reduzem probabilidades de fracassos. • OBZ — Orçamento Base Zero
• Gestão Matricial
Isso não quer dizer que toda metodologia de sucesso é automa-
ticamente ideal para qualquer organização no mundo, até porque Elas são fundamentadas no PMBOK® Guide (2000), uma pub-
há diferentes métodos que levam ao mesmo resultado. Cabe à licação da PMI (Project Management Institute, ou Instituto de
cada empresa analisar qual é mais cabível a si antes de imple- Gestão de Projetos) fundamental para o gerenciamento eficaz
mentar. O ponto aqui é que os métodos têm fundamentos. de projetos em qualquer setor.

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Gestão Financeira de Projetos

Processo de Controle de Custos

Recapitulando, um projeto é o esforço temporário que um


negócio empreende com um objetivo específico. Isto é, eles Entradas Ferramentas Saídas
têm começo, meio e fim, e com sua finalização inicia-se um e Técnicas
novo. Já os processos são o que constituem os projetos.

Funciona assim: uma empresa tem uma meta (por exemplo, Documentos e itens Mecanismos aplica- Resultados do
a serem trabalhados dos às entradas para Processo.
aumentar o faturamento em 40%) e elabora um projeto para
no Processo. prepará-las às saídas.
isso. Cada projeto possui centenas de milhares de processos,
igualmente com começos, meios e fins. Na verdade, aqui a
divisão é nomeada como “entradas”, “ferramentas e técnicas” A sequência encadeada de processos dá forma ao projeto,
e, por último, as “saídas”, que nada mais são do que o fruto do pois o resultado (saída) de um processo já é a entrada de out-
cumprimento daquele processo. ro. Trazendo para o Processo de Controle de Custos, temos 4
principais entradas, 2 principais ferramentas e técnicas e 6
principais saídas.

O objetivo é finalizar o projeto após uma sequência de pro-


cessos sem extrapolar o orçamento. Acompanhe.

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Gestão Financeira de Projetos

Entradas
1. Plano de gerenciamento do projeto 3. Dados de desempenho do trabalho

Documentos que expressam o objetivo dos projetos e Status das entregas, cumprimento ou não do orçamen-
como serão executados, medidos, controlados e monit- to para determinado processo, aprendizagens extraídas
orados. e documentadas e detalhamentos da utilização dos
recursos.
Esta entrada permite extrair percepções subjetivas do
projeto, como incertezas, comprometimento da equipe, 4. Ativos de processos organizacionais
gerenciamento de mudanças, comunicação interpes-
soal, riscos, entre outros. Funciona como um guia para os Ativos que contribuem para a saúde financeira do pro-
colaboradores durante todo o Projeto. jeto, como tratamentos de riscos, procedimentos de
distribuição da verba, auditorias, listas de verificação, etc.
2. Requisitos de recursos financeiros do projeto

Considerando o fluxo de caixa ou o percentil destinado


ao projeto, expressa a necessidade ou não de financia-
mentos externos.

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Ferramentas e Técnicas
Digamos que as Ferramentas e Técnicas são “o processa- Imagine que uma construtora está levantando um ginásio
mento do processo”. Para não ficar confuso, volte à última poliesportivo há 6 meses e que a previsão de término é para
imagem e refresque as três etapas sequenciais: Entrada; daqui a mais 8. O Valor Agregado é o que mostra, em valores
Ferramentas e Técnicas; e Saídas. monetários, quanto já foi construído até agora, ou seja, em
apenas 6 meses.
Elas formam um só processo, sendo que a etapa do meio
é a que produzirá o que foi demandado na Entrada. Por isso, Considerando que as obras estão dentro do cronograma e
possui “ferramentas” em seu nome. que a prefeitura, quem encomendou o ginásio, terá libera-
do, ao final dos 14 meses de projeto, 130 milhões de reais, o
No caso da Gestão Financeira de Projetos, podemos destacar cálculo do valor agregado até o momento é feito a partir da
duas Ferramentas e Técnicas do Processo de Controle de Custos. seguinte fórmula:

1. GVA - Gerenciamento de Valor Agregado VA = ONT . PFr ► VA é o Valor Agregado; ONT é o


Orçamento No Término (isto é, a soma de todos apor-
O Gerenciamento de Valor Agregado, trazendo para o controle tes da prefeitura); e PFr é o Progresso Físico Realizado,
de custos, é uma ferramenta para o gestor ter um panora- expresso em porcentagem.
ma financeiro do projeto no status atual de andamento. Ela é
composta por quatro indicadores: o Valor Agregado, o Valor
Planejado, o Custo Planejado e o Custo Real.

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Gestão Financeira de Projetos

Então: 2. Previsão

VA = 130.000.000 . (6 ÷ 14) Baseado no status atual do projeto e em como ele chegou até
VA = 130.000.000 . 0,42 (ou 42%) este estado, utiliza-se alguns métodos para prever seu futuro. A
ENT (Estimativa No Término), por exemplo, é uma previsão de
VA = R$ 54.600.000 quanto terá sido gasto após a finalização do projeto. Basta, en-
tão, comparar com o ONT — que, relembrando, é o Orçamento
Se as obras estivessem atrasadas, de No Término — para saber se haverá lucro ou prejuízo.
modo que com 6 meses de projeto
a construtora só tivesse entregue o A VPr (Variação de Prazo) é outra previsão importante, repre-
equivalente a 4 meses de trabalho, a sentando a diferença entre o que já era para ter sido entregue/
divisão seria 4 ÷ 14. feito e o que foi produzido efetivamente. Basta subtrair o Valor
Agregado pelo Valor Planejado para a VPr.

Sobre o Valor Planejado, neste exemplo ele é igual ao Valor Por último, temos a VC (Variação de Custos), resultado da
Agregado, pois a obra está em dia com o cronograma. Mas subtração entre o Valor Agregado e o Custo Real. Se o re-
em casos de atraso, o Valor Planejado é que seria R$ sultado for positivo, houve lucro. Por outro lado, resultados
54.600.000, enquanto o Agregado seria o resultado de negativos indicam que o custo real foi maior e, consequente-
ONT . PFr. mente, houve prejuízo.

O Custo Planejado representa a quantia programada para a


execução do projeto inteiro, enquanto o Custo Real é a soma
de tudo o que já foi gasto até determinado momento.

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Gestão Financeira de Projetos

Saídas

As saídas são os resultados de todos os processamentos, 2. Previsões de Custos


finalizado um processo. Falando de Processos de Controle de
Custos, existem 6 principais saídas. A partir do Gerenciamento de Valor Agregado, o gestor sabe
como andam as finanças do projeto e se os custos estão den-
1. Informações sobre o desempenho do trabalho tro do planejado. Então, analisando o ritmo/andamento dos
processos e comparando-os com o que ainda falta entregar,
Elas se formam a partir dos dados sobre o desempenho do ele obtém uma previsão dos custos.
trabalho. A diferença é que os dados são métricas brutas e
individuais, como percentuais de conclusão, medidas de de- Todas as previsões devem ser documentadas, a fim de con-
sempenho gerais e pontuais, custos e despesas etc. feccionar um histórico da variação dos custos. Ao perceber
qualquer sinal de que algo ameaça o gerenciamento de cus-
Enquanto isso, as informações sobre o desempenho do tra- tos, o gestor deve informar às partes superiores. Então, pode
balho sintetizam os dados para que o gestor tome decisões. ser necessário solicitar mudanças em prol da continuidade do
Por exemplo, a partir dos dados de percentuais de conclusão projeto.
de cada processo, ele sabe o status de andamento de todo o
projeto e se precisa acelerar ou manter o ritmo.

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Gestão Financeira de Projetos

3. Solicitações de Mudança portanto, uma atualização ao Plano, que provém de reajuste


financeiro, solicitações de mudança, etc.
É muito improvável que um projeto seja concluído sem que
tenha passado por mudanças. Por mais perfeito que seja o Ela serve para encerrar um projeto ou fase, validar o escopo,
planejamento, que engloba, a partir da experiência do gestor, realizar a manutenção da qualidade, conduzir e encerrar
até aquilo que só percebemos durante a execução do projeto, aquisições, gerenciar as equipes, etc. Portanto, é uma saída
existem os fatores externos capazes de forçar mudanças. Dois que serve como entrada para diversos processos.
exemplos: aumento incomum da inflação ou uma pandemia.
5. Atualizações nos Documentos
Por isso, as Solicitações de Mudança organizam como elas
ocorrerão. Sua confecção tem três estágios: Documentos são muito abrangentes, podendo ser qualquer
saída de processos. No de identificação/levantamento de riscos,
• Planejamento, que cria um fluxo de tratamento às solic- por exemplo, o principal documento é o Registro das Premissas,
itações de mudança; que traz informações relevantes para apontar os riscos.
• Execução, que implementa as solicitações de mudança
aprovadas; e As Atualizações são, portanto, mudanças nesses documen-
• Controle, que define métricas de sucesso para as mu- tos, requisitadas a partir de saídas de processos que alterem
danças aprovadas. o andamento dos processos.

4. Atualizações no Plano de Gerenciamento do Projeto

Falamos sobre o Plano de Gerenciamento do Projeto ao de-


screver as 4 principais entradas. Esta quarta principal saída é,

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Gestão Financeira de Projetos

6. Atualizações nos Ativos de Processos Organizacionais Com taxa de acidentes próxima a zero, os colaboradores se
sentem mais seguros, reparam na preocupação da empresa
Cada Ativo é aquele que contribui para o sucesso do com eles e passam a trabalhar mais confiantes.
projeto. É o caso de procedimentos de qualidade, auditorias,
checklists, instruções de trabalho, requisitos de comunicação, Além disso, a redução de gastos com indenização e agregação
controles financeiros, entre outros. de novos colaboradores também contribui para a gestão de
custos.
O Guia PMBOK® cita tais Ativos em 34 entradas, ou seja, é nítida
sua importância para o sucesso do projeto. Suas Atualizações
aparecem em 13 saídas do Guia. Mas o que são, de fato?

As Atualizações são mudanças aplicadas nesses Ativos que,


dada sua importância elementar, podem alterar todo o projeto
a partir de suas implementações. Um exemplo real:

• Ativo: políticas de segurança no trabalho


• Atualização: implementar uma CIPA (Comissão Interna de
Prevenção de Acidentes).

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Gestão Financeira de Projetos

OBZ - Orçamento Base Zero

O método Orçamento Base Zero consiste em fazer um cálcu- Esta metodologia existe porque é comum gestores pensarem
lo orçamentário do Projeto sem considerar valores passa- que o orçamento aprovado em outros projetos automatica-
dos. Seu idealizador foi Peter A. Pyhrr, um gerente da empre- mente estão liberados para o atual, sendo que isso não é uma
sa estadunidense de tecnologia Texas Instruments. De acordo obrigatoriedade.
com Rogério João Lunkes (2009, p. 86), “a primeira utilização
do OBZ ocorreu em 1960”, mas só em 1969 a empresa citada No OBZ, cada item do orçamento requer aprovação dos
estudou sua implementação. superiores, mesmo se eles já tiverem cedido tal liberação
em algum projeto anterior. Isso significa que, se para o projeto
Então, em 1970, Pyhrr publicou um artigo na Harvard Busi- atual, replicaram os mesmos custos e acrescentaram outros,
ness Review de novembro-dezembro, ele que foi o mentor não são só estes últimos que carecem de aprovação.
do processo na Texas Instruments. Posteriormente, em 1973,
dado o sucesso da metodologia, o Estado da Geórgia contra- A vantagem está, principalmente, na redução de custos
tou Pyhrr para implementar o OBZ. supérfluos, pois ao montar o orçamento do zero absoluto, o
gestor analisa cada despesa detalhadamente. Assim, pode
Aqui no Brasil, esta metodologia fez com que a Companhia Cer- eliminar aquelas que não são mais necessárias para o projeto,
vejaria Brahma, que em 1999 se fundiu à Companhia Antarctica liberando a verba para aplicar em outras frentes.
Paulista para dar origem à Ambev, economizasse R$152 milhões
em custos fixos naquele ano em relação a 1998.

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Gestão Financeira de Projetos

Teoricamente, a utilização da metodologia OBZ é ideal para


todas as empresas e em todos os projetos. Porém, em gran- Vantagens
des empresas isso pode ser um problema. Criar o orçamento
do zero todas as vezes pode causar desgaste na equipe, uma • Precisão: fica mais fácil avaliar se os departamentos estão
vez que há muitos processos e pessoas envolvidas. sendo financiados adequadamente;
• Valor Real: custos anteriores podem ter aumentado, o que
Nesse cenário, é válido, sim, reaproveitar orçamentos anterio- passaria despercebido sem o OBZ;
res, até mesmo para não prejudicar a fluidez natural da em- • Redução de custos supérfluos: determinado processo
presa. No entanto, no máximo a cada 5 ciclos orçamentários cotado, autorizado e executado em projetos anteriores
(ou seja, sempre após a liberação de verba para 4 projetos), é podem ser desnecessários no atual (contribuindo para
fundamental haver 1 OBZ. redução de custos).

Para pequenas empresas, a quantidade de ciclos diminui.


Recomendamos que façam OBZ a cada dois ciclos, pois
Desvantagens
o empreendimento ainda está construindo seu histórico e
• Burocracia: o processo é complexo, podendo facilmente
padronizando suas operações. A eliminação de custos supér-
se tornar contraproducente na redução de custos;
fluos neste cenário é ainda mais relevante.
• Tempo: previamente ao tempo de implementação do
OBZ, existe ainda o tempo necessário para treinamento
dos gestores;
• Tempo de resposta: por consumir tempo, a empresa pode
“ficar para trás” caso o mercado, sempre em constante mu-
dança, exija um pouco de vanguardismo. Se a concorrência
reagir mais rapidamente às mudanças, pode abocanhar
uma considerável parcela do mercado da empresa.

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Gestão Financeira de Projetos

Gestão Matricial / Gerenciamento


Matricial de Despesas

O Gerenciamento Matricial de Despesas (GMD) busca reduzir utilizados na prestação dos seus serviços e estão devida-
os gastos, e não os custos. A diferença é que os custos são mente incluídos no preço das suas edições.
serviços utilizados eficientemente na produção dos produtos
e/ou serviços, enquanto os gastos são os bens e/ou serviços Como funciona
adquiridos pela empresa, em suas totalidades.
Uma estrutura de gestão matricial mantém hierarquias admi-
Custos x Gastos nistrativas tradicionais para equipes e projetos, mas inova ao
submeter a equipe a dois gerentes: um do departamento e
Um MEI (Micro Empreendedor Individual), contrata um plano de outro do produto/projeto.
armazenamento em nuvem que custa R$79/mês, sendo que ele
só guarda documentos em PDF que, até o momento, conside- Por exemplo: o gerente de marketing cuida tanto do Marke-
rando o volume de arquivos, caberiam perfeitamente nos planos ting Digital como do Offline (e todos os outros tipos de
gratuitos do Google Drive ou OneDrive. Isso é gasto. marketing que a empresa venha a ter). Porém, cada tipo de
Marketing também tem o seu próprio gerente. Isso significa
Porém, se este MEI é um editor de vídeos e lida com muitos que os colaboradores que trabalham como Social Media são
arquivos brutos pesados, o armazenamento gratuito que submetidos tanto ao gerente de Marketing Digital quanto ao
Google e Microsoft disponibilizam (15 GB e 5 GB, respecti- de Marketing.
vamente) não são suficientes para envio e recebimento de
materiais. Então, os R$79/mês entram como custo, pois são

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Gestão Financeira de Projetos

Trazendo para a Gestão Financeira de Projetos, a GMD agru- Como o processo de trocar o pneu está submetido a dois
pa despesas semelhantes em uma mesma matriz, com infor- gerentes, minimiza-se o risco de orçamento inflacionado, que
mações que se cruzam em linhas e colunas, como planilhas. ocorre quando um gestor orça um serviço muito alto para ter
uma “zona de conforto”.
Tal planilha tem dois eixos:
Vale lembrar que, se um gestor solicita um valor alto demais
• Departamentos: marketing, vendas, produção, logística para a manutenção anual de seus veículos e os serviços saem
etc; bem mais baratos, é capaz dele gastar o excesso em outras
• Pacotes: grupos de despesas semelhantes. O pacote coisas para evitar ser penalizado no orçamento futuro, pois a
“manutenção”, por exemplo, reúne todas as despesas de controladoria assume a despesa do ano anterior como base.
manutenção (tanto predial como da frota de veículos, por
exemplo — “predial” e “frota”, inclusive, entrariam como
subpacotes de “manutenção”).

Portanto, repare que o encarregado de fazer a troca dos pneus


traseiros de uma van da empresa responde tanto ao gerente de
Logística como ao de Manutenção. Veja a matriz abaixo:

Marketing Vendas Logística Produção

Manutenção

Frota Troca de Pneu

Predial
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Gestão Financeira de Projetos

Padronização de Processos

Não é uma metodologia, e sim uma vantagem em trabalhar Outra vantagem é o realinhamento de estratégias. É muito
com uma. Independente à natureza do projeto, muitos pro- comum os planos mudarem mesmo após o start do projeto,
cessos e demandas são semelhantes ou muito parecidos. seja devido a novos conceitos do corpo diretor, por fatores
Isso permite a aplicação de uma metodologia padrão, que externos ou porque, simplesmente, o projeto não está dando
funciona bem para o perfil da empresa. o retorno desejado.

Assim, fica mais fácil implementar e cuidar dos padrões de Ao seguir uma metodologia, o gestor do projeto sempre sabe-
qualidade e evitar que haja um desvio de função (exemplo: rá o budget atual, o retorno previsto e como o cenário mudará
analista de SEO cuidando da parte financeira). Se for um perante as novas estratégias. Dessa forma, todo realinhamen-
pouco mais além na análise dos benefícios, com processos to tende a ser menos desgastante porque fica fácil identifi-
padronizados fica muito mais fácil rearranjar colaboradores car o que exatamente não gerou o resultado estimado pela
sem atrapalhar o andamento do projeto. metodologia.

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Gestão Financeira de Projetos

Custo Homem-Hora
Esta métrica permite avaliar a produtividade de cada mem- E a escala desse cálculo?
bro da equipe e quanto dos seus custos comprometem o
orçamento do projeto. Além disso, também é possível saber É comum ouvir a expressão “escalar a produção”, que consis-
quanto tempo e esforço será necessário para finalizar deter- te, basicamente, em produzir algo padronizado, sustentável e
minados processos ou o projeto como um todo. em grande quantidade. Acabamos de mostrar como fazer o
cálculo de homem-hora de uma equipe pequena, constituída
Na prática, uma hora-homem representa o custo, por pessoa, por três pessoas. Mas, e quanto a equipes inteiras, com vários
de cada hora trabalhada. Assim, se três pessoas trabalharam encarregados?
5, 7 e 3 horas cada uma em um dia, estamos falando do total
de 15 homens-hora (ou 15Hh). O procedimento é o mesmo, mas a grande quantidade de
funcionários para se trackear as horas torna impossível res-
Agora imagine que essas mesmas pessoas dão conta de ponsabilizar somente uma pessoa para fazê-lo. Além disso,
produzir 100 unidades de algum produto durante 5 dias de jornadas com diferentes horários e valores complicam ainda
trabalho (com carga horária de 8h/dia). O cálculo do total de mais o cálculo. Então, a tecnologia surge como uma grande
horas por pessoas é de 3*5*8 = 120. aliada nesse processo.

Assim, a produtividade do time é 100/120 = 0,83 unidades O segredo está nos dados. Ao invés de somar todas as horas
por hora. para, só então, fazer um levantamento manual do custo ho-
mem-hora, convém utilizar dados de performance.

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Gestão Financeira de Projetos

Dados de performance são obtidos com o rastreamento de


tempo investido em tarefas e processos perante os custos por
pessoa. Isso significa que, com a ajuda da tecnologia, é possí-
vel informatizar o registro de entradas e saídas de funcionários
e linkar todos os dados em um sistema em nuvem.

Assim, basta que esse sistema organize os dados e forneça ao


gestor diferentes maneiras de exibir, comparar e trabalhar as
informações, como um dashboard. É assim que o rastreamento
de horas se torna tangível e a partir dele é possível tomar deci-
sões.

Isso joga toda a viabilidade para o lado tecnológico do Projeto,


ou seja, a dificuldade passa a ser a criação/obtenção deste
sistema aparentemente complexo e caro. Felizmente, a Oitchau
disponibiliza ao mercado o sistema de Gestão de Projetos exa-
tamente com essas funções e com preços mais que acessíveis.

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Gestão Financeira de Projetos

Primeiros Passos
Agora que você sabe o que é Gestão Financeira de Projetos
e conhece algumas metodologias, provavelmente imaginou a Fluxos de Processos
sua empresa colocando alguns desses conceitos em prática.
O próximo passo é a execução, mas por onde começar? Não adianta só saber os departamentos existentes, o que eles
fazem e suas importâncias para a empresa. É preciso conhe-
Falamos de bastante coisa até aqui, então fica difícil canalizar cer os fluxos de todos os processos, como eles se comple-
tudo em um processo. Por isso, agora você vai ver quais fato- mentam e quais ferramentas os compõem.
res precisa compreender para implementar a Gestão Finan-
ceira de Projetos alinhada com o que falamos até agora. Isso significa que nada deve ser feito sem estar dentro do
Fluxo de Processos, o que, consequentemente, exige um
Basicamente, tudo é pautado em dados, informações, regis- mapeamento das entradas e saídas.
tros. Sem isso, não tem como montar processos, saber o que
é indispensável, fazer previsões, etc. Também é importante
que você não se prenda à superficialidade. Preocupe-se não
apenas em conhecer a operação da empresa, mas em sabê-
-la profundamente, começando pelos fluxos de processos.

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Gestão Financeira de Projetos

Mapeamento de Mapeamento de
Entradas e Saídas Previsão de Gastos
O tópico sobre o Processo de Controle de Custos deste O primeiro capítulo após a introdução citou a aprovação
e-book mostrou que os Projetos são compostos por vários do orçamento, que só é feita após a diretoria, em conjunto
processos de três fases cada um: entrada, ferramentas e ao departamento financeiro, considerá-la saudável para os
técnicas e saídas. Recapitule, também, que as saídas de um cofres da empresa.
processo são entradas de outros.
Então, não pense em dar os primeiros passos na Gestão Fi-
A cada processo realizado, mais próximo o Projeto fica de nanceira dos Projetos se não souber prever os gastos corre-
sua conclusão. Em contrapartida, a ineficiência deles deixa tamente. O Gerenciamento Matricial das Despesas será um
tudo mais lento e compromete a eficiência de modo geral. O grande aliado, já que foca em eliminar despesas desneces-
problema é que, sem um mapeamento bem feito das entradas sárias. Por consequência, obter a liberação da verba se torna
e saídas, fica difícil saber onde estão os conflitos. mais fácil e efetiva, já que o dinheiro só será aplicado no que,
efetivamente, faz diferença.

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Gestão Financeira de Projetos

Separar uma reserva de


ROI(Return On Investment, emergência
ou Retorno Sobre o Investi-
mento) O que acontece se tudo der errado? Em dois meses a operação
da empresa é paralisada? Uma reserva de emergência serve
para evitar que isso aconteça, porque nem sempre a caminha-
Quantos por cento de lucro são esperados com determina-
da corporativa é de lucro após lucro, mês após mês. Isso sem
do projeto? Isso é o que o ROI indica. Esta métrica mostra o
contar os períodos de sazonalidade, que já devem estar dentro
retorno obtido a partir de um investimento, de modo que ROIs
do planejado.
positivos indicam lucro, negativos indicam prejuízo e resulta-
dos próximos a zero indicam “empate”.
O fato é que há momentos em que as coisas ficam difíceis, as
ações caem, os investidores migram e os clientes reclamam.
É importante saber o ROI esperado em cada projeto para prio-
Não se trata de algo normal (já que a palavra “normal” se origi-
rizá-los, sempre considerando a saúde do caixa.
na de “norma”), mas totalmente comum.

Então, a reserva de emergência garante que a corporação não


vá às ruínas no primeiro vendaval. Se possível, garanta que tal
reserva supere até mesmo o fluxo de caixa ideal.

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Gestão Financeira de Projetos

Relatórios
Reforçando a importância dos dados na Gestão Financeira de
Projetos, separamos um capítulo só para os relatórios para se DRE (Demonstrativo do
extrair a partir de informações financeiras.
Resultado do Exercício)
Fluxo de Caixa O DRE mostra o desempenho das finanças de forma mais
aprofundada em relação ao Fluxo de Caixa. Seu objetivo é
Todo o dinheiro que entra e sai passa por um controle, que é detalhar tudo o que compõe a receita líquida obtida pela
o Fluxo de Caixa. Deixá-lo positivo significa manter a saúde empresa a partir de suas atividades. Nele, todas as receitas,
financeira do negócio. Além disso, um controle de fluxo de custos e despesas são inscritas na data em que ocorreram,
caixa permite o mapeamento de despesas, já que toda movi- independentemente de quando o dinheiro entrou no caixa.
mentação transacional fica registrada.
O benefício está na tomada de decisão. O DRE é simples de
entender e faz apontamentos que mostram por onde está en-
trando e saindo mais dinheiro. Assim, o corpo diretor da em-
presa toma suas decisões devidamente baseada em dados.

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Gestão Financeira de Projetos

Veja um exemplo da estrutura de um DRE:


Comparativo entre
+ Vendas
orçamento e despesas reais
(–) Deduções e Impostos
(=) Receita Líquida Se a empresa está passando por problemas financeiros, que
tal avaliar se não há despesas desnecessárias? Elas sugam
(–) Custo Variável o orçamento das companhias e permanecem durante vários
(=) Margem Bruta meses (e até anos) sem que sejam detectadas.

(–) Despesas Variáveis Por isso, é essencial que você confira se os Projetos não estão
(=) Margem de Contribuição gastando mais do que o necessário para agregar valor. Faça
um comparativo detalhado para saber a saúde financeira do
(–) Gastos com Pessoal negócio.
(–) Despesas Operacionais
(=) EBITDA
(–) Depreciação, Amortização e Exaustão
(=) Resultado Operacional
(–) Tributos
= Resultado Líquido

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Gestão Financeira de Projetos

Fechamento do E-book
Caminhamos para o término do e-book e, neste ponto, quere- Portanto, cada projeto tem começo, meio e fim. É o caso de
mos te ajudar a chegar a algumas conclusões. lançamento de produtos, abertura de franquias, melhorias de
Customer Success, reposicionamento de marca; e por aí vai.
Talvez tenha sido difícil acompanhar os conceitos em certos
pontos da leitura, o que é totalmente normal dada a natureza Desdobrando os projetos, temos os processos, que contam
deste material. Como dito na introdução, há conteúdos aca- com as entradas, as ferramentas e técnicas e as saídas. E
dêmicos aqui, que você não encontra na superficialidade dos você também viu que a saída de um processo é a entrada de
conteúdos de blog aí pela internet (pelo menos não de forma outros, mantendo a máquina girando (e a empresa mais próxi-
estruturada como aqui). ma do objetivo).

Perceba que você compreendeu o que, de fato, é um projeto. Então, “criar um blog” é um projeto, que se encerra assim que
Muitos chegam até este e-book com um conceito errado, ele vai ao ar. A partir de então, inicia, por exemplo, o projeto de
acreditando que projetos são orientações generalizadas, con- divulgação, que termina quando o blog atinge a meta estipu-
fundindo com a Visão da empresa. lada de visitantes únicos… E assim sucessivamente, sem fim.
Enquanto a empresa estiver viva, haverá projetos começando
De fato, a Visão representa onde a companhia quer estar e terminando.
daqui a dois, três ou cinco anos, podendo estender até dez
— embora seja raro, já que muita coisa pode acontecer em
uma década. Mas ela nada mais é do que o norte da empresa,
servindo como guia para a criação de… Projetos.

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Gestão Financeira de Projetos

Se a definição de Projeto já é mais complexa do que pare- Outra vantagem extremamente importante é a visualização
ce ser, a Gestão Financeira de Projetos também é mais que, de relatórios. Os gestores acompanham pelo painel de con-
simplesmente, anotar entradas e saídas de dinheiro. Citamos trole todas as atividades em andamento e seus respectivos
as que consideramos essenciais, que inevitavelmente todo custos, localizações e horas trabalhadas. Isso permite o
gestor de projetos precisa saber. rastreamento da verba, ou seja, saber onde cada centavo está
indo e por quê.
O ponto em questão é: como levantar todos esses dados?
E quanto às metodologias, quando aplicá-las? As fórmulas, Se você se via diante de um cenário nebuloso a respeito da
como a do cálculo do custo de homem-hora, devem ser feitas Gestão Financeira de Projetos, agora sabe a razão: não se
separadamente? trata de um bê-a-bá simples e facilmente aplicável em uma
planilha eletrônica, mas requer impulso tecnológico para oti-
Bom, não citamos nada leviano aqui, então todos os cálcu- mizar o orçamento.
los que você viu são necessários para a Gestão Financeira
de Projetos. O que não é requerido é que você faça tudo na Porém, agora você conhece as nomenclaturas, as metodo-
caneta, coletando todos os dados um por um. Quanto tempo logias do assunto e suas vantagens — e ficamos felizes por
levaria para levantar os custos de uma obra grande, como fazer parte desse processo. O próximo passo é pôr em práti-
a construção do ginásio poliesportivo, que possui diversos ca, e também podemos marcar presença nessa fase.
fornecedores, matérias-primas e mãos-de-obra?
Conheça a nossa ferramenta de Gestão de Projetos e vamos
A solução está na ferramenta de Gestão de Projetos da Oit- continuar sua trajetória juntos.
chau. Com ela, é possível que os próprios funcionários façam
seus apontamentos de horas, com a devida confirmação dos
superiores. Tudo fica registrado em uma dashboard atualiza-
da em tempo real que facilita a tomada de decisões baseada
em dados.

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