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Psicossomática - O Corpo Fala

"... Ninguém me bate 3 vezes.


- essa já é a terceira senhor!"

(do filme Um Golpe Perfeito)

*Tensão, medo, raiva, traição, falta de amor, solidão, preocupação, inveja, frustração,
espaço violado ...

*O sujeito costuma memorizar os acontecimentos, datando-os, e fazendo do número seu ponto


de ancoragem na doença.

*É como se ele se expressasse através de cifras, impressas sobre o corpo, através de


associações, fantasias ou a formulação de algo enigmático.

*Quando os ataques e insultos provenientes do ambiente são sucessivos, a raiva vai se


acumulando. Emoções negativas que fermentam por um longo período um dia explodem.

*E a raiva expressa resulta em violação do espaço de


vida de outras pessoas.

*E quando introjetada viola o organismo.

*A Psicanálise, propõe considerar o corpo não com o um dado biológico, mas como o
efeito da palavra sobre o dado biológico, sustenta o dizer freudiano de que “o eu é, antes
de tudo, corporal.” (FREUD, 1923)
*O corpo é, em seus estatutos Imaginários, Simbólico e Real, assim Lacan pensou a
experiência analítica: A lesão psicossomática é uma lesão corporal ligada a uma causa
linguística, que desorganiza uma necessidade fundamental do corpo.

*Vem de uma sugestão forçada, testemunhando um sofrimento que não está


subjetivado, ou seja, que não está podendo ser tomado para transitar na dialética do
desejo.*A abordagem Psicossomática implica numa prática que opera através da palavra.

*A palavra como limite ao gozo, levando o gozo para fora do corpo, ... por exemplo, um
pouco de gozo na construção da fantasia, converter o que estava silencioso na pulsão
em enigma, para que o sujeito possa se colocar em questão.

*A lesão é “signo" é não interpretável por si mesma.

*Procura-se o médico quando a lesão se instala.

*Saúde e doença são reflexos de nossas crenças e pensamentos.

*Quando descobrimos o padrão mental que está por trás de cada doença, temos a
oportunidade de modificá-lo e nos curar.

*O corpo fala. Ele é como um mestre que nos avisa quando insistimos num comportamento que
nos faz mal.

*Os pacientes muitas vezes necessitam de tratamento para a raiz psicológica subjacente.

*O sujeito quando em sofrimento fica ruminando a doença mantendo a energia criativa presa.

*No caso de padrões crônicos, é provável que a terapia seja necessária para substituir
padrões saudáveis existentes com os novos saudáveis mecanismos de enfrentamento.
*Mas a resistência à psicoterapia por vezes é maior do que a dor.

*Embora muitas doenças respondem às drogas, analgésicos e outros tipos de ajuda


médica, os sintomas tendem a retornar a menos que a causa subjacente seja tratada.

*Aprender a lidar com o estresse e substituir padrões de pensamento negativo por meio de
mudanças comportamentais cognitivas podem proporcionar alívio e cura.

*Vamos considerar a somatização na área do pescoço, garganta na


abordagem psicossomática:

*A boca é que faz com que possamos sorrir e também nos exprimir. É a porta
aberta entre o mundo exterior e o interior, pela qual recebemos os alimentos e, por
extensão, as experiências da vida, que vêm a ser o nosso "alimento psicológico".

*Porém, ela também funciona do interior para o exterior. É então o orifício


através do qual nós expressamos, até mesmo cuspimos ou vomitamos o
que está no interior e que precisa sair.

*Os males da boca são um sinal da nossa dificuldade para morder na vida, para
aceitar ingerir o que ela nos propõe, a mastigar essa proposta para digeri-la
melhor.

*Aftas, inflamações bucais, bruxismo (ranger os dentes), gagueira são


muitos os sinais de que aquilo que nos é proposto ou que nos é dito não nos
satisfaz.

*Sob o ponto de vista físico sabe-se que muitas dores de garganta são
desencadeadas por fatores como alergias, viroses, as condições ambientais ...
Porém, a tendência de desenvolver dor de garganta recorrente pode ter origem
psicossomática.

*Bruxismo é um sintoma de repressão. Imagine que você está com raiva, mas
não é apropriado ou você está com medo de expressá-la.Para controlar o seu
sentimento, você tensiona as costas, braços e mandíbula.Isso manteria
sua boca fechada e rígida. Para evitar o choro você aperta seu peito,
queixo, mandíbula, e os olhos.

*Quando você suprime emoções particulares ao longo de um período de tempo a


repressão se torna habitual, crônica e inconsciente.

*Emoções ficam congeladas ou somatizados no corpo físico.

*Faringite, amigdalite: Você está restringindo a sua auto expressão. Não está se
dando credibilidade suficiente para o que você tem a dizer. Você precisa ter
autoconfiança e coragem, a fim de ser fiel a si mesmo e se comunicar livremente,
independentemente do que os outros possam pensar.

*Perda da voz, rouquidão: Retenção do que se quer dizer. Você se subestima e


acha que o que fala não terá qualquer efeito sobre a sua vida ou das pessoas do
seu convívio."Se você costuma omitir com frequência de verbalizar algo
relevante, os seus ombros, pescoço e garganta podem ficar tensos". (...)
"Isso diminui a circulação, tornando-o vulnerável aos germes que podem
causar uma dor de garganta." (Loomis)

*A tireóide é o regulador de vários órgãos do corpo. Se há expressão limitada dos


desejos da alma, o funcionamento geral do corpo torna-se comprometido. Você
precisa honrar o que o seu coração está dizendo a você, tomando medidas
para torná-lo uma realidade.

*Hipotireoidismo: Você está se sentindo restrito porque você se sente


incapaz de fazer o que você quer fazer.

*Hipertireoidismo: Você se torna enfurecido, com medo de perder o controle de


sua vida.

*Sobre a gagueira, o escritor John Updike em Fazendo Sair as


Palavras (1999), fala sobre a sua própria condição: “A deficiência surge, ao
que parece da inibição entre o pensamento e a palavra, baixa uma sombra,
uma separação ... Demonstra a dualidade de nossa existência, a
capacidade de o corpo e a alma dizerem não um ao outro".

(...) e a partir de uma elaboração de sua vivência, o autor refere que com algumas
pessoas ele gagueja e com outras tem o dom de conversar com total domínio da
arte da locução verbal.

Fonte: Updike, J. Fazendo sair as palavras. Pulsional Revista de Psicanálise. Ano XII, nº 119,
março de 1999. Psoríase. Disponível em: Wikipédia - Psicossomática.
ÁVILA, A. L. Doenças do corpo e doenças da alma, uma investigação psicossomática
psicanalítica. São Paulo: Escuta, 1996.
BIRMAN, J. Mal-estar na atualidade: a psicanálise e as novas formas de subjetivação.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.
DEJOURS, C. O corpo entre a biologia e a psicanálise: Biologia, psicanálise e somatização.
DOR, J. Introdução à leitura de Lacan. Rio de Janeiro: Artes Médicas, 1999.
W. Reich. Análise do Caráter. New York: Farrar, Straus & Giroux, 1972.
Lowen. Bioenergética . New York: Coward, McCann & Geoghegan de 1975.
R. Kurtz e H. Prestera o corpo revela - o que seu corpo diz sobre você. San Francisco: Harper
and Row, 1984.
Ψ Fatima Vieira - Psicóloga Clínica

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