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PRINCE2 - Outra maneira

de gerenciar projetos na
administração pública

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Métodos ágeis agregados
ao PRINCE2

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Conteudista:
Tiago Chaves Oliveira (conteudista, 2022);

Diretoria de Desenvolvimento Profissional.

Enap, 2022

Enap Escola Nacional de Administração Pública


SAIS - Área 2-A -70610-900 - Brasília, DF

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Sumário

Unidade 1: A integração dos métodos ágeis com o PRINCE2...........................................4


1.1 Comportamentos do PRINCE2 Agile ....................................................................................................... 5

1.2 O que corrigir e o que flexibilizar?.............................................................................................................. 6

1.3 A visão ágil dos princípios PRINCE2 . ...................................................................................................... 8

1.4 A visão ágil dos temas PRINCE2................................................................................................................ 9

1.5 A visão ágil dos processos do PRINCE2................................................................................................11

Referências..............................................................................................................................................................15

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Métodos ágeis agregados ao PRINCE2
MÓDULO

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O módulo que você começará a estudar agora contém apenas uma unidade, apresentando como o PRINCE2
sugere que deve ser a utilização de métodos ágeis como abordagem de entrega dos produtos dos projetos.

Importante ressaltar que você não estudará os conceitos a respeito da gestão ágil de projetos, mas sim como se
dá a aplicação desses conceitos dentro do método PRINCE2.

Unidade 1: A integração dos métodos ágeis com o PRINCE2


Objetivo de aprendizagem
Ao final desta unidade, você deve ser capaz de implementar métodos ágeis aos projetos que seguem
o método PRINCE2.

Segundo a Axelos (2018), o PRINCE2 está sendo cada vez mais utilizado em conjunto com os métodos
ágeis, à medida que estes se expandem nas organizações. Para estabelecer uma orientação específica
sobre como usar o método PRINCE2 em um contexto ágil, foi lançado o livro “PRINCE2 Agile”, que será
nossa principal referência para o módulo.

Tanto o PRINCE2 quanto os métodos ágeis têm seus próprios pontos fortes e, quando combinados, se
complementam e criam uma abordagem holística para gerenciar projetos de forma ágil.

A força do PRINCE2 está no direcionamento que dá ao gerenciamento de projetos. No entanto, o método


dá menor foco à entrega de produtos. Por outro lado, os métodos ágeis têm um foco muito forte na entrega
de produtos, mas relativamente baixo no campo do gerenciamento de projetos.

É essencial ver esta combinação como uma mistura de métodos, ou seja, não se trata de dois métodos
funcionando em paralelo: aqueles que dirigem e gerenciam um projeto em um contexto ágil precisam adotar
disciplinas e comportamentos ágeis e, da mesma forma, aqueles que usam métodos ágeis para entregar
precisam se integrar perfeitamente com o cerne do PRINCE2 de permanecer no controle, capacitando as
pessoas e garantindo que o projeto permaneça viável.

Prince2
Gestão de Projetos

Pensamento
Prince2 Pensamento
Ágil

Entrega de produtos
Ágil

Integração entre PRINCE2 a métodos Ágeis.


Fonte: CEPED/UFSC (2021). Adaptado de Axelos (2018)

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O PRINCE2 compreende um conjunto integrado de princípios, temas e processos que são ajustados às
necessidades específicas dos projetos.

Neste módulo, você verá a maneira pela qual os projetos ágeis podem aplicar os princípios, adaptar os
temas e processos e produzir os produtos de gerenciamento previstos no PRINCE2, e verá também como
incorporar os comportamentos, conceitos e técnicas fundamentais do ágil no PRINCE2.

1.1 Comportamentos do PRINCE2 Agile

Para que o PRINCE2 funcione em um contexto ágil, é necessário que estejam presentes comportamentos
específicos da equipe, que estão diretamente ligados com a forma ágil de pensar e agir.

Transparência

Exploração Colaboração

Auto- Comunicação
organização rica

Comportamentos do PRINCE2 Agile.


Fonte: CEPED/UFSC (2021). Adaptado de Axelos (2018)

Veja, a seguir, cada um desses comportamentos.

Transparência

Quanto mais informações forem divulgadas, melhor será para a forma ágil de trabalhar: o método permite
rapidez, clareza e engajamento, mesmo que as notícias não sejam tão boas.

O essencial para entender esse comportamento é perceber que a transparência é mais do que apenas visibilidade.
Os elementos mais importantes desse princípio vêm na forma de valores ágeis comuns de honestidade,
confiança, integridade e respeito. Essa abertura é um ingrediente essencial para uma forma ágil de trabalhar.

Colaboração

Uma equipe motivada e respeitosa é maior do que a soma de suas partes se as pessoas trabalharem juntas
e derem cobertura umas às outras. Mais pode ser alcançado dessa forma do que trabalhar em silos, e a
colaboração não é apenas interna à equipe: envolve a colaboração externa com todas as partes interessadas,
especialmente o cliente. Envolver-se totalmente com os clientes e trabalhar com eles, e não para eles, criará
um entendimento compartilhado e propriedade de metas e resultados.

Comunicação rica

As pessoas devem sempre usar o canal mais eficaz para comunicar. Usar cara a cara e/ou visualização é
muitas vezes mais rápido e eficaz do que apenas palavras. Um rico ambiente de comunicação deve ser

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criado, permitindo que a informação passe livremente em uma cultura de compromisso e confiança. Ainda
há a necessidade de documentação, mas, usando outros canais mais eficazes, ela pode ser substituída ou
bastante reduzida.

Auto-organização

As pessoas mais próximas ao trabalho geralmente sabem melhor como fazê-lo. Portanto, deve-se confiar
nas pessoas que vão fazê-lo. A auto-organização cria respeito mútuo. Um gerente de projeto pode deixar
um gerente de equipe se concentrar na entrega do produto, fazendo com que o gerente de equipe se sinta
confiável. Este princípio se estende muito além do trabalho e inclui a maneira como a equipe trabalha e o
modo como os membros da equipe se comportam uns com os outros.

Exploração

Projetos são difíceis e, para criar “a coisa certa”, você precisa ser capaz de descobrir o que é “a coisa
certa”! A iteração frequente e as rodadas de feedback rápido oferecem uma oportunidade de aprendizado,
e aprender ajuda a melhorar os produtos. No entanto, para que aconteça de forma eficaz, o feedback
precisa ser buscado de forma colaborativa com pessoas como o cliente, representantes do cliente, outros
membros da equipe ou partes interessadas. Muitos pequenos aprendizados sobre o que o cliente deseja
se acumulam com o tempo e causam um grande impacto geral. Por trabalhar continuamente em rodadas
que entregam produtos e criam feedback , a equipe pode seguir em frente. Quanto mais curtos forem esses
loops de feedback , mais rápido o progresso pode ser feito e menor será o impacto de quaisquer erros.

1.2 O que corrigir e o que flexibilizar?

O PRINCE2 identifica seis variáveis que precisam ser controladas e gerenciadas durante os projetos: tempo,
custo, qualidade, escopo, benefícios e risco, todos com o mesmo nível de importância. Sempre que qualquer
uma dessas variáveis excede as tolerâncias estabelecidas, ocorrerá uma exceção.

Já o PRINCE2 Agile tem o foco prioritário na flexibilização do que está sendo entregue. Ele define o que
deve ser enfatizado, dando orientação sobre o uso de níveis de tolerância (ou seja, desvios permitidos em
relação ao planejado) para cada uma das seis variáveis.

Fixo - Não flexível Pode ser flexível É flexível

• Tempo • Benefícios • Qualidade

• Custo • Riscos • Escopo

Flexibilidade das variáveis de gestão com os métodos ágeis.


Fonte: CEPED/UFSC (2021). Adaptado de Axelos (2018)

Essa definição não significa que as variáveis fixas nunca possam ser flexíveis, mas elas têm tolerância
zero e estariam sujeitas a exceções. Importa ressaltar que a realização de entregas em tempo definido
(timeboxed) é requisito básico dos métodos ágeis.

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As metas por trás da flexibilização

A lógica que remete à necessidade de ser flexível com o que é entregue é baseada em cinco metas, aplicáveis
a diversos projetos nos últimos tempos.

Ser pontual e cumprir os prazos

Para qualquer projeto ou trabalho, o cumprimento de prazos é naturalmente visto como desejável, no
entanto, as vantagens disso, vistas em conjunto, tornam a meta essencial.

Algumas dessas vantagens incluem a entrega antecipada dos benefícios desejados, bem como o aumento
da confiança da equipe e do engajamento das partes interessadas.

Garantir o nível de qualidade

Sobre a garantia da qualidade, por exemplo, ao usar um ciclo de vida em cascata tradicional – dividido em
etapas “técnicas”, como analisar, projetar, construir, testar e implementar –, há um risco que frequentemente
se materializa de ultrapassagem das etapas anteriores, fazendo com que as etapas posteriores sejam
comprimidas para serem entregues no prazo. O exemplo mais comum disso é quando a verificação ou
teste de qualidade é reduzido para cumprir os prazos. O conceito de flexibilizar o que está sendo entregue
garante o nível de qualidade pela redução da quantidade entregue, mas sem se reduzir as atividades que
garantem que o nível de qualidade seja atendido.

Abraçar a mudança

A mudança é inevitável quando se trabalha em algo difícil, por isso, é melhor esperar e se preparar para
ela. A mudança pode assumir a forma de uma nova ideia que não foi pensada anteriormente ou de um mal-
entendido quando uma premissa se mostra incorreta. A mudança deve ser vista como positiva, porque um
produto final mais preciso provavelmente será produzido.

Manter as equipes estáveis

Se um projeto atrasar o cronograma, uma resposta tradicional seria considerar a opção de aumentar o
número de pessoas envolvidas para acelerar o andamento. Se o trabalho realizado for razoavelmente
simples, isso pode resolver o problema. No entanto, quando o trabalho é mais desafiador, provavelmente
a mesma ação não terá o mesmo efeito, principalmente no curto prazo. A forma ágil de trabalhar é
particularmente impactada pela troca de pessoal. Isso ocorre porque são utilizadas a comunicação informal
e auto-organização, por exemplo. Mudanças na equipe geram ineficiência pelo tempo gasto para formar os
novos membros, pelo aumento exponencial no número de linhas de comunicação da equipe e pela mudança
na dinâmica da equipe, que precisa ser restabelecida.

Aceitar que o cliente não precisa de tudo

Normalmente, observando os produtos que usamos com frequência, usamos apenas uma quantidade bem
limitada de funções e recursos. Uma grande quantidade delas é usada raramente ou nunca usada.

Um projeto que utiliza o PRINCE2 Agile não tem como objetivo não entregar tudo, mas sim cumprir prazos
e proteger o nível de qualidade do que é entregue. Isso, por sua vez, pode resultar na entrega antecipada
de um produto mínimo viável e, em termos gerais, o projeto entrega o que o cliente realmente deseja (ou
precisa) mais rapidamente.

É importante você compreender todas as cinco metas que sustentam o pensamento por trás de flexibilizar
o que está sendo entregue.

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1.3 A visão ágil dos princípios PRINCE2

Os projetos ágeis têm um foco muito forte em princípios. O Manifesto Ágil (BECK et al., 2001) e, em consequência,
os frameworks e os métodos ágeis, promovem um conjunto de princípios, embora a formulação exata usada
para descrever a mentalidade (mindset) e as atitudes fundamentais variem e incluam (ou sejam substituídos
por) termos como “valores”, “comportamentos” e “filosofia”.

Os princípios do PRINCE2 não entram em conflito com


nenhum dos princípios ágeis. Eles são complementares à
forma ágil de trabalhar.

Alguns dos princípios do PRINCE2 estão na raiz da mentalidade ágil, como a justificação de negócios
contínua, o aprendizado a partir da experiência, o foco em produtos e o gerenciamento por exceção, sendo
este último sinônimo de dar autonomia e empoderamento à equipe.

Relembre, a seguir, os princípios do PRINCE2 e veja como eles se relacionam ao contexto ágil:

Justificativa de negócios continuada

O ágil costuma usar o termo "valor" em vez de "benefício" e orienta todos os esforços à geração de valor.

Aprenda com a experiência

Muitos conceitos ágeis apoiam este princípio. Exemplos disso incluem o feedback constante e em curtos
períodos de tempo, o envolvimento contínuo do cliente e a reunião de retrospectiva.

Funções e responsabilidades definidas

Projetos ágeis podem definir papéis adicionais no nível de entrega, que devem ser mapeados e mesclados
cuidadosamente aos papéis do PRINCE2.

Gerenciar por etapas

Prazos definidos para a entrega de produtos devem ser cuidadosamente planejados para se integrar e se
encaixar nas etapas de gerenciamento.

Em situações de alta incerteza (por exemplo, criar algo muito inovador), etapas curtas podem ser usadas
para garantir que o controle seja mantido e exista um ambiente de falha rápida / aprendizagem rápida.

Gerenciar por exceção

Não só é essencial usar este princípio e garantir que ele seja implementado corretamente, mas é vital ver
isso como o cerne da capacitação das pessoas para se auto-organizar e manter o controle com o nível
apropriado de governança ao usar o PRINCE2 em projetos ágeis.

Foco em produtos

Descrições de produtos, critérios de qualidade e tolerâncias de qualidade podem ser priorizados e


decompostos para tornar possível flexibilizar o que está sendo entregue e, portanto, tornar mais fácil
manter o controle e se concentrar na entrega de valor.

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Ajustar para se adequar ao ambiente do projeto

O PRINCE2 Agile incorpora uma ferramenta de avaliação ágil chamada “Agilômetro”, que permite uma adaptação
mais específica, avaliando os riscos associados à forma ágil de trabalhar em relação ao ambiente do projeto.

1.4 A visão ágil dos temas PRINCE2

Os temas do PRINCE2 descrevem aspectos do gerenciamento de projetos que devem ser tratados
continuamente à medida que o projeto avança em seu ciclo de vida. A força do PRINCE2 está na forma
como os sete temas são integrados.

O PRINCE2 Agile está em conformidade com os requisitos mínimos dos temas.

Como projetos ágeis são focados na entrega de produtos, os temas de planos progresso são mais
proeminentes ao combinar o ágil com PRINCE2. Os outros temas são menos proeminentes.

A seguir, você verá como o PRINCE2 Agile é adaptado para os temas do PRINCE2 e como se dá a aplicação
dos temas no contexto ágil.

Caso de Negócios

Em projetos ágeis, o foco recai sobre as tolerâncias sobre os benefícios no que diz respeito a prioridades,
prazos e quantidades de produtos sendo entregues. O Caso de Negócios pode mostrar a quantidade de
produtos que será entregue no cenário mais positivo, no cenário mais negativo e no cenário mais provável.

Pode ser apropriado definir explicitamente o que constituiria um produto mínimo viável, bem como alguma
indicação de prioridades dentro do escopo geral e critérios de qualidade relacionados.

Ao criar um Caso de Negócio, é essencial ter um entendimento de como a viabilidade do projeto e a sua
capacidade de alcançar os benefícios desejados será impactada pela entrega incremental de produtos.

Nos casos em que houver alto nível de incerteza, o Caso de Negócios deve ser desenvolvido muito
rapidamente, e as premissas testadas também rapidamente. Esta abordagem pode ser descrita como "dar
um salto de fé": nesses casos, o processo de feedback rápido e constante tratará de manter o projeto no
rumo correto e o Caso de Negócios em constante evolução.

Organização

Em projetos ágeis, é possível que sejam necessários papéis adicionais da equipe no nível de entrega. Os
papéis ágeis mais comuns devem ser mapeados apropriadamente para em relação aos papéis da estrutura
da equipe de gerenciamento de projetos.

É necessário compreender:

• Como uma equipe auto-organizada trabalha e como isso se relaciona com o papel de gerente de equipe;

• As responsabilidades dos papéis ágeis mais comuns, como proprietário do produto (em inglês,
Product Owner – PO) e Scrum master;

• As limitações potenciais do papel de PO, que demanda visão mais ampla do cliente; e

• Quando houver mais de uma equipe de entrega ao mesmo tempo, como os Scrum masters se
relacionarão com o gerente de projeto.

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O uso total e descompromissado de gerenciamento por exceção é essencial para permitir que PRINCE2 e
ágil sejam combinados, a fim de capacitar a equipe de gerenciamento de projetos e permitir que ela se auto-
organize dentro de limites claramente definidos.

Qualidade

É importante entender a diferença entre escopo e qualidade ao definir as expectativas de qualidade do


cliente, critérios de aceitação, descrições de produtos, critérios de qualidade e tolerâncias de qualidade. Eles
precisam ser definidos de tal forma que flexibilizar o que está sendo entregue não comprometa a adequação
ao propósito de qualquer produto ou, em última análise, do produto final. Além disso, é importante diferenciar
cuidadosamente os requisitos funcionais dos não funcionais, pois isso pode ajudar na priorização.

O uso de conceitos e técnicas ágeis, como a definição de “pronto”, podem ser usados para definir critérios
de qualidade e critérios de aceitação.

A frequência da verificação de qualidade, na forma de revisões ou testes, terá um impacto significativo


sobre como um projeto é planejado, pois isso afetará a entrega iterativa e incremental do produto do projeto
(e seus componentes) e como eles são entregues.

Planos

Em projetos ágeis, existem muitas técnicas e abordagens já consolidadas nesta área. Elas se concentram
no esforço relacionado aos recursos (por exemplo, planejamento de sprint) e muitas vezes aparecem em um
formato visível, informal e de baixa tecnologia, como uma lista simples ou lista de pendências.

O planejamento geralmente é feito empiricamente. Técnicas como o Planning Poker podem ser aplicadas
para estimativas de esforço.

Na forma ágil de planejar, normalmente se analisa o quanto pode ser produzido em um período de tempo
fixo, como um sprint (ou quanto valor pode ser entregue).

O planejamento é geralmente mostrado no início, na forma de um gráfico de Burndown, que pode então ser rastreado.

Isso contrasta com a criação de marcos que representam quanto tempo algo levará e com a exibição disso
em um gráfico de Gantt, pois seu valor é limitado. Os gráficos de Gantt podem ser valiosos nos níveis mais
altos do plano, mas devem ser sincronizados com a forma ágil de trabalho e devem evitar a duplicação das
informações que estão sendo mantidas na forma de backlogs.

Risco

A maneira ágil de trabalhar aborda muitas áreas de risco, como evitar muitos detalhes no início de um
projeto (já que naquele momento eles não serão totalmente compreendidos). No entanto, projetos ágeis
vêm com seu próprio conjunto de riscos potenciais, e estes precisam ser gerenciados de forma proativa,
por exemplo, garantindo que o envolvimento do cliente seja contínuo e que os representantes do cliente
tenham o poder correto.

Muitas técnicas ágeis tratam de riscos: reuniões diárias, entrega frequente de produtos, análises de uso frequente,
interação com o cliente e equipes capacitadas se organizando para entregar a coisa certa no momento certo.

Mudança

A forma ágil de trabalhar abraça a mudança e responde a ela. A abordagem do PRINCE2 para o controle de
mudanças deve permitir isso e ajudar a criar um produto final mais preciso.

A definição apropriada de descrições de produtos, critérios de qualidade, tolerâncias de qualidade e pacotes


de trabalho é importante. Eles podem ser definidos de forma a permitir a mudança, ao mesmo tempo em

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que criam uma linha de base claramente definida que pode evitar que uma mudança na própria finalidade
de um produto passe despercebida.

Uma autoridade que seja responsável pela avaliação das mudanças ainda pode ser apropriada, mas é
improvável que funcione no nível de entrega, a menos que execute suas funções informalmente. A autoridade
de mudança precisa entender como a mudança detalhada é percebida e tratada no contexto ágil.

É improvável que exista um orçamento de mudança, pois a forma ágil de trabalhar usa a priorização do que
está sendo entregue como contingência.

Progresso

Da mesma forma que o tema de planos, muitas técnicas ágeis se aplicam nesta área, na qual a ênfase
está em rastrear o que está sendo entregue, usando variáveis como velocidade, prazos de entrega ou
valor sendo gerado. Isso se opõe a controlar o tempo e o custo, que não são adequados como medida do
progresso de um projeto ágil. As tolerâncias seriam definidas de acordo com isso.

O acompanhamento do progresso dependerá da situação e de quais informações as pessoas precisam. Se


estiver dentro de um sprint, então os gráficos de Burndown podem ser suficientes. Se for entre entregas,
mostrar o valor acumulado e como isso se relaciona com o caso de negócios pode ser mais apropriado.

A entrega frequente de produtos que atendem aos critérios de aceitação apropriados é a principal fonte de
informações com relação ao progresso e fornece a base para prever o progresso futuro.

1.5 A visão ágil dos processos do PRINCE2

Ciclo de vida dos projetos.


Fonte: CEPED/UFSC (2021). Adaptado de Axelos (2018)

A aplicação de métodos ágeis em projetos remete ao uso de equipes auto-organizadas e aos valores
centrados nas pessoas, como o empoderamento.

Como é o pré-projeto e a etapa de iniciação ao usar métodos ágeis?

A obrigatoriedade ou recomendação do uso de abordagens ágeis específicas, como Scrum e/ou Kanban,
pode ser explicitamente definido como parte da abordagem do projeto.

É possível que o gatilho para se iniciar o projeto tenha sido o resultado de um estudo de roteiro do produto
(product roadmap).

A documentação de iniciação do projeto (DIP) pode ter sido criada de forma colaborativa em um workshop
para disseminar informações para a equipe do projeto de forma rápida, precisa e com um alto nível de
engajamento e propriedade. Em projetos ágeis, as etapas iniciais, em geral, têm as seguintes características:

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Sobre o processo de gestão

• O planejamento do projeto se concentra nas caraterísticas e funcionalidades dos produtos


(features) e nas entregas de produtos pretendidas (releases);

• Há um forte envolvimento de toda a equipe no planejamento e nas estimativas;

• O planejamento das etapas é realizado em colaboração com o cliente, de forma a garantir maior
precisão no atendimento às suas necessidades e obter o máximo de benefícios;

• Os planos são limitados no tempo (timeboxed) de alguma forma. A limitação pode ser um intervalo
de tempo específico (por exemplo, duas semanas) ou com base no fluxo durante um período mais
longo. Esses planos são criados em certo momento e com um certo nível de detalhe, permitindo a
existência harmônica de incertezas no projeto;

• Caso o projeto opte por usar entregas baseadas no conceito de Produto Mínimo Viável, é nesse
momento que será definido o que constitui esse tipo de entrega para o projeto;

• É provável que a Documentação Inicial do Projeto (DIP) seja menos formal, já que algumas das
informações da linha de base são visíveis na forma de um radiador de informações, como o Kanban;

• A abordagem de gestão da comunicação terá sido criada usando o conceito de "viabilidade mínima",
na qual as abordagens de comunicação e, em particular, a documentação, são avaliadas com base no
nível mínimo aceitável, que não compromete o nível de qualidade do produto final.

Sobre os produtos

• A abordagem de gerenciamento de benefícios concentra-se em como entregar valor regularmente e o mais


cedo possível. Isso envolve a descrição de quais produtos serão entregues, quando e qual valor será gerado;

• As descrições dos produtos são registradas usando histórias de usuários (ou épicos, se as
histórias forem grandes);

• Não se espera que todas as histórias de usuários sejam descritas no início do projeto. O nível de
incerteza do projeto é, em geral, alto, o que eleva a importância do princípio “aprender com a
experiência” dentro do próprio projeto;

• As descrições dos produtos do projeto, geralmente inseridas em histórias de usuários, provavelmente serão
baseados em resultados, com foco na entrega de valor, ao invés de descrever uma solução específica;

• O Caso de Negócio é definido de forma flexível para permitir que a quantidade do que está sendo
entregue (e seu valor) mude até certo ponto durante o projeto; e

• Mesmo com a incerteza sobre o escopo do projeto, ainda é necessário manter uma linha de base
que permita o acompanhamento do projeto.

Como são as etapas subsequentes ao usar métodos ágeis?

O Conselho do Projeto delega o controle cotidiano ao gerente de projeto, etapa por etapa. O gerente
continua com a obrigação de fazer relatórios com os destaques sobre o andamento do projeto ao conselho.

Em projetos ágeis, as etapas subsequentes, em geral, têm as seguintes características:

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Sobre o processo de gestão

• A atribuição de trabalho ao longo das etapas é realizada colaborativamente e em conjunto com


o cliente, para atender às suas necessidades. É provável que a seleção da entrega seja feita pelo
próprio membro da equipe que o realizará, como parte do conceito ágil de auto-organização;

• As entregas são realizadas de forma interativa e incremental;

• Os pacotes de trabalho são definidos informalmente, refletindo os altos níveis de confiança e transparência;

• As equipes respondem rapidamente às mudanças;

• O progresso é medido pelo trabalho concluído e é visualizado em um gráfico de Burndown;

• É possível que sejam realizadas demonstrações do uso dos produtos gerados ao longo do projeto,
para ilustrar a evolução;

• O rastreamento de tempo e custo ainda ocorre, mas é menos proeminente do que o rastreamento
de recursos e/ou trabalho concluído. Isso ocorre porque o tempo e o custo são mais previsíveis
pelo uso de prazos fixos (timeboxed) e equipes estáveis;

• O escopo e os critérios de qualidade são o foco principal de quaisquer tolerâncias utilizadas;

• As exceções que podem surgir em projetos ágeis, em geral, tratam do escopo do projeto, e não do
tempo e do custo envolvido;

• Os relatórios de acompanhamento se concentram, principalmente, no quanto está sendo


entregue. Em geral, são elaborados em radiadores de informações, como os Kanban, pelos quais
as informações podem ser obtidas sem a necessidade de uma reunião formal;

• Os relatórios de pontos de controle são geralmente informais e também podem aparecer em


radiadores de informações. Eles podem ser substituídos por reuniões rápidas (inclusive feitas
em pé, as chamadas “stand-up meetings”).

Sobre as entregas

• As tolerâncias em relação aos requisitos de qualidade dos produtos são descritas de forma a
permitir mudanças sem comprometer a finalidade do produto;

• Há menos formalidade nos registros de execução das tarefas;

• Os riscos podem ser escritos em um quadro branco, ou um problema pode ser mostrado como
uma nota adesiva em um quadro Kanban. Eles podem ser fotografados para proteção contra perda
acidental de informações.

Como é a etapa final ao usar métodos ágeis?

Em projetos ágeis, a conclusão não é um evento significativo, já que a avaliação de lições, a organização e a
entrega de produtos vêm acontecendo ao longo de todo o projeto.

Em projetos ágeis, a etapa final, em geral, tem as seguintes características:

• Caso sejam realizadas avaliações formais em relação à linha de base do projeto, os principais aspectos
avaliados incluem a quantidade do que foi entregue, o que de extra foi entregue e o que foi removido. Essas
mudanças devem ter sido comunicadas ao longo do projeto, e não serão uma surpresa para o conselho;

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• O cliente do projeto já está utilizando vários dos produtos elaborados no decorrer do projeto e
agora já consegue perceber os benefícios decorrentes;

• A conclusão do projeto envolve a realização de uma reunião retrospectiva, na qual é analisado


como o processo pode ser melhorado. Esses eventos ajudam as equipes a melhorar continuamente
suas práticas de trabalho;

• Caso ainda exista trabalho pendente no backlog, ele é ou movido para outro backlog, ou descartado,
ou ainda arquivado.

Que bom que você chegou até aqui! Agora é a hora de você testar seus conhecimentos. Para isso, acesse o
exercício avaliativo disponível no ambiente virtual. Bons estudos!

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Referências
AXELOS. PRINCE2 Agile. Norwich: The Stationery Office, 2018.

BECK, Kent et al. Manifesto para Desenvolvimento Ágil de Software. 2001. Disponível em:
https://agilemanifesto.org/iso/ptbr/manifesto.html. Acesso em: 11 dez. 2021.

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